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LITERATURA GOIANA SOBRE A DITADURA MILITAR NO BRASIL

1 - O PAPEL DA LITERATURA

O que é literatura e qual o seu lugar na História da humanidade?

Cultura popular, tradição oral e literatura de ficção.

Telurismo, regionalismo, “bairrismo”.

Literatura, História e imaginário

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Umberto Eco afirmou que (na literatura) existem três maneiras de narrar o passado: a fábula, a estória e o romance histórico [...] No entanto eu acrescentaria que esse recurso (o do romance histórico) indica uma quarta maneira de narrar o passado: a metaficção historiográfica – e não a ficção histórica -, com sua intensa autoconsciência em relação à maneira como tudo isso é realizado (HUTCHEON, 1991, p. 150).

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Conforme Pierre Bourdieu (1996) é impossível dissociar a linguagem das condições sociais concretas em que ela acontece; isto é, a interação linguística não é apenas um processo de codificação-decodificação de signos linguísticos, mas é, principalmente, um embate de forças simbólicas, arbitrárias, determinadas pelas relações sociais existentes entre os locutores. Isso também é tratado por Bakhtin (2003) como cronotopia.

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A verdade da história sempre mantém um lado escuro, não indagado. A ficção, suspendendo a indagação da verdade, se isenta de mentir. Mas não suspende sua indagação da verdade. Mas a verdade agora não se pode entender como “concordância”. A ficção procura a verdade de modo oblíquo, i.e., sem respeitar o que, para o historiador se distingue como claro ou escuro (LIMA, 2006, p. 156).

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Arquivo Nacional – Centro de Referência Memórias Reveladas

50 anos do GOLPE

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2 - LITERATURA GOIANA E A DITADURA

Literatura de resistência – literatura de denúncia – Literatura engajada;

Duas realidades de um mesmo fato no cenário nacional – as artes durante a ditadura, as artes depois da ditadura;

Goiás neste cenário

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Durante o período da ditadura militar que assolou o país, e principalmente após a publicação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5) que dava totais poderes ao governo e retirava dos cidadãos os direitos, muitos escritores, cantores, compositores, atores e jornalistas foram “convidados” a deixar o Brasil. A repressão à produção cultural perseguia qualquer ideia que pudesse ser interpretada como contrária aos militares, mesmo que não tivesse conteúdo diretamente político. Por conta disso os militares foram capazes de prender, sequestrar, torturar e exilar artistas e intelectuais.

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Nessa fase, a produção cultural de contestação ao regime era "engajada", com atenção aos grandes temas ideológicos da esquerda, como a luta pela Reforma Agrária e pela justiça social. Mas o sucesso nas rádios e nas lojas ficava para a música mais popular, que ressaltava as qualidades do país, como a ufanista "País Tropical", de Jorge Ben Jor, que cantava o Brasil como "pais tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza“, ou “Eu te amo meu Brasil” Dom e Ravel consideradas adequadas pela censura.

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3 - O CENÁRIO GOIANO

LITERATURA GOIANA - NO PERIODO DA DITADURA

O GEN (Grupo de Escritores Novos) deu significativa contribuição à renovação e modernidade dos estilos literários em Goiás.

“O  GEN,  em 1963, imprimiu, com o ímpeto dos jovens, uma busca mais determinada  às tendências renovadoras. Daí, atribuirmos a ele o papel de cadinho da intelectualidade em Goiás, representando o que temos de mais consciente e criativo no mundo das Letras.”

(Moema de Castro e Silva Olival - Crítica Literária, Ensaísta e escritora)

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4 - AO LONGO DOS 50 ANOS...

José Joaquim da Veiga (Corumbá de Goiás, 1915 — Rio de Janeiro, 1999)

– A Hora dos Ruminantes (1966); borda a condição humana e sua reação diante das mudanças, repentinas, drásticas e/ou inexplicáveis. Por meio de alegorias, Veiga metaforiza, numa cidade imaginária, acontecimentos extraordinários que simbolizam os desmandos e as repressões à sociedade da época. Busca-se com isso mostrar o valor não apenas artístico da literatura, mas também valor do compromisso que o artista tem com seu povo e sua história: utilizando as armas de que dispõe, cumpre o seu papel social.

