o redentor (edgard armond)

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O REDENTOR Editora Aliana Rua Genebra, 168 So Paulo CEP 01316-010 Fone: 3107-5304 / 3106-4171 Obras Consultadas Les Itineraires de Jesus - Gustave Dalman O Nazareno - Sholem Asch Jesus de Nazareth - Paul de Regia Cristo Jesus - Rafael Housse Jesus Cristo - Roselly de Lorgues Jesus Desconhecido - Merencovsk Os Evangelhos Sinticos Diversas obras medinicas ILUSTRAES MILTON GABBAI Direitos Autorais Reservados NDICE: Prlogo 9 Evangelhos Apcrifos 13 A Tradio Messinica 15 O Nascimento do Messias 19 Controvrsias Doutrinrias 24 Os Reis Magos 28 Exlio no Estrangeiro 33 A Cidadezinha de Nazareth 35 Jerusalm 40 Jesus no Templo 44 O Grande Templo Judaico 46 Reis e Lderes 51 As Seitas Nacionais 54 A Fraternidade Essnia 56 Costumes da poca 61 Jesus e os Essnios 64 O Precursor 66 Incio da Tarefa Pblica 70 Os Primeiros Discpulos 73 Volta a Jerusalm 75 As Escolas Rabnicas 77 Nicodemo Ben Nicodemo 79 Regresso Galilia 82 Na Sinagoga de Nazareth 85

A Morte de Joo Batista 88 Os Trabalhos na Galilia 91 Pregaoes e Curas 94 outros Lugares 98 ostilidades do Sinhedrin 102 Maria de Magdala 104 O) Desenvolvimento da Pregao 107 O Quadro de Discpulos 109 Consagrao e Excurses 113 A Cena do Tabor 117 As Parbolas 118 O Sermo do Monte 132 Abandono da Galilia 136 ltimos Atos no Interior 138 ltimos Dias em Jerusalm 141 O Encerramento da Tarefa Planetria 143 Priso e Disperso 146 Tribunal Judaico 150 O Julgamento de Pilatos 153 Para o Calvrio 155 Nos Dias da Ressurreio 159 Concluso 162 Adendo 164 9 PRLOGO: inmeras so as obras escritas sobre a vida e os fatos referentes a Jes us de Nazareth o Divino Redentor da humanidade terrena , cada uma delas apresentando-o de certa maneira, segundo pontos de vista pessoais ou sentimentais sectrios. Animando-nos a escrever este livro, outro intuito no temos que render ho menagem humilde a to excelsa entidade espiritual, tentando uma reconstitui o histrica de sua ltima passagem pela Terra, a cuja humanidade legou a lembrana imorredoura do sacrifcio da cruz e os sublimes ensinamentos do Evangelho . No nos iludimos quanto s dificuldades da tarefa, pois que Jesus nada escreveu de si mesmo, talvez porque sua divina prescincia descortinava as deturpa

es que sofreriam seus ensinamentos, no querendo concorrer para as mistifica es religiosas e as inevitveis exploraes de documentos e relquias q ue mais tarde ocorreriam; preferia, como diz um inspirado instrutor espiritual dos nossos dias, que tais alteraes fossem feitas "no sobre o que escrevesse, mas somente sobre o que outros dissessem". No havendo documentao original provinda de outra fonte, devemos at er-nos aos Evangelhos, codificados na Vulgata Latina, cujos venerveis Autores no se preocuparam em mencionar os fatos cronologicamente; por outro lado, cad a um deles seguiu plano diferente, ou ta!vez nenhum, omitindo circunstncias e fatos que serviriam para identificar protagonistas e situar os acontecimentos em datas e lugares apropriados. O prprio Lucas que, no tendo sido discpulo, escreveu seu trabalho lendo e ouvindo a uns e outros, anos depois do Glgota, da mesma forma no esta beleceu a necessria ordenao histrica, a sequncia justa dos fatos, prov avelmente por j encontrar dificuldade em faz-lo, no obstante ainda viverem naque la poca alguns dos "Doze": Pedro e Tiago, em Jerusalm; Joo, em Efeso e outros alhures. Estas falhas, entretanto, em parte se justificam, porque cada autor escreve u isoladamente, em pocas diferentes, segundo aquilo de que se lembrava e d ebaixo, ainda, da emoo do drama do Glgota e do esprito sacrificial que a todos empolgou enquanto viveram. De outra parte, preciosas indicaes e subsdios se perderam no trans itarem os pergaminhos primitivos por milhares de mos de adeptos na Palestina e em

outras partes e, ainda, por ltimo, porque os documentos que se salvaram e chega ram s mos do erudito padre Jernimo, a quem o papa Damaso 1, que exerceu o pontificado entre os anos 366 a 384, incumbiu de codificar o cristianismo 10 Aas 44 narrativas existentes na poca (1), todas com fro de autenticid ade, tais documentos foram por Jernimo desprezados em sua quase totalidade, aceitando ele somente aqueles que constavam terem sido escritos pelos ap stolos (testemunhos de vista) a saber: Joo e Mateus, alm de Marcos (que n o o fra) e ainda de Lucas, por suas ligaes estreitas com Paulo de Tarso e de ido neidade comprovada, elaborando assim a codificao intitulada "Vulgata Latina" at hoje adotada, sem contestao, pela maior parte de cristandade. Mas teriam tais Evangelhos sido escritos pessoalmente pelos Apstolos? Comparando-se o vers. 1.0 do cap. 1.0 de Lucas, com o vers. 1. do cap. 1. d os "Atos dos Apstolos" que dizem, sem exceo, nos cabealhos: "segun do Mateus, segundo Joo, segundo Lucas e segundo Marcos", enquanto que o cap. 1." d e Atos diz: "Fiz o primeiro tratado, Thephilo, acerca de todas as coisas, etc." no de perguntar porque Jernimo em todos os cabealhos escreveu a ressalva "segundo Marcos, segundo Joo, etc."? No de se concluir que os documentos q ue chegaram s suas mos eram somente cpias, ou cpias de cpias, mas no os originais? No h, portanto, certeza de que os Evangelhos, como esto escritos, repres entam exatamente aquilo que Jesus ensinou, na sua integridade primitiva. Este fat o, entretanto, em quase nada desmerece seu altssimo valor, visto que a estr utura fundamental, a base moral ou inicitica idntica em todas as quatro

narrativas. E se nos voltarmos para as obras de carter medinico, da mesma forma encontraremos inmeras divergncias, de forma e de fundo, que no lev am a maiores certezas. Tm-se, ento, a impresso de que ainda no chego u a poca de ser o assunto exclarecido pelos Instrutores Espirituais que, conquanto se mostrem muitas vezes at mesmo prolixos na exposio de assuntos dout rinrios ou filosficos, no trazem maiores esclarecimentos a respeito da parte his trica da vida do Divino Messias. Mas da no se conclua que esta ltima seja desinteressante no seu va lor qualitativo, pois tudo que respeita vida de Jesus tem alto valor inici tico e edifica, sempre, em todos os sentidos. A vida dos condutores espirituais da humanidade sempre cheia de exemplos preciosos e educativos, porque esp e lham condutas mais altas e perfeitas e traam rumos sempre sequentes evolu o dos seres habitantes dos mundos inferiores. E nem h que admirar que muito se ignore sobre a vida de Jesus, passada h quase vinte sculos, vivida com grandeza, mas com simplicidade, preferentemente em contato com o povo ignaro e humilde, sem nenhuma projeo de carter poltico ou social, quando, nos dias que vivemos, neste sculo de tamanha expresso cientfica, dispondo (1) Relao pg. 13 O REDENTOR 11 os homens de poderosos meios de intercmbio e publicidade, ainda tambm muito se ignore sobre assuntos atuais de alto interesse para a evoluo da colet ividade

humana. *** A tarefa Messinica era sanear a Terra de suas iniquidades; oferecer humanidade diretrizes espirituais mais perfeitas e definitivas, redimir os homens e encaminh-los para Seu reino divino de luzes e de amor e foi cum prida em todos os sentidos, no importando ao Divino Cordeiro os sofrimentos f sicos e morais que suportou. Indicando os caminhos luminosos do amor e da paz universais, deixou ao mundo um legado eterno que lei, no somente par aa Terra, pequenina e retardada, mas para todo o Cosmo. A tarefa do Divino Enviado no teve, como dissemos, projees polt icas e sociais na sua poca, porque tais no eram Seus objetivos, conquanto pr evenisse aos psteros sobre suas consequncias futuras quando disse: 'no vim trazer a paz, mas a diviso". E, realmente, seus ensinamentos, logo aps a morte dos apstolos, provo caram interpretaes as mais diversas e contraditrias sendo, logo depois, o cristianismo primitivo absorvido por foras poderosas que dele se apodera ram para a organizao de uma religio oficial (1), dominadora no campo d os valores materiais o que, como era de esperar, retardou de muitos sculos a evolu o espiritual do mundo. E a projeo social, isto , a influncia desses ensinamentos sobre os indivduos e sobre as massas humanas, no seu devido sentido redencionista , como cdigo moral que exige conduta perfeita e iluminao interior, esta s omente se fez sentir h pouco mais de um sculo, com o advento do Espiritismo O Consolador prometido por Jesus na inspirada e magnfica codifica

o elaborada por Kardec, na Frana. O Espiritismo arrancou o Evangelho das sombras msticas das concepe s dogmticas e o apresentou ao povo, indistintamente, aberto e refulgente, expressivo e edificante, como a fora que mais poderosamente realiza transformaes morais, no mais ntimo das almas, e impulsiona os home ns para as luzes da redeno. Por estas razes e circunstncias, ao escrever este modesto trabalho, a dotamos o arbtrio de permanecer nas bases histricas do Evangelho codificado, de le somente nos afastando para acrescentar detalhes e complementos idneos e julgados teis melhor clareza e lgica do conjunto, sobretudo quand o vindos pela mediunidade, que tem sido canal da revelao divina em todos os te mpos. (1) E evidente que, se houvesse sido promovido o conhecimento preferencia l do Evangelho e a vivncia dos ensinamentos com a reforma intima, outra e mui to mais evoluida seria a humanidade. *** 12 EDGARD ARMOND O REDENTOR 13 Queremos tambm adiantar que reunimos informes de diversas origens, incl u sive medinicas, redigidos e adaptados finalidade referida, quase sempre s em transcries e citaes, mas cujas fontes e autores constam da bibl iografia contida na ltima pgina. No se podem inventar os fatos, a no ser em obras de fico, mas s omente narr-los; e, como em relao vida de Jesus os eventos foram narr

ados por centenas de autores e repetidos inmeras vezes, cada vez com aspectos diferentes, e como nosso intuito no acrescentar uma narrao a m ais, uma repetio a mais, julgamos til fazer uma compilao de dados, se ndo de nossa autoria somente a dis posio deles, a redao, a interpreta o, os comentrios e as concluses. Julgamos assim resguardadas a paternidade das idias e conceitos pertence ntes a outros dignos autores, aos quais apresentamos desde j nossos melhores agradecimentos pela participao, conquanto indireta, na confeco desta obra. S. Paulo, 1974. O Autor Captulo 1 EVANGELHOS APCRIFOS Considerados no Autnticos O Evangelho segundo os Hebreus O Evangelho segundo os Nazarenos O Evangelho dos Doze Apstolos O Evangelho de S. Pedro O Evangelho segundo os Egpcios O Evangelho do nascimento da Santa Virgem O Evangelho da infncia do Salvador O Evangelho de S. Tom O Evangelho de Nicodemo O Evangelho Eterno O Evangelho dos Escolhidos O Evangelho de Basilide O Evangelho de Cerinto O Evangelho dos Ebionitas O Evangelho dos Hereges O Evangelho de Eva O Evangelho dos Onsticos O Evangelho de Marcion O Evangelho do nascimento do Senhor O Evangelho de S. Matias O Evangelho da Perfeio O Evangelho dos Simonianos

