o que eu aprendi com apandemia?

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Fundação Paz na Terra Ano XLV - Nº 58 Natal/RN | R$ 7,00 Fevereiro de 2021 O QUE EU APRENDI COM A pandemia?

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Page 1: O QUE EU APRENDI COM Apandemia?

Fundação Paz na Terra Ano XLV - Nº 58Natal/RN | R$ 7,00 Fevereiro de 2021

O QUE EU APRENDI COM A

pandemia?

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A ORDEM

FEVEREIRO DE 2021 3

SUMÁRIO

EDITORIAL

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12

18

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VIVER - Mundo virtual não é novidade para idosos

CAPA

REPORTAGEM - Através dos Papas e Bispos, a Igreja conclama fiéis a se vacinarem

ENTREVISTA - Campanha da Fraternidade Ecumência 2021 convida ao diálogo

15 ARTIGO - A instituição das mulheres em Ministérios da Igreja

NÃO É PANDEMIA, É SINDEMIA

Aparece nos horizontes do Brasil, de-pois de quase um ano do surgimento da pandemia, um raio de esperança no com-bate à Covid ou, ao menos, de convivência com a doença. As vacinas vão combater a Covid-19, embora o vírus continue circu-lando no País e no Mundo. Nesta edição, duas matérias abordam o tema. Abaixo, uma parte inicial de um artigo escrito por Frei Beto, também sobre o tema.

Ele escreve: “É possível erradicar a pandemia de Covid-19 e preservar o ca-pitalismo? A resposta à pergunta foi dada em setembro de 2019, na prestigiosa re-vista científica “The Lancet”, por Richard Horton, professor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e da Univer-sidade de Oslo. Em artigo intitulado “Não é uma pandemia”, longe de se posicionar ao lado dos negacionistas, Horton afirma que ocorre mais do que uma pandemia, há uma sindemia, conceito forjado em 1990 pelo epidemiologista Merrill Singer”.

“Sindemia significa que a doença in-fecciosa não pode ser encarada isolada-mente. Ela se entrelaça com fatores so-ciais, políticos e econômicos, como desi-gualdade social, distribuição de riqueza, acesso a bens essenciais, como moradia e saneamento. O problema, portanto, não é apenas a Covid-19. É o capitalismo sin-dêmico que, em tudo, prioriza a perversa lógica da acumulação privada da rique-za. Temos visto isso no Brasil, tanto nas propostas que com frequência aparecem na grande mídia, de privatização do SUS disfarçada de parceria público-privada, quanto na corrida empreendida pela ini-ciativa privada para importar vacinas que estariam ao alcance somente de quem possui recursos para frequentar hospitais e clínicas particulares”, escreve Frei Bet-to(freibetto.org). Ele tem razão. O Brasil andou por estas sendas.

Revista mensal daFundação Paz na Terra

Endereço: Rua Açu, 335 – TirolCEP: 59.020-110 – Natal/RNFone: 3201-1689

EXPEDIENTE CONSELHO CURADOR:Pe. Antônio Nunes Vital Bezerra de Oliveira

CONSELHO EDITORIAL:Cacilda MedeirosLuiza GualbertoJosineide OliveiraJeferson RochaCione Cruz André KinalMilton DantasVitória Élida

EDIÇÃO E REDAÇÃO:Luiza Gualberto (DRT-RN 1752)Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) REVISÃO: Milton Dantas (LP 3.501/RN)

FOTO DA CAPA:André Kinal

DIAGRAMAÇÃO: Akathistos Comunicação (47) 9 9618-3464

COMERCIAL: (84) 3615-2800

ASSINATURAS:Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comu-

nicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 – Tirol – Natal/RN

(84) 3615-2800 [email protected]

www.arquidiocesedenatal.org.br

COLABORADORES: José Bezerra (DRT-RN 1210)Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal

Fundação Paz na Terra Ano XLV - Nº 58Natal/RN | R$ 7,00 Fevereiro de 2021

O QUE EU APRENDI COM A

pandemia?

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4 FEVEREIRO DE 2021

A ORDEM

A Congregação para o Culto Divino e a Disci-plina dos Sacramentos, da Santa Sé, publicou uma nota, no último dia 12 de janeiro, especifi-cando os procedimentos a serem seguidos pe-los sacerdotes durante a celebração da Quarta--feira de Cinzas, início da Quaresma. A situação de saúde causada pela crise pan-

dêmica do coronavírus continua exigindo uma série de atenções que também se refletem em âmbito litúrgico. Tendo em vista o início da Qua-resma deste ano, na quarta-feira, 17 de feverei-ro, a Congregação para o Culto Divino e a Disci-plina dos Sacramentos publicou em seu site as disposições a serem seguidas pelos celebrantes no rito de imposição das Cinzas.“Feita a oração de bênção das cinzas e depois

de as ter aspergido com água benta sem dizer nada - precisa a nota -, o sacerdote, voltado para os presentes, diz uma só vez para todos a fórmu-la que se encontra no Missal Romano: ‘Conver-tei-vos e acreditai no Evangelho’, ou ‘Lembra-te que és pó da terra e à terra voltarás’.”Depois, prossegue a nota, “o sacerdote lava as

mãos, coloca a máscara protegendo o nariz e a boca, e impõe as cinzas a todos os presentes que se aproximam dele, ou, se for mais conveniente, aproxima-se ele do lugar daqueles que estão de pé. O sacerdote pega nas cinzas e deixa-as cair sobre a cabeça de cada um, sem dizer nada”.A nota, na íntegra, assinada pelo prefeito da

Congregação, Cardeal Robert Sarah, pode ser conferida no site http://www.cultodivino.va.

Significado das CinzasA Quarta-feira de Cinzas foi instituída há mui-

to tempo na Igreja; dia que marca o início da Quaresma, tempo de penitência e oração mais intensa. Para os antigos judeus, sentar-se so-bre as cinzas já significava arrependimento dos pecados e volta para Deus. As cinzas bentas e colocadas sobre as nossas cabeças nos fazem lembrar que vamos morrer, que somos pó e ao pó da terra voltaremos (cf. Gn 3, 19), para que nosso corpo seja refeito por Deus de maneira gloriosa, para não mais perecer.A intenção desse sacramental é levar as pes-

soas ao arrependimento dos pecados, lembran-do que não podemos nos apegar a esta vida, achando que a felicidade plena possa ser cons-truída aqui. É uma ilusão perigosa. A morada de-finitiva é o céu.

