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O RIO DOCE

O Rio Doce percorre uma extensão de 853km, da nascente até o Oceano Atlântico. Seus rios formadores são o Piranga e o Carmo, cujas nascentes estão situadas nos municípios de Ressaquinha e Ouro Preto, respectivamente, nas serras do Espinhaço e da Mantiqueira.

Seus principais afluentes são, pela margem esquerda, os rios Santo Antônio, Piracicaba e Suaçuí Grande, em Minas Gerais, Pancas e São José, no Espírito Santo, e, pela margem direita, os rios mineiros Manhuaçu, Casca, Caratinga-Cuieté e Matipó, e o capixaba Guandu.

Gazeta Online

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS / 2014

Monitoramento das águas superficiais de MG em 2014 – Resumo Executivo (IGAM, 2015)

Índice de Qualidade das Águas (IQA) e Contaminação por Tóxicos (CT) nas águas superficiais

Outras análises: Índice de Estado Trófico (IET); Densidade de Cianobactérias e Ensaios Ecotoxicológicos

64 pontos de monitoramento na Bacia do Rio Doce

IGAM (2012) e CETESB (2008)

IQA conjunto de 09 parâmetros para a caracterização da qualidade das águas: oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, pH, demanda bioquímica de oxigênio, nitrato, fosfato total, variação da temperatura da água, turbidez e sólidos totais

CT avalia a presença de 13 substâncias tóxicas noscorpos de água: arsênio total, bário total, cádmio total, chumbo total, cianetolivre, cobre dissolvido, cromo total, fenóis totais, mercúrio total, nitrito, nitrato, nitrogênioamoniacal total e zinco total

Limite de classe definido na Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH nº 01/2008

Outros resultados: Índice de Estado Trófico (IET): Em 2014, destacaram-se as bacias do rio Pardo,

Jequitinhonha, Mucuri, Itapemirim/Itabapoana, Doce, Paranaíba e Paracatu que registraram os maiores percentuais dos graus de baixa trofia (acima de 95%), sendo consideradas as de melhor condição de qualidade de acordo com esse indicador.

Densidade de Cianobactérias: o rio Doce que apresentou valores de densidade de cianobactérias acima de 10.000 cél/mL nos anos anteriores, mas no ano de 2014 não registrou contagens superiores a 10.000 cél/mL nas estações monitoradas.

Ensaios Ecotoxicológicos: não foram observadas ocorrências de efeito agudo.

A MINERADORA A SAMARCO MINERAÇÃO S.A. é um complexo industrial integrado

de lavra, beneficiamento, bombeamento, pelotização e embarque de minério de ferro pioneira na concentração de itabirito por flotação.

As atividades de lavra e beneficiamento são feitas no Complexo Germano localizado nos municípios de Mariana e Ouro Preto (MG).

O sistema de contenção de rejeitos da Barragem do Fundão localiza-se a jusante da Barragem do Germano e a montante da Barragem de Santarém.

O sistema de disposição de rejeitos no vale do Córrego do Fundão foi concebido para disposição do rejeito arenoso (70%) e da lama (30%), oriundos da planta de beneficiamento da Samarco, dispostos em reservatórios separados.

OBS: informações adquiridas do “pedido de licença de operação” da ampliação da barragem do Fundão.

G1

O ROMPIMENTO DA BARRAGEM

O REJEITO É TÓXICO? A mineradora afirmou que “o rejeito é composto, em sua maior parte, por sílica

(areia) proveniente do beneficiamento do minério de ferro e não apresenta nenhum elemento químico que seja danoso à saúde.”

E A MENOR PARTE?SERÁ?

PROCESSO DE FLOTAÇÃO Flotação catiônica reversa

Em meio aquoso;

pH básico (na faixa de 10);

São utilizadas as diferentes características de superfície dos minerais para promover a separação entre os minerais de ferro e a ganga;

Coleta-se a ganga silicática e precipitam-se os minerais de ferro;

Faz-se necessária a adição de reagentes: Amido, utilizado como depressor dos minerais de ferro;

Amina, que exerce as funções de coletor dos minerais de quartzo e de estabilizador da espuma.

Esta é descartada na polpa do rejeito para as barragens, estando presente na água e adsorvida nas partículas minerais.

