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O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CESTAS BÁSICAS NUMA EMPRESA DE VAREJO: UM ESTUDO DE CASO. Messias Cardoso Lamim (Universidade do Grande Rio - UNIGRANRIO) Luiz Perez Zotes (Universidade Federal Fluminense - UFF) RESUMO O objetivo deste artigo é analisar o processo de produção de cestas básicas numa empresa de varejo, procurando entender suas dificuldades nas áreas de planejamento e produção, o produto e as incertezas de demandas encontradas nestes contextos. Muitas empresas que iniciam a produção de cestas básicas estão diretamente ligadas à área do varejo, formada por pequenos e médios mercados locais ou que fazem parte de um novo segmento dessas empresas. A reflexão sobre a demanda do produto nos mostrou a grande dificuldade que existe em medir este processo, considerando a variabilidade no ato da negociação entre cliente e empresa. Os clientes na sua maioria não se fidelizam à marca dos alimentos que compõe a cesta básica, pois sua escolha privilegia o preço, tornando difícil para a empresa criar um padrão de produção. Para análise dos processos, foi feito um diagnóstico da realidade encontrada a partir da aplicação de um questionário respondido pelos responsáveis das áreas envolvidas. O resultado das análises demonstrou a ausência de padrões adequados para condução dos processos produtivos e uma carência de pessoas treinadas para desempenhar as funções. Palavras Chaves: Varejo, Planejamento, Produção e Estoques. ABSTRACT The objective of this paper is to analyze the production process of a basic food retail company, seeking to understand their difficulties in the areas of planning and production of the product and the uncertainties of demands found in these contexts. Many companies that initiate the production of staple foods are directly linked to the retail area, formed by small and medium-sized locations or that are part of a new segment of these markets companies. Reflection on the demand of the product showed us that there is great difficulty in measuring this process, considering the variability in the act of negotiation between customer and company. Customers mostly not fidelizam the brand of food that makes up the basket, because your choice favors the price, making it difficult for the company to create a pattern of production. For process analysis, we made a diagnosis of reality found from the application of a questionnaire answered by the heads of the areas involved. The results of the analysis demonstrated the absence of appropriate standards for the conduct of production processes and a lack of trained personnel to perform the functions. Key Words: Retail, Planning, Production and Inventories

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O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CESTAS BÁSICAS NUMA EMPRESA DE

VAREJO: UM ESTUDO DE CASO.

Messias Cardoso Lamim (Universidade do Grande Rio - UNIGRANRIO)

Luiz Perez Zotes (Universidade Federal Fluminense - UFF)

RESUMO

O objetivo deste artigo é analisar o processo de produção de cestas básicas numa empresa de

varejo, procurando entender suas dificuldades nas áreas de planejamento e produção, o

produto e as incertezas de demandas encontradas nestes contextos. Muitas empresas que

iniciam a produção de cestas básicas estão diretamente ligadas à área do varejo, formada por

pequenos e médios mercados locais ou que fazem parte de um novo segmento dessas

empresas. A reflexão sobre a demanda do produto nos mostrou a grande dificuldade que

existe em medir este processo, considerando a variabilidade no ato da negociação entre cliente

e empresa. Os clientes na sua maioria não se fidelizam à marca dos alimentos que compõe a

cesta básica, pois sua escolha privilegia o preço, tornando difícil para a empresa criar um

padrão de produção. Para análise dos processos, foi feito um diagnóstico da realidade

encontrada a partir da aplicação de um questionário respondido pelos responsáveis das áreas

envolvidas. O resultado das análises demonstrou a ausência de padrões adequados para

condução dos processos produtivos e uma carência de pessoas treinadas para desempenhar as

funções.

Palavras Chaves: Varejo, Planejamento, Produção e Estoques.

ABSTRACT

The objective of this paper is to analyze the production process of a basic food retail

company, seeking to understand their difficulties in the areas of planning and production of

the product and the uncertainties of demands found in these contexts. Many companies that

initiate the production of staple foods are directly linked to the retail area, formed by small

and medium-sized locations or that are part of a new segment of these markets companies.

Reflection on the demand of the product showed us that there is great difficulty in measuring

this process, considering the variability in the act of negotiation between customer and

company. Customers mostly not fidelizam the brand of food that makes up the basket,

because your choice favors the price, making it difficult for the company to create a pattern of

production. For process analysis, we made a diagnosis of reality found from the application of

a questionnaire answered by the heads of the areas involved. The results of the analysis

demonstrated the absence of appropriate standards for the conduct of production processes

and a lack of trained personnel to perform the functions.

Key Words: Retail, Planning, Production and Inventories

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1. INTRODUÇÃO

Na década de 70, as carências nutricionais eram anunciadas como um dos principais

problemas relacionados à saúde do trabalhador no Brasil, sendo responsáveis por acidentes de

trabalho, licenças médicas e absenteísmo. A grande discussão da época já destacava a

problemática do trabalhador mal alimentado, que produzia pouco e consequentemente recebia

baixos salários, formando um círculo vicioso.