- Sombras de Reis Barbudos (1972); Sombras de reis barbudos é uma evidente alegoria do golpe militar de 1964. No desfecho, o paroxismo de uma ditadura que começara por transformar as ruas da cidade num labirinto de muros desemboca no estranho fenômeno de as pessoas começarem a voar. A explicação, dada pelo intelectual de plantão em Tiatiara, é que elas não estavam de fato voando, mas tendo uma alucinação coletiva a fim de não enlouquecerem.

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Miguel Jorge (Campo Grande, Mato Grosso do Sul, l6/05/1933)

Avarmas (1978) livro de contos de Miguel Jorge, vem apresentado por um estudo de Gilberto Mendonça Teles, centralizado na noção de "descontinuidade da história“ – Gota d’água, Avarmas;

Nos ombros do cão (1991) “Em Nos ombros do cão, chamaríamos a atenção pela própria intitulação metafórica, em que, no caso, “cão”, palavra que, nos remete à violência, à crueldade do período repressor do militarismo, sistema vigente em nosso país nas décadas de 1960, época em que transcorre a narrativa. Miguel Jorge imortaliza tipos como Masael, líder estudantil do colégio Liceu de Goiânia...” (Luisa A.Mendonça)

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Edival Lourenço (Iporá, 13/08/1952)

A Centopeia de Neon (1990) História cíclica e narrada em quatro vozes, “A Centopeia de Neon” transcorre num clima de intensa repressão policial, entre a “Capital” e Piambaia, cidade imaginária. A vaga realidade é apenas uma versão legitimista e autoritária imposta à massa impensante pela poderosa Organização Ionesco, de comunicação, que tem “compromisso supremo com a verdade” mas vive de mentiras escabrosas. Entre o público e o privado deslindam-se incontáveis esquemas de corrupção que drenam recursos públicos. Mas aqui o elo estabelecido entre “o crime e a legalidade” é obra de um autêntico gênio do crime: o espetacular lobby-man dr. Sidrake de Thorteval Gahy. Sua empresa — STG Lobby S/C — comanda extorsões, assassinatos, fraudes e projetos suspeitíssimos.

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Dionísio Pereira Machado (Itapirapuã – GO-09/10/1948)

Epaminondas sem cabeça (1985) “De forma dura, direta e contundente, revela a descrença do autor nas instituições sociais estabelecidas, no próprio homem. Humano, saudosista, revoltado, repudia a violência praticada contra toda espécie de vida! Relata, de forma lancinante, a saudade de sua infância vencida, seu mundo destruído, seus sonhos desfeitos, suas verdades desacreditadas.” (VB)

Atrás do morro tem sombra (1988) “Desta vez o autor foi além, muito além do simples e corpóreo texto, operou a memorável façanha de fundir o homem à terra e a terra à alma do homem! E mais, sem ufanismo piegas, revela seu amor, respeito e dedicação à sua humilde origem e desafia as “autoridades” a provarem quem tem mais poder.” (VB)

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Maria José Silveira - Maria José Rios Peixoto da Silveira Lindoso (Jaraguá -GO 1947).

O fantasma de Luis Buñuel (2006) Neste romance o regime militar político autoritário e repressivo funciona como o terror que provoca o combate e, mais tarde, a fuga. Perder a juventude nesse ambiente é uma experiência pavorosa, mas a conveniência de um grupo de pessoas identificadas por aspirações comuns e pela paixão pelo cinema serve de antídoto a essa vivência hostil. Permanecendo um fantasma para toda a história contemporânea do Brasil, o golpe civil-militar de 1964 entra na vida de um grupo de jovens estudantes em Brasília provocando, de um lado, a diáspora e, de outro, consolidando laços que os acompanharão para o resto de suas vidas.(Edu, Tadeu, Tonho, Nina e Esmeralda)

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Parcival Moreira Coelho (Nasceu em Damolândia mas cresceu em Inhumas onde vive - / / 19..)

Grito sem eco (1999) poemas que falam do homem, da terra, carregados de telurismo e de sentimento, sempre tendo a temática da busca da liberdade e dos direitos que todo o ser humano merece ter. apesar de semianalfabeto, o poeta é de extrema sabedoria. Sua obra é sensível, forte e terna ao mesmo tempo.

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