FONTE: Portal Vatican News e Portal da Canção Nova

FranciscoPapa

PALAVRA DA IGREJA

Modificado o rito DE IMPOSIÇÃO DAS CINZAS

A situação de saúde causada

pela crise pandêmica do

coronavírus continua exigindo

uma série de atenções que também se refletem em âmbito litúrgico”

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A ORDEM

FEVEREIRO DE 2021 5

“Prezados leitores/as Na celebração da memória de Nossa Senhora de

Lourdes, 11 de fevereiro, a Igreja celebra o Dia Mundial do Enfermo, instituído em 13 de maio de 1992, por de-cisão do Papa São João Paulo II e celebrada, pela pri-meira vez, em 11 de fevereiro de 1993. O Papa afirmava, na Carta de Instituição do Dia Mundial do Enfermo: “A celebração anual do ‘Dia Mundial do Enfermo’ tem o ob-jetivo manifesto de sensibilizar o Povo de Deus e, conse-quentemente, as várias instituições sanitárias católicas e a mesma sociedade civil, para a necessidade de assegu-rar a melhor assistência aos enfermos; de ajudar quem está enfermo a valorizar, sob o plano humano e, sobretu-do, sob o plano sobrenatural, o sofrimento; a envolver de maneira particular as dioceses, as comunidades cristãs, as Famílias religiosas na pastoral da saúde; a favorecer o empenho sempre mais precioso do voluntariado; a rea-firmar a importância da formação espiritual e moral dos operadores sanitários e, enfim, a fazer melhor compreen-der a importância da assistência religiosa aos enfermos da parte dos presbíteros diocesanos e religiosos, como também de quantos vivem e trabalham junto a quem so-fre”. São palavras que não perderam a sua atualidade e importância, especialmente neste tempo de pandemia, onde não só vemos a fragilidade humana ser duramente provada, mas também como a assistência aos enfermos, o cuidado com a saúde, na construção de hospitais, na provisão de todo o material sanitário necessário para o bom e justo atendimento aos enfermos, para não falar do crime hediondo da corrupção envolvendo a realidade da Saúde, colocando a vida de tantos cidadãos e cidadãs em perigo, como vemos em alguns lugares. Para a celebração do Dia Mundial do Enfermo deste

ano, um ano que esperamos seja de vitória, mas tam-bém de mudança no nosso comportamento, nas nossas atitudes como cidadãos e cidadãs, as palavras do san-to Papa, o mesmo que dedicou uma Carta Apostólica sobre o sentido cristão do sofrimento humano, Salvifici doloris, de 11 de fevereiro de 1984, são estímulos para que não desanimemos, mas que enchamos nosso cora-ção de sentimentos cristãos, à luz do que o próprio Je-sus realizou em favor dos doentes e sofredores. O Papa Francisco, na sua Mensagem para a celebração do Dia Mundial do Enfermo deste ano, afirma: “[...] o manda-mento do amor, que Jesus deixou aos seus discípulos, encontra uma realização concreta também no relacio-namento com os doentes. Uma sociedade é tanto mais humana quanto melhor souber cuidar dos seus mem-bros frágeis e atribulados e o fizer com uma eficiência animada por amor fraterno. Tendamos para esta meta, procurando que ninguém fique sozinho, nem se sinta excluído e abandonado”.Celebremos o Dia Mundial do Enfermo, levemos a todos

a consolação que vem da fé em nosso Deus. Que a Vir-gem Maria, Salus infirmorum (Saúde dos enfermos), nos inspire a que nunca sejamos insensíveis aos sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs.

Dom Jaime Vieira RochaArcebispo Metropolitano

de Natal

A VOZ DO PASTOR

DIA MUNDIAL do Enfermo

“Para a celebração do Dia Mundial do Enfermo deste

ano, um ano que esperamos seja de vitória, mas também de mudança

no nosso comportamento,

nas nossas atitudes como

cidadãos e cidadãs”

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A ORDEM

Campanha da Fraternidade ECUMÊNCIA 2021 CONVIDA AO DIÁLOGO

Neste ano, a Campanha da Fraternidade é ecu-mênica e tem como tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”. Segundo o padre Patri-ky Samuel Batista, que é secretário executivo de Campanhas, da Confe-rência Nacional dos Bis-pos do Brasil (CNBB), a temática deste ano tem a proposta de superar as polarizações e violência, através do diálogo amo-roso, testemunhando a unidade na diversidade.

Por Cacilda Medeiros

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A ORDEM

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A Ordem: Qual o objetivo da Campanha da Fraternidade 2021, cujo tema é “Fraterni-dade e Diálogo: compromis-so de amor e o lema “Cristo é a nossa paz” (Ef. 2,14)?Pe. Patriky: A Campanha da Fraternidade é um dos modos de viver o período quaresmal na Igreja no Brasil. Desde a sua origem, em 1964, ela tem como grande objetivo desper-tar a solidariedade dos seus fiéis e da sociedade em rela-ção a um problema concreto que envolve a sociedade bra-sileira, buscando caminhos de solução, à luz da Palavra de Deus. É uma importante ação evangelizadora no ho-rizonte da Doutrina Social da Igreja. Viveremos a Campa-nha da Fraternidade de 2021 em comunhão com diversas comunidades de fé. Esta será a 5ª Campanha da Fraterni-dade Ecumênica (CFE). As Igrejas participantes do CO-NIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil) as-sumem esse compromisso de levar adiante o objetivo geral da CFE: convidar as comuni-dades de fé e pessoas de boa vontade a pensarem, avalia-rem e identificarem caminhos para superar as polarizações e violências através do diá-logo amoroso, testemunhan-do a unidade na diversidade. Sem dúvida, o diálogo e a con-vivência fraterna são o nosso melhor testemunho. O lema da Campanha é muito suges-tivo: “Cristo é a nossa paz; do que era dividido, fez-se uma unidade.” (Ef 2,14a). Nele e por Ele somos reconciliados no amor que salva.

A Ordem: Por que realizar uma campanha ecumênica?Pe. Patriky: Desde a década de 1980 já existia o sonho de uma campanha da fraternida-de vivida de forma ecumênica. Por decisão da Assembleia Geral dos Bispos do Brasil em 1998, tal sonho tornou-se realidade no ano 2000. Na-quele contexto do espírito do Jubileu dos dois mil anos do nascimento de Jesus Cris-to, foi um belo testemunho

de aproximação ecumênica no desejo de somar esforços a serviço do bem comum. O primeiro tema escolhido foi: “Dignidade humana e paz” e o lema “Novo milênio sem exclusões”. Como dizia Dom Luciano Mendes de Almei-da, “uma vez que é a luz do Evangelho que nos permite perceber melhor o fundamen-to da dignidade humana, na certeza de que cada pessoa é amada, criada e remida por Deus. ” Desde então a CNBB realiza a cada cinco anos a Campanha da Fraternidade de forma ecumênica. Isso sig-nifica que, nestas edições, o tema e a condução dos traba-lhos têm como responsável o CONIC (Conselho nacional de Igrejas cristã). Em 2021 será realizada a 5ª Campanha da Fraternidade Ecumênica.

A Ordem: Como são esco-lhidos os temas para a Cam-panha da Fraternidade?Pe. Patriky: Os temas são escolhidos pela conferência

Desde a década de 1980 já existia o sonho de uma

campanha da fraternidade

vivida de forma ecumênica.

Por decisão da Assembleia Geral

dos Bispos do Brasil em 1998,

tal sonho tornou-se realidade no

ano 2000”

ENTREVISTA

episcopal. Os bispos podem indicar temas, mas também cada fiel. Geralmente durante o seminário nacional da Cam-panha da Fraternidade, os par-ticipantes advindos dos 18 re-gionais da CNBB apresentam um elenco de propostas. Tais propostas são recolhidas das dioceses dos respectivos re-gionais, chegando, assim, em termos nacionais. Recolhido todo este material, as propos-tas são apreciadas pelo Con-selho Permanente que por sua vez apresenta os temas mais indicados na assembleia geral da CNBB. Assim que é escolhido o tema, dá-se início ao processo de construção da equipe que elaborará o texto base e todos os demais con-teúdos e materiais.

A Ordem: A cada ano, a CF tem um cartaz e um hino es-pecífico. Como eles são de-finidos?Pe. Patriky: Assim que o tema e lema são definidos, inicia--se o processo de escolha da identidade visual e do Hino. Esse processo tem início com a publicação de um edital de concurso. Estão diretamente envolvidos nesse processo a comissão episcopal para a li-turgia da CNBB e o setor cam-panhas da CNBB. Assim que chegam as propostas, elas são apresentadas ao Conse-lho Permanente da CNBB e a decisão final cabe aos bispos que compõem este conselho.