Com o incentivo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a cesta básica tornou-

se um item incorporado ao pacote de benefícios das empresas com base no Programa de

Alimentação do Trabalhador – PAT, instituído pela Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976 e

regulamentado pelo Decreto nº 5, de 14 de janeiro de 1991. Este programa possui como

característica primária, a complementação alimentar, no qual o governo, empresa e

trabalhadores partilham responsabilidades, tendo como princípio norteador o atendimento ao

trabalhador de baixa renda (aqueles que ganham até cinco salários mínimos mensais).

Este produto vem ganhando projeção econômica, através dos incentivos

governamentais que buscam esse tipo benefício como forma de melhorar as condições

nutricionais do trabalhador.

Deste modo, o mercado tem se tornado competitivo e disputado pelo segmento, as

empresas fornecedoras procuram focar esforços para atrair clientes que possam optar pelo

produto “cesta” e com isso acirra-se a concorrência, transformando aspectos como melhores

preços, capacidade de abastecimento e facilidade de entrega em fatores de diferenciação nesta

competição.

O produto cesta básica possui algumas particularidades tanto para a área comercial

como para produção, a falta de compromisso dos clientes quanto aos componentes que

compõem o produto gera incertezas e muitas oscilações no planejamento de compras e de

produção. Para a área comercial é imperativo que haja flexibilidade nos processos para que as

demandas sejam atendidas. No entanto, as oscilações no planejamento provocadas pelas

variações do produto, dificultam a padronização da estrutura produtiva, necessitando recorrer

a reavaliações constantes dos processos. O tempo de resposta é constantemente alterado,

tornando necessárias inúmeras adaptações.

A análise deste processo produtivo visa entender as dificuldades encontradas no setor de

varejo para produzir cestas básicas, considerando as incertezas no atendimento as demandas.

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA O varejo inclui todas as atividades relativas à venda de produtos ou serviços

diretamente ligada ao consumidor final, para uso pessoal e não comercial. Um varejista ou

uma loja de varejo é qualquer empreendimento comercial cujo faturamento provenha

principalmente da venda de pequenos lotes no varejo. (KOTLER, 2006)

Observa-se nas empresas do Brasil, a capacidade de reação com o aproveitamento dos

modelos das empresas líderes para elevar sua eficiência e, para as empresas entrantes, um

intenso aprendizado das dificuldades em se superar e implementar modelos fechados para

diferentes culturas e preferências de mercado, impondo a necessidade de ajustes. Uma vez que

existe uma diferença entre o fornecimento e a demanda e que existe um intervalo de tempo

entre o início da produção de um produto e sua disponibilização para os consumidores, as

empresas devem recorrer à previsão de demanda para antecipar o comportamento do mercado

e permitir que seus consumidores encontrem seus produtos no momento em que desejarem.

(DIAS, 2004).

Stevenson (2001), ainda trabalha com a ideia de que na administração, são

encontrados muitos tipos e formas de previsão, como necessidade de recursos, fluxo de caixa

e orçamento, todos alinhados com o processo de previsão de vendas é determinante para um

planejamento eficaz e eficiente. A previsão de demanda oferece uma listagem de informações

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que auxiliam profissionais no processo de tomada de decisões, tanto táticas como estratégicas.

Tais decisões são direcionadas para as metas e objetivos das empresas determinadas em seu

planejamento. Desta maneira, a natureza da tomada de decisão define como o propósito da

previsão, ou seja, sua utilidade, e, portanto nenhuma previsão de negócios, seja ela

matemática ou não científica, pode ser independente das decisões que as influenciam.

Previsão é um dos aspectos chaves no processo de tomada de decisões, cada vez mais

explícito em uma empresa, principalmente, devido aos sistemas de gestão implantados para

acompanhamento dos resultados. (MAKRIDAKIS E WHEELWRIGHT, 1998).

Novaes (2007) ainda chama a atenção que a previsão da demanda, por envolver

desdobramentos futuros, que dependem de aspectos políticos, econômicos e sociais, não só do

país, como também do exterior, está necessariamente sujeita a erros. Por outro lado,

dependendo dos objetivos da organização, as projeções da demanda podem envolver prazos

(ou horizontes) variados. Os métodos de previsão são classificados de formas diversas,

dependendo de aspectos básicos que caracterizam a demanda.

Stevenson (2001) ainda afirma que uma previsão adequadamente elaborada deve

atender a alguns requisitos: que a previsão seja oportuna, isto é, que o horizonte de previsão

cubra o tempo necessário à implementação das possíveis mudanças; que seja exata e

explicitada, de modo a permitir que os usuários façam um planejamento para os erros

passíveis de ocorrência e, por fim, que a previsão seja confiável, funcionando de modo

consistente, reduzido à insegurança dos usuários.

Técnicas

endógenas de

previsão, em

contraposição a

técnicas

exógenas.

No primeiro caso, são utilizados dados históricos da própria

empresa. No segundo caso, são utilizados dados externos à

empresa. Mas uma relação forte é observada entre consumo de

pneus e consumo de combustível, pois ambas as variáveis

dependem da quilometragem percorrida pela frota. Então, se

dispusermos de projeções confiáveis do consumo de combustível,

podemos inferir indiretamente o consumo de pneus através dessa

variável. Pode-se, obviamente, lançar mão de técnicas mistas,

envolvendo os dois tipos de dados.