O Evangelho segundo os Siracos O Evangelho de Tatien O Evangelho de S. Judas O Evangelho de Valentim O Evangelho da Vida ao Vivo Como nos Evangelhos no h cronologia nos acontecimentos, procuramos n a rr-los obedecendo a uma sequncia lgica que, entretanto, no representa nem se oferece como vantagem especial sobre qualquer outra. Na confeco deste livro fugimos de divagaes literrias para en cobrir falhas e, dada a vastido dos temas e a finalidade da obra, no nos arredamos tambm da feio didtica, cujas caractersticas so mtodo, clareza e co nciso. 14 15 Apocalipse o termo que indica as revelaes feitas aos profetas da antiguidade e tanto podem referir-se a assuntos limitados, como gerais. Tanto podem ter sentido extensivo como figurado, analgico ou mstico. Captulo 2 A TRADIO MESSINICA A tradio espiritual do mundo, em seus setores mais altos, ensina que a criao subordina-se aos seguintes princpios universais: um Criador, um Agente Executor e um Alento Animador, assim discriminad os: O princpio criado gerante - esfera do pensamento divino abstrato O princpio criado criante - esfera dos agentes csmicos cria dore de m undos. O princpio criado imanente - esfera das manifestaes do esprito divino na criao. Nas rehgies: O primeiro princpio Deus - o Pai Criador absoluto. O segundo princpio - o pensamento abstrato fora de Deus

manifestado como criao pela ao dos agentes csmicos - o Filho. O terceiro princpio - o pensamento divino derramado na criao como vida, inteligncia e amor - o Esprito Santo. Esta a base fundamental das Trindades, imaginadas por algumas religi es como a brahmnica, a egpcia e a persa, entre outras, de onde foram copiadas, inclusive por religies dogmticas crists. Eis as Trindades mais conhecidas: Brahma, Siva e Vshnu Osiris, sis e Orus Ea, Istar e Tamus As Reminiscncias dos Apstolos O Evangelho de S. Felipe O Evangelho de S. Barnab O Evangelho de S. Tiago o Maior O Evangelho de Judas de Kerioth O Evangelho da Verdade O Evangelho de Lencius O Evangelho de Salmon O Evangelho de Luciano O Evangelho de Hesychius As Interrogaes grandes e pequenas de Maria O Cdigo Vercelense O Cdigo Cantabrigense *** Nota: Alm destes, considerados falsos evangelhos pela codificao catli ca-romana, haviam ainda: Falsos Atos dos Apstolos, Falsas Epstolas de Jesus Cris to, Falsas Epstolas da Santa Virgem, Falsas Epstolas dos Apstolos e Fa lsos Apocalipses, dentre os quais os mais conhecidos na poca eram os seguinte s: O Livro de Enoch - citado por quase todos os eruditos da poca. O Livro de Esdras - tambm conhecido como Apocalipse do ano 97. O Apocalipse de Baruc O Apocalipse de Elias O Apocalipse de Daniel

O Apocalipse de Moiss - (A Gnese) *** O Apocalipse de Joo Evangelista possue todos esses sentidos e, segundo s eu discpulo Policarpo, que o revelou a Irineu, bispo catlico do segundo sculo, foi escrito na Ilha de Patmos, fronteira cidade de Efeso, no Mar Egeu, na Asia Menor. - dos hindus. - dos egpcios. - dos babilnios. Alcindo Captulo 1 EVANGELHOS APCRIFOS Considerados no Autnticos O Evangelho segundo os Hebreus O Evangelho segundo os Nazarenos O Evangelho dos Doze Apstolos O Evangelho de S. Pedro O Evangelho segundo os Egpcios O Evangelho do nascimento da Santa Virgem O Proto-Evangelho de S. Tiago O Evangelho da infncia do Salvador O Evangelho de S. Tom O Evangelho de Nicodemo O Evangelho Eterno O Evangelho de Sto. Andr O Evangelho de S. Sartolomeu O Evangelho dos Escolhidos O Evangelho de Basilide O Evangelho de Cerinto O Evangelho dos Ebionitas O Evangelho dos Hereges O Evangelho de Eva O Evangelho dos Onsticos O Evangelho de Marcion O Evangelho do nascimento do Senhor

O Evangelho de S. Joo (no confundir com o aceito) O Evangelho de 5. Matias O Evangelho da Perfeio O Evangelho dos Simonianos O Evangelho segundo os Siracos O Evangelho de Tatien O Evangelho de S. Judas O Evangelho de Valentim O Evangelho da Vida ao Vivo 14 As Reminiscncias dos Apstolos O Evangelho de S. Felipe O Evangelho de S. Barnab O Evangelho de S. Tiago o Maior O Evangelho de Judas de Kerioth O Evangelho da Verdade O Evangelho de Lencius O Evangelho de Salmon O Evangelho de Luciano O Evangelho de Hesychius As Interrogaes grandes e pequenas de Maria O Cdigo Vercelense O Cdigo Cantabrigense Eis as Trindades mais conhecidas: Brahma, Siva e Vishnu Osiris, Isis e Orus Ea, star e Tamus Nota Alm destes, considerados falsos evangelhos pela codificao catli ca-romana, haviam ainda: Falsos Atos dos Apstolos, Falsas Epstolas de Jesus Cristo, Falsas Epstolas da Santa Virgem, Falsas Ep stolas dos Apstolos e Falsos Apocalipses, dentre os quais os mais conhecidos na poca eram os seguintes: O Livro de Enoch - citado por quase todos os eruditos da poca. O Livro de Esdras - tambm conhecido como Apocalipse do ano 97. O Apocalipse de Baruc O Apocalipse de Elias O Apocalipse de Daniel O Apocalipse de Moiss - (A Gnese) Apocalipse o termo que indica as revelaes feitas aos profetas da antiguidade e tanto podem referir-se a assuntos limitados, como gerais.

Tanto podem ter sentido extensivo como figurado, analgico ou mstico. O Apocalipse de Joo Evangelista possui todos esses sentidos e, segundo s eu discpulo Policarpo, que o revelou a Irineu, bispo catlico do segundo sculo, foi escrito na Ilha de Patmos, fronteira cidade de Efeso, no Mar Egeu, na Asia Menor Captulo 2 A TRADIO MESSINICA A tradio espiritual do mundo, em seus setores mais altos, ensina que a criao subordina-se aos seguintes princpios universais: um Criador, um Agente Executor e um Alento Animador, assim discriminad os: princpio criado gerante - esfera do pensamento divino abs trato. O princpio criado criante esfera dos agentes csmicos criadores de mundos. O princpio criado imanente - esfera das manifestaes do esprito divino na criao. Nas religies O primeiro princpio Deus - o Pai Criador absoluto. segundo princpio - o pensamento abstrato fora de Deus manifestado como criao pela a o dos agentes csmicos - o Filho. terceiro princpio - o pensamento divino derramado na criao como vida, inteligncia e amor - o Esprito Santo. Esta a base fundamental das Trindades, imaginadas por algumas religi es como a brahmnica, a egpcia e a persa, entre outras, de onde foram copiadas, inclusive por religies dogmticas crists. - dos hindus. - dos egpcios. - dos babilnios. , Zeus, Demtrio e Dionsio BaaI, Astart e Adonis Orzmud, Ariman e Mitra Voltan, Friga e Dinar - dos g rgos. - dos assrios. - dos persas. - dos celtas. 16

Os agentes diretos de Deus so as Inteligncias Divinas que animam, san tificam e presidem formao de universos e galxias, e que, a seu turno, delegam poderes a agentes seus os Cristos que, como verb os divinos, corporificam seus pensamentos, executando a criao de planetas, satlites e astros em geral, dos diferentes sist emas planetrios e que so os governadores espirituais desses diferente s orbes. Esta , de forma grosseira e aproximada da realidade, a discriminao mstica das tarefas de agentes divinos na criao dos mundos. Em conceito mais objetivo e cientfico, a criao se opera de forma a lgo diferente: as Inteligncias Divinas, como agentes diretos de Deus, corporificam e emitem ondas sucessivas de energia criadora inteligent e, que se projetam nos espaos criando os tomos, germes de vida, que potenciam energias, inteligncia e amor, os quais se aglomeram e multiplicam dentro de leis divinas pr-existentes, formando os mundos materiais e os seres vivos. Jesus de Nazareth, como agente da Entidade a cuja jurisdio e depend ncia a Terra se encontra, como mundo formado em um sistema planetrio, agindo no mesmo sentido, concorreu formao do nosso globo e de todos os seres que o habitam, passando a ser seu Governador Planetrio. Na histria religiosa, o Messias o ungido encarnado na Palest ina, a quem Pedro se referiu quando disse: "Tu s o Cristo, o filho de Deus vivo". "Cristo", na sua significao de ungido, consagrado e "f ilho de Deus vivo", no sentido de que evoluiu em mundos materiais o que, alis, Ele mesmo o confirma quando se intitulou "O Filho do Homem". A mesma tradio espiritual tambm revela que, em determinadas poc as, segundo as necessidades evolutivas do planeta, altos espritos, por si ou como enviados do Cristo, encarnaram-se nos diferentes orbes leva n do s humanidades que os habitam, impulsos novos e diretrizes mais avanadas de progresso espiritual. Segundo essa tradiAo o Governador Espiritual da Terra j encarnou em m eio a seus habitantes vrias vezes, a saber: Duas na Lemria, como Num eJuno, com a terceira raame; Duas na Atlntida, o bero da legendria quarta raa, como Anfion e Antlio, por intermdio de cujos discpulos a tradio espiritua l mais antiga transferiu-se para o Mediterrneo;

uma na Prsia, como Krisna, uma na India, como Buda e uma ltima, como Jesus, na Palestina. Nessas encarnaes esses altos espritos tm vindo ora como precurs ores intelectuais de conhecimentos filosficos, cientficos, religiosos e artsticos; ora como pregadores de paz e de concrdia, no encaminhame nto de povos brbaros civilizao; ora como reforma- dores sociais e guias religiosos. Na Palestina veio Jesus, no ponto mais alto da revelao eternizada, co mo exemplificador do amor universal, a fraternidade dos homens e a paternidade de Deus, conforme o enunciado fundamental do "amor a Deus sob re todas as coisas e ao prximo como a si mesmos". Verdadeiras no todo, ou somente em parte delas, essas tradies, enviad o do Cristo Planetrio, ou encarnao deste mesmo, o certo que esses altos missionrios realizaram suas edificantes tarefas apontando di retrizes morais concordantes com a evoluo humana de cada poca; revelaram os mais adequados conhecimentos sobre a vida e a morte e deram existncia humana um elevado e sublime sentido espiritual, no obstante nem sempre compreendidos e aceitos; pregaram sem pre as mesmas verdades fundamentais, por mais que se tivessem colocado afastados uns dos outros, o que prova serem sequentes e p rogressivas as revelaes espirituais. Os conhecimentos revelados por esses magnnimos espritos foram conserv ados: no Oriente, pelos Flmines, sacerdotes filiados aos cultos da antiga Lemria, bero das primeiras encarnaes humanas e m nosso globo e onde se esboaram os rudimentos da conscincia dos seres primitivos dos quais descendemos, sacerdotes esses que, com o af u ndamento desse continente, passaram India e l. viveram, em suas montanhas e florestas, at o advento de Krisna, quando ento de sceram para o Ceilo, fundando ol os santurios denominados Torres de Silncio". No ocidente, pelos Dactylos, descendentes dos Atlantes, refugiados na Gr cia, pouco antes do afundamento da ltima parte desse continente e para onde transportaram os documentos contendo as tradie s mais antigas, e onde iniciaram as bases de uma nova civilizao, logo em seguida transposta para o antigo Egito. Na Grci