A Ordem: A Campanha da Fraternidade é promovida pela Igreja Católica, anual-mente, há quase 60 anos. De um modo geral, quais são os frutos deixados pe-las campanhas?Pe. Patriky: São muitos os frutos! Uma das belezas da Campanha da Fraternidade é como ela é fecunda ao ini-ciar processos. Diversas pas-torais sociais como a própria pastoral do menor, pastoral da educação e da pessoa idosa são frutos de campanhas da fraternidade. E tantas outras iniciativas locais. Por esta ra-

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A ORDEM

zão os temas refletidos, quando assumidos, geram processos permanentes que testemunham a força de um coração que se converte e que jamais será indiferente aos irmãos e irmãs. Se a Campanha da Fraternidade tem seu momento forte durante o pe-ríodo quaresmal, o despertar que ela provoca per-manece na vida e missão do povo cristão em nos-sas comunidades eclesiais missionárias.

A Ordem: Qual é a orientação da coordenação nacional para que as paróquias possam traba-lhar e vivenciar a Campanha deste ano?

Pe. Patriky: O batismo nos compromete com a prá-tica do bem. O tempo quaresmal é uma singular oportunidade para abraçarmos a graça de Deus e recomeçar, a partir de Cristo, uma vida autentica-mente cristã. Assim, penso que o primeiro passo para trabalhar e viver a campanha é assumir com seriedade o período quaresmal como tempo favo-rável para a conversão de vida. Deste modo, à luz do tema da CFE 2021, cada comunidade paroquial pode, dentre tantas coisas, promover a Celebração da Palavra de Deus; Retiros espirituais; Celebra-ções ecumênicas; Preparar Celebrações peniten-ciais; Articular Campanhas solidárias; Promover experiência missionária tanto nas periferias geográ-ficas como existenciais; promover a Leitura orante da Palavra de Deus; fazer estudos sobre questões ecumênicas, éticas, paz, unidade, solidariedade; incentivar o estudo da Encíclica “Fratelli Tutti”; re-qualificar as relações interpessoais.

Uma das belezas da Campanha

da Fraternidade é como ela é fecunda ao iniciar

processos”

ENTREVISTA

Fotos: cedidas

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A ORDEM

FEVEREIRO DE 2021 9

ARTIGO

Somos seres viventes. Viventes esperam sem-pre. Esperam do esperançar que tudo pode, tudo transforma, tudo realiza para um bem que todos possam usufruir em abundância. Somos a marca do que se foi, do que está e do que virá numa pro-funda cumplicidade do que está para acontecer a cada instante. Somos sonhos, somos certezas, porém num turbilhão de incertezas que rondam a todo tempo em cada caminho que traçamos, em cada ato que praticamos, em cada acontecimento que se torna vivo diante das adversidades enfren-tadas.Convivemos 365 dias como que numa bolha de

impulsos a nos estabelecer e restabelecer a cada movimento, a cada notícia, história contada a vá-rias mãos. Aprendemos ou fomos obrigados/as a conviver com as dores, mas também com as ale-grias momentâneas pela cura, pelo restabeleci-mento de um ou de outro. Tempo forte, grosseiro, às vezes, porém presente em cada pessoa, cria do sopro divino, para viver aqui como transeunte a buscar sempre em seus sonhos, a certeza da vida plena.Saímos de 2020 e adentramos a 2021 sempre de

cabeças erguidas para uma amplidão que, miste-riosamente, impulsiona-nos a ir em frente e buscar a melhor parte: a vida. Nesta busca, muitos encon-tros e desencontros, com certeza; mas, acreditan-do que o caminho se faz ao caminhar e que temos um Deus vivo, estamos vivos; crentes na vida que há de contribuir para a continuidade sempre de olhar altaneiro capaz de sobrepor as dificuldades em confiança no poder que temos de triunfar mo-vidos pela fé.Mortes, dores, choros de norte a sul. Cenário de

guerra do invisível catando visíveis vidas a luta-rem na contramão. Uns se saem com o rosto ar-dente da fé que movem e conseguem se reerguer; outros não conseguem o reerguimento e, sem for-ças, prostram-se como numa entrega aos braços da mesma fé que defendem. Assim, vivos e mor-tos, risos e choros permanecem numa certeza de que Deus recebe, Deus consola, porém as incer-tezas do lenimento se encontra ainda distante de nosso olhar de atento sonho.Eis, que no fim do túnel aparece uma luz: vacina.

Esta luz visível, palpável, no momento da turbu-lência, aproxima-se de cada sonhador/a, e, entre preces, palavras e ações, os mais diversos pen-samentos se cruzam na espera do sagrado sonho que é o restabelecimento da vida que começa na prevenção.2021 – vacinar é preciso. Uma furada no músculo,

um tremor de medo, ou um tremor de emoção afu-genta o fantasma invisível a dar lugar a um sonho--fé que tudo possa transpor e construir o edifício tão esperado em cada homem e em cada mulher: a vida e vida em abundância num 2021 de presen-ça viva, não remota, mas consoladora de certezas que possam se tornar concretas.

Prof. Milton Dantas da SilvaPsicopedagogo

clínico e institucionalCoordenador estadual da Pastoral da Criança

“Saímos de 2020 e adentramos a 2021 sempre de cabeças erguidas para uma

amplidão que, misteriosamente,

impulsiona-nos a ir em frente e buscar a melhor parte: a vida.”

2021 – SONHOS, CERTEZAS E INCERTEZAS

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A ORDEM

O QUE EU APRENDI COM A

pandemia?Pessoas tiram lições deste período que trouxe muitas

mudanças na forma de se relacionar e cuidar de si e do próximo

Por Luiza Gualberto

Coronavírus, lockdown, CO-VID-19 e pandemia são algu-mas das palavras que passa-ram a fazer parte do nosso cotidiano, de um ano pra cá. Acredita-se que a sociedade atual jamais imaginou atra-vessar essa crise, ocasionada por um inimigo invisível e que mudou de forma expressiva as nossas vidas, os relacio-namentos e o agir em socie-dade. Diante de um momento doloroso como esse, em que tantas vidas foram perdidas, o desemprego e as desigual-dades aumentaram, será que dá para tirar algumas lições de vida? Sim. Segundo o pro-fessor doutor Charles Mady, associado do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, filósofos e religiosos, de forma pragmática, comentam que o sofrimento abre portas di-dáticas para o ser humano, despertando a visão sobre erros e estimulando a criativida-de para novas soluções. Um exemplo disso, são as novas habilidades que aprendemos e tentamos aprender nesse período, como a forma de se relacionar com a família, que permaneceu mais tempo unida em casa, as novas formas de trabalhar, com o home of-fice, a adequação do comércio e serviços para o meio digital, a demonstração de ca-rinho de outras formas, já que o contato fí-sico ficou mais restrito diante do isolamento social, bem como, a se reunir e estudar em ambientes virtuais.

Vivência em família É do conhecimento comum que, diante

da pandemia, muitos casais se viram na si-tuação de conviverem juntos por mais tem-po, o que revelou questões de discordância e crises que levaram muitos a se separarem.

