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1 O que é humanidade?

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O que é humanidade?

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sumario

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Introdução

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Capitulo I

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1.1. O que é humanidade

A humanidade é uma ideia generalizadora que coloca a todos nós do

gênero humano como um grupo homogêneo, com os mesmos interesses e

mesmo destino. Como se todos trabalhássemos juntos para isso ou ao menos

tivéssemos algum plano consciente a realizar.

Não digo que todos somos só diferentes uns dos outros, não, somos sim

muito parecidos, mas divergentes quanto às paixões e nossos interesses. O

que torna essa imagem de 'humanidade' um tanto incoerente.

Essas imagens de generalizações são importantes enquanto produzem a união

imaginária dos grupos sociais, como as religiões ou na vida social como um

todo. Sendo a ideia de humanidade a mais de todas.

1.2 O que é Sociedade:

Sociedade é um conjunto de seres que convivem de forma organizada. A palavra vem do Latim societas, que significa "associação amistosa com outros".

As sociedades humanas são objeto de estudo da Sociologia e da Antropologia, enquanto as sociedades animais são estudadas pela Sociobiologia e pela Etologia.

O conceito de sociedade pressupõe uma convivência e atividade conjunta do homem, ordenada ou organizada conscientemente. Constitui o objeto geral do estudo das antigas ciências do estado, chamadas hoje de ciências sociais. O conceito de sociedade se contrapõe ao de comunidade ao considerar as relações sociais como vínculos de interesses conscientes e estabelecidos, enquanto as relações comunitárias se consideram como articulações orgânicas de formação natural.

Uma sociedade humana é um coletivo de cidadãos de um país, sujeitos à mesma autoridade política, às mesmas leis e normas de conduta, organizados socialmente e governados por entidades que zelam pelo bem-estar desse grupo.

Os membros de uma sociedade podem ser de diferentes grupos étnicos.

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Também podem pertencer a diferentes níveis ou classes sociais. O que caracteriza a sociedade é a partilha de interesses entre os membros e as preocupações mútuas direcionadas a um objetivo comum.

O termo sociedade também pode se referir a um sistema institucional formado por sócios que participam no capital de uma empresa, por exemplo, sociedade anônima, sociedade civil, sociedade por cotas, etc. Nesta vertente de negócios, uma sociedade é um contrato pelo qual duas ou mais pessoas se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício em comum de certa atividade econômica, a fim de repartirem os lucros resultantes dessa atividade.

Um grupo de pessoas com interesses comuns, que se organizam em torno de uma atividade, obedecendo a determinadas normas e regulamentos, também se denomina sociedade, por exemplo: sociedade de física, sociedade de comerciantes, etc.

1.3 O que é Política:

Política é a ciência da governação de um Estado ou Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses. O termo tem origem no grego politica, uma derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público.

Na ciência política, trata-se da forma de atuação de um governo em relação a determinados temas sociais e econômicos de interesse público: política educacional, política de segurança, política salarial, política habitacional, política ambiental, etc.

O sistema político é uma forma de governo que engloba instituições políticas para governar uma Nação. Monarquia e República são os sistemas políticos tradicionais. Dentro de cada um desses sistemas podem ainda haver variações significativas ao nível da organização. Por exemplo, o Brasil é uma República Presidencialista, enquanto Portugal é uma República Parlamentarista.

Num significado mais abrangente, o termo pode ser utilizado como um conjunto de regras ou normas de uma determinada instituição. Por exemplo, uma empresa pode ter uma política de contratação de pessoas com algum tipo de deficiência ou de não contratação de mulheres com filhos menores. A política de trabalho de uma empresa também é definida pela sua visão, missão,

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valores e compromissos com os clientes.

É natural que com o passar do tempo, seja necessário proceder a uma alteração de algumas leis ou políticas estabelecidas por um determinado país. No Brasil. a expressão "reforma política" remete para as alterações propostas para o melhoramento do sistema político e eleitoral. Essas propostas são debatidas no Congresso Nacional e são aceites ou recusadas.

Ciência Política

É a ciência que estuda o funcionamento e a estrutura do Estado e das instituições políticas. Também tem como objeto de estudo a relação entre os elementos que estão no Poder (Governo) e os restantes cidadãos.

Nos seus primórdios, a ciência política abordou a política a partir de uma perspectiva filosófica (através de pensadores como Maquiavel, Hobbes, Montesquieu, etc.), mas posteriormente passou a ser uma análise preponderantemente jurídica.

Políticas públicas

Políticas públicas consistem em ações tomadas pelo Estado que têm como objetivo atender os diversos setores da sociedade civil. Essas políticas são muitas vezes feitas juntamente e com o apoio de ONGs (Organizações Não Governamentais) ou empresas privadas. Quanto aos seus tipos, as políticas públicas podem ser distributivas, redistributivas e regulatórias, sendo que podem atuar na área industrial, institucional, agrícola, educacional e da assistência social.

Política monetária

A política monetária consiste em um conjunto de medidas adotadas pelas autoridades econômicas (governo, banco central) para evitar que a moeda seja uma fonte de desequilíbrios e proporcionar um quadro de referência e enquadramento às forças econômicas. A política monetária controla a quantidade de moeda existente, o crédito e as taxas de juro. A política monetária utiliza como uma das suas ferramentas a influência psicológica sob a forma de informações, declarações e orientações às instituições financeiras.

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Capitulo 2

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Manipulação social

A manipulação social ocorre desde os primórdios do que nós entendemos por Civilização. Mesmo quando se fala em sociedades barbaras como Godos, Vikings e Celtas, por exemplo, ela existia de alguma maneira. Falar isso nos leva naturalmente a uma pergunta: Mas esta não é uma característica de ditaduras comunistas? Bem, na verdade não. O rei da manipulação social é um país "democrático" e exemplo de capitalismo no mundo. Acho que já sabem de quem eu falo: Estados Unidos da América. As ditaduras têm meios diferentes de manipular sua população, geralmente por meio da força ou do medo. Já nossos vizinhos de cima, EUA, tem diversas técnicas, e até estudos acadêmicos para se aprimorar no assunto.

10 técnicas comuns usadas para manipular a opinião pública – Engenharia Sociais e suas armadilhas

A Engenharia Social nunca esteve tão presente no nosso dia quanto é hoje. Ela está em todos os lugares, embora você não perceba. As ideias de Skinner e sua trupe do behaviorismo, em conjunto com a ascensão da Neurologia, mapearam o ser humano de Cabo a Rabá. Especialista dessa área encontra-se em praticamente em todos os segmentos, mas principalmente, na publicidade. O que eles querem é te persuadir, te manipular a fazer o que eles programaram para você. Esse post fala sobre os princípios das técnicas mais comuns de manipulação da opinião pública usadas atualmente, que seria bom você ler para ficar um pouco mais antenado e não cair em tudo que eles falam ou apresentam.

