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ÁREA TEMÁTICA: Identidades, Valores e Modos de Vida [AT] O PROJETO URBANO ENTRE IDEOLOGIAS E USOS QUOTIDIANOS. ALGUNS CASOS EM COMPARAÇÃO. DE VINCENZI, Manuela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, CICS.NOVA - UNL, [email protected]

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ÁREA TEMÁTICA: Identidades, Valores e Modos de Vida [AT]

O PROJETO URBANO ENTRE IDEOLOGIAS E USOS QUOTIDIANOS. ALGUNS CASOS EM

COMPARAÇÃO.

DE VINCENZI, Manuela

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, CICS.NOVA - UNL, [email protected]

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Palavras-chave: design urbano; ideologia; usos quotidianos

Keywords: urban design; ideology; everyday usages

[COM0402]

Abstract

This paper analyses a set of cases in which the same architectural concept was applied in different areas of Europe.

The morphological concept of Tróia, Cidade Jardim (Grandola), planned to promote middle-class tourism, was

used as model for the urban regeneration of the Condado district (Lisboa), a social housing area. The project of

Marine Baie des Anges, planned to promote tourism in Villeneuve-Lubet (Nice), was used for the building of low

cost houses in le Vele de Scampia (Nápoles). The Karl-Marx-Hof project (Vienna) was a large complex of social

housing that inspired the building of many social housing districts in Europe. Lastly, the rural district project la

Martella (Matera) replicated the housing model of Matera’s old town peasants. Thus, this paper analyses some of

the most important Modernism’s propositions, values, and ideals of society. Moreover, it also analyses the various

forms of appropriation by its inhabitants.

Resumo

O tema proposto foca em que medida o mesmo conceito arquitetónico, em contextos diferentes, é apropriado,

muitas vezes, de forma antagónica. Nesse estudo são analisados alguns casos em que um mesmo modelo

arquitetónico foi reproduzido em um outro espaço no continente europeu. O conceito morfológico do projeto

“Tróia, Cidade Jardim” (Grândola), destinado ao turismo da classe media, serviu de modelo para a requalificação

no bairro social do Condado (Lisboa). O projeto habitacional para fins turísticos de “Marine Baie des Anges” de

Villeneuve-Lubet (Nice) serviu para a construção das residências económicas “le vele” Scampia (Nápoles), na

periferia norte de Nápoles. O projeto do complexo de residências sociais de grandes dimensões Karl Marx-Hof

(Viena), que deu vida à utopia de “cidade prédio”, tornou-se referencia para a construção de muitos bairros sociais

na Europa. Finalmente, o projeto do bairro rural la Martella (Matera), que procurou reproduzir o modelo

habitacional dos camponeses que viviam no centro histórico de Matera. Através dos casos analisados, esta

comunicação discute algumas das principais ideias do Modernismo no âmbito urbano, os seus valores e ideais de

sociedade. Além disso, são analisadas as diversas formas de apropriação do espaço pelos habitantes.

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1. Introdução

A metrópole contemporânea parece ser sempre mais marcada por fenómenos de desagregação social e

desigualdades (Bauman, 2013; Magnaghi, 2010; Conde, Magalhães, 2001). A utopia modernista de progresso,

liberdade e igualdade não se realizou, a lembrar-nos disso são as periferias urbanas de todo o mundo que,

apesar dos bons propósitos iniciais, continuam a aumentar, a viver situações de isolamento do resto da cidade

e a apresentar situações de degradação preocupantes (Sampó, 2012; Secchi 2011).

Neste contexto, não se trata de indagar o fenómeno do aumento das periferias em si, trata-se mais

especificadamente de pôr em discussão algumas das ideias mais fortes e emblemáticas da modernidade em

relação à resolução das desigualdades e, mais em geral, o melhoramento da qualidade de vida nas cidades.

A Revolução Industrial e a formação do Movimento Moderno representam um dos momentos centrais na

evolução das artes, pondo em discussão antigos valores e princípios fundantes. No âmbito da arquitetura, levará

a questionar o próprio papel da arquitetura em relação à sociedade, o tipo de contributo ao desenvolvimento

social e humano (Secchi, 2011; Dorfles, 2010), mas, também, a sua independência do poder, consagrada na

celebre frase “art pour l’art” (Adorno, 2008). Isto deu vida a toda uma série de experimentações e correntes,

muitas vezes em contraste entre elas, representativas das novas ideias, dos novos conceitos de sociedade e do

novo papel da arquitetura que se torna o de veículo de transmissão dos novos valores à sociedade.