Mas, esse momento também propôs oportunidades aos ca-sais, para que pudessem exer-citar a parceria, a empatia e o apoio mútuo, dividindo as ati-vidades do lar e a atenção aos filhos. Érica Torres e Juscilé-sio Silva são casados e tem um filho, Eduardo Gomes, de 3 anos. Para eles, a convivên-cia nesse período pandêmico trouxe alguns aprendizados, entre eles, a empatia e cuidado com o próximo. “A pandemia foi uma oportunidade para exer-citar o altruísmo, percebendo o esforço que o outro faz em estar nessa situação de isola-mento. Por exemplo, nós que

tivemos a oportunidade de ficar em casa, fi-camos, tendo em vista que muitas pessoas tiveram que sair do seus lares para cuidar no outro, em especial, os profissionais de saúde”, conta o casal. Como marido e mu-lher, Érica reforçou que o diálogo foi mais exercitado, já que diante da maior convivên-cia em casa, eles puderam conversar mais e tomar mais decisões juntos. “Pudemos vi-venciar as coisas mais coletivamente, de vi-venciar mais as situações do lar e criação do nosso filho, uma vez que tínhamos essa oportunidade de estar mais conectados, de conversar mais, já que a rotina do trabalho, algumas vezes, terminava por necessitar de mais celeridade na tomada de decisões”, ressalta.

Vivência da fé Com a pandemia, muitas atividades ti-

veram que ser paralisadas, principalmente aquelas em que reuniam um maior número de pessoas. As celebrações de missa e en-contros de grupos da Igreja estiveram en-tre as atividades que não poderiam reunir

Toda essa mudança

coletiva teve um lado

positivo: fez muitos

olharem para a realidade do outro de uma maneira mais aproximada”

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A ORDEM

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12 FEVEREIRO DE 2021

A ORDEM CAPA

os fiéis e agentes pastorais. A readequação veio com as transmissões ao vivo das missas e momentos oracionais, para favorecer a participação da comunidade, mes-mo que de forma virtual. A catequista Maria Ilza, da Paróquia de Nossa Senhora da Candelária, no bairro Candelária, em Natal, conta que, inicialmente, sentimen-tos de dor e incerteza tomaram conta do seu ser. “Passado o impacto inicial, senti que a espiritualidade era o melhor caminho para me confortar e seguir em frente em um momento tão difícil. Era um processo de adaptação a uma nova realidade”, reforça. A catequista ainda fala que teve que se adaptar a participar das celebra-ções utilizando as redes sociais, bem como, a participar dos encontros e reuniões pastorais, se valendo das plataformas de videoconferência, como o Google Meet. “Mesmo distante, com a ajuda das mídias digitais, participei diariamente da santa missa, intensifiquei minhas orações e adoração ao Santíssimo Sacramento. Na fé, me fiz e continuo me fazendo forte, mesmo sendo fraca”, pontua. De acordo com Lucas Veiga, que é psicólogo e mestre em Psicologia pela Uni-

versidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, toda essa mudança coletiva teve um lado positivo: fez muitos olharem para a realidade do outro de uma maneira mais aproximada. “Com pequenos gestos é possível minimizar os impactos, seja com uma ligação telefônica ou encontros online. As interações sociais se intensifi-caram, porque sentimos uma sensação grande de vulnerabilidade”, enfatiza.

Cedida

Segundo o professor doutor Charles Mady, associado do Instituto do Coração (Incor),

em São Paulo, filósofos e religiosos, de forma pragmática, comentam que o

sofrimento abre portas didáticas para o ser humano, despertando a visão sobre erros e estimulando a criatividade para

novas soluções”

Maria Ilza Araújo, catequista

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A ORDEM

FEVEREIRO DE 2021 13

Cedida

CAPA

5 lições que aprendemos com a pandemia Preocupação com o próximo: A pandemia nos convidou a

cuidar de si e dos outros. A entender que é preciso ficar em casa para proteger aqueles que precisam sair para trabalhar, como os profis-sionais da saúde. Valorização de momentos especiais: Certamente, os en-

contros em família e com amigos não serão mais os mesmos após o período de pandemia. A gente vai aprender a valorizar mais o tempo com o outro e cada momento que passamos ao lado dos que ama-mos. Cuidado com a saúde física e mental: A atenção com a saú-

de tem que ser redobrada. É preciso ingerir mais alimentos saudá-veis, como frutas, legumes e verduras para fortalecer o nosso siste-ma imunológico. Fazer atividades que gerem prazer podem contribuir para melhorar os níveis altos de ansiedade gerados pelas situações de confinamento e incertezas. A saúde mental agradece. Cuidado com a higiene pessoal: Acredita-se que após o pe-

ríodo de pandemia, a sociedade deve ter mais atenção com simples atos de higiene pessoal, como lavar as mãos e usar álcool em gel. Podemos trabalhar de onde estivermos: Diversas profissões

de adaptaram ao sistema home office e descobrimos novas formas de trabalhar. Algumas empresas, inclusive, já adotaram esse sistema de trabalho de forma definitiva, o que vai gerar economia de gastos nos postos de trabalho presencial;

Casal Érica Torres e Juscilésio Silva destacam empatia como aprendizado da pandemia

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14 FEVEREIRO DE 2021

A ORDEM CAPA

SONHADO POR DEUSNo último dia 08 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria, o Papa Francisco surpreendeu a todos, presenteando a Igreja com o Ano de São José em comemoração pelo sesquicentenário (150 anos) da proclama-ção deste excelso Patriarca como Padroeiro da Igreja Universal pelo bem-aventurado Papa Pio IX em 08 de dezembro 1870 através do decreto Quemadmodum Deus.São José sempre ocupou especial espaço na vida dos Cristãos, seja pela sua altíssima missão de chefiar a Sagrada Família, seja por ter sido na história um dos Santos que mais atraiu e con-quistou devotos ou ainda por ter sido o assun-to em que muitos se debruçaram em estudar e documentar; tudo isso se deve a honra que São José alcançou de Deus Pai que, ao lado da Ma-ternidade Divina, não se compara a nenhuma outra honra neste mundo. “Deus, o Pai, quis de verdade, José, junto ao Filho de Deus, pra Jesus não ter saudade do divino Pai dos céus!” É de conhecimento nosso que o drama que São José enfrentou ao se deparar com o mistério da gravidez de Nossa Senhora foi cessado pela apa-rição do anjo em sonhos - não somente nesse drama, mas também nos que se seguiram. Que-ro ressaltar, aqui, que não é a primeira vez na Sagrada Escritura que o drama de alguém en-contra seu fim a partir de um sonho; falo de José do Egito (cf. Gn 37-50). Como afirmou o Papa Leão XIII na encíclica Quamquam Pluries: “Mui-tos Padres da Igreja, de acordo com a Sagrada Liturgia, acreditam que o antigo José, filho do Pa-triarca Jacó, tenha figurado a pessoa e o mistério do nosso São José, e simbolizado, com o seu esplendor, a grandeza e a glória do futuro Custó-dio da Sagrada Família.” Vemos não somente no nome, mas na personalidade de José do Egito uma prefiguração do nosso São José - ambos partilham a alta virtude da castidade -, basta lem-brar de quando a mulher de Putifar tentou ter re-lações com José e ele se negou (cf. Gn 39). Tam-bém, não somente nas virtudes, mas nos dons; José do Egito era agraciado com o dom da inter-pretação de sonhos, dom esse que lhe rendeu o governo do império egípcio por ordem do Faraó (cf. Gn 41, 40s). Já no antigo testamento, vemos prefigurado o nosso glorioso padroeiro que antes mesmo de interpretar qualquer sonho foi sonha-do por Deus.

