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O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS E O ISPS CODE: EVIDÊNCIAS DE CONFORMIDADE A avaliação de riscos é um processo geral de análise e avaliação que no final apresenta uma relação com os seus principais riscos, apontando a necessidade de um tratamento específico para cada um deles. O seu objetivo principal é identificar, analisar e avaliar os riscos. O ISPS Code (International Ship and Port Facility Security Code) estabeleceu requisitos e diretrizes para um sistema de proteção em navios e instalações portuárias, e apresenta como um de seus objetivos o de prover uma metodologia para avaliações de proteção, de modo a traçar planos e procedimentos para responder às alterações nos níveis de proteção. Para que esse processo esteja alinhado com o ISPS Code, faz-se necessário que os requisitos e as diretrizes do código sejam obedecidos ao se elaborar a avaliação de riscos. Essa conformidade é constatada quando se compara a evidência 1 com os requisitos e as diretrizes do código. E é justamente sobre as evidências de conformidade do processo de avaliação de riscos com o ISPS Code que estamos escrevendo este artigo, com o objetivo de identificar as principais evidências para podermos atestar a conformidade com o ISPS Code. Avaliação de proteção (avaliação de riscos) O ISPS Code, no item 1.17 de sua parte B diz que: A avaliação de proteção é fundamentalmente uma análise de riscos de todos os aspectos de operação de uma instalação portuária a fim de determinar quais partes dela são mais suscetíveis, e/ou prováveis de sofrer um ataque. O risco de proteção é uma função da ameaça de um 1 Evidências são os registros, a apresentação de fatos ou informações colhidas durante a auditoria que, depois de comparados, objetivam constatar as conformidades e as não conformidades.

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Page 1: O processo de avaliação de riscos e o ISPS Code · O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS E O ISPS CODE: EVIDÊNCIAS DE CONFORMIDADE A avaliação de riscos é um processo geral de

O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS E O ISPS CODE: EVIDÊNCIAS

DE CONFORMIDADE

A avaliação de riscos é um processo geral de análise e avaliação que no final

apresenta uma relação com os seus principais riscos, apontando a necessidade

de um tratamento específico para cada um deles. O seu objetivo principal é

identificar, analisar e avaliar os riscos.

O ISPS Code (International Ship and Port Facility Security Code) estabeleceu

requisitos e diretrizes para um sistema de proteção em navios e instalações

portuárias, e apresenta como um de seus objetivos o de prover uma

metodologia para avaliações de proteção, de modo a traçar planos e

procedimentos para responder às alterações nos níveis de proteção.

Para que esse processo esteja alinhado com o ISPS Code, faz-se necessário

que os requisitos e as diretrizes do código sejam obedecidos ao se elaborar a

avaliação de riscos. Essa conformidade é constatada quando se compara a

evidência1 com os requisitos e as diretrizes do código.

E é justamente sobre as evidências de conformidade do processo de avaliação

de riscos com o ISPS Code que estamos escrevendo este artigo, com o

objetivo de identificar as principais evidências para podermos atestar a

conformidade com o ISPS Code.

Avaliação de proteção (avaliação de riscos)

O ISPS Code, no item 1.17 de sua parte B diz que:

A avaliação de proteção é fundamentalmente uma análise de riscos de

todos os aspectos de operação de uma instalação portuária a fim de

determinar quais partes dela são mais suscetíveis, e/ou prováveis de

sofrer um ataque. O risco de proteção é uma função da ameaça de um

1 Evidências são os registros, a apresentação de fatos ou informações colhidas durante a auditoria que, depois de comparados, objetivam constatar as conformidades e as não conformidades.

Page 2: O processo de avaliação de riscos e o ISPS Code · O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS E O ISPS CODE: EVIDÊNCIAS DE CONFORMIDADE A avaliação de riscos é um processo geral de

ataque, juntamente com a vulnerabilidade do alvo e as consequências

de um ataque.

A avaliação deve incluir os seguintes itens:

- determinação da pressuposta ameaça às instalações e infraestrutura do porto;

- identificação das prováveis vulnerabilidades; e

- cálculo das consequências de um incidente.

Internacionalmente, o risco é conceituado pela combinação da probabilidade

de um evento e suas consequências, e probabilidade e consequência são os

dois elementos que caracterizam o risco. Entretanto, o ISPS Code acrescentou

mais um ingrediente para a avaliação de riscos que é a vulnerabilidade. Para

se identificar a evidência de conformidade, esses três ingredientes

(probabilidade, consequência e vulnerabilidade) devem fazer parte desse

processo.

O ISPS Code, na sua parte A, item 15, estabelece:

15 AVALIAÇÃO DA PROTEÇÃO DAS INSTALAÇÕES

PORTUÁRIAS

15.1 A avaliação da proteção das instalações portuárias é parte

integral e essencial do processo de elaboração e atualização do plano de

proteção das instalações portuárias.

15.2 A avaliação de proteção das instalações portuárias deverá ser

executada pelo Governo Contratante em cujo território a instalação

portuária esteja localizada. Um Governo Contratante poderá autorizar

uma organização de proteção reconhecida a executar a avaliação de

proteção das instalações portuárias para uma determinada instalação

portuária localizada em seu território.

15.2.1 Quando a avaliação de proteção das instalações portuárias tiver

sido executada por uma organização de proteção reconhecida, deverá

ser revisada e aprovada, para fins de cumprimento aos requisitos desta

Page 3: O processo de avaliação de riscos e o ISPS Code · O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS E O ISPS CODE: EVIDÊNCIAS DE CONFORMIDADE A avaliação de riscos é um processo geral de

seção, pelo Governo Contratante em cujo território a instalação

portuária esteja localizada.