Neste sentido, considera-se, portanto, a arquitetura e o urbanismo como uma linguagem física capaz de

influenciar as pessoas, nos gostos, na ética e nos comportamentos.

Como já mencionado, nestas páginas serão tomadas em consideração algumas das ideias principais da

modernidade no âmbito urbano e a adaptação delas em contextos diferentes, em particular a ideia de cidade

jardim, a baixa densidade habitacional, como alternativa à construção de alta densidade.

1.1 Ideologias e utopias na projetação urbana: alguns exemplos.

A cidade jardim.

Entre as várias experiências modernistas, em resposta aos problemas da cidade industrial, encontramos também

a Cidade Jardim, certamente uma das principais ideias do século XIX, uma proposta que se contrapõe ao

desenvolvimento contínuo da metrópole oitocentista, assim como à “cidade linear”.

Este modelo de cidade ideal foi desenvolvido, de modo particular, por Ebenezer Howard, no final do século

XIX e tinha como objetivo a criação de uma cidade autónoma, à medida do homem, integrando os serviços e

as comodidades da vida urbana com os aspectos mais saudáveis da vida do campo. Este tipo de projetação

tinha que ter em conta todos os aspectos da vida humana, respeitando as exigências primárias dos indivíduos,

neste sentido, pensou-se em núcleos habitacionais de dimensão reduzidas ou casas unifamiliares, em

contraposição aos grandes edifícios dos centros das cidades, contornadas por zonas verdes e ligadas entre elas,

com serviços, comércio, atividades recreativas, zonas industriais, etc., com a finalidade de tornar estas zonas

independentes (Howard, 1972). Cidades autónomas e controladas, em termos de expansão, ainda, uma

ampliação da teoria howardiana propõe a cidade jardim como elemento de crescimento da metrópole segundo

o principio da formação de colónias periféricas autónomas. A partir dessa ideia desenvolvem-se as teorias

normativas sobre as cidades satélites e o descentramento da metrópole, adotados até aos anos 70 do séc. XX,

nos países europeus.

A ideia de cidade jardim, como residências de periferia, surgiu por causa da congestão crescente das grandes

cidades e do desenvolvimento dos transportes públicos; já na segunda metade do século XIX, a classe média

começa a abandoar o centro das cidades, sempre mais degradados, para se mudar para os novos bairros

suburbanos.

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Foram vários os exemplos na Europa, para além da Inglaterra, um dos casos mais emblemáticos é Hellerau

(1908), construída em Dresda, mas logo foi englobada pela periferia da cidade, em França e na Bélgica , onde

foi proposta uma ideia de cidade jardim limitada a poucas realizações privadas nos bairros de periferias, não

conseguiu se enraizar, também pela falta de uma norma de suporte adequada (Calabi, 2008).

Este modelo, para além de eliminar as barracas e aproveitar as vantagens do campo sem renunciar ao trabalho

de fábrica e a vida urbana, era visto com favor, sobretudo em relação à questão da higiene pública e social,

sendo que a falta de higiene e condições moralmente inaceitáveis podiam constituir também uma ameaça

social. A missão ética do Estado consiste, portanto, não apenas no tratamento “curativo”, mas também na

prevenção, por esta razão existe um certo consenso à volta da ideia que a cidade jardim seja a melhor resposta

ao problema da habitação operária (Calabi, 2008).

A “Cidade do Homem” e a aldeia rural.

Uma outra ideia, muito interessante, promovida pelo empreendedor e engenheiro Adriano Olivetti, era a de

“Cidade do Homem” que consistia no conseguimento de uma sociedade baseada no respeito dos valores do

espírito, da ciência e dos ideais inalienáveis de justiça e dignidade (Olivetti, 2015).

Estes conceitos deram vida a vários tipos de intervenções urbanas com o propósito de melhorar a qualidade de

vida do homem, valorizando, de forma particular, a dimensão comunitária. Um exemplo emblemático é

constituído pela revisitação do conceito de aldeia rural (ou neo-ruralismo) como ambiente ideal do homem e

que pudesse funcionar como modelo de desenvolvimento das áreas ainda rurais.

Este conceito foi desenvolvido a partir das ideias políticas do autor baseadas no conceito de “comunitarismo”,

a aspiração de conjugar ética e produção, liberalismo e socialismo de estado, numa “terceira via”, onde, no

centro de tudo, estivesse o homem (Olivetti, 2015).