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HIERARQUIA SOCIAL

O QUE É HIERARQUIA SOCIAL

Hierarquia social são os níveis e posições de cada indivíduo dentro de uma sociedade. A hierarquia social faz com que as pessoas sejam divididas em grupos, de acordo com uma estrutura, entre as classes mais ricas, a classe

média e as classes mais baixas.

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A hierarquia social pode ser exemplificada com uma pirâmide, onde, a parte de baixo concentra as camadas mais pobres da sociedade, e quanto mais perto chega do topo da pirâmide estão concentradas as classes mais ricas, como milionários, por exemplo. Essa classificação existe há muito tempo, desde a época do feudalismo, que caracterizava as sociedades como escravos, artesãos, plebe, exército e os reis.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) classifica a hierarquia social brasileira em classes: A, B, C, D e E. Essa classificação é feita de acordo com a renda de cada família, onde a classe E são as pessoas muito pobres, que vivem com menos de um salário mínimo, a classe D é a média-baixa, a classe C é a classe média, composta por uma grande parte da população, a classe B é média-alta e a classe A é formada pelos milionários e bilionários.

HUMANIZAÇÃO

Humanização é a ação ou efeito de humanizar, de tornar humano ou mais humano, tornar benévolo, tornar afável.

A humanização é um processo que pode ocorrer em várias áreas, como Ciências da Saúde, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Exatas, etc. Sempre que ocorre, a humanização cria condições melhores e mais humanas para os trabalhadores de uma empresa ou utilizadores de um serviço ou sistema.

O processo de humanização implica a evolução do Homem, pois ele tenta aperfeiçoar as suas aptidões através da interação com o seu meio envolvente. Para cumprir essa tarefa, os indivíduos utilizam recursos e instrumentos como forma de auxílio. A comunicação é uma das ferramentas de grande importância na humanização.

Humanização na Saúde

A humanização na saúde implica uma mudança na gestão dos sistemas de saúde e seus serviços. Essa mudança altera o modo como usuários e trabalhadores da área da saúde interagem entre eles. A humanização na área

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da saúde tem como um dos seus principais objetivos fornecer um melhor atendimento dos beneficiárias e melhores condições para os trabalhadores.

Humanizar a saúde também significa que as mentalidades dos indivíduos vão sofrer mudanças positivas, criando novos profissionais mais capacitados que melhoram o sistema de saúde.

Humanização e SUS

A humanização é um assunto tão importante na área da saúde que em 2003 foi lançado o Humaniza SUS, que representa a Política Nacional de Humanização (PNH), que tem como objetivo melhorar o Sistema Único de Saúde.

Para alcançar um patamar mais elevado a nível de saúde, o Humaniza SUS pretende inovar na área da saúde. De acordo com o Ministério da Saúde as principais inovações são:

Valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores;

Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos e dos coletivos;

Aumento do grau de corresponsabilidade na produção de saúde e de sujeitos;

Estabelecimento de vínculos solidários e de participação coletiva no processo de gestão;

Mapeamento e interação com as demandas sociais, coletivas e subjetivas de saúde;

Defesa de um SUS que reconhece a diversidade do povo brasileiro e a todos oferece a mesma atenção à saúde, sem distinção de idade, etnia, origem, gênero e orientação sexual;

Mudança nos modelos de atenção e gestão em sua dissociabilidade, tendo como foco as necessidades dos cidadãos, a produção de saúde e o próprio processo de trabalho em saúde, valorizando os trabalhadores e as relações sociais no trabalho;

Proposta de um trabalho coletivo para que o SUS seja mais acolhedor, mais

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ágil e mais resolutivo;

Compromisso com a qualificação da ambiência, melhorando as condições de trabalho e de atendimento;

Compromisso com a articulação dos processos de formação com os serviços e práticas de saúde;

Luta por um SUS mais humano, porque construído com a participação de todos e comprometido com a qualidade dos seus serviços e com a saúde integral para todos e qualquer um.

A coisificação humana

Por: José Silvano dos Santos

O senso comum caracteriza-se como uma "praga" que até os dias atuais trava o desenvolvimento da humanidade.

A humanidade poderia estar num estágio, espiritualmente, mais avançado se não fosse a inexistência de uma maioria que rejeita a visão global e racional dos fatos. Porém, a culpa não é totalmente do senso comum, há por detrás disso uma superestrutura "canina" que investe e aposta alto na perpetuação e manutenção dessa forma de conhecimento, que não só trabalha para manter sua existência como existe e se mantém em função deste.

É uma estrutura constituída de poderes: O poder político, formado pelos três poderes da República, o poder religioso e a Indústria Cultural (Mídia).

O poder político aposta numa Educação que tem por objetivo a formação de uma massa de alienados, porém, muito submissos ao Capitalismo. É a formação de uma espécie de "gado humano".

O poder religioso, digamos até "fundamentalismo tropical", se mantém graças ao senso comum, um tipo que é manipulado e amordaçado desde que nasce.

Tem por dever ser o "coitadinho", andar curvado, não expor suas opiniões aos pais, ao patrão e ao clero em troca de privilégios. E se fizer algo diferente disso para o patrão é logo taxado de comunista, revoltado para os pais e louco para

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os líderes religiosos.

Para a Indústria Cultural, o senso comum, é imprescindível, pois sendo um tipo de rebanho que pouco pensa, prefere que pensem por ele, age por impulsos. Não sabe que esta atitude faz com que o sistema se aproprie de sua mente através da ideologia da classe dominante, e de seu corpo ditando o seu vestuário, o que beber/comer; que remédio tomar, etc. E até de suas atitudes, transformando o ser humano, ora desumanizado pelas cifras volumosas da globalização, numa coisa.

A animalização de pessoas

Vidas Secas: a animalização do ser humano e a human ização do animal

Posted by: Estela Santos, novembro 23, 2013

Vidas-Secas

Cena do filme Vidas Secas (1963), dirigido por Nelson Pereira dos Santos

Na década de 30, na 2ª fase do Modernismo brasileiro, surge o romance regionalista nordestino, caracterizado como uma literatura social, pois discute as realidades socioculturais de determinadas localidades, sem perder o caráter ficcional universal. Vidas Secas, de Graciliano Ramos, é um dos romances inaugurais desse moderno estilo brasileiro regionalista.

Escrito em 1938, Vidas Secas é o único livro de Graciliano Ramos escrito em 3ª pessoa e, sem dúvidas, o mais voltado para o drama social que angustia sua região, o nordeste brasileiro. O romance, em um curto espaço de tempo, narra

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o cotidiano de uma família de retirantes que tenta fugir da seca do sertão nordestino.