a antiga esses pioneiros eram venerados como semi-deuses e foram, cmo os cabires 18 os curetes e os talquines, os primeiros instrutores desse povo pr- hist rico (2) Pelos Kobdas, que vieram pouco mais tarde e fixaram essa civilizao no leIto do Nilo e a difundiram pelo Egito e a Mesopotmia. E, finalmente, pelos Essnios, refugiados nas suas grutas e mosteiros da Palestina, Fencia e Arbia, que receberam e conservaram no seu sentido verdadeiro e autntico, os ensinamentos deixados por Moiss e q ue foram por este restaurados, com base nos documentos descobertos nas runas dos templos egpcios de Mnfis, de Abidos, de Sais e outros. Quanto a Jesus, a mais alta manifestao do Plano Espiritual Superior n a Terra, seus ensinamentos esto consignados no Evangelho cristo, a que nos referimos no Prlogo deste livro, e que vem sendo pe rpetuado at nossos dias pelos cristos de vrias seitas e confisses. Esta ltima manifestao era esperada de h muito e houvera sido pr edita por vozes profticas de vrias partes do mundo de ento, principalmente pelos israelitas o povo escravo, redimido por Moiss, preparado por mais de quarenta anos nos desertos do Sinai e do Paran para receber em seu seio o esprito radioso do Redentor. 19 Captulo 3 O NASCIMENTO DO MESSIAS As Profecias As profecias sobre o nascimento do Messias cumpriram-se em quase todos o sd etalhes e o prprio Jesus, nos diferentes atos de sua curta vida pblica de trs anos, a elas se referia sempre e lhes dava constan tes testemunhos, colaborando para seu cumprimento. Isso fazia no s para prestigiar os profetas, como canais que eram da revelao, como para demonstrar que esta antecede sempre os acontecimentos relevantes da vda da humanidade que, uniformente, express am-se os mandatrios siderais pela boca dos profetas ou mdiuns. As profecias hebrias, referentes ao advento do Messias redentor, confirm avam outras anteriores, (3) proferidas em outras regies do

mundo de ento, no sentido de um nascimento miraculoso, contrrio s leis naturais, atravs de uma virgem, sem contatos humanos que, conforme referiam, ocorrera com outros missionrios religiosos ou fundado res de movimentos espiritualizantes como, por exemplo, Zoroastro, Krisna, Buda. Essa concordncia permitia supor que os profetas hebreus deixaram-se infl uenciar por essas notcias que, gravadas em seus subconscientes, vieram tona no transe das revelaes, ou que, ent o, foram realmente verdadeiras, como verdadeiras foram todas as demais que proferiram sobre, por exemplo: a fixao de Jesus na Galil ia, da qual fez centro para seus movimentos e pregaes; os sofrimentos do Messias; seus sacrifcios; a traio de Judas; as ator mentaes e torturas na noite de sua priso; a morte na cruz; a ressureio, etc. Mas, se todas as profecias hebrias foram confirmadas, esta, entretanto, do nascimento virginal no o foi mas, ao contrrio, at hoje Vem se tornando motivo de controvrsias entre cristos. (2) Maiores detalhes, no livro "Na Cortina do Tempo", do mesmo Autor. (3) Vide "Exilados da Capela" - ed. Lake, do mesmo Autor. 20 Quando o excelso Missionrio, custodiado pelos seus luminosos assistentes espirituais, aproximou-se da atmosfera terrestre, no crucial sofrimento da reduo vibratria para adaptao ao nosso mundo ma terial denso, onde seus assistentes j lhe haviam preparado o nascimento fsico, quatro grupos de iniciados maiores, pertencentes qu elas correntes a que j nos referimos atrs, pressentiram essa aproximao e tambm se prepararam para apoiar e receber condignament e to sublime visitante; foram eles: os sacerdotes do TemploEscola do Monte Horeb, na Arbia, dirigido por Melchior; os Ruditas, soli trios dos Montes Sagros, na Prsia, cujo 1t era baseado no ZendAvesta de Zoroastro e cujo chefe era Balthazar, solitrios do Monte Z uleiman, junto ao Rio Indo, dirigidos por Gaspar, Senhor de Srinagar e prncipe de Bombaim; e finalmente, os Essenios, da Palestina, que habitavam santurios e mosteiros isolados e inacessveis, nas montanhas desse pas, da Arbia e da Fencia. A esses iniciados foi revelado mediunicamente a prxima encarnao do Messias, h tanto tempo esperado. Melchior, Balthazar e Gaspar foram os visitantes piedosos que a tradi o evanglica chama de "Reis Magos" e que visitaram o MeninoLuz nos primeiros dias do seu nascimento, em Belm. Foram tidos como m ago s porque vieram da direo do oriente, onde ficavam a

Caldia, a Assria, a Prsia, a India e onde a cincia da astrolog ia, da magia tergica e de outras espcies eram praticadas livremente. Alis, o prprio Evangelho justifica os ttulos, pondo na boca de um dos magos, sua chegada a Jerusalm, a seguinte frase: "Onde est aquele que nascido rei dos judeus? Vimos sua estrela no oriente e viemo s ador-lo". Mateus II - 1. Para a encarnao do anjo planetrio, o vaso carnal escolhido e j compromissado desde antes de sua reencarnao na Terra, foi Myriam, virgem hebria de famlia sacerdotal, filha de Joaquim e Ana. Moravam e m Jerusalm, fora dos muros, junto ao caminho que ia para Betnia. Ele era de Belm, da tribo de Lev, da famlia de Aaro e ela de Nazareth, da tribo de Jud, da famlia de David. J estavam ambos em idade avanada quando lhes nasceu uma filha que foi chamada M yri am, cujo nome significa beleza, poder, iluminao. Com a morte de seus pais foi ela internada por parentes no Templo de Jerusalm, junto s Virgens de Sio, que nas grandes festividades cantavam em cro os salmos de David e os hinos rituais, pois que as joven s descendentes de tais famlias tinham esse direito e podiam ser educadas primorosamente no Templo, consagrando-se, caso o quisessem, a seus servios internos. 21 Dois anos depois, segundo revelaes medinicas, Joseph, carpinteiro residente em Nazareth, cidadezinha da provncia da Galilia, usando de um direito que tambm lhe pertencia por descender da famlia de David, tendo enviuvado de sua mulher Deborah, filha de Alfeu e ficado com cinco filhos menores, bateu s portas do Templo pedind o que lhe fosse designada uma esposa. Nestes casos, a designao era feita pela sorte e a indicada foi Myria m. *** A expectativa por um Messias nacional, nesse tempo, era geral na Palestina, regio agravada pela pesada ocupao romana, que repercutia tambm, fundamentalmente, no Templo, por causa da reduo de autoridade e de prestgio do clero, at ento dominante e arbitrrio; e uma tarde, dias antes de sua indicao, estando Myriam sozinha em uma das dependncias do Templo, recordando o quanto tambm sofreraseuprogenitorcom essa situao e as preces que fazia pe

la libertao de Israel, adormeceu e teve um sonho, ou melhor dito, uma viso (pois era dotada de aprimoradas faculdades psquicas) d urante a qual um anjo a visitou e a saudou como predestinada a gerar o Messias esperado. Atemorizada, guardou silncio sobre o ocorrido, mas seus temores aumentar am quando, como era de praxe, foi escolhida pela sorte para esposa do pretendente Joseph, tambm pertencente famlia de David, em cuja linhagem pelas Escrituras, o Messias nacional deveria nascer. Este fato, para ela, foi uma evidente confirmao da viso qu e tivera e das palavras do anjo que a visitara, e seu esprito ingnuo e mstico compreendeu que sua aquiescncia quele consrcio era imper ativa. A partir de sua chegada a Nazareth e aps as comemoraes rituais das bodas, cerimoniais que, segundo os costumes, duraram vrios dias, dedicou-se aos afazeres domsticos sem poder, contudo, esquivar-se lembrana dos acontecimentos do Templo; e a vida do casal, desde o primeiro dia, ressentiu-se daquelas apreenses e temores. Foi-se retraindo o mais que pde da vida social e das intimidades doms ticas, recolhendo-se a prolongadas meditaes e alheiamentos, a ponto de provocar reprovaes de conhecidos, parentes e familiares. Vivia como dentro de um enlvo permanente, no qual vozes misteriosas lhe falavam das coisas celestiais, de alegrias sobre-humanas, de sofrimentos e de dores que lhe estavam reservadas no futuro, exatamente co mo, bem se lembrava, estava escrito nas Escrituras Santas povo. Por fim, sentindo-se grvida, confessou seus temores a Joseph, de c uja paternal bondade estava certa poder esperar auxlio e compreeno 22 Surpreendido pela revelao, Joseph, dentro da sensatez que lhe era atr ibuto slido, guardou silncio, aguardando o perpassar dos dias; mas estando evoluindo para termos finais a gestao e no podendo con fiar em estranhos ou parentes al residentes, resolveu levar a jovem espsa para Belm (4) onde ela ficaria sob os cuidados maternais de sua tia Sara. Pois foi al, naquela cidade histrica, por ter sido onde Samuel sagrou a David como rei, que deu-se o nascimento transcendente do Messias Redentor, ao qual foi dado o nome de Jesus. (Fig. 1). Este fato to relevante ocorreu no ano 747 da fundao de Roma e 1.0

da era crist, conforme admitimos por convenincia expositiva. (5) Contam as escrituras que o evento se deu num estbulo, o que no de se estranhar, tendo em vista a pobreza e a exiguidade das habitaes do povo naquela poca, e o fato de que os estbulos nem sempre eram lugares destinados a conter o gado, servindo tambm de depsito de material, forragem etc. E de se admitir que os hspedes ten ham sido acomodados em um compartimento desses, mais afastado do bulcio da casa e da curiosidade dos estranhos. Em Belm se encontram ainda vrios estbulos desse tipo, que servem, ora para habitao, ora para depsito de combustvel e forragem, ora ainda de acomodao a pastores nmades, quando vm cidade a negcios. (4) Belm nome modernizado; o nome antigo era Eufrates. Nas profecias se l, segundo Miquas: "Somente a ti, Bethleem-Eufrates, embora sejas pequena ante as muitas de Jud, de ti que vir Aquele que ser o soberano de Israel e cuja origem vem de longe, da eternidade" (5) Ao narrar a vida de Jesus e devido a divergncias existentes nos cale ndrios; para simplificar as coisas e evitar interpretaes diferentes, adotamos o sistema de considerar o ano 1 o primeiro a partir do nascimento; ano 33 o de sua crucificao, etc., desprezando o calendrio oficial, que considera tenha ele se verificado no ano 7 de nos sa era e 747 da fundao de Roma, 24 Captulo 4 CONTROVRSIAS DOUTRINRIAS Dentre as vrias controvrsias existentes sobre assuntos evanglicos, duas, pelo menos, devido a sua importncia, devemos apresentar neste livro: a que se refere concepo de Jesus e a da natureza do corpo que utilizou quando encarnado. *** A CONCEPO A respeito do nascimento de Jesus julgamos haver duas alternativas: aceitar a concepo sobrenatural, como consta do Evangelho de Mateus e de Lucas, ou admitir o nascimento natural, como querem vrias co rrentes espiritualistas e materialistas. Conquanto os evangelistas citados acima narrem um nascimento sobrenatura l, o Evangelho em si mesmo, estudado no conjunto dos seus autores, oferece elementos srios para se optar pelo nascimento natural.