MOTU PROPRIOQuem acompanha as notícias do Va-ticano, certamente já viu esta expres-são – Motu Proprio – algumas vezes. No dia 10 de janeiro passado, por exemplo, o Papa Francisco publicou o Motu Proprio Spiritus Domini, através do qual institucionalizou o acesso das mulheres leigas ao serviço da Palavra de Deus e do altar. Mas, o que é Motu Proprio? É uma das espécies normativas da Igreja Católica, expedido diretamente pelo próprio Papa. Essa expressão pode ser traduzida como “de sua iniciativa própria”. Significa ainda que se trata de um assunto decidido pessoalmen-te pelo Papa e não por um cardeal ou outro conselheiro. Tem normalmente a forma de decreto. Lembram, pela sua forma, um breve ou bula papal (ou-tra espécie normativa), mas sem se revestir da solenidade própria destes documentos.O primeiro motu proprio remonta a Inocêncio VIII, em 1484, e continua a ser um ato administrativo bastante co-mum na administração da Igreja Cató-lica. Na Roma antiga, este tipo de do-cumento já era usado pelos patrícios, como um convite pessoal, não público.O Papa João II fez uso do motu próprio 29 vezes; o Papa Bento, 13 vezes, e o Papa Francisco já o fez mais de 30 vezes. O último foi publicado dia 10 de janeiro, sobre o acesso das mulheres aos ministérios do leitorado e do aco-litado. Poucos dias antes, em 26 de dezembro de 2020, ele publicou uma “carta apostólica sob forma de motu próprio”, sobre algumas competências econômico-financeira, na administra-ção da Igreja.

FONTE: https://pt.wikipedia.org

Lucas FrançaParóquia de São José dos Angicos

Angicos-RN

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A ORDEM

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No último dia 11 de janeiro, o Papa Francisco publicou o motu próprio Spiritus Domini (Espírito do Senhor) que modificou a redação do cânon 230, do Código de Direito Canônico, que ordenava: «Os leigos varões que tiverem a idade e as qualidades estabelecidas por decreto da Con-ferência dos Bispos, podem ser assumidos estavelmente, mediante o rito litúrgico prescrito, para os ministérios de leitor e de acólito; o ministério, porém, a eles conferido não lhes dá o direito ao sustento ou à remuneração por parte da Igreja”. Com a nova redação, o termo “leigos va-rões” – leia-se: leigos homens - foi substituído simples-mente por “leigos”. Aqui, está a grande mudança operada na norma. Enquanto na lei anterior o termo se restringia aos fiéis leigos do sexo masculino, a admissão ao Minis-tério de Leitor e Acólito, agora, é oferecida aos “leigos de ambos os sexos, em virtude da sua participação no sacer-dócio batismal”. Assim, a lei nova firma o reconhecimento, também através de um ato litúrgico [instituição], da real, preciosa e imprescindível participação de muitos leigos, incluindo as mulheres, na vida e na missão da Igreja, como afirmado pelo Papa Francisco na carta que acompanhou a publicação da lei. Para alguns não se trata de uma inovação, já que desde

1994, as mulheres foram oficialmente autorizadas a ler e servir na missa a critério de seu bispo local, embora na prática o fizessem desde os anos 1970. Contudo, as mu-lheres permaneceram proibidas de receber instituições permanentes como leitoras ou acólitas. Historicamente, ambos os ministérios eram reservados somente aos can-didatos do sexo masculino admitidos no sacerdócio pela ordenação sacerdotal ou diaconal. Para mim, a inovação reside no fato da mudança inscrita na regra, que aboliu a exclusão da mulher ao reconhecimento institucional de um serviço que há muito tempo já vinha sendo realizado. E esse engajamento da mulher na Missão da Igreja não reside somente na assistência ao celebrante de um deter-minado rito sacramental. Restringir a participação da mulher ao serviço do altar,

seria negar quão expressiva e determinante é sua efetiva participação no múnus pastoral da Igreja: de levar a to-dos a Boa Nova da Salvação e Testemunhar a Fé, a Es-perança e a Caridade. O Papa Francisco simplesmente estendeu a concessão às mulheres, indo ao encontro da própria realidade. São elas, hoje, que mais atuam nas pa-róquias. São elas que, em comunidades isoladas, na au-sência de padres, sustentam comunidades inteiras. São elas, por exemplo, a maioria engajada na Catequese, nas mais diversas pastorais, no cuidado com os necessitados, nas atividades de festas de padroeiros. Ocultar esse re-conhecimento é desumano; sinal que a pessoa está mais preocupada com as “pompas viris do altar” que com a experiência do altar como lugar de sacrifício. As mulhe-res estavam ao pé da cruz, dizem os Evangelhos. Urge, portanto, irmãos e irmãs, abrir nossas mentes e corações para a atuação sempre presente do Espírito Santo na Igre-ja. E isso exige de nossa parte, conversão permanente.

Diác. Francisco Teixeira,advogado e assessor

jurídico da Arquidiocese de Natal

A INSTITUIÇÃO DAS MULHERES EM

Ministérios da Igreja

Restringir a participação da mulher ao

serviço do altar, seria negar quão

expressiva e determinante é sua efetiva

participação no múnus pastoral

da Igreja

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A ORDEM

“Eu acredito que, eticamente, todo mundo deve tomar a vacina. É uma opção ética por-que você aposta na sua saúde, na sua vida, mas também na vida dos outros”. Esta afir-mação foi feita pelo Papa Francisco, no dia 09 de janeiro de 2021. No dia 13 de janeiro começou a campanha de vacinação contra a Covid-19, na Cidade do Vaticano, no átrio da Sala Paulo VI. Os Papas Francisco e Bento VI (emérito) também foram vacinados, como afirma o Diretor da Sala de Imprensa Vatica-na, Matteo Bruni: “Posso confirmar que, como parte do programa de vacinação do Estado da Cidade do Vaticano, até hoje a primeira dose da vacina para a Covid-19 foi adminis-trada ao Papa Francisco e ao Papa emérito” (vatican.news).O exemplo do Vaticano, tomando a inicia-

tiva de vacinar o pessoal que lá trabalha e estender a vacinação a 25 sem tetos, é um posicionamento exemplar da Igreja Católica para todos os países sobre o dever de todo cidadão buscar vacinar-se, conforme a pro-gramação do respectivo País. No Estado do Vaticano foram vacinados cidadãos, funcio-nários e aposentados, mas também familia-res que têm a assistência do Fundo Assistên-cia Sanitária (FAS). A campanha é voluntária e a vacina não será aplicada em crianças e pessoas menores de 18 anos porque a vaci-na distribuída não foi testada neste grupo.Um dos cidadãos vacinados no Vaticano foi

o senhor Mario, que está numa cadeira de ro-das, porque lhe falta uma das pernas. No ano passado, ele perdeu a pensão por invalidez e se viu nas ruas de Roma pouco antes do primeiro bloqueio e da chegada da primeira onda do coronavírus. Como outras pessoas pobres e marginalizadas que gravitavam em torno da Praça de São Pedro, ele é hóspede do ‘Palazzo Miglior’, estrutura disponibiliza-da pelo Papa Francisco para retirar da rua os desabrigados do bairro. Ele foi um dos vaci-nados. “Correu muito bem, agora tenho uma segurança extra”, disse sorrindo ao sair da Sala Paulo VI, no Vaticano, após receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19. O Papa Francisco decidiu doar parte das doses da campanha de vacinação no Vaticano aos mais necessitados. “Agradecemos ao Papa o presente que nos deu”, disse Mario.