No contexto de sofrimento e de injustiças são apresentados os personagens. Todos revelados fisicamente derrotados pelo sol e moralmente humilhados pelas desigualdades sociais. Devido à falta de expectativa de vida, os sertanejos se submetem a uma rotina em busca de saída da miséria. A família é composta pelo pai Fabiano, a mãe Sinhá Vitória, os filhos mais velho e mais novo e a cachorra Baleia. Fabiano, ao consolidar-se como vaqueiro de uma fazenda abandonada, desfruta de um período curto de estabilidade, mais tarde acaba por se frustrar e ver seus sonhos se acabando.

A família representa os tantos outros humanos que têm sido reduzidos pela hostilidade da natureza e pela injustiça da sociedade. A narrativa passa a limpo a luta de tantos outros sertanejos, não só contra a força da natureza, mas também a luta contra a estrutura social instaurada a partir do poder econômico e político.

Na obra, a animalização do ser humano (zoomorfização) é notória, principalmente, no personagem Fabiano e a humanização do animal (antropomorfizarão) na cachorra Baleia que, embora sendo um animal, é como um membro da família e apresenta as sensações mais humanas de toda a narrativa.

Tanto a animalização, quanto a humanização são evidentes na obra em diversos aspectos: pela influência do espaço, do meio social, das condições de vida, pelo tempo, sobretudo o tempo psicológico – que marca as características humanas da cachorra Baleia –, e pela linguagem dos sertanejos.

O sertão em Vidas Secas

O aspecto que mais contribui para a animalização de Fabiano é o espaço: o

Sertão nordestino, que é como um personagem dentro da obra. O sertão é descrito com precisão, a paisagem é seca e silenciosa. A existência miserável dos sertanejos é consequência das condições em que eles vivem, do determinismo do espaço. Os sertanejos são obrigados ao meio natural, isto é,

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a seca. Fabiano, juntamente com a família, rasteja pelo sertão à procura de sobrevivência, arrasta-se em busca da condição mínima de vida. Há outro aspecto importante, o meio social em que se encontram os retirantes: há falta de recursos básicos e há violência da exploração por parte daqueles que têm poderes – como os personagens Dono das terras e o Soldado amarelo.

A linguagem do romance é direta e seca, como a natureza do sertão. A incapacidade linguística de comunicação dos retirantes é representada no personagem Fabiano. Ele se comunica por meio de ruídos e frases incoerentes, pois não consegue elaborar frases coesas e coerentes,

No romance, os personagens humanos são apresentados de maneira bruta e áspera, vítimas da atmosfera caracterizada pela seca que absorve a humanidade dos sertanejos, como se fossem camaleões que se adaptam ao ambiente. A cachorra Baleia, embora sendo um animal, apresenta grandes sensações humanas. Provê alegrias e tristezas, vida e morte. Cabe a ela o momento mais dramático da narrativa. Já aos demais personagens, cabem a sobrevivência na seca do sertão nordestino.

““Fabiano, sobretudo, é o tempo todo apresentado como um bicho, aliás, o próprio se julga como um, “Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta”“.” e logo depois, como se tivesse medo de que alguém tivesse ouvido, “ – Você é um bicho, Fabiano.” e em seguida reafirma “ – Um bicho, Fabiano” (RAMOS, 1992, p. 18). Embora Fabiano tenha se tornado um vaqueiro, isso não exclui a sua condição de animal, pois a posição é apenas provisória e um tanto ilusória. Veja o trecho a seguir que evidencia que Fabiano possui características e costumes como os dos animais:

Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopeias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas. (RAMOS, 1992, p. 20)

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O sertanejo tinha grande dificuldade para falar e argumentar. Balbuciava poucas coisas, palavras sem significação, suas falas se assemelham aos grunhidos de animais. Pela falta de habilidade com a fala, dispara, em vários momentos, apenas “Ah!” (grunhido). Seus “barulhos” são reflexos claros de animalização. E devido ao fato de estar sempre à sombra do pai, o filho mais velho herda a mesma inabilidade com a fala. Em outro momento, Sinhá Vitória vendo-se sem perspectivas e chorando, reclama da vida miserável que leva e se questiona sobre até que ponto é viável aquela vida, aquela vida de bicho.

Baleia

A Baleia, diferente de seus donos, apresenta-se em um papel humano. No capítulo intitulado Baleia, onde é narrada a sua morte, o narrador atribui várias características humanas à cachorra, uma série de descrições que, geralmente, não são atribuídas aos animais.

Em primeiro momento o narrador declara que “a cachorra espiou o dono desconfiada” (RAMOS, 1992, p. 87), como se ela estivesse prevendo que seria sacrificada. Após levar o tiro, Baleia “andou como gente, em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo” (RAMOS, 1992, p. 88). Um pouco antes de morrer, ela reflete sobre o que estava acontecendo e suas últimas lembranças são apresentadas pelo narrador.

São atribuídos os processos mentais de afeição e de desejo a Baleia. Ela aprova ações ao movimentar sua cauda, desaprova ações ao se mostrar séria e não gosta de expansões violentas. Enfastiava-se com os barulhos de Fabiano, às vezes sentia vontade de mordê-lo, às vezes sentia vontade de demonstrar seu afeto pelos donos e vontade de latir como um meio de expressar oposição sobre as ações deles. Também são atribuídos, a ela, processos mentais de cognição e percepção , tais como: “acreditava”, “admitia”, “achava”, “estranhou”, “não sabia”, “sentiu”, “percebeu” e “franziu”.

Em toda a narrativa, Baleia é apresentada como um membro importante da família, não é vista como animal, pelo contrário: “Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se diferenciavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras”. (RAMOS, 1992, p. 85, 86)

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Por fim, veja mais um trecho do momento da morte da cachorra Baleia, no qual são atribuídas mais características humanas a ela:

Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se achava nem percebia que estava livre de responsabilidades. Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. (RAMOS, 1992, p. 89)

A cachorra baleia, ao longo de todo o romance, sonha, sente alegria, tristeza e dor. Como já dito antes, cabe a ela o momento mais dramático da narrativa, ou seja, o momento de sua própria morte. Baleia tem suas desconfianças e vontades. Mostra-se, inclusive, responsável pela caça que alimentava os familiares, como se tivesse obrigação de sustentá-los durante o período de miséria. Em contraponto, Fabiano não se dava bem com os homens, tinha dificuldade de se comunicar, pouco demonstrava sentimentos e raciocínio, um homem bruto e seco, assim como clima do nordeste. Ele e sua família se ocupam do papel de sertanejos que fogem da seca nordestina brasileira, que vivem como bichos, que lutam contra as forças da natureza em busca da sobrevivência no sertão e que, ainda sim, sentem a miséria na pele.