Comportamento

estável versus

comportamento

dinâmico da

demanda

A demanda nunca é representada por um valor determinístico,

pois, está sujeita a variações de diversos tipos. Mas, mesmo sendo

uma variável aleatória, a demanda é considerada estável quando é

governada por uma regra bem definida pois a demanda vai

mudando ao longo do tempo em função de variáveis de difícil

previsão.

Demanda

dependente e

demanda

independente.

O consumo de pneus ilustra bem a diferença entre esses dois tipos

de demanda. O consumo de pneus na fabricação de automóveis

caracteriza uma demanda dependente, pois cada auto sempre

recebe cinco unidades. É, assim, uma variável nitidamente

dependente da fabricação de veículos.

Quadro 1 - Métodos qualitativos de previsão, em contraposição a métodos quantitativos.

Fonte: Adaptado NOVAES (2007)

Existem duas abordagens gerais para se fazer previsões: a abordagem qualitativa e a

abordagem quantitativa. Os métodos qualitativos consistem principalmente em insumos

subjetivos, cuja descrição numérica precisa constitui frequentemente um desafio. Os métodos

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quantitativos envolvem a extrapolação de dados históricos, ou o desenvolvimento de modelos

de correlação, que utilizam variáveis causais (explicativas) para se fazer uma previsão.

Os métodos qualitativos permitem a inclusão de informações subjetivas (por exemplo,

fatores humanos, opiniões pessoais e intuição) no processo de previsão. Estes fatores são

frequentemente omitidos ou ignorados quando os métodos quantitativos são utilizados,

porque são difíceis, se não impossíveis, de quantificar. Na prática, conforme demonstrado no

quadro abaixo, qualquer uma das abordagens ou ambas, podem ser utilizadas para se elaborar

uma previsão.

Abordagens alternativas na elaboração de uma previsão

Previsões

Baseadas em

Julgamentos e

Opiniões

As previsões baseadas no julgamento são preparadas a partir de

análises de insumos subjetivos, obtidos de várias fontes, como

pesquisas sobre o consumidor, e de informações, da área de vendas,

de gerentes e executivos, e de debates com participação de

especialistas. Com bastante frequência, essas fontes viabilizam

percepções (insights) que de outro modo não poderiam ser obtidas.

Previsões

Baseadas em

Dados de

Séries

Temporais

(Dados

Históricos).

Alguns métodos de previsão dependem de se conseguir descobrir a

existência de relações entre variáveis, relações estas que possam ser

utilizadas para prever os valores futuros de uma das variáveis; outros

métodos simplesmente procuram projetar para o futuro a experiência

do passado. A segunda abordagem inclui as previsões que utilizam

dados históricos, de séries temporais, adotando-se a premissa de que o

futuro terá um comportamento idêntico ao do passado.

Previsões

baseadas em

julgamentos e

opiniões

Em algumas situações, os responsáveis pelas previsões podem ter que

elaborar suas previsões fundamentadas apenas em julgamentos e

opiniões. Se a gerência precisa de uma previsão rápida, nem sempre

há tempo suficiente para se colher e analisar dados quantitativos.

Nessas circunstâncias, as previsões são baseadas nas opiniões de

executivos, em pesquisas do consumidor, em opiniões do pessoal da

área de vendas e em pareceres de especialistas.

Informações

de Pessoas

com Contatos

Diretos é

Frequente com

os Clientes

Os funcionários da área de vendas ou de atendimento ao cliente

constituem uma boa fonte de informações, devido ao seu contato

direto com os consumidores. Eles estão frequentemente, a par de

quaisquer planos que os consumidores eventualmente tenham para o

futuro. No entanto, existem vários inconvenientes nessa abordagem.

Um deles é que aquelas pessoas pertencentes ao quadro da empresa e

que mantêm contatos com os clientes podem ser incapazes de

distinguir entre aquilo que os clientes gostariam de fazer daquilo que,

de fato, irão fazer.

Pesquisas de

Opinião do

Consumidor

Uma vez que são os clientes que, em última instância, determinam a

demanda, parece então natural solicitar sua opinião. Em alguns casos,

pode-se contatar cada cliente, real ou em potencial. Entretanto, existe

geralmente um número muito grande de clientes, ou então não há uma

maneira de identificar todos os clientes em potencial. Por isso, as

organizações que buscam o input do consumidor geralmente recorrem

a pesquisas do consumidor, o que lhes permite fazer uma amostragem

de opiniões do consumidor.

Quadro 2 - Fonte: adaptado STEVENSON (2001)

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2.1 Sistemas de produção

O processo de fabricação na indústria tem dois momentos: o primeiro representa a

teoria do fordismo e implantado no início do século XX nos Estados Unidos, e a segunda,

com as tecnologias de gestão japonesas, exemplificado pelo conceito JIT - Just in Time. Estes

momentos mostraram que os sistemas de produção têm evoluído continuamente em termos de

qualidade, custo, flexibilidade e desempenho. (Arruda, 2001)

A aceleração da competitividade global torna o tempo de venda de bens cada vez mais

importante para as empresas, especialmente porque é quando observamos que o consumidor

está chancelando o valor de um determinado produto. Na verdade, o objetivo da produção

deve conceber produtos e serviços para satisfazer os clientes, a fim de melhorar seus

resultados e procurar aumentar a competitividade da organização.