15.3 As pessoas responsáveis pela execução da avaliação deverão ter

os conhecimentos adequados para avaliar a proteção da instalação

portuária de acordo com o previsto nesta seção, levando em conta as

diretrizes constantes da Parte B deste Código.

15.4 As avaliações da proteção das instalações portuárias deverão ser

revisadas e atualizadas periodicamente, levando em conta mudanças

nas ameaças e/ou pequenas alterações na instalação portuária, e

deverão ser revisadas e atualizadas sempre que ocorreram mudanças

de vulto na instalação portuária.

15.5 A avaliação da proteção das instalações portuárias deverá incluir,

pelo menos, os seguintes elementos:

1. Identificação e avaliação de bens móveis e infraestrutura relevantes,

os quais é importante proteger;

2. Identificação de possíveis ameaças a bens móveis e infraestrutura e

a possibilidade de sua ocorrência, a fim de estabelecer e priorizar

medidas de proteção;

3. Identificação, seleção e priorização de contramedidas e alterações

nos procedimentos e seu nível de eficácia quanto à redução de

vulnerabilidade; e

4. Identificação de fraquezas, incluindo fatores humanos, na

infraestrutura, planos de ação e procedimentos.

15.6 O Governo Contratante poderá permitir que uma avaliação da

proteção das instalações portuárias cubra mais de uma instalação

portuária se o operador, a localização, a operação, os equipamentos e o

projeto destas instalações portuárias forem semelhantes. Qualquer

Governo Contratante que permita tal procedimento deverá comunicar à

Organização os detalhes do mesmo.

15.7 Após a conclusão da avaliação da proteção das instalações

portuárias, um relatório deverá ser preparado, consistindo de um

resumo sobre como a avaliação foi executada, uma descrição de cada

ponto vulnerável descoberto durante a avaliação e uma descrição de

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contramedidas que poderiam ser utilizadas para resolver cada ponto de

vulnerabilidade. O relatório deverá ser protegido contra o acesso ou

divulgação não autorizada.

De acordo com os itens acima citados, podemos concluir que, para atestar a

conformidade com os requisitos do ISPS Code, uma avaliação de riscos deve:

1- Ser parte integrante e essencial do processo de elaboração e atualização do

plano de proteção de uma instalação portuária.

Isso quer dizer que todo plano de proteção e sua alteração devem ser

precedidos de uma avaliação de risco.

2- Ser executada pelo Governo contratante ou por uma organização de

proteção reconhecida (RSO).

Isso quer dizer que o governo poderá realizar a avaliação de risco ou poderá

autorizar uma RSO a elaborá-la. Neste último caso, ele próprio deverá revisar

e aprovar a avaliação de riscos realizada.

3- Ser executada por pessoas que possuam conhecimento adequado, e que

realizem a avaliação considerando as diretrizes estabelecidas na parte B do

código.

Isso quer dizer que as pessoas que realizam a avaliação de riscos devem

demonstrar que possuem conhecimento para tal e que a façam em

conformidade com as diretrizes estabelecidas na parte B do código. Esse

“conhecimento” pode ser verificado com a apresentação de documentos de

capacitação e treinamento.

4- Ser revisada e atualizada periodicamente, e toda vez que mudanças nas

ameaças ou alterações nas instalações portuárias ocorram.

5- Conter em seu processo os subitens do item 15.5 acima descritos.

Todo e qualquer requisito deve ser entendido como ponto que

obrigatoriamente deva ser contemplado, e que, em não tendo sido, não se

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possa falar em conformidade, ou seja, nenhum subitem do item 15 da parte A

do ISPS Code pode ser excluído sob pena de não se atestar a conformidade

com esse código. Esse é o entendimento que permeia o segmento daqueles

que trabalham com certificação.

Dos requisitos do ISPS Code, o item 15.52 requer uma atenção maior porque

se refere ao processo de avaliação de riscos.

15.5 A avaliação da proteção das instalações portuárias deverá incluir,

pelo menos, os seguintes elementos:

1. Identificação e avaliação de bens móveis e infraestrutura relevantes,

os quais são importantes proteger;

2. Identificação de possíveis ameaças a bens móveis e infraestrutura e

a possibilidade de sua ocorrência, a fim de estabelecer e priorizar

medidas de proteção;

3. Identificação, seleção e priorização de contramedidas e alterações

nos procedimentos e seu nível de eficácia quanto à redução de

vulnerabilidade; e

4. Identificação de fraquezas, incluindo fatores humanos, na

infraestrutura, planos de ação e procedimentos.

O processo de avaliação de riscos e as evidências de conformidade

com o ISPS Code

Para o objetivo deste artigo, e considerando que a parte B do código apresenta

as diretrizes para cada subitem do item 15.5 da parte A, vamos comentar

essas diretrizes, identificando as evidências para que o processo de avaliação

de riscos esteja em conformidade com o ISPS Code.

1-Identificação e avaliação de bens móveis e infraestrutura

relevantes, os quais são importantes proteger

A parte B do código, nos itens 15.5 a 15.8, estabelece as seguintes diretrizes:

2 Observemos que o item 15.5 da parte A do código utiliza a expressão “pelo menos”, o que significa que a avaliação de risco não está restrita a esses itens, mas que, no mínimo, deve contê-los.

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15.5 A identificação e avaliação da infraestrutura e bens móveis

importantes é um processo através do qual se pode estabelecer a

importância relativa das estruturas e instalações para o funcionamento

da instalação portuária. Este processo de identificação e avaliação é

importante porque fornece uma base para a concentração de estratégias

de atenuação do impacto naqueles bens móveis e estruturas os quais

são mais importantes proteger contra um incidente de proteção. Este

processo deve levar em conta a perda potencial de vidas, a

importância econômica do porto, seu valor simbólico e a

presença de instalações governamentais.

