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O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM MATEMÁTICA: uma análise na perspectiva de discentes de escolas públicas em Mossoró/RN Prof.ª Ma. Tayara Crystina Pereira Benigno Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN [email protected] Winaiara Nogueira Dantas Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN [email protected] Jônatas Lima Soares Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN [email protected] Janaina Saraiva Ferreira Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN [email protected] Resumo O presente artigo tem como objetivo analisar e enfocar a relação entre alunos e a disciplina de matemática em escolas públicas de Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte. Sabe-se que, nos dias atuais, o cenário de escolas públicas de Mossoró concilia-se com a classe social dos alunos e que, em diversos casos, não é propício a um bom rendimento. Outro fator importante e decisivo é o olhar do aluno ao professor de matemática. O artigo enfoca o impasse de alunos nas escolas públicas correlacionado ao seu desempenho escolar na disciplina de matemática, onde pouco se utiliza de tendências matemáticas, e o olhar do aluno ao professor. A pesquisa utilizou-se do tipo questionário estruturado fechado e aberto. Os resultados da pesquisa são apresentados através de gráficos e discussões comparativas, onde foi possível constatar o perfil dos alunos, suas posições em relação à importância da Matemática nos dias atuais, onde maior parte dos entrevistados entende a relevância da disciplina. A pesquisa também aponta o dinamismo dos alunos com os seus professores, onde estes são bem aceitos pelos alunos. Porém, diante dessas circunstâncias, os alunos apresentam variadas dificuldades na aprendizagem matemática. Palavras-chave: Ensino de matemática, Tendências educacionais, Escolas públicas. (83) 3322.3222 [email protected] www.epbem.com.br

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O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM MATEMÁTICA: umaanálise na perspectiva de discentes de escolas públicas em Mossoró/RN

Prof.ª Ma. Tayara Crystina Pereira Benigno

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

[email protected]

Winaiara Nogueira Dantas

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

[email protected]

Jônatas Lima Soares

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

[email protected]

Janaina Saraiva Ferreira

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

[email protected]

ResumoO presente artigo tem como objetivo analisar e enfocar a relação entre alunos e a disciplina de matemáticaem escolas públicas de Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte. Sabe-se que, nos dias atuais, o cenáriode escolas públicas de Mossoró concilia-se com a classe social dos alunos e que, em diversos casos, não épropício a um bom rendimento. Outro fator importante e decisivo é o olhar do aluno ao professor dematemática. O artigo enfoca o impasse de alunos nas escolas públicas correlacionado ao seu desempenhoescolar na disciplina de matemática, onde pouco se utiliza de tendências matemáticas, e o olhar do aluno aoprofessor. A pesquisa utilizou-se do tipo questionário estruturado fechado e aberto. Os resultados da pesquisasão apresentados através de gráficos e discussões comparativas, onde foi possível constatar o perfil dosalunos, suas posições em relação à importância da Matemática nos dias atuais, onde maior parte dosentrevistados entende a relevância da disciplina. A pesquisa também aponta o dinamismo dos alunos com osseus professores, onde estes são bem aceitos pelos alunos. Porém, diante dessas circunstâncias, os alunosapresentam variadas dificuldades na aprendizagem matemática.Palavras-chave: Ensino de matemática, Tendências educacionais, Escolas públicas.

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INTRODUÇÃO

Sabe-se que a aula de matemática nos níveis fundamental e médio ainda é uma aula

expositiva, onde o professor expõe o conteúdo da maneira que o mesmo julga importante. No

entanto, não há aptidão garantida pelo aluno em âmbito educacional, pois o mesmo utiliza-se apenas

de seu material didático sem caracterizar a sua verdadeira relevância e em seguida procura resolver

os exercícios propostos apresentados pelo professor, onde são solucionados de um modelo

apresentado pelo mesmo.