Os rendimentos da empresa deviam ser reinvestidos a favor do progresso da comunidade, foi com este

propósito que nos anos 50, Adriano Olivetti, com um grupo de intelectuais e especialistas, deram vida ao

projeto de requalificação dos “Sassi” de Matera com a criação do bairro – aldeia rural “La Martella”, na

periferia da mesma cidade.

Construção alta densidade.

Os modelos apresentados representam um conceito de habitação parecidos, construídos em baixa densidade,

volumes reduzidos e pensados para se tornar novas centralidades através a integração entre serviços urbanos e

vida de campo/natureza.

Este tipo de conceção contrapõe-se de certa forma a de tipo oitocentista, ou seja, a uma construção

“monumental”, de grandes dimensões e com uma densidade habitacional mais alta, utilizada especialmente

como residência social.

Neste sentido, será tomado como exemplo o caso da construção da residência social Karl Marx-Hof, uma

verdadeira “cidade-edifício” sendo, ainda hoje, o maior complexo residencial em Europa e uma experiência

parecida construída na periferia romana.

O exemplo de Villenueve-Loubet e Scampia (Nápoles), apresenta uma mistura entre as duas tipologias e

conceitos arquitetónicos diferentes, os edifícios são, por um lado, de grandes dimensões, imponentes, de

inspiração futurista, por outro lado, apresentam aspectos típicos da cidade jardim e das visões mais

“comunitaristas”, sendo inseridos em contextos ajardinados, equipados com serviços e comércio que pudessem

desenvolver uma vida comunitária e, de certa forma, independente. Tal como o primeiro caso citado, o de

“Tróia, cidade jardim” e Bairro do Condado, também neste caso, verificaram-se situações e usos do edificado

muito diferentes.

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Serão apresentados os casos na ordem seguinte: “Tróia cidade jardim” e Bairro do Condado, “Marine Baie des

Anges” (Villenueve-Loubet) e “Le Vele” (Nápoles), Karl Marx-Hof (Viena) e Corviale (Roma), Sassi di

Matera e La Martella (Matera).

2. Alguns casos paradigmáticos.

2.1 O caso de “Tróia, cidade jardim” e o Bairro do Condado.

Tróia, cidade jardim

Este projeto faz parte de um Plano de Ocupação Turística da Península de Tróia, pensado pelo arquiteto

Francisco da Conceição Silva em 1970, embora represente só uma pequena parte do projeto inicial. O que foi

construído ocupa uma superfície de 40 hectares a norte da península de Tróia, situada a sul de Lisboa, entre o

estuário do rio Sado e o mar, tinha como objetivo a construção da primeira cidade de lazer em Portugal (Silva,

1971; Leite, 2007).

A intenção era de construir uma verdadeira cidade destinada a acolher, de forma permanente, a classe médio-

alta empregada nas atividades industriais entre Setúbal e Sines, mas por causa dos acontecimentos ligados ao

25 de Abril de 1974, nunca chegou a ter o sentido de vida urbana que se propunha.

Com este plano, pretendia-se construir um lugar à escala do território integrado na paisagem e que utilizasse

só materiais presentes nessa zona, inserindo-se nas propostas modernas que circulavam desde o início do

século XX, pela Europa, mas atualizadas ao contexto de referência, reinterpretando alguns dos caracteres

típicos da arquitetura portuguesa (CMG, 1970; Leite, 2007).

Os conceitos à base do projeto são o de centro cívico, multifuncionalidade e, sobretudo, favorecer uma vida

comunitária intensa através dos muitos espaços públicos e/ou comuns.

Portanto, não só serviços destinados para o turismo, mas também infraestruturas de desporto, comerciais e

culturais espalhadas pelas diversas áreas. Do ponto de vista morfológico, a proposta era de retomar a ideia de

quarteirão constituído por bandas de prédios (máx. 4 andares) à volta de praças ajardinadas semifechadas, um

ao lado do outro, mas, destes quarteirões, apenas um foi realizado.

Do ponto de vista estético, a morfologia escolhida tenta romper com os antigos cânones, promovendo uma

nova imagem e conceito de habitar, que, através da capacidade comunicativa da arquitetura, possa chegar às

pessoas (Silva, 1971; Leite, 2007).

Embora nunca acabado, a experiência de Tróia será o único exemplo construído de uma utópica megacidade

do ócio em Portugal (Leite, 2007).

Imagem 2 - Vista parcial dos prédios

construídos de “Tróia, cidade jardim”,

foto realizada pela autora em 2015.

Imagem 1 - Mapa do projeto inicial de

“Tróia, cidade jardim”, foto realizada pela

autora, na Câmara Municipal de

Grândola, em 2015.