Os ganhos significativos de diluição dos custos fixos na indústria para um volume de

produção cada vez mais elevados, adicionado à unidade de reduções de custos variáveis

decorrentes de melhorias nos processos de produção, caracterizam este período inicial de

produção em massa na indústria automotiva, traduzindo-se em economias de escala de grande

monta.

2.2. O JIT - just in time

Com a implementação da metodologia Just in time o objetivo principal foi o de

produzir bens e serviços no exato momento em que eles são necessários, reduzindo custos,

otimizando processos e retrabalho. Esta metodologia consiste em uma mudança radical nas

práticas tradicionais e foi implementado no Japão na década de 70, nas linhas de produção da

Toyota Motor Company (GONÇALVES 2010)

A Toyota mostrou ao mundo a importância desta filosofia, veio para quebrar os

paradigmas de produção existente até então, como se mostra na Figura 1. O processo em série

continuou, mas com um foco na eficiência das atividades, a necessidade de obter maior

flexibilidade para a fabricação e importância do quesito qualidade. Com essa filosofia, custos

até então considerados essenciais foram eliminados e junto com eles, as atividades que não

agregavam valor ao produto final.

Figura 1 - Planejamento e Controle JIT - Fonte: SLACK, 2002.

O JIT vai agir de acordo com a necessidade de estoques de segurança e o impacto que

a ausência desses causa no processo de produção. É certo que a eliminação destas ações gera

economia financeira, mas exige maior controle sobre o processo de produção: a qualidade da

matéria-prima e dos produtos gerados dentro do processo produtivo deve ser alta, pois

distúrbios na produção devido à má qualidade reduzem o fluxo de materiais e a confiabilidade

interna de fornecimentos, induzindo a necessidade de se formar estoques; a velocidade e a

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confiabilidade do fluxo de materiais são essenciais; a flexibilidade de mix e volumes são

essencialmente importantes para que se consiga produzir em lotes reduzidos, com fluxos

rápidos e lead-time curtos; a utilização máxima da capacidade produtiva vai depender do nível

de gestão dos fatores acima citados.

2.3 Administração dos estoques

Segundo Lambert (1998), Os estoques representam o maior investimento em ativos

para uma boa parte dos fabricantes, atacadistas e varejistas. Os mercados altamente

competitivos dos últimos 20 anos têm levado as empresas a diversificar os produtos.

A formulação de uma política de estoques requer compreensão de suas funções na

fabricação e na comercialização de produtos. Conceitualmente segundo Lambert (1998) os

estoques têm as seguintes finalidades: melhorar o nível de serviço - ajudando a área comercial

a vender os produtos da empresa, onde estes podem estar mais pertos do ponto de venda e

com quantidades apropriadas; capacitar a empresa a atingir economias de escala através da

formação de estoque, colaborando com a função de compras, transporte e fabricação. A

compra de grandes quantidades permite que se negociem vantagens comerciais; equilibra

oferta e demanda, quando se tem uma oferta de demanda sazonal torna-se necessário à

construção de estoques, exatamente para superar as oscilações do período, essa é uma maneira

de nivelar o processo produtivo de forma que não sofra paradas ou cancelamentos; atuar como

regulador do fluxo durante a cadeia de suprimento, como as funções dentro da empresa estão

sujeitas a problemas contingentes que podem prejudicar ou desestabilizar o ciclo de

funcionamento, a formação de estoques serve como proteção para a escassez de matérias-

primas, atrasos na entrega de pedidos, quebra de máquinas, problemas com fornecedores,

problemas de qualidade das matérias - material e do produto e ocorrências durante o

transporte.

Lambert (1998) complementa afirmando que “a administração de estoques deve ter

como objetivo atingir o custo total mínimo, dado os objetivos exigidos pelo serviço ao

cliente”.

Os conceitos da administração de estoques navegam entre as premissas de condição de

certeza e incerteza. Segundo Lambert (1998), “condição de incerteza é a regra e não a

exceção.” Deste modo, a descrição dos conceitos auxilia a compreensão da administração de

estoques.

Condições de Incerteza representam a regra de gestão de estoques. Os fatores e

variáveis citadas na condição anterior são dificilmente encontrados em condições reais. A

demanda não previsível, indo através de ciclos de variação de encomendas, mudanças nos

tempos de transporte e atingindo a capacidade de fornecedores, todos estes fatores estimulam

a criação de uma margem de segurança nos estoques de previsão para o fornecimento de

flutuação. Esta margem de segurança ou de estoque de segurança serve para evitar rupturas,

satisfazendo o nível de serviço ao cliente estipulado pela empresa. Consequentemente,

qualquer decisão a ser tomada pela empresa pela empresa tropeça no confronto entre o custo

de manutenção versus o custo de estoque pela falta de estoque.

Estoque de segurança se baseia no nível de serviço ao cliente que a empresa pretende.

Isto é, se o objetivo é evitar quebras no estoque, você pode optar por um estoque de segurança

suficiente para suportar eventuais mudanças nos níveis de demanda ou mudanças no ciclo de

reposição de estoque. Logicamente, o custo vai aumentar com o estoque. No outro extremo

dessa abordagem, reduzir estoque de segurança significa apostar em previsões corretas de

demanda ou o controle preciso do ciclo de substituição. Isso aumenta o risco de perda de

vendas devido à falta de produtos em estoque. A variação do nível de demanda e ciclo de

reposição são fatores-chave para calcular o estoque de segurança e o nível de serviço ao

cliente. Ponto de ressuprimento, esta questão é uma parte importante da gestão de estoques.