15.6 A identificação e avaliação de bens móveis e infraestrutura deve

ser usada para priorizar sua importância relativa para a proteção. O

objetivo principal deve ser evitar mortes e lesões corporais. Também é

importante considerar se a instalação portuária, estrutura ou planta

pode continuar a operar sem tais bens e quão rapidamente pode-se re-

estabelecer o seu funcionamento normal.

15.7 Os bens móveis e infraestrutura que devem ser considerados

como importantes para proteger podem incluir:

1. Áreas de acesso, entradas, aproximações, ancoragem, manobras e

atracação;

2. Instalações de cargas, terminais, áreas de armazenagem e

equipamentos para manuseio de cargas;

3. Sistemas, tais como sistemas de distribuição elétrica, sistemas de

rádio e telecomunicações e sistemas e redes de informática;

4. Sistemas de gestão de tráfego de navios no porto e sistemas de

auxílio à navegação;

5. Instalação de energia, tubulação de transferência de cargas e

abastecimento de água;

6. Pontes, ferrovias estradas;

7. Embarcações de serviços portuários, incluindo embarcações de

praticagem, rebocadores, chatas, etc.;

8. Sistemas e equipamentos de proteção e vigilância; e

9. Águas adjacentes às instalações portuárias.

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15.8 A identificação clara de bens móveis e infraestrutura é essencial

para a avaliação dos requisitos de proteção das instalações portuárias e

para a priorização de medidas de proteção e de decisões relativas à

designação de recursos para melhor proteger as instalações portuárias.

O processo pode envolver consultas com as autoridades relevantes com

relação a estruturas adjacentes às instalações portuárias as quais

poderiam causar danos dentro das instalações ou serem utilizadas para

causar danos às instalações, para observação ilícita das instalações ou

para desviar a atenção.

Dessas diretrizes, as principais evidências são:

1- No item 15.5, está estabelecido que a identificação e a avaliação da

infraestrutura e dos bens móveis fazem parte de um processo que pode

estabelecer a importância das estruturas e instalações para o

funcionamento da instalação portuária.

A evidência de conformidade é a identificação dos bens móveis e da

infraestrutura importantes para o funcionamento da instalação portuária. Essa

identificação deve levar em consideração os subitens do item 15.7, e os

elementos de avaliação constantes do item 15.3 da parte B do ISPS Code.

Como o objetivo dessa identificação é a priorização das infraestruturas e bens

móveis para a proteção, e considerando que nessa identificação se deve levar

em conta a capacidade de resposta e o retorno à normalidade da atividade

(item 15.6 do ISPS Code), a evidência de conformidade deve identificar

onde está esse destaque de importância no processo de avaliação, que vai se

materializar no critério utilizado para a valoração da importância para a

infraestrutura e bens móveis identificados.

2- No item 15.7 da parte B, a diretriz orienta o que pode ser considerado

quando da identificação dos bens móveis e da infraestrutura. É bom ressaltar

que as diretrizes contidas nesse item podem ser consideradas como não

obrigatórias, uma vez que, no texto, a expressão “podem incluir” não gera tal

obrigatoriedade. É uma interpretação literal.

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3- No item 15.5, também é estabelecido que a avaliação de risco deve levar

em conta a perda potencial de vidas, a importância econômica do porto,

seu valor simbólico e a presença de instalações governamentais. Esses

pontos são os parâmetros que devem ser utilizados para as consequências, e

constituem as evidências de conformidade.

Ressalte-se aqui que esses são os parâmetros mínimos que devem constar em

todo processo da avaliação de riscos para se poder atestar a conformidade

com o ISPS Code.

Exemplificando: Se um método conhecido e considerado de avaliação de riscos

não tiver em seu processo esses parâmetros de avaliação (a perda potencial

de vidas, a importância econômica do porto, seu valor simbólico e a presença

de instalações governamentais), ele não pode ser atestado como em

conformidade com o ISPS Code, independentemente do argumento, por não

possuir elemento caracterizador de evidência objetiva, pois estará constatado

que ele não atende aos requisitos e/ou diretrizes. No caso específico, a não

conformidade é o não atendimento ao item 15.5 da parte B do ISPS Code.

4- No item 15.6, está estabelecido que o objetivo principal desse processo é

evitar mortes e lesões corporais. Com relação a esse ponto, entendemos que o

parâmetro do item 15.5 (levar em conta a perda potencial de vidas) contempla

a evidência.

5- No item 15.8, é citada a expressão requisitos de proteção. As principais

fontes dos requisitos de proteção são: 1- A legislação, os estatutos, os

contratos, etc.; 2- Os princípios, objetivos e requisitos de negócios, e 3- A

avaliação de risco.

Com relação à legislação, o ISPS Code é o principal requisito de proteção.

Entretanto, as políticas de segurança e outros instrumentos normativos que

estabelecem requisitos (Legislação aduaneira, Resoluções da CONPORTOS,

legislação ambiental, etc.) são indispensáveis e devem ser considerados

quando do processo de construção do sistema de proteção de uma instalação

portuária. A evidência de conformidade para esse item já é o próprio ISPS

Code.

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2- Identificação de possíveis ameaças a bens e infraestrutura e a

probabilidade de sua ocorrência, a fim de estabelecer e priorizar

medidas de proteção

A parte B do código, nos itens 15.9 a 15.12, estabelece as seguintes

diretrizes:

15.9 Possíveis atos que possam ameaçar a proteção de bens móveis e

infraestrutura e os métodos utilizados para sua execução devem ser

identificados para avaliar a vulnerabilidade de um determinado bem

móvel ou local em relação a um incidente de proteção e para

estabelecer e priorizar os requisitos de proteção a fim de permitir o

planejamento e a alocação de recursos. A identificação e avaliação de

cada ato potencial e do método utilizado para executá-lo deve ser

baseada em vários fatores, incluindo avaliações de ameaças por

organizações Governamentais. Ao identificar e avaliar as ameaças,

aqueles que realizam a avaliação não precisam recorrer a projeções de

piores cenários possíveis para orientar o planejamento e a alocação de

recursos.