Sanchez (2004, p. 174), destaca, enquanto às dificuldades:Dificuldades relativas à própria complexidade da matemática, como seu alto nível deabstração e generalização, a complexidade dos conceitos e algoritmos. A hierarquização dosconceitos matemáticos, o que implica ir assentando todos os passos antes de continuar, oque nem sempre é possível para muitos alunos; a natureza lógica e exata de seus processos,algo que fascinava os pitagóricos, dada sua harmonia e sua “necessidade”, mas que se tornamuito difícil pra certos alunos; a linguagem e a terminologia utilizadas, que são precisas,que exigem uma captação (nem sempre alcançada por certos alunos), não só do significado,como da ordem e da estrutura em que se desenvolve.

Com as informações apresentadas sobre o processo de ensino e aprendizagem matemática, a

presente pesquisa trabalhou como objetivo de estudo a partir do seguinte problema: Quais as

dificuldades dos alunos das escolas públicas de Mossoró em relação à disciplina de Matemática, e

como eles encaram os diversos obstáculos que as escolas e os professores os proporcionam?

O objetivo geral da pesquisa é de analisar e estruturar informações relevantes à problemática

apresentada, ou seja, às dificuldades impostas pelos alunos das duas escolas pesquisadas e propor

soluções que auxiliem o professor de matemática a reconhecê-las e entendê-las. O conjunto de

objetivos específicos desta pesquisa concentra-se na propensão do aluno pela matemática, a relação

entre alunos e professores dessas escolas, tal como associada às tendências em geral.

O diagnóstico desta pesquisa é essencial para reflexão por parte dos professores de como

trabalhar sua metodologia de forma aprimorada, para que o aluno possa desenvolver sua

aprendizagem, construir seu conhecimento e compatibilizar-se com a matemática e seus conceitos.

1 REFERENCIAL TEÓRICO1.1 AS DIFICULDADES RELACIONADAS AO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO

ALUNO NA MATEMÁTICA

Na concepção de Sanchez (2004, p.174), citada na introdução, o aluno de matemática

encontra dificuldade não somente em um conteúdo, mas na hierarquização de um conjunto de

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conteúdos, na qual é possível constatar uma desordem intelectual do aluno. Sanchez cita também “a

linguagem e a terminologia utilizadas” como outro fator, pois exige complexidade e dedicação do

aluno que poderá compreender, ou não, determinado conteúdo não somente pelo seu significado,

mas por toda a sua estrutura. No Estudo das Funções, o aluno terá que, além da sua definição,

compreender todo o seu embasamento: Função Afim, Função Quadrática, Função Exponencial,

Função Logarítmica etc. O aluno terá de assimilar esses conteúdos para enfim entender o Estudo

das Funções.

Já segundo Inés Maria Gómez Chacón (1997a, citação em 2003. p.23):

Ao aprender matemática, o estudante recebe estímulos contínuos associados a ela –problemas, atuações do professor, mensagens sociais, etc. – que geram nele certa tensão.Diante destes estímulos reage emocionalmente de forma positiva ou negativa. Essa reaçãoestá condicionada por suas crenças sobre si mesmo e sobre a matemática. Se o indivíduodepara-se com situações similares repetidamente, produzindo o mesmo tipo de reaçõesafetivas, então a ativação da reação emocional (satisfação, frustração, etc.) pode serautomatizada e se “solidificar” em atitudes. Essas atitudes e emoções influem nas crenças ecolaboram para sua formação.

Gómez Charcón foi específica nos estímulos dos alunos associados à aprendizagem da

matemática: “problemas, atuações do professor, mensagens sociais, etc.” Estes estímulos provocam

reações afetivas nos alunos, como a satisfação e a frustração, citadas por Chacón, e que podem ser

benéficas (ou não) para a aprendizagem do aluno. Numa certa situação, um aluno de Matemática

compreende determinado conteúdo. Isso fará com que ele busque, através de exercícios, o prazer

que o incentiva a continuar. Inversamente, um aluno que não compreender determinado conteúdo

terá duas opções: Ele pode, através do estímulo da frustração, buscar outros meios de aprender, ou

abster-se do conteúdo.

