o psicÓlogo e sua atuaÇÃo na Área social · resumo: o presente artigo tem como objetivo...
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Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 1
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
O PSICÓLOGO E SUA ATUAÇÃO NA ÁREA SOCIAL
AMARAL, Andrieli G. de¹
BATTISTI, Janatan J.¹
DI RIBEIRO, Luciano¹
DUARTE, Adriana C.¹
MAGNANTE, Giseli A. D.¹
MARTINI, Jessica T.
ZUCCO, Dolizete¹
ALGERI, Vanessa²
CALCING, Jordana²
FLORES, Antoniéle C. S.²
FRESCHI, Elisandra M.²
PIEROZAN, Morgana K.¹
SILVA, Lisiane B. da²
TOMASSINI, Fabiane¹
e-mail: [email protected]
¹ Discentes do Curso de Psicologia Nível I 2018/1 Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS
² Docentes do Curso de Psicologia Nível I 2018/1 Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo conhecer as áreas de atuação do Psicólogo com ênfase na
Psicologia Social, assim buscou-se conhecimento teórico e prático sobre a inserção deste profissional no
mercado de trabalho. Sendo realizada pesquisa bibliográfica e de campo com abordagem de dados qualitativos.
A coleta de dados foi realizada com uma Psicóloga Social de uma instituição pública da cidade de Erechim RS
no ano de 2018, mediante aplicação de um questionário. Os resultados da pesquisa apontam que a atuação do
psicólogo social é abrangente, diversificado e desafiador requerendo do profissional constante aperfeiçoamento e
compreensão do contexto de cada indivíduo e sociedade. A concepção de atuação do psicólogo nesta área diferiu
dos resultados obtidos, contribuindo para o conhecimento sobre este campo e realçando a importância de ter
ciência do exercício profissional do psicólogo na área social.
Palavras-chave: Psicologia – Área - Atuação – Social – Profissional
ABSTRACT: The present article has as an objective knowing the occupation area of the psychologist with
emphasis on the social psychology, therefore, it was sought theoretical and practical knowledge about the
insertion of this professional into the job market, being made bibliographic and field research with qualitative
data approach. Data collection was held with a social psychologist of a public institution from the city of
Erechim-RS in the year of 2018, by applying a questionnaire. The results of the research show that the acting of
the social psychologist is wide, diversified and challenging, requiring of the practicioner constant professional
improvement and understanding of the context of each individual and society. The conception of the
psychologist‟s performance in this area differed from the obtained results, contributing to the knowledge about
this field and highlighting the importance of being aware of the psychologist‟s professional exercise in this área.
Keywords: Psychology – area – acting – social - professional
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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O desenvolvimento do presente artigo deve-se ao fato de ser proposto aos acadêmicos
do curso de Psicologia da Faculdade IDEAU, na matéria de Projeto de Aperfeiçoamento
Teórico Prático. A escolha da temática é “O Psicólogo e suas áreas de atuação: Uma visão dos
acadêmicos do primeiro semestre do curso de Psicologia”. Tendo como objetivo aproximar os
acadêmicos a prática dos psicólogos e suas inúmeras áreas de atuação, proporcionando assim
uma visão ampla da profissão e deslumbramento de suas potencialidades.
O artigo abrange todas as disciplinas do curso do primeiro semestre, as áreas da
psicologia e aprofunda-se em uma área especifica escolhida pelos autores do artigo, sendo a
Psicologia Social, visando a compreensão da atuação da psicologia na área social. Trata-se de
um projeto de pesquisa teórico e de campo, sendo a segunda composta por aplicação de
questionário como instrumento de coleta de dados, a uma Psicóloga Social de uma
determinada instituição pública da cidade de Erechim-RS.
Dividiu-se o trabalho por temáticas, sendo a primeira sobre a história da psicologia e
suas teorias psicológicas, abordando seu surgimento e fatores que influenciaram em seus
desenvolvimentos e avanços. A seguir vem às influências disciplinares, que abrangem a
antropologia, genética e estatística, apresentam-se com intuito de denotar suas importâncias
para com a psicologia e clarificando em quais momentos se farão presentes. Conseguinte,
apresentam-se brevemente todas as áreas de psicologia e suas atuações.
Como aprofundamento vem os dois últimos tópicos, sendo o primeiro sobre a história
da psicologia social, citando seu surgimento, filosofias, e respectivas. Após delimitado para a
psicologia social no Brasil, apresentando seu desencadeamento, áreas de atuação,
características e trabalho do psicólogo.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 História e teorias psicológicas
O conhecimento frente à história da psicologia é essencial para se ter ciência de seu
surgimento, raízes, filosofias e desenvolvimento, se tornando assim possível fazer uma
retrospectiva com o presente. Goodwin (2010) corrobora que a psicologia nasceu da filosofia
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e se baseava nela, no entanto, não era considerada uma ciência, levando-a a união com a
fisiologia em meados do século XVII e XIX. Após inúmeros estudos e experimentações ela
foi reconhecida cientificamente.