15.10 A PFSA deve incluir uma avaliação realizada em consulta com as

organizações nacionais de proteção relevantes para determinar:

1. Quaisquer aspectos particulares das instalações portuárias, incluindo

o tráfego de navios que utilizam as instalações, os quais as tornam

passíveis de serem alvos de um ataque;

2. As possíveis consequências de um ataque nas instalações portuárias

em termos de perda de vidas, danos a propriedades, danos econômicos,

incluindo interrupção dos sistemas de transporte.

3. A capacidade e intenções daqueles passíveis de planejar tal ataque;

e

4. Os possíveis tipos de ataques, realizando uma avaliação completa do

nível de risco contra o qual as medidas de proteção têm que ser

desenvolvidas.

15.11 A PFSA deve considerar todas as ameaças possíveis, as quais

podem incluir os seguintes tipos de incidentes de proteção:

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1. Danos às instalações portuárias e aos navios ou destruição dos

mesmos, por exemplo, através de explosivos, incêndio criminoso,

sabotagem ou vandalismo;

2. Sequestro ou captura do navio ou de pessoas a bordo;

3. Adulteração de cargas, sistemas ou equipamentos essenciais do

navio ou de provisões do navio;

4. Acesso ou uso não autorizado, incluindo a presença de

clandestinos;

5. Tráfico de armas ou equipamentos, incluindo armas de destruição

em massa;

6. Uso do navio para transportar pessoas que pretendem causar um

incidente de proteção e seus equipamentos;

7. Uso do navio em si como uma arma ou como um meio de causar

danos ou destruição;

8. Bloqueio; de entradas dos portos, comportas, aproximações, etc.; e

9. Ataque nuclear, biológico e químico.

15.12 O processo deve envolver consultas com as autoridades

relevantes em relação a estruturas adjacentes às instalações portuárias

que possam causar danos dentro das instalações ou serem utilizadas

para causar danos às instalações ou para observação ilícita das

instalações ou para desviar a atenção.

Das diretrizes acima podemos concluir:

1- Que os incidentes de proteção devem ser identificados ao se levar em

conta a ameaça que podem causar aos bens móveis e à infraestrutura, e os

métodos para a sua execução.

2- Que esses incidentes devem ser confrontados com as possíveis

vulnerabilidades dos ativos identificados (bens móveis e infraestrutura), para

que seja possível estabelecer e priorizar os requisitos de proteção.

3- Que na identificação das ameaças podem ser incluídos os incidentes de

proteção citados no item 15.11 (citado acima).

4- Que devem ser consultadas organizações nacionais de proteção e

autoridades para atender ao que está disposto nos itens 15.10 e 15.12 das

diretrizes do ISPS Code.

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Para a identificação das evidências de conformidade faz-se necessário

observarmos os seguintes pontos:

Identificação de possíveis ameaças

Um aspecto que merece destaque com relação à identificação das ameaças,

entendidas aqui como incidentes de proteção (ISPS Code), é que a avaliação

de risco não deve limitar-se aos incidentes descritos no item 15.11 da parte B

do ISPS Code, mas incluir outros tipos de ameaças que fazem parte do

cotidiano de qualquer organização.

Como podemos verificar, os incidentes citados no item 15.11 da parte B do

ISPS Code servem como um referencial, e limitarmo-nos apenas a esses

incidentes é abrir um campo de possibilidades de termos uma avaliação de

risco vulnerável, uma vez que outros incidentes não relacionados são

verdadeiras ameaças aos negócios de uma instalação portuária, pois, ao se

concretizarem, podem vir a interromper as suas atividades com danos de difícil

reparação.

Exemplificando: A interrupção do fornecimento de energia (incidente não

previsto no ISPS Code) pode ser decorrente de uma descarga elétrica (raio)

que, devido a uma falha no equipamento (para-raios), danifique a subestação

de energia; pode ser decorrente de uma ação intencional se provocar a

ruptura do cabo condutor, ou um dano provocado pelo acesso sem proteção à

sala da subestação. Esse simples evento pode interromper as atividades de

uma instalação portuária e interferir na eficácia do sistema de proteção.

A evidência de conformidade é constatada ao se identificarem os possíveis

atos (incidentes e ameaças) em cada bem móvel e infraestrutura, identificados

como sendo importante proteger.

Exemplificando: O subitem 2 do item 15.7 diz que os bens móveis e a

infraestrutura que devem ser considerados podem incluir equipamentos para

manuseio de cargas. O portêiner é um equipamento importante e estratégico

para um terminal de contêiner (TECON). A interrupção de sua atividade pode

decorrer da falta de energia, de modo acidental ou intencional. O evento

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(ameaça) erro ou falha não é contemplado no ISPS Code, mas é factível, e

pode e deve ser considerado. Não considerar os atos (incidentes e ameaças)

para esse equipamento, é não atender ao ISPS Code, por não observar o item

15.7 e o 15.9.

No exemplo acima, fica evidenciada a necessidade de aferição da

conformidade, combinando os itens 15.7 e 15.9 da parte B do código. É ter a

constatação, no processo, da identificação do ativo e das ameaças específicas

para esse ativo. É ter como premissa que as possibilidades e os impactos

variam entre ativos diferentes. Daí a diligente observação quanto aos métodos

de avaliação de riscos, pois não devem ser aceitos métodos que considerem a

possibilidade da concretização do evento em si, como um todo para uma

instalação portuária, pois essa não é a intenção do código. Nesses casos, a

avaliação é vulnerável e não aponta as evidências de conformidade com os

itens 15.7 e 15.9 da parte B do ISPS Code.