1.2 A RELAÇÃO ENTRE O ALUNO E O PROFESSOR DE MATEMÁTICA

A Matemática, em geral, exige uma enorme capacitação, tanto do aluno, como do professor,

onde ambos se mutuam e formam relações afetivas que os ajudam na maneira de enxergar a

disciplina.

Segundo Gómez Charcón (2003, p.13 e p.26):

[...] Hoje há um crescimento da consciência coletiva sobre a necessidade de desentranhar osaspectos emocionais do conhecimento, nos quais possivelmente há de se buscar a raiz demuitos fracassos de nossa vida intelectual e, em particular, de nossa educação.[...] A importância e a insistência dada ao tema dos afetos é hoje assumida e aceita pelosprofessores, cada dia mais dispostos a reconhecê-las como elementos de valor e interesseindiscutível no acompanhamento e na avaliação do processo de ensino aprendizagem.

As relações afetivas do aluno, ao serem perceptíveis pelo professor de matemática, podem

formular estímulos, tanto nos alunos (ao presenciarem a explanação do professor) como nos

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professores (ao perceberem as relações afetivas dos alunos). Ambos os casos, ao se relacionarem,

podem facilitar no processo de ensino aprendizagem.

Citando um estudo de Célia Hoyles que investiga a relação entre a afeição pelo professor e o

gosto pela matemática, Rômulo Lins (apud Bicudo e Borba, 2004, p. 92-120) afirma:

O resultado a que ela (Célia Hoyles) chegou era o de que com relação à Matemática, muitomais do que em outras disciplinas, havia uma forte correlação positiva entre gostar doprofessor e gostar da matéria, isto é, na grande maioria dos casos alunos se colocavam em“gostar do professor e gostar da matéria” ou em “não gostar do professor e não gostar damatéria”. Nos outros casos, cruzados, muitos poucos.

O “gostar do professor e gostar da matéria” e o “não gostar do professor e não gostar da

matéria”, nesse caso, tem total relação com a forma como o professor aborda a disciplina. O perfil

profissional do professor, proporcional à propensão pela disciplina, é aceito ou recusado por grande

parte dos alunos da pesquisa, comprovando que o professor é o principal fator que influencia na

aprendizagem do aluno, e não somente o enxergar do aluno sobre a disciplina prevalece.

1.3 TENDÊNCIAS EM SALA DE AULA

As tendências matemáticas, embora pouco utilizadas em sala de aula, são métodos eficazes

de como o professor de matemática deve encarar as dificuldades de exercer o Ensino da

matemática. Dentre elas, estão a Modelagem, a Resolução de Problemas e o Uso da Informática na

Educação Matemática.

A prática da Modelagem, segundo Biembengut e Hein (2002, p.19), dá-se com base em

cinco passos:

1. Diagnóstico: da realidade, dos interesses dos alunos e do grau de conhecimento dosmesmos.

2. Escolha do tema ou modelo matemático: para desenvolver o conteúdo programáticoque estará inserido numa situação problemática.

3. Desenvolvimento do conteúdo programático: ocorre o reconhecimento da situação-problema, formulação e resolução do problema e interpretação e validação a partir doconteúdo.

4. Orientação de modelagem: requer que o sujeito seja capaz de fazer modelosmatemáticos. O aluno é incentivado à pesquisa, a desenvolver a criatividade e ahabilidade de formular e resolver problemas e a aplicar o conteúdo matemático. Nesseprocesso, o aluno é conduzido à formulação de hipóteses, à constituição de alternativaspara solucionar as situações-problema.

5. Avaliação do processo: avaliam-se a produção e o conhecimento matemático, aprodução do trabalho de modelagem em grupo e a extensão e aplicação doconhecimento para, assim, redirecionar o trabalho.