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Capitulo 2

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Manipulação social

A manipulação social ocorre desde os primórdios do que nós entendemos por Civilização. Mesmo quando se fala em sociedades barbaras como Godos, Vikings e Celtas, por exemplo, ela existia de alguma maneira. Falar isso nos leva naturalmente a uma pergunta: Mas esta não é uma característica de ditaduras comunistas? Bem, na verdade não. O rei da manipulação social é um país "democrático" e exemplo de capitalismo no mundo. Acho que já sabem de quem eu falo: Estados Unidos da América. As ditaduras têm meios diferentes de manipular sua população, geralmente por meio da força ou do medo. Já nossos vizinhos de cima, EUA, tem diversas técnicas, e até estudos acadêmicos para se aprimorar no assunto.

10 técnicas comuns usadas para manipular a opinião pública – Engenharia Sociais e suas armadilhas

A Engenharia Social nunca esteve tão presente no nosso dia quanto é hoje. Ela está em todos os lugares, embora você não perceba. As ideias de Skinner e sua trupe do behaviorismo, em conjunto com a ascensão da Neurologia, mapearam o ser humano de Cabo a Rabá. Especialistas dessa área encontram-se em praticamente em todos os segmentos, mas principalmente, na publicidade. O que eles querem é te persuadir, te manipular a fazer o que eles programaram para você. Esse post fala sobre os princípios das técnicas mais comuns de manipulação da opinião pública usadas atualmente, que seria bom você ler para ficar um pouco mais antenado e não cair em tudo que eles falam ou apresentam.

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HIERARQUIA SOCIAL

O QUE É HIERARQUIA SOCIAL

Hierarquia social são os níveis e posições de cada indivíduo dentro de uma sociedade. A hierarquia social faz com que as pessoas sejam divididas em grupos, de acordo com uma estrutura, entre as classes mais ricas, a classe média e as classes mais baixas.

A hierarquia social pode ser exemplificada com uma pirâmide, onde, a parte de baixo concentra as camadas mais pobres da sociedade, e quanto mais perto chega do topo da pirâmide estão concentradas as classes mais ricas, como milionários, por exemplo. Essa classificação existe há muito tempo, desde a

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época do feudalismo, que caracterizava as sociedades como escravos, artesãos, plebe, exército e os reis.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) classifica a hierarquia social brasileira em classes: A, B, C, D e E. Essa classificação é feita de acordo com a renda de cada família, onde a classe E são as pessoas muito pobres, que vivem com menos de um salário mínimo, a classe D é a média-baixa, a classe C é a classe média, composta por uma grande parte da população, a classe B é média-alta e a classe A é formada pelos milionários e bilionários.

HUMANIZAÇÃO

Humanização é a ação ou efeito de humanizar, de tornar humano ou mais humano, tornar benévolo, tornar afável.

A humanização é um processo que pode ocorrer em várias áreas, como Ciências da Saúde, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Exatas, etc. Sempre que ocorre, a humanização cria condições melhores e mais humanas para os trabalhadores de uma empresa ou utilizadores de um serviço ou sistema.

O processo de humanização implica a evolução do Homem, pois ele tenta aperfeiçoar as suas aptidões através da interação com o seu meio envolvente. Para cumprir essa tarefa, os indivíduos utilizam recursos e instrumentos como forma de auxílio. A comunicação é uma das ferramentas de grande importância na humanização.

Humanização na Saúde

A humanização na saúde implica uma mudança na gestão dos sistemas de saúde e seus serviços. Essa mudança altera o modo como usuários e trabalhadores da área da saúde interagem entre eles. A humanização na área da saúde tem como um dos seus principais objetivos fornecer um melhor atendimento das beneficiárias e melhores condições para os trabalhadores.

Humanizar a saúde também significa que as mentalidades dos indivíduos vão sofrer mudanças positivas, criando novos profissionais mais capacitados que

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melhoram o sistema de saúde.

Humanização e SUS

A humanização é um assunto tão importante na área da saúde que em 2003 foi lançado o Humaniza SUS, que representa a Política Nacional de Humanização (PNH), que tem como objetivo melhorar o Sistema Único de Saúde.

Para alcançar um patamar mais elevado a nível de saúde, o Humaniza SUS pretende inovar na área da saúde. De acordo com o Ministério da Saúde as principais inovações são:

Valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores;

Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos e dos coletivos;

Aumento do grau de corresponsabilidade na produção de saúde e de sujeitos;

Estabelecimento de vínculos solidários e de participação coletiva no processo de gestão;

Mapeamento e interação com as demandas sociais, coletivas e subjetivas de saúde;

Defesa de um SUS que reconhece a diversidade do povo brasileiro e a todos oferece a mesma atenção à saúde, sem distinção de idade, etnia, origem, gênero e orientação sexual;

Mudança nos modelos de atenção e gestão em sua dissociabilidade, tendo como foco as necessidades dos cidadãos, a produção de saúde e o próprio processo de trabalho em saúde, valorizando os trabalhadores e as relações sociais no trabalho;

Proposta de um trabalho coletivo para que o SUS seja mais acolhedor, mais ágil e mais resolutivo;

Compromisso com a qualificação da ambiência, melhorando as condições de trabalho e de atendimento;

Compromisso com a articulação dos processos de formação com os serviços e

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práticas de saúde;

Luta por um SUS mais humano, porque construído com a participação de todos e comprometido com a qualidade dos seus serviços e com a saúde integral para todos e qualquer um.

Coisificação humana

A coisificação humana

Por: José Silvano dos Santos

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O senso comum caracteriza-se como uma "praga" que até os dias atuais trava o desenvolvimento da humanidade.

A humanidade poderia estar num estágio, espiritualmente, mais avançado se não fosse a inexistência de uma maioria que rejeita a visão global e racional dos fatos. Porém, a culpa não é totalmente do senso comum, há por detrás disso uma superestrutura "canina" que investe e aposta alto na perpetuação e manutenção dessa forma de conhecimento, que não só trabalha para manter sua existência como existe e se mantém em função deste.

É uma estrutura constituída de poderes: O poder político, formado pelos três poderes da República, o poder religioso e a Indústria Cultural (Mídia).

O poder político aposta numa Educação que tem por objetivo a formação de uma massa de alienados, porém, muito submissos ao Capitalismo. É a formação de uma espécie de "gado humano".

O poder religioso, digamos até "fundamentalismo tropical", se mantém graças ao senso comum, um tipo que é manipulado e amordaçado desde que nasce.

Tem por dever ser o "coitadinho", andar curvado, não expor suas opiniões aos pais, ao patrão e ao clero em troca de privilégios. E se fizer algo diferente disso para o patrão é logo taxado de comunista, revoltado para os pais e louco para os líderes religiosos.