A primeira das duas verses consta, como dissemos, de Mateus e de Lucas, mas no consta de Joo e de Marcos (tambm sinticos sendo isso deveras estranhvel, porque fato de tamanha importncia ou signifi cao espiritual, certamente que no ficaria esquecido deles, com a agravante de que Lucas no foi contemporneo dos acontecimentos, pois viveu vrios anos aps a morte de Jesus e escreveu, mais que tudo, pelo que ouviu dizer por terceiros. verdade que a seu tempo ainda viviam Tiago em Jerusalm e Joo em E feso, timos informantes, mas deles no recebia coisa diferente daquilo que eles mesmos informaram a outros, verbalmente ou por escrito, i s to : nenhuma referncia ao nascimento sobrenatural. Por outro lado, o erudito padre Jernimo, encarregado pelo Papa Damaso 1, em princpios do sculo IV, de selecionar e codificar os Evangelhos existentes na poca, adotados por vrias correntes sectri as diferentes e divergentes, em nmero de 44, ao proceder ao seu importante 25 trabalho, teria todo empenho em prestigiar a verso de Jesus- Deus, membr o da Trindade Catlica Romana, dando ainda maior nfase verso sobrenatural o que, alis, no fez. Se, alm de Mateus e de Lucas, outros documentos houvessem, provindos d e apstolos ou discpulos, com referncia a esse nascimento sobrenatural, evidente que tais informaes seriam mantidas na codi ficao denominada Vulgata Latina, que at hoje faz f em toda a cristandade, mas tal no aconteceu. Como o nosso objetivo no discutir o assunto, citaremos unicamente o que disse Joo em sua Primeira Epstola Universal, Captulo 4., n. 3: "todo esprito que no confessa que Jesus Cristo veio nacarne, no de Deus". Isto parece concludente. Nas demais epstolas de Pedro e Judas, da mesma forma, nada encontramos q ue confirme o nascimento sobrenatural. Pode-se, pois, concluir ou, pelo mnos, aceitar o nascimento natural, na concordncia tcita dos cinco evangelistas: Pedro, Joo, Tiago, Judas e Marcos. O CORPO DE JESUS primeira vista pode parecer que, aceita esta verso do nascimento nat ural, qualquer outra considerao seria ociosa mas, em respeito s

argumentaes dos que crm em contrrio (e so muitos) examinarem os tambm este assunto e os fatores que intervm nasua conceituao. Sempre se julga desinteressante debater temas desta espcie, no s p or faltarem elementos srios de comprovao, caso em que os argumentos no sairiam do campo das opinies pessoais, de valor sempre muito relativo, como, tambm, porque a verso adotada pelos contestadores em nada modificaria os fatos, tanto na sua origem, como na su a natureza e consequncias. A controvrsia, assim como outras muitas existentes, vem de longe, desde os tempos do cristianismo primitivo, tendo tido, mesmo, um Ponto alto no reinado do imperador Juliano cognominado o Apstata " quando proliferavam seitas divergentes. Juliano chefe do imprio romano do Oriente, educado na religio cat lica romana e dela tendo abjurado convocou, no ano de 364, em Constantinopla, sede do imprio, os representantes de todas essas seit as divergentes crists; mandou fech-los em um grande recinto e deu-lhes prazo de alguns dias para acertarem suas divergncias doutrin rias, que causavam agitao e tumulto entre o povo. Ao fim do prazo marcado, compareceu ao recinto para ouvir as concluses f inais, verificando, porm, que no houvera entendimento 26 algum entre os disputantes, dentre os quais os mais intransigentes eram os docetistas, surgidos no sculo II, que no reconheciam Jesus segundo a carne e afirmavam que Ele possuira somente um corpo aparente. Essa opinio foi defendida tambm por Marcion, Atansio, o Grande, S. Joo Crisstomo, Clemente de Alexandria e outros luminares entre os antigos padres cristos. O prprio Paulo de Tarso, em sua Epstola aos Romanos 8-3, diz: "que Deus enviou Seu Filho em semelhana de carne". Paulo era dotado de m uita cultura e viveu ainda perto do tempo de Jesus e teria elementos para afirmar essa verdade. Essa controvrsia permaneceu em toda a Idade Mdia, atingiu os dias da codificao da Doutrina dos Espritos, com Roustaing, e permaneceu at hoje entre escritores e pregadores espritas encarnados e desencarnados que, na ausncia de documentao probante, limitam-se, como dissemos atrs, a formular suas prprias e mais ou men os respeitveis opinies pessoais.

Por isso limitamo-nos unicamente a abordar o assunto, como numa simples t ro ca de idias e simples cooperao, perguntando: P- Existe nos Evangelhos alguma coisa que prove ter sido fludico o corpo fsico de Jesus? R - No. O que existe so alguns fatos ou palavras que podero alimen tar tal suposio. P - Existe alguma prova de que Seu corpo fsico era de carne, igual ao de outras pessoas comuns? R - Sim, em termos, existe. Se no o fosse como poderia Ele ter carregado nas costas, por vias urbanas estreitas e mal caladas, irregulares e ngremes, a pesada cruz de madeira, sob cujo peso caiu v rias vezes? S se fosse por efeitos fenomnicos, o que seria uma incrvel simulao da verdade. Nasceu, cresceu, viveu junto a Seus Pais e parentes; conviveu com inmera s pessoas; enfrentou multides; sofreu a carga vibratria, incrivelmente pesada, de milhares de necessitados e doentes; alimentou-se m uitas vezes em companhia de seus discpulos e seguidores; foi pregado na cruz e ali desencarnou vista de muitos. P - Mas como, sendo de carne comum, poderia desmaterializar-se, como fez v rias vezes e de forma to natural e perfeita, como consta dos Evangelhos? R - Porque tinha um corpo de carne, sem dvida, porm de consis- tnc ia diferente, de densidade muito menor, de matria mais pura, de vibrao muito mais alta, adequada a conter um esprito de Sua elevad a hierarquia; corpo, a seu turno, gerado por um vaso fsico devidamente preparado e selecionado anteriormente ao nascimen to, de vibrao e pureza que comportasse Sua permanncia em nosso plano grosseiro e impuro. Desta forma as desmaterializaes e outros fenmenos narrados pelos e vangelistas se tornariam explicveis em todos os sentidos. E mesmo que assim no fosse, Jesus, pela sua alta posio de Governador Espiritual do nosso planeta, possuia poderes para agir em todas as circunstncias julgadas justas. p - Mas como pde Ele conviver com seus discpulos, durante 40 dias, ap s Sua morte na cruz? R - Porque depois da morte, agora sim, estava utilizando um corpo fludic o, numa densidade que permitiu manifestar-se de forma objetiva e tangvel no nosso plano.

Concluindo podemos, pois, dizer que Jesus possua um corpo fsico espec ial de carne, prfeito, delicado e puro, de vibrao superior ao comum dos homens, enquanto viveu encarnado; e manifestou-se em corpo fl u dico suficientemente condensado, aps a crucificao e morte fsica. 28 Captulo 5 OS REIS MAGOS Algum tempo antes do nascimento, tanto na Palestina como nos pases visin hos e no Oriente, correu o aviso, dado pelos sbios assrios e caldeus entendidos em astrologia, que estava se formando, em dado ponto d o Zodaco, uma estranha e imprevista conjuno de corpos celestes: aproximavam-se Jpiter, Saturno e Marte. Isso, diziam eles, era sinal de acontecimentos graves, podendo sobrevir cat aclismas e sofrimentos imprevisveis. Por isso, em toda parte, o povo, ansioso e atemorizado, prescrutava os c us, noites seguidas, na expectativa das desgraas anunciadas. Mas os sacerdotes do Templo de Jerusalm sabiam que era chegada a poca do nascimento do Messias de Israel e se rejubilavam esperanosos, enquanto que Herodes chamado o Grande no seu pal cio de mrmore e pedra escura, de Jeric, ou em Jerusalm, remordia-se de inquietaes, na suposio de que tal acontecimento lhe roubasse o trono e o poder, dados por Csar, porque as esperanas e desejos do povo, bem sabia, eram para um Messias nacional, q ue assumisse o poder em Israel, proclamando-se rei e expulsasse os romanos invasores. Nas terras pags da Grcia, Egito, Arbia, Prsia e ndia as sibi las, tambm, j tinham, h muito tempo, profetizado a respeito do nascimento e, por isso, uma geral e profunda expectativa existia, de um aco ntecimento extraordinrio que abalaria a vida dos homens e mudaria os destinos do mundo (6). ** * (6) Vide a msrna obra citada pg. 18, que descreve pormenorizadame nte os acontecimentos. At que enfim, numa dessas noites frias e estreladas do inverno paleStino

quando, na profundidade dos espaos siderais, se completava a conjuno inslita, as vibraes celestiais desceram sobre Bel m e envolveram a casa humilde onde o Menino-Luz estava nascendo. E os pastores rsticos, enrodilhados nos seus mantos, nas encostas dos mo ntes prximos, beneficiados de incrvel lucidez, viram os clares luminosos que desciam do cu, e ouviram o coro inaudvel dos Espritos clamando, para todo o mundo: "Glria a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade" E assim, mais uma vez, as foras das trevas foram vencidas *** Mas, este fato foi tambm percebido pelos sensitivos das Escolas de Sabed oria j citadas, sobretudo pelos Essnios, que se mantinham em prece, vigilantes, aguardando a hora do grande evento, do qual tiveram l ogo informaes diretas, por intermdio dos adeptos da Ordem e pelos irmos Terapeutas, que viajavam por toda parte, existindo, mesmo, alguns no prprio local onde o acontecimento se deu. Quanto aos demais, devido s enormes distncias em que se encontravam, permaneceram investigando e aguardando confirmaes, porque ignoravam o local exato onde o nascimento deveria ocorrer. Mas, por fim, perceberam que a resposta estava no prprio cu, porque a estranha conjuno de astros se operava no signo de Piscis que, astrologicamente, era o que governava os fastos da nao judaica; ao de mais, verificaram que a profecia de Miquas, muito remota, j informava a respeito dizendo: "E tu, Bethleem Efrata, conquanto pequena en t re as muitas de Jud, de ti sair aquele que ser o senhor de Israel" Como tambm j o afirmara a profecia de Zoroastro, feita na Prsia, 3 .200 anos atrs, que dizia: "Oh! vs, meus filhos, que j estais avisados do Seu nascimento, antes que qualquer outro povo; assim que virde s a estrela, tomai-a por guia e ela vos conduzir ao lugar Onde Ele, o Redentor nasceu. Adorai-o e ofertai-lhe presentes porque El e a palavra, o Verbo, que formou os cus" E ainda no lhes sobrava, a esses Iniciados, o recurso da mediunidade? As sim como aconteceu com os mseros pastores, que "viram e Ouviram", no poderiam ter sido eles tambm avisados pelos Espritos sobre tal acontecimento, diretamente? Nessas comunidades de solitrios se realizavam prticas espirituais, co mo as fazemos hoje; muitos deles possuiam magnficas faculdades e um acontecimento desses, de tal significao para a vida planetria