Nesse sentido, os conteúdos programáticos não representam a ideia principal do

aprendizado, mas sim os conhecimentos a serem analisados e discutidos com temas e saberes do

cotidiano, com a finalidade de fazer com que o aluno se desenvolva nas mais variadas formas

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(modelos) de resolver problemas. Sobre a técnica de Resolução de Problemas, Onuchic (1999,

p.208) afirma que:

Quando os professores ensinam matemática através da resolução de problemas, eles estãodando a seus alunos um meio poderoso e muito importante de desenvolver sua própriacompreensão. À medida que a compreensão dos alunos se torna mais profunda e mais rica,sua habilidade em usar matemática para resolver problemas aumenta consideravelmente.

Com isso, Onuchic mostra que a resolução de problemas na matemática é uma maneira

eficaz, que faz com que o aluno compreenda qual a técnica utilizada pelo professor e utilizá-la da

mesma forma para resolver os exercícios propostos pelo mesmo. Assim, no decorrer das suas

resoluções, as chances de errar são mínimas. Porém, através dessa técnica, o aluno pode notar

outras maneiras de resolução de problemas, além da forma imposta pelo professor, ao invés de

apresentar dificuldades.

Numa certa situação, um aluno resolve o seguinte problema: Seja ABC um triângulo

retângulo. Sendo AB=10, BC=10√3e BÂC=60°, qual a medida da hipotenusa AC?

Nesse caso, o problema poderá ser resolvido, por ele, de diferentes modos:

a) Pelo Teorema de Pitágoras:b) Pelas Relações Trigonométricas no Triângulo Retângulo:

Com esse exemplo, constata-se que podem ser utilizados métodos variados de resolução de

problemas impostos pelo professor ou pelo livro didático, e que esses métodos podem ser

perceptíveis pelo aluno.

A Técnica da Resolução de Problemas atua como uma das principais tendências da

matemática utilizadas pelo professor, visto que faz com que o aluno apresente desenvolvimento na

prática de exercícios, razão fundamental na aprendizagem da matemática.

Sobre a Informática na Educação Matemática, segundo Borba e Penteado (2001, p.46) deve-

se entender que a informática é:

Uma nova extensão de memória, com diferenças qualitativas em relação às outrastecnologias da inteligência e permite que a linearidade de raciocínios seja desafiada pormodos de pensar, baseados na simulação, na experimentação e em uma “nova linguagem”que envolve escrita, oralidade, imagens e comunicação instantâneas.

Borba e Penteado definem a informática como uma “nova linguagem”, não somente por ser

uma publicação antiga (2001), mas essa abordagem pode ser posta na Educação Matemática

atualmente, pois faz com que o aluno desenvolva novos meios de interação e pesquisas que o

auxiliam no desenvolvimento matemático.

Existem vários meios de interação no qual dependem da utilização da informática, tais como

a utilização de softwares educativos, como jogos, e o uso da internet como ferramenta de pesquisa.

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Nos dias atuais, em várias escolas públicas do Brasil, existe o LEM (Laboratório de Ensino

da Matemática), usado para fins educativos e projetos sociais, como a OBMEP (Olimpíada

Brasileira de Matemática nas Escolas Públicas), que acontece anualmente. Promovida

pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e pelo Ministério da Educação (MEC), o projeto

estimula o aprendizado do aluno e o aperfeiçoamento do professor de Matemática.

2 METODOLOGIA

2.1. TIPO DA PESQUISA

Esta pesquisa foi realizada a partir do método indutivo (de um caso particular para os casos

gerais) e caracterizada como tipo qualitativa, pois apresenta em seu percurso de escrita caráter

explicativo, para a sua utilização em busca de percepções e entendimento sobre a natureza geral das

questões apresentadas, abrindo espaço para a interpretação.