Para a Indústria Cultural, o senso comum, é imprescindível, pois sendo um tipo de rebanho que pouco pensa, prefere que pensem por ele, age por impulsos. Não sabe que esta atitude faz com que o sistema se aproprie de sua mente através da ideologia da classe dominante, e de seu corpo ditando o seu vestuário, o que beber/comer; que remédio tomar, etc. E até de suas atitudes, transformando o ser humano, ora desumanizado pelas cifras volumosas da globalização, numa coisa.

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A animalização de pessoas

Vidas Secas: a animalização do ser humano e a humanização do animal

Posted by: Estela Santos , novembro 23, 2013

Vidas-Secas

Cena do filme Vidas Secas (1963), dirigido por Nelson Pereira dos Santos

Na década de 30, na 2ª fase do Modernismo brasileiro, surge o romance regionalista nordestino, caracterizado como uma literatura social, pois discute as realidades socioculturais de determinadas localidades, sem perder o caráter ficcional universal. Vidas Secas, de Graciliano Ramos, é um dos romances inaugurais desse moderno estilo brasileiro regionalista.

Escrito em 1938, Vidas Secas é o único livro de Graciliano Ramos escrito em 3ª pessoa e, sem dúvidas, o mais voltado para o drama social que angustia sua região, o nordeste brasileiro. O romance, em um curto espaço de tempo, narra o cotidiano de uma família de retirantes que tenta fugir da seca do sertão nordestino.

No contexto de sofrimento e de injustiças são apresentados os personagens. Todos revelados fisicamente derrotados pelo sol e moralmente humilhados pelas desigualdades sociais. Devido à falta de expectativa de vida, os sertanejos se submetem a uma rotina em busca de saída da miséria. A família é composta pelo pai Fabiano, a mãe Sinhá Vitória, os filhos mais velho e mais

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novo e a cachorra Baleia. Fabiano, ao consolidar-se como vaqueiro de uma fazenda abandonada, desfruta de um período curto de estabilidade, mais tarde acaba por se frustrar e ver seus sonhos se acabando.

A família representa os tantos outros humanos que têm sido reduzidos pela hostilidade da natureza e pela injustiça da sociedade. A narrativa passa a limpo a luta de tantos outros sertanejos, não só contra a força da natureza, mas também a luta contra a estrutura social instaurada a partir do poder econômico e político.

Na obra, a animalização do ser humano (zoomorfização) é notória, principalmente, no personagem Fabiano e a humanização do animal (antropomorfização) na cachorra Baleia que, embora sendo um animal, é como um membro da família e apresenta as sensações mais humanas de toda a narrativa.

Tanto a animalização, quanto a humanização são evidentes na obra em diversos aspectos: pela influência do espaço, do meio social, das condições de vida, pelo tempo, sobretudo o tempo psicológico – que marca as características humanas da cachorra Baleia –, e pela linguagem dos sertanejos.

O sertão em Vidas Secas

O aspecto que mais contribui para a animalização de Fabiano é o espaço: o sertão nordestino, que é como um personagem dentro da obra. O sertão é descrito com precisão, a paisagem é seca e silenciosa. A existência miserável dos sertanejos é consequência das condições em que eles vivem, do determinismo do espaço. Os sertanejos são obrigados ao meio natural, isto é, a seca. Fabiano, juntamente com a família, rasteja pelo sertão à procura de sobrevivência, arrasta-se em busca da condição mínima de vida. Há outro aspecto importante, o meio social em que se encontram os retirantes: há falta de recursos básicos e há violência da exploração por parte daqueles que têm poderes – como os personagens Dono das terras e o Soldado amarelo.

A linguagem do romance é direta e seca, como a natureza do sertão. A incapacidade linguística de comunicação dos retirantes é representada no personagem Fabiano. Ele se comunica por meio de ruídos e frases incoerentes, pois não consegue elaborar frases coesas e coerentes,

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No romance, os personagens humanos são apresentados de maneira bruta e áspera, vítimas da atmosfera caracterizada pela seca que absorve a humanidade dos sertanejos, como se fossem camaleões que se adaptam ao ambiente. A cachorra Baleia, embora sendo um animal, apresenta grandes sensações humanas. Provê alegrias e tristezas, vida e morte. Cabe a ela o momento mais dramático da narrativa. Já aos demais personagens, cabem a sobrevivência na seca do sertão nordestino.

Fabiano, sobretudo, é o tempo todo apresentado como um bicho, aliás, o próprio se julga como um, “Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.” e logo depois, como se tivesse medo de que alguém tivesse ouvido, “ – Você é um bicho, Fabiano.” e em seguida reafirma “ – Um bicho, Fabiano” (RAMOS, 1992, p. 18). Embora Fabiano tenha se tornado um vaqueiro, isso não exclui a sua condição de animal, pois a posição é apenas provisória e um tanto ilusória. Veja o trecho a seguir que evidencia que Fabiano possui características e costumes como os dos animais:

Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopéias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas. (RAMOS, 1992, p. 20)

O sertanejo tinha grande dificuldade para falar e argumentar. Balbuciava poucas coisas, palavras sem significação, suas falas se assemelham aos grunhidos de animais. Pela falta de habilidade com a fala, dispara, em vários momentos, apenas “Ah!” (grunhido). Seus “barulhos” são reflexos claros de animalização. E devido ao fato de estar sempre à sombra do pai, o filho mais velho herda a mesma inabilidade com a fala. Em outro momento, Sinhá Vitória vendo-se sem perspectivas e chorando, reclama da vida miserável que leva e se questiona sobre até que ponto é viável aquela vida, aquela vida de bicho.

Baleia

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A Baleia, diferente de seus donos, apresenta-se em um papel humano. No capítulo intitulado Baleia, onde é narrada a sua morte, o narrador atribui várias características humanas à cachorra, uma série de descrições que, geralmente, não são atribuídas aos animais.

Em primeiro momento o narrador declara que “a cachorra espiou o dono desconfiada” (RAMOS, 1992, p. 87), como se ela estivesse prevendo que seria sacrificada. Após levar o tiro, Baleia “andou como gente, em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo” (RAMOS, 1992, p. 88). Um pouco antes de morrer, ela reflete sobre o que estava acontecendo e suas últimas lembranças são apresentadas pelo narrador.

São atribuídos os processos mentais de afeição e de desejo a Baleia. Ela aprova ações ao movimentar sua cauda, desaprova ações ao se mostrar séria e não gosta de expansões violentas. Enfastiava-se com os barulhos de Fabiano, às vezes sentia vontade de mordê-lo, às vezes sentia vontade de demonstrar seu afeto pelos donos e vontade de latir como um meio de expressar oposição sobre as ações deles. Também são atribuídos, a ela, processos mentais de cognição e percepção , tais como: “acreditava”, “admitia”, “achava”, “estranhou”, “não sabia”, “sentiu”, “percebeu” e “franziu”.