Igreja dá exemplo DIANTE DA PANDEMIA

Através dos Papas e Bispos, a Igreja conclama fiéis a se vacinarem

Por Diác. José Bezerra

REPORTAGEM

“Eu acredito que, eticamente, todo mundo deve tomar a vaci-na (Papa Francisco)

Serviço Fotográfico do Vaticano

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A ORDEM

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Palavra da CNBBO posicionamento da Igreja Católica no

Brasil, através da CNBB, segue o exem-plo dado pelo Vaticano e pelos Papas Francisco e Bento VI (emérito). Em nota publicada no dia 06 de janeiro, a Con-ferência Nacional dos Bispos do Brasil, presidida por Dom Valmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte--MG, conclamou os brasileiros à união: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”(Jo 10,10). O novo que buscamos neste ano de 2021 requer a união de todos os cidadãos de boa von-tade para enfrentamento da covid-19. Os números mostram que a pandemia está se tornando mais grave no Brasil. Já são cerca de 200 mil mortos. (...) Não pode-mos nos render à indiferença de alguns, ao negacionismo de outros ou à tentação de nos aglomerarmos, permitindo que nos contaminemos e nos tornemos ins-trumentos de contaminação, sofrimento e morte de outras pessoas. Não deixemos que o cansaço e a desinformação nos le-vem a atitudes irresponsáveis. Sejamos fortes! Permaneçamos firmes!”(...).O Presidente da CNBB e Arcebispo de

Belo Horizonte, Dom Valmor Oliveira, também falou sobre as adequações dos programas pastorais e de evangelização que a Igreja teve que se submeter, em vir-tude da pandemia. O desafiador ano de 2020 exigiu a reorganização de diferentes instituições sociais, sem exceções, entre elas a Igreja no Brasil (cnbb.org.br). “A

Igreja precisou se fortalecer ainda mais no serviço aos mais pobres, com ações solidárias emergenciais. Ao mesmo tem-po, considerando a exigência do distan-ciamento social, importante para conter a propagação da Covid-19, reconfigurou a sua ação evangelizadora, avançando aceleradamente na adequada utilização de novas tecnologias para proclamar a Palavra de Deus”, disse.Ainda em Belo Horizonte, o diácono per-

manente, doutor e professor Paulo Fran-co Taitson, da Pastoral Hospitalar e presi-dente do Complexo Hospitalar São Fran-cisco de Assis, de Belo Horizonte (MG), também deu um bom exemplo. Ele foi o primeiro diácono brasileiro a receber a va-cina Coronavac contra o Covid-19 (www.facebook/ciaconadobrasil). No dia 19 de janeiro, as primeiras do-

ses da vacina chegaram ao Rio Grande do Norte e as primeiras pessoas foram vaci-nadas. Ainda são poucas as doses dispo-nibilizadas, mas acende, no seio da Igreja e da população, a chama da esperança de que esse quadro pandêmico será reverti-do, brevemente. Os apelos da Igreja e dos poderes públicos para que os potiguares se vacinem apresentam resultados signi-ficativos, mesmo com o número limitado de doses disponibilizadas para o Estado. De uma população de 3.534.165 pessoas, 427.136 já haviam se cadastrado na pla-taforma https://maisvacina.saude.rn.gov.br/cidadao/, até o dia 20 de janeiro. Dos cadastrados, 8 foram vacinadas.

REPORTAGEM

Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo

CNBB

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A ORDEM

Sinal de esperançaO Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Ro-

cha, falou sobre esta esperança gerada com a chegada das vacinas, em vídeo dirigido aos cristãos e ao povo em geral. “O dia de hoje, para nós e para a vida, no Rio Grande do Norte, foi marcado por um gesto concreto de esperança, porque se deu o início da campanha de vacinação contra a Covid”. Dom Jaime apela para que cada um se junte nesta causa, “porque é um gesto de amor, como nos diz o Papa Francisco. A Vacina é um gesto de amor: quem ama cuida”, afirmou Dom Jaime.O Arcebispo de Natal, assim como vários diáconos e presbíteros,

já se inscreveram na plataforma https://maisvacina.saude.rn.gov.br/cidadao/ e aguardem o momento para se vacinarem, logo que sejam disponibilizadas as doses. Dom Jaime também conclama a todos a render graças a Deus pelo avanço da Técnica e da Ciência, “que em tão pouco tempo, na história da humanidade, desenvolvem uma vacina. Devemos valorizar tudo isto, despertar a nossa cons-ciência para a solidariedade e o zelo pela vida uns dos outros”. Ele também elogiou o gesto de solidariedade do Rio Grande do Norte, pela acolhida nos hospitais de Natal de alguns pacientes vítimas da Covid-19 vindos de Manaus. O início da vacinação, no entanto, não significa que o problema

da pandemia já foi resolvido. Estas primeiras doses atendem a um número limitado de cidadãos e cidadãs, e ainda falta uma segunda dose, para assegurar o efeito imunizante. É necessário continuar com as medidas preventivas, como a utilização do EPI (Equipamen-to de Proteção Individual) e a prática de distanciamento e higiene das mãos com rigor devem se manter durante todo o ano de 2021. As vacinas protegem contra a Covid-19, e não contra o coronaví-rus, que continua circulando.

Dom Jaime disse que a vacina é um sinal de esperança

Selton Gleydson

REPORTAGEM

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A ORDEM

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PERSONALIDADE

Padre Tércio sacerdote da Igreja e da educação

Monsenhor Ausônio Tércio de Araújo nas-ceu na cidade de Currais Novos (RN), no dia 12 de outubro de 1935. Viveu a maior parte da sua vida em Caicó, dedicado à missão na Igreja e na educação, e faleceu em Natal, no último dia 9 de janeiro, vítima da covid-19. Na Diocese de Caicó, atuou nas paróquias de Santana, em Currais Novos; São João Batista, em Cerro Corá; Nossa Senhora dos Aflitos, em Jardim de Piranhas, e São José, em Caicó. Em nível diocesano, foi assistente espiri-

tual de alguns grupos. Animado pela Doutrina Social da Igreja, ele presidiu o Departamento Diocesano de Ação Social (DDAS). Sua par-ticipação foi decisiva ainda para a atuação do Movimento de Educação de Base (MEB), na região do Seridó, e para projetos como es-colas para os pobres, abrigos e fundação de cooperativas e sindicatos.

Mons. Ausônio Tércio (ou apenas Padre Tércio, como as pessoas o chamavam) foi vigário geral da Diocese de Caicó, no go-verno de Dom Manoel Tavares de Araújo, de Dom Heitor de Araújo Sales e Dom Jai-me Vieira Rocha. Foi também administrador diocesano, na transição entre Dom Heitor e Dom Jaime. Era um homem culto, mestre em Filoso-

fia e em Teologia, pela Pontifícia Universi-dade Gregoriana, de Roma. Além da língua portuguesa, sabia latim, francês, italiano, espanhol e um pouco do inglês. Ele gostava de ser professor. Sua pri-

meira experiência no foi Seminário Arqui-diocesano de João Pessoa (PB), em 1960. Depois, em Caicó, deu aulas e foi diretor de algumas escolas. Foi diretor do Colégio Dio-cesano Seridoense (CDS), de 1964 a 2013. No ensino superior, foi professor Centro de Ensino Superior do Seridó (UFRN – Cam-pus de Caicó), desde 1974. Também foi Di-retor da Faculdade de Teologia Cardeal Eu-gênio Sales. Em 1975, tornou-se membro efetivo do Conselho Estadual de Educação, sendo vice-presidente e presidente. No campo da comunicação, Monsenhor

Tércio também se destacou, sendo diretor da Emissora de Educação Rural de Caicó AM, por muitos anos. Inaugurou ainda a 95 FM, em Caicó, e a Rádio AM, em Parelhas.A vida, o ministério e o testemunho do Pa-

dre Tércio, ao longo desses anos, de inteira dedicação e serviço à Igreja, se confundem com a própria história e a vida da Diocese de Caicó. Nossas preces e reconhecimento em homenagem à sua memória.