Referindo-se a expressão da palavra psicologia, há dois princípios como segue
abaixo:
O termo psicologia origina-se de duas palavras gregas: psique, que significa alma, o
espírito ou a mente, e logos, que se refere ao estudo de um assunto. Essas duas raízes
gregas foram inicialmente colocadas lado a lado para definir um tópico de estudo no
século XVI, quando psique era usado para se referir a alma, espírito ou mente em
contraposição ao corpo. (WEITEN. 2010, p. 04)
Mediante Bock, Furtado e Teixeira (2008), a psicologia difundiu-se cientificamente,
surgindo diversas correntes de estudos, sendo a mais influente a psicanálise, fundada entre
1856 e 1939, pelo médico psiquiatra vienense Sigmund Freud. Freud tinha questionamentos
sobre si mesmo, tais como, fantasias, sonhos, esquecimentos e interioridade do homem, os
quais o levaram a uma investigação científica, aprofundando-se e criando a psicanálise. Seu
surgimento tem grande contribuição do inconsciente, fator psíquico onde atua a resistência e
repressão. A psicanálise estuda o funcionamento da vida psíquica, pelo método de
investigação, que busca interpretar o significado oculto dos atos e produções imaginárias
através da análise.
Weinten (2010) refere-se que na década de 1890 os psicólogos, principalmente nos
Estados Unidos, desejavam dar à disciplina uma base objetiva e científica, reagindo contra a
abordagem introspectiva. Assim com o objetivo de estudar o comportamento observável,
nasce o behaviorismo entre 1878 e 1958, fundado por John B. Watson.
Mediante Schultz e Schultz (2011), a teoria cognitiva comportável, começou a se
desenvolver com a colaboração principal de George Miller e Ulric Neisser, mais precisamente
esta linha da psicologia ficou conhecida com a publicação do livro de Neisser em 1967:
“Psicologia Cognitiva”. Esta teoria está relacionada com a mente humana, como as
experiências são estruturadas, organizadas e adquiridas.
Davidoff (2001), afirma que no final do século XIX surge na Alemanha a psicologia
da Gestalt, significando em alemão “forma” ou “padrão”, esta tendência busca analisar os
fenômenos psicológicos isoladamente e após num todo, pois o conjunto é maior que a soma
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de suas partes, necessitando compreensão das partes e da totalidade. A Gestalt se baseia no
estudo da percepção humana.
Goodwin (2010) apresenta a psicologia humanista, conhecida como a terceira força da
psicologia, representava oposição à ideia de que o comportamento humano fosse reduzido a
instintos biológicos recalcados (premissas da Psicanálise) ou que se limitasse a simples
processos mecânicos de condicionamento (experimentos do Behaviorismo). Como teóricos
importantes destas linhas, citamos Abraham Maslow (1908-1970) e Carl Rogers (1902-1987).
Maslow ficou conhecido pela criação da pirâmide de necessidades, enquanto Rogers foi o
criador da terapia centrada ao paciente.
2.2 Influências disciplinares sobre a psicologia
Compreender complexamente o cenário de atuação da psicologia permite perceber que
as áreas em que o psicólogo se sentia mais próximo há algumas décadas, como as áreas de
ciências sociais, modificaram-se, assim faz se necessário o estudo antropológico em
psicologia para uma melhor compreensão dos fatores.
Consoante com Bastos e Gondim (2010, apud. Kullasepp, 2008) afirmam que a
identidade profissional do psicólogo vai sendo configurada desde o início de sua formação e
continua se redefinindo ao longo da inserção nas áreas de atuação. Permitindo assim observar
que desde o ingresso no curso existe uma tensão entre a identidade e a contra identidade, pois
o jovem estudante tem uma concepção da psicologia, mas as convicções se modificando no
decorrer do curso. E, até que identidade do psicólogo seja definida, as maiores observações
ficam entre sua identificação com a psicologia ou não identificação.
O psicólogo ao decorrer se depara com limites de sua identidade social, estes ligados a
inclusão e exclusão no cenário do mesmo. Como segue:
A demarcação de grupos profissionais nos quais o psicólogo está incluído e daqueles
dos quais o psicólogo se vê excluído permite compreender também os limites de sua
identidade social. Se há algumas décadas havia forte convicção de que a psicologia
estaria mais próxima da área de ciências sociais e de saúde, hoje ela merece ser mais
bem investigada. E um forte argumento a favor é a expansão das áreas
especializadas da psicologia, que a tem aproximado de outras áreas de atuação,
como a educação física (psicologia do esporte), o direito (psicologia jurídica), a
pedagogia (psicopedagogia), a arquitetura (psicologia ambiental), a linguística e a
comunicação (análise do discurso e da fala do sujeito, consciência fonológica), etc.
(BASTOS; GONDIN, 2010 p. 228)
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Baptista (2002) argumenta que a identidade presente em um determinado tempo
histórico poderá ter características distintas da de outras gerações. Assim, a identidade do
psicólogo é também influenciada pelo momento histórico que separam as gerações.
Estudar as origens do comportamento humano é de suma relevância para o
entendimento de fatores genéticos e adquiridos. Como a citação: “[...] Nessa ótica, o conceito
de ambiente engloba todos os fatores que agem sobre o indivíduo, desde o momento da
fecundação do gameta feminino pelo espermatozoide, incluindo a vida intrauterina e a vida
pós-natal através da educação recebida e das influências culturais.” (FARRA; PRATES,2004,
p. 95)
Conforme Neto, Gauer e Furtano (2003), sobre a teoria de Mendel, inúmeras doenças
são geneticamente desenvolvidas. Como a herança patológica, esta vinda de alterações de um
gene, resultando doenças cromossômicas, responsáveis por doenças de fundo psiquiátrico,
como o autismo, esquizofrenia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, necessitando
o paciente de auxílio de um profissional de psicologia.