Em toda a narrativa, Baleia é apresentada como um membro importante da família, não é vista como animal, pelo contrário: “Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se diferenciavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras”. (RAMOS, 1992, p. 85, 86)

Por fim, veja mais um trecho do momento da morte da cachorra Baleia, no qual são atribuídas mais características humanas a ela:

Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se achava nem percebia que estava livre de responsabilidades. Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. (RAMOS, 1992, p. 89)

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A cachorra baleia, ao longo de todo o romance, sonha, sente alegria, tristeza e dor. Como já dito antes, cabe a ela o momento mais dramático da narrativa, ou seja, o momento de sua própria morte. Baleia tem suas desconfianças e vontades. Mostra-se, inclusive, responsável pela caça que alimentava os familiares, como se tivesse obrigação de sustentá-los durante o período de miséria. Em contraponto, Fabiano não se dava bem com os homens, tinha dificuldade de se comunicar, pouco demonstrava sentimentos e raciocínio, um homem bruto e seco, assim como clima do nordeste. Ele e sua família se ocupam do papel de sertanejos que fogem da seca nordestina brasileira, que vivem como bichos, que lutam contra as forças da natureza em busca da sobrevivência no sertão e que, ainda sim, sentem a miséria na pele.

Manipulação social

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A manipulação social ocorre desde os primórdios do que nós entendemos por Civilização. Mesmo quando se fala em sociedades barbaras como Godos, Vikings e Celtas, por exemplo, ela existia de alguma maneira. Falar isso nos leva naturalmente a uma pergunta: Mas esta não é uma característica de ditaduras comunistas? Bem, na verdade não. O rei da manipulação social é um país "democrático" e exemplo de capitalismo no mundo. Acho que já sabem de quem eu falo: Estados Unidos da América. As ditaduras têm meios diferentes de manipular sua população, geralmente por meio da força ou do medo. Já nossos vizinhos de cima, EUA, tem diversas técnicas, e até estudos acadêmicos para se aprimorar no assunto.

10 técnicas comuns usadas para manipular a opinião pública – Engenharia Sociais e suas armadilhas

A Engenharia Social nunca esteve tão presente no nosso dia quanto é hoje. Ela está em todos os lugares, embora você não perceba. As ideias de Skinner e sua trupe do behaviorismo, em conjunto com a ascensão da Neurologia, mapearam o ser humano de Cabo a Rabá. Especialistas dessa área encontram-se em praticamente em todos os segmentos, mas principalmente, na publicidade. O que eles querem é te persuadir, te manipular a fazer o que eles programaram para você. Esse post fala sobre os princípios das técnicas mais comuns de manipulação da opinião pública usadas atualmente, que seria bom você ler para ficar um pouco mais antenado e não cair em tudo que eles falam ou apresentam.

http://ahduvido.com.br/10-tecnicas-comuns-usadas-para-manipular-a-opiniao-publica-engenharia-social-e-suas-armadilhas

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HIERARQUIA SOCIAL

O QUE É HIERARQUIA SOCIAL

Hierarquia social são os níveis e posições de cada indivíduo dentro de uma sociedade. A hierarquia social faz com que as pessoas sejam divididas em grupos, de acordo com uma estrutura, entre as classes mais ricas, a classe média e as classes mais baixas.

A hierarquia social pode ser exemplificada com uma pirâmide, onde, a parte de baixo concentra as camadas mais pobres da sociedade, e quanto mais perto chega do topo da pirâmide estão concentradas as classes mais ricas, como milionários, por exemplo. Essa classificação existe há muito tempo, desde a época do feudalismo, que caracterizava as sociedades como escravos, artesãos, plebe, exército e os reis.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) classifica a hierarquia social brasileira em classes: A, B, C, D e E. Essa classificação é feita de acordo com a renda de cada família, onde a classe E são as pessoas muito pobres,

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que vivem com menos de um salário mínimo, a classe D é a média-baixa, a classe C é a classe média, composta por uma grande parte da população, a classe B é média-alta e a classe A é formada pelos milionários e bilionários.

http://www.significados.com.br/hierarquia-social/

HUMANIZAÇÃO

Humanização é a ação ou efeito de humanizar, de tornar humano ou mais humano, tornar benévolo, tornar afável.

A humanização é um processo que pode ocorrer em várias áreas, como Ciências da Saúde, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Exatas, etc. Sempre que ocorre, a humanização cria condições melhores e mais humanas para os trabalhadores de uma empresa ou utilizadores de um serviço ou sistema.

O processo de humanização implica a evolução do Homem, pois ele tenta aperfeiçoar as suas aptidões através da interação com o seu meio envolvente. Para cumprir essa tarefa, os indivíduos utilizam recursos e instrumentos como forma de auxílio. A comunicação é uma das ferramentas de grande importância na humanização.

Humanização na Saúde

A humanização na saúde implica uma mudança na gestão dos sistemas de saúde e seus serviços. Essa mudança altera o modo como usuários e trabalhadores da área da saúde interagem entre eles. A humanização na área da saúde tem como um dos seus principais objetivos fornecer um melhor atendimento dos beneficiários e melhores condições para os trabalhadores.

Humanizar a saúde também significa que as mentalidades dos indivíduos vão sofrer mudanças positivas, criando novos profissionais mais capacitados que melhoram o sistema de saúde.

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Humanização e SUS

A humanização é um assunto tão importante na área da saúde que em 2003 foi lançado o Humaniza SUS, que representa a Política Nacional de Humanização (PNH), que tem como objetivo melhorar o Sistema Único de Saúde.

Para alcançar um patamar mais elevado a nível de saúde, o Humaniza SUS pretende inovar na área da saúde. De acordo com o Ministério da Saúde as principais inovações são:

Valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores;

Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos e dos coletivos;

Aumento do grau de corresponsabilidade na produção de saúde e de sujeitos;

Estabelecimento de vínculos solidários e de participação coletiva no processo de gestão;

Mapeamento e interação com as demandas sociais, coletivas e subjetivas de saúde;

Defesa de um SUS que reconhece a diversidade do povo brasileiro e a todos oferece a mesma atenção à saúde, sem distinção de idade, etnia, origem, gênero e orientação sexual;

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Mudança nos modelos de atenção e gestão em sua dissociabilidade, tendo como foco as necessidades dos cidadãos, a produção de saúde e o próprio processo de trabalho em saúde, valorizando os trabalhadores e as relações sociais no trabalho;

Proposta de um trabalho coletivo para que o SUS seja mais acolhedor, mais ágil e mais resolutivo;

Compromisso com a qualificação da ambiência, melhorando as condições de trabalho e de atendimento;

Compromisso com a articulação dos processos de formação com os serviços e práticas de saúde;

Luta por um SUS mais humano, porque construído com a participação de todos e comprometido com a qualidade dos seus serviços e com a saúde integral para todos e qualquer

Coisificação

viodeo sobre :

https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=9&cad=rja&uact=8&

ved=0CGgQuAIwCA&url=http%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DlKCBDaHE-

dc&ei=k1EOVKOLAtPLgwTEo4LAAg&usg=AFQjCNG_an7icK4g98X53bI02MPw5awKtA&sig2=mXI

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A coisificação humana

Por: José Silvano dos Santos

O senso comum caracteriza-se como uma "praga" que até os dias atuais trava o desenvolvimento da humanidade.