, certamente que seria revelado a todos aqueles que merecessem conhec-lo, no momento oportuno. E entre estes se colocavam os Chamados R eis Magos. 30 Concluindo, pois, que o Messias nascera na Palestina, esses detentores da s abedoria espiritual de maior responsabilidade, partiram nessa direo, para conhecerem e adorarem o alto esprito missionrio. A referncia citada pelos prprios viajores a uma "estrela guia" poderi a ser simplesmente simblica, a estrela em si mesma representando a conjuno de astros; como tambm poderia ser um Esprito visto pe la vidncia que, sob essa forma, serviu de guia s caravanas que buscavam aproximar-se do Menino-Luz. No comum nos Planos Espiritua is , os desencarnados de certa categoria tomarem a forma de estrelas ou outras quaisquer? No sabido que os Espritos podem ass umir as formas que desejam, bastando que as imaginem? Essa, at mesmo, seria uma belssima tarefa de participao em acontecimento de tal grandeza As caravanas desses Iniciados maiores viajaram durante muito tempo, vindo s de suas terras distantes e, por fim, se encontraram, em feliz ou proposital coincidncia, e.m Sela, lugarejo situado nas faldas do Mont e Hor, na Arbia, onde se reconheceram e se incorporaram a uma caravana de mulas que se aprestava para atravessar as montanhas de M oab , a leste do Mar Morto; nesse ponto abandonaram a caravana e seguiram juntos para Jerusalm. Mas enquanto os "Reis Magos" estudavam o acontecimento, faziam seus pre para tivos e realizavam sua demorada e custosa viagem, o Menino-Luz se desenvolvia: aos oito dias foi levado Sinagoga local para ser apresentado e registrado, como era de praxe; como tambm de praxe que, ao oitavo dia, os recm-nascidos fossem circuncidados, cost ume adotado tambm pelos cananeus, fencios e srios. Para os judeus queria dizer que a criana, com isso, entrava no pacto de Jeovah, passando a ser herdeira das promessas divinas, conquanto fosse tambm medida de higiene corporal. Aos quarenta dias foi levado por sua Me a Jerusalm, onde lhe cabia pr omover os ritos da purificao, que se resumiam em um

holocausto vivo; no caso dela, que era possuidora de parcos recursos, o hol ocausto era de uma pomba, entregue no Altar dos Holocaustos ao sacerdote em servio, o qual cortava o pescoo da ave, torcia-o para trs de forma que o sangue, ao afluir, caisse sobre as brasas do Altar, findo o que a vtima, ainda estremecendo, era atirada em um recipi ente existente ao lado; em seguida a ofertante passava ao Templo propriamente ditoO Santo para que a criana fosse consagrad a ao Senhor, quando primognita que era o caso de Maria. No Templo havia rodzio de sacerdotes, alguns dos quais eram secretamente filiados Irmandade Essnia, os quais j sabiam quem era o menino a ser consagrado naquele dia. Por isso prepararam, em sigilo, uma s o lenidade especial: Maria e Jos foram recebidos pelos sacerdotes Simeo de Bethel e Eleazar, rodeados de seus aclitos. As vi rgens de Sio cantaram hinos, e preces se elevaram aos cus, enquanto o velho Simeo, tomando o Menino nos braos, o consagrou excla mando: "Agora, Senhor, despede em paz teu servo, segundo a tua palavra, porque os meus olhos j viram a tua salvao". (7). Nesse momento, o vu do Templo, luxuoso, pesado e de enorme altura, fend e u-se, caindo para um dos lados e uma paraltica, que se achava perto, levantou-se sobre seus ps e andou. Tudo isso, tanto no ato como depois, motivou comentrios e estranhezas e, como medida de segurana para o Menino, foi ele afastado sem perda de tempo, de Jerusalm, porque qualquer fato ou circunstncia que se relacionasse com o nascimento do Messias de Israel, to esperado e j ocorrido, segundo os boatos existentes e agravados com a ch egada, to comentada, dos "Reis Magos", despertava logo a ateno e a interferncia indesejvel do clero judaico e dos esbirr os de Herodes. Herodes, que sempre estivera preocupado com as profecias, assim que toma ra conhecimento da conjuno planetria fora do comum, espalhara seus espies por toda parte, cata de algum nascimento sobre natural (como constava das profecias) e um desses espies viu quando os trs viajantes orientais, acompanhados de seus serviais, ent raram na cidade, indagando de uns e outros: "Onde est o Messias Salvador do Mundo, cuja estrela vimos no Oriente? Eviu tambm quando esses viajantes ilustres penetraram no Templo onde, n

aturalmente, como supunham, obteriam informaes srias e positivas. Aguardou a sada deles, para segui-los e descobrir o endereo que busca vam, mas os sacerdotes essnios perceberam o perigo e providenciaram a retirada dos visitantes por passagens secretas que davam p ara o campo, fora dos muros, no caminho de Betnia; e dali prosseguiram eles diretamente para Belm de onde, advertidos em sonho dE que no deviam mais voltar a Jerusalm, tomaram o rumo de suas terras por outros caminhos, como consta de Mateus 1-12. Mas quando, finalmente, em Belm, foram conduzidos presena do Meni no, este j estava crescido (dez meses e meio); e foi uma (7) Simeo tinha recebido mediunicamente a informao de que no morre ria enquanto no visse a chegada do Messias. 32 cena comovente aquela em que esses altos iniciados se viram na presena d o Senhor do Mundo, do Governador Planetrio. Consultaram seus pergaminhos, suas anotaes, fizeram sobre o Menino as verifica es prprias das circunstncias, tanto no corpo fsico como no espiritual e, por fim, se convenceram de que, realmente, ali estava encarna do o Messias Planetrio. (8) Prosternaram-se, ento, perante Ele e o glorificaram; fizeram-lhe ofertas teis de recursos prprios e necessrios vida material e, aps isso, guiados sempre por essnios terapeutas que conheciam o Pas a fun do, retiraram-se para suas longnquas terras. O fato do Divino Mestre ter sido pressentido em primeiro lugar por pastores humildes, prova que sua tarefa era de redeno para todos os homens e, deixando-se adorar por altos dignitrios estrangeiros, sacerdot es de religies diferentes, testemunhava de que sua mensagem seria de extenso universal. (.8) O Buda Sidarta, por exemplo, revelou possuir os sinais caracterstic os de sua altssima condio missionria. O Dalai Lama, ao nascer e antes de assumir o poder religioso, no Mosteiro de Lhassa, no Tibe t, era procurado, encontrado e aceito, aps verificaes cuidadosas de sua identidade e aps, tambm oferecer provas irrecusv eis de que era a reencarnao do mesmo esprito anterior. Para

isso consultavam-se os orculos do Estado e os lamas dotados de faculdade s medinicas, e aps isso a busca era ento iniciada, Determinado o local do nascimento, o menino era submetido a inmeras pro v as, inclusive exames de aura, do chacra coronrio, etc., tudo de acordo com as tradies e os ritos lamaicos. 33 Captulo 6 EXLIO NO ESTRANGEIRO Ao tempo do nascimento, como j vimos, governava a Judia, vivendo em s eus palcios de Jerusalm e de Jeric, Herodes, o Grande, idumeu de origem, que assumira o governo 39 anos antes. Houve quatro Herodes este, chamado o grande chefe da estirpe; Herodes Antipps, seu filho, tetrarca da Galilia (9) que mais tarde mand ou matar Joo Batista e tomou parte indireta no julgamento de Jesus; Herodes Agripa aventureiro audaz que convivia na corte dos csar es romanos, o mesmo que mais tarde, mandou matar Tiago em Jerusalm e prender Pedro; e, por fim, Herodes Felipe gov ernador da lturia, a quem j nos referimos. Todos eles apoiavam os romanos e por isso eram execrados por seus compat rio tas israelitas. Herodes, o Grande, teve vrias mulheres e a todas exilava ou mandava matar, o que, alis, fazia tambm com seus pr prios filhos, tendo mandado enforcar, por motivos deconspirao, a dois deles: Alexandre e Aristbulo, esmeradamente ed ucados em Roma. Herodes, o Grande, era judeu, conhecia as escrituras, sabia do valor das pr ofecias; como qualquer judeu, temia os profetas mas, sobretudo, temia pela sua prpria segurana como rei, face s rea es que o advento de um Messias nacional produziria no seio do povo. O povo, assim como a corte herodiana, viveram em constante temor at a m o rte do dspota, que ocorreu em circunstncias trgicas. Era tradio nessa famlia de potentados cruis, que a presena d e um corvo, quando bem marcante, representava um prenncio de desgraa. Estava ele assistindo a um espetculo no anfiteatro que (9 O termo tetrarca era ttulo dado ao prncipe que governava a quarta parte de um reino desmembrado, como era o caso de Antipas, que governava a gal ile ia

e Pera, uma das quatro regies em que a Palestina (antigo reino), se d esmembrara; sendo as outras: JudEa e Samaria (sob governo do Procurador Romano), e Itureia (provncia a orienta do Jordo), cujo governador era Herodes Felipe. 34 CONSTruira em Jeric, quando um corvo revoluteou sobre a arena e veio e m seguida empoleirar-se numa trave do camarote onde se encontrava. Impressionado, abandonou imediatamente o circo e regressou ao seu palcio , onde foi acometido de uma terrvel doena, o cncer, da qual morreu em pouco tempo, com atrozes padecimentos, abandonado por t odos os parentes e servidores. Vivia ele rodeado de mgicos e adivinhos (como era comum entre as cortes reais) e mantinha um exrcito de espies espalhados pelo pas e pases visinhos, (e j vimos como um desses espies observou a cheg ada dos "Reis Magos", sua entrada no Templo, e como foi burlado na sua investigao). No tendo podido arrancar desses ilustres viaja ntes o segredo da identidade e da localizao do suposto Messias, duplicou sua vigilncia e, durante quase dois anos, vasculhou o pas se m o menor resultado, concentrando, por fim, suas buscas nos arredores de Belm, que as profecias acusavam como local do nascimento. ( 10) Mas como as buscas se multiplicavam, pondo em perigo a segurana do Me nin o-Luz, os Espritos protetores aconselharam, em sonho, a Jos, que se ausentasse do pas para o Egito, o que foi feito com aux lio dos Essnios que, como j dissemos, possuiam inmeros adeptos espalhados por toda parte, alm dos Irmos Terapeutas, que viajavam con stantemente no trabalho de socorro e auxlio ao povo necessitado, pas onde Jos, para manter a famlia, trabalhou no seu ofcio de carpinteiro. Outra verso, de carter medinico, diz que os Terapeutas levaram o Menino e seus Pais para a Fencia, local onde Herode s no tinha autoridade, e al os agasalharam no convento do monte Hermon, onde permaneceram durante cinco anos, at bem depois da Mor

te de Herodes e das lutas internas que houve entre seus herdeiros, na disputa de cargos e de riquezas; e que, aps desaparecido t odo perigo, voltaram para Nazareth, situada, como sabemos, na Galilia, a 123 quilmetros de Belm. (11) (10) Este o local onde Mateus refere ter havido uma matana de crian as por ordem de Herodes, na esperana de que entre os mortos estivesse tambm o Messias esperado. (11) Nessa casa de Nazareth, viveu Myriam e aps o drama do Glgota, to rnou-se ela o ponto de reunio dos apstolos e dos discpulos durante a perseguio do clero judaico que somente amainou com a morte do velho Hanan e a converso de Saulo de Tarso. Captulo 7 A CIDADEZINHA DE NAZARETH A cidade de Nazareth, onde o Menino passou os primeiros tempos de sua inf ncia, ficava situada em um vale frtil e belo e tinha uma Populao de mais ou menos 5.000 habitantes. Era um aglomerado de casinhas baixas, na maior parte encravadas nas encos ta s dos morros, para dentro dos quais ficavam os cmodos interiores. Casas rsticas, mal ventiladas, escuras, porm frescas no v ero e bem protegidas no inverno. Era rodeada de olivais e vinhedos, que desciam das encostas formando degr au s. Pouso obrigatrio de caravanas que vinham de Damasco ou de Jrusalm e, por isso mesmo, lugar mal frequentado e de m fama. P ossuia vrios poos de gua e albergues para caravaneiros e erguiam ali as tendas de ferreiros, carpinteiros e outros artfices que t rabalhavam para atender s necessidades das caravanas. Nazareth ficava bem no centro da Galilia que, por sua vez, era regio desprezada pelos judeus, por ser habitada por homens rsticos, pouco fiis s leis e aos ritos judaicos. Por isso os judeus diziam del es: "esse povo sentado nas trevas e nas sombras da morTE. Realmente gente de sangue impuro, -Mistura de srios,fencIos, ilnio s e gregos e, quando o nome de Jesus comeou a ser citado como rabi poderoso, os judeus escarneciam, dizendo e cuspindo de lado: "No sa ir profeta da GalilIa". E quando verificaram que ele era de Nazareth, ento exclamavam perguntando: "Pode vir alguma coisa boa de N