Farra e Prates (2004), afirmam sobre a importância do psicólogo na articulação das
implicações da Genética na área da saúde, especialmente pela possibilidade de identificar a
presença de genes que aumentam a predisposição a doenças como o câncer e o Alzheimer,
entre outras.
A influência da estatística, aplicada à psicologia tem por objetivo contribuir com a
coleta de dados e análise em pesquisas e testes psicológicos. De acordo com Feijo (2010), a
estatística é a ciência que nos permite tomar decisões em face da incerteza, minimizando-as.
Sendo que nas pesquisas científicas necessita a coleta de dados capazes de responder nossas
hipóteses, e para que eles sejam confiáveis faz se necessário análise criteriosa e objetiva dos
mesmos.
Barbetta (2004) ressalta sobre a aplicação de técnicas estatísticas, estas devem ser
feitas na etapa de análise dos dados, e a metodologia estatística deve ser aplicada no decorrer
da pesquisa, interagindo com a metodologia. Sendo que não é garantido obter boas
informações de dados que foram coletados incorretamente, pois a qualidade das informações
depende da qualidade dos dados. E, quanto à utilização dos resultados estatísticos, também
devem ser realizados de maneira correta, tornando-se necessário que o pesquisador conheça
os princípios básicos das técnicas utilizadas. Cabe realçar a consideração e eficácia na
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aplicação, da estatística na psicologia, uma vez que necessitamos dela para obtenção de
resultados fidedignos.
2.3 Áreas de atuação da Psicologia
O campo de abrangência da psicologia é imenso, referindo-se a abordagens, pesquisas
e áreas de atuação. No que se refere à atuação, ou seja, onde o psicólogo pode atuar,
apresenta-se a Psicologia Clínica, Psicologia Escolar, Psicologia Jurídica, Psicologia
Hospitalar, Psicologia Organizacional, Psicologia do Trânsito e Psicologia Social. A seguir se
atêm a todas com aprofundamento na Psicologia Social.
Mediante Mito e Oliveira (2008), a Psicologia Clínica se constitui como uma das áreas
mais tradicionais do conhecimento de atuação profissional, e seu conceito etimológico tem
ligação ao modelo médico, assim ao tratamento de patologias e a posição passiva e impotente
do paciente. A clínica autônoma em consultórios privados é preeminente, no entanto o
psicólogo possuem inserção na saúde privada e pública, havendo atuação em hospitais,
ambulatórios, unidades básica de saúde, creches, instituições privadas e instituições
comunitárias.
Em pesquisa realizada no Brasil, Yamamoto (2012), a clínica pode ser considerada
predominante, abrangendo 53% dos psicólogos, que atuam como autônomos e no setor
público e instituições privadas.
A psicanálise e a teoria cognitiva comportamental representam desde os primórdios,
no entanto as demais abordagens também são indispensáveis. “A psicanálise e a teoria
comportamental representam, desde o inicio, os dois principais corpos teóricos, e também são
considerados os alicerces das novas propostas teóricas e técnicas que se multiplicaram nas
ultimas décadas” (MITO; OLIVEIRA, 2008, p. 162).
Como área aplicada da psicologia Neves et al. (2002 apud. Almeida 1999), apresenta-
se inicialmente a psicologia escolar, que teve seu surgimento ligado a psicométrica, com
aplicação de testes psicológicos, voltado para a área clinica, trabalhando com diagnósticos
vinculado a dificuldades de aprendizado dos alunos. Estes, cuja ênfase situava-se nos fatores
subjacentes ao indivíduo em detrimento das causas ligadas aos fatores institucionais, sociais e
pedagógicos.
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A clínica teve seu predomínio na área escolar, no entanto no decorrer foi observado
que o psicólogo poderia intervir em outras atividades cotidianas da escola como segue abaixo:
A partir da compreensão do contexto escolar, o psicólogo poderá fazer intervenções
em espaços coletivos existentes na escola, conselhos de classe, coordenações de
professores, reuniões bimestrais de pais e mestres, além de criar outros espaços de
discussão, como grupos de professores nos quais seja possível a reflexão sobre as
práticas pedagógicas, estudos de caso e aspectos intersubjetivos que permeiam o
trabalho da instituição (BARBOSA; CLASY; MARINHO, 2010, p. 398, apud.
ALMEIDA; ARAÚJO, 2005).
Aldrighi (2008) afirma sobre a Psicologia Jurídica, com inserção do psicólogo em
instituições judiciais, penitenciárias, grupos comunitários e familiares. O comportamento
humano define nossas ações, assim neste contexto a violência se apresenta seguida de
indignação que resulta em conflitos, muitas vezes de nível altíssimo, fazendo-se necessário a
intervenção do psicólogo que utiliza instâncias jurídicas para cabíveis soluções. A ação do
psicólogo tem como característica a visibilidade geral ao caso, analisando vítimas e
vitimadores, oscilando entre indivíduo e grupal de forma equilibrada e equitativa,
evidenciando grande responsabilidade social do profissional de psicologia.