Identificação da probabilidade de ocorrência das ameaças

Outro ponto nesse domínio do ISPS Code é o de se estabelecer a possibilidade

de sua ocorrência.3 A evidência de conformidade é intrínseca ao processo,

quando são analisadas a possibilidade, a consequência e a vulnerabilidade, de

acordo com o item 1.17 das diretrizes do código. Entretanto, não é possível

aceitar uma aferição apenas pela observação do especialista, pois carece de

indicador objetivo, que será ponto de confrontação do fato com o critério do

exame (item do ISPS Code).

A fim de estabelecer e priorizar medidas de proteção

Como foi visto, o título deste item do ISPS Code diz: “identificação de

possíveis ameaças a bens móveis e infraestrutura e da probabilidade de sua

ocorrência a fim de estabelecer e priorizar medidas de proteção”.

Sabemos que o processo de avaliação de risco possui três etapas: a

identificação das ameaças, a análise dos riscos e a avaliação dos riscos. 3 Observemos que o texto dos itens desse domínio não trata da identificação ou valoração da probabilidade de sua ocorrência. Entretanto, o título do domínio faz referência, textualmente, à “probabilidade de sua ocorrência”. Os termos probabilidade e possibilidade são sinônimos, segundo os dicionários da língua portuguesa.

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Quando identificamos as ameaças e a possibilidade de sua ocorrência,

adentramos na análise do risco.

A análise de riscos desenvolve um entendimento sobre os riscos e os seus

impactos, no sentido de sugerir as melhores estratégias para o seu

tratamento. O objetivo maior da análise é poder segregar os riscos de maiores

impactos, a fim de tornar possível a eliminação do que puder ser eliminado, e

reduzir ou transformar em níveis menores aqueles que não puderem ser

eliminados, ou transferi-los para outras partes.

Três fatores são fundamentais na fase de análise dos riscos: os controles, a

possibilidade e as consequências.

O fator consequência (impacto) baseia-se na valoração do ativo e da sua

importância para as atividades de negócios. Sua análise deve levar em

consideração os critérios estabelecidos para se avaliarem os impactos, o que,

para se alcançar a conformidade com o ISPS Code, deve considerar (item

15.5, parte B): a perda potencial de vidas, a importância econômica do porto,

seu valor simbólico e a presença de instalações governamentais. O fator

possibilidade, como o próprio nome já o diz, deve estar baseado na

possibilidade de a ameaça se concretizar. O fator controle4 tem como base a

avaliação da vulnerabilidade dos controles.

A análise de riscos é a fase na qual ocorre o estudo detalhado de cada risco e

a sua inter-relação com os controles e suas vulnerabilidades. É o que pode ser

chamado de estudo do risco propriamente dito. O seu resultado apresenta um

ranking dos principais riscos que devem ser tratados, ou seja, que devem ser

priorizados pelas medidas de proteção.

Com essa classificação, inicia-se a etapa da avaliação do risco analisado

para se estabelecerem as medidas de tratamento dos riscos, as quais são

materializadas em medidas de controle, que no caso específico serão as

medidas de proteção.

4 Os controles são materializados em normas, processos, procedimentos e práticas, dentre outros, que compõem todo o arcabouço de uma infraestrutura voltada para a proteção da instalação portuária.

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3- Identificação, seleção e priorização de contramedidas e alterações

nos procedimentos e seu nível de eficácia quanto à redução de

vulnerabilidade

A parte B do código, nos itens 15.13 e 15.14, estabelece as seguintes

diretrizes:

15.13 A identificação e priorização de contramedidas tem o objetivo de

assegurar que sejam empregadas as medidas de proteção mais eficazes

para reduzir a vulnerabilidade de uma instalação portuária ou da

interface navio/porto a possíveis ataques.

15.14 As medidas de proteção devem ser selecionadas com base em

fatores, tais como, se reduzem a probabilidade de um ataque, e devem

ser avaliadas utilizando-se informações que incluam:

1. Vistorias, inspeções e auditorias relacionadas à proteção;

2. Consultas com proprietários e operadores de instalações portuárias e

com proprietários/operadores de estruturas adjacentes, se apropriado;

3. Informações relativas ao histórico de incidentes de proteção; e

4. Operações dentro das instalações portuárias.

Como podemos observar nos itens acima, as contramedidas devem ter por

objetivo ser eficazes na redução das vulnerabilidades (15.13) para um possível

ataque. Devem ser avaliadas (15.14) levando em consideração as informações

que incluam todos os subitens desse item do código. A evidência de

conformidade é a própria medida identificada. Essas medidas geralmente são

estabelecidas com o objetivo de ser eficazes, e a aferição da eficácia de uma

medida só deve ser feita após determinado prazo da implantação. Essa

aferição deverá ser feita quando da realização das auditorias.

Um ponto a ser observado tem relação com o item 16.9 da parte B do ISPS

Code, o qual estabelece que as medidas de proteção devem cobrir: o acesso

às instalações portuárias, as áreas de acesso restrito dentro das instalações

portuárias, o manuseio de cargas, a entrega das provisões do navio, o

manuseio de bagagens desacompanhadas e o monitoramento da proteção das

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instalações portuárias. Se tais medidas não alcançarem esse item do código,

não se poderá falar em conformidade.