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Bairro do Condado - Lisboa.

O bairro do Condado, antigamente chamado “Zona J”, ocupa uma área de 36,76, na freguesia de Marvila (zona

oriental de Lisboa) e faz parte de um plano de promoção pública de habitação social aprovado em 1964. Tinha

como objetivo principal desenvolver uma estrutura urbana plurifuncional, socialmente diversificada e

integrada no conjunto da cidade (CML, 1962).

Os destinatários eram principalmente operários e trabalhadores da função pública, mas depois das agitações e

ocupações que seguiram a revolução de Abril de 1974, foi necessário realojar cidadãos oriundos das ex-

colónias, e, outros, pelo início da erradicação dos bairros de lata.

Havia, pelo menos nas intenções, a vontade de integrar e de ordenar esta zona, através de intervenções e

projetos modernos que pudessem resgatar e dar maior dignidade à parte mais “frágil” da sociedade.

O projeto da Zona J é do arquiteto Tomás Taveira, antigo colaborador do arquiteto Conceição Silva, e foi

construído em três fases: as duas primeiras, que constituem a parte central (com 1306 fogos) composta por

nove torres de 13 pisos, 15 bandas por três pisos e 20 bandas de oito pisos (entre 1979-80); e a terceira parte,

constituída por núcleos marginais (1981).

Do ponto de vista da conceção das formas, o projeto foi baseado no exemplo de “Tróia, Cidade Jardim”

(Taveira, 2015), reproduzindo um ambiente construído e pensado originariamente para pessoas de classe

médio-alta; as mesmas linhas simples e geométricas do edificado para dar continuidade ao bairro, mas também

os mesmos tipos de ambientes comuns, como os pátios entre os prédios, os corredores e as galerias que ligam

os apartamentos entre eles e que separam o trânsito dos pedestres do dos automóveis. Tudo isso com o objetivo

de melhorar a qualidade de vida dos habitantes, muitos dos quais antigamente viviam em condições precárias,

ou seja, em barracas.

Em termos projetais, o modelo apresenta uma revisitação atualizada dos princípios do modernismo e da cidade

jardim, com a intensão de criar um bairro independente do ponto de vista dos serviços e infraestruturas e

também promover uma vida comunitária através dos vários espaços públicos e comuns.

A realização prevista foi interrompida e fragmentada no seu desenvolvimento, desviando-se

consideravelmente das propostas iniciais (Taveira, 2015; Heitor, 1999).

Imagem 3 - Vista parcial dos prédios do Bairro

do Condado, foto realizada pela autora em

2014.

Imagem 4 - Mapa do Bairro do

Condado, foto concedida pelo Studio

do arquiteto Tómas Taveira em 2015.

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Uma comparação entre as duas realidades.

Apesar da tentativa de valorizar e melhorar a qualidade de vida das pessoas, através de um projeto inovador, a Zona

J encontra-se num estado de degradação física e vivencial que acaba por estigmatizar os seus moradores.

Os espaços exteriores como praças entre os prédios, mas, sobretudo, ruas interiores e galerias são o alvo principal

dos atos vandálicos, ou de atividades ilícitas favorecidas pela pouca visibilidade. Por esta razão, muitos residentes

começaram a ocupar e delimitar porções de espaço comunitário para tomar conta dele (Madeira da Silva, 2011). É

fácil encontrar partes de galerias fechadas ou apropriação de partes de espaço público como pequenos pátios ou

jardins.

Estes tipos de comportamentos não se verificam no caso de Tróia, os espaços exteriores são bem cuidados, assim

como os edifícios, as galerias e os espaços verdes. Não existem sinais de vandalismo.

É importante notar também que, diferente de Tróia, a Zona J tem uma população permanente (cerca de 7000

pessoas) com uma grande percentagem de desempregados, além disso, o bairro encontra-se numa condição de

isolamento do resto da cidade, as ruas de corrimento veloz, de facto, não ajudam as ligações e o resultado é o de

uma “ilha” mono-classista formada quase exclusivamente por extratos populacionais de baixos recursos

económicos.