Éter-monoaminas Akzo, distribuída pela Akzo NobelFlotigam EDA - 3B, distribuída pela Clariant®

(REIS, 2004)

LOGOALÉM DE SÍLICA, O REJEITO TAMBÉM É COMPOSTO POR FERRO,

AMIDO GELATINIZADO, SODA CÁUSTICA E AMINAS

MAS... Além da exploração de minério de ferro, a região é marcada pela forte presença de

garimpo de ouro desenvolvido ao longo de séculos, e, embora grande parte esteja desativada, a atividade ainda é observada no Rio do Carmo (atingido pela lama de rejeito de Fundão);

Mesmo que os estudos e laudos indiquem que a presença de metais não esteja vinculada diretamente à lama de rejeito da barragem de Fundão, há de se considerar que a força do volume de rejeito lançado quando do rompimento da barragem provavelmente revolveu e colocou em suspensão os sedimentos de fundo dos cursos d'água afetados, que pelo histórico de uso e relatos na literatura já continham metais pesados;

O revolvimento possivelmente tornou tais substâncias biodisponíveis na coluna d'água ou na lama ao longo do trajeto alcançado, sendo a empresa mineradora responsável pelo ocorrido e pela consequente recuperação da área.

IBAMA (2015)

LAUDO TÉCNICO PRELIMINAR EMITIDO PELO IBAMA

Os resultados iniciais das amostras de água de rios afetados pelo desastre apontam para alteração dos seguintes parâmetros, segundo a Resolução Conama 357/05:

Metais Totais: Alumínio (Al); Bário (Ba); Cálcio (Ca); Chumbo (Pb); Cobalto (Co); Cobre (Cu); Cromo (Cr); Estanho

(Sn); Ferro (Fe); Magnésio (Mg); Manganês (Mn); Níquel (Ni); Potássio (K) e Sódio (Na).

Obs.: Não foi possível verificar contaminação por Urânio (U).

Metais dissolvidos: Alumínio (Al); Ferro (Fe) e Manganês (Mn).

Obs.: Não foi possível verificar contaminação por Cobre (Cu).

Demais parâmetros alterados: Condutividade; Fluoreto; Fósforo total; Sólidos Totais Dissolvidos; Sólidos Suspensos Totais; Sólidos

Totais; Turbidez; Cloro Residual Total

RELATÓRIOS TÉCNICOS DE MONITORAMENTO - IGAM Emitidos 2 Relatórios Técnicos Preliminares: 7/11/2015 e 30/11/2015;

12 pontos de monitoramento localizados na calha do Rio Doce;

Parâmetros avaliados: condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, pH, temperatura, sólidos totais, sólidos dissolvidos totais, sólidos em suspensão totais, turbidez e arsênio total, bem como os metais: alumínio dissolvido, ferro dissolvido, cobre dissolvido, cromo total, cádmio total, chumbo total manganês total, mercúrio total e níquel total.

TURBIDEZ (NTU) Foram observados valores muito elevados de unidades de turbidez nos primeiros dias de monitoramento, no trecho localizado entre os

municípios de Rio Doce (RD072) e Belo Oriente (RD033), atingindo o valor máximo de 606.200 NTU, no município de Marliéria (RD023).

Este valor corresponde a mais de seis mil vezes o valor máximo permitido pela legislação para corpos de água Classe 2 (100 NTU) e para o

máximo da média histórica do monitoramento realizado pelo IGAM, obtido no rio Doce (30,7 NTU).

No trecho localizado entre os municípios de Periquito (RD083) e Resplendor (RD059), em reflexo da chegada da pluma do rejeito, a partir

do dia 9 de novembro, os valores de turbidez passam a apresentar elevação, chegando a registrar o valor de 140.000 NTU, em Governador

Valadares (RD044), no dia 11 de novembro.

Ao longo de todo o rio Doce, no dia 20, os valores ainda permaneceram acima do limite de classe e acima do valor máximo da série

histórica do rio Doce (794 NTU). Nesta data, os valores variaram entre 3.059 e 9.245 NTU.

OXIGÊNIO DISSOLVIDO (mg/L) Os valores de OD foram impactados pela pluma dos rejeitos, sendo reduzidos à medida que esta se desloca. Nos locais onde a pluma

passou, valores de OD muito inferiores às médias históricas e ao padrão legal, atingindo valores inferiores a 0,5 mg/L O2

No geral, o OD apresentou comportamento de abrandamento de seus valores, conforme passagem do tempo e deslocamento da pluma;

Verificou-se que os resultados de OD, ao longo do rio Doce, no dia 20, permaneceram acima do limite estabelecido para rios de Classe

2 (5 mg/L), porém, abaixo do valor mínimo da série histórica do rio Doce (5,9 mg/L).