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Os autores pesquisados citam duas formas de definir o ponto de reabastecimento. A primeira

delas baseia-se em uma revisão do estoque e da emissão do pedido de ressuprimento a cada

período fixo de tempo. Este modelo resulta em operações com maior estoque médio, por não

detectar flutuações bruscas da demanda que para Correa (2000) é mais adequado para

gerenciar itens de menor valor e menor custo de armazenagem. A segunda forma é com base

no intervalo tempo que se baseia numa revisão do estoque e da emissão do pedido de

ressuprimento a cada período de tempo fixado. As quantidades serão determinadas para

refazer o nível de estoque, elevando os níveis medidos de volume a partir daquele momento

até o nível máximo operado pela empresa. Este modelo tem a característica de operar com

maior estoque médio, uma vez que flutuações bruscas de demanda não são sinalizadas.

Uma forma de reduzir o capital investido em estoques é reconhecer que o estoque é

composto de itens com características diferentes que demandam gestão diferenciada. A teoria

ABC serve a esse propósito. A técnica ABC é uma forma de classificação os itens de estoque

em três grupos, baseados no valor total anual de uso. O objetivo é definir grupos para os quais

diferentes sistemas de controle de estoque serão mais adequados, criando um sistema mais

eficiente em custos.

A lógica de que poucos detêm a maior importância e muitos têm pouca importância

serve para otimizar a administração de estoques. Identificar aqueles itens que merecem

atenção maior, seja pelo custo ou pela dimensão do serviço ao cliente concentrada naquele

item e, concentrar esforços na gestão destes estoques. Os demais componentes do estoque

serão geridos segundo a classificação de importância. Dessa forma, poupa-se tempo, esforço e

capital não administrando uma grande quantidade de itens.

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

A metodologia utilizada para a realização do estudo se fundamentou nos seguintes

passos: Pesquisa Bibliográfica para localizar e identificar o pensamento dos principais autores

e modelos verificados como referência no assunto abordado; Pesquisa Descritiva através de

observação e análise de documentos como procedimentos operacionais de produção, manuais

da qualidade, especificações e outros, e por fim a Pesquisa Qualitativa por intermédio da

observação in loco, entrevistas e questionários aplicados com gestores e funcionários nos três

níveis: estratégico (Gerentes), tático (Coordenadores de área) e operacional (Operadores),

para correlacionar fatos ou fenômenos de forma imparcial a fim de poder identificar e

descrever comportamentos e tendências através do estudo sobre a realidade presente.

4. ESTUDO DE CASO

A cesta básica, produto que é objeto deste estudo tem o apoio de órgãos

governamentais e da sociedade, onde entende que este produto fornecido como benefício para

os funcionários acaba por criar uma relação de proximidade da empresa com seus

colaboradores.

São direcionadas aos funcionários que recebem até cinco salários mínimos, onde a lei

6.321 de 14 de abril de 1976 faculta às pessoas físicas e jurídicas equiparadas em lei, a

dedução das despesas com as cestas básicas oferecidas aos trabalhadores de baixa renda em

até 4% do imposto devido e está regulamentado no decreto nº 05 de 14 de janeiro de 1991 e

pela portaria nº 03 de 1 de março de 2002. Para algumas categorias são facultadas, embora

para outras categorias seus respectivos sindicatos as tornaram obrigatórias como, sindicato

das escolas particulares, dos postos de combustíveis, dos condomínios, dos bares,

restaurantes, hotéis e similares, dos panificadores. O objetivo do PAT é a busca por melhoria

nas condições nutricionais dos trabalhadores, com repercussões positivas na qualidade de

vida, na redução de acidentes de trabalho e no aumento da produtividade.

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O Ministério do Trabalho e Emprego na sua avaliação geral deixa explicito que o

programa não tem a ideia de ser assistencialista, uma vez que as empresas participam do

custeio, mas sim é uma forma de complementação da alimentação do trabalhador dentro de

uma expectativa nutricional, melhorando sua saúde, reduzindo o absenteísmo e aumentando a

satisfação e a produtividade do trabalhador, com o programa tem-se perspectiva de minimizar

as demissões e as licenças medicas. Tudo passaria pela entrega de uma alimentação saudável

e uma melhora na qualidade de vida do trabalhador.

Segundo Ministério do Trabalho e Emprego existem muitos problemas que acarretam

o bom funcionamento do programa, permitindo que ele não atinja sua plenitude na aplicação

dos diretos do trabalhador e na forma de controle dos benefícios governamentais. Entre esses

problemas está a falta de ações sobre avaliação da qualidade da refeição: aspectos da

segurança microbiológica e de adequação nutricional.