Em resenha sobre atuação do psicólogo jurídico, Campos; Costa e Cruz (2006) citam
obras recomendadas entre os anos 2003 e 2005, sobre aspectos do trabalho deste profissional
a quem possa interessar, sendo elas destacam-se: Psicologia jurídica no processo civil
brasileiro, de Denise Maria Perissini da Silva, cujo objetivo é apresentar aspectos relativos ao
Direito de Família e ao Direito da Infância e da Juventude com ênfase na prática dos
profissionais da Psicologia e do Direito; Psicologia jurídica: implicações conceituais e
aplicações práticas, de Maria Adelaide de Freitas Caires, que apresenta a sistematização da
experiência profissional da autora, com perícias psicológicas e questionamentos dela
decorrentes, e Temas em Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica, produzido sob a
coordenação de Sérgio Paulo Rigonatti, com textos sobre aspectos históricos da prática
forense, etiologia do comportamento criminoso, papel da família na gênese e na recuperação
do delinquente e violência doméstica, entre outros.
A saúde mental é de suma importância, assim como a saúde física, a lembrar de que a
segunda por vezes e desencadeada pela primeira. Assim se tem duas patologias reagindo a um
único individuo, afetando de maneira generalizada, e o psicólogo hospitalar apresenta-se
como profissional a auxiliar o paciente. Simonetti (2004) cita que a psicologia hospitalar vem
com intuito de entender e tratar aspectos psicológicos de adoecimento psicossomáticos e
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doenças físicas não denominadas psicossomáticas que evidenciam o paciente, atuando assim
de maneira clínica terapêutico.
Martins (2008), afirma que o psicólogo hospitalar necessita competência em
atividades de ensino, pesquisa e assistência, atuar de forma abrangente e desenvolver projetos
de intervenção juntamente com equipes multidisciplinar, quando houver necessidade.
Clinicamente ele pode atuar em ambulatórios, unidades de emergências, prontos socorros,
unidades de internações, enfermarias e unidade de terapia intensiva (UTI).
As organizações precisam de pessoas e ambas precisam da mesma, sendo então uma
troca de favores em busca de um bem maior chamado de lucro, criando-se assim um vínculo
empregatício, mas, é necessário estar apto a exercer as funções que o empregador propõe. O
psicólogo organizacional surgiu como profissional a analisar e selecionar os indivíduos de
acordo com os cargos, entretanto hoje o campo de atuação dentro das organizações é
abrangente como segue:
A área organizacional é, com certeza, a menos definida em termos de Psicologia.
Até há pouco tempo, a atuação do psicólogo nas empresas era vista como essencial
apenas e tão somente na seleção de pessoal. Hoje, esta área de atuação está sendo
ampliada e, nesta fase de transição, ainda resta muito espaço a ser conquistado, tanto
na busca de espaços específicos dos psicólogos, quanto naqueles compartilhados
com outras categorias profissionais. (ZANELLI, 1986 apud. CRP, 1984, p.33)
Zanelli (1992) argumenta que o psicólogo organizacional tem atuação dentro das
organizações ou em serviços de consultoria autônomo, sendo denominadas pelo Conselho
Federal de Psicologia 19 atividades atribuídas ao psicólogo nesta área. Assim se distribuem,
das mais às menos frequentes: seleção, aplicação de testes, recrutamento, acompanhamento de
pessoal, treinamento, avaliação de desempenho, análise de ocupação, planejamento e
execução de projetos, desenvolvimento organizacional, triagem, cargos administrativos,
assessorias, análise de cargos, estudo de salários, aconselhamento psicológico, diagnóstico
situacional, supervisão de estágios acadêmicos e psicodiagnóstico.
Todos com campos de atuação citados anteriormente vêm com intuito de soluções e
auxílios a determinadas tarefas, neste instante será apresentado uma psicologia que diz
respeito à prevenção de fatos derivados do comportamento humano, a Psicologia do Trânsito.
“Este tipo de Psicologia estuda, portanto o comportamento dos pedestres, do motorista
amador e profissional, do motoqueiro, do ciclista, dos passageiros, do motorista de coletivos,
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e num sentido mais largo ainda, de todos os participantes do tráfego aéreo, marítimo, fluvial e
ferroviário.” (ROZESTRATEN, 1981, pg.1).
Ainda, consoante com o autor acima esta psicologia restringe ao comportamento dos
usuários das rodovias e das redes viárias urbanas. Estudando o processo de atenção, de
detecção, diferenciação, percepção, tomada decisão, processamento de informações,
aprendizagem, conhecimento de normas e de símbolos, motivação, previsão de situações em
situações inesperadas no trânsito e normas de seguranças. Atuando assim na pesquisa e com
os órgãos de trânsito bem como na obtenção da Carteira Nacional de Habilitação.
Em retrocesso à história de atuação da psicologia é possível perceber os avanços que
esta ciência obteve no decorrer dos anos, no inicio com predominância da atuação clínica e
atualmente inserida nas mais diversas áreas e tarefas a ela repassada. Na temática a seguir é
citado outro campo de atuação psicológica, que vem ganhando espaço na área social em nosso
país, a Psicologia Social.
