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O Rio de Janeiro e a Bossa Nova: um passeio pela cidade carioca através
das páginas de “Chega de Saudade” de Ruy Castro1
Talita Souza MAGNOLO2
Christina Ferraz MUSSE3
Universidade Federal de Juiz de Fora
Resumo
Além de terem grande poder de representação poética que foge ao factual das notícias e
grandes reportagens, as canções têm capacidade de revelar comportamentos, olhares e
formas de pensar. Este artigo propõe uma análise das construções narrativas sobre o Rio de
Janeiro do final da década de 1950 e início de 1960 – período marcado pelo surgimento e
disseminação da Bossa Nova – através das músicas pertecentes ao movimento e também
pelo olhar do jornalista Ruy Castro em seu livro “Chega de Saudade: a história e as
histórias da Bossa Nova”. A pesquisa tem como objetivo compreender como foi feita a
construção e representação da cidade carioca pelos músicos naquele momento de
efervescência social, musical e cultural, mas também como esse acontecimento histórico foi
contado pelo jornalista.
Palavras-chave
História; Cidade; Memória; Música; Bossa Nova.
Introdução
Berço de estilos musicais como o Samba, a Bossa Nova e, posteriormente, o Funk
carioca, a cidade do Rio de Janeiro foi, e continua sendo, “musa inspiradora” para muitos
compositores e artistas. É grande a lista de canções que trazem, em seus versos, referências
à cidade carioca, seus habitantes, formas de viver e pontos turísticos. Nascida na Zona Sul,
a Bossa Nova ocupou bairros, bares e casas de show das noites cariocas e conseguiu,
através de algumas composições, falar sobre uma cidade boemia, musical, artística e
tropical. Apesar de ter nascido em solo brasileiro, o movimento da Bossa Nova foi, segundo
Castro (2016), o mais internacionalizado que o Brasil já presenciou. E tudo graças a meros
um minuto e cinquenta e nove segundos de “Chega de Saudade” eternizada na voz de João
Gilberto. O jornalista ainda afirma que como todas as invenções, a Bossa Nova não nasceu
de um único sujeito e não pode ser definido um suposto “fundador”. Por exemplo, Castro
1 Trabalho apresentado no GT Historiografia da Mídia integrante do 11º Encontro Nacional de História da Mídia. 2 Mestranda da Universidade Federal de Juiz de Fora pela linha de Cultura, Narrativas e Produção de Sentido. 3 Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora.
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(2016) inicia seu livro com a história do fã-clube de Dick Farney e Frank Sinatra, da Zona
Norte do Rio de Janeiro, que é considerado pelo autor essencial para os posteriores
encontros entre os bossanovistas que aconteceriam no famoso apartamento de Nara Leão.
A expressão “Bossa Nova” veio para se opor a tudo que era considerado velho,
arcaico, antigo. Sim, mas o quê era julgado superado e velho, na música popular
brasileira? 'Tudo', dizia a mocidade bronzeada de Copacabana. A tristeza e
melancolia das letras, a repetição dos ritmos 'abolerados' e dos 'sambas-canção'; era
tudo a mesma coisa, não obstante os grandes cantores da época: Nelson Gonçalves,
Orlando Silva, Carlos Galhardo. Lindas valsas e serestas? Sim, e daí? Daí é que
algo tinha de ser feito. Diferentes harmonias, poesias mais simples, novos ritmos. -
Ritmo é batida, como do relógio, do pulso, do coração- E Bossa Nova é batida
diferente do violão, poesia diferente das letras, cantores diferentes dos mestres. A
Bossa Nova não seria melhor nem pior. Seria completamente diferente de tudo,
mais intimista, mais refinada, mais alegre, otimista. Diferente. Não começou
especificamente num lugar, numa rua, num evento, num Festival. A rigor, ela não é
nem um gênero musical. É o tratamento que se dá a uma música, em termos de
'batida' e de ritmo (BARROS, 2017, meio digital).
Tiago Ferreira (2011) diz que não é possível nomear os responsáveis pela
transcendência da Bossa Nova sem cometer uma grande injustiça. Segundo o jornalista,
nem mesmo Ruy Castro conseguiu com sua obra, apesar de todos os detalhes e nuances do
movimento, escrever uma biografia considerada definitiva e completa sobre cada parte que
formou esse grande movimento: João Gilberto, Tom Jobim, Newton Mendonça, Vinícius de
Moraes, Sylvinha Telles, Maysa, Elis Regina, Sérgio Mendes, João Donato, Os Cariocas,
Johnny Alf, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Nara Leão e muitos outros. O artigo tem
como objetivo resgatar a história da Bossa Nova carioca, analisar como as músicas daquela
época falaram sobre o Rio de Janeiro e seus muitos aspectos e compreender como Ruy
Castro retrata esse momento de grande produção musical em seu livro e resgata os bairros e
lugares que se tornaram pontos de encontro e, como os próprios artistas e seguidores do
movimento ocuparam a cidade carioca.