O produto cesta básica é muito instável quanto a sua demanda, pois tem uma relação

direta com as oscilações de mercado, uma vez que este produto esta relacionado diretamente

com a política interna das empresas, que podem ou não optar pela compra e fornecimento

deste benefício para seus funcionários, uma vez que existe a possibilidade da substituição de

cesta básica pela entrega do ticket alimentação. Por outro lado, para seus produtores, existem

as variações de preço e demanda quanto às composições dos itens da cesta básica, que fazem

parte das commodities e, portanto ficam sujeitas as políticas governistas, para os varejistas e

atacadistas a cesta básica é um produto que depende diretamente da economia de escala.

4.1 A Empresa de cestas básicas (ou de alimentos)

A empresa de Cestas Básicas, localizada no município de Duque de Caxias, Rio de

Janeiro, com aproximadamente nove anos, teve sua origem a partir de uma percepção de seus

diretores, que são do ramo varejista, na busca de mais mobilidade e flexibilidade aos estoques

de seus mercados, também com a ideia de investir em um novo mercado. Desde a fundação a

empresa vem passando por diversas mudanças, procurando criar ao seu redor uma estrutura

sólida e consistente que permita identificar e atuar profissionalmente sobre os problemas,

abandonando os modelos empíricos das suas decisões, tem investido em estrutura e tecnologia

com propósito de criar condições de trabalho adequado para seus profissionais. A empresa

vem buscando se estabelecer no mercado de cestas básicas no estado do Rio de Janeiro e para

tanto tem investido na sua gestão e na forma de conduzir seu negócio para atender melhor

seus clientes e otimizar a sua rentabilidade, sua produção de cestas gira em torno de 66 mil

unidades mês. Neste ambiente competitivo é inegável que as previsões de demanda possuam

um papel fundamental para o negócio, pois servem como guia para o planejamento da

produção, assim como para outras áreas da empresa.

Através da área de vendas os clientes são contatados diariamente, utilizando para isso

seu banco de dados de clientes. Os vendedores, através do telemarketing utilizam números de

telefones selecionados em Catálogos de entidades – sindicatos, federações, associações – e em

listas telefônicas, as visitas ocorrem eventualmente. Os pedidos dos clientes são identificados

e negociados pelos vendedores, formando as composições desejadas pelos clientes, em alguns

casos são aceitos pelos clientes os padrões de cestas apresentados pelos vendedores.

A empresa procura trabalhar cesta padrão, mas a sua venda representa uma parcela

muito pequena do volume total, a demanda maior ocorre através de pedidos montados pelos

clientes. O setor de compra se divide em compras para as lojas, rede de mercados, e itens para

produção de cestas básica, as entregas dos fornecedores são realizadas simultaneamente para

ambos os processos no Centro de Distribuição. Devido as constantes alterações na

composição das cestas básicas o setor de compras nunca vive uma rotina, pois os itens

solicitados precisam ser comprados com urgência, tendo em vista a necessidade de colocá-los

no estoque para atender a produção.

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A rotina de estoque ocorre de forma empírica, pela ausência de ferramentas de

controle, gerando certo desconforto nas áreas envolvidas, incluindo as oscilações e urgências

ocorridas através das mudanças dos pedidos demandados pela área de compras prejudicando o

recebimento, separação, conferência e armazenagem dos itens, dificultando a gestão dos

materiais.

No intuito de atingir os objetivos, o Planejamento e Controle da Produção se

empenham na tentativa de controlar e programar os pedidos demandados pela área comercial,

sua dificuldade ocorre devido às oscilações desses pedidos e a constante falta de item no

estoque, para compor o produto cesta básica que tem que administrar informações de diversas

áreas do sistema produtivo e a falta de um padrão de demanda que direcione a área, impede

que ela consiga estabelecer formas padronizadas de trabalho ocorrendo, em determinados

momentos, a falta de confiança nas informações disponibilizadas.

Sendo a produção o centro da analise, foi realizado um cruzamento com as demais

áreas envolvidas no processo de fabricação, procurando verificar o impacto desta função

sobre o desempenho das áreas.

Quadro 3 – Diagnóstico sobre o impacto da Produção nas áreas afins – Fonte: elaborado pelo

autor

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A influência da variação de demanda e a constante mudança na composição dos itens

do produto cesta básica dificultam a aplicação de uma estratégia que direcione para um

resultado produtivo, sendo a área industrial um desafio à parte. A dificuldade de entendimento

quanto aos processos produtivos, suas variáveis por parte da direção, as particularidades que

compõem os desafios produtivos, modelos, métodos e processos produtivos precisam ser

entendidos e enraizados com a intenção de configurar os caminhos que a empresa se propôs a

seguir com a diversificação do negocio entre varejo e indústria.

4.2. Resultados da pesquisa

Conforme observado, foram identificados problemas no gerenciamento entre as áreas,

sendo estes relacionados com a definição dos processos de informação, a análise das

demandas e o controle das atividades. As dificuldades estão relacionadas ao fato da gestão

atual não atender as demandas geradas, a falta de rotinas que possam garantir a integridade

dos processos e a padronização das atividades de produção, esta atividade tem uma função

primordial dentro de qualquer empresa, o uso dos seus recursos para produzir os bens e

serviços deve ser feito de forma adequada visando gerar retorno para a organização e valor

para seus clientes. Quando a produção tem dificuldade em atender as áreas afins, o resultado

organizacional é afetado de forma significativa.