az arethe? muito mais tarde, aps o batismo simblico de Jesus, ao organizar-se o quadro de discpulos, convidaram a Natanael, deCan a segui-lo, e este repetiu o mesmo refro, duvidando: Pode vir alguma coisa boa de Nazareth? Seus habitantes, sobretudo os mais pobres, usavam uma tnica de estamenh a amarrada cintura por um cadaro de linho; andavam Descalos com uma sola de madeira presa aos ps. 36 Nazareth no ficava propriamente na estrada de caravanas, mas a uma peque na distncia desta; a estrada principal passava por Sforis a capital da provncia, cidade importante, a meio dia de jumento de Nazaret h e onde havia escolas, academias e inmeras sinagogas, cujos letrados estavam sempre ao corrente das emendas e alteraes que, em Je rusalm, se faziam nos textos, pelas academias maiores dirigidas por HilIel, por Schammai e Nicodemo. Em toda a Palestina a sociedade era dividida em homens "puros e impuros"; c ultos, de genealogia pura, cumpridores exatos da Lei, denominados chaverins; e incultos, rsticos, homens da terra, de genealog ia obscura, confusa, misturada a raas impuras, denominados amharets. Na Galilia predominavam os homens da terra, os impuros, mas era ela a re gio mais bela da Palestina. At a fala dos galileus era diferente e tida como brbara. To difere nte que Simo Pedro, no ptio de Hanan, beira do fogo, naquela noite fria e triste em que o Mestre estava sendo julgado, tentou negar ser seu discpulo, quando interpelado por uma mulher do servio da casa, mas foi por ela imediatamente desmascarado quando ela disse: "Tu s tambm dessa gente, pois te reconheo pela fala". Na cidadezinha todos se dedicavam ao trabalho, sol a sol, pois eram pobres, quase que sem exceo. Alis todo israelita que se presava aprendia um ofcio. Havia um refro dizendo: "aquele que no ensina u m ofcio a seu filho, prepara-o para salteador de estrada". Paulo de Tarso, por exemplo, era tecelo; Nicodemo era barbeiro; Judas, o leiro; Jos, carpinteiro e o prprio Jesus, aps a morte de seu pai, que se deu no ano 23, concorreu manuteno da famlia, traba lhando no mesmo ofcio, quando seus irmos afins tambm j se

haviam casado. INFNCIA E JUVENTUDE DO MESSIAS Desde que seus pais voltaram a Nazareth, vindos do exlio demorado, o men ino comeou a frequentar a sinagoga local, acompanhando a famlia aos sbados, para aprender a orar segundo os ritos e se instrui r na Thora; porm, logo depois, suas extraordinrias qualidades puseram-no em franca evidncia, no s perante os mestres como perant e os colegas, criando-lhe hostilidades de muitas espcies; e isso obrigou seus pais a providenciarem sua instruo primria na prpri a residncia, com auxlio do hazan da sinagoga local. Ele era realmente diferente das demais crianas e no as acompanhava em suas diverses e correrias; possuia uma inteligncia fora do comum e uma seriedade que constrangia e irritava a todos. O tempo local era uma vasta sala rstica, com duas ordens laterais de colunas, com tabiques de madeira separando os homens das mulher es ; aos lados haviam bancos e, ao fundo, um estrado elevado, contendo um armrio para guardar os rolos das escrituras e os smbolos judaicOs, que eram trs, a saber; a miniatura da arca da Thora, o cacho de uvas e o candelabro de sete braos; uma mesinha de pernas altas, com estante, para facilitar a leitura dos rolos, e, frente do estrado, vrios assentos especiais para as pessoas mais importantes do lu gar, que permaneciam com a frente voltada para a assistncia. Eram os chamados "primeiros lugares" aos quais Jesus se referiu em uma de s uas parbolas. Logo abaixo existia uma cadeira de pedra chamada "o trono de Moyss", on d e se colocava o hazan, rodeado dos sete conselheiros letrados, que usavam tnica ritual preta. Depois do plpito ficava o po vo, sentado em pequenos bancos rsticos, agrupados segundo as profisses e condies de "pureza e impureza". Na hierarquia profissional eram consideradas profisses mais elevadas e d ignas: as de ourives, fabricantes de sandlias, roupas e paramentos; e inferiores: as de tecelo, curtidor, tosquiador, vendedor d e unguentos e perfumes, estes dois ltimos considerados de m fama, por lidarem mais particularmente com mulheres. Mais afastados ficavam os sem profisso, os mendigos e, ainda mais longe, os almocreves, os que recolhiam as sobras das colheitas e, por ltimo, os sitiantes, que no cumpriam os ritos da Thora; os gentios e nativos edomitas e moabitas, estes ltimos presentes somente para

ouvir os textos que lhes eram, ao fim, repetidos em aramaico, lngua usad a tambm na Sria oriental. Naquele tempo o que mais preocupava a todos os espritos era a vinda emin ente do Messias Nacional e, s crianas, se ensinavam profecias evocativas, lendo versculo por versculo e decorando todos e les, para repetir quando interrogadas. Quando Jesus ia ao Templo local, nas cerimnias pblicas do culto, seu esprito costumava, s vezes, exteriorizar-se e, imprevista- mente, intervinha, de um ou de outro modo, esclarecendo os ouvintes, Como se fos se uma autoridade sapiente. Numa das primeira vezes em que l esteve, interrompeu o hazan (12) para corrigir uma interpretao do texto lido, referente ao profet a Samuei e isso, como era natural, pela sua pouca idade e atrevimento, causou escndalo. (12) Sacerdote ou funcionrio da administrao dos servios do Temp lo e de Suas relaes PBLICAS. 38 Depois que passou a estudar em casa e j se desenvolvera bastante, ajudav a seus pais nos trabalhos domsticos, na cultura do horto e no apascentamento do pequeno rebanho da famlia e, nesses trabalhos, aprende u os hbitos e os costumes do povo local.De outra parte interrogava os dirigentes e membros das caravanas, para obter conhecimento s sobre pases estrangeiros, seus costumes, religies, etc. e tudo isso concorreu bastante para que pudesse idealizar, mais tarde suas ma ravilhosas parbolas e alegorias. O Evangelho est repleto de narrativas sobre curas e "milagres" efetuados por Jesus. Na realidade isso vinha acontecendo desde seus primeiros dias e aconteceria at os momentos trgicos do Glgota. Desde criana, o Divino Enviado, muitas vezes s com sua presena, op erava curas e fenmenos incomuns e, medida que seus poderes psquicos se foram exteriorizando com o crescimento, maiores e mais numer osas eram as circunstncias em que tais fatos sucediam, enchendo de assombro e respeito a todos quantos os presenciavam. Ao deparar com o sofrimento humano em qualquer de suas formas, o Divin

o Mes tre sentia-se tomado de compaixo e fludos magnticos irradiavam dele em grandes ondas. Como esprito de elevadssima condio (pois era um serafim do S timo Cu de Amadores), j integrado na unidade da Criao Divina, esprito da Esfera Crstica, padecia com o sofrimento dos homens e nem sempre podia esconder as prprias lgrimas. aproximao de sofredores e malfeitores seu corao sangrava e no sossegava enquanto no beneficiasse a todos eles. E, com o passar do tempo, essa sensibilidade extraordinria, realmente divina, aumentou d e tal forma que, muitas vezes (como acontecia no perodo das pregaes), o levava ao esgotamento fsico, sendo obrigado a afastarse para refazer-se, porque estava atuando em um corpo de carne, sujeito s fraquezas prprias do plano denso em que vivemos. Desde quando adolescente, em Nazareth, com auxlio do hazan local, assist ia e socorria necessitados, inclusive escravos e persegui- dos (13). "Se tens amor ao teu prximo", dizia Jesus, "sentirs em ti mesmo suas dores e alegrias e, quando doente, poders cur-lo de seus males". "O sofrimento", afirmava, " a fonte do amor; as dores so cordas que n os atam ao Pai do Cu". "Bem-aventurados", acrescentava, "os que sofrem misria e doena, porque pagam nesta vida suas dvidas e grandes alegrias preparam para si mesmos na vida eterna". Aos doentes, muitas vezes, quando era jovem, perguntava: "Acreditas que s ou capaz de curar-te? Se a resposta era afirmativa, respondia: "Pois ento ests curado, porq ue a f uma fora poderosa". Ou ento: "Crs sinceramente na misericrdia de nosso Pai Celeste"? Se a resposta era afirmativa, dizia logo: "Ento, na certa que te curars, porque a bondade de Deus infinita". E sempre rematava esses curtos dilogos pedindo a Deus, fervorosamente, p ela cura do doente. (13) Pela legislao de ento, o escravo fugido que se abrigasse em u ma casa, no devia ser devolvido ao dono, mas sim aceito e protegido. Aps sete anos de servio, o escravo podia pedir sua liberdade, que lhe era dada mediante documento escrito, que as autoridades tinham o dever de fornecer.

40 Captulo 8 JERUSALM Ao tempo de Jesus a Palestina tinha aproximadamente trs milhes de hab itantes. Dividia-se em quatro provncias, a saber: A ituri, a oriente do Jordo A Galileia, contendo parte da Pera, ao norte; ao centro a famosa Samaria inimiga dos judeus, que levantara no Monte Garizim, um enorme templo que rivalizava, em termos, co m o de Jerusalm; e ao sul, aJudia, bero dos judeus de raa pura e aristocrtica. Jerusalm era a capital nacional, famosa em todo o mundo antigo centro d vida religiosa, sede do governo nacional, situada sobre um altiplano de quase mil metros de altitude, defendida por cinco quilo- metro s de muralhas e profundos vales e montes, num dos quais estava localizado o Grande Templo. Possuia a cidade trs bairros a saber: a cidade alta, residncia dos ri cos, situada no !.i; a cidade baixa, situada s margens do Fosso de Terapion, onde se aglomerava o povo pobre; e o bairro do Tepj com suas vas t ssimas dependncias, dominando todas as imediaes e ligado cidade alta por meio de uma larga e extensa ponte de pedra. Normalmente, era de 65 a 70 mil habitantes a populao da cidade, nm ero este permanentemente multiplicado pelo movimento intenso de forasteiros e peregrinos. Pela Pscoa do ano 12, tendo atingido idade legal, que lhe permitia certa independncia, Jesus, pela primeira vez, acompanhou sua famlia na peregrinaO de costume, no ms do Nizan (14). (14) Maro. Eis os meses do calendrio hebreu, na mesma ordem do nosso: Shebat - Adar - Nizan - Ziv - Sivan - Tammuz - Ah - Elul - Tishri - Bul - K islev - Tabeth. Nessa poca de todos os pontos da Palestina e de pases visinhos, aflui am Capital judaica caravanas inumerveis de peregrinos que se reuniam segundo as procedncias, interesses, amizades, laos de faml ia, etc. Ao passar uma caravana por determinado lugar, iam-se-lhe agregando todos aqueles que o desejassem, aps o devido entendimento co m o guia que a comandava.

A rota de Nazareth a Jerusalm, aps a cidade de Sichem, tornava-se per igosa por causa dos bandos de malfeitores romanos, herodianos e mesmo judeus, que infestavam os ermos. Alm disso, Sichem ficava na Sam ar ia, regio detestada e proibida. Por isso todos viajavam em bandos ou caravanas que possuiam guardas armados para defender os viajan tes e preferiam a rota mais extensa, porm mais segura, com 140 quilmetros, passando sucessivamente por Scytopol is, Sebaste, Antipa tris e Nicopolis. Por esta rota, ao terceiro dia, os peregrinos atingiam a Capital, passando, ao chegar, pela via das rochas vermelhas que chamavam de Caminho de Sangue. Por fim subiam ao Monte das Oliveiras, do cimo do qu al a vistavam as cpulas douradas do Grande Templo. Agitavam ento palmas, arrancadas do arvoredo rasteiro e entoavam o "C ntico dos Degraus", de David: "HalIel! HalIel! Haleluia! Nossos passos se detm s tuas portas, oh! Jerusalm !". Esse canto b em representava a alegria intensa da chegada. Descrever o que se passava em Jerusalm durante a Pscoa tarefa eno rme, muito alm dos limites postos a esta obra e limitamonos a dizer que, ao chegar, os peregrinos acolhiam-se, parte em casa de parentes, parte acampava em lugares previamente marcados pelas autoridades clericais, mas sempre dentro dos muros e muitos permaneciam sem abrigo, aboletand o-se sombra de muros, portais de residncias, prdios pblicos, etc. (Fig. 2). Os que acampavam, armavam suas tendas, muitas delas ricamente ornadas d e fe stes e barras de prpura, com indicaes de suas origens geogrficas; preparavam ali seus alimentos, expunham mercadorias vend a, iniciavam visitas de negcios, misturavam-se com as multides nas ruas e no Ptio dos Gentios, no Templo, enquanto novas ca ravanas desfilavam pelas ruas, chegando de todas as partes e enchendo a cidade de alarido e de tumulto. E isso durava dia e noite, durante todo o tempo em que ass erimnias da P scoa se desenvolviam na cidade, at que, terminadas estas, s agrupamentos se recompunham, nas mesmas condies da chegada e iam, u m a um, demandando as portas da cidade, cantando Coros, rumo a seus lares distantes.