1. A cidade narrada
A virada do século XX no Rio de Janeiro inaugurou um momento de mudanças
sociais, políticas e econômicas. Ramos e Gomes (2011) afirmam que a sociedade carioca
viveu, em um compasso frenético, uma aceleração sem precedentes em seu ritmo de vida,
graças também à sua favorável condição econômica cafeeira e como centro político do país.
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A recém-criada República instaurou uma nova lógica financeira calcada em valores mais
modernos que consequentemente passaram a exigir da sociedade a remodelação dos hábitos
sociais e cuidados pessoais. Era necessário entrar em harmonia com o compasso
internacional, “daí a febre de consumo que tomou conta da cidade nesse período. Estava
conectada com as novidades, as últimas tendências, evidenciando para os novos elementos
que surgiam, o anacronismo de sua velha estrutura urbana diante das novas demandas. ”
(RAMOS; GOMES, 2011, p.2).
Maia e Chao apontam que, com a modernidade, vieram os avanços: luz elétrica, a
máquina de escrever, a cura de várias doenças, a geladeira, automóveis, trens urbanos e
diversas maravilhas do mundo moderno. A nova civilização que nascia, apostava na
inovação, no consumo e novidades inventivas.
Diversão e informação invadiram o cotidiano do povo através do rádio e do cinema.
Esses e tantos outros inventos marcaram a virada do século XX. A modernidade e
suas descobertas pareciam pôr um fim ao abismo da miséria escondida nas grandes
cidades europeias. [...], certeza de ordenar as coisas, classificar plantas espécies,
lugares, estabelecer regras e determinar condutas (MAIA; CHAO, 2016, p.149).
Nas décadas de 1910 e 1920, o objetivo era transformar o Rio de Janeiro em uma
metrópole-modelo. Por esse e outros motivos, de acordo com Novaes (2009), o prefeito da
cidade, Pereira Passos, através de algumas medidas, reorganizou a cidade a fim de
transformá-la no cartão postal do país e, consequentemente, atrair cada vez mais capital
estrangeiro. Uma das medidas tomadas pelo então prefeito foi camuflar o aspecto colonial
da cidade, retirando tudo e todos que pudessem representar o atraso nacional. Estavam
inclusas nesse plano a construção de edifícios ao estilo parisiense, demolição de morros,
casebres e cortiços, abertura de uma avenida central (atualmente Av. Rio Branco) e
implantação de políticas sanitaristas. A urbanização aconteceu em moldes europeus, sem
freios e sem exceções.
Durante o processo de urbanização da cidade carioca, diversos escritores foram
convidados aos cafés e restaurantes do Rio de Janeiro para que pudessem escrever sobre o
que estava acontecendo. Inclusive, segundo Novaes (2009), as letras são um dos principais
instrumentos que possibilitam que resgatemos a memória, história e acontecimentos do
passado e permitem a contextualização de diversos acontecimentos históricos culturais,
políticos e sociais:
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É, sobretudo, por meio dos escritos que se consegue visitar os séculos anteriores,
conhecer a História e também as cidades. A comunidade letrada esteve presente
durante séculos e deixou relatos dos momentos que vivera como herança para seus
sucessores. [...]. Esses homens das letras são eternos acompanhantes de quem deseja
visitar e revisitar as cidades. Concentrando-se sempre no centro da urbe, estavam
atentos para os grandes fatos, para as angústias, as problemáticas, os benefícios e,
finalmente, para a realidade dos citadinos. Não podendo ser diferente, literatos e
jornalistas sempre tiveram grande relevância nessa função (NOVAES, 2009, p.53).
Ramos e Gomes (2011) comentam que, naquela época, para a literatura, por
exemplo, foi um momento de evidenciar uma oposição ao período de independência –
identificação com índios e mamelucos – relatado através do romantismo literário. Com a
chegada da suposta modernização e a “regeneração da sociedade atrasada”, instaurou-se um
antagonismo entre o urbano e rural. A burguesia tentou banir a serenata e a boemia –
comportamentos considerados desviantes para a época – tendo o violão como símbolo de
vadiagem. A cidade se modificou também: foram fechados restaurantes, bares, pensões,
confeitarias baratas que supostamente sustentavam esse tipo de comportamento.
Escritor de crônicas, contos, romances e até mesmo peças de teatro, o carioca João
Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto ou, como ficou mais conhecido pelo seu
pseudônimo, João do Rio, ganhou fama por escrever textos sobre o Rio de Janeiro que
abordavam desde assuntos como carnaval, dança e música até política, educação e questões
indígenas (NOVAES, 2009).