Na prospetiva da arquiteta Teresa Valsassina Heitor, a degradação vivencial deste bairro é devida, principalmente,

à morfologia do projeto, no estudo dela “A vulnerabilidade do espaço em Chelas” (1999), a autora utiliza uma

abordagem sintática, ou seja, partindo do pressuposto de que a linguagem morfológica utilizada tenha um impacto

direto sobre o comportamento das pessoas que ali moram, tornando o espaço mais vulnerável. A autora utiliza una

série de variáveis, retomando as elaboradas por Coleman, entre as outras: dimensão dos prédios, repetitividade das

formas, falta de visibilidade, etc. como causa de comportamentos desviantes por parte da população, referindo-se,

em modo particular, aos atos de vandalismo e falta de cuidado pelo ambiente circunstante (Heitor, 1999). A este

respeito, a autora, retomando Coleman (1985), considera que “as agressões aos espaços construídos refletem uma

reação de insatisfação à qualidade de habitação e ao modelo de habitat produzido e, em particular, à exagerada

dimensão dos conjuntos, à aridez e a uniformidade da arquitetura, à inadequação das soluções praticadas aos

hábitos e necessidades das famílias e à falta de condições de vigilância” (p. 9).

Numa entrevista ao arquiteto Tomás Taveira (2015), o autor defende o projeto como ideia inovadora do ponto de

vista morfológico e técnico, afirmando também, que os habitantes ficaram satisfeitos com as soluções habitacionais

encontradas (os apartamentos). De facto, as habitações são parecidas com as de “Tróia, Cidade Jardim” realizando,

assim, o “sonho” dos moradores de viver com as mesmas condições das classes mais ricas (Taveira, 2015).

Finalmente, a condição de degradação é o resultado de uma comunidade de pessoas que, sobretudo inicialmente,

tiveram dificuldade na adaptação, reproduzindo as dinâmicas pré-existentes e pela falta de investimentos no

desenvolvimento da zona (Taveira, 2015).

Um outro exemplo que evidencia ainda mais esta contradição, ou seja, de ter tentado implantar um determinado

conceito de habitação e ter tido um uso totalmente diferente num caso e no outro, é o caso da construção do bairro

social de Scampia em Nápoles, baseado, por sua vez, no projeto residencial – turístico de Villeneuve – Loubet

(Costa Azul - Nice).

2.2 Villenueve-Loubet (Nice) e Scampia (Nápoles)

Como já mencionei, os exemplos parecidos na Europa e no mundo são muitos, sobretudo nas décadas de 50 e 60.

Um caso emblemático que evidencia este tipo de contraste é o projeto do bairro social de Scampia, situado na

periferia norte de Nápoles, em particular a zona residencial conhecida como “Zona 167”1 ou “le vele” (1963 - 1975),

que corresponde a um conjunto de sete prédios (3 demolidos entre 1997 - 2003) de grandes dimensões em forma

de velas que deviam funcionar como residências económicas para as pessoas com baixos recursos. O projeto remete-

nos a uma experiência anterior em Villeneuve-Loubet (1960), um projeto criado com a finalidade de promover um

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turismo de luxo, composto por grandes edifícios, também em forma de velas, à volta de uma baía equipada com

porto turístico (Marine des Anges) e serviços ligados ao turismo.

Apesar de o contexto ser totalmente diferente, como também a finalidade dos edifícios, ambos os casos representam

um projeto e, portanto, um conceito de “habitar”, comum, de projetar a relação entre indivíduo e coletividade, entre

edifício e estrada (Peretti, 2010), ainda, grandes prédios com uma forte conotação simbólica (que pudesse criar e

desenvolver relações positivas, sentimentos de comunidade). Neste sentido, os arquitetos acreditavam que a forma

dos edifícios, neste caso de grandes dimensões, teria favorecido sentimentos de partilha e comunidade e, portanto,

o desenvolvimento de uma sociedade melhor (Peretti, 2010).

Neste caso específico, para além da forma do edificado, em Scampia, foi reproposto um modelo vivencial parecido

com o de Villenouve-Loubet: com as atividades comerciais no rés-do-chão, os serviços para o lazer (que em

realidade ficaram incompletos) e os apartamentos nos andares superiores etc. A diferença é que, num caso, trata-se

de apartamentos de luxo com fins turísticos, no outro, de apartamentos destinados às pessoas de baixos recursos

económicos e, sobretudo, permanentes na zona.

Nesta prospectiva, o “modelo” de habitar reproposto parece estar associado a um ideal de sociedade ligado aos

valores da classe média e do consumismo, que reproduzido em outros contextos pudesse favorecer o mesmo tipo

de comunidade.

Apesar dos propósitos iniciais, no caso de “le vele” de Scampia, acabou por se tornar o exemplo mais emblemático

da degradação: um gueto afastado da cidade e centro de atividades criminais, como o tráfico de droga.