2.2 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO

A pesquisa foi desenvolvida no Centro de Educação Integrada Professor Eliseu Viana

(Escola 1), na Rua Duodécimo Rosado, S/N - Nova Betânia, e na Escola Estadual Monsenhor

Raimundo Gurgel (Escola 2), localizada na Rua Jaem Menescal - Belo Horizonte, ambas de

Rede Pública Estadual, situadas na cidade de Mossoró (cidade localizada no interior do Estado do

Rio Grande do Norte, a 227 km da capital Natal), e também de Ensino de 1º e 2º Grau, onde apenas

a Escola 1 apresenta o LEM (Laboratório de Ensino da Matemática) que é dividido com o

Laboratório de Física contendo vários instrumentos utilitários para a aprendizagem de ambas as

disciplinas.

2.3 CARACTERIZAÇÃO DO SUJEITO

Participaram de um questionário 135 alunos, de 8º e 9º anos, sendo: 70 alunos da Escola 1,

com 34 do 8° ano e 36 do 9° ano, e 65 alunos da Escola 2, com 32 do 8º ano e 33 do 9º ano.

2.4 INSTRUMENTOS PARA A RECOLHA E ANÁLISE DOS DADOS

Toda pesquisa requer a utilização de métodos para o seu desenvolvimento e o planejamento

de como os pesquisadores irão conduzir todo o processo metodológico. A presente pesquisa foi

realizada no período de Maio de 2016, sendo suficiente para atingir os objetivos propostos. Quanto

aos procedimentos técnicos, fez-se um estudo de caso, por meio de questionamentos tipo

estruturado misto (aberto e fechado). Em relação ao tipo de formulação de perguntas, pelo fato de

objetivarmos analisar os dados qualitativamente, vale salientar que o número de questões fechadas é

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predominante. O questionário possuía oito questões, seis fechadas e duas abertas, sendo duas de

informações pessoais e seis voltadas ao interesse pela matemática.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES3.1 O PERFIL DOS ALUNOS

Primeiro, foi-se questionado sobre os seus perfis. Ao todo, foram pesquisados 135 alunos de

ambas as escolas, sendo 70 alunos da Escola 1 (30 do sexo masculino e 33 do sexo feminino) e 65

alunos da Escola 2 (33 do sexo masculino e 32 do sexo feminino). Na Escola 1, 34 alunos prestam o

8º ano e 36 alunos, o 9° ano. Na Escola 2, 32 alunos realizam o 8º ano e 33 alunos, o 9º ano,

conforme o gráfico I a seguir.Gráfico I: Perfil dos alunos.

Fonte: Pesquisa de Campo – 2016

3.2 VOCÊ GOSTA DE MATEMÁTICA? QUAL A IMPORTÂNCIA DE SE SABER

MATEMÁTICA?

Em seguida, foram questionados a respeito de seu interesse pela matemática e qual a

importância que a mesma proporciona em suas vidas. Através desses questionamentos, foi possível

perceber que a maioria dos alunos teve como resposta “Não”, porém em relação à importância

percebemos que há uma contradição associada à pergunta anterior.

Sem dúvida, este é um cenário reconhecidamente negativo em relação à propensão pela

matemática, no qual é possível observar que na Escola 1 apenas 25 dos 70 alunos entrevistados

responderam que tem algum interesse pela matemática tendo o restante visando a matemática como

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algo não satisfatório, no total de 45 alunos. Seguindo na Escola 2, onde 26 alunos se identificam e

39 não, de 65 alunos entrevistados.

Gráfico II: A importância de se saber matemática.

Fonte: Pesquisa de campo – 2016

Sobre a importância de se saber Matemática, a conjuntura toma rumo contrário em relação à

pergunta anterior. Veja (gráfico II, pág. 8) que a maioria deles viu a matemática com algo capaz de

inovar e capacitar o ser humano e algo que pode facilitar a nossa vida. Observe que 27 alunos da

Escola 1 e 31 alunos da Escola 2 afirmaram que a matemática pode nos tornar seres humanos com

mais sabedoria, e também 30 alunos da Escola 1 e 25 da Escola 2 afirmaram que aprender

matemática pode facilitar o nosso dia-a-dia.