Artista e jornalista consciente da época em que vivia, Paulo Barreto se utilizou de
ferramentas da modernidade, tais como o circunstancial, a velocidade, a
multiplicidade, a simultaneidade e efemeridade, criando uma ´serie de pseudônimos
para vender seus escritos. Utilizava máscaras para atrair compradores do mesmo
modo que o Rio de Janeiro mudava a fachada para atrair capital estrangeiro. [...]. O
mais conhecido foi o João do Rio, que trazia em si o nome da cidade que narrava.
[...]. A partir de seus muitos eus, João do Rio ora elogiava, ora criticava as
vicissitudes de sua cidade. Seus pseudônimos eram permeados por gostos extremos,
transitando por aspectos mundanos da alta burguesia e por ignomínias das classes
mais baixas que as fachadas modernas buscavam ocultar (RAMOS; GOMES, 2011,
p.4).
Segundo Novaes (2009), durante sua carreira profissional, Paulo Barreto trabalhou
para diversos jornais e revistas da época como “A Tribuna”, “Gazeta de Notícias”, “O
País”, “A Ilustração Brasileira”, “Correio Mercantil”, entre outros. Não somente João do
Rio, mas muitos outros escritores tiveram a rica oportunidade de escrever sobre a cidade
carioca e retratarem sob os mais variados pontos de vista a realidade e modernidade daquela
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época. Ao longo dos anos, muito se falou sobre o Rio de Janeiro, através de poesias e
poemas, crônicas e reportagens, sambas e choros, até chegar um movimento no final dos
anos 1950, que, com maestria conseguiu cantar sobre uma cidade pela qual seus
compositores estavam verdadeiramente apaixonados. As canções daquele período não
retrataram necessariamente a realidade social, política e cultural da cidade, entretanto,
elegeram alguns bairros e pontos que foram os pontos de partidas de canções que até hoje
são eternizadas e reconhecidas pela sociedade. Surgiu a poesia cantada. Surgiu assim a
Bossa Nova.
2. A Bossa Nova
A Bossa Nova é considerada por Ruy Castro (2016) a verdadeira música do Rio de
Janeiro. Segundo Napolitano (2001), o movimento pode ser visto como um dos maiores e
mais significativos do século XX. No início dos anos 1950, a música brasileira era criada
com arranjos carregados, cheios de instrumentos e cantores que esbanjavam suas vozes
fortes marcantes como se fossem de um locutor. As letras sempre eram sofridas, versavam
sobre amores não correspondidos e traições – transformando a noite carioca num verdadeiro
cenário de fossa. João Máximo (KAZ, 2005, p.146) afirma que o marco inicial da Bossa
Nova é um clichê perigoso, visto que é empregado até hoje em todo momento, por
diferentes estudiosos, nos contextos mais diversos. O autor, portanto, propõe entender a
Bossa Nova menos como um movimento e mais como uma convergência fortuita de vários
fatores para o mesmo ponto em que compositores, cantores e artistas se unem em torno de
uma unidade de propósitos, com os mesmos princípios e, provavelmente, os mesmos fins.
Pelos idos de 1958-59, o movimento da bossa nova ganhava força no Rio de
Janeiro, impulsionado pelo sucesso de João Gilberto, com seu Chega de Saudade, e
consagrava, entre outros, Carlos Lyra, Nara Leão, Sérgio Ricardo, Marcos e Sérgio
Valle, Oscar Castro Neves, Sylvia Telles, Wanda Sá, Os Cariocas, João Donato,
Tamba Trio, o Bossa Três de Luiz Carlos Vinhas, Sérgio Mendes e seu Bossa Rio.
A dupla Tom e Vinícius disputava cada sucesso com Ronaldo Bôscoli e Roberto
Menescal. Era sol, era sal, era sul, que vistos do avião, desembarcavam o moderno
no velho aeroporto do Galeão, hoje significativamente chamado de Tom Jobim.
(RIBEIRO, 2003, p.33).
O patrimônio lançado nesse período serviu de pilar para a obra de muitos dos
principais cantores e compositores que os sucederam e que foram os pioneiros dos
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movimentos seguintes. A Bossa Nova engajada, por exemplo, foi uma variação liderada
pelos músicos Sérgio Ricardo, Nara Leão, Edu Lobo, Ruy Guerra e Geraldo Vandré, entre
1961 e 1965, até a Tropicália de 1967, passando pelo protesto de Chico Buarque e Milton
Nascimento. Com a renúncia de Jânio Quadros e a posse de João Goulart, em 1961, o país
passou a ouvir promessas sobre um plano de governo com medidas populares. Alguns
temas como o inchaço das favelas e a situação do morador de morro, passaram a inspirar os
artistas mais sensíveis às causas sociais.