As pessoas que aqui moram são profundamente estigmatizadas por causa da imagem negativa que assumiu a zona

no tempo, é comum ouvir a comparação entre o “paraíso dos anjos” (Marine des Anges – Villenouve Loubet) e o

“paraíso dos drogados” (le vele de Scampia).

A forte presença de atividades criminosas nessa zona e, em particular, nesse conjunto de prédios, levou a que

pessoas de “fora” se distanciassem desta parte da cidade, isto acaba para tornar ainda mais difícil a integração dos

moradores de Scampia nas dinâmicas das outras partes da cidade.

Um aspecto importante de Scampia é que, apesar de ser, de facto, uma periferia, não se pode dizer que seja isolada

e não conexa com o mundo, porque, se por um lado representa uma marginalidade física, em termos territoriais,

com a cidade de Nápoles, por outro, é uma centralidade, nas relações globais ilícitas (Magatti, 2007). A camorra

explora este território como zona franca, nas palavras do sociólogo Magatti (2007): “É a camorra a única

organização nas condições de planificar e sustentar a economia do bairro, gerindo um verdadeiro mercado a céu

aberto”, e ainda continua dizendo que: “a impressão é que estas relações globais prescindam completamente do

contexto urbano napolitano e do quadro institucional italiano, tornando o bairro uma espécie de realidade

autónoma, governada por lógicas próprias.”

Imagem 5 - Vista parcial dos prédios de

Scampia, foto de Face Magazine, 2013.

Imagem 6 - Vista parcial dos prédios de “Marine des Anges”

(Villenove-Loubet), foto realizada por Federico Jardini

(www.federicojardini.com).

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2.3 O Karl Marx-Hof (Viena) e Corviale (Roma).

O edifício municipal (Gemeindebauten) Karl Marx-Hof, situado na coroa adjacente ao centro de Viena,

foi construído entre 1926 e 1930, baseado no programa político de Otto Bauer (um dos políticos mais

influentes do Partido Social-democrático), no período da chamada “Viena Vermelha”, e projetado pelo

urbanista Karl Ehn, discípulo do arquiteto e urbanista Otto Wagner.

O edifício representa, ainda hoje, o maior complexo (em termos de dimensões físicas) de residências

sociais da Europa, com um total de 1382 apartamentos, mais de um quilómetro (1100 m) de comprimentos

e um total de 5.000 moradores.

O Karl Marx-Hof é considerado um dos melhores exemplos de residência social, pelo êxito positivo que

teve em relação ao melhoramento geral das condições de vida das pessoas. Mas não foram apenas as

péssimas condições vivenciais da classe operária, em termos de densidade habitacional, degradação e

higiene que levou o governo à construção do complexo residencial, foi também o reconhecimento do

direito à casa inserido num programa de forte colaboração entre a classe operária e o governo, os

moradores eram todos inscritos no sindicato e ativos na política local (Calabi, 2008). Para além disso, a

estrutura não incluía apenas os apartamentos, mas toda uma série de serviços, desde a lavandaria até os

infantários, uma biblioteca, serviços médicos, piscina etc., tudo inserido numa zona ajardinada.

As dimensões titânicas do edifício em contraposição ao resto da cidade eram vistas como motivo de

orgulho pelos habitantes, ao ponto de que o Karl Marx-Hof foi chamado também de “Montanha

encantada” (De Fusco, 1992).

Segundo a historiadora urbana Calabi (20008) os “Hofe” vienenses são carentes do ponto de vista

tipológico e, muitas vezes, também nos equipamentos, mas a adesão dos habitantes ao programa político

é total.

Já nas últimas intervenções feitas pelo governo socialista, o Karl Marx-Hof começa a entrar em crise com

as primeiras fraturas entre a classe operária e o partido, antes dos golpes finais do regime nazista (Calabi,

2008). O Karl Marx-Hof passou à história para a resistências dos rebeldes durante a Guerra Civil Austríaca

de 1934, onde se fecharam, só se rendendo com os bombardeamentos dos nazi-fascistas. O edifício ficou

em estado de abandono até os anos cinquenta e restruturado completamente entre 1989 e 1992, mas desde

então parece ter perdido o seu “encanto”.

O êxito particularmente positivo que teve este projeto influenciou a construção de muitos outros bairros

sociais na Europa, é a partir deste exemplo que se começou a pensar nas grandes dimensões dos prédios

como um fator positivo também pelo desenvolvimento da dimensão comunitária.

Durante muitos anos surgiram, nas periferias das grandes cidades, grandes prédios que previam (pe lo

menos no papel) uma série de atividades comerciais englobadas nas suas próprias estruturas.