Cedida

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A ORDEM

Fomentar projetos que contemplem ini-ciativas de economia solidária, capacita-ção e formação de lideranças. Essas são algumas das linhas que integram a ação do Serviço de Assistência Rural (SAR), do Vicariato Social da Arquidiocese de Natal, que tem desempenhado um importante trabalho junto às comunidades, pastorais sociais e organismos da Igreja no território arquidiocesano. Segundo o diácono Fran-

Vicariato social INVESTE EM AÇÕES NAS

COMUNIDADES E ASSENTAMENTOS RURAIS

cisco Adilson, assessor do Vicariato So-cial, o SAR tem quatro linhas de trabalho, tendo como base a educação popular. Nos assentamentos e comunidades rurais da região do Mato Grande potiguar, por exem-plo, o Serviço de Assistência Rural tem de-senvolvido ações bem expressivas. Mais de 3 mil pessoas são beneficiadas. Nesses locais, as iniciativas são voltadas

Por Luiza Gualberto

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A ORDEM

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cisco Adilson, assessor do Vicariato So-cial, o SAR tem quatro linhas de trabalho, tendo como base a educação popular. Nos assentamentos e comunidades rurais da região do Mato Grande potiguar, por exem-plo, o Serviço de Assistência Rural tem de-senvolvido ações bem expressivas. Mais de 3 mil pessoas são beneficiadas. Nesses locais, as iniciativas são voltadas

para a economia solidária e geração de renda. Todos os projetos são financiados com recursos de instituições benfeitoras de fora do país, além de editais brasilei-ros. “Na cidade de João Câmara, desde 2017, existe a feira agroecológica do Mato Grande, um dos projetos abraçados pelo SAR. Era um grupo de aproximadamente sete feirantes, que foi formado pelo Se-

brae. Hoje, por meio da nossa atuação e com o apoio da Cáritas paroquial, são 15 feirantes, que vendem, toda quarta-feira, à tarde, produtos vindos da agricultura fa-miliar e sem agrotóxicos”, conta. Também na cidade de João Câmara,

no Assentamento Modelo II, o grupo apoia uma associação composta por 29 mulhe-res, a Associação Girassol, que foi o pri-meiro grupo de mulheres a assumir uma

Projetos contemplam iniciativas de economia solidária, capacitação e formação de lideranças

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A ORDEM EM AÇÃO

área de 25 hectares para o plantio e incentivo do sistema agro-florestal. “Além disso, estamos presentes em duas comunidades em São Miguel do Gostoso, sendo o assentamento popular Ma-ria Aparecida, que tem a construção de um sistema agroflores-tal. É uma comunidade que conta com 32 famílias que tem pre-zado pela produção totalmente orgânica, sem agrotóxicos. Lá, recentemente, demos um apoio para a construção de uma cai-xa d’água, com recurso de uma instituição estrangeira”, pontua. Também está sendo construído na comunidade, um espaço para formação na região. Além do Maria Aparecida, outra comunida-de que recebe o apoio do SAR em São Miguel, é a comunidade da Tabua, uma comunidade indígena não reconhecida. Lá, exis-te uma casa de farinha e fábrica de doces, apoiados em tempos passados pelo SAR. Nessa comunidade, também existe o banco comunitário, com a moeda social “Gostoso”. Estava parado há um tempo e estão retomando agora, também a pedido do empre-sariado local. De acordo com Adilson, a moeda social tem planos de se ex-

pandir para outras regiões. “Estamos em discussão com a região salineira, ali em Macau, na Reserva Estadual Ponta do Tubarão, em pelo menos três comunidades, sendo Diego Lopes, Barrei-ras e Sertãozinho, para a implantação da moeda social e de um banco comunitário. Com isso, também estamos incentivando a criação de uma unidade de beneficiamento de pescado, fruto de uma parceria que fizemos no ano passado, por meio de um pro-jeto financiado pela instituição alemã, ADVENIAT, de distribuição de cestas básicas. Nessas comunidades, já há uma prática dos pescadores artesanais, de secar o pescado, no caso, sardinha e peixe avoador, que contribuem para uma maior durabilidade desses produtos. Esses insumos integraram as cestas que fo-ram distribuídas a famílias em situação de vulnerabilidade social, diante da pandemia do novo coronavírus”, destaca.

Dom Jaime Vieira Rocha em visita aos assentamentos da região do Mato Grande no mês de dezembro

João Maria Nunes

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EM AÇÃO

Bodega solidária Já está em discussão pelo SAR, a criação das cha-

madas “bodegas solidárias”, que tem a proposta de ser um espaço abastecido pelos empresários locais e pessoas benfeitoras, para beneficiar as famílias que estejam mais necessitadas e que estejam fora do as-sistencialismo de programas sociais. “Estamos com esse projeto das cestas básicas, mas, a gente sabe que a cesta é pouco, que vai suprir uma necessida-de imediata daqueles que estão precisando. Então, a nossa proposta dessa bodega solidária é de ser um espaço que tenha sempre os produtos alimentícios e cada família, por mês, vai receber um valor para trocar por produtos que estejam precisando”, conta Adilson. Ainda de acordo com o assessor do vicariato social

arquidiocesano, está nos planos a criação de um car-tão e definição de um valor por família para uso na bo-dega. Será feito um mapeamento das famílias dessas comunidades que estão em maior situação de vulne-rabilidade, elencando cerca de 500 que serão bene-ficiadas por meio da iniciativa. Inicialmente, está pre-vista a instalação do projeto nas comunidades rurais de João Câmara, Diogo Lopes, em Macau e também no Assentamento Maria Aparecida, em São Miguel do Gostoso. “O nosso recurso é escasso, mas, a ideia, é que a própria comunidade abrace esse projeto e faça campanha para o abastecimento da bodega, bem como, exercite a troca solidária. Vivenciamos isso no projeto das cestas básicas. As comunidades de pes-cadores que foram beneficiadas com as cestas, doa-ram cerca de 300 quilos de pescado para doação em outras comunidades”, reforça Adilson.