E a bossa nova? Como música, rica e fundamental. Como movimento, uma grande
história, em que sempre cabe um novo capítulo. Um capítulo insólito, incrível,
como o que diz ter João Gilberto << descoberto >> sua batida diferente ouvindo
Geraldo Pereira acompanhar-se sem usar o bordão por causa de... um defeito no
dedo. Ou charmoso, e não menos incrível, como defendido pelo autor de Chega de
Saudade, que nos fala de um Rio de Janeiro solar, habitado por mulheres lindas,
todas louras, queimando-se nas areias de Ipanema e, de rapazes apaixonados pela
vida, encantados com a própria juventude, inconformados com o tom sombrio que a
canção romântica brasileira havia adotado na época dos sambas-canções e de nosso
já conhecido sambolero. Então, segundo ele, esses jovens bacanas, quase todos
universitários, reuniram-se num lugar qualquer da zona sul carioca e ali decidiram
fazer uma música que se opusesse à fossa reinante (KAZ, 2005, p.148).
Surgiria, a partir daquele momento, de acordo com Kaz (2005), uma música astuta,
apurada, branca, cosmopolita, com harmonias emprestadas do jazz moderno e letras que
falavam de sal, sol, sul e um barquinho a deslizar no azul-verde mar. E dessa maneira,
como se tomasse a forma de um desejo que há muito estava dentro do peito dos
compositores, teria nascido a Bossa Nova e a abertura para novos pensadores e
pensamentos naquele momento. As parcerias e as mudanças começaram a acontecer. Novos
movimentos começaram a tomar as esquinas, bares e casas de show do Rio de Janeiro.
Novos aspectos e temáticas foram valorizadas. A Música Popular Brasileira viu nascer uma
nova forma de cantar.
A avassaladora influência da cultura americana do Pós-Guerra combinada à
influência do impressionismo erudito e um inconformismo com o formato musical
dos dós de peito acompanhados por regional disseminaram descontentes inovadores
como os violonistas Garoto, Valzinho, Laurindo de Almeida, Luís Bonfá, João
Donato e principalmente o pianista e compositor Johnny Alf. [...]. Ao próprio
Farney seria atribuído outro marco inaugural, a gravação camerística do samba
canção Copacabana em 1946. Seu rival Lúcio Alves integrava o Namorados da
Lua, um dos muitos grupos vocais — como os pioneiros Os Cariocas — que sob
influência dos congêneres americanos espalhavam arrojadas combinações
harmônicas pela MPB pós-samba canção já em fase de modernização por autores
como Dorival Caymmi e Tito Madi (SOUZA, 2017, meio digital).
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Não somente da Bossa Nova viviam os artistas e cantores daquela época. O Brasil se
transformou em um ringue cultural de disputas partidárias entre os conservadores dos
ritmos tradicionais e a ousadia e referência “beatlemaníaca” dos integrantes da Jovem
Guarda. O cenário se tornou pouco favorável para os bossanovistas. A ditadura militar
transfigurou a proposta do violão, voz baixa e letras leves do movimento paz e amor. Os
artistas passaram a ter outra preocupação: demagogia e politização social. Foi o tempo das
Canções de Protesto lideradas por Geraldo Vandré e Edu Lobo, e, algum tempo depois, o
surgimento da vanguarda tropicalista de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Castro (2016)
aponta que o contexto histórico, social e cultural da época fez com que alguns integrantes
da bossa tomassem a mesma decisão que João Donato havia tomado há anos: ir morar no
exterior.
Os motivos são os mais variados: tinham contatos para apresentarem espetáculos
grandiosos na Europa e no Japão (principalmente no caso do pianista Sérgio
Mendes) e conviviam com a diária celebração de instaurarem um movimento tão
abrangente. Apesar de não ganhar tanta grana como Stan Getz pelo trabalho que
realizaram juntos, João Gilberto também agregava ao seu currículo apresentações
internacionais, com direito a “Garota de Ipanema” cantada em inglês na voz de
Astrud Gilberto, a mais nova revelação como intérprete. Tom Jobim teria duas
surpresas impensáveis nos tempos ambivalentes entre decepções financeiras e
infindáveis inspirações para compor, quando ainda era um simples broto carioca.
Primeiro: veria um de seus ídolos abrir um show seu na Europa – o saxofonista Stan
Kenton. Depois, gravaria um álbum com o ídolo máximo de sua geração, o todo-
poderoso Frank Sinatra (FERREIRA, 2011, meio digital).
Ferreira (2011) afirma que ao ler “Chega de Saudade” é possível perceber que a
Bossa Nova foi um movimento que fez parte de importantes momentos da história cultural
e musical brasileira. Por ter surgido em uma época democrática, hoje, é praticamente
impossível emergir algum improvável mau humor diante das letras e melodias tão suaves e
simplórias. Verdadeiro retrato de uma época efêmera, mas que jamais deverá ser esquecida
pela profunda inspiração lírica que proporcionou.