A forma de trabalho também é afetada pela falta de planejamento e pelo despreparo

das pessoas que direcionam a produção, não existindo um padrão que atenda a sua

distribuição produtiva e a alocação das pessoas na linha, definindo qual o melhor arranjo

físico para os produtos mais trabalhosos. Com relação às metas, a área de planejamento não

consegue manter um padrão de resultados devido à alta rotatividade dos funcionários e o

excesso de itens faltosos para composição dos produtos, problema esse que tem origem na

separação dos estoques.

Dentro do processo percebe-se a deficiência da liderança para comandar as pessoas e

direcioná-las, notadamente as pessoas têm falta de conhecimento sobre os processos e

dificuldades na execução das tarefas. Segundo Slack (2002) a função produção é central

dentro da empresa, mas não é a única, existem outras funções com responsabilidades

específicas, mas são ligadas à função produção por objetivos organizacionais comuns. A falta

de uma programação de produção que direcione e controle os atos produtivos, acarreta em

produções desordenadas e estresses constantes. Para que a área de planejamento possa atender

melhor aos seus clientes é necessário que ela conheça as dificuldades que estes clientes

possuem, e procure atuar sobre elas.

De acordo com pesquisa, demonstrada no Quadro abaixo, verifica-se que a função

produção é totalmente impactada pela área planejamento, promovendo uma série de

dificuldades para controlar e medir os processos produtivos.

Page 11: O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CESTAS BÁSICAS NUMA … · dependente e demanda independente. O consumo de pneus ilustra bem a diferença entre esses dois tipos de demanda. O consumo

Falta de programação de produção condizente com a capacidade.

Desconhecimento da real capacidade de produção dos produtos.

Meta diária programada fora da realidade produtiva.

Desconhecimento das variáveis de produção ocasionando problemas nas metas. 35,28%

Mudanças constantes dos produtos programados durante o processo.

Indescisão quanto as formas e modelos para produção.

Falta de controle entre o planejado e o produzido.

Atraso na separação dos materiais.

Erro na separação dos matariais disponibilizados.

Itens fora do local para produção.

Material disponibilizados fora da validade e com embalagem avariada. 28,32%

Falta de pessoas preparadas para realizar a separação.

Erro na identificação dos materiais no estoque ocasionando problema na

localização.

Produto que retornam para correção não são repassados para produção.

Produtos avariados são solicitados a produção para reposição sem o devido

controle.

Carregamento de produto sem o prévio aviso a produção. 19,28%

Excessão de avaria de produto no carregamento, ocasionando parada na

produção para reposição.

Descumprimento do manual de qualidade.

Excesso de avaria devido a forma devido a forma com que as pessoas pegam

os produtos para colocar na embalagem.17,12%

Falta de disciplina quanto aos horários para inicio da produção e retorno do

almoço e intervalo.

Falta de organização da área de trabalho.

FUNÇÃO PRODUÇÃO

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Quadro 4 – Análise referente à formatação dos dados pesquisados sobre o impacto da função

Produção nas áreas afins. Fonte: Elaborado pelo autor.

Percebe-se que há conhecimento sobre a necessidade de controle sobre os resultados,

mas isso não ocorre com a devida disciplina ao longo do dia, acarretando em erros nas

informações disponibilizadas, o que gera insegurança nas pessoas que se utilizam delas para

gerir suas áreas.

Mesmo sabendo que os materiais separados precisam ser conferidos antes de entrar na

produção a atividade não acontece dentro do esperado, pois em inúmeros casos esses

materiais são condicionados na linha de produção sem a devida conferência, acarretando em

falta de materiais para composição do produto, o que implica em parada da produção.

Page 12: O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CESTAS BÁSICAS NUMA … · dependente e demanda independente. O consumo de pneus ilustra bem a diferença entre esses dois tipos de demanda. O consumo

De acordo com o gráfico 1, a área de planejamento representa o maior percentual (%),

de problemas ocorridos na função produção.

Gráfico 1. Formatação dos dados pesquisados sobre o impacto da função Produção nas áreas

afins. Elaborado pelo autor.

O produto final, palletizado precisa ser identificado antes de entrar no estoque

de produto acabado, essa informação é repassada para as pessoas da produção, mas ocorrem

casos em que esses palletes são encaminhados para o estoque sem a devida identificação

acarretando em atrasos no processo de carregamento.

A empresa trabalha com um manual de qualidade, onde procura direcionar as pessoas

com ações proativas sobre a atividade. Em muitos casos foi verificado que as pessoas não

cumprem os métodos, ocasionando problemas de entrega e retrabalho. Muitos são os casos de

produtos avariados ou estourados devido à forma incorreta como os itens são condicionados

na embalagem. Dentro do processo produtivo percebe-se a existência de produtos danificados

que são deixados sem nenhuma identificação ou tratamento devido. Não existe um método

que registre as ocorrências, ficando muito claro a falta de meios para tratar as anomalias.

A pesquisa demonstrou que a função produção foi a mais impactada pelo

planejamento, essas evidências nos mostram a importância que faz o uso de técnicas

adequadas na condução dos processos produtivos, deixa claro a necessidade e a importância

das áreas andarem juntas. A produção necessita do planejamento para obter uma rotina de

trabalho eficiente.

