o retrofit e a modelagem de informaÇÕes como...

70
O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO FERRAMENTA NA ANÁLISE DE PROJETOS Luciana Fernandes Guimarães Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadores: Eduardo Linhares Qualharini José Luis Menegotto Rio de Janeiro Fevereiro, 2014

Upload: trankhue

Post on 14-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES

COMO FERRAMENTA NA ANÁLISE DE PROJETOS

Luciana Fernandes Guimarães

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientadores: Eduardo Linhares Qualharini

José Luis Menegotto

Rio de Janeiro

Fevereiro, 2014

Page 2: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

ii

O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES

COMO FERRAMENTA NA ANÁLISE DE PROJETOS

Luciana Fernandes Guimarães

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

_________________________________________

Eduardo Linhares Qualharini

Profo. Adjunto, D. Sc., POLI/UFRJ (orientador)

_________________________________________

José Luis Menegotto

Profo. Adjunto, D. Sc., POLI/UFRJ (orientador)

_________________________________________

Liane Flemming

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

FEVEREIRO de 2014

Page 3: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

iii

Guimarães, Luciana Fernandes

O retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na

análise de projetos/ Luciana Fernandes Guimarães - Rio de Janeiro:

UFRJ/ Escola Politécnica, 2014.

vii, 63 f. : il.; 29,7 cm

Orientadores: Eduardo Linhares Qualharini e José Luis

Menegotto

Projeto de Graduação - UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 59-62

1. Análise de projetos de retrofit 2. BIM I. Qualharini,

Eduardo Linhares, et al. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. O

retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

de projetos.

Page 4: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

iv

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenharia Civil.

O retrofit e a modelagem de informações

como ferramenta na análise de projetos

Luciana Fernandes Guimarães

Fevereiro 2014

Orientadores: Eduardo Linhares Qualharini e José Luis Menegotto

Curso: Engenharia Civil

Este trabalho tem o objetivo de apresentar as principais características dos processos de

Retrofit e do conceito de BIM e, através de um estudo de campo, pretende-se explorar a

possibilidade de utilizar a modelagem de informações como ferramenta para análise de

projetos de Retrofit, considerando o desempenho lumínico e térmico.

Neste enfoque, a evolução do BIM apresenta um grande potencial na análise dos

projetos em função das simulações que poderão ser realizadas em uma modelagem

consistente, sendo possível obter resultados muito próximos da realidade e avaliar a

necessidade de modificações para atender aos requisitos de desempenho. Assim, as

intervenções no ambiente construído poderão alcançar uma posição de destaque em

função do conceito de Sustentabilidade, na busca por metodologias que permitam a

avaliação do desempenho dos materiais empregados.

Palavras-chave: Retrofit, Sustentabilidade, Modelagem de informações

Page 5: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

v

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment os

the requirements for the degree of Engineer.

Retrofit and building information modeling as a tool in project analysis

Luciana Fernandes Guimarães

February 2014

Advisors: Eduardo Linhares Qualharini e José Luis Menegotto

Course: Civil Engineering

This work aims to present the main features of the retrofitting processes and the concept

of BIM and, through a field study, intend to explore the possibility of using information

modeling as a tool for analysis of retrofit projects, considering the luminal and thermal

performance.

In this approach, the evolution of BIM has a great potential in the analysis of projects

based on simulations that can be performed in a consistent modeling, being possible to

get results very close to the reality and assess the need for changes to reach the

performance requirements. Therefore, interventions in the built environment achieved a

prominent position in the construction industry due to the concept of Sustainability, in

the search for methodologies that allow the evaluation of materials performance.

Keywords: Retrofit, Sustainability, Building Information Modeling

Page 6: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

vi

Sumário

1. Introdução ............................................................................................................................. 1

1.1. Contextualização ................................................................................................................ 1

1.2. Justificativa ......................................................................................................................... 3

1.3. Objetivos ............................................................................................................................ 3

1.4. Metodologia ....................................................................................................................... 3

1.5. Estrutura da monografia .................................................................................................... 4

1.5.1. Capítulo 1 - Introdução................................................................................................ 4

1.5.2. Capítulo 2 - A reabilitação urbana e os processos de retrofit ..................................... 4

1.5.3. Capítulo 3 - O BIM como ferramenta de análise de projeto ....................................... 4

1.5.4. Capítulo 4 - Estudo de campo: EMOP ......................................................................... 4

1.5.5. Capítulo 5 - Considerações finais ................................................................................ 4

2. A reabilitação urbana e os processos de retrofit .................................................................. 5

2.1. Tipos de intervenções prediais ........................................................................................... 5

2.2. Condicionantes e diagnóstico para a reabilitação ............................................................. 6

2.2.1. Condicionantes para a reabilitação ............................................................................. 6

2.2.2. Diagnóstico de patologias em edifícios ....................................................................... 7

2.3. Características do processo de retrofit ............................................................................ 12

2.3.1. Graus de intervenção ................................................................................................ 14

2.3.2. Proposta de diretrizes para projetos de retrofit ....................................................... 14

2.3.3. Sustentabilidade aplicada à reabilitação ................................................................... 20

2.4. Processos de requalificação ............................................................................................. 23

2.4.1. Retrofit de climatização ............................................................................................ 24

2.4.2. Retrofit lumínico........................................................................................................ 27

2.4.3. Retrofit acústico ........................................................................................................ 29

3. Building Information Modeling ........................................................................................... 32

3.1. O BIM como ferramenta de análise de projetos .............................................................. 32

3.2. Empresas e projetos que utilizam BIM............................................................................. 37

3.2.1. General Services Administration ............................................................................... 37

3.2.2. Athié |Wohnrath ....................................................................................................... 38

3.2.3. Projeto da Freedom Tower ....................................................................................... 39

3.2.4. Projeto da nova biblioteca da PUC-RJ ....................................................................... 40

4. Estudo de campo: Retrofit EMOP ........................................................................................ 41

Page 7: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

vii

4.1. Considerações iniciais sobre o projeto............................................................................. 41

4.2. Recursos construtivos ...................................................................................................... 42

4.3. Análise do projeto com o BIM .......................................................................................... 46

4.3.1. Análise lumínica ........................................................................................................ 50

4.3.2. Análise térmica e energética ..................................................................................... 52

5. Considerações finais ............................................................................................................ 56

5.1. Comentários ..................................................................................................................... 56

5.2. Críticas e sugestões .......................................................................................................... 56

Referências bibliográficas ........................................................................................................... 58

Referências eletrônicas ............................................................................................................... 62

Anexo .......................................................................................................................................... 63

Page 8: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

1. Introdução

1.1. Contextualização

Desde os primórdios da civilização, utilizando materiais e técnicas rudimentares, o

homem tenta se abrigar de fenômenos naturais e garantir a segurança de seu grupo

social. Com o passar dos anos, foram desenvolvidas técnicas aprimoradas de

construção, permitindo a evolução dos núcleos urbanos, com o conforto e apoio mútuo.

Pode-se dizer que um dos objetivos do desenvolvimento da tecnologia de construção

civil seja atender as necessidades básicas e imediatas do ser humano.

Um importante período na história para a construção foi o Renascimento, quando a arte,

associada a concepção da ciência moderna, permitiram o desenvolvimento de novas

concepções estruturais e geométricas das cidades, harmonizando os espaços da malha

urbana.

No século XX, ainda como reflexo da Revolução Industrial, foi possível a produção em

larga escala de acessórios, produtos e equipamentos beneficiados como, por exemplo, o

uso do aço inoxidável e do alumínio, da porcelana e pastilha de vidro entre outros mais.

Soma-se ainda os produtos derivados de petróleo, como os policarbonatos em telhas e

esquadrias; o polipropileno (ACM) em revestimentos; o pvc/vinil em pisos flutuantes e

hidrossanitários; a aplicação dos laminados melamínicos em pisos e paredes e do

metilmetacrilato em bancadas, lavatórios e banheiras e o gesso acartonado em divisórias

tornando-se soluções construtivas em desenvolvimento no âmbito da construção civil

(QUALHARINI, 2013).

O final do século passado foi marcado pela globalização e pelo avanço do processo de

urbanização, fazendo com que as cidades perdessem características que, historicamente,

lhes deram origem. Como exemplo os espaços urbanos tradicionais, compostos de um

mosaico territorial tradicional, no qual o desenvolvimento econômico de uma cidade

conduzia a logística de um eixo comercial e financeiro na área central, foram migrando

e distribuindo-se em novas regiões periféricas das cidades.

A modificação do parque habitacional da maioria dos países europeus conduziu ao

desenvolvimento de metodologias e procedimentos técnicos na promoção de

Page 9: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

2

reabilitação das construções que perderam sua funcionalidade, indicando propostas de

intervenção, adequando-as as novas necessidades.

Em comparação com a Europa, o Brasil é um país jovem, no entanto não significa que

as edificações sejam modernas ou dispensem a reabilitação. No caso do Rio de Janeiro,

grande parte dos edifícios datam da primeira metade do século passado e com diretrizes

de construção que nem sempre são as mais aceitáveis para a sociedade atual, pois,

durante anos, a conservação e a reabilitação predial basearam-se em experiências

anteriores e eventuais emergências, geralmente sem uma sistemática de continuidade e

atualização das novas técnicas e demandas.

Pode-se observar que a depreciação da infraestrutura, dos equipamentos e das

edificações são evidentes em certos casos, colocando em discussão a questão da

reabilitação urbana. Quando os edifícios são reabilitados corretamente, a região do

entorno, geralmente, é revigorada e valorizada.

O estado Rio de Janeiro vem buscando resgatar a importância da região central e de

outras regiões através de procedimentos de reforma e modernização das edificações,

conhecidos como retrofit urbano, contribuindo para que tenhamos uma possível

despoluição visual e revigoração do belo artístico.

Dentro deste contexto, diagnosticar as patologias existentes nas edificações e avaliar as

alterações a serem implementadas torna-se necessário para que o retrofit atinja os

objetivos desejados. Ferramentas e metodologias vem se desenvolvendo, permitindo

uma análise mais precisa das características da edificação ainda durante a fase de

concepção e projeto.

O conceito Building Information Modeling (BIM) ou modelagem de informação faz

parte de uma geração de ferramentas digitais que possibilitam ao usuário gerenciar em

um ambiente virtual informações de projeto relativas à diversas etapas da construção.

A ferramenta BIM pode ser utilizada para compatibilização dos diversos sistemas

prediais, obtenção de emissões de CO2, simulação da eficiência energética, lumínica e

acústica da edificação, quantificação de materiais, elaboração de planilhas para

orçamentos, dentre outras. Através destas análises, é possível verificar que o BIM

apresenta um grande potencial no setor de retrofit no qual a sustentabilidade deve estar

vinculada aos projetos.

Page 10: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

3

1.2. Justificativa

No Brasil, o retrofit vem ganhando espaço no mercado da Construção Civil em função

da necessidade de modernização de edifícios existentes. Aliado a isto, a crescente

preocupação com a sustentabilidade torna relevante o desenvolvimento de metodologias

que permitam a avaliação da eficiência dos materiais empregados nos processos de

retrofit.

No entanto, certas metodologias, tais como o BIM, não são comumente empregadas nos

projetos, tornando-se necessário ampliar os estudos e a divulgação deste conceito.

Assim, será possível avaliar os projetos garantindo maior eficiência dos sistemas.

1.3. Objetivos

O presente trabalho é uma pesquisa descritiva com o objetivo de apresentar os

condicionantes e as características do processo de retrofit, assim como a importância da

utilização de modelagens de informação nos projetos, permitindo avaliar a relevância

das alterações propostas nos quesitos térmico, lumínico e acústico.

1.4. Metodologia

Para o cumprimento do objetivo do trabalho, será realizada pesquisa bibliográfica

relacionada aos processos de reabilitação urbana com ênfase nas características do

retrofit de edificações. Ainda pertinente ao tema, será realizada pesquisa a respeito dos

retrofits térmico, lumínico e acústico, relacionando a sustentabilidade a estes processos.

A seguir será realizada pesquisa bibliográfica acerca da utilização de modelagens de

informação nos projetos que permitem a simulação das alterações propostas e a

verificação, ainda na fase de concepção, dos seus efeitos no produto final.

Por fim, será realizado um estudo de campo sobre o retrofit do 5° pavimento do prédio

sede da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (EMOP), com a

descrição das informações referentes ao projeto obtidas através de uma visita ao local e

entrevista com a arquiteta responsável. Para avaliar a eficiência das alterações, o

pavimento citado será modelado no REVIT e, utilizando as propriedades dos materiais

obtidas com os fornecedores, serão feitas as simulações lumínica e térmica após o

retrofit.

Page 11: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

4

1.5. Estrutura da monografia

1.5.1. Capítulo 1 - Introdução

Neste capítulo há uma abordagem geral do tema proposto com uma contextualização

seguida pela justificativa e objetivo da monografia, descrevendo a metodologia utilizada

e a estrutura do projeto em capítulos.

1.5.2. Capítulo 2 - A reabilitação urbana e os processos de retrofit

Este capítulo apresentará os tipos de reabilitação urbana, os condicionantes e os

diagnósticos para a reabilitação. Na sequência serão apresentadas as principais

características do retrofit e a sua associação com a sustentabilidade, destacando assim

os retrofits térmico, lumínico e acústico.