4- Identificação de vulnerabilidades

A parte B do código, nos itens 15.15 e 15.16, estabelece as seguintes

diretrizes:

15.15 A identificação de vulnerabilidades em estruturas físicas, sistemas

de proteção de pessoal, processos ou outras áreas que possam levar a

um incidente de proteção pode ser usada para estabelecer opções para

eliminar ou atenuar tais vulnerabilidades. Por exemplo, uma análise

pode revelar vulnerabilidades nos sistemas de proteção das instalações

portuárias ou infraestruturas não protegidas, tais como abastecimento

de água, pontes, etc., que podem ser resolvidas através de medidas

físicas, por exemplo, barreiras permanentes, alarmes, equipamentos de

vigilância, etc.

15.16 A identificação de vulnerabilidades deve incluir a consideração de:

1. Acesso às instalações portuárias por água e por terra e navios

atracados nas instalações;

2. Integridade estrutural dos ancoradouros, instalações e estruturas

relacionadas;

3. Medidas e procedimentos existentes de proteção, incluindo sistemas

de identificação;

4. Medidas e procedimentos existentes de proteção com relação a

serviços portuários e empresas de utilidades públicas;

5. Medidas para proteger equipamentos de rádio e de

telecomunicações, serviços portuários e empresas de utilidades públicas,

incluindo sistemas e redes de informática;

6. Áreas adjacentes que possam ser exploradas durante ou para um

ataque;

7. Acordos existentes com companhias privadas de proteção que

forneçam serviços de proteção em terra/na água;

8. Quaisquer políticas conflitantes entre as medidas e procedimentos de

segurança e proteção;

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9. Quaisquer conflitos entre as instalações portuárias e a atribuição de

deveres relativos à proteção;

10. Quaisquer limitações no tocante ao pessoal e à implementação;

11. Quaisquer falhas identificadas durante os treinamentos e

simulações; e

12. Quaisquer falhas identificadas durante as operações rotineiras, após

a ocorrência de incidentes ou alertas, relatórios de preocupações

relativas à proteção, exercício de medidas de controle, auditorias, etc.

A evidência de conformidade consiste em identificar se foi considerado o

estabelecido no item 15.16 da parte B do ISPS Code.

Uma observação especial com relação a essa etapa é que ela será executada

na fase de análise de riscos, conforme foi visto anteriormente, pois a

identificação de vulnerabilidade faz parte da etapa de análise de riscos.

Conclusão

Como foi visto, o processo de avaliação de riscos envolve a identificação, a

análise e a avaliação dos riscos, e o ISPS Code afirma que esse processo deve

considerar as ameaças, as vulnerabilidades e as suas consequências, ao

estabelecer um conjunto de requisitos e diretrizes para que a avaliação possa

ser atestada como em conformidade com ele (código).

A adequação do processo ao código ocorre ao se evidenciar que os requisitos e

as diretrizes foram contemplados na realização da avaliação, ou seja, é dizer,

confirmar, atestar que a avaliação de riscos está em conformidade com os

requisitos e diretrizes do ISPS Code. Tecnicamente falando, é quando as

evidências objetivas são identificadas para a aprovação da avaliação pela

autoridade competente.

A filosofia das certificações passa sempre pela adequação do padrão, modelo,

objeto, processo, etc. a um referencial, geralmente caracterizado nos critérios

normativos, como é o caso do ISPS Code. Em se falando de certificação, o

elemento de comparação (critério de conformidade) é o próprio código,

materializado nas evidências objetivas de conformidade com os requisitos e

diretrizes estabelecidos apenas nele.

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Não devemos atestar a conformidade com o código tomando por base outra

norma (interpretativa ou não). Se assim o fizermos, essa aprovação ou

atestado de conformidade abrigará vícios formais, e a prova disso é a falta da

evidência objetiva em relação ao critério de conformidade, que é o ISPS Code.

Entretanto, outras normas podem surgir para auxiliar no exame do

certificador, mas não para ser o referencial de conformidade para com o

código. Quando isso acontecer, o certificador deve trabalhar com dois

parâmetros: o ISPS Code e a norma auxiliar. As evidências de conformidade

são para as duas normas, separadamente, ou seja, deve-se atestar a

conformidade com o ISPS Code e a conformidade com a norma auxiliar. No

entanto, se a conformidade é para com o código, entendemos que basta o

ISPS Code.

O papel do ente certificador é o de atestar a conformidade com o ISPS Code

ao identificar as evidências objetivas de que a avaliação de riscos atende aos

requisitos e diretrizes estabelecidos no código, pois ele é o instrumento

balizador de todo o processo.

Um ponto é pacífico: a adequação aos requisitos e diretrizes estabelecidos no

ISPS Code passa pela conscientização e profissionalização de todas as pessoas

envolvidas nesse importante processo de certificar.

Um desafio é proposto: verificar a adequação da avaliação de riscos de sua

instalação portuária para atestar a conformidade com os requisitos e diretrizes

do ISPS Code (em anexo um checklist para auxiliar na verificação).

Um resultado é esperado: a conformidade com o ISPS Code.

Marcus Leal Dantas [email protected]

É autor dos livros: Avaliação de riscos em instalações portuárias; Auditoria em instalações portuárias; Segurança preventiva: conduta inteligente do cidadão; e Segurança da informação: uma abordagem focada em gestão de riscos.

Livros disponíveis para download em http://www.marcusdantas.com.br/publicacoes.html

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ANEXO I – DESAFIO

O desafio a seguir tem por objetivo verificar a adequação da avaliação de riscos de sua instalação portuária para atestar a

conformidade com os requisitos e diretrizes do ISPS Code.

O checklist a seguir foi elaborado adotando como referência cada item de domínio do ISPS Code relacionado às avaliações

de riscos (requisitos e diretrizes). Para o nosso objetivo didático, adotamos a mesma sequência do ISPS Code para esses

itens de verificação.