3.3 O QUE VOCÊ SABE DE MATEMÁTICA?Este questionamento teve a oportunidade de classificar quanto ao saber da matemática de

cada aluno. Mais uma vez, uma realidade recognitiva que nos mostra que poucos alunos afirmam

saber sobre matemática, e que muitos não sabem o que dela realmente importa, conforme ilustra o

gráfico III a seguir:

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Gráfico III: Saber matemático.

Fonte: Pesquisa de campo – 2016

Percebe-se que a grande maioria dos entrevistados relata o saber matemático como muito

complexo, pois infelizmente é a realidade vista na sociedade.

Dos 70 alunos entrevistados da Escola 1 e 65 da Escola 2, foi possível observar que nos

resultados ainda há uma realidade contraditória em relação ao primeiro questionamento (Gráfico

3.1). A maioria dos alunos afirmou que não sabe muito sobre a matemática, porém, tem interesse e

sempre procura saber mais, onde foram 29 alunos da Escola 1, e 24 da Escola 2. Outra grande parte

certificou-se de que sabe apenas os números e algumas de suas utilidades, sendo 17 da Escola 1 e

22 da Escola 2. Ainda neste questionamento, 21 alunos da Escola 1 e 15 da Escola 2 asseguraram

que só sabem o essencial para não se darem tão mal das provas. A menor parte dos alunos garantiu

ter maior facilidade em manejar com a matemática e suas propriedades: apenas 3 da Escola 1 e 4 da

Escola 2. Uma situação preocupante.

3.4 COMO SÃO AS AULAS DO SEU PROFESSOR DE MATEMÁTICA? NA SUA ESCOLA

EXISTE O LEM?Ao serem questionados sobre a didática do professor de matemática, percebe-se, no gráfico

3.4, que a maioria dos alunos se refere ao professor como facilitador na hora da aprendizagem, onde

foram 38 alunos da Escola 1 e 29 da Escola 2, porém existe uma parte que relata o fato de o

professor explicar muito bem, mas não o suficiente para aprender a disciplina, sendo 20 da Escola 1

e 24 da Escola 2. Um fato preocupante ocorre quando poucos alunos afirmam que os professores

não inovam suas aulas. Com isso, se pode constatar que os professores não utilizam tendências e

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metodologias de Ensino-Aprendizagem da Educação Matemática, como mostra o gráfico IV, a

seguir.Gráfico IV: Como são as aulas de matemática.

Fonte: Pesquisa de campo – 2016

Depois, foram questionados a respeito sobre a existência do LEM (Laboratório de Ensino da

Matemática) nas duas escolas. Tal questionamento teve a finalidade de verificar se existe o LEM

nas escolas, e como os professores utilizam essa ferramenta para melhorar o Ensino-Aprendizagem.

No entanto, apenas a Escola 1 oferta o laboratório para os alunos, porém pouco utilizado. A

utilização, segundo a maioria dos entrevistados, é voltada à OBMEP (Olimpíada de matemática das

escolas públicas). Os professores utilizam o laboratório como auditório para aplicações de

simulados, onde geralmente não usufruem dos recursos que o mesmo oferece, como jogos e

materiais didáticos.

3.5 PARA VOCÊ, QUAIS AS DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA?Numa última análise, ao indagar quais as dificuldades que os alunos apresentam na

aprendizagem matemática, os resultados foram evidentes e um pouco surpreendentes, conforme o

gráfico VI a seguir.Gráfico VI: Dificuldades na aprendizagem matemática.