5. CONCLUSÃO

Para obter um modelo de gestão que possa permitir a organização alcançar resultados

que sejam favoráveis, torna-se necessário que ela construa junto de seus colaboradores formas

de multiplicar conhecimento, tais como: de controle de processos, gestão à vista de metas,

divulgação de informações, organização de trabalho.

O objetivo geral deste artigo no sentido de investigar as oscilações e incertezas de

demanda, identificou que a avaliação da demanda do produto cesta básica torna-se difícil,

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devido às mudanças que ocorrem durante o processo de negociação, os clientes fazem muitas

trocas dos itens que compõem a cesta em busca de preços mais barato.

A carência de pessoas treinadas para desempenhar as funções culminou numa imensa

teia de problemas e dificuldades, promovendo uma serie de erros na realização das atividades

principais dos processos, tornando difícil em muitos momentos a solução deles.

Ao analisar a produção de cesta básica, verificou-se que as empresas fornecedoras são

em geral oriundas do varejo, que enxergaram neste produto uma forma de diversificar o seu

negócio, procurando dar rotatividade nas mercadorias estocadas e melhorar sua negociação de

compra, baseada principalmente no volume e na redução de custo. A área comercial é

formada por pessoas que vieram do ramo varejista, com experiência em compra e venda de

produtos alimentícios, esses profissionais vieram de empresas concorrentes que ao longo de

muitos anos adquiriram profundo conhecimento do mercado atacadista. Na avaliação dos

processos, fica evidente que a falta flexibilização para atender as demandas da área comercial

promove uma rotina de estresse e desgaste, impedindo que as áreas tenham um padrão de

trabalho condizente com sua perspectiva e alcance resultados melhores ao longo do tempo.

A aplicação de uma estrutura metodológica que colabore com o desempenho da

empresa e identifique quais as melhores práticas que devem ser adotadas, para avaliação dos

resultados, pode promover na gestão conhecimentos que permitirão o alcance de soluções

mais condizentes com os objetivos e metas propostas, servindo como base de aprendizado e

mudanças.

O Planejamento e a Produção foram às áreas que configuram como principais e

serviram como objeto de estudo deste trabalho, portanto, estão sendo sugeridos modelos que

ajudarão no sentindo de promover a integração e a colaboração desses setores com o resultado

da empresa, que impactará nos demais setores, promovendo a continuidade e melhoria das

mudanças organizacionais. Os impactos que as variações de demanda ocasionam no

planejamento e na produção são diretamente proporcionais aos problemas e dificuldades

encontrados na execução das atividades de todas as áreas envolvidas.

A melhoria de um processo produtivo não ocorre de forma rápida é necessário o

empenho e o compromisso dos envolvidos. Muitas são as mudanças que uma empresa precisa

fazer para obter êxito nos seus processos, da utilização de métodos testados e aprovados a

implementação de culturas que possam ser enraizadas nos responsáveis pelos processos.

Quanto à importância das áreas de planejamento e produção sobre o resultado, a pesquisa

evidenciou que uma depende da outra para que os resultados aconteçam dentro do esperado,

muitos autores nos mostraram que é importante dá credito a essa evidência, pois isso

configura a certeza de que ao partilharmos deste caminho estaremos indo em direção a

resultados superiores.

Para que ocorra a evolução no desempenho dos processos, a organização necessita

conhecer caminhos que colabore com esta iniciativa e permita que essa escolha caracterize

uma forma consistente de resultados, conforme sugestão demonstrada no quadro abaixo sobre

a área de produção.

Page 14: O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CESTAS BÁSICAS NUMA … · dependente e demanda independente. O consumo de pneus ilustra bem a diferença entre esses dois tipos de demanda. O consumo

Quadro 5 - Proposta para aplicação na área de produção como forma de melhoria. Fonte:

Elaborado pelo autor.

Deve-se deixar claro que o estudo focou as oscilações de demanda, considerando o seu

impacto nos processos de planejamento e produção, além desse fato, surgiram evidencias

também sobre as constantes mudanças dos itens na composição do produto cesta básicas.

Quanto às recomendações futuras, percebe-se que seria importante um estudo mais profundo

sobre o negocio cesta básica, visando à promoção de um produto que fosse desejado pelo

cliente, mudando o conceito de ser apenas beneficio, podendo contribuir para o consumo de

famílias que não dispõem de tempo para ir ao supermercado.

Função Planejamento Proposta Autor Resultado esperado

Falta de padrão na distribuição das

pessoas na linha de produção.

Falta de pessoas preparadas para atender

as demandas de produção.

Deficiência na condução das metas na

linha de produção ocasionando atraso no

processo.

Descumprimento das rotinas

estabelecidas.

Falta de direcionamento da liderança

quanto as metas propostas.

Falta de acompanhamento os resultados

da produção.

Deficiência no apontamento das

quantidades produzidas.

Falta de disciplina quanto ao cumprimento

dos horários estabelecidos pela direção.

Identificar as perspectivas externas

(investimentos e Clientes) e internas

(Processo, Crescimento), procuranto

através da estratégia adotada

implementar ações concretas para

melhoria das atividades na empresa.

Medir o processo produtivo para que

a gestão tenha como atuar sobre as

anomalias, corrigindo e

redirecionando as atividades de

manufatura com as informações

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35

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%

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