Ratificamos que esta verificação diz respeito à conformidade com o ISPS Code. Já para a conformidade com as Resoluções

da CONPORTOS, o exame deverá adotar como referência essas resoluções, e em especial as Resoluções CONPORTOS

07/2003 e 10/2003.

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INSTALAÇÃO PORTUÁRIA:

NOME: VERIFICAÇÃO DATA:

OBJETIVO DO EXAME: Verificar a conformidade da avaliação de riscos de acordo com os requisitos e diretrizes do ISPS Code. REFERÊNCIA: ISPS Code

AUDIT CHECKLIST- ISPS Code- Parte A

RESULTADOS ISPS Code

VERIFICAÇÃO

Comentários C/NC

15 AVALIAÇÃO DE PROTEÇÃO DAS INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS

15.1 A avaliação da proteção das instalações portuárias é parte integral e essencial do processo de

elaboração e atualização do plano de proteção das instalações portuárias. (verificar se o PSPP foi

atualizado com base em nova avaliação de riscos)

15.2 A avaliação de proteção das instalações portuárias deverá ser executada pelo Governo

Contratante em cujo território a instalação portuária esteja localizada. Um Governo Contratante

poderá autorizar uma organização de proteção reconhecida a executar a avaliação de proteção

das instalações portuárias para uma determinada instalação portuária localizada em seu

território. (ver item 15.1 da parte B)

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15.2.1 Quando a avaliação de proteção das instalações portuárias tiver sido executada por uma

organização de proteção reconhecida, deverá ser revisada e aprovada, para fins de cumprimento

aos requisitos desta seção, pelo Governo Contratante em cujo território a instalação portuária

esteja localizada. (ver item 15.2 da parte B)

15.3 As pessoas responsáveis pela execução da avaliação deverão ter os conhecimentos adequados

para avaliar a proteção da instalação portuária de acordo com o previsto nesta seção, levando

em conta as diretrizes constantes da Parte B deste Código. (ver item 15.4 da parte B)

15.4 As avaliações da proteção das instalações portuárias deverão ser revisadas e atualizadas

periodicamente, levando em conta mudanças nas ameaças e/ou pequenas alterações na

instalação portuária, e deverão ser revisadas e atualizadas sempre que ocorreram mudanças de

vulto na instalação portuária.

Obs: Caso a instalação portuária tenha realizado alguma alteração, como uma

ampliação, dentre as recomendações de sua verificação, deverá constar a realização de

nova avaliação de riscos.

A avaliação da proteção das instalações portuárias deverá incluir, pelo menos, os seguintes

elementos:

5. Identificação e avaliação de bens móveis e infraestrutura relevantes, os quais

são importantes proteger; (ver itens 15.5 a 15.8 da parte B)

6. Identificação de possíveis ameaças a bens móveis e infraestrutura e a

probabilidade de sua ocorrência, a fim de estabelecer e priorizar medidas de

proteção; (ver itens 15.9 a 15.12 da parte B)

15.5

7. Identificação, seleção e priorização de contramedidas e alterações nos

procedimentos e seu nível de eficácia quanto à redução de vulnerabilidade; e

(ver itens 15.13 e 15.14 da parte B)

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8. Identificação de fraquezas, incluindo fatores humanos, na infraestrutura, planos

de ação e procedimentos. (ver itens 15.15 e 15.16 da parte B)

15.6 O Governo Contratante poderá permitir que uma avaliação da proteção das instalações

portuárias cubra mais de uma instalação portuária se o operador, a localização, a operação, os

equipamentos e o projeto destas instalações portuárias forem semelhantes. Qualquer Governo

Contratante que permita tal procedimento deverá comunicar à Organização os detalhes do

mesmo.

15.7 Após a conclusão da avaliação da proteção das instalações portuárias, um relatório deverá ser

preparado, consistindo de um resumo sobre como a avaliação foi executada, uma descrição de

cada ponto vulnerável descoberto durante a avaliação e uma descrição de contramedidas que

poderiam ser utilizadas para resolver cada ponto de vulnerabilidade. O relatório deverá ser

protegido contra o acesso ou divulgação não autorizada.

AUDIT CHECKLIST- ISPS Code- Parte B

RESULTADOS Item

VERIFICAÇÃO

(Domínio do ISPS Code) Comentários C/NC

AVALIAÇÃO DE PROTEÇÃO DAS INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS (item 15.1 a 15.16 do ISPS)

15.1

A avaliação da proteção foi realizada por uma Organização de Proteção Reconhecida

(RSO)? Qual? (verificar documentação da RSO e do técnico que a realizou)

O Governo contratante revisou a avaliação de proteção?

Foi utilizada uma RSO para essa revisão?

15.2

Esta RSO tem relação com a RSO encarregada de executar a avaliação de proteção?

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A avaliação alcançou os seguintes elementos: (verificar a documentação e identificar

os itens no relatório da avaliação de riscos)

a) Proteção física

b) Integridade estrutural

c) Sistemas de proteção de pessoal

d) Programas de procedimentos

e) Sistemas de rádio e de telecomunicações, incluindo sistemas e redes de

informática

f) Infraestrutura de transporte relevante

g) Utilidades públicas

15.3

h) Outros elementos que possam caso danificados ou utilizados para observação

ilícita, apresentar um risco a pessoas, propriedade ou operações dentro da

instalação portuária.

Foi necessária a participação de especialistas para ajudar na elaboração da avaliação

de proteção?

15.4

Esse especialista comprovou a sua capacidade técnica? (checar documentação)

Identificação e avaliação da infraestrutura e dos bens móveis que são importantes proteger

Na identificação e avaliação da infraestrutura e dos bens móveis foi estabelecido um

nível de importância para a instalação portuária?

