o que é celebrar? · a liturgia se parece com uma sinfonia •ela está contida nos livros...
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O que é CELEBRAR?
“Na liturgia, a Igreja celebra principalmente o Mistério Pascal por meio do qual Cristo realizou a obra de
nossa salvação”. (CIC 1067)
O que é CELEBRAÇÃO?
• Ação de “celebrar”, “cumprir uma ação célebre”, “realizar as cerimônias do culto”.
• Glorificar, louvar, exaltar, festejar
• Dois polos:
a) Aspecto FESTIVO
b) Aspecto RITUAL
Liturgia em ato • Celebração é a ação concreta
que consiste em realizar um rito determinado, entendido como ato de culto
• Gestos, símbolos, ações e ritos.
• Dimensão festiva
• Realização eficaz e atualizada do Mistério Pascal
Compreensão global da festa
1. Festa é a celebração da vida (superação e revezamento com a dureza do cotidiano)
2. Festa é celebração no tempo (dar sentido e significação à passagem do tempo = memorial, presença e profecia)
3. Festa é celebração em comunidade (convocação,
pertinência e abertura)
Elementos indispensáveis da celebração:
1. O FATO VALORIZADO
2. A EXPRESSÃO SIGNIFICATIVA
3. A INTERCOMUNHÃO SOLIDÁRIA
1. O fato valorizado
O motivo para celebrar, o que celebrar: alguma dimensão do mistério da vida do cristão no mistério da vida de Jesus Cristo
A expressão significativa
É a forma de celebrar; são gestos simbólicos em nome
do Senhor, o modo de expressar a alegria do
encontro com Deus em nossa vida individual e na
comunidade de fé
A intercomunhão solidária
É a comunidade que celebra a sua fé ; ninguém festeja/ celebra
sozinho a sua fé; a consequência primeira da celebração litúrgica é eclesial (formam a comunidade) e
a segunda é que implica a vivência da práxis da justiça. A
liturgia tem necessariamente um dimensão social
A estrutura da celebração-festa
• O QUE SE CELEBRA? O objeto da festa
• QUEM CELEBRA? Sujeitos da festa
• ONDE SE CELEBRA? Local da festa
• QUANDO SE CELEBRA? Tempo da festa
• COMO SE CELEBRA? Sinais festivos
• POR QUE SE CELEBRA? Motivação da festa
Celebração litúrgica é...
“FESTA da comunhão eclesial, na qual o Senhor Jesus, por seu mistério pascal, assume e liberta o povo de Deus e, por ele, toda a humanidade, cuja história é
transformada em história salvífica para reconciliar os homens entre si e com Deus” (DP 918)
A FESTA LITÚRGICA
A partitura litúrgica
No início existe uma partitura. Ainda não é a
música, mas só um conjunto de sinais sobre um papel. Será música somente no momento em que os músicos a
tocarem.
Os intérpretes não são os compositores: é
uma música de outra pessoa e que os instrumentistas
interpretam com absoluta fidelidade,
mas com uma margem de liberdade e de toque
pessoal
A liturgia se parece com uma sinfonia
• Ela está contida nos livros oficiais da Igreja, mas ainda não é liturgia até que uma assembleia a
celebre
• Aqueles que a celebram não são seus autores: se trata de uma “partitura” composta pela Igreja no
curso dos séculos
• A liturgia nos precede,
está na nossa frente,
por ela somos
convocados.
• Dela nos aproximamos
como de uma realidade
que não dispomos
totalmente, e da qual,
tanto menos, somos
donos.
• Nela somos acolhidos e hospedados, sem
permanecer estranhos, somos convidados e sentamos à mesa e
partilhamos o que nutre a fé
• Tomar parte na liturgia é resposta a um chamado
interior.
Nós entramos na liturgia, mas na
verdade, é ela que entra em nós, nas fibras do nosso ser
crentes, plasma o nosso “homem interior”
(Ef 3,16), cultiva-o com o cuidado de uma mãe,
nutre-o com a sabedoria de um
mestre.
Como o Evangelho e a Igreja, também a liturgia nos precede sempre, por isto, “entro na forma” e, por quanto posso levar a
ela do que é meu, a minha participação é sempre
uma resposta ao convite: “Vinde, está pronto!” (Lc
14,17).
Entrar na Igreja para a liturgia significa,
olhando bem, aceitar de não ser o dono, mas
convidado, não o autor, mas intérprete, não de dispor do rito, mas de
dispor-me ao rito.
Renuncio ao domínio sobre o espaço, ao
controle do tempo, ao poder sobre o rito, ao
comando sobre as outras pessoas presentes, numa
palavra, renuncio ao senhorio sobre mim
mesmo, mas, sobretudo, sobre os outros e sobre
Deus
Quando o fiel sabe receber aquilo que já foi dado pela
liturgia, quando sabe entregar-se a ela
renunciando a todo sentimento de posse e a toda manipulação, então intuirá o que deverá necessariamente acrescentar de seu à liturgia,
de modo ativo, livre e inteligente.
Uma liturgia autêntica e dinâmica exige, de fato, o sábio equilíbrio entre o já
construído e o a construir, o já feito e o ainda a fazer .
Neste sentido o cristão faz a liturgia, tanto quanto a liturgia faz o cristão, em
perfeita circularidade
LITURGIA: AÇÃO DA IGREJA
“A liturgia é tida como o exercício do múnus
sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e
realizada a santificação do homem; e é exercido o
culto público integral pelo corpo místico de Cristo,
cabeça e membros" (SC 7)
"As ações litúrgicas não são ações privadas, mas
celebrações da Igreja, que é o sacramento da
unidade, do povo santo, ... Por isso, as
celebrações pertencem a todo o corpo da Igreja, e o
manifestam e afetam" (SC 26).
“É por isso que a Igreja procura, solícita e cuidadosa, que os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou espectadores mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, ativa e piedosamente, por
meio duma boa compreensão dos ritos e
orações...”
(SC 48)
O Concílio Vaticano II deslocou o centro, de uma Liturgia centralizada na pessoa do “sacerdote celebrante” para a assembleia
de “povo sacerdotal”.
A assembleia litúrgica que se reúne para a liturgia é
assembleia toda ministerial, organizada em aspecto hierárquico,
isto é baseada na autoridade de Cristo: “o que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o vosso
servo...”
(cf. Mt 20,25-27).
A liturgia não comporta, pois, uma
assembleia desordenada, no
sentido de que nela cada um faz aquilo que
mais lhe agrada.
Referências
• CELAM. A celebração do mistério pascal. Manual de Liturgia I. São Paulo:Paulus, 2004, pp 61-82
• CNBB. Instrução Geral do Missal Romano e Introdução ao Lecionário. Brasília: edições CNBB, 2009
• CNPL. A arte de celebrar. Guia Pastoral. Brasília: edições CNBB, 2016. pp 16-22
• BOSELLI,G. A Liturgia faz o cristão. Por uma liturgia mais humana e hospitaleira. Disponível em http://www.ihu.unisinos.br/552325-por-uma-liturgia-mais-humana-e-hospitaleira, acessado em 01.11.2016