3. “Chega de Saudade”
O título da obra de Ruy Castro já propõe ao seu leitor uma brincadeira: com o
homônimo da canção “Chega de Saudade”, o jornalista anuncia de maneira grandiosa sua
proposta de resgatar a história e histórias da Bossa Nova. O livro é dividido em duas partes,
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a primeira – “O grande sonho” – traz dez capítulos que falam sobre os antecedentes e os
primeiros momentos e acontecimentos pós- João Gilberto, a segunda – “O grande feriado”
– é composta por doze capítulos que descrevem como aconteceu a ascensão da Bossa Nova
e também suas consequências para o ramo musical e para o mundo.
O prólogo de Chega de Saudade... assemelha-se muito ao primeiro capítulo de uma
narrativa, na qual são apresentados os personagens, o espaço e o tempo, bem como
as linhas fundamentais do enredo. Neste caso, o personagem é Joãozinho, o espaço
é a cidade de Juazeiro, na Bahia, e o recorte temporal enfatiza os últimos anos da
década de 1940. Parece bem literário, romance dos mais dramáticos: um menino,
apaixonado pela música, enfrenta as formalidades patriarcais e religiosas de sua
família, a fim de concretizar seu grande sonho. Muda de cidade e passa a lutar
incessantemente para obter o sucesso e a felicidade intentada (BRIGLIA, 2009,
p.99-100).
Mesmo focando tanto em João Gilberto, o grande protagonista da obra foi o
movimento da Bossa Nova. Ruy Castro tem a preocupação de falar sobre todos os
personagens, lugares, bares, casas de shows e pontos de encontro dos músicos e
compositores. Entretanto, o jornalista tem o cuidado de tratar sobre alguns aspectos de
grande importância e que influenciaram o surgimento do movimento. No capítulo um – “Os
sons que saíam do porão” – e no capítulo dois – “Tempo quente nas Lojas Murray” –, por
exemplo, é apresentada uma euforia jovial que vinha da Zona Norte do Rio de Janeiro e a
criação do fã-clube Sinatra-Farney Fan Club4 e também a importância das lojas Murray5
que eram ponto de encontro dos “fanáticos por boa música”.
Na descrição do espaço de sua narrativa, Ruy Castro não deixa de se colocar diante
das Lojas Murray – importante na difusão da música e como ponto de encontro dos
artistas – e a Casa Villarino6, de onde talvez tenha surgido o pontapé inicial para o
Orfeu da Conceição, [...]. Espaços privilegiados com a efervescência cultural, mas,
nem sempre, de fácil acesso por todos os grupos. As mulheres, por exemplo, teriam
que desafiar todo uma estrutura que ditava comportamentos adequados e que
considerava até mesmo o violão como algo imoral (BRIGLIA, 2009, p.101).
4 Sinatra-Farney Fan Club – Inaugurado em 1949 e fechado em 1950 em homenagem ao cantor norte-americano Frank
Sinatra e ao cantor, pianista e compositor carioca Dick Farney. Lá se reuniam, entre outros, Paulo Moura, Johnny Alf e
João Donato. Era um reduto de futuros bossanovistas. Ele ficava na rua Dr. Moura Brito, 74 – Tijuca. Disponível em:
<https://travessario.com/roteiros-sugeridos/roteiro-bossa-nova/>. Acesso em 19 jan.2017. 5 Lojas Murray – Era, pelos idos de 1948 e pela década seguinte, a melhor loja de discos importados do Rio. Ali se
reuniam instrumentistas e cantores da época, em busca do que havia de mais moderno da música americana e brasileira.
Endereço onde funcionava: Rua Rodrigo Silva, 18-A (esquina da Rua Assembleia) – Centro. Disponível em: <
https://travessario.com/roteiros-sugeridos/roteiro-bossa-nova/>. Acesso em 19 jan.2017. 6 Casa Villarino – ‘Uisqueria’ e delicatessen onde se firmou a parceria entre Tom e Vinicius, em maio de 1956, por
intermédio de um amigo que não saía de lá: o jornalista Lúcio Rangel. Local tradicional de encontro de artistas e
intelectuais. Hoje o Villarino é um restaurante com o dobro do tamanho da época, que recebe, por exemplo, os vizinhos
ilustres da Academia Brasileira de Letras. Localização: Avenida Calógeras, 6, loja B (esquina com Presidente Wilson) –
Centro. Disponível em: <https://travessario.com/roteiros-sugeridos/roteiro-bossa-nova/>. Acesso em 19 jan.2017.