2.4 História da Psicologia Social
Para Myers (2014, apud Smith 2005), a psicologia social é uma ciência recente, sendo
que seus primeiros experimentos foram relatados há pouco mais de cem anos, em meados de
1898, e os primeiros textos de psicologia social surgiram em torno de 1900. Somente a partir
do ano de 1930 ela assumiu sua forma atual, e apenas a partir da Segunda Guerra Mundial
começou a emergir como campo de vulto que é hoje.
Lane (1994) comenta que o enfoque da Psicologia Social é estudar o comportamento
de indivíduos e suas influências sociais, desde o nascimento dos indivíduos. Onde condições
históricas dão origem a uma família, e nela há convivência entre pessoas, que sobrevivem
trabalhando em inúmeras atividades, estas influenciam desde o período gestacional e no
decorrer do desenvolvimento dos indivíduos.
De acordo com Lane et al. (2016), pode-se afirmar que ao falar da psicologia
comunitária ou social é falar, também, da história política recente do Brasil e da América
Latina. Refletir sobre o tipo de atuação da psicologia na comunidade, exige que se
identifiquem as disposições naturais que ela tem apresentado.
Ainda sobre a autora citada acima, a psicologia social comunitária utiliza-se do ajuste
teórico da psicologia social, privilegiando o trabalho com grupos, colaborando para uma
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formação da consciência crítica e para a construção de uma identidade social e individual
orientadas por princípios eticamente humanos. Entre 1960 e 1970 a psicologia na comunidade
de fato surgiu e recebeu tal identificação, em uma época fundamental, ou seja, momentos em
que a psicologia enfrentava fortemente uma crise em relação aos modelos importados e
alheios á realidade brasileiros e, dessa forma, assumia a proposta de perder a condição de elite
e de se tornar mais ligada ás condições de vida da população. Surgindo a necessidade de
expansão, indo além da clinica e escolar, chegando e desenvolvendo-se na comunidade.
2.5 Psicologia Social no Brasil
A história da Psicologia Social no Brasil ressurgiu segundo Sá (2007) com a reedição
do livro "Introdução à Psicologia Social", de Arthur Ramos em 1935 com a criação de um
curso formal na então Universidade do Distrito Federal, e em 1936 publicou um livro com o
título de Psicologia Social. Ela estava inserida nos estudos de direito, de economia, de
educação e de medicina e se beneficiava igualmente de contribuições biológicas,
psicanalíticas, comportamentais, sociológicas e antropológicas. Cita o autor ao tentar definir o
surgimento desta no Brasil:
É verdade que não existe uma psicologia brasileira, no sentido estrito de que no
Brasil se tenham gerado abordagens teóricas ou estratégias metodológicas
constitutivas de um corpo mais consistente de conhecimento acadêmico. Mas, há – e
isso já de longa data – psicólogos brasileiros que têm sido capazes de dar uma feição
singular à apropriação e à aplicação das teorias e métodos originados em outros
países (SÁ, C.P., 2001, p.41-42).
De acordo com Festiger e Katz (1974), num segundo momento foram criados os
cursos regulares em formação psicologia no final dos anos 50 e início dos anos 60. Com a
característica da chamada “psicologia social psicológica americana” que estava se tornando
hegemônicas, caracterizou assim uma terceira fase de desenvolvimento da psicologia social
no Brasil. O livro do principal autor brasileiro Aroldo Rodrigues teve dezoito edições e
ampliou o movimento editorial brasileiro, onde a pesquisa científica brasileira tem se
caracterizado pela ampla liberdade de adaptação, para investigar os mais variados problemas,
significando que possuímos uma psicologia social brasileira caracteristicamente plural, crítica
e avessa a fronteiras disciplinares rígidas.
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Jacques et al. (1996), afirmam que com perspectivas adaptacionistas que na opinião de
alguns é uma característica da Psicologia como um todo, instalam todo um questionamento
sobre o conhecimento e a prática produzidos pela Psicologia Social, pela ausência de
consonância entre a produção da chamada Psicologia Social e os problemas emergenciais dos
países Latino-americanos. É neste contexto que funda-se a Associação Brasileira de
Psicologia Social (ABRAPSO), com o objetivo de buscar novos rumos, metodologias, propor
práticas sociais e construir um referencial teórico diferente dos até então vigentes.
Nos últimos tempos vem surgindo no Brasil um movimento Antimanicomial, que
ganhou força com a publicação do livro de Maria Stella Brandão Goulart em 2007, que traz a
idéia de inclusão dos ditos “Loucos” no convívio social, como forma de aprendizado e da
busca de um equilíbrio juntos as demais pessoas consideradas “normais”, para que haja uma
integração e o seu desenvolvimento. Como cita a autora a seguir:
Todas as críticas à Reforma Psiquiátrica, nos parece oportunistas e suspeitas, pois a
própria prática de asilamento das pessoas com transtorno mental que nos últimos
dois séculos construiu o grande preconceito social em torno da loucura e impôs a
internação com a única saída possível para o transtorno mental. E é o movimento
Antimanicomial, inicialmente identificado como o Movimento dos trabalhadores da
saúde Mental(com a participação de Psiquiatras) que nos últimos trinta anos tem
lutado pela desconstrução desse preconceito junto á sociedade como importante ator
na implantação da Reforma Psiquiátrica, conferindo ás pessoas com este sofrimento
o resgate de sua cidadania e a defesa de seus direitos humanos. Ao criar a Reforma
Psiquiátrica, essa parcela da classe médica parece querer evitar o questionamento de
suas práticas abusivas e de sua hegemonia no campo da saúde, e em última análise
do seu poderio econômico. (GOULART, 2007, p. 11-12).