Nunca se conseguiu repetir a mesma experiência; um caso emblemático foi a construção de uma outra

“cidade-edifício” na periferia romana, Corviale (1972), constituída por dois prédios paralelos, com um

comprimento de um quilómetro para 1200 habitantes que nunca chegaram a ver o projeto acabado.

A estrutura, chamada pelos romanos de “serpentone”, nunca chegou a ter o sentido de autonomia que

tinha de ter, ainda menos a criar alguns sentimentos de comunidade ou afetivo. Corviale, caído em

degradação muito rapidamente, tornou-se um exemplo do degrado da periferia romana.

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Imagem 9 - Vista parcial de “Corviale” (Roma), foto da revista Abitare a Roma, 13.07.2015,

www.abitarearoma.net.

2.4 A cidade do Homem e a aldeia rural, o caso de La Martella (Matera).

Matera é uma cidade da Itália do Sul, na região da Basilicata, conhecida pelos caraterísticos “Sassi”, núcleos

de habitação mais antigos no mundo, utilizados até à modernidade (Chisena, 1984).

Ainda hoje, os Sassi constituem o centro histórico da cidade de Matera, formado por uma arquitetura

vernacular escavada na pedra, onde, até os anos 50, morava uma comunidade composta pela maior parte de

camponeses.

É mesmo na volta dos anos 50 que Matera começou a se tornar objeto de estudo para muitos intelectuais e

profissionais da época, por causa das péssimas condições dos Sassi. O aumento exponencial da densidade

habitacional (que chegou a ter 15.000 pessoas)2, as condições de miséria que obrigava a que os moradores

vivessem numa situação de promiscuidade com os animais, provocaram o aumento de doenças e mortalidade

infantil (quatro vezes superior à media nacional).

A peculiaridade do caso de Matera e a urgência de uma intervenção publica levaram à realização de um plano

urbano que pudesse funcionar como modelo de desenvolvimento económico e territorial em contextos ainda

rurais3.

Imagem 7 - Vista parcial do Karl Marx-

Hof, foto de Paula Contu,

www.pinterest.com

Imagem 8 - Mapa do Karl Marx-Hof,

fonte Benevolo, in

http://www.ingegneri.info/forum/

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Foi pela iniciativa do empreendedor Adriano Olivetti (Presidente do INU – Istituto Nazionale di Urbanistica)

com a colaboração do sociólogo alemão Frederic Friedmann, docente na Universidade do Arkansas, que

nasceu a “Commissione per lo studio della città e dell'agro di Matera” promovida pela UNRRA (United

Nations Relief and Rehabilitation Administration) - CASAS (Comitato assistenza senza tetto) e do INU

(Istituto nazionale Urbanistica).

O objetivo era de conduzir um estudo cognoscitivo sobre Matera e os habitantes dos Sassi para entender as

caraterísticas, os valores, os usos e os hábitos dos mesmos e poder proceder, assim, à realização de um ambiente

o mais possível adequado à realidade destas pessoas e, ao mesmo tempo, melhorá-la em termos de qualidade

e conforto.

A solução proposta foi o esvaziamento do particular núcleo histórico, bonificar os Sassi, e a construção de

novos bairros periféricos, prevendo também a formação de aldeias rurais. O projeto, no qual foram envolvidos

sociólogos, antropólogos, arquitetos, urbanistas, assistentes sociais etc., levou a construção de “La Martella”

(projeto de Quaroni, Gorio, Lugli e Agati, 1952-54), único bairro-aldeia realizado e regularmente habitado.

Um aspecto importante, descrito por Freedman, depois da experiência nos Sassi, foi a descoberta de que a

condição de miséria destas pessoas não se resolvia numa mera questão económica, eles tinham um grande

orgulho em relação à história, às tradições e às origens camponesas delas4.

O “bairro-aldeia”, portanto, previa habitações à escala reduzida, as mais fieis possíveis às casas originais dos

moradores, e um ambiente construído que pudesse desenvolver da melhor forma as relações comunitárias

existentes nos Sassi. A intenção era de promover um conceito de “habitação” à medida de homem, baseada

em estudos prévios da população de referência, em relação aos hábitos e costumes de viver, para não se alterar

os equilíbrios da comunidade.

Bem, as relações comunitárias e associativas, que o projeto tinha prometido, não se verificaram, La Martella

caiu logo numa condição de isolamento do resto da cidade, os habitantes nunca conseguiram realizar o “sonho

comunitário” tão desejado por Adriano Olivetti, uma parte deles até voltou para os Sassi (Calabi, 2008).