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Segundo Castro (2016), de 1958 a 1960, algumas das “pérolas” da MPB foram
compostas e se transformaram em grandes sucessos internacionais. Aconteceram shows na
Faculdade de Arquitetura da PUC-RJ, na Escola Naval e também na rádio Globo. A década
seguinte representou o momento de consolidação do movimento, entretanto, os
bossanovistas nunca negaram a crítica que faziam à música considerada por eles,
tradicional. O livro aborda casos, conflitos, romances e separações como uma boa narrativa
de qualidade. Um dos casos é a temporada do show “O encontro no Bon Gourmet”,
considerado pelo jornalista um momento de grande importância para a Bossa Nova. Foi
nesse show que foi tocada pela primeira vez a canção que posteriormente se tornaria o hino
do movimento “Garota de Ipanema”. É notório que Ruy Castro consegue reunir em sua
obra os mais importantes personagens e lugares do Rio de Janeiro que foram inicialmente
ocupados pelos músicos, instrumentistas e compositores e que, depois, se tornaram temas
de suas canções. É possível afirmar que o jornalista teve o intuito de fazer um breve passeio
pela cidade carioca como também fez em outras obras, como seu livro “Rio Bossa Nova:
um roteiro lítero-musical” e “Ela é carioca: uma enciclopédia de Ipanema”, buscando
sempre valorizar os lugares, a cidade e tudo aquilo que representaram para a Bossa Nova
dos anos 1960 e 1970 e encontrando, dentro de tantas descobertas o caminho para narrar
sobre um movimento e uma época de grande riqueza histórica para o cenário musical
brasileiro.
4. Rio de Janeiro: uma partitura aberta
São inúmeras as composições e canções criadas nos anos 1950 e 1960 que tiveram o
Rio de Janeiro como pano de fundo. As músicas tinham as mais variadas temáticas: falavam
das belas paisagens, do desenvolvimento, praias, mulheres, vida noturna carioca, bairros,
entre outras. Segundo Castro (2016), o Rio de Janeiro dos anos 1950 era um Rio musicado,
de bares, pontos de encontro, grupos de violão e, porque não, fã clubes dedicados a artistas
nacionais e internacionais.
A Bossa Nova marcou época! [...]. O Brasil ganhava fôlego como centro irradiador
de um estilo musical que, embora influenciado pelo jazz americano, transformou o
modo de se fazer, ouvir, cantar e entender a música. Uma Bossa Nova para um país
que se pretendia novo, logo o ar da novidade não transitava apenas nas mentes
criativas dos músicos que deram vida ao movimento (BRIGLIA, 2009, p. 98-99).
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O samba “Chega de saudade” é considerado o marco zero da Bossa Nova. Ruy
Castro (2016) fala que o nascimento do gênero foi em 1958, com a gravação do violonista e
cantor baiano João Gilberto, na Odeon, entretanto, em 1957, Tom Jobim produziu o disco
“Canção do amor demais”, de Elizeth Cardoso, que trazia apenas parcerias dele com o
poeta Vinicius de Moraes – entre os temas estava “Chega de saudade”. Foi possível
perceber, dali em diante, as diretrizes do que veio a ser a “batida da bossa” que estabeleceu
seus contornos definitivos a partir do disco de João Gilberto. Os sambas-canção lacrimosos
perderam lugar para versos que falavam de “abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim”. As
vozes marcantes de Vicente Celestino ou Silvio Caldas perderam espaço para os quase
sussurros de João Gilberto. E havia nitidamente a revolucionária batida do violão do baiano,
que mesclava marcação rítmica inovadora e preceitos do jazz americano.
“Chega de Saudade” oferecia, pela primeira vez, um espelho aos jovens narcisos.
Os garotos podiam se ver naquela música, tão bem quanto nas águas de Ipanema,
muito mais claras que as de Copacabana. Na época não se tinha consciência disso,
mas depois se saberia que nenhum outro disco brasileiro iria despertar em tantos
jovens a vontade de cantar, compor ou tocar um instrumento. Mais exatamente,
violão. E, de passagem acabou também com aquela infernal mania nacional pelo
acordeão. [...]. Era o que havia de jovem e moderno, e, para eles, ninguém fazia
parecido no Brasil. Até que foram apresentados a João Gilberto com “Chega de
Saudade” e, a partir daí a vida para eles nunca mais foi a mesma (CASTRO, 2016,
p.196-197).
Apesar de não ter tido o Rio de Janeiro como tema central, a canção de Vinicius de
Moraes e Tom Jobim não precisou se ater a temas para mudar a postura e pensamento dos
jovens cariocas. Segundo Castro (2016), pela primeira vez, as festas ficaram impensáveis
sem violão, que antes era considerado o “instrumento maldito”. Aprender as novas batidas e
harmonias se tornou obsessão na Zona Sul, e se alguém tocasse de “outro jeito” era
considerado “quadrado”. Aqueles que não tinham afinidade com o violão se contentavam
cantando. De acordo com Castro (2016), o movimento da Bossa Nova vai de 1958 a 1970, e
este foi um período muito produtivo para o cenário musical do movimento. Segundo o
jornalista, foram mais de 360 novas composições. Muitas delas tiveram o Rio de Janeiro
como “musa inspiradora” e que buscaram retratar alguns aspectos da cidade carioca. Hoje,
provavelmente, uma das músicas brasileira mais conhecidas no mundo, a composição de
Vinícius de Moraes e Tom Jobim “Garota de Ipanema” consegue construir a representação
de um Rio de Janeiro tropical, de belas praias e claro, belas moças.