Conforme Toniato, Tavares e Pessini, (2010) o Centro de Referência de Assistência
Social (CRAS) busca o fornecer benefícios e valorizar comunidades carentes para que essas
pessoas saibam que possuem direitos e deveres na sociedade. Para tanto, é preciso um olhar
de caráter preventivo, focando sempre na promoção da qualidade de vida desses indivíduos
que estão à margem da sociedade. Caracterizando o trabalho do psicólogo, que sempre atento
aos anseios da comunidade pode notar eventuais problemas de ordem coletiva, bem como
individualizados, durante seus atendimentos em Clínicas ou nos CRÁS dos municípios e nas
demais instituições voltadas à assistência social.
Ainda segundo Toniato, Tavares e Pessini, (2010), a Psicologia Social também se faz
com o fornecimento de serviços e proteção às famílias em vulnerabilidade, além de ajudar em
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formas de benefícios, como uma renda mensal que permite com que a família tenha maneiras
para lidar com as possíveis problemáticas.
Segundo Almeida e Goto (2011) a Constituição de 1988 (a constituição cidadã) em
seu artigo 227, abriu caminho para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
regulamentado pela Lei 8.069/90, que revoga o Código de Menores de 1927. Este código
legal destinava-se a uma parte da população, inclusive a uma parte de crianças e adolescentes,
que se encontrava em situação econômica e social desfavorável decorrente do modelo
econômico vigente. Reformulado em 1979, ele possibilitou a criação da Fundação Nacional
do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) e das Fundações Estaduais de Bem-Estar do Menor
(FEBENS), mantendo-se a ideologia excludente e lidando com a criança e o adolescente sob a
ótica da segurança nacional.
Em seu artigo Toniato, Tavares e Pessini, (2010) citam também o Centro de
Referência Especializado de Assistência Social – CREAS, que oferece serviço especializado e
continuado a famílias e indivíduos (crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos e
mulheres), em situação de ameaça ou violência de direitos, tais como: violência física,
psicológica, sexual, tráfico de pessoas, cumprindo medidas socioeducativas em meio aberto,
situação de risco pessoal e social associados ao uso de drogas. Visando a construção de um
espaço para acolhimento dessas pessoas, fortalecendo vínculos familiares e comunitários,
priorizando a reconstrução das relações familiares.
Metodologia
Quanto aos procedimentos trata-se de uma pesquisa bibliográfica e de campo, com
dados qualitativos, quanto aos objetivos considera-se descritiva, investigativa, comparativa e
explicativa. Uma vez que é feita levantamento bibliográfico, se investiga a atuação
profissional, buscam-se comparações unindo teoria à prática e expõem argumentos.
Como método de coleta de dados foi utilizado questionário qualitativo visando
conhecimento sobre o campo de atuação, com participação direta de dois acadêmicos de
psicologia com uma psicóloga da área social de uma instituição pública da cidade de Erechim
– RS, realizada na instituição de trabalho da entrevistada. Para levantamento de dados
utilizou-se análise do questionário com base no referencial teórico, a fala da entrevistada foi
descrita parafraseada para um melhor entendimento ao leitor.
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3 RESULTADOS E ANÁLISE
Ter ciência da atuação do psicólogo social e funções desenvolvidas no mercado de
trabalho é de suma importância para esclarecimento a acadêmicos iniciantes, ampliando a
visão da área, possibilitando um entendimento mais amplo. Apresentam-se as questões as
quais se buscava esclarecimentos sobre a área seguindo de análise argumentativa.
Ao questionar a entrevistada sobre os motivos que a levaram a cursar psicologia, a
mesma mencionou que conheceu a psicologia na graduação de Educação Física e quando o
curso de psicologia foi implantado na universidade da cidade onde residia, ela estava decidida
em realizar, porém nunca teve como motivação ajudar as pessoas ou entender-se, senão a de
estudar a mente humana, as emoções, etc. Segundo Bastos e Gondin (2010) a psicologia é
uma profissão muito abrangente, onde as expansões das áreas especializadas possibilitam à
aproximação a outros campos de atuação, como segue o autor a seguir: “[...] Um forte
argumento a favor é a expansão das áreas especializadas da psicologia, que a tem aproximado
de outras áreas de atuação, como a educação física (psicologia do esporte), o direito
(psicologia jurídica), a pedagogia (psicopedagogia), a arquitetura (psicologia ambiental), a
linguística e a comunicação (análise do discurso e da fala do sujeito, consciência fonológica),
etc.”