15.5

Foram consideradas a perda potencial de vidas, a importância econômica do porto e

o seu valor simbólico, e a presença de instalações governamentais?

15.6 Foi priorizada a importância relativa dos bens móveis e infraestrutura para a proteção?

(verificar o critério utilizado para tal priorização)

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Teve como objetivo principal evitar mortes e lesões corporais?

Foi considerado o funcionamento da instalação portuária sem tais bens (ativos) e a

capacidade de recuperação do incidente de proteção?

Foram considerados na identificação e avaliação da infraestrutura e bens móveis os

seguintes itens: (identificar no relatório e papéis de trabalho da avaliação)

a) Áreas de acesso, entradas, aproximações, ancoragem, manobras e atracação

b) Instalações de cargas, terminais, áreas de armazenagem e equipamentos para

manuseio de cargas

c) Sistemas de distribuição elétrica, sistemas de rádio e telecomunicações e

sistemas e redes de informática

d) Sistemas de gestão de tráfego de navios no porto e sistemas de auxílio à

navegação

e) Instalação de energia, tubulação de transferência de cargas e abastecimento

de água

f) Pontes, ferrovias, estradas

g) Embarcações de serviços portuários

h) Sistemas e equipamentos de proteção e vigilância

15.7

i) Águas adjacentes às instalações portuárias

Identificação das possíveis ameaças aos bens móveis e infraestrutura, e da probabilidade de sua ocorrência, a fim de

estabelecer e priorizar medidas de proteção

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Possíveis atos que possam ameaçar a proteção de bens móveis e infraestrutura e os

métodos utilizados para sua execução foram identificados para avaliar a

vulnerabilidade de um determinado bem móvel ou local em relação a um incidente de

proteção?

15.9

Esses atos foram considerados na priorização dos requisitos de proteção a fim de

permitir o planejamento e a alocação de recursos?

15.10

Foram realizadas consultas com as organizações nacionais de proteção para

determinar:

a) Aspectos particulares das IP, incluindo o tráfico de navios que utilizam as

instalações, os quais as tornam passíveis de serem alvos de um ataque;

b) As possíveis conseqüências de um ataque na IP em termos de perda de vidas,

danos a propriedades, danos econômicos, interrupção do sistema de transporte;

c) A capacidade e intenções daqueles passíveis de planejar tal ataque;

d) Os possíveis tipos de ataque; (neste caso verificar se foi realizada uma avaliação

completa do nível de risco contra o qual as medidas de proteção devem ser

desenvolvidas- item 4 do 15.10)

Foram incluídos os seguintes tipos de incidentes de proteção:

a) Danos às instalações portuárias e aos navios ou destruição dos mesmos;

b) Seqüestro ou captura do navio ou de pessoas a bordo;

c) Adulteração de cargas, sistemas ou equipamentos essenciais do navio ou de

provisões do navio;

d) Acesso ou uso não-autorizado, incluindo a presença de clandestinos;

15.11

e) Tráfico de armas ou equipamentos, incluindo armas de destruição em massa;

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f) Uso do navio para transportar pessoas que pretendem causar um incidente de

proteção e seus equipamentos;

g) Uso do navio em si como uma arma ou como um meio de causar danos ou

destruição;

h) Bloqueio das entradas dos portos, comportas, aproximações, etc., e

i) Ataque nuclear, biológico e químico.

Foram identificadas outras ameaças (roubo, furto, greve, sabotagem, etc.)?

Obs: Não se devem aceitar apenas os incidentes do item 15.11, mas todos os

possíveis atos (ameaças). Verificar o critério utilizado para identificação das

ameaças. Neste item de verificação a atenção é redobrada para a limitação de

incidentes que poderá deixar a avaliação vulnerável.

15.12

Foi considerada a possibilidade de outras estruturas causarem danos dentro das

instalações ou serem utilizadas para causar danos às instalações, como também

utilizada para observação ilícita ou para desviar a atenção?

Identificação, seleção e priorização de contramedidas e mudanças de procedimentos e seus níveis de eficácia na redução da vulnerabilidade

15.13

A identificação e priorização de contramedidas tomaram como base medidas de

proteção para reduzir as vulnerabilidades de uma IP ou da interface navio/porto a

possíveis ataques?

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15.14

As medidas de proteção tomaram como base as vistorias, inspeções e auditorias, o

histórico de incidentes de proteção, as operações da instalação e as consultas a seus

proprietários e operadores, informações de históricos de incidentes e das operações

dentro do terminal?

Identificação de vulnerabilidade

15.15

Foi considerada a identificação de vulnerabilidade para o estabelecimento de ações de

proteção?

Foram considerados os seguintes aspectos na identificação de vulnerabilidades:

a) Acesso às instalações portuárias por água e por terra e a navios atracados nas

instalações;

b) Integridade estrutural dos ancoradouros, instalações e estruturas relacionadas;

c) Medidas e procedimentos de proteção existentes;

d) Medidas para proteger equipamentos de rádio e de telecomunicações, serviços

portuários e empresas de utilidade pública;

e) Áreas adjacentes que possam ser exploradas durante um ataque ou para a sua

realização;

f) Acordos existentes com companhias privadas de proteção que forneçam serviços

de proteção em terra/na água;

g) Quaisquer políticas conflitantes entre as medidas e procedimentos de segurança

e proteção;

15.16

h) Quaisquer conflitos entre as instalações portuárias e a atribuição de deveres

relativos à proteção;

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i) Quaisquer limitações no tocante ao pessoal e à implementação;

j) Quaisquer falhas identificadas durante os treinamentos e simulações, bem como

falhas identificadas durante as operações rotineiras, após a ocorrência de

incidentes ou alertas, relatórios de preocupações relativas à proteção, exercício

de medidas de controle, auditorias, etc.