A humanidade poderia estar num estágio, espiritualmente, mais avançado se não fosse a inexistência de uma maioria que rejeita a visão global e racional dos fatos. Porém, a culpa não é totalmente do senso comum, há por detrás disso uma superestrutura "canina" que investe e aposta alto na perpetuação e manutenção dessa forma de conhecimento, que não só trabalha para manter sua existência como existe e se mantém em função deste.

É uma estrutura constituída de poderes: O poder político, formado pelos três poderes da República, o poder religioso e a Indústria Cultural (Mídia).

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O poder político aposta numa Educação que tem por objetivo a formação de uma massa de alienados, porém, muito submissos ao Capitalismo. É a formação de uma espécie de "gado humano".

O poder religioso, digamos até "fundamentalismo tropical", se mantém graças ao senso comum, um tipo que é manipulado e amordaçado desde que nasce.

Tem por dever ser o "coitadinho", andar curvado, não expor suas opiniões aos pais, ao patrão e ao clero em troca de privilégios. E se fizer algo diferente disso para o patrão é logo taxado de comunista, revoltado para os pais e louco para os líderes religiosos.

Para a Indústria Cultural, o senso comum, é imprescindível, pois sendo um tipo de rebanho que pouco pensa, prefere que pensem por ele, age por impulsos. Não sabe que esta atitude faz com que o sistema se aproprie de sua mente através da ideologia da classe dominante, e de seu corpo ditando o seu vestuário, o que beber/comer; que remédio tomar, etc. E até de suas atitudes, transformando o ser humano, ora desumanizado pelas cifras volumosas da globalização, numa coisa.

A animalização de pessoas

Vidas Secas: a animalização do ser humano e a humanização do animal

Posted by: Estela Santos , novembro 23, 2013

Vidas-Secas

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Cena do filme Vidas Secas (1963), dirigido por Nelson Pereira dos Santos

Na década de 30, na 2ª fase do Modernismo brasileiro, surge o romance regionalista nordestino, caracterizado como uma literatura social, pois discute as realidades socioculturais de determinadas localidades, sem perder o caráter ficcional universal. Vidas Secas, de Graciliano Ramos, é um dos romances inaugurais desse moderno estilo brasileiro regionalista.

Escrito em 1938, Vidas Secas é o único livro de Graciliano Ramos escrito em 3ª pessoa e, sem dúvidas, o mais voltado para o drama social que angustia sua região, o nordeste brasileiro. O romance, em um curto espaço de tempo, narra o cotidiano de uma família de retirantes que tenta fugir da seca do sertão nordestino.

No contexto de sofrimento e de injustiças são apresentados os personagens. Todos revelados fisicamente derrotados pelo sol e moralmente humilhados pelas desigualdades sociais. Devido à falta de expectativa de vida, os sertanejos se submetem a uma rotina em busca de saída da miséria. A família é composta pelo pai Fabiano, a mãe Sinhá Vitória, os filhos mais velho e mais novo e a cachorra Baleia. Fabiano, ao consolidar-se como vaqueiro de uma fazenda abandonada, desfruta de um período curto de estabilidade, mais tarde acaba por se frustrar e ver seus sonhos se acabando.

A família representa os tantos outros humanos que têm sido reduzidos pela hostilidade da natureza e pela injustiça da sociedade. A narrativa passa a limpo a luta de tantos outros sertanejos, não só contra a força da natureza, mas também a luta contra a estrutura social instaurada a partir do poder econômico e político.

Na obra, a animalização do ser humano (zoomorfização) é notória, principalmente, no personagem Fabiano e a humanização do animal (antropomorfização) na cachorra Baleia que, embora sendo um animal, é como um membro da família e apresenta as sensações mais humanas de toda a narrativa.

Tanto a animalização, quanto a humanização são evidentes na obra em diversos aspectos: pela influência do espaço, do meio social, das condições de vida, pelo tempo, sobretudo o tempo psicológico – que marca as características humanas da cachorra Baleia –, e pela linguagem dos sertanejos.

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O sertão em Vidas Secas

O aspecto que mais contribui para a animalização de Fabiano é o espaço: o sertão nordestino, que é como um personagem dentro da obra. O sertão é descrito com precisão, a paisagem é seca e silenciosa. A existência miserável dos sertanejos é consequência das condições em que eles vivem, do determinismo do espaço. Os sertanejos são obrigados ao meio natural, isto é, a seca. Fabiano, juntamente com a família, rasteja pelo sertão à procura de sobrevivência, arrasta-se em busca da condição mínima de vida. Há outro aspecto importante, o meio social em que se encontram os retirantes: há falta de recursos básicos e há violência da exploração por parte daqueles que têm poderes – como os personagens Dono das terras e o Soldado amarelo.

A linguagem do romance é direta e seca, como a natureza do sertão. A incapacidade linguística de comunicação dos retirantes é representada no personagem Fabiano. Ele se comunica por meio de ruídos e frases incoerentes, pois não consegue elaborar frases coesas e coerentes,

No romance, os personagens humanos são apresentados de maneira bruta e áspera, vítimas da atmosfera caracterizada pela seca que absorve a humanidade dos sertanejos, como se fossem camaleões que se adaptam ao ambiente. A cachorra Baleia, embora sendo um animal, apresenta grandes sensações humanas. Provê alegrias e tristezas, vida e morte. Cabe a ela o momento mais dramático da narrativa. Já aos demais personagens, cabem a sobrevivência na seca do sertão nordestino.

Fabiano, sobretudo, é o tempo todo apresentado como um bicho, aliás, o próprio se julga como um, “Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.” e logo depois, como se tivesse medo de que alguém tivesse ouvido, “ – Você é um bicho, Fabiano.” e em seguida reafirma “ – Um bicho, Fabiano” (RAMOS, 1992, p. 18). Embora Fabiano tenha se tornado um vaqueiro, isso não exclui a sua condição de animal, pois a posição é apenas provisória e um tanto ilusória. Veja o trecho a seguir que evidencia que Fabiano possui características e costumes como os dos animais:

Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros

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quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopéias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas. (RAMOS, 1992, p. 20)

O sertanejo tinha grande dificuldade para falar e argumentar. Balbuciava poucas coisas, palavras sem significação, suas falas se assemelham aos grunhidos de animais. Pela falta de habilidade com a fala, dispara, em vários momentos, apenas “Ah!” (grunhido). Seus “barulhos” são reflexos claros de animalização. E devido ao fato de estar sempre à sombra do pai, o filho mais velho herda a mesma inabilidade com a fala. Em outro momento, Sinhá Vitória vendo-se sem perspectivas e chorando, reclama da vida miserável que leva e se questiona sobre até que ponto é viável aquela vida, aquela vida de bicho.