No que se refere à formação acadêmica e suas identificações, informou ter tido contato
com todas as linhas teóricas e estas tiveram contribuição em sua formação, mas sua
identificação foi com existencialismo/humanismo. Goodwin (2010) apresenta a psicologia
humanista, conhecida como a terceira força da psicologia, esta representava oposição à ideia
de que o comportamento humano fosse reduzido a instintos biológicos recalcados (premissas
da Psicanálise) ou que se limitasse a simples processos mecânicos de condicionamento
(experimentos do Behaviorismo).
Quanto o desejo de desistência e buscar outra formação, a entrevistada argumentou
que não identificou nenhuma crise existencial. Supõe se ao fato de sua identificação com a
psicologia que se deu no decorrer do curso, não ocorrendo desequilíbrio mental em relação a
sua escolha. Bastos e Goodwin (2010, apud. Kullasepp 2008) corrobora que até identidade do
psicólogo seja definida, as maiores observações ficam entre sua identificação com a
psicologia ou não identificação.
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Solicitando a entrevistada se em algum momento se deparou com vantagens,
desvantagens, satisfações e insatisfações, a mesma informou que em sua formação sentiu uma
grande competição dos professores que eram nativos da cidade e faziam o corpo docente da
instituição. Onde não se havia incentivo aos estudantes a apreciarem o curso e profissão, e em
algumas vezes incentivando-os a desistência da graduação. A filosofia da profissional
atualmente é de que a categoria deveria ser mais unida, e pensar na psicologia enquanto
profissão de ponta científica e necessária, combatendo as chamadas terapias modernas estilo
„animadores de plateia „e „milagrosas‟, adquirindo uma postura mais de reserva de mercado,
como a dos médicos. Considerando as diversas gerações dentro das organizações, estas
separadas por faixas etárias, observam-se divergências de identidade entre duas gerações.
Baptista (2002) corrobora que a identidade presente em um determinado tempo histórico
poderá ter características distintas de outras gerações, assim a identidade do psicólogo é
também influenciada pelo momento histórico que separam as gerações.
Levantada a questão sobre os principais desafios da profissional durante sua formação
acadêmica, relatou que foi aceitar que a sociedade é diferente da apresentada nos livros, pois
as famílias não são as estudadas e que muitas técnicas e teorias não têm êxito. Assim, não
havendo uma fórmula para seguir, sendo necessárias estratégias diferentes a cada caso de
paciente, exigindo do profissional uma compreensão de que o ser humano é complexo
devendo estar disposto há diversas interpretações. Ainda foi desafiador, pois a formação
universitária lhe forneceu a base, e esta é insuficiente na prática. De acordo com o autor Sá
(2001, p. 41-42) “É verdade que não existe uma psicologia brasileira, no sentido estrito de que
no Brasil se tenham gerado abordagens teóricas ou estratégias metodológicas constitutivas de
um corpo mais consistente de conhecimento acadêmico. Mas, há – e isso já de longa data –
psicólogos brasileiros que têm sido capazes de dar uma feição singular à apropriação e à
aplicação das teorias e métodos originados em outros países.” Assim, se tem hipótese que
teoria e prática diferem e certamente será desafiador para os recém-formados encarar o mundo
prático com todas suas nuances e particularidades. Sendo que os autores de psicologia social
mencionam condições históricas e atividades variadas que influenciam cada indivíduo, porém,
cabe a cada profissional identificar cada situação na prática e superar o desafio, utilizando e
descobrindo novos métodos.
Solicitado a profissional para compartilhar seus trabalhos realizados relacionados à
psicologia, apresentou que sua carreira é bastante complexa e abrangeu diversas áreas de
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atuação. Foi psicóloga na secretária da saúde, onde prestou atendimento clínico, grupos de
terceira idade, atendimento a famílias, coordenou e dirigiu a instituição. Atuou na prefeitura e
lar das crianças de uma determinada cidade. Atualmente é psicóloga coordenadora na
instituição lar das crianças, onde atua há 19 anos. Ao iniciar seus trabalhos ela organizou a
equipe técnica com contratação de profissionais, além de coordenadora realiza atendimentos
clínicos e sociais as famílias. É cedida como perita na delegacia regional de policia civil, para
realização de perícias nos casos de violência e perita do Tribunal de Justiça do RS. Ainda, é
presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e possui
consultório particular. Em suas colocações observa sua preferência pela área clínica, o contato
direto com o necessitado, liderar grupos de atendimento a pessoas em vulnerabilidade social.
Mediante Mito e Oliveira (2008), [...] a clínica autônoma em consultórios privados é
preeminente, no entanto o psicólogo possuem inserção na saúde privada e pública, havendo
atuação em hospitais, ambulatórios, unidades básica de saúde, creches, instituições privadas e
instituições comunitárias.
Levantada a questão sobre a rotina de trabalho da profissional nesta instituição e quais
as técnicas utilizadas, a mesma denotou trabalhar 48 horas semanais tendo que cumprir metas
diariamente, onde os relatórios e atendimentos devem ser realizados e estar em dia. Utilizando
de técnicas de grupo, entrevista individual e coletiva (familiar), testagem psicológica,
anamneses, visita domiciliar, escuta, dentre outras. Ainda, argumentou que exige
comprometimento, dedicação e resultados de sua equipe.