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Fonte: Pesquisa de campo – 2016

Nota-se claramente neste último gráfico que a maior parte dos entrevistados apresenta maior

dificuldade na complexidade da matéria, correspondendo a 33 alunos da Escola 1 e 35 da Escola 2,

seguido dos que afirmaram ter dificuldade em tudo, desde a teoria até a prática: 18 alunos da Escola

1 e 9 da Escola 2. Ainda existem aqueles que apontaram dificuldades em conteúdos específicos:

foram 6 da Escola 1 e 8 da Escola 2. E, finalmente, os que não apresentam nenhuma dificuldade na

disciplina: 8 da Escola 1 e 10 da Escola 2.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A relação Ensino-Aprendizagem da Matemática exige, tanto do aluno como do professor,

dedicação em aprender e lecionar. No ponto de vista do “aprender”, o aluno apresenta dificuldades.

Tais dificuldades foram notórias em vários aspectos nesta pesquisa como fundamentais para a

manutenção da forma de lecionar do professor, que através das relações afetivas, se relaciona com o

aluno de forma a perceber seus obstáculos. Nesse sentido, os alunos das duas Instituições

pesquisadas apresentam variados tipos de dificuldades, o que acarretam no repúdio à disciplina.

Por outro lado, ainda na pesquisa feita, os alunos reconhecem a importância da matemática,

apesar de não terem facilidade na aprendizagem. Ainda assim, não é suficiente que o aluno tenha tal

reconhecimento para atingir bons resultados. Podem ser vários os fatores contribuintes para essa

afirmação, recolhida da pesquisa. Dentre eles, está a displicência do aluno para com a disciplina,

acarretada pela incompreensão de determinado conteúdo fundamental para a compreensão dos

conteúdos seguintes, seguindo a concepção de Sanchez, citada na introdução. Esse obstáculo pode

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ser reparado através de técnicas, chamadas de Tendências Matemáticas, porém pouco utilizadas

pelos professores.

A pesquisa também apontou a disposição do professor em auxiliar nos exercícios. Isso prova

que esta técnica, apesar da suma importância das demais tendências, é a mais adquirida pelos

professores. Opostamente, diante dos resultados apresentados pela utilização da Informática, outra

tendência compreendida na pesquisa, os alunos da Escola 1 afirmaram que a utilização do LEM não

influencia na utilização de softwares educativos e jogos matemáticos, apenas à programas sócio-

educacionais, como a OBMEP.

Este trabalho, em âmbito geral, apresentou seus devidos resultados de forma clara, onde foi

feita uma análise geral da situação de alunos de diferentes classes sociais em duas escolas públicas.

O parecer deste artigo pôde ser comprovado diante dos resultados da pesquisa apresentada, que,

relacionada ao Referencial Teórico, foi fundamentada através de citações de autores reconhecidos.

A pesquisa feita, porém, apresenta-se apenas como parte de uma amostra, visando não ser estendida

a todas as escolas públicas do município de Mossoró.

REFERÊNCIAS

BICUDO, Maria Aparecida Viggiani; BORBA, Marcelo de Carvalho. (org) Educação Matemática pesquisa em movimento. São Paulo: Cortez, 2004.

BIEMBENGUT Maria Salett; HEIN, Nelson. Modelagem matemática no ensino. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2002.

BORBA, Marcelo de Carvalho; PENTEADO, Miriam Godoy: Informática e educação matemática. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

CHACÓN, Inés Mª Gómes. Matemática Emocional: os afetos na aprendizagem matemática. Trad. Daisy Vaz de Moraes. Porto Alegre: Artmed, 2003.

LINS, Rômulo Campos. Matemática, Monstros, Significados e Educação Matemática. In:

ONUCHIC, Lourdes de la Rosa. Ensino-aprendizagem de matemática através da resolução de problemas. In: BICUDO, Maria Aparecida

SANCHEZ, Jesús Nicasio Garcia. Dificuldades de Aprendizagem e Intervenção Psicopedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2004.

VIGGIANI (Org.). Pesquisa em educação matemática: concepções e perspectivas. São Paulo: Unesp, 1999.

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