Na estação RD083, no município de Periquito, observou-se uma oscilação nos valores deste parâmetro. Após a passagem da onda de

rejeito, no dia 11 de novembro, os valores de OD voltaram a aumentar de forma mais lenta e gradual, se comparado às demais

estações. Além disso, nos dias 15, 17 e 18 de novembro os valores de OD sofreram reduções, voltando a aumentar nos dias 19 e 20.

CONDUTIV. ELÉTRICA (µS/cm) No período de 07 a 20 de novembro, os valores de condutividade elétrica in loco variaram entre 88,8 mS/cm e

312,3 mS/cm.

Na Deliberação Normativa conjunta COPAM/CERH nº 01/08 não há limites estabelecidos para o parâmetro condutividade elétrica, contudo, em geral níveis superiores a 100 mS/cm indicam ambientes impactados.

Ressalta-se que nos dias 19 e 20, as estações de monitoramento localizadas entre os municípios de Rio Doce (RD072) e Ipatinga (RD035), registraram valores inferiores a 100 mS/cm.

pH Nos resultados do período de 07 a 20 de novembro, os valores de pH encontraram-se dentro da

normalidade, isto é, sem apresentar violação dos limites estabelecidos na legislação (faixa de 6 a 9), que são valores adequados para a manutenção da vida aquática.

Fe DISSOLVIDO (mg/L) Ocorreram grandes variações dos valores de Fe (entre 0,03 e 32,26 mg/L), sendo o menor valor em Aimorés (RD067) no dia

11, antes da chegada da onda de rejeitos; e o maior valor em Belo Oriente (RD033) no dia 8, após a chegada da mesma.

No dia 20 os valores ainda permaneceram acima do limite de classe 2 em todos os pontos.

Mn TOTAL (mg/L) No pico da passagem do rejeito, nos dias 7 e 8 /nov, nos pontos localizados entre os municípios de Marliéria (RD023) e Belo Oriente (RD033),

os valores de Mn estiveram entre 351 e 936 mg/L. Nos dias seguintes estes apresentaram redução. Por exemplo, na estação RD023, com

relação ao máximo atingido desde o início do monitoramento emergencial (936 mg/L) e o valor verificado no dia 19 foi de 2,13 (redução de

99,8%).

Nas estações localizadas entre os municípios de Governador Valadares (RD044) e Aimorés (RD067) os valores de Mn tiveram um pico de

67,20 mg/L; no dia 11 em Governador Valadares (RD044); e no dia 19, o valor reduziu para 0,86 mg/L. Esses resultados indicam que a pluma

alcançou os municípios localizados a jusante de Periquito, com um impacto inferior ao constatado nos pontos a montante.

Apesar da redução observada ao longo dos últimos dias no monitoramento, os valores de Mn ainda se mantiveram acima do limite de classe 2

(0,1 mg/L).

Com relação ao valor máximo obtido na série histórica de monitoramento do IGAM (1,52 mg/L), verificou-se que as estações de monitoramento

localizadas a partir do município de Tumiritinga (RD053) até Aimorés (RD067) apresentaram, no dia 20, resultados de concentrações inferiores.

Al DISSOLVIDO (mg/L) Os maiores valores de Al foram encontrados entre os municípios de Rio Casca (RD072) e Belo Oriente (RD033) nos dias 7 e

8, apresentando resultados entre 0,1 e 32,20 mg/L. Já nas estações de a jusante de Periquito (RD035), o maior valor encontrado foi de 10,5 mg/L em Resplendor (RD059), no dia 14, ratificando, assim como os resultados de Mn, que a pluma alcançou os municípios a jusante de Periquito com um impacto inferior ao constatado nos à montante.

Verificou-se que no dia 20 as concentrações de Al ainda permanecem acima do limite legal em todos os pontos monitorados.

Na série histórica de monitoramento o valor máximo obtido foi de 3,12 mg/L. Ressalta-se que todos os pontos da calha do rio Doce apresentaram, no dia 20, valores abaixo do máximo histórico, a exceção do ponto localizado em Aimorés.

As, Cd, Pb, Cr, Ni (mg/L), Hg (µg/L) TOTAIS; Cu DISSOLVIDO (mg/L)

As, Cd, Pb, Cr e Ni comportaram-se de maneira semelhante nos pontos de monitoramento localizados

entre os municípios de Rio Doce (RD072) e Conselheiro Pena (RD058), apresentando valores mais

elevados na data em que o pico da pluma de rejeito alcançava os municípios e uma posterior

diminuição ao longo dos dias consecutivos.