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Olha que coisa mais linda / Mais cheia de graça / É ela menina / Que vem e que
passa / Num doce balanço / A caminho do mar / Moça do corpo dourado / Do sol de
Ipanema / O seu balançado é mais que um poema / É a coisa mais linda que eu já vi
passar / Ah, por que estou tão sozinho? / Ah, por que tudo é tão triste? / Ah, a
beleza que existe / A beleza que não é só minha / Que também passa sozinha / Ah,
se ela soubesse/ Que quando ela passa / O mundo inteirinho se enche de graça / E
fica mais lindo / Por causa do amor.7
Castro (2016) afirma que a Bossa Nova já nasceu com gosto de sal, um notório
casamento entre música e mar que é tão bem ilustrado na música de Tom e Vinícius. Até o
verão de 1960-61, segundo o jornalista, a Bossa Nova não era tão ligada à cidade,
especialmente às praias. A versão final da letra foi escrita no Bar Veloso, que depois se
chamou Garota de Ipanema e hoje se chama Vinicius de Moraes. A canção foi apresentada
ao público durante a realização do espetáculo musical denominado “O Encontro”, realizado
na boate Au Bon Gourmet, em agosto de 1962, em Copacabana.
As interpretações musicais seriam transmitidas, então, de forma intrínseca àquelas
imaginadas pelo grupo de músicos responsáveis pela realização do show, ou seja,
aqueles mesmos que nos dias de hoje são admitidos como precursores do modo de
se tocar, cantar, compor e arranjar o gênero: Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João
Gilberto e o grupo Os Cariocas. [...], buscava simbolizar, por meio do recurso
textual, a reciprocidade de ambos os autores em relação à exaltação dos elementos
que formavam o universo zona-sulista carioca da década de 1950/60. [...]. Pela
circulação de Garota de Ipanema, o gênero também passou a fazer parte do
equivocado conjunto de palavras-síntese que superficialmente tentavam descrever o
gigante, heterogêneo e misterioso Brasil, a partir de referências à cidade do Rio de
Janeiro. Agora, além do Carnaval, do samba e da favela, a ênfase no universo zona
sulista da capital, refletida por meio do ócio contemplativo do compositor e pela
adoção de temáticas amorosas amparadas em saudades, tristezas e musas
inspiradoras, seria fundamentada e sistematizada por uma série de padrões
harmônicos e rítmicos característicos do estilo de um compositor que canta com
pouca projeção vocal e é acompanhado pelo seu confidente violão (WINK, 2014, p.
43-44).
Outra composição de Tom Jobim que ficou conhecida por exaltar a mulher carioca
foi “Ela é Carioca” de 1963. A música traz características do Rio de Janeiro como o céu, a
luz e o mar e o jeitinho de andar da linda carioca, como podemos perceber no trecho a
seguir: “Ela é carioca / Ela é carioca / Basta o jeitinho de andar / Nem ninguém tem carinho
assim para dar / Eu vejo na luz dos seus olhos / As noites do Rio ao luar / Vejo a mesma luz
7 Letra da música “Corcovado” de Tom Jobim. Disponível em: https://www.letras.mus.br/tom-jobim/20018/. Acesso em:
13 jan. 2017.
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/ Vejo o mesmo céu / Vejo o mesmo mar / Ela é meu amor, só me vê a mim / A mim que
vivi para encontrar.”.
Com relação à temática presente nas músicas, é possível perceber que as paisagens
da cidade do Rio de Janeiro são frequentes nas composições, inclusive, é importante
considerar quem poderia ter acesso ao Corcovado e ao Cristo Redentor, pela janela de casa,
essas paisagens são mais bem vistas da Zona Sul, região nobre carioca. A intimidade com o
mar e a praia, frequente nas músicas, demonstra que esse cotidiano retratado não é de
qualquer carioca. A música de Tom Jobim, “Corcovado”, de 1960, trouxe em sua letra os
elementos considerados típicos da Bossa Nova, como o caráter intimista, a introdução dos
elementos naturais das paisagens cariocas e a exaltação do amor e da felicidade. A música,
entretanto, quando comparada a outras, não foi a de maior sucesso, Castro (2016) inclusive
comenta que, na maioria dos shows, muitas pessoas nem se lembravam que a música havia
sido tocada.