Baleia

A Baleia, diferente de seus donos, apresenta-se em um papel humano. No capítulo intitulado Baleia, onde é narrada a sua morte, o narrador atribui várias características humanas à cachorra, uma série de descrições que, geralmente, não são atribuídas aos animais.

Em primeiro momento o narrador declara que “a cachorra espiou o dono desconfiada” (RAMOS, 1992, p. 87), como se ela estivesse prevendo que seria sacrificada. Após levar o tiro, Baleia “andou como gente, em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo” (RAMOS, 1992, p. 88). Um pouco antes de morrer, ela reflete sobre o que estava acontecendo e suas últimas lembranças são apresentadas pelo narrador.

São atribuídos os processos mentais de afeição e de desejo a Baleia. Ela aprova ações ao movimentar sua cauda, desaprova ações ao se mostrar séria e não gosta de expansões violentas. Enfastiava-se com os barulhos de Fabiano, às vezes sentia vontade de mordê-lo, às vezes sentia vontade de demonstrar seu afeto pelos donos e vontade de latir como um meio de

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expressar oposição sobre as ações deles. Também são atribuídos, a ela, processos mentais de cognição e percepção , tais como: “acreditava”, “admitia”, “achava”, “estranhou”, “não sabia”, “sentiu”, “percebeu” e “franziu”.

Em toda a narrativa, Baleia é apresentada como um membro importante da família, não é vista como animal, pelo contrário: “Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se diferenciavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras”. (RAMOS, 1992, p. 85, 86)

Por fim, veja mais um trecho do momento da morte da cachorra Baleia, no qual são atribuídas mais características humanas a ela:

Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se achava nem percebia que estava livre de responsabilidades. Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. (RAMOS, 1992, p. 89)

A cachorra baleia, ao longo de todo o romance, sonha, sente alegria, tristeza e dor. Como já dito antes, cabe a ela o momento mais dramático da narrativa, ou seja, o momento de sua própria morte. Baleia tem suas desconfianças e vontades. Mostra-se, inclusive, responsável pela caça que alimentava os familiares, como se tivesse obrigação de sustentá-los durante o período de miséria. Em contraponto, Fabiano não se dava bem com os homens, tinha dificuldade de se comunicar, pouco demonstrava sentimentos e raciocínio, um homem bruto e seco, assim como clima do nordeste. Ele e sua família se ocupam do papel de sertanejos que fogem da seca nordestina brasileira, que vivem como bichos, que lutam contra as forças da natureza em busca da sobrevivência no sertão e que, ainda sim, sentem a miséria na pele.Psicanálise Textura. São Paulo, nº 2, 2002.

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CAPITULO 3

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A parte boa da humanidade:

CARLOS DRUMON DE ANDRADE

CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO

Provisoriamente não cantaremos o amor,

que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.

Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,

não cantaremos o ódio, porque este não existe,

existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,

o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,

o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,

cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,

cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.

Depois morreremos de medo

e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas

CARLOS DRUMON DE ANDRADE

http://drummond.memoriaviva.com.br/alguma-poesia/congresso-internacional-do-medo/

POÉTICA

Estou farto do lirismo comedido

Do lirismo bem comportado

Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente

protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.

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Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário

o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas

Todas as palavras, sobretudo os barbarismos universais.

Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção

Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador

Político

Raquítico

Sifilítico

De todo lirismo que capitula ao que quer que seja

fora de si mesmo

De resto não é lirismo

Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante

exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes

maneiras de agradar às mulheres, etc

Quero antes o lirismo dos loucos

O lirismo dos bêbedos

O lirismo difícil e pungente dos bêbedos

O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Manuel Bandeira

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OLAVO BILAC

Velhas Árvores

Olha estas velhas árvores, mais belas

Do que as árvores novas, mais amigas;

Tanto mais belas quanto mais antigas,

Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas

Vivem, livres de fomes e fadigas;

E em seus galhos abrigam-se as cantigas

E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!

Envelheçamos rindo! Envelheçamos

Como as árvores fortes envelhecem;

Na glória da alegria e da bondade,

Agasalhando os pássaros nos ramos,

Dando sombra e consolo aos que padecem!

"Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.

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Continuamente vemos novidades,

Diferentes em tudo da esperança;

Do mal ficam as mágoas na lembrança,

E do bem, se algum houve, as saudades.''

Camões

"Mas, conquanto não pode haver desgosto

Onde esperança falta, lá me esconde

Amor um mal, que mata e não se vê;

Que dias há que na alma me tem posto

Um não sei quê, que nasce não sei onde,

Vem não sei como, e dói não sei porquê.''

Luís de Camões

Quem não compreende

Mário Quintana

Quem não compreende um olhar, tampouco compreenderá uma longa explicação.

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Flor

Paulo Coelho

Quem tentar possuir uma flor, verá sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor num campo, permanecerá para sempre com ela. Você nunca será minha e por isso terei você para sempre.

O guardador de rebanhos

Fernando pessoa

Eu nunca guardei rebanhos,

Mas é como se os guardasse.

Minha alma é como um pastor,

Conhece o vento e o sol

E anda pela mão das Estações

A seguir e a olhar.

Toda a paz da Natureza sem gente

Vem sentar-se a meu lado.

Mas eu fico triste como um pôr de sol

Para a nossa imaginação,

Quando esfria no fundo da planície

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E se sente a noite entrada

Como uma borboleta pela janela.

Mas a minha tristeza é sossego

Porque é natural e justa

E é o que deve estar na alma

Quando já pensa que existe

E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.

Como um ruído de chocalhos

Para além da curva da estrada,

Os meus pensamentos são contentes.

Só tenho pena de saber que eles são contentes,

Porque, se o não soubesse,

Em vez de serem contentes e tristes,

Seriam alegres e contentes.

Pensar incomoda como andar à chuva

Quando o vento cresce e parece que chove mais.

Não tenho ambições nem desejos

Ser poeta não é uma ambição minha

É a minha maneira de estar sozinho.

E se desejo às vezes

Por imaginar, ser cordeirinho

(Ou ser o rebanho todo

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Para andar espalhado por toda a encosta

A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),

É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,

Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz

E corre um silêncio pela erva fora.

Cecília Meireles – Poemas

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força, Tão paradas e frias e mortas; Eu não tinha este coração Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança, Tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida a minha face?

http www.poesiaspoemaseversos.com.br/cecilia-meireles-poemas/://