1.5.3. Capítulo 3 - O BIM como ferramenta de análise de projeto

Este capítulo tem como objetivo apresentar o conceito BIM e relacionar a sua utilização

aos processos de retrofit, considerando a necessidade do desenvolvimento de projetos

eficientes.

1.5.4. Capítulo 4 - Estudo de campo: EMOP

Neste capítulo serão apresentadas as características do retrofit do 5° pavimento do

edifício da EMOP, assim como o modelo 3D do pavimento e as simulações da

iluminância e da climatização após o retrofit.

1.5.5. Capítulo 5 - Considerações finais

No último capítulo serão expostas as considerações finais, com críticas e sugestões a

respeito dos temas apresentados ao longo da monografia.

Page 12: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

5

2. A reabilitação urbana e os processos de retrofit

2.1. Tipos de intervenções prediais

O nível de degradação do edifício e os objetivos associados à intervenção permitem

enquadrá-la em diferentes processos: restauração, reforma, manutenção e retrofit.

a) Restauração

Segundo Vale (2006), a restauração de um edifício corresponde a um conjunto de ações

desenvolvidas de modo a recuperar a imagem, a concepção original ou o momento

áureo da história da edificação em questão. Este tipo de intervenção é muito utilizado

em bens tombados e preservados pelo patrimônio histórico e que não admitem alteração

em sua arquitetura.

Independente de qualquer técnica que venha a ser utilizada nas intervenções ao

patrimônio cultural edificado, a autenticidade é a base da doutrina moderna da

restauração (TAVARES, 2011).

b) Reforma

A reforma é uma intervenção que busca o retorno a forma original. Segundo Costa e

Douckin (apud CARVALHO, 2013), reforma é o ato ou efeito de colocar em bom

estado de conservação uma construção, por meio de reparos necessários ou lhe

transformando a estrutura.

c) Manutenção

Segundo a ABNT, manutenção é um procedimento técnico-administrativo (em

benefício do proprietário e/ou usuários), que tem por finalidade levar a efeito as

medidas necessárias à conservação de um imóvel e à permanência das suas instalações e

equipamentos, de modo a mantê-lo em condições funcionais normais, tal como as que

resultaram da sua construção, em observância ao que foi projetado, e durante sua vida

útil.

d) Retrofit

Por fim, o retrofit refere-se as intervenções realizadas no edifício com o objetivo de

adequá-lo tecnologicamente. Segundo Vale (2006), a técnica do retrofit difere

Page 13: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

6

substancialmente da restauração, que consiste na restituição do imóvel à sua condição

original ou da reforma, que visa a introdução de melhorias, sem compromisso com suas

características anteriores. Sendo assim, espera-se que o retrofit concilie certas

características marcantes da edificação e a adequação tecnológica. Por se tratar do

principal objeto de estudo deste trabalho, o item 2.3 abordará mais detalhadamente este

assunto.

2.2. Condicionantes e diagnóstico para a reabilitação

2.2.1. Condicionantes para a reabilitação

De acordo com a NBR 5674, vida útil é o período de tempo, após a instalação, no qual

uma construção ou suas partes satisfazem ou excedem as exigências de desempenho.

A vida útil de uma edificação está relacionada a fatores físicos, funcionais e

econômicos. Estes fatores estão associados a durabilidade, adaptabilidade e

rentabilidade dos materiais utilizados (BARRIENTOS, 2004).

Os problemas de durabilidade são causados, frequentemente, por um conjunto de

fatores, dentre os quais se destacam a falta de conhecimento do meio ambiente ao qual

ficarão expostas as estruturas, especificações inadequadas e construção executada em

desacordo com normas técnicas e procedimentos construtivos tradicionais.

Para evitar problemas de durabilidade, é importante avaliar a qualidade e eficiência de

um material ou serviço de modo que as falhas sejam evitadas. Um material é

considerado adequado quando todas as suas características permanecem funcionais

dentro de níveis aceitáveis.

O uso inadequado e a falta de manutenção das edificações podem resultar na

degradação precoce e perda do desempenho esperado dos materiais. Assim, torna-se

necessária a intervenção para evitar o esgotamento da edificação devido às patologias.

Além da deteriorização das edificações, a mudança no perfil do usuário também é uma

das grandes responsáveis pela necessidade de reabilitação. A satisfação das

necessidades humanas, como o conforto e a praticidade resultantes da evolução

tecnológica, vem se tornando um ponto forte para as intervenções.

Page 14: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

7

As tecnologias e os novos equipamentos condicionaram mudanças no ambiente das

edificações, exigindo maior flexibilidade dos sistemas, permitindo a adaptação do

ambiente às necessidades humanas.

Edifícios dotados de infraestrutura como sistema de controle de demanda de ar

condicionado (HVAC), redes de fibras óticas internas e externas, pisos elevados,

elevadores inteligentes e sistemas de controle de acesso tornam-se garantia de sucesso

dos empreendimentos comerciais. Para isso, os edifícios antigos podem sofrer um

retrofit, dispensando a necessidade de uma nova construção (BARRIENTOS, 2004).

Outro aspecto de destaque nas intervenções prediais é a eficiência energética, ou seja, o

edifício deve proporcionar as condições ambientais desejadas pelos usuários, porém

com menor consumo de energia. Um bom desempenho energético deve equilibrar

fatores como acústica, ventilação e iluminação.

A melhoria da qualidade de vida do usuário é o objetivo mais significativo de

intervenções tecnológicas e a disponibilização ao próprio usuário do controle permite a

adaptação dos sistemas às suas necessidades pessoais.

2.2.2. Diagnóstico de patologias em edifícios

A origem de um estado qualquer de degradação é frequentemente consequência de

projetos mal concebidos ou mal executados, nos quais certos aspectos foram

negligenciados, tais como ações atuantes, qualidade dos materiais empregados, meio de

exposição da obra e a própria utilização.

Para que os efeitos de um estado de degradação não venham a acarretar em um prejuízo

elevado, torna-se necessário controlar o avanço da degradação e definir tipos e

momentos de intervenções.

O diagnóstico correto é uma condição essencial para escolher o melhor tratamento

destinado a assegurar as condições de edifícios. O conceito de diagnóstico foi associado,

inicialmente, a exames de danos estruturais e avaliação do grau de segurança dos

edifícios existentes. Atualmente, considera-se também o atendimento de outros

requisitos e o grau de desempenho oferecido pelo edifício na sua globalidade, tendo em

vista a sua eficiência. No Brasil, a Norma de Desempenho (NBR 15575:2013) é

responsável por estabelecer o nível de desempenho mínimo ao longo da vida útil para os

Page 15: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

8

elementos principais de edificações habitacionais, como estrutura, vedações, instalações

elétricas e hidrossanitárias, pisos, fachada e cobertura.

As definições dos conteúdos e pontos do edifício a serem analisados, o detalhamento do

estudo e a precisão de informações a recolher são os objetivos do diagnóstico, que pode

consistir em uma simples visita para analisar a umidade de uma fachada ou até uma

vistoria exaustiva de toda a estrutura do edifício.

Para garantir um trabalho de qualidade, é necessário que os diagnósticos de edifícios

sejam realizados por técnicos especializados, com capacidade de analisar as patologias a

partir da observação de indícios externos e com conhecimento das diversas técnicas

tradicionais de construção. No caso de estruturas de concreto armado, a inspeção deve

ser conduzida conforme metodologia consagrada no Brasil e internacionalmente,

apresentada na figura 1.

Figura 1. Metodologia geral de inspeção, diagnóstico e prognóstico de manifestações

patológicas em obras de construção civil. Fonte: MEDEIROS, et al, 2012.

Page 16: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

9

As etapas de trabalho, os ensaios realizados, os dados levantados e os critérios

empregados procuram seguir também os cuidados e procedimentos de normas e

publicações nacionais e internacionais, empregando-se as recomendações mais

relevantes de cada uma. As etapas básicas do diagnóstico estão apresentadas na figura 1,

na qual se observa que a vistoria ao local é fundamental para diagnosticar problemas

patológicos. Dependendo da situação será necessário analisar os antecedentes da

edificação e executar exames complementares para definir as alternativas de

intervenção.

Para auxiliar o processo de diagnóstico, foram realizadas pesquisas para desenvolver

ferramentas e metodologias que permitissem uma análise adequada do estado da

edificação. Tais instrumentos de inspeção e diagnóstico tem a finalidade de reduzir os

preços de reabilitação, assim como reduzir o consumo de energia e promover a melhoria

das condições de conforto do ambiente. Dentre eles, os mais conhecidos são:

a) EPIQR

O método EPIQR (Energy Performance, Indoor Environmental Quality and Retrofit)

foi desenvolvido pelo programa europeu JOULE, com o objetivo de apoiar a

planificação técnico-financeira da renovação de edifícios e permitir a tomada de

decisões com base em diferentes cenários possíveis de intervenção. Este método fornece

aos usuários as seguintes informações: dossiê completo descrevendo o estado geral do

imóvel a renovar; diagnóstico relativo ao estado físico e funcional do edifício;

informação detalhada da natureza dos trabalhos a realizar e a estimativa provável dos

custos de reabilitação (LANZINHA; FREITAS; CASTRO GOMES, 2001).

O diagnóstico do EPIQR prevê uma inspeção visual de todos os elementos, sem recurso

a especialista, um inquérito complementar feito com base nos elementos recolhidos e no

questionário destinado ao proprietário ou locatários e uma análise dos diversos cenários

e possibilidades de renovação, descrevendo os trabalhos previstos e respectivos custos

associados.

O programa EPIQR também comporta um módulo que permite efetuar o balanço

térmico do edifício e simular as diversas possibilidades de intervenção, substituindo as

janelas, por exemplo, ou modificando a taxa de renovação de ar. Por fim, são indicados

Page 17: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

10

os ganhos obtidos por cada uma das intervenções previstas, permitindo determinar a

intervenção mais adequada para melhorar o balanço térmico do edifício.

b) MER HABITAT

O princípio geral dos métodos MER (Méthodes d'Évaluation Rapide) é fornecer o custo

de reposição do edifício após a execução de um diagnóstico da sua degradação. A

utilização do MER HABITAT pretende determinar um nível mínimo de renovação a

atender.

Este método possui o Manual de Diagnóstico que descreve a natureza e a forma de

exame de cada uma das partes da obra. O edifício é decomposto em 290 elementos e o

responsável pela perícia visita o local e escolhe o código de degradação mais adequado

para cada elemento, sendo que o código varia de acordo com a tabela 1.

Tabela 1. Código de degradação previstos no programa MER HABITAT.

Estado Grau

Bom estado 4

Degradação ligeira e reparação fácil 3

Degradação importante ou faltas parciais de mais difícil reparação 2

Mau estado, falta total, substituir ou acrescentar 1

Fonte: Lanzinha; Freitas; Castro Gomes, 2001.

O diagnóstico do estado de degradação, a natureza dos trabalhos necessários a reposição

das boas condições dos elementos do edifício e os custos parciais e totais são

referenciados a "Edifícios-Modelo". Aplica-se a cada custo unitário dos trabalhos de

reposição uma convenção de medida expressa em pontos, que permitem obter uma

estimativa dos custos de reposição por parte da obra.

c) TEST HABITATGE

O método TEST HABITATGE foi inspirado em outros métodos similares e pretende

adaptar os métodos criados para avaliar economicamente intervenções sobre um número

importante de edifícios, permitindo a avaliação de elementos menores, podendo ser

utilizado, inclusive, em habitações unifamiliares.

Esta técnica consiste no preenchimento de fichas de análise que se estruturaram a partir

da decomposição do edifício em 55 elementos principais. As fichas de análise dispõem

Page 18: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

11

de uma primeira parte onde os aspectos construtivos são descritos e na qual todos os

parâmetros do elemento correspondente são definidos.

Na primeira fase, são recolhidas as características gerais do edifício, sua localização e

envolvente e é feita uma previsão da possível complexidade das obras a serem

realizadas. Na segunda fase, atribui-se a cada elemento um dos 4 códigos de degradação

possíveis, enquadrando da melhor forma a patologia observada de acordo com a tabela

2.

Tabela 2. Código de degradação previstos no programa TEST HABITAGE.

Estado Grau

Bom estado 4

Necessita de pequenas reparações 3

Necessita de reparação generalizada 2

Mau estado 1

Fonte: Lanzinha; Freitas; Castro Gomes, 2001.

Assim, é possível quantificar a degradação e aconselhar, na sua fase de "Conclusões e

Recomendações", a realização de diagnósticos mais aprofundados nos aspectos em que

a inspeção visual tenha detectado indícios que permitem supor a existência de

problemas importantes.

Segundo Lanzinha, Freitas e Gomes (2003) os métodos apresentados acima tornam o

processo de diagnóstico deficiente, pois as conclusões são baseadas em opiniões e não

em ensaios ou medições. Por isso, tais autores propõem uma nova metodologia que

permite comparar os desempenhos dos diversos elementos do edifício, com as

exigências técnicas do seu funcionamento, estabelecidas em documentos

regulamentares ou exigenciais.