Sobre a maior atuação do psicólogo social ela coloca que é nos CRAS, CREAS, e
instituições de serviço público, sendo assim, as demais instituições não possibilitam uma
atuação social focada, surgindo comentários alheios sobre o trabalho do profissional de
psicologia, pois segundo a entrevistada a visão aos leigos é que “o psicólogo social organiza
festas, palestras, faz artesanatos e passeios”, sendo um desafio mostrar a importância do
psicólogo nesta área. De acordo com Lane (2016), a psicologia social comunitária privilegia o
trabalho com grupos, este contribui para formação consciente crítica e construção social e
individual orientadas por princípios eticamente humanos.
No questionamento feito à psicóloga sobre as principais competências que um
profissional de psicologia deve ter na área social, a mesma mencionou que se deve ser a
capacidade de olhar o outro no contexto dele e não do profissional. Pois na psicologia social
há diferentes contextos sociais, familiares, como também diferentes estruturas
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organizacionais. Ainda condizendo com Toniato, Tavares e Pessini (2010), a psicologia social
quanto à caracterização do trabalho do psicólogo social, necessita um olhar de caráter preventivo,
sempre atento aos anseios da comunidade, sendo possível identificar eventuais problemas de ordem coletiva,
bem como individualizada.
Considerando a importância da terapia frequente ao profissional de psicologia, buscou
se uma confirmação, e a mesma responderam afirmativamente e justificou que não considera
importante unicamente pelo fato de ser psicóloga, mas por ser mulher, cidadã e mãe.
Possuindo suas emoções, sentimentos, conflitos e que necessita falar sobre eles. Mediante
Mito e Oliveira (2008) a psicologia clínica se constitui como uma das áreas mais tradicionais
do conhecimento de atuação profissional, e seu conceito etimológico tem ligação ao modelo
médico, assim ao tratamento de patologias e a posição passiva e impotente do paciente. Supõe
a necessidade de fazermos terapia frequentemente, pois o ser humano precisa falar sobre seus
sentimentos quando estes lhes traz inquietação psíquica.
Como investigação final foi dada abertura à entrevistada para possíveis colocações aos
acadêmicos de psicologia do primeiro semestre e a mesma orientou bastantes estudos,
inúmeras leituras, controle da ansiedade, flexibilidade aos fatos da vida, pois a terapia não
necessariamente é solução, visão realista desprendendo-se das fantasias, especificamente
aquelas de almejar mudanças significativas ao mundo, às pessoas, pois talvez tais não
almejem a mudança. A afirmação da profissional vai ao encontro dos desejos dos acadêmicos
iniciantes de psicologia, estes movidos pelo desejo de mudança ao mundo, assim, se faz
necessário uma reflexão sobre estas realizações. Bastos e Goodwin (2010, apud. Kullasepp
2008) fazem referência a identidade profissional do psicólogo, sendo configurada desde o
inicio da formação e se redefinindo ao longo da inserção nas áreas de atuação. Ainda, é
possível observar que desde o ingresso do curso o estudante tem uma concepção da
psicologia, mas estas convicções se modificam no decorrer da graduação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a pesquisa bibliográfica, de campo e análise de resultados, obtém-se
uma visão da psicologia social e seu desenvolvimento no Brasil, buscando a solução de
problemas e demandas, que anteriormente ficavam em segundo plano na sociedade e no
íntimo dos indivíduos. Com a intervenção do psicólogo social é possível proporcionar um
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acompanhamento psicológico aos pacientes que se encontram à margem da sociedade, visto
que as instituições sociais visam estes serviços aos indivíduos e sociedade.
Mediante a teoria e confirmação da entrevista, observa-se que a maior atuação do psicólogo
social é nos CRAS, CREAS, e instituições de serviço público, onde se tem maior
concentração das demandas de indivíduos em vulnerabilidade social. No entanto, a aplicação
em outras instituições ocorre, mas não é visibilizada pela sociedade, ocultando-se a
importância desta profissão.
De acordo com a pesquisa, as teorias diferem da prática e as linhas teóricas todas são
consideradas importantes para contribuição da construção do conhecimento, embora
obtenhamos identificações no decorrer da formação. Quanto à formação esta é considerada
autossuficiente para aplicação direta à prática, sendo necessárias especializações específicas.
Considera-se competente o profissional com a capacidade de empatia com o contexto
do outro e compreensão da personalidade de cada individuo e sociedade. Sendo que para
proporcionar um serviço com eficácia, é imprescindível que suas questões individuais sejam
resolucionadas, cogitando a terapia frequente quando houver necessidade.
Ainda, atentamos sobre a identificação e concepções filosóficas dos acadêmicos de
psicologia no decorrer da formação, estes sonhadores com a idealização frente a empatia e
altruísmo. A pesquisa apresentou tais desejos como fantasias, acredita-se que a percepção da
entrevistada deve ser considerada, no entanto não generalizá-la. E continuar a almejar
mudanças significativas, desde que sejamos realistas nas ações.
Diante disso, considera-se necessária identificação com a profissão, especializações
após formação acadêmica, compreensão e empatia com indivíduos e sociedade, qualidade de
vida, esclarecimentos do trabalho do psicólogo, reflexão sobre as idealizações e ações e
constante aperfeiçoamento profissional. Consequentemente será possível estar a serviço do
outro, prestando atendimento eficaz as demandas da sociedade, dispondo assim competência
profissional.
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