Um cantinho e um violão / Este amor, uma canção / Pra fazer feliz a quem se ama /
Muita calma para pensar / E ter tempo pra sonhar / Da janela vê-se o Corcovado / O
Redentor que lindo / Quero a vida sempre assim com você perto de mim / Até o
apagar da velha chama / E eu que era triste / Descrente deste mundo / Ao encontrar
você eu conheci / O que é felicidade meu amor / O que é felicidade.8
Em seu livro, Castro (2016) comenta sobre um evento no Carnegie Hall para o qual
muitos cantores da recém-criada Bossa Nova foram convidados em 1962. O convite foi
feito, durante um coquetel no hotel Copacabana Palace. O investimento foi alto, tendo que
envolver na época inclusive o Itamaraty, que comprou as passagens. Tom Jobim foi quem
mais resistiu ao convite por medo de voar, entretanto, foi graças a este voo que hoje temos
em nosso repertório nacional a música “Samba do Avião” – inicialmente gravada em 1962
pelo grupo Os Cariocas.
Minha alma canta / Vejo o Rio de Janeiro / Estou morrendo de saudades / Rio, seu
mar / Praia sem fim / Rio, você foi feito prá mim / Cristo Redentor / Braços abertos
sobre a Guanabara / Este samba é só porque / Rio, eu gosto de você / A morena vai
sambar / Seu corpo todo balançar / Rio de sol, de céu e mar / Dentro de mais um
minuto estaremos no Galeão / Copacabana, Copacabana / Aperte o cinto, vamos
chegar / Água brilhando, olha a pista chegando / E vamos nós / Pousar.9
8 Letra da música “Corcovado” de Tom Jobim. Disponível em: https://www.letras.mus.br/tom-jobim/49031/. Acesso em:
12 jan. 2017. 9 Letra da música “Samba do avião” de Tom Jobim. Disponível em: https://www.letras.mus.br/tom-jobim/49065/. Acesso
em: 13 jan. 2017.
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Com sua bossa carinhosa sobre o Rio de Janeiro, Tom Jobim descreveu como
poucos as belas paisagens da cidade, desde o Corcovado Redentor até as curvas da garota
de Ipanema. “Samba do Avião” funde a sensação que o compositor tinha ao voar com a
emoção de reencontrar a beleza da cidade natal. O Rio visto por Tom Jobim nesta música é
uma cidade perfeita, sem problemas e que possui somente belezas e o ponto de vista da
música é tudo aquilo que o Rio apresentava para o mundo. É importante observar que, não
somente o “Samba do avião”, mas como muitas outras músicas que foram compostas
naquele período pelos integrantes da Bossa Nova é apenas uma, das muitas visões e
interpretações artísticas que se tinha do Rio de Janeiro, principalmente quando comparadas
a realidade social e política da época.
Considerações Finais: a cidade que canta e encanta
Este artigo teve como principal objetivo compreender como, através de suas
páginas, o jornalista Ruy Castro em “Chega de Saudade” relatou o movimento da Bossa
Nova e a relação que este teve com a cidade do Rio de Janeiro. Não é segredo que o Rio de
Janeiro, desde sua fundação, encantou artistas, moradores, músicos e turistas com sua
beleza natural, suas praias e seu jeito de viver. E isso não foi diferente nos anos 1950.
Embalados pelos jovens, pelo violão e beleza da Zona Sul carioca, os artistas ocuparam
bares, praias e casas de show e, através de suas composições, conseguiram falar sobre um
Rio de Janeiro bonito, tropical, leve, sem violência e sem a melancolia das canções, até
então, consideradas tradicionais ou quadradas.
Quando temos a oportunidade de estudar e pesquisar a fundo todas as manifestações
artísticas da época elucidada neste artigo, é possível perceber que o Rio de Janeiro, não
somente na música, foi inspiração para poetas, pintores, escritores, jornalistas, estilistas,
entre outros. Entretanto, no artigo apresentado, focou-se na música “Chega de Saudade” de
João Gilberto e mais três canções de Tom Jobim: “Garota de Ipanema”, “Corcovado” e
“Samba do avião” – canções estas lembradas por Ruy Castro de forma muito saudosa em
seu livro – que conseguem ilustrar como era a relação da cidade e dos compositores daquela
época. Lendo o livro de Ruy Castro pudemos comprovar que o movimento da Bossa Nova
se introjetou no Rio de Janeiro e envolveu toda a sociedade carioca. Foi possível também
revisitar alguns lugares que evocaram importantes momentos da Bossa Nova como foi o
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caso do Sinatra-Farney Fan Club, as lojas Murray, a antiga Faculdade Nacional de
Arquitetura, o apartamento de Nara Leão, entre muitos outros. Castro (2016) afirma que
muitos desses lugares ainda estão de pé, mesmo que atualmente não tenham mais nada a ver
com o assunto. Alguns hoje são residências particulares, outros mentem suas antigas
características e, infelizmente, alguns não existem mais. Estes só podem ser “visitados”
através das canções que, de certa forma, perpetuaram um Rio de Janeiro como o melhor
lugar para se viver.
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