Em Jerusalm, os pais de Jesus se hospedavam em casa de Lia, Parenta de M yriam, onde tambm se juntavam outros parentes e conhe Cidos, tomando conta dos cmodos interiores e dos ptios. 43 Foi nestas condies, diz o Evangelho, "que ao regressar a caravana, no primeiro pouso (15), deram pela falta do menino e voltaram cidade para procur-lo; e que o encontraram, ao fim de trs dias, em um dos ptios do Templo, discutindo com os doutores". No h que estranhar esse desaparecimento porque, hora da partida, havia sempre intensa balbrdia na caravana, at que esta se formasse em ordem e, quando ela se movia, os vares iam frente, canta ndo e tocando seus instrumentos, vindo em seguida as mulheres e os velhos, com os seus bordes. Quanto s crianas, estas andavam d e um lado para outro, livremente, na marcha, s vezes correndo, mesmo, frente da caravana, para chegarem primeiro ao ponto de pouso. De maneira que, sada, os pais do menino, no estando juntos, mas separados, pensaram, um, que o menino estava em companhia do outro ou, talvez, em companhia dos outros meninos, nas suas alegres correrias, s dando pela falta, depois que todos chegaram ao pous o. Por isso voltaram a procur-lo e o encontraram no Templo, discutindo com os doutores. (15) Beeroth, no citado, a 15 quilmetros da cidade. 44 Captulo 9 JESUS NO TEMPLO No Templo era costume sentarem-se os rabinos em bancos rsticos, nos p rticos de entrada e nos seus ptios pblicos, e, ao redor deles, se aglomerava a multido de assistentes, vidos sempre de ouvir coment rios sobre a Lei de Moyss, que cada rabino fazia segundo os pontos de vista da "Escola" da linha inicitica qual pertencia, isto , dos saduceus ou dos fariseus, das escolas de HilIei ou de Schamai. Jesus realmente no seguira com a caravana; o Templo o atraa de forma irresistvel e, durante os dias que passou na cidade, no andava em outros lugares que ali dentro, vasculhando todos os cantos, ptios e d ependncias, observando tudo o quanto se passava. Naquele dia se aproximara de uma reunio que se realizava no ptio de N icolau de Damasco (16) onde se debatiam os problemas apaixonantes relacionados com a vinda do Messias nacional.

Doze anos j se haviam passado desde quando se dera a conjuno plane tria indicial e ainda nada sucedera e nada se sabia a respeito de seu nascimento to aguardado. Teria Ele chegado? Nada se sabia, tambm, sobre a vinda de Elias, o profeta da antiguidade. As escrituras no diziam que Elias deveria vir primeiro para preparar-lhe o caminho? Se j tinha vindo, porque ento no aparecia? Israel no estava h tanto tempo sofrendo a desgraa da escravido? Era isto que discutiam a caloradamente os velhos rabinos, enquanto o menino estava ao lado, sem ser percebido, ouvindo os comentrios at que, por fim, inter veio de sbito, como costumava fazer s vezes, passando a falar com extraordinria segurana e sabedoria, dizendo que 'Deus, o supremo criador, lhes havia dado como primeira lei o amor por Ele sobre todas as coisas e que agora, pelo Messias, dar-lhes-ia a mesma lei, porm levada suprema altura do amor por todas as criaturas e por toda s as coisas". "Que a lei do Pai criador e supremo doador da vida, jamais se exerce pela c lera, mas pela justia, que vigora invariavelmente em todos os mundos do imenso universo. Pelo amor estareis em mim, diz o Pai e estar e i em vs, pois que sois uma emanao do meu supremo ser. O Messias que esperais j est entre vs e ser meu verbo, para que vos ameis uns aos outros e possais vos integrar na unidade divina que Luz, Energia e Amor eterno". Enquanto falava, o menino parecia irradiar intensa luz ao seu redor e cresc ia em estatura, maior que um homem. Mas, de sbito, calou-se, enquanto os doutores presentes, estarrecidos de espanto, se entreolhavam, p orque o menino havia esclarecido suas dvidas e tocado profundamente suas almas. Quando se afastou, eles disseram entre si: "O Esprito Divino soprou agor a neste recinto". (16) Letrado fariseu, exministro da corte de Herodes, o Grande. 46 Captulo 10 O GRANDE TEMPLO JUDAICO Idealizado pelo rei David e construdo no reinado de seu filho Salomo, o Grande Templo era o orgulho e a glria da nao. Orientou sua construo, uma equipe de tcnicos fencios, enviados pelo rei Hiram em troca de mercadorias e de segurana de paz entre

os remos. A construo, segundo alguns autores, levou trs anos somente, de 100 3 a 1006 Ao; foi destruido pelos caldeus em 587 AO; reconstruido por Zorobabel, um dos chefes do povo escravizado na Babilnia, no tempo d e Oiro; danificado por Pompeu em 63 AO e, por fim, reparado por Herodes, o Grande. Sua arquitetura lembrava a dos Templos egpcios e fencios. Tinha propo res monumentais e era ornamentado com um luxo extraordi nrio. Na sua forma geral o Templo era constitudo de dois retngulos concn tricos, separados por enormes ptios. Todos os lados desses retngulos eram formados por galerias e colunas, com amplos prticos. O s lados do retngulo exterior tinham 470 metros de comprimento no sentido norte-sul e 380 no sentido leste-oeste. A porta cent ral, no primeiro retngulo tinha 3 passeios com 4 fileiras de 41 colunas de mrmore em todo comprimento, cada uma delas medindo 6 m etro s de circunferncia. O povo transitava pelas galerias laterais que tinham, cada uma delas, dois passeios de 9 metros de largura. Haviam 4 portas a oeste, 2 a sul e 2 a leste, formando estas achamada Porta Dourada. A sudoeste havia uma porta, levando a uma ponte de grande extenso que ligava o Templo Oidade Alta. Penetrando por qualquer destas entradas, atingia-se o Ptio dos Gentios, construdo todo em volta do corpo central do Templo e que comportava 140.000 pessoas. Nenhum estrangeiro podia ultrapassar esse pt io sob pena de morte. Em seguida, vinha uma esplanada cha mad Ptio dos Israelitas, j no corpo central do Templo, comportando 50.000 pessoas e de onde os assistentes podiam abrigar-se nas cerimnias rituais e holocaustos maiores. Ao fim da esplanada surgia uma construo interna, tida como sagrada, d e 185 por 110 metros, aos lados da qual ficavam os alojamentos dos sacerdotes de servio e de guarda dos objetos de uso nos diferentes r ituais do culto. Penetrando nesse edifcio central pelo lado leste, subia-se uma larga esc ada e atingia-se o Ptio das Mulheres que comportava 14.000 pessoas. Desse ptio, por uma escada circular de 15 degraus, subia-se ao Atrio Superior dos Homens, que comportava 10.000 pessoas e terminava em uma monumental porta de bronze com 22 metros de altura e q

ue noite se fechava. Dai passava-se ao Ptio dos Levitas, com 80 metros de largura, contendo ao centro o Altar dos Sacrifcios, rec oberto de espessas lminas de bronze ao qual se atingia, subindo uma rampa larga de 8 metros. De manh noite, ardia sobre esse altar u m braseiro tido como sagrado, que consumia a carne das vtimas, at ali trazidas por sacerdotes auxiliares; e ao seu lado existia um enor me tanque de gua. Atrs desse ptio erguia-se o Santurio propriamente dito, com 45 met ros de largura e que se dividia em trs partes, a saber: a da frente, onde permaneciam os levitas, enquanto o sacerdote de servio oficiava; a do meio, chamada O Santo onde estava situado o Altar dos Perfumes, decorado de placas de ouro e cuja porta, tambm, recoberta de ouro, s se abria hora dos sacrifcios, permanecendo sempre velada por uma cortina prpura-roxa; e, por ltimo, o SantoSanto rum que era um quadrado de 10 metros de cada lado, completamente escuro, como a antiga Arca da Aliana do povo no deserto e onde ningum entrava a no ser o sumo sacerdote, uma vez por ano (17). No ngulo sudeste do Templo elevava-se a Torre chamada Pinculo ou Lus b el para onde, segundo a tradio, Jesus foi transportado pelo Esprito do Mal, quando este o tentou, no deserto, depois do batismo de J oo. E no ngulo noroeste estava encravada, na construo geral, a Fortaleza Antonia, com suas muralhas de 21 metros de altura e sua torre de 36 metros, ocupada pelos romanos e da qual suas sentinelas vigiavam, noite e dia, tudo o quanto se passava nos ptios ext eriores do Templo, sendo este um dos motivos determinantes do dio que mereciam os invasores por parte dos sacerdotes e povo. Das imensas colunas do Templo desciam cortinas vermelhas, azuis, brancas e roxas, simbolizando os quatro elementos da Natureza: terra, ar, fogo e gua. (17) O general romano Pompeu, quando tomou Jerusalm, no ano 63, penet rou Pela fora nesse santurio, movido pela curiosidade, para ficar conhecendo o segredo que ali existia, conforme era corrente, porm nada encontrou. 50 As portas do Templo eram guardadas rigorosamente por sentinelas, havendo se

vero policiamento interno e externo, realizado pelos Guardas do Templo, cujo comandante era um dos sacerdotes subordinados ao sagan do Templo, quase sempre membro da famlia do SumoSacerdote, que na poca era Kaifa, genro de Hanan, cuja famlia absorvi a a maioria dos cargos importantes. 51 Captulo 11 Reis e Lderes A esse tempo, trs famlias disputavam periodicamente, revezando-se, o cargo de sumo-sacerdote: a de Boetus, a de Phabi e a de Hanan. No seu dio contra as correntes dominadoras, a saber, aesteira e a cleric al, o povo, em todas as oportunidades, as invectivava, gritando: maldita seja a famlia de Boetus; maldita seja a famlia de Phab; ma ldita seja a famlia de Hanan. Eram aristocrticas e poderosas e dentre elas sobressaa a d Hanan, ue se vinha mantendo nos cargos h vinte anos, a custo de as e rgias ofertas aos romanos. Essa famlia j dera muitos sacerdotes e, mais tar de, no ano 70, ao ser a cidade destruida pelos romanos, por Tito Vespasiano, era ainda um Hanan que ocupava o cargo. Normalmente este er a ob tido por eleio, pelo voto dos sacerdotes de hierarquia mais elevada, ou por acomodaes vantajosas entre eles; mas, poc a de Jesus, em regime de plena corrupo, os procuradores romanos punham o cargo em leilo anualmente. A Palestina, aps a conquista de Pompeu no ano 63 Ac, e subsequente trans formao em provncia do Imprio, decaiu rapidamente de seu antigo poderio. A conquista se deu quando o pas era governado pelo r ei nativo Hircano, descendente dos Macabeus, mas, com a morte deste rei e aps vrias lutas internas, o ambicioso Herodes f uturamente chamado O Grande conseguiu proclamar-se rei dependente de Roma e governar despoticamente vrios anos, at o dia de sua morte trgica. Seu pensamento era formar uma estirpe real do seu nome e, em seu testamento dividiu o pas em trs partes e as legou a seus trs f ilhos o mesmo ttulo de reis; mas o Imperador romano negou tal desejo, concedendo-lhes somente o ttulo de governadores. Assim, Arquelau 52 foi indicado como etnarca da Judia e da Samaria; Horodes Antipas, tetra rca da Galilia e Herodes Felipe, tetrarca da Ituria (18).