Imagem 10 - Vista parcial dos “Sassi di Matera”, antigas habitações escavadas na rocha, www.net-parade.it

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Imagem 11 - Vista parcial dos “Sassi di Matera”, Fabio Porretta (2010)

Imagem 12 - Projeto de La Martella, 1952, desenhado por Federico Gorio com L. Quaroni, P. M. Lugli, L.

Agati, M. Valori, Accademia nazionale di San Luca, Fondo Federico Gorio

Imagem 13 - Vista aérea do bairro “La Martella” (Matera) em 1954

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Imagens 14 e 15 - Vista parcial das habitações de “La Martella” em 2008, Camilla Borghese,

www.camillaborghese.it

3. Algumas considerações.

Os exemplos apresentados são representativos de diversos pontos de vista, visões do mundo que se concretizam

em formas físicas.

O objetivo deste artigo é de mostrar algumas das contradições existentes no uso de espaços construídos muito

parecidos entre eles, mas em contextos totalmente diferentes.

Alguns dos aspectos mais interessantes nesta contraposição são sintetizados a seguir:

1. A questão da dimensão dos edifícios é um dos primeiros aspectos que se destaca nos exemplos

apresentados. O Karl Marx-Hof é um edifício de grande dimensão, mas conseguiu ter um impacto

positivo sobre os seus moradores, pelo contrário, os outros exemplos (La Martella e, em parte, o

Bairro do Condado) baseados nos conceitos de fraca densidade, não tiveram os mesmos efeitos

positivos. Isto introduz uma segunda consideração; a contraposição entre projetos morfológicos

diferentes.

2. A contraposição entre modelos formais diferentes. Alguns dos exemplos mais “cuidados” do ponto

de vista formal, não apenas em termos de volumes do edificado, não conseguiram alcançar os

objetivos previstos pelo plano. Se, por um lado, temos a bem mais “idílica” cidade jardim (utilizada

em âmbito turístico e como bairro social) por outro, temos conceções do tipo “monumental” ou

oitocentistas, que, em certos casos, apesar das faltas em termos de equipamentos e do ambiente

circunstante, foram mais apreciadas pelos habitantes.

3. O conceito de comunidade. Todos os projetos interpretam de forma mais ou menos diferente o

conceito de comunidade. O caso do Karl Marx-Hof constitui a origem do “mito” da comunidade na

construção de grandes edifícios, sendo a primeira experimentação de “edifício-cidade”, que teve bom

êxito (Calabi, 2008), mas a aplicação deste modelo em outros contextos não teve o mesmo sucesso,

suscitando fortes críticas sobretudo do ponto de vista morfológico.

4. O caso de Matera. A visão “comunitarista” de Olivetti, baseada também em conceitos habitacionais

de fraca densidade e inspirada na vida comunitária do campo, não se realizou. Apesar das boas

intenções, da vontade de construir um habitat o mais parecido possível com o original, mais uma vez,

este caso demostrou que é muito difícil interpretar e reproduzir em outros lugares o que dá sentido e

forma à comunidade.

Finalmente, podemos dizer que os fatores que determinaram os resultados positivos ou negativos dos projetos

não se podem reduzir em poucas considerações, cada projeto está inserido em contextos históricos, políticos,

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normativos e culturais diferentes, no entanto, não é possível desenvolver de forma aprofundada em tão pouco

espaço.

O que parece ter particular relevância, nos exemplos apresentados, é a dimensão simbólica que os habitantes

atribuem ao ambiente, aspecto que dificilmente se pode reproduzir ou “impor” do alto, independentemente das

formas, dimensões e organização do espaço.

Referências

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Outras fontes

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http://www.portaldahabitacao.pt/pt/portal/glossario/.

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Abril.

1 O termo refere-se à lei num. 167 do 18 Abril de 1962 que dá disposições para favorecer a aquisição de áreas

fabricáveis para a construção de residências económicas.

2 No livro de Carlo Levi, Cristo si è fermato a Eboli, o autor denuncia a situação de grave degradação dos Sassi e a forte

concentração dos habitantes nessa zona, aqui vivia a metade da população de Matera, tornando as condições higiénicas

inaceitáveis.

3 Fondazione Zétema (Centro per la Valorizzazione e Gestione delle Risorse Storico-Ambientali) de Matera,

www.lacittadelluomo.it

4 Fondazione Zétema (Centro per la Valorizzazione e Gestione delle Risorse Storico-Ambientali) de Matera,

www.lacittadelluomo.it