Hortência Rodrigues

Cerca de 3 mil família são beneficiadas com as iniciativas do SAR

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A ORDEM

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A ORDEM

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Por Cione Cruz

A pandemia da covid-19 e, consequente, o isolamento so-cial, especialmente dos idosos, considerados do grupo de ris-co, mudou hábitos e aumentou o número de adeptos às novas tecnologias e ao mundo vir-tual. Enquanto alguns idosos são extremamente avessos às novas tecnologias, outros am-pliaram seus leques de opção e optaram pelo mundo virtual, às vezes até como um esca-pe para o isolamento ao qual foram forçados neste ano de 2020.Manusear smartphone não

é mais privilégio somente de jovens conectados. A velha guarda faz compra, transações bancárias, troca figurinhas com amigos e parentes, através das redes sociais, e se diverte utili-zando o que antes era só mais um meio de comunicação (te-lefone celular), hoje incorpora-do à vida cotidiana e às neces-sidades de todos.Solange Medeiros, 72 anos,

aposentada da Assembleia Legislativa, diz que não sen-te dificuldades de manusear os equipamentos tecnológi-cos atuais e sempre recorre a eles para se manter informada e “também como meio utilitá-rio. Hoje eu quase não vou a banco. Só para sacar dinheiro. Tudo eu faço pelo celular”. As redes sociais, como Whatsapp e Facebook, usa para se man-ter ligada à família e aos ami-gos e o messenger, só se for necessário mesmo, afirmou. “Eu não sou muito ligada nesse negócio. Eu fico besta como as pessoas ficam pendurada no celular, no Whatsapp, no Face-book, o dia todinho. Em um bate papo sem fim. No mais, eu me adapto bem. Não sou das pio-

Mundo virtual

NÃO É NOVIDADE PARA IDOSOS

res não. Sou uma idosa mais objetiva, de trabalhos manuais, de palavras cruzadas, ler um li-vro bom, regar meu jardim, fi-car jogando conversa fora com minhas plantinhas”, disse So-lange.Carlos Alberto Cavalcanti, 78

anos, ainda na ativa (é consul-tor de vendas de uma empre-sa de máquinas pesadas e im-plementos agrícolas), não tem muita intimidade com o mundo virtual, mas consegue resolver problemas do dia a dia e no tra-balho, usando o computador e smartphone. As redes sociais, principalmente o Whatsapp, utiliza para se comunicar com os amigos e na rotina do traba-lho. Segundo afirmou, as redes sociais são muito importantes em sua atividade. Abigail Fernandes, 71, tam-

bém em plena atividade multi-profissional (tem loja de roupa em casa, trabalha com agência de viagem e ainda fabrica pão), tem uma relação estreita com o mundo virtual. “Tudo que faço, todo trabalho, faço utilizando as redes sociais”, afirma. Além do trabalho e das relações so-ciais, ela utiliza o smartphone para se atualizar, ler notícias, fazer pesquisas sobre determi-nados assuntos que lhe interes-sem, comprar passagem para viagens e para agilizar traba-lho. Para ela, o mundo virtual é mais uma necessidade do que um passatempo.Eleucia Bandeira Luz, 73

anos, professora aposentada do IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte), lembra que, quando esses avanços tecnológicos chegaram, ela já estava formada (uma das pio-neiras a se graduar em Enge-nharia aqui no RN). Porém,

“Quando comecei a usar

internet e smatphone,

eu já era aposentada.

É uma geração

totalmente diferente da minha, mas eu procuro

acompanhar, e quando

tenho dúvidas, vou aos filhos ou

aos netos

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A ORDEM

mesmo não sendo da geração do celular e do computador, acha que faz “algumas coisas”. Ela transita bem nas redes sociais, usando bastan-te o Whatsapp e o Facebook, sem abrir mão do computador, através do qual ela costuma en-viar e-mails, quando necessário. Ela diz achar ótimo poder resolver seus problemas de banco, quase todos, pelo aplicativo do banco, instalado no celular. “Gosto muito, porque a gente ganha muito tempo. Isso tudo veio facilitar”, afirmou.“Quando comecei a usar internet e smatpho-

ne, eu já era aposentada. É uma geração to-talmente diferente da minha, mas eu procuro acompanhar, e quando tenho dúvidas, vou aos filhos ou aos netos. Quando não sei fazer, peço a alguém para me ensinar, porque sou muito medrosa e não gosto de meter a cara quando não sei. Sou também muito desconfiada quan-do recebo ligação estranha. Não respondo nada. Nem repasso mensagens recebidas pelo Whatsapp, porque muitas são vírus ou menti-rosas (fake news). Mas até que transito bem”, afirmou Eleucia.Enquanto isso, há aqueles idosos que têm

mais dificuldade ou se recusam a utilizar o meio virtual no seu cotidiano, como Nazaré Costa, 80 anos, aposentada, que dispõe de um apare-lho celular, mas utiliza-o apenas como telefone, para falar com amigos e familiares. Diz ter ver-dadeira aversão a tudo que se refere à Internet.Cicero Carnaúbas da Silva, 76 anos, aposen-

tado, também tem dificuldade de lidar com as novas tecnologias, mas confessa que chegou a fazer curso de internet, quando morava no Rio de Janeiro, mas, parou. Usava o celular, mas depois que o filho morreu, em 2019, parou de utilizar até celular. “Só utilizo para atender liga-ção”, frisou.

PesquisaRecentemente, foi publicada uma pesquisa

da CNN Brasil (Kantar Ibope), que mapeou uma parcela da população, com idade acima de 55 anos, que utiliza a internet com regu-laridade, mostrando que 40% desses pesqui-sados aumentou ou manteve seus hábitos de compras virtuais no período da pandemia, em 2020. 85% dos entrevistados foram, nos últi-mos três meses, pesquisar preços na internet e 75% deles efetivaram a compra. Esses gas-tos ficaram concentrados mais em produtos e serviços para o lar. Ainda segundo a mesma pesquisa, 80% comprou produtos de limpe-za, 75% fizeram compras de supermercado e 74% fizeram compras de medicamentos onli-ne. A pesquisa mostrou, também, que a gran-de maioria dos pesquisados aumentou seu tempo de navegação, uma média de 42 horas/mês, destacando-se como foco de interesse, a rede social Facebook, onde grande parte dos idosos alimentam seus perfis. Os serviços de streaming ocuparam também o tempo dos idosos, assim como os serviços pagos.

O câncer é o crescimento descontrolado e anormal da célula, que pode se alojar em qualquer parte do organismo. Diagnosti-car esse câncer, precocemente, tem uma importância relevante para o aumento no índice da cura, onde o número de mortes, ainda, é muito grande, quando diagnosti-cado tardiamente. Hoje, o câncer infantojuvenil vem crescen-

do anualmente, contudo, em torno de 80% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados, se diagnosti-cados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria deles terá boa qualidade de vida, após o tratamento ade-quado (INCA,2019). O número estimado de novos casos, para o triênio 2020-2022, é de 8.460 no Brasil e, no RN, esse valor fica na média dos 130 novos diagnostica-dos.Os principais tipos de cânceres que aco-

metem as crianças e os adolescentes são: Leucemias, tumores do sistema nevoso central (TU SNC), linfomas, tumor de Wil-ms, neuroblastomas, cânceres dos tecidos moles, retinoblastomas e osteossarcomas. Os seus principais sintomas são: febre

inesperada, palidez, manchas roxas pelo corpo, perda de peso, caroços pelo corpo, aumento do volume abdominal, dor de ca-beça, náusea, vômito e sudorese noturna.É imprescindível estar atento aos sinais

de alerta, caso a criança ou adolescente apareça com algum desses sintomas. Em caso positivo, um médico deve ser procu-rado imediatamente.Esse ano, a Casa de Apoio a Criança com

Câncer Durval Paiva irá trabalhar, mensal-mente, os principais tipos de câncer infan-to-juvenil, apresentando informações de-talhadas sobre eles, tirando todas as dúvi-das sobre cada tipo e, na última quinta-fei-ra de cada mês, uma live com especialista será realizada no Instagram da instituição. Acompanhe as nossas redes sociais @ca-sadurvalpaiva.

Ministério da Saúde – Estimativa 2020 – Incidência de câncer no Brasil - INCA

Rilvana Campos CâmaraCoordenadora do Diagnóstico

Infantojuvenil da CDP.

Diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil

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A ORDEM

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