o princípio da equidade intergeracional

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O princípio da equidade intergeracional

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  • Artigo

    Planeta Amaznia: Revista Internacional de Direito Ambiental e Polticas Pblicas Macap, n. 2, p. 163-175, 2010

    O princpio da equidade intergeracional

    Luiz Carlos Kopes Brando1 e Carmo Antnio de Souza2 1 Mestre em Direito Ambiental e Polticas Pblicas pela Universidade Federal do Amap; Juiz de Direito do Tribunal de Justia do Estado do Amap 2 Doutor em Direito Penal pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo; Professor Adjunto da Universidade Federal do Amap; Desembargador do Tribunal de Justia do Estado do Amap

    RESUMO: Os graves problemas que assolam o planeta tornam absolutamente necessrio usar nosso meio ambiente de uma maneira compatvel com sua manuteno para as futuras geraes. Foi Edith Brown Weiss quem concebeu a teoria da equidade intergeracional, proclamando que cada gerao humana recebe da anterior o meio ambiente natural e cultural com o direito de usufruto e o dever de conserv-lo nas mesmas condies para a gerao seguinte. A Teoria de Weiss deve ser vista, sobretudo, como uma teoria deontolgica, um princpio tico a guiar nossas decises presentes para que levem em considerao o interesse daqueles ainda por nascer. Palavras-chave: Desenvolvimento sustentvel. Equidade intergeracional. Justia como equidade. Abordagem transtemporal. Edith Brown Weiss. Futuras geraes.

    ABSTRACT: The serious problems that devastate our planet make absolutely necessary the use of the environment in a way compatible with its maintenance for the future generations. Edith Brown Weiss formulated the intergenerational equity theory claiming that every human generation receives from the precedent generation the natural and cultural environment and, although entitled to use it, it is obliged to conserve it in the same conditions for the next generation. The Weiss theory must be seen as a deonthological one, a ethical principle to guide our present decisions so that they take into account the interests of those yet unborn. Keywords: Sustainable development. Intergeneracional equity. Justice as equity. Transtemporal approach. Edith Brown Weiss. Future generations.

    Introduo A partir da segunda metade do sc. XX, e mais intensamente em seu ltimo quarto,

    passou a viger, paulatinamente, uma percepo diferenciada acerca do meio ambiente, em razo de desastres ambientais e de previses catastrficas. Percebeu-se que, em funo do desordenado crescimento da populao, notadamente nos pases do ento chamado Terceiro Mundo, e do acelerado desenvolvimento da tecnologia e da industrializao, certas aes tomadas por empresas, comunidades ou pases em determinados locais poderiam no s desencadear efeitos nocivos em outras partes do

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    planeta, mas tambm afetar aqueles que quela altura sequer tivessem nascido. Como bem sintetiza Roger W. Findley (2002:12), a se acham expostas as

    caractersticas centrais dos novos problemas ambientais: [...] As trs caractersticas podem ser expressas em termos de escala: espacial, temporal e consequencial. No que tange dimenso espacial, os problemas ambientais modernos, em geral, no so locais ou mesmo nacionais, mas sim globais; so problemas de larga escala, internacionais. Relativamente segunda dimenso, tempo, tais problemas so marcados simultaneamente por contrao e expanso: contrao porque o crescimento exponencial das populaes humanas e de novas tecnologias aumenta a taxa s quais eles se desenvolvem; e expanso por conta de uma prolongada latncia em algumas instncias, e longos perodos de recuperao em outras. A latncia prolongada caracterstica de muitos tipos de cncer; 30 anos podem decorrer entre a exposio humana a uma substncia txica e o surgimento de um tumor maligno. No que diz respeito a longos perodos de recuperao, um bom exemplo o aquecimento global: os efeitos climticos que dele possam decorrer no sero revertidos por vrias geraes humanas. A terceira dimenso tem a ver com os piores cenrios, que podem ser catastrficos, irreversveis e de alcance planetrio em seu impacto1.

    Diante de um quadro dessas propores cujas implicaes integrais, frise-se, ainda hoje nos so desconhecidas fazia-se necessrio adotar um paradigma inteiramente diverso, que pudesse lidar com as novas dimenses de tempo, espao e alcance dos problemas ambientais. O movimento que da se formou viria desaguar no conceito de desenvolvimento sustentvel, hoje predominante, e que tem como uma de suas bases fundamentais o princpio da equidade intergeracional, a ser examinado a seguir.

    1 A equidade O substantivo feminino equidade, segundo o Dicionrio Aurlio da Lngua

    Portuguesa (2004), tem os seguintes significados possveis: 1. disposio de reconhecer igualmente o direito de cada um; 2. conjunto de princpios imutveis de justia que induzem o juiz a um critrio de moderao e de igualdade, ainda que em detrimento do direito objetivo; 3. sentimento de justia avesso a um critrio de julgamento ou tratamento rigoroso e estritamente legal; e 4. igualdade, retido, 1 Trad. nossa. No original: The three characteristics can be expressed in terms of scale: spatial, temporal, and consequential. Regarding the spatial dimension, modern environmental problems frequently are global, not local or even national; they are large-scale, international problems. Concerning the second dimension, time, modern problems are marked by both contraction and expansion: contraction because the exponential growth of human populations and new technologies increases the rate at wich problems develop; and expansion because of long latency in some instances, and long recovery period in others. Long latency is typical of many cancers; 30 years might pass between human exposure to a toxic chemical and a development of a malignant tumor. With respect to long recovery times, a good example is global warming: whatever climatic effects it has will not be reversed in several human lifetimes. The third dimension has to do with worst cases, which could be catastrophic, irreversible, and worldwide in their impact

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    equanimidade. Trazida a noo especificamente para o campo jusfilosfico, Alpio Silveira (apud

    DINIZ, 1993) aponta trs acepes nas quais se pode desenvolv-la: a) latssima: princpio universal da ordem normativa; razo prtica