Esta metodologia, denominada avaliação exigencial, propõe a realização de análises

técnicas, cálculos e ensaios "in situ" para determinar as características dos elementos

construtivos. Portanto, observa-se que a avaliação exigencial permite uma abordagem

integrada, caracterizando os elementos e avaliando a sua conformidade com as

exigências regulamentares ou de qualidade.

Page 19: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

12

O quadro 1 apresenta a estruturação do método de avaliação exigencial, no qual

observa-se o sequenciamento das ações a serem executadas, os objetivos relacionados a

cada ação e as tarefas a serem desenvolvidas na etapa.

Quadro 1. Estruturação do método de diagnóstico.

Fonte: Lanzinha; Freitas; Castro Gomes, 2003.

Esta metodologia de diagnóstico e intervenção pretende criar uma ferramenta de

trabalho que permita estruturar o processo de decisão, de forma a torná-lo mais fácil,

racional e consistente.

2.3. Características do processo de retrofit

O conceito de retrofit surgiu no final da década de 90 nos Estados Unidos e na Europa.

A princípio era utilizado na indústria aeronáutica para referir-se à atualização de

aeronaves aos novos e modernos equipamentos disponíveis no mercado. Com o passar

do tempo, este conceito passou a ser empregado também na Construção Civil tendo

como foco os processos de modernização e atualização de edificações, com o objetivo

de torná-las contemporâneas (BARRIENTOS, 2004).

Page 20: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

13

Segundo Cianciardi e Bruna (2004), esse conceito arquitetônico vem a ser a busca pela

sincronicidade do edifício com o tempo presente, de modo a vitalizá-lo com novos

materiais e tecnologias, evitando que se torne obsoleto e permitindo que acompanhe o

desenvolvimento tecnológico dos grandes centros urbanos.

O processo de retrofit já é bastante rotineiro na Europa, correspondendo a 50% das

obras e em países como Itália e França, este índice aumenta para 60%

(Arquitetura.com.br apud MORAES; QUELHAS, 2012). Estes países têm intensificado

tais práticas de reabilitação, de modo a valorizar edificações obsoletas e aumentar a sua

vida útil através da incorporação de avanços tecnológicos e da utilização de materiais e

processos de última geração.

De acordo com Croitor (2009), a reabilitação de edifícios não se limita a edifícios

antigos, podendo também ser aplicada quando há interesse do empreendedor pela

substituição de sistemas prediais ineficientes e/ou inadequados, pela mudança de uso do

imóvel ou, inclusive, quando as edificações se encontram inacabadas e abandonadas.

Portanto, o retrofit se refere a uma reforma generalizada dos materiais e sistemas da

edificação, levando em consideração suas principais características. Pisos, iluminação,

elevadores, fachadas, ar condicionado central, sistemas hidráulicos, segurança,

automação predial, pavimentação e outros se transformam em alvo deste processo.

Vários fatores justificam o uso do processo do retrofit, destacando-se o aproveitamento

da infraestrutura existente no entorno e da sua localização, impacto na paisagem urbana,

preservação do patrimônio histórico e cultural, déficit habitacional e sustentabilidade

ambiental, além de se tratar de uma alternativa mais econômica e eficiente do que a

demolição seguida de uma reconstrução.

A incorporação dos avanços tecnológicos através do processo de retrofit permite que a

edificação apresente certas vantagens, tais como:

a) integração dos sistemas, simplificando e economizando em manutenção;

b) mecanização dos serviços, reduzindo os gastos com pessoal e tornando o

controle e gestão da edificação mais eficiente;

c) redução do consumo de energia;

d) redução dos gastos;

e) satisfação do usuário.

Page 21: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

14

Dentre as características acima listadas, a melhoria da qualidade de vida do usuário é,

com certeza, a vantagem mais significativa da automação.

2.3.1. Graus de intervenção

As intervenções a serem realizadas em uma edificação dependem das suas

características e do seu estado. O informe Nora-Minc, manifesto francês publicado em

1978 com base no tema da informatização da sociedade, apresenta uma classificação de

acordo com o grau de intervenção a ser desenvolvido, e que é adotada pela maioria dos

pesquisadores do assunto (BARRIENTOS, 2004).

a) Retrofit rápido: são caracterizados pela execução de pequenos reparos e benfeitorias

em edifícios com um estado de conservação satisfatório ou razoável. Engloba serviços

de recuperação de instalações e revestimentos internos.

b) Retrofit médio: além dos serviços de intervenção rápida, são incluídas intervenções

em fachada, mudanças nos sistemas de instalações da edificação, reparos e eventual

reforço de alguns elementos estruturais e melhoria das condições funcionais e

ambientais dos espaços em geral. Pode envolver mudança de layout interno sem

alteração do uso original do imóvel.

c) Retrofit profundo: engloba alterações significativas com demolições e reconstruções,

podendo ocorrer uma substituição parcial ou total, desde pavimentos e paredes

divisórias até a resolução de problemas estruturais e reestruturação das partes comuns,

incluindo redes horizontais e verticais, substituição generalizada de carpintarias e ainda

execução de novos revestimentos. Isto significa que além das atividades descritas nos

outros tipos de retrofit, estão inclusas as intervenções com mudança de layout

envolvendo desde a compartimentação até a própria estrutura do telhado.

d) Retrofit excepcional: corresponde a um amplo grau de desenvolvimento, sendo muito

dispendiosa, podendo aproximar-se ou mesmo ultrapassar o custo de uma nova

edificação com áreas e características semelhantes. Ocorre, principalmente, em

edificações históricas ou localizadas em áreas protegidas.

2.3.2. Proposta de diretrizes para projetos de retrofit

A revista eletrônica Sistemas & Gestão (2012) apresentou os resultados de uma

pesquisa de opinião realizado por Moraes (2011) acerca dos projetos de retrofit. Através

de um questionário, abordando um conjunto de temáticas relativas ao processo de um

Page 22: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

15

retrofit, foi possível avaliar o grau de satisfação e motivação de profissionais envolvidos

nesse processo. Assim, buscou-se identificar as melhores práticas e tecnologias

aplicadas na implantação de um retrofit articulando questões de pesquisa, hipóteses e

objetivos conforme apresentado no quadro 2.

Quadro 2. Questões articuladas na elaboração do questionário

Fonte: Moraes apud Moraes; Quelhas, 2012.

Os profissionais que responderam ao questionário deveriam avaliar os itens

apresentados e classificá-los em irrelevante, pouco relevante, relevante, muito relevante

ou imprescindível. Para cada grupo de itens relacionados, foi elaborado um gráfico com

a frequência relativa das respostas de acordo com o grau de relevância dos itens.

Page 23: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

16

a) Concepção do empreendimento

Gráfico 1. Frequências relativas (%) das respostas de acordo com o grau de relevâncias dos itens

em “Concepção do empreendimento”.

Fonte: Moraes apud Moraes; Quelhas, 2012.

De acordo com o gráfico 1, os profissionais que responderam ao questionário

consideram a análise do custo global como um item imprescindível na concepção do

empreendimento. Este resultado tem grande importância, pois a implantação de um

retrofit envolve gastos. Assim, é importante verificar a viabilidade econômica da

proposta.

Além disso, denota-se também uma preocupação com o levantamento do conjunto de

informações jurídicas, principalmente porque se a implantação não for feita dentro de

Page 24: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

17

trâmites legais adequados, podem ocorrer problemas com proprietários, clientes e

órgãos públicos, aumentando custos e expirando prazos.

b) Processo de retrofit

Gráfico 2. Frequências relativas (%) das respostas de acordo com o grau de relevâncias dos itens

em “Processo de retrofit”.

Fonte: Moraes apud Moraes; Quelhas, 2012.

Dos itens de processo de retrofit, verificou-se que o mais relevante foi a estrutura do

prédio. No entanto, pode-se observar que também são considerados de extrema

importância a idade do prédio e a evolução de eventuais problemas. Estes resultados

comprovam a importância de um estudo detalhado das condições do empreendimento

antes do início das atividades de retrofit.

Page 25: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

18

c) Soluções técnicas para execução do serviço

Gráfico 3. Frequências relativas (%) das respostas de acordo com o grau de relevâncias dos itens

em “Soluções técnicas para execução do serviço”.

Fonte: Moraes apud Moraes; Quelhas, 2012.

Na temática de soluções técnicas para execução do serviço, os profissionais destacaram

que a escolha da seleção de empresas prestadoras de serviços, não apenas pelo menos

preço, mas pela sua qualificação é imprescindível para o sucesso do retrofit.

Page 26: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

19

Entretanto, denota-se que outros itens também são considerados de extrema importância

como, por exemplo, a discussão com o cliente sobre as vantagens e desvantagens

envolvidas no processo e a presença em tempo integral de um representante técnico na

obra.

d) Desenvolvimento do produto para execução do serviço

Gráfico 4. Frequências relativas (%) das respostas de acordo com o grau de relevâncias dos itens

em “Desenvolvimento do produto para execução do serviço”.

Fonte: Moraes apud Moraes; Quelhas, 2012.

Page 27: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

20

Os resultados do gráfico 4 mostram uma grande preocupação com a verificação do tipo

de fundação e a solidez da estrutura, uma vez que a realização de um retrofit pode

envolver novos carregamentos oriundos de novos lay-outs, novos sistemas, novas

funções e novos subsistemas.

Realizar um diagnóstico e, a partir dele, elaborar um plano de intervenção das

anomalias detectadas, assim como o aprofundar os conhecimentos sobre o desempenho

da edificação original também são informações consideradas relevantes pelos

profissionais entrevistados.

2.3.3. Sustentabilidade aplicada à reabilitação

Desde a crise do petróleo, no início da década de 70, a temática em torno dos recursos

naturais, energia e ambiente tem sido constantemente discutida. Em contraposição as

inúmeras riquezas e abundância a todos os níveis, com índices de poder de compra

elevados, sempre existiu a miséria, associada a uma grande deterioração do ambiente e

índices máximos de poluição. Diante deste problema, surgiu o conceito de

desenvolvimento sustentável, que concilia três dimensões: econômica, ambiental e

social.

Os edifícios apresentam uma particular importância no setor da construção e da

reabilitação devido a sua elevada influência em termos de conforto e de

sustentabilidade, pois a sua construção, manutenção e demolição estão associadas a

grandes quantidades de recursos, tanto financeiros, como naturais.

Segundo Patrick Mac Leamy1, chefe do comitê executivo e conselheiro de uma empresa

global de design, arquitetura, engenharia e planejamento denominada HOK, para cada

$1 gasto em projetos de edificações, são desembolsados, aproximadamente, $20 na

construção e $60 na operação da edificação ao longo da sua vida útil. Portanto, existe

um grande potencial de redução de custos de construção e operação quando são feitas

análises de sustentabilidade durante a fase de projeto.

Aquecimento, refrigeração, ventilação e iluminação consomem aproximadamente 40%

da energia primária de uma nação (CARVALHO, 2011). Esta parcela de consumo

1 Entrevista disponível no site <http://www.archdaily.com/262008/the-future-of-the-building-industry-

bim-bam-boom/>

Page 28: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

21

torna-se ainda maior quando se considera a energia incorporada utilizada na construção

da edificação, o que inclui o conteúdo energético dos materiais e componentes

construtivos, além da energia usada desde a extração até o processo de manufatura,

transporte e construção. Por isso, o setor da construção representa um grande potencial

de economia de recursos e energia.

O desenvolvimento da reabilitação sustentável é uma das prioridades de atuação no

futuro das cidades e da construção. Os edifícios antigos caracterizam-se por uma

construção que se baseia no uso de tecnologias tradicionais, no entanto nem todos são

detentores de características com elevado valor patrimonial. É preciso ressaltar que o

edificado existente é o produto de um elevado investimento econômico realizado por

diversas gerações. Por outro lado, a sua destruição implicaria a produção de grandes

quantidades de resíduos com consequentes impactos ambientais.

A construção sustentável baseia-se no conceito de desenvolvimento sustentável, pois

está relacionada com a diminuição dos impactos ambientais, reaproveitando, por

exemplo, os recursos naturais, racionalizando o uso da energia e utilizando tecnologias

que permitam economizar.

Atualmente, o conceito de sustentabilidade surge interligado com o de retrofit, ao

destacar a preservação dos valores culturais e a reutilização do que está construído,

poupando recursos e energia. Segundo Delgado (apud LIMA; BRAGANÇA; MATEUS,

2012), a reabilitação tem que ser entendida como a oportunidade de promover a

sustentabilidade ambiental, já que pode unir a preservação do patrimônio, a atualização

das condições de funcionamento e conforto, e a melhoria do desempenho ambiental.

Além disso, os trabalhos de reabilitação sustentável exigem uma reflexão sobre as

diferenças e as características dos materiais que podem ser empregados, a fim de que a

escolha seja a mais adequada possível.

Ao avaliar os produtos de construção, não se pode pensar somente nos recursos

utilizados durante a produção e utilização, devendo considerar também o consumo de

energia de fontes não renováveis durante o seu transporte, armazenamento, montagem e

construção. Torna-se então necessária a procura por produtos que sejam desenvolvidos

considerando sua energia incorporada, que, segundo Costa (2010), devem apresentar as

seguintes características:

Page 29: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

22

a) Menores emissões de CO2 na sua fabricação;

b) A não utilização de materiais tóxicos;

c) Minimizar a utilização de combustíveis fósseis;

d) Com base de materiais reciclados e que garantam reciclagem futura;

e) Redução do material na sua produção;

f) Aumento do ciclo de vida;

g) Escolha por materiais biodegradáveis.

Assim caracterizam-se como produtos sustentáveis aqueles que são verdes na forma

como são fabricados, utilizados e recuperados após o seu uso. Comparações econômicas

demonstram que os produtos verdes são muitas vezes competitivos para a aquisição e

instalação, principalmente aqueles que são derivados de materiais reciclados (COSTA,

2010).

Portanto, a escolha dos produtos a serem utilizados em cada fase da reabilitação é

fundamental para garantir a sustentabilidade do processo. Na figura 2, é apresentado um

ciclo com as principais etapas nas operações de edifícios antigos, iniciando com o

diagnóstico, viabilidade e planejamento, seguido por estudos e projetos, consultas e

contratações, execução das operações, recepção da operação e por fim, utilização e

manutenção.

Figura 2. Principais etapas nas operações de reabilitação dos edifícios antigos.

Fonte: Madureira da Silva apud Lima; Bragança; Mateus, 2012.

A avaliação da sustentabilidade nos edifícios abrange uma verificação do seu

desempenho considerando um conjunto de critérios, que surgiu com a necessidade de

determinar o índice de sustentabilidade dos edifícios. Para reconhecer o esforço dos

Page 30: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

23

projetistas foi necessário classificar o nível de desempenho dos edifícios através de

sistemas de certificação da sustentabilidade ou outras ferramentas desenvolvidas pelas

agências governamentais.

Com o desenvolvimento destes sistemas de certificação, pretende-se que a avaliação

garanta a sustentabilidade dos edifícios durante todo o seu ciclo de vida, envolvendo os

diferentes elementos que a constituem. Para isto é necessário definir parâmetros

representativos que permitam avaliar o comportamento de uma solução face a um ou

mais objetivos do desenvolvimento sustentável. A tabela 3 lista alguns indicadores a

serem utilizados na avaliação de sustentabilidade dos edifícios.

Tabela 3. Lista de alguns indicadores de sustentabilidade

Fonte: Silva apud Lima; Bragança; Mateus, 2012.

Um edifício que apresente bom desempenho ambiental e, no entanto, não cumpra as

exigências funcionais, não pode ser considerado um edifício sustentável. Outro caso é o

edifício que possua bom desempenho ambiental e que cumpra as exigências funcionais,

mas que seu custo de reabilitação seja demasiado elevado, sendo assim, este edifício

também não pode ser considerado sustentável.

Assim um retrofit deve cumprir as exigências funcionais, proporcionar um impacto

ambiental positivo e ao mesmo tempo o seu custo não deve ser inviável, para que o

investidor obtenha retorno durante o ciclo de vida da edificação.

2.4. Processos de requalificação

A flexibilidade da arquitetura é o ponto chave de um projeto bem concebido quando se

analisa a velocidade das inovações tecnológicas. Em função disso, certas soluções

construtivas vêm sendo adotadas em novas construções e, principalmente, em

edificações reabilitadas.

Page 31: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

24

Na concepção da envolvente de um edifício, é necessária a compatibilização da

ventilação e iluminação interior com a eficiência térmica para garantir o correto

funcionamento de uma habitação, conforme apresentado na figura 3.

Figura 3. Exigência funcionais da envolvente do edifício.

Fonte: Costa, 2010.

As características da envolvente irão influenciar quantitativamente o consumo de

energia de um edifício durante a sua fase de utilização no que se refere à manutenção do

conforto, temperatura e iluminação no seu interior.

Outra visão de conforto é o grau de controle que os usuários têm sobre o seu meio

envolvente, particularmente o fluxo de ar e temperatura.

2.4.1. Retrofit de climatização

Considerar o fator clima ainda na fase de projeto, além de permitir uma real adequação

das atividades humanas às necessidades do meio ambiente, é, acima de tudo, utilizar

uma ferramenta estratégica para a competitividade. O desenvolvimento de métodos e

técnicas de produção mais limpas, assim como o cuidado ambiental, são preocupações

que crescem e se solidificam como o caminho mais seguro para se obter um melhor

padrão de desenvolvimento (CARVALHO, 2011).

Page 32: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

25

Ao ser desenvolvido um projeto arquitetônico, pode-se definir quase todos os fatores

que terão influência, direta ou indireta, no seu desempenho em termos de conforto

ambiental e consumo energético, tais como: orientação das fachadas; número, tamanho

e disposição das janelas; espessura das paredes; materiais a serem empregados, etc.

Na escolha do sistema de condicionamento de ar, deve-se considerar, além da eficiência

dos equipamentos, o sombreamento das unidades condensadoras. O resfriamento de ar

de cada zona térmica deverá ser individualmente controlado por termostatos

respondendo à temperatura do ar da respectiva zona. A automação deve ser considerada

para acionar ou desativar o sistema.

Os edifícios comerciais de escritórios não são tão influenciados pelo microclima como

os residenciais, pois, em geral, eles funcionam a maior parte do tempo com sistemas

artificiais de condicionamento e iluminação. A utilização apenas da ventilação natural

não tem sido suficiente para manter a temperatura ideal para conforto dos usuários. Tal

fato pode ser resultado de altas cargas internas resultantes do uso dos equipamentos,

utilização fora dos horários em que a luz do sol está disponível, dificuldade para

controlar a velocidade do vento, entre outras.

A influência da envoltória no desempenho energético de edificações comerciais é

significativa, resultado de um balanço entre a iluminação natural e a transferência de

calor. Segundo Kearney (apud CARVALHO, 2011), as edificações podem obter uma

redução no consumo de energia de pelo menos 20% fazendo pequenas mudanças.

Cabe à envoltória da edificação a função de servir como reguladora das condições

ambientais, como admissão de luz e sol, ganho e perda de calor, renovação de ar, etc.

Portanto, ela tem uma função térmica que não pode ser desprezada, pois está

diretamente relacionada à adequação do projeto às necessidades de conforto do usuário.

Esta envolvente construtiva compõe-se basicamente de fechamentos opacos e

transparentes.

Nos fechamentos opacos, a preocupação está principalmente na redução da

transmitância térmica. Já os fechamentos transparentes tornam-se mais complexos,

devido a sua influência nos ganhos e perdas de calor, na iluminação natural e na

ventilação dos ambientes internos. Em função disso, muitas vezes é necessário recorrer

Page 33: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

26

a sistemas artificiais de iluminação e condicionamento térmico para manter o interior

em condições desejáveis de conforto térmico e lumínico.

Torna-se necessário substituir os materiais da edificação antiga por outros que atendam

a requisitos mínimos quanto aos valores dos coeficientes de transmissão térmica, como

a utilização de cor clara nos telhados e paredes externas, visando diminuir ganhos de

calor por insolação. Outra consideração importante é a área a as proteções dos vãos

envidraçados que determinam a proporção de energia que entra através de uma janela e

a energia total incidente.

Deve-se analisar as possibilidades de instalar vidros reflexivos ou películas plásticas nos

vidros das janelas, para diminuir os ganhos de calor por radiação solar e instalar vidros

duplos em lugar dos vidros simples. Além disso, o vidro escolhido deve ter transmissão

luminosa elevada, baixa transmissão de calor infravermelho e extremamente baixa

transmissão ultravioleta. Desta forma, pode-se alcançar um ponto de equilíbrio entre o

consumo de energia para climatização e iluminação.

O uso de brises é uma outra solução que reduz consideravelmente a radiação solar direta

sobre os recintos condicionados, atenuando consequentemente o impacto sobre os

sistemas de ar condicionados. As venezianas externas de cores claras são recomendadas

como elemento de proteção externa na arquitetura do prédio e seu uso pode provocar

uma redução superior a seis vezes na carga térmica do recinto se comparado a um

projeto sem veneziana (CARVALHO, 2011).

Além disso, deve ser considerado o isolamento térmico em coberturas, pois a carga

térmica em telhados é significativa. Deve-se utilizar materiais com alta resistência

térmica e adicionar placas de isopor incombustível e vermiculita à argamassa da laje

para reduzir a transferência de calor. Sempre que possível deve haver um entreforro

com aplicação de mantas de fibra de vidro ou jato de espuma a base de poliuretano ou

da própria fibra de vidro, sobre a laje.

Em suma, ao utilizar sistemas de condicionamento de ar, é importante reduzir o máximo

possível a carga térmica através do sombreamento, elaborar um projeto adequado ao

envelope construtivo e utilizar de cores claras no exterior. Também é necessário

verificar se o tipo de sistema a ser instalado é capaz de atender as exigências do usuário.

Page 34: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

27

Condicionadores de ar do tipo de janela ou unidades condensadoras de condicionadores

do tipo Split devem estar sombreados permanentemente e com ventilação adequada para

não interferir em sua eficiência. É importante que tais sistemas tenham controle de

temperatura e umidade por ambiente.

Já em edificações com condicionamento de ar central, o sistema, segundo Carvalho

(2011), deve ser automatizado e equipado com pelo menos um dos seguintes controles:

a) controles que podem acionar e desativar o sistema sob diferentes condições de

rotina de operação para sete tipos de dias diferentes por semana;

b) capazes de reter a programação e ajustes durante a falta de energia por pelo

menos 10 horas, incluindo um controle manual que permita a operação

temporária do sistema por até duas horas;

c) um sensor de ocupação que seja capaz de desligar o sistema quando nenhum

ocupante é detectado por um período de até 30 minutos;

d) um temporizador de acionamento manual capaz de ser ajustado para operar o

sistema por até duas horas;

e) integração com o sistema de segurança e alarmes da edificação que desligue o

sistema de condicionamento de ar quando o sistema de segurança é ativado.

Por fim, é possível concluir que o consumo de energia final de uma edificação está

relacionado ao fluxo de energia entre o meio ambiente, o prédio e os seus serviços;

controles diretos com os termostatos, válvulas e sensores que indicam quanto de energia

é necessário para promover o conforto ambiental que satisfaça as necessidades dos

usuários e os controles indiretos como as aberturas de janelas e cortinas que controlam

uma parte do ganho de energia no edifício.

2.4.2. Retrofit lumínico

A componente de iluminação é responsável por parte considerável do consumo de

energia, sendo necessária a moderação do seu uso para uma redução de custos. Para que

uma iluminação seja sustentável, deverá:

a) assegurar um elevado grau de conforto visual;

b) maximizar a utilização de iluminação natural;

c) reduzir o consumo energético;

d) utilizar lâmpadas compatíveis com o uso do espaço;

Page 35: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

28

e) dotar cada espaço de vários circuitos de iluminação;

f) utilizar interruptores inteligentes.

O sistema de iluminação, assim como os aparelhos incorporados aos edifícios devem ser

avaliados considerando o seu ciclo de vida, pois são geralmente mais caros na sua

aquisição e/ou na sua compra, porém são menos onerosos na sua operação e utilização.

A classificação do sistema de iluminação deve considerar, além da potência instalada,

os seguintes aspectos: divisão dos circuitos, contribuição da luz natural e o

desligamento automático do sistema de iluminação. A forma da edificação, as áreas dos

ambientes e o sistema de iluminação caracterizado pelo conjunto luminária, lâmpada e

reator também devem ser ponderados. O sistema de iluminação deve ser avaliado

através da eficiência luminosa, que corresponde a taxa de conversão da energia elétrica

consumida em luz. Portanto, são estes requisitos que devem ser avaliados no projeto

luminotécnico para determinar a sua eficiência.

Os principais problemas encontrados nos sistemas de iluminação de edificações são:

iluminação fora dos níveis normalizados, falta de aproveitamento da iluminação natural,

uso de equipamentos com baixa eficiência luminosa, falta de comandos (interruptores)

das luminárias, ausência de manutenção depreciando o sistema e hábitos de uso

inadequados (BARROSO-KRAUSE apud CARVALHO, 2011)

Medidas simples podem ser facilmente implementadas como a instalação de sensores de

presença que evitam luzes acesas e aparelhos funcionando desnecessariamente.

Além disso, a iluminação deve ser projetada em função do tipo de ambiente e atendendo

aos padrões de conforto estabelecidos por norma, respeitando os níveis mínimos e

máximos de aclaramento ou iluminância média.

Um projeto de iluminação deve prever níveis de aclaramento não uniformes em todo o

ambiente, considerando espaços de circulação, proximidade da iluminação natural e

espaços de trabalho, de modo a evitar o fenômeno do ofuscamento, causado por um

contraste muito forte de luz em um mesmo ambiente. Portanto, para reduzir o consumo

de energia elétrica, uma combinação de lâmpadas, reatores e refletores eficientes

associados a hábitos saudáveis na sua utilização tornam-se essenciais.

Page 36: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

29

Existem várias opções de lâmpadas com diferentes eficiências e para diferentes

situações. As lâmpadas fluorescentes compactas iluminam mais que as incandescentes

consumindo menos energia, sendo indicadas para locais cujo uso ocorre de forma

constante por longos períodos sem interrupção, como, por exemplo, escritórios.

Também é importante verificar a contribuição das luminárias no consumo de energia

elétrica, pois além da função estética, elas devem sustentar a lâmpada, garantir a

alimentação elétrica, direcionar o fluxo luminoso para o local de interesse e demandar

pouca manutenção. Tanto as lâmpadas quanto as luminárias devem assegurar conforto

visual e evitar o ofuscamento com o máximo de eficiência.

A utilização da luz natural nas edificações comerciais diante da realidade brasileira em

função de suas características climáticas, de abóbada celeste clara e reduzida

nebulosidade, faz-se necessária quando se pensa em obter um sistema de iluminação

energeticamente eficiente, compondo um sistema misto de iluminação com grande

potencial de racionalização energética (CARVALHO, 2011).

No entanto, para o correto aproveitamento da luz natural não se deve considerar a luz

solar como fonte primária de iluminação, em função da elevada carga térmica. Além

disso, deve-se avaliar a variação da iluminância da abóboda celeste durante o dia,

projetando um sistema de iluminação com mecanismos que permitam solucionar o

problema da variação da intensidade de luz e atender aos níveis de conforto dos usuários

na realização das tarefas.

2.4.3. Retrofit acústico

O conforto acústico sugere a sensação de bem estar, de tranquilidade emocional, de

amenidade nos momentos de trabalho ou de repouso. Pesquisas realizadas demonstram

que as maiores distrações são provocadas pelos barulhos (DEEKE, 2009) conforme

mostrado no gráfico 5. Sendo assim o tratamento acústico torna-se fundamental

principalmente em ambientes escolares e de trabalho, onde é necessário alto grau de

concentração para o desenvolvimento produtivo das atividades.

Page 37: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

30

Gráfico 5 - Influência do ambiente no ser humano.

Fonte: Bonda apud Deeke, 2009.

Segundo Batista (apud ZWIRTES, 2006) existe uma relação direta entre o nível sonoro

no recinto e a produtividade, pois em escritórios onde foram feitos tratamentos acústicos

verificou-se aumento de 48% no rendimento de trabalho datilográfico, redução de 25%

nos erros cometidos por operadores de máquinas de calcular, diminuição de 47% na

circulação ociosa das pessoas do escritório, além de uma redução considerável de atritos

entre colegas.

Além disso, países tropicais como o Brasil necessitam de estudos em acústica, pois suas

construções geralmente apresentam dois aspectos desfavoráveis para um bom

isolamento sonoro: grande número de aberturas e paredes externas com espessuras

menores (DUARTE; VIVEIROS, 2007).

O limite da intensidade de ruídos suportáveis durante o dia é regulamentado e não deve

ultrapassar 70dB (BARRIENTOS, 2003). Existem três maneiras de controlar o ruído

proveniente tanto do meio externo quanto interno:

a) Substituir a fonte responsável pelos ruídos por uma mais silenciosa;

b) Bloquear o som utilizando materiais sólidos e densos que resistam à transmissão

das ondas sonoras;

c) Tratar acusticamente o ambiente através da utilização de materiais leves e

porosos que absorvam as ondas sonoras.

Page 38: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

31

O retrofit acústico pode atuar nos três itens, no entanto as soluções mais utilizadas são

as duas últimas, pois geralmente a fonte sonora é externa, não sendo possível substituí-

la.

A propagação do som depende das propriedades e dimensões das paredes divisórias

entre ambientes. Na maioria dos casos, parte do som produzido em um compartimento é

transmitido indiretamente para salas adjacentes por elementos como paredes laterais,

tetos e pisos. Portanto, a tabela 4 apresenta o comportamento acústico de alguns

materiais que podem ser utilizados no retrofit de edificações, dependendo do objetivo

desejado.

Tabela 4 - Comportamento acústico de alguns materiais

Tipos Ação Exemplos

Isolantes

Impedem a passagem de

ruído de um ambiente

para outro.

Tijolo maciço, pedra lisa, gesso, madeira e vidro com espessura

mínima de 6mm. Um colchão de ar é uma solução isolante, com

paredes duplas e um espaço vazio entre elas (quanto mais espaço,

maior será a capacidade isolante).

Refletores

Podem ser isolantes, e

aumentam a reverberação

interna do som.

Azulejos, cerâmica, massa corrida, madeira, papel de parede (em

geral, materiais lisos).

Absorventes

Não deixam o som passar

de um ambiente para o

outro e evitam eco.

Materiais porosos como lã ou fibra de vidro revestidos, manta de

poliuretano (dispensa revestimentos), forrações com cortiça,

carpetes grossos e cortinas pesadas.

Difusores Refletem o som de forma

difusa, sem ressonâncias.

Em geral, são materiais refletores sobre superfícies irrregulares

(pedras ou lambris de madeira).

Obs.: é possível combinar recursos diferentes, dependendo das necessidades de isolamento acústico. Em

salas contíguas, por exemplo, com diferentes fontes de ruído, é possível revestir a face interna da parede

com material absorvente e a externa, com material isolante.

Fonte: Revista Arquitetura & Construção apud Barrientos, 2011.

Conforme indicado no gráfico 5, a análise dos projetos em termos de acústica é

importante para definir um melhor desempenho da edificação. No entanto, o estudo de

campo que será apresentado no capítulo 4 não irá contemplar este tipo de análise em

função da impossibilidade de realizar simulações acústicas no programa utilizado para a

modelagem.

Page 39: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

32

3. Building Information Modeling

3.1. O BIM como ferramenta de análise de projetos

O processo Building Information Modeling (BIM) existe desde fins da década de 80,

quando a International Alliance for Interoperability, atual BuildingSMART foi criada

para realização de pesquisas na área de tecnologia da informação e interoperabilidade

(ADDOR, et al, 2010). No entanto, somente na última década, esta metodologia vem

sendo introduzida nas empresas dedicadas à indústria da construção, abrangendo desde

a concepção do projeto de edificações até a construção, gerenciamento e manutenção.

No Brasil, as primeiras pesquisas que ao menos mencionam a terminologia BIM datam

de 2007 (OLIVEIRA, 2011).

Atualmente o controle das informações no âmbito dos projetos e das obras é bastante

complicado, pois uma grande quantidade de dados é gerada simultaneamente com

vários usuários acessando a base de dados diversas vezes. Como os dados estão

espalhados em diversos documentos, existe uma probabilidade maior de ocorrerem

erros. Em contrapartida, no modelo gerado na plataforma BIM, todas as informações

estão concentradas e integradas, portanto, quando o BIM se tornar uma realidade ao

longo de toda a cadeia, espera-se que os atuais índices de erros caiam vertiginosamente.

O BIM representa um novo caminho para os Edifícios Virtuais, onde objetos digitais

são codificados para descrever e reproduzir componentes do real ciclo de vida da

construção. A ferramenta BIM ArchiCAD da Graphisoft foi uma das primeiras

comercialmente disponível no mercado de softwares. Atualmente é crescente o número

de softwares CAD-BIM disponíveis no mercado (IBRAHIM; KRAWCZYK;

SCHIPPOREIT apud CRESPO; RUSCHEL, 2007). Dentre eles destacam-se: Active3D

(Archimen), Revit (Autodesk), Allplan (Nemetschek), Archicad (Graphisoft), DDS-

CAD (Data Design System), MicroStation (Bentley), Solibri, Tekla Structures e

VectorWorks (FARIA, 2007).

Com o advento dos projetos digitais e a atuação em projetos colaborativos, surgiu o

conceito da interoperabilidade. Segundo Brunnermeier e Martin (apud JACOSKI;

LAMBERTS, 2002), interoperabilidade é a habilidade para comunicar através de

diferentes atividades produtivas, sendo essencial para a produtividade e competitividade

de muitas indústrias devido a eficiência requerida pelos projetos e a produção.

Page 40: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

33

Para permitir a interoperabilidade, foi desenvolvido o Industry Foudation Classes (IFC)

um formato de arquitetura aberta, utilizado para a troca entre modelos de diversos

fabricantes. O IFC é um formato de arquivo de dados voltado para o objeto, baseado na

definição de classes que representam elementos, processos, aparências, etc. utilizados

pelos softwares aplicativos durante o processo de construção do modelo. A figura 4

apresenta um esquema do fluxo de trabalho assegurado pelos arquivos IFC na

plataforma BIM.

Figura 4 - Esquema do fluxo de informações em um processo de trabalho considerando-se o IFC

como viabilizador da interoperabilidade. Fonte: Addor, et al, 2010.

Os sistemas baseados na tecnologia BIM podem ser considerados uma evolução dos

sistemas CAD, pois gerenciam a informação no ciclo de vida completo de um

empreendimento de construção através de um banco de informações integrado à

modelagem.

Com os programas BIM, os projetos são elaborados em três dimensões e adotam

modelos paramétricos dos elementos construtivos, no entanto os modelos 2D continuam

existindo por serem necessários para as equipes que executam os projetos. A diferença é

que todos os documentos estão permanentemente ligados ao banco de dados e, portanto,

Page 41: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

34

qualquer alteração realizada no modelo tridimensional é automaticamente atualizada em

todos os arquivos bidimensionais e vice-versa, facilitando os processos de revisão.

Portanto, o projetista deve atribuir propriedades aos elementos, criando um banco de

dados do projeto. Em outras fases da construção também é possível extrair informações

em outros formatos, como tabelas de quantitativos de material para a equipe de

orçamentos conforme apresentado na figura 5 (FARIA, 2007). Vale destacar que o

potencial de utilização do modelo depende da riqueza de informações com que ele é

alimentado.

Figura 5 - Fluxo de informações em softwares BIM.

Fonte: Revista Téchne, n° 127.

Segundo Dennis Shelden (apud ADDOR, et al, 2010), diretor da Gehry Technologies,

BIM é uma base comum e integrável de informações e dados organizados em três ou

mais dimensões. O 3D está relacionado apenas à visualização e aproveitamento de toda

a compatibilização, permitindo análises, medições, simulação de métodos construtivos e

planejamento do canteiro. No entanto, se o modelo também considerar o cronograma e a

sequência da obra, convencionou-se chamar 4D. Pode-se ainda acrescentar as

estimativas de custos e a integração de empreiteiros e contratantes, passando a nomear o

modelo de 5D.

Page 42: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

35

Portanto, a questão da integração da informação não envolve somente a área de

projetos. O BIM pode relacionar-se com toda a cadeia produtiva da construção civil,

pois a relação de interdependência entre os setores é enorme e direta, começando no

projeto, passando por planejamento, subcontratados de obra, pós-ocupação e

manutenção, conforme figura 6.

Figura 6 - Esquema da utilização da plataforma BIM na cadeia produtiva da construção civil.

Fonte: Adaptado de Addor, et al, 2010.

Outro aspecto importante na utilização do BIM é otimizar o processo de simulação, ou

seja, a realização de ensaios com o auxílio do modelo digital, permitindo a visão

sistêmica da cadeia produtiva. As ferramentas de análise dos sistemas permitem

avaliações ainda nas fases iniciais de projeto, possibilitando modificações capazes de

aprimorar a performance da edificação, gerando maiores economias e menores impactos

ao meio ambiente.

Estas análises abrangem aspectos funcionais de desempenho do edifício, tais como a

integridade estrutural, controle de temperatura, ventilação, iluminação, circulação,

acústica, distribuição e consumo de energia, abastecimento de água e coleta de lixo.

Dentro do contexto do retrofit, existe um potencial no uso do BIM para exploração e

aprimoramento de análises do tipo lumínica, térmica e acústica nos projetos.

Um projeto lumínico, por exemplo, deve leva em consideração uma série de fatores

conforme apresentado no item 2.4.2. Compreender o efeito da luz solar sobre o edifício

Page 43: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

36

é primordial para elaboração de projetos arquitetônicos sustentáveis, sendo importante

realizar análises lumínicas dos ambientes, assegurando a iluminação adequada para as

atividades que serão ali exercidas sem prejudicar o conforto térmico.

O projeto resultante de um consórcio entre a Armadilha Solar e a Universidade do

Minho desenvolveu, em 2008, um protótipo denominado "Janela Eco-Eficiente" que

possuía vidros especiais e incorporava soluções passivas de aquecimento. Com este

protótipo foram feitas simulações e observou-se que os valores médios para as

iluminâncias e fator luz do dia obtidos no programa Ecotect foram próximos dos valores

medidos "in loco" variando neste caso entre 4% e 7%, mostrando a confiabilidade de

modelos consistentes. (CARDOSO apud SACHT, et al, 2012).

Em suma, a base do sistema BIM é o banco de dados, que, além de ser responsável pela

geometria dos elementos construtivos, também armazena seus atributos. Como no

modelo BIM os elementos são paramétricos, é possível alterá-los e obter atualização de

todo o projeto, o que estimula as simulações, diminui conflitos entre elementos

construtivos, facilita revisões e aumenta a produtividade.

Apesar das vantagens apresentadas ao longo do capítulo, ainda existem desafios para a

utilização do BIM no ambiente coorporativo, tais como:

a) Necessidade de revisar o processo de projeto e sua gestão na construção civil,

pois as informações utilizadas para elaboração de um modelo consistente serão

obtidas através do envolvimento de profissionais de orçamento, concepção de

projetos, planejamento e construção. Para que um modelo seja considerado

consistente, seus componentes devem apresentar dados que descrevem como

eles se comportam, no entanto estes dados não podem ser redundantes.

b) Necessidade de contar com uma eficiente infraestrutura de rede e equipamentos

com grande capacidade de processamento devido ao volume de informações

utilizadas no projeto. Atualmente, algumas simulações já podem ser

processadas em nuvem, o que significa que são executadas em servidores

remotos, dispensando a necessidade de máquinas potentes. O avanço do

processamento em nuvens pode ser a solução para este desafio de utilização do

BIM.

Page 44: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

37

c) Processo de aprendizado lento e demorado devido a complexidade da

ferramenta, resultando na perda de produtividade durante esta etapa.

Em suma, o modelo BIM permite quantificar, planejar, coordenar e recuperar

informações a qualquer momento da vida do empreendimento, além de possibilitar a

análise de interferências, teste de alternativas de projeto e ensaios sobre o

comportamento do modelo.

3.2. Empresas e projetos que utilizam BIM

Conforme apresentado anteriormente, na última década, a metodologia BIM vem sendo

introduzida nas empresas dedicadas à indústria da construção. De acordo com Anne

Catherine Waelkens (apud FARIA; SOUZA, 2014), mestre em Tecnologia da

Habitação pelo IPT, de forma geral, as empresas americanas tem interesse no BIM, pois

compreendem o potencial da otimização de processos, reduzindo do tempo dedicado a

atividades com baixo valor agregado. Como exemplo, Waelkens destaca que ao criar

um projeto 2D gasta-se muito tempo na produção de desenhos e suas revisões, enquanto

softwares mais complexos permitem a automação de parte representativa deste trabalho.

Além das empresas americanas, também já existem empresas brasileiras trabalhando

com a modelagem de informações. A seguir, serão apresentadas algumas empresas,

tanto americanas como brasileiras, que utilizam o BIM no desenvolvimento de projetos.

3.2.1. General Services Administration

A General Services Administration (GSA) dos Estados Unidos foi criada em 1949 pelo

presidente Harry Truman para agilizar o trabalho administrativo do governo federal. No

século 21, a GSA passou a aderir as novas tecnologias para alcançar sua missão de

liderar com inovação, criar um governo mais sustentável, auxiliar a expansão de

pequenas empresas, dentre outras.

A GSA utiliza os sistemas BIM, sendo todos os projetos modelados em 4D (3D +

tempo) que incluem informação de análise do projeto na sequência do tempo, segundo o

cronograma de construção (CRESPO; RUSCHEL, 2007). Segundo a GSA, os principais

benefícios são:

a) Visualizações 3D permitem aos clientes verem a preservação histórica e o

contexto local com respeito para novos projetos;

Page 45: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

38

b) Permitem através da coordenação 3D reduzir erros e omissões;

c) Modelos 4D permitem aos clientes visualizar e otimizar fases do projeto e

sequência da construção;

d) Permitem a GSA calcular automaticamente dados de espaço relevantes (como

área de rede e raio de eficiência).

e) Durante a fase de estudo preliminar e concepção final do projeto, a GSA pode

avaliar os requisitos do programa espacial mais exatamente e rapidamente que o

método tradicional em 2D;

f) Permitem equipes de projeto conduzir com mais eficiência, exatidão e segurança

as simulações de energia para predizer o desempenho da construção durante as

facilidades de operação (CRESPO; RUSCHEL, 2007).

3.2.2. Athié |Wohnrath

A Athié|Wohnrath (A|W) foi fundada em 1990 e oferece serviços integrados para todas

as fases de projetos de arquitetura corporativa e design de interiores, incluindo reformas.

A empresa conta com profissionais em São Paulo e no Rio de Janeiro e, dentre seus

clientes, estão empresas como Nike, Nextel, Microsoft, Intel e Warner Bros.

Desde 2008, a A|W definiu o REVIT como software padrão para a modelagem, sendo

desenvolvidos mais de 200 projetos de arquitetura, interiores e reformas em todo o

Brasil, dentre os quais se destaca o projeto da nova sede corporativa da empresa Dow

Chemical no Brasil, conforme figura 7.

Figura 7 - Lobby do prédio da Dow Chemical em BIM.

Fonte: <http://www.autodesk.com.br/adsk/servlet/item?siteID=1003425&id=16295227>.

Page 46: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

39

Este projeto de interiores destaca algumas vantagens que a A|W obteve utilizando o

BIM para converter os desenho 2D da construção em um modelo 3D repleto de

informações e personalizar o interior do prédio a fim de obter maior sustentabilidade,

visando a certificação LEED Gold for Commercial Interiors (LEED-CI).

3.2.3. Projeto da Freedom Tower

O escritório SOM (Skidmore, Owings and Merril) foi responsável pelos projetos de

arquitetura, estrutura e instalações prediais da do edifício conhecido como Freedom

Tower localizado no terreno onde existiram as torres gêmeas do World Trade Center,

em Nova York. Os projetos foram desenvolvidos de forma integrada sob a plataforma

BIM, permitindo não apenas a compatibilização, como também a utilização do banco de

dados para importar os quantitativos para compor as planilhas de custos. No entanto, as

informações geradas do BIM foram utilizadas apenas para a checagem dos dados, pois o

orçamento foi desenvolvido, paralelamente, pelos métodos tradicionais (FARIA, 2007).

Figura 8 - Projeto da Freedom Tower modelado no Revit.

Fonte: <http://www.designbuild-network.com/projects/freedom-tower/>.

Page 47: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

40

3.2.4. Projeto da nova biblioteca da PUC-RJ

No Brasil, o escritório SPBR Arquitetura foi responsável pelo desenvolvimento do

projeto da Biblioteca da PUC-RJ utilizando o REVIT. Este projeto foi premiado no

concurso Holcim em 2008 e, segundo o arquiteto João Paulo Meirelles de Farias (apud

OLIVEIRA, 2011), sócio da SPBR, o BIM trouxe vantagens para a compatibilização do

projeto e extração de informações do modelo.

Figura 9 - Biblioteca da PUC-RJ projetada no REVIT.

Fonte: Medeiros apud Oliveira, 2011.

Page 48: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

41

4. Estudo de campo: Retrofit EMOP

4.1. Considerações iniciais sobre o projeto

O edifício-sede da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (EMOP),

localizado no Campo de São Cristóvão, não apresentava uma sistemática de manutenção

e atualização, assim como muitas outras edificações no Rio de Janeiro. No entanto, em

2008 este panorama se alterou com elaboração de um projeto de retrofit para o 5°

pavimento desta edificação. A figura 10 apresenta uma das salas de trabalho antes do

retrofit, destacando o piso, o forro, os vidros e as luminárias que foram substituídos

durante o processo,

Figura 10 - Sala de trabalho antes do retrofit.

Fonte: a autora

Esta reabilitação pode ser classificada como um retrofit, pois, além do objetivo de

adequá-lo tecnologicamente, houve preocupação em conciliar as modificações

necessárias e certas características que remetem ao projeto original, como as portas que

são o principal marco da edificação em função do seu material e da sua imponência.

O projeto contempla não apenas a substituição de sistemas, mas também a alteração de

layout para adaptar o prédio as necessidades atuais. Além disso, o sucesso do projeto

tornou-se um incentivo para a realização de retrofit nos demais pavimentos.

Page 49: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

42

Para a execução do projeto de retrofit do 5° pavimento do prédio, foi realizada licitação

e a empresa contratada iniciou os serviços em setembro de 2008 e entregou a obra em

abril de 2009.

A diretriz do projeto era criar grandes espaços, divididos apenas por departamentos,

utilizando divisórias com transparência, permitindo a visualização de todas as estações

de trabalho do mesmo setor.

Outra preocupação era a criação de um bloqueio para a circulação de visitantes pelas

áreas de trabalho. Para evitar este problema, o projeto criou um hall a partir da saída dos

elevadores que permite acesso direto a duas salas de reunião e aos banheiros, sendo

assim o visitante não precisa circular pelas outras áreas do pavimento.

Dentro do contexto da Sustentabilidade, o projeto ainda propôs a retirada das telhas em

fibrocimento das alas laterais do 5° pavimento e execução de uma cobertura verde sobre

a laje proporcionando maior conforto térmico para as salas do 4° pavimento.

Segundo a arquiteta responsável pelo projeto, o aproveitamento de água de chuvas seria

um outro aspecto de grande relevância para a sustentabilidade, no entanto o orçamento

de obras públicas é reduzido, limitando a sua implantação.

4.2. Recursos construtivos

Para obter os resultados esperados em termos de transparência no departamento, foram

utilizadas divisórias painel-vidro revestidas com laminado melamínico e com miolo em

lã de vidro (Figura 11). Essas divisórias são painéis modulares com ou sem vidros

bastante utilizadas em escritórios e salas, por conta da facilidade de instalação bem

como as suas vantagens práticas e econômicas. Além disso, o miolo de lã de vidro

proporciona conforto acústico, devido ao seu coeficiente de absorção sonora

comprovado por ensaios de acordo com a Norma ASTM C384-04. Os ensaios foram

realizados pelo laboratório da Waytech Engenharia e Comércio LTDA acreditado pelo

Inmetro e os resultados são apresentados na tabela 5, sendo os valores α

correspondentes aos coeficientes de absorção sonora para as frequências especificadas.

Os valores de α podem varia de 0 a 1.

Page 50: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

43

Figura 11 - Colocação das divisórias nos locais previstos em projeto.

Fonte: a autora

Tabela 5 - Resultados do ensaio de medição do coeficiente de absorção sonora para as divisórias

Fonte: Certificado obtido com o Laboratório de Ensaios Acústicos, vide anexo.

Com relação à fachada, optou-se por vidro temperado fumê com espessura de 8 mm e

película de controle solar, com o objetivo de melhorar o desempenho térmico e lumínico

da edificação. Estas películas são aplicadas diretamente no vidro e permitem que a luz

entre no ambiente, mantendo do lado de fora o calor e os raios ultravioletas

responsáveis pelo desbotamento de móveis, cortinas e tapetes. Além de reduzir os

custos com ar condicionado em função do desempenho térmico, as películas também

reduzem o ofuscamento e o desconforto visual.

Page 51: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

44

A película prateada de alta performance Silver2 é um poliéster que contém um adesivo

acrílico sensível a pressão de um lado do filme e um revestimento acrílico resistente a

abrasão do outro lado. Esta película apresenta uma baixa condutividade térmica, sendo

responsável por reduzir a entrada de calor na edificação. Na tabela 6 são apresentadas

algumas propriedades do vidro com a película Silver 20 que foram utilizadas como

parâmetros para as simulações realizadas com o modelo da edificação.

Tabela 6 - Propriedades do vidro com a película Silver 20

Silver 20

Bloqueio ultravioleta 99%

Total de energia solar rejeitada 65%

Retenção de infravermelho 79%

Luz visível refletida 63%

Luz visível transmitida 18%

Emissividade 0,78

Valor 'U' 0,99

Coeficiente de sombra 0,22

Fonte: Informações obtidas com a Safety Film via e-mail.

Dentre as propriedades da tabela 6, o total de energia solar rejeitada e a luz visível

transmitida são as principais a serem consideradas para as simulações lumínica e

térmica. No REVIT, o total de energia solar rejeitada está relacionado ao parâmetro

global de análise energética SHGC (Solar Heat Gain Coefficient), que corresponde ao

ganho de calor por radiação direta do sol. Como o total de energia solar rejeitada é 65%,

o valor de SHGC a ser utilizado será 35%. Já a luz visível transmitida corresponde ao

parâmetro VLT (Visual Light Transmitance), que está associado a quantidade de luz que

passa pelo vidro. O ideal é balancear os dois fatores, de modo a reduzir a entrada de

calor e maximizar a passagem de luz.

Outro material de destaque no retrofit foi o forro termoacústico em fibra mineral

utilizado nos escritórios (Figura 12). Conforme as especificações disponibilizadas pelo

fornecedor3, seu coeficiente de absorção acústica é de, pelo menos, 0,50 de acordo com

2 Informações obtidas pelo site <http://www.safetyfilm.com.br>.

3 Informações obtidas pelo site <http://www.armstrong-brasil.com.br/commclgam/ latam1/pt/br/Encore.

html>.

Page 52: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

45

a norma ASTM C423-00 e seu coeficiente de isolamento acústico é de 35% de acordo

com a norma ASTM E 1414-06. Além disso, este tipo de forro é prático para a

manutenção, já que a retirada da placa, sem a necessidade de quebrar o forro, facilita o

acesso as instalações. Outra vantagem foi a utilização de luminárias com o mesmo

tamanho da placa do forro, evitando cortes e a geração de entulho.

Figura 12 - Colocação do forro termoacústico e das luminárias.

Fonte: a autora

Já no corredor, o forro colmeia (Figura 13) foi utilizado para dar leveza ao ambiente,

além de ser constituído por placas que também podem ser removidas para manutenção

dos sistemas embutidos.

Figura 13 - Colocação do forro colmeia nos corredores.

Fonte: a autora

Page 53: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

46

Com relação ao sistema de condicionamento de ar, foi utilizada uma condensadora de ar

única instalada na laje superior que fornece ar frio para os fancoletes. Os fancoletes são

regulados autonomamente em cada sala através de um controle, possibilitando sua

graduação térmica e seu desligamento quando o expediente de algum setor já foi

finalizado, reduzindo os custos. No entanto, os usuários verificaram que este tipo de

sistema não estava funcionando adequadamente por conta dos diversos problemas com

a bomba de água dos fancoletes. Então, para o retrofit do 4° pavimento, a solução de

refrigeração passou a ser ar condicionado central com duto. Desta forma, foram

necessárias quatro máquinas, denominadas chiller, sendo cada uma delas dimensionada

de acordo com a insolação de uma fachada, tornando o sistema mais eficiente. Apesar

das vantagens desse sistema, foi necessário colocar as máquinas chiller no térreo para

minimizar o impacto térmico e acústico nos pavimentos de escritórios.

Por fim, a ideia inicial da reconversão da varanda era retirar o telhado das alas laterais e

colocar grama para melhorar o visual e as condições térmicas das salas localizadas no

andar inferior. No entanto, optou-se por fazer um terraço na ala lateral da direita e, para

isto, foi necessário realizar testes de esforço da estrutura. Com o início da obra, ao

quebrar o local onde seria colocada a porta de acesso ao terraço, verificou-se a

existência de uma viga invertida com um metro. Para cortar esta viga, foi necessário

fazer um reforço estrutural no 4° pavimento e limitar o uso do terraço, não permitindo o

uso de toda a área.

4.3. Análise do projeto com o BIM

O projeto de retrofit do 5° pavimento da EMOP foi desenvolvido em programas 2D, o

que impossibilitava análises de desempenho lumínico, térmico e acústico na fase de

concepção. No entanto, os projetos em 2D e as informações referentes aos materiais

utilizados na obra permitiram a elaboração do modelo 3D em REVIT que será

apresentado neste capítulo da monografia.

Em primeiro lugar, foi necessário importar o arquivo em .dwg com a planta baixa do 5°

pavimento para o REVIT, permitindo a modelagem das paredes nos locais indicados

pelo projeto. Para isto, foi utilizada a família de parede existente no programa, sendo

alterados alguns parâmetros quando necessário. Utiliza-se a denominação família de

parede porque ela é capaz de gerar muitas instâncias de seu tipo em diferentes

localizações e com parâmetros variados.

Page 54: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

47

Na sequência, foi necessário criar famílias de alguns componentes da edificação, como

portas e janelas, pois estas ainda não estavam disponíveis na biblioteca do REVIT. A

figura 14 corresponde a uma das famílias de janela que foi criada para compor a fachada

da edificação.

Figura 14 - Família de janela desenvolvida no REVIT.

Fonte: a autora.

Além disso, também foi necessário modificar algumas famílias existentes no REVIT,

como, por exemplo, a da luminária (Figura 15) que não apresentava as dimensões e as

propriedades lumínicas adequadas ao projeto da EMOP. Para a alteração desta família,

foram criados novos parâmetros, pois os existentes eram insuficientes para os ajustes

necessários. Os dados utilizados para calcular a distribuição da intensidade de

iluminação foram obtidos a partir do arquivo .IES associado a luminária existente,

oferecendo mais efeitos de iluminação nas imagens renderizadas.

Figura 15 - Família de luminária modificada.

Fonte: a autora.

Page 55: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

48

Para que as informações contidas no modelo fossem próximas das reais, foi necessário

entrar em contato com os fornecedores de alguns materiais como vidros, películas,

forros e divisórias. No entanto, muitas empresas ainda não disponibilizam alguns dados

importantes para os modelos das edificações, o que dificulta a obtenção de resultados

mais confiáveis, o que compromete um dos conceitos fundamentais do uso do BIM: a

condição de consistência dos dados.

Como foi descrito nos capítulos anteriores, é necessário considerar a localização e o

entorno da edificação nas análises de desempenho. Portanto, o REVIT apresenta uma

ferramenta que permite ao usuário posicionar o modelo de acordo com as suas

coordenadas de latitude e longitude (Figura 16), permitindo que as simulações sejam

feitas considerando o clima da região.

Figura 16 - Localização do prédio EMOP através do REVIT.

Fonte: <https://maps.google.com/>

Além de incluir a localização do modelo, foi importante desenvolver a volumetria das

edificações do entorno e da Linha Vermelha (Figura 17), devido a influência que estas

construções apresentam sobre a EMOP. O termo volumetria refere-se a modelagem do

contorno da edificação sem detalhamentos, representando apenas a sua forma.

Page 56: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

49

Figura 17 - Volumetria do entorno.

Fonte: a autora.

Apenas o 5° pavimento e o telhado foram modelados detalhadamente, utilizando as

famílias citadas anteriormente. A figura 18 apresenta a renderização de uma das salas

de trabalho que será utilizada na análise lumínica e térmica.

Figura 18 - Renderização de uma das salas de trabalho.

Fonte: a autora.

Page 57: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

50

Por fim, é importante destacar que o modelo apresentado nesta monografia serve para

demonstrar o potencial das ferramentas BIM e, portanto, algumas simplificações foram

feitas para que fosse possível seu desenvolvimento.

4.3.1. Análise lumínica

No Brasil, a média de iluminância em espaços abertos chegam a ultrapassar 70.000 lux

ao meio dia no inverno e 100.000 lux no mesmo horário no verão, evidenciando a alta

potencialidade do Sol como fonte de luz e também como uma fonte de energia

inesgotável do planeta (GONÇALVES; VIANNA; MOURA, 2011). As figuras 19 e 20

foram obtidas através do REVIT e apresentam simulações da iluminância na área

externa da EMOP, incluindo as edificações do entorno e a Linha Vermelha.

Figura 19 - Simulação da iluminância do entorno da EMOP em um dia de verão, ao meio dia.

Fonte: a autora.

Para a simulação da iluminância, foi necessário obter os valores de DNI (Direct Normal

Irradiance ou Radiação Solar), que corresponde a parcela da radiação normal a posição

do sol por unidade de área, e DHI (Diffuse Horizontal Irradiance), que corresponde a

parcela da radiação solar espalhada ou difundida pela atmosfera que é recebida por uma

superfície horizontal.

Page 58: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

51

As informações de DNI e DHI foram obtidas pelo Green Building Studio, ferramenta da

Autodesk que pode funcionar em conjunto com o REVIT nas simulações lumínica e

térmica, permitindo acessar os dados da estação meteorológica mais próxima da

edificação em estudo.

Para a simulação da figura 19, foram utilizados os dados referentes ao dia 01/01 ao meio

dia que especificava os valores de DNI e DHI como sendo 877 e 98, respectivamente.

Figura 20 - Simulação da iluminância do entorno da EMOP em um dia de inverno, ao meio dia.

Fonte: a autora.

Já para a simulação da figura 20, foram utilizados os dados referentes ao dia 01/07 ao

meio dia que especificava os valores de DNI e DHI como sendo 672 e 61,

respectivamente. Observa-se que tais valores variam significativamente entre o verão e

o inverno.

Além da iluminação natural, os ambientes internos e fechados precisam de iluminação

artificial para atingir os níveis de iluminância necessários ao conforto dos usuários. O

sistema de iluminação da EMOP proporciona iluminação geral, pois a distribuição das

luminárias pelo teto é aproximadamente regular e a iluminação horizontal de um certo

nível médio é uniforme. Este tipo de distribuição das luminárias, comumente

empregado em grandes escritórios, salas de aula, fábricas e outros, permite uma maior

Page 59: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

52

flexibilidade na disposição interna do ambiente, pois a iluminação é independente da

situação dos locais de trabalho. Em contrapartida, o consumo de energia acaba sendo

maior, pois todos os pontos do espaço tem a mesma iluminância, mesmo aqueles que

admitem valores menores.

A figura 21 apresenta a simulação da iluminância de uma das áreas de trabalho

considerando a luz natural e artificial em um dia de verão. Pode-se observar que a

iluminância no campo de trabalho está no intervalo de 872 a 1305 lux. De acordo com a

NBR 8995-1/2013, deve ser mantida a iluminância de 500 lux para escritórios com

estações de projeto assistidas por computador. Além disso, a norma também afirma que

iluminância no entorno imediato deve estar relacionada com a iluminância da área,

evitando mudanças drásticas que podem levar ao desconforto do usuário. Na figura 22,

verifica-se que a transição de iluminância é gradual, portanto o projeto atende aos

requisitos de iluminação, garantindo o conforto dos usuários.

Figura 21 - Níveis de iluminância com luz natural e artificial.

Fonte: a autora.

4.3.2. Análise térmica e energética

As principais trocas por radiação nas edificações variam em função do entorno, da

implantação, da volumetria e da localização das fontes de calor no interior de cada

projeto (BARROSO-KRAUSE, 2011).

Page 60: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

53

Para a análise térmica no REVIT, é necessário criar spaces, comando que permite

delimitar os espaços de cada ambiente, vinculando sua utilização às cargas de

iluminação e energia especificadas para a atividade a ser desenvolvida no

compartimento. Os parâmetros utilizados para determinar as cargas na sala foram

obtidos da NBR 16401-1/2008, tais como as taxas típicas de calor liberados por pessoa

e de dissipação de calor pela iluminação. Além disso, de acordo com a NR-17, a

temperatura em locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam

solicitação intelectual e atenção, tais como escritórios e salas de desenvolvimento ou

análise de projetos, deve ser entre 20ºC e 23ºC. Com base nessas informações, o

programa gera um relatório calculando a carga e o fluxo de ar no pico de refrigeração

para cada ambiente e para a edificação como um todo. A tabela 7 apresenta os

resultados para a mesma sala de trabalho utilizada na análise lumínica.

Tabela 7 - Carga e fluxo de ar no pico de refrigeração

Fonte: a autora.

A quantidade de BTU/h pode ser estimada levando em consideração a área do ambiente,

o número de total de pessoas e de equipamentos eletroeletrônicos no ambiente. No caso

desta sala, o projeto considera que, nos seu 70 m², serão distribuídas 9 estações de

trabalho com o uso individual de computador em cada uma delas. De acordo com o site

Web Ar Condicionado4, o cálculo deve considerar 600 BTU por metro quadrado, 600

BTU para cada pessoa adicional (a primeira pessoa não é contabilizada) e 600 BTU para

cada equipamento eletrônico. Utilizando este método, estima-se que a sala necessite de

um sistema de refrigeração de 52.220 BTU/h, o que corresponde a 15.289 W. Observa-

se que o resultado desta estimativa não considera a localização da edificação,

4 Site <http://www.webarcondicionado.com.br/calculo-de-btu>. Portal criado em outubro de 2009 e

desenvolvido pela WebGlobal com a missão de reunir informações sobre ar-condicionado e climatização.

Page 61: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

54

diferentemente dos resultados da tabela 7. No entanto, tais valores são próximos em

função das cargas de utilização e do dimensionamento voltado para o Brasil.

Além deste relatório, também é possível executar a simulação de energia de toda a

edificação. Como não foram modelados todos os pavimentos, os resultados obtidos

nesta simulação são bastante simplificados em comparação com a realidade energética

da edificação. No entanto, tais resultados serão apresentados como forma de

exemplificar o total de informações que podem ser obtidas com este tipo de simulação.

De acordo com a Avaliação do Mercado de Eficiência Energética no Brasil da Procel

desenvolvida pela Eletrobrás em 2007, os usos finais no setor público estão divididos da

seguinte forma: 23% da energia consumida corresponde a iluminação, 48% aos sistemas

de condicionamento de ar, 15% aos equipamentos de escritório e 14% a outras cargas. O

gráfico 6 representa a simulação da distribuição dos usos de energia elétrica no prédio

da EMOP. Em comparação com os resultados da Eletrobrás, os valores obtidos na

simulação são bastante similares, se for considerado que o item Misc Equipment

engloba os equipamentos de escritório e outras cargas. Com relação ao condicionamento

de ar, o retrofit permitiu uma redução do consumo de energia neste item em função da

eficiência do equipamento e da adequação do sistema ao projeto arquitetônico.

Gráfico 6 - Distribuição dos usos de energia elétrica no prédio da EMOP de acordo com a

simulação no REVIT.

Fonte: a autora

Outra informação importante do ponto de vista da Sustentabilidade que pode ser obtida

com a simulação é o potencial de energia renovável. Neste caso, a tabela 8 resume a

Page 62: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

55

quantidade de energia que a edificação pode produzir através da instalação de painéis

solares. Essa análise baseia-se nos dados da estação meteorológica especificada de

acordo com a localização.

Para determinar o potencial energético utilizando painéis fotovoltaicos, o REVIT analisa

todas as superfícies do telhado e apresenta três resultados considerando níveis diferentes

de eficiência, o que reflete a capacidade do sistema fotovoltaico converter a luz solar em

eletricidade.

Tabela 8 - Potencial de energia renovável

Fonte: a autora

De acordo com os resultados apresentados na tabela 8, considerando painéis

fotovoltaicos de média eficiência, é possível produzir uma média de 656,53 kWh/dia.

No 5º pavimento do edifício existem 97 luminárias com 4 lâmpadas nas salas de

trabalho e, aproximadamente, 90 computadores sendo utilizados. Sabendo que as

lâmpadas são de 32 W e que para os computadores5 deve-se considerar,

aproximadamente, 300 W, são necessários 39.416 W. Com a produção de 656,53

kWh/dia, seria possível manter esses equipamentos em funcionamento em dois

pavimentos durante todo o período de trabalho, o que significaria uma redução

significativa nos custos de energia elétrica.

No entanto, é importante destacar que os resultados da tabela 8 são estimativas da

produção de energia pelos painéis fotovoltaicos, sendo necessário verificar com os

fabricantes a sua real eficiência e, posteriormente, realizar uma análise de viabilidade

econômica.

5 Consumo de computadores obtido pelo site <http://www.copel.com/hpcopel/simulador/>

Page 63: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

56

5. Considerações finais

5.1. Comentários

Com base no que foi exposto, o Retrofit de edifícios tem sido um tema recorrente no

setor da construção civil e, aliado ao conceito de Sustentabilidade, tornou-se uma das

prioridades de atuação. Portanto, o processo de diagnóstico e as análises dos quesitos

térmico, lumínico e acústico são importantes para garantir um bom desempenho da

edificação, levando a uma busca crescente por metodologias que permitam desenvolver

simulações.

Dentro desse contexto, a evolução do BIM apresenta um grande potencial, permitindo a

análise dos projetos ao longo da vida útil das edificações, conforme indicado no estudo

de campo referente ao edifício-sede da EMOP e com uma modelagem consistente, é

possível obter resultados próximos da realidade e avaliar modificações que possam

aprimorar a performance da edificação.

5.2. Críticas e sugestões

O projeto de Retrofit do edifício-sede da EMOP, por ter sido desenvolvido em 2D, não

foi avaliado, através de simulações de desempenho, durante a sua concepção. Mas com

a elaboração de um modelo com informações, seria possível obter resultados como os

apresentados no capítulo 4, que poderiam indicar a possibilidade de substituir materiais

por outros similares com uma melhor relação custo x benefício. Além disso, também

poderá ser feita uma análise de viabilidade da colocação de placas fotovoltaicas em

função dos resultados obtidos para o potencial de energia renovável. É importante

destacar que a viabilidade econômica destas modificações no projeto não foram

abordadas neste trabalho, sendo necessário maior estudo a respeito do assunto.

Em função da grande quantidade de informações a respeito das etapas e técnicas

construtivas do Retrofit, este trabalho restringiu-se as questões relacionadas ao

desempenho da edificação sem detalhar o comportamento dos materiais ou as técnicas

utilizadas. Assim, pode-se sugerir trabalhos futuros que abordem detalhadamente este

tema.

Apesar da evolução do BIM e da sua crescente utilização por empresas de projetos, a

partir dos contatos tidos com fornecedores, constatou-se a dificuldade de encontrar

Page 64: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

57

dados que sejam completos e homogêneos de um mesmo material. Parece que o

mercado precisa evoluir no sentido de disponibilizar especificações suficientes para

elaboração de modelos de edificações cada vez mais ricos em informações. Tal

deficiência pode ter como consequência o aumento dos esforços de adaptação

paramétrica, ou pior ainda, comprometer a consistência dos dados tornando as análises

pouco confiáveis.

Outra questão a ser destacada é a manipulação do modelo em vários níveis de

detalhamento. Existem programas específicos dedicados a análise de desempenho de

edificações, como o Ecotect, que funciona com um grau de detalhamento geométrico

menor do que o necessário para definir o projeto de modo global. Neste trabalho, foi

utilizado o REVIT, um programa de projeto que possui ferramentas de análise

embutidas, exigindo a modelagem com um grau de detalhamento maior. Assim, será

possível obter outras informações a respeito do projeto, compatibilizando os sistemas e

desenvolvendo planilhas de quantitativos.

Deste modo, uma importante medida seria realizar trabalhos que abordem o total de

informações necessárias para a elaboração de modelos BIM, facilitando a expansão

deste conceito.

Também, pode-se estudar no futuro o desenvolvimento de trabalhos que relacionem as

certificações ambientais aos projetos BIM, pois será possível simular o desempenho da

edificação utilizando diferentes materiais até atingir os valores exigidos para a

certificação desejada.

Por fim, ainda existem poucos trabalhos relacionando a utilização do BIM na

elaboração de orçamentos e, portanto, uma outra sugestão seria a comparação de

diversos materiais na execução de um Retrofit, para um mesmo projeto, considerando a

sua relação custo e benefício.

Page 65: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

58

Referências bibliográficas

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Manutenção de edificações -

Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. NBR 5674, 2012.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Edificações habitacionais -

Desempenho - Parte 1: Requisitos Gerais. NBR 15575, 2003.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Iluminação de ambientes de

trabalho - Parte 1: Interior. NBR 8995-1, 2013.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Instalação de ar-condicionado -

Sistemas centrais e unitários - Parte 1: Projetos das instalações. NBR 16401-1,

2008.

ADDOR, M. R. A., CASTANHO, M. D. A., CAMBIAGHI, H., DELATORRE, J. P.

M., NARDELLI, E. S., OLIVEIRA, A. L., Colocando o "i" no BIM. In: Encontro

sobre Integração, São Paulo, 2010.

BARRIENTOS, M. I. G., Retrofit de edificações: um estudo de reabilitação e

adaptação das edificações antigas às necessidades atuais. Dissertação de mestrado

apresentada a FAU/UFRJ, Rio de Janeiro, 2004.

BARROSO-KRAUSE, C., Desempenho Térmico e Eficiência Energética em

Edificações. PROCEL EDIFICA, Rio de Janeiro, 2011.

BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria MTPS n°3751de 23 de novembro de 1990:

NR-17: Ergonomia. 1990.

CARVALHO, M. M. Q., Alternativa arquitetônicas para o aumento da eficiência no

uso de energia elétrica por edifícios comerciais. Tese de doutorado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Planejamento Energético, COPPE, Rio de Janeiro,

2011.

CARVALHO, T., Gloria Palace Hotel: um estudo dos aspectos de sustentabilidade

no retrofit de um hotel histórico. Projeto de graduação apresentado a Escola

Politécnica/ UFRJ, Rio de Janeiro, 2013.

Page 66: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

59

CIANCIARDI, G.; BRUNA, G. C., Procedimentos de Sustentabilidade Ecológicos

na Restauração dos Edifícios Citadinos. Cadernos de Pós-Graduação em Arquitetura

e Urbanismo, v.4, n. 1, p. 113-127, 2004.

COSTA, M. A. S., Novos produtos para a reabilitação sustentável de edifícios de

habitação. Dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Ciências e Tecnologia

da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal, 2010.

CRESPO, C. C.; RUSCHEL, R .C., Ferramentas BIM: um desafio para a melhoria

no ciclo de vida do projeto. In: Encontro de Tecnologia de Informação e Comunicação

na Construção Civil, v.3, 2007.

CROITOR, E. P. N., A gestão de projetos aplicada à reabilitação de edifícios:

estudo da interface entre projeto e obra. Dissertação de mestrado apresentada ao

Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, 2009.

DEEKE, V., Materiais convencionais utilizados na construção civil e emissão de

CO2: Estudo de casso de um edifício educacional na UTFPR. Dissertação de

mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia na UTFPR,

Curitiba, 2009.

DUARTE, E. A. C.; VIVEIROS, E. B., Desempenho acústico na arquitetura

residencial brasileira: paredes de vedação. Ambiente Construído, v. 7, n. 3, p. 159-

171, 2007.

FARIA R., Construção integrada. Revista Téchne, edição 127, pp. 44-49, 2007.

FARIA R., SOUZA J., Visão brasileira. Revista Téchne, edição 202, pp. 12-17, 2014.

GONÇALVES, J. C. S., VIANNA, N. S., MOURA, N. C. S., Iluminação Natural e

Artificial. PROCEL EDIFICA, Rio de Janeiro, 2011.

JACOSKI, C. A.; LAMBERTS R., A interoperabilidade como fator de integração de

projetos na construção civil. In: Workshop de Gestão do Processo do Projeto na

Construção Civil, Porto Alegre, 2002.

LANZINHA, J. C.; FREITAS, V. P.; CASTRO GOMES, J. P., Metodologia de

Diagnóstico Exigencial Aplicada à Reabilitação de Edifícios de Habitação. In: 1º

Page 67: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

60

Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação de Edifícios – PATORREB 2003,

Porto, Portugal, 2003.

LANZINHA, J. C.; FREITAS, V. P.; CASTRO GOMES, J. P., Metodologias de

diagnóstico e intervenção na reabilitação de edifícios. In: Engenharias 2001 -

Investigação e inovação, UBI, Covilhã , Portugal, 2001.

LIMA, F.; BRAGANÇA, L., MATEUS, R., Edifícios antigos: reabilitação low cost.

In: Comunicação a Conferências Nacionais 2012, Universidade do Minho, Braga,

Portugal, 2012.

MEDEIROS, M. H. F.; GIORDANO D. E.; PEREIRA, E.; VIGNOLO, A.;

GALEANO, R.; HELENE, P., Inspeção no palácio de la luz - Montevideo: uma

visão de durabilidade. Revista ALCONPAT, v. 2, n. 2, pp. 94-109, Maio a Agosto

2012.

MORAES, V. T. F; QUELHAS, O. L. G., O desenvolvimento da metodologia e os

processos de um "retrofit" arquitetônico. Revista eletrônica SISTEMAS &

GESTÃO, v. 7, n. 3, pp. 448-461, 2012.

OLIVEIRA, L. C. C. F., Características e particularidades das ferramentas BIM:

reflexos da implantação recente em escritórios de arquitetura. Dissertação mestrado

apresentada para o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.

PROCEL. Avaliação do Mercado de Eficiência Energética no Brasil: Pesquisa na

Classe Comercial e Prédios Públicos. PROCEL - Eletrobrás, 2007

QUALHARINI, E. L., Gestão da reabilitação de edifícios antigos visando a

sustentabilidade. In: 8° SIMBRAGEC 2013, Salvador, 2013.

SACHT, H. M., BRAGANÇA, L., ALMEIDA, M., CARAM, R., Estudo do

desempenho lumínico para um sistema de fachada modular destinado à Portugal.

In: XIV ENTAC - Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, Juiz de

Fora, 2012.

Page 68: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

61

TAVARES, F. M., Metodologia de diagnóstico para restauração de edifícios dos

séculos XVIII e XIX nas primeiras zonas de mineração em Minas Gerais.

Dissertação de mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Ambiente Construído da

Faculdade de Engenharia da UFJF, Juiz de Fora, 2011.

VALE, M. S., Diretrizes para Racionalização e Atualização das Edificações:

Segundo o conceito da qualidade e sobre a ótica do Retrofit. Dissertação de

mestrado apresentada a FAU/UFRJ, Rio de Janeiro, 2006.

ZWIRTES, D. P. Z., Avaliação do desempenho acústico de salas de aula: Estudo de

caso nas escolas estaduais do Paraná. Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Construção Civil da Universidade Federal do Paraná,

Curitiba, 2006.

Page 69: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

62

Referências eletrônicas

Localização do Campo de São Cristóvão. Disponível em:

<https://maps.google.com/>. Acesso em: 03 dez. 2013.

The Future of the Building Industry: BIM-BAM-BOOM! Disponível em:

<http://www.archdaily.com/262008/the-future-of-the-building-industry-bim-bam-

boom/>. Acesso em: 04 jan. 2014.

Athié|Wohnrath. Disponível em:

<http://www.autodesk.com.br/adsk/servlet/item?siteID=1003425&id=16295227>.

Acesso em: 7 jan. 2014.

Freedom Tower (Building Information Modelling), United States of America.

Disponível em: <http://www.designbuild-network.com/projects/freedom-tower/>.

Acesso em: 7 jan. 2014.

Safety Film: Película de Segurança e Controle Solar para Vidros. Disponível em:

<http://www.safetyfilm.com.br>. Acesso em: 18 jan. 2014.

Forro Encore. Disponível em:

<http://www.armstrong-brasil.com.br/commclgam/latam1/pt/br/Encore. html>. Acesso

em: 18 jan. 2014.

Web Ar Condicionado: Cálculo de BTU. Disponível em:

<http://www.webarcondicionado.com.br/calculo-de-btu>. Acesso em: 01 fev. 2014.

Simulador de consumo de energia elétrica. Disponível em:

<http://www.copel.com/hpcopel/simulador/>. Acesso em: 01 fev. 2014.

Page 70: O RETROFIT E A MODELAGEM DE INFORMAÇÕES COMO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009727.pdf · retrofit e a modelagem de informações como ferramenta na análise

63

Anexo

Certificado emitido pelo Laboratório de Ensaios acústicos para a Medição do

Coeficiente de Absorção Sonora.