Foram encontrados valores acima do limite estabelecido para rios de classe 2 nos seguintes trechos:

entre o município de Rio Doce (RD072) e Belo Oriente (RD033) nos dias 7 e 8/nov; no município de

Periquito (RD083) no dia 9, em Governador Valadares (RD044 e RD045) no dia 10, em Tumiritinga

(RD053) no dia 11, em Conselheiro Pena (RD058) no dia 12, em Resplendor (RD059) no dia 15 e em

Aimorés (RD067) no dia 17.

As e Cd apresentaram valores em conformidade com os respectivos limites de classe a partir do dia

14; Cr e Ni a partir do dia 16; Cu a partir do dia 9; e Hg entre os dias 8 e 17 e posteriormente no dia

20. Na última data monitorada, somente o Pb não apresentava concentrações em conformidade.

As concentrações de As apresentaram-se abaixo do limite de detecção do método a partir do dia 14. Verificou-se que no dia 19, apesar das violações observadas após a data do pico do rejeito em cada ponto de monitoramento, os valores se apresentaram abaixo do limite de classe 2 e abaixo do valor máximo obtido na série histórica em todos os pontos amostrados.

De maneira semelhante, o Cd, a partir do dia 14 / nov apresentou concentrações abaixo do limite de detecção em todos os pontos da calha do Rio Doce.

Apesar da redução observada ao longo dos dias a partir da data do pico do rejeito, os valores de Pb ainda permanecem acima do limite legal em todos os pontos.

O Cu extrapolou os limites legais somente nos pontos localizados no município de Rio Casca (RD019) no dia 7/nov e no ponto localizado no município de Belo Oriente (RD033), no dia 8. A partir do dia 9/nov não ocorreram mais extrapolações do limite de classe dos resultados dos valores do metal.

Os valores de Cr total estiveram abaixo do limite de classe em todos os pontos amostrados a partir do dia 14/nov.

O Hg apresentou violação no dia 7/nov no ponto localizado no município de Rio Casca (RD019). No dia 18, no município de Rio Doce (RD072) e no trecho localizado entre os municípios de Governador Valadares (RD044) e Aimorés (RD067). No dia 19 ocorreu violação do limite de classe somente na estação de monitoramento localizada no município de Conselheiro Pena (RD058), que apresentou o valor de 0,225 mg/L, representado um valor 12,5% acima do limite de classe (0,2 mg/L). No dia 20 / nov, todos os resultados de Hg estiveram abaixo do limite de detecção do método em toda a porção mineira do rio Doce.

Os valores de Ni total estiveram abaixo do limite de classe em todos os pontos amostrados a partir do dia 16/nov.

CONCLUSÃO A presença de metais e a alteração dos outros parâmetros avaliados indica a necessidade de

monitoramento contínuo do ambiente afetado, bem como da remediação ou recuperação a ser indicada com base nos resultados do comportamento dos parâmetros alterados no ambiente hídrico.

É importante ressaltar que a ressuspensão do material de fundo, ocasionado pelo deslocamento da pluma do rejeito, pode ter redisponibilizado, para a coluna d’água, este material depositado ao longo de centenas de anos no leito do rio, podendo ter influencia direta nas violações de classes destes.

Não é possível prever quando as condições do Rio Doce retornarão à normalidade devido às proporções do impacto causado pelo evento e a possibilidade de novos revolvimentos ocasionados por fatores externos, tais como ocorrência de chuvas na bacia hidrográfica.

ANA - Agência Nacional de Águashttp://www2.ana.gov.br/Paginas/Riodoce/default.aspx

CBH Doce - Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce http://www.cbhdoce.org.br/

CPRM / SACE – Serviço Geológico do Brasil / Sistema de Alerta de Eventos Críticoshttp://www.cprm.gov.br/sace/index_bacias_monitoradas.php?getbacia=bdoce_boletim

DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineralhttp://www.dnpm.gov.br/assuntos/barragens/acompanhamento-de-obras-emergenciais-nas-barragens-de-mariana/view

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveishttp://www.ibama.gov.br

IBRAM – Instituo Brasileiro de Mineraçãohttp://www.ibram.org.br/

IEMA - Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricoshttp://www.meioambiente.es.gov.br/

IGAM – Instituto Mineiro de Gestão das Águashttp://www.igam.mg.gov.br/

OBRIGADO!