Porm, aps essa diviso, no tardou que Arquelau, o melhor aquinho ado, pelas suas crueldades e desmandos, fosse demitido pelos romanos e exilado nas Glias, passando a Judia e Samaria a serem gover nadas por um Procurador do Imprio, o terceiro dos quais foi Pilatos. Pilatos pertencera ao exrcito de Germnico, filho de Augusto, assassin ado em Alexandria a mandado de Tibrio, o imperador atual. Aventureiro e ambicioso sem escrupulos, aceitou casar-se com Cludia, ent eada de Tibrio, de fama pouco honrosa. Aps o casamento, Pilatos pediu o governo de Judia, por ser muito rendoso. Normalmente, o Procurador vivia em Cesaria, capital litornea, no Medi terrneo, mas quando vinha a Jerusalm, principalmente nos dias em que aumentava o afluxo de peregrinos (o que sempre pressagiava t umu ltos) hospedava-se no Palcio de Herodes, a edificao mais luxuosa, quando no se encerrava diretamente na Fortaleza Antonia, s egundo as circunstncias. Os lderes espirituais do povo no eram, na realidade, os sumo- sacerdo tes, como seria natural que fosse, mas sim, os rabis, os intrpretes da Lei que, normalmente, usavam vestes franjadas e cintas de couro na testa e nos braos. Levavam o povo para onde queriam, sendo seguidos fanaticamente e, por is so mesmo, sempre vigiados pelo Sinedrin. Os sumo-sacerdotes eram aristocratas, quase sempre da corrente dos saduce us , enquanto que os rabis eram fariseus, homens do povo, sem ligaes partidrias, que se limitavam interpretao da Lei c onsignada na Thora. Enquanto os rabis encarnavam os sentimentos reliosos predominantes, os sacerdotes representavam o poder poltico. Todos os povos adoram arte, cincia, esporte, lutas, riquezas, glrias mundanas, mas os judeus, nesse tempo, desprezavam tudo isto e somente adoravam seu Deus Jeovah. Isso, alis, lhes vinha de sua destina o de povo escolhido, com aliana remota, obtida por seu ancestral Abrao, seu primeiro patriarca, com o deus nacional. Como j dissemos, o Templo era o centro vital da vida judaica, tanto para os habitantes da Palestina, como da Dispora, e os sumosacerdotes eram os senhores do Templo, com plenos poderes sobre seus sdi tos.

(18) Tetrarca, termo grego significando para os romanos, na sua diviso t erritorial, prncipe ou funcionrio que governava a quarta parte de um reino desmembrado; Etnarca, ttulo dado a quem governava uma prov ncia, como j dissemos atrs. Como todas as provncias romanas, a Palestina gozava de liberdade religio sa e judiciria, esta exercida pelo tribunal do Sinhdrio; somente no tinha poderes para decretar penas de morte, que eram de al ada dos romanos, representados pelo Procurador de Csar. O Sinhdrio escorchava o povo com tributos de toda sorte, que eram pagos religiosamente, alm daqueles que eram devidos aos romanos invasores e aos reis locais. 54 Captulo 12 AS SEITAS NACIONAIS Ao tempo do nascimento de Jesus, existiam diferentes seitas influindo na vi da da Nao, a saber: os Fariseus, os os Zelotes e os Essnios. OS FARISEUS O termo vem de perischins que significa separados, distinguidos Os fariseus eram considerados os verdadeiros judeus da poca, os melhores cultuadores e intrpretes da Thora. Dotados de mentalidade estreita, levavam ao mximo rigorismo o culto exterior e a expresso li teral dos textos. De outra parte, esforavam-se por impor ao povo regras e rituais que jamais pertenceram aos ensinamentos de Moyss, dos q uais se diziam e julgavam fiis seguidores. Ricos e orgulhosos , foi contra eles que Jesus dirigiu grande parte de suas apstrofes e advertncias. Criam na imortalidade da alma e na ressureio. Eram fatalistas, coloca ndo sempre sob a vontade de Deus a boa ou a m conduta dos homens. Criam tambm que as almas dos virtuosos voltavam a animar novos c orpos, enquanto que as dos malfeitores e dos herticos, eram submetidas a castigos eternos, aps a morte. OS SADUCEUS O termo vem de Sadic o Justo ou de Sadoc, justia. Tiveram sua origem no Egito. Usavam os cabelos penteados de forma arred onda da e em geral usavam tintura. Eram livres pensadores, materialistas e cticos. No criam na fatalidad e ou no destino e tambm discordavam dos fariseus em atribuirem

a Deus a boa ou m conduta dos homens. O homem, diziam, deve guiar-se p el o livre arbtrio e o nico autor de sua infelicidade Ou ventura. Negavam a imortalidade da alma, a ressureio e, decorrente- mente, a s penas e recompensas futuras e, no culto, somente admitiam as prticas fixadas pela Lei. Eram menos numerosos que os fariseus, porm suas riquezas e prestgio o s colocavam nos postos mais altos da administrao e da sociedade. Por isso eram pacficos e acomodados e no se deixavam empol gar pela geral expectativa da vinda de um Messias Nacional. Disputavam sempre, e com frequente vantagem, o cargo de sumo- sacerdote, pe la grande influncia que este exercia na vida da Nao. OS ZELOTES, ou zeladores Sua influncia era sempre ocasional, no permanente como a dos dois ant eriores. Eram os remanescentes da seita nacionalista fundada por Jesus de Gamala o gaulonita e vinham numa linha direta dos Mac a beus, os mais nacionalistas de todos os chefes e reis da antiguidade nacional. Mais tarde esta seita adquiriu extraordinria importncia na vida pol tica do Pas, porque dela vieram os elementos que mais decisiva e definitivamente concorreram para o desencadeamento das revoltas de 70 e 1 17 AD contra os romanos invasores e que tiveram como resultado primeiramente o cerco e a destruio de Jerusalm e do Temp lo e, mais tarde, o eplogo desastroso do extermnio em massa da populao, e consequente expatriao dos que sobreviveram s repr eslias romanas. OS ESSNIOS (19) Seita dissidente que, por sua importncia histrico-religiosa merece um captulo parte, como segue: (19) O termo deriva do nome Essen, filho de Moyss, um dos hierofantes qu e o acompanharam ao Monte Nebo, onde faleceu no seu exlio voluntrio. . 56 Captulo 13 A FRATERNIDADE ESSNIA

Quando o Governador Planetrio encarnou como Jesus de Nazareth, para su a imortal misso sacrificial, outros espritos, devidamente qualificados, desceram tambm para auxili-lo e preparar-lhe os caminho s. Assim, os familiares, os discpulos, os apstolos... Uma das mais marcantes dessas tarefas coube Fraternidade dos Essnios , que o amparou desde jovem at os ltimos instantes de sua tarefa redentora. Joo Batista era essnio e, quando desceu para as margens do Alto Jord o, vindo do Mosteiro do Monte Hermon, na Fencia, para dar cumprimento sua tarefa de Precursor do Messias, f-lo atendendo orden s que de h muito aguardava, esperando a sua vez. Detentores, h sculos, das tradies de sabedoria herdadas dos ant epassados, conservavam os essnios, em seus mosteiros nas montanhas palestinas, fencias e rabes, arquivos preciosos e conhecime ntos relacionados com o passado da humanidade; e assim como a Fraternidade dos Profetas Brancos, na legendria Atlntida, apoiou os M issionrios Anfion e Antlio, que ali encarnaram, e a Fraternidade Kobda apoiou os que difundiram as verdades espirituais no Egi t o e na Mesopotmia, assim, eles, os Essnios, apoiaram a Jesus, na Palestina. Conquanto menos numerosos, segundo parecia, seu nmero entretanto no e ra conhecido com exatido e, se muito reduzida era sua influncia nas rodas do Governo, muito profunda e ampla era a que exercia no seio do povo humilde, em toda Palestina, onde eram considerados sbios e santos, possuidores de altos poderes espirituais. Viviam afastados do mundo, como anacoretas, em mosteiros e grutas nos al can tilados circunvizinhos, porque discordavam dos rumos que o clero judaico imprimira aos ensinamentos mosaicos dos quais eles, os ess nios, eram os herdeiros diretos e possuiam arquivos autnticos e fiis. Segundo eles, as virtudes e a conduta reta dependiam da continncia e do domnio das paixes inferiores. Abstinham-se do casamento e adotavam crianas orfs como filhos. Viviam em comunidades, desprezando as riquezas, as posies e os bens do mundo. Exigiam a reverso dos bens pessoais Ordem, por parte dos que desejavam ingress ar nela.

Vestiam tnicas brancas ou escuras e quando viajavam no carregavam bag agem nem alforges, roupas ou objetos de uso porque, por todos os lugares por onde andassem, encontrariam acolhimento por parte de m embros da Ordem. Esta exigia que em todas as vilas e cidades houvesse um membro da Ordem denominado O Hospitaleiro que prov iddenciava a hospedagem dos itinerantes, provendo-os do necessrio. Havia cidades como por exemplo, Jeric, onde grande part e da populao pobre e de classe mdia era filiada a essa Fraternidade. Os essniosentregavam-se francamente e com a mxima dedicao p rtica da caridade ao prximo, mantendo hospitais, abrigos, leprosrios, etc., assistindo os hecessitados em seus prprios lares, a dotando crianas, como j dissemos, mantendo orfanatos, no que, pode-se dizer, agiam como precursores dos futuros cristos dos primeiros tempos. Na comunidade, trabalhavam ativamente em suas respectivas profisses e ti nham pautas de trabalho a executar periodicamente, fora ou dentro das organizaes da Ordem, em bem do prximo. No comiam carne, no tinham vcios e viviam sobriamente. Os que revelavam faculdades psquicas eram separados para o exerccio d o intercmbio com o mundo espiritual e ao exerccio da medicina, empreendendo estudos adequados e viajando diariamente por mui tos lugares, sob a designao de terapeutas, em cuja qualidade consolavam os famintos, curavam os doentes, espalhando as luzes d as verdades espirituais e as prticas do atendimento contra obsessores, como hoje em dia so popularizadas pelo Espiritismo. Entre eles havia uma hierarquia altamente respeitada, baseada no saber, na idade e nas virtudes morais, cuja aquisio era obrigatria para todos os filiados Ordem. No primeiro ano da iniciao, os aprendizes eram proibidos de praticar suas regras na vida exterior, no lar ou na sociedade a que pertenciam; ao fim desse primeiro ano comeavam a tomar parte em alguns a tos coletivos, exceto as refeies em comum, s quais s poderiam Comparecer dois anos mais tarde, aps darem garantias seguras so bre a Pureza e a retido de suas aes, seu esprito de

tolerncia e sua castidade probatria. No ato da aceitao assumiam o compromisso de Servir a Deus, observar a justia entre os homens e jamais prejudicar o Prximo sob qualquer pretexto; apoiar firmemente os que observavam as leis e de agir sempre com boa f e bondade, sobretudo em relao 58 aos dependentes e servos, "porque o poder" diziam eles "vem somente de D eus ". Ao desempenharem qualquer cargo de autoridade, deviam exerc-lo sem arrogncia e orgulho e jamais tentar distinguir-se dos outros pela ostentao de riqueza, ornamentos e vesturios; amar a verdade e jamais criticar ou acusar algum, mesmo sob ameaa de morte. Para julgar uma transgresso grave exigiam a reunio de, pelo menos, ce m membros adultos, porque a condenao implicava na eliminao das fileiras da Ordem, qual o faltoso s podia volver aps duras e longas expiaes e purificaes fsicas e morais. Na hierarquia espiritual, aps o nome de Deus, o de Moyss era o que me recia maior venerao. No terreno filosfico ensinavam que o corpo orgnico era destrutvel e a matria transformvel e perecvel, enquanto que as almas eram individuais, imortais e indestrutveis, por serem parcelas infinitesimais do Deus Criador e uniam-se aos corpos como prisioneiras, por meio de uma substncia fludica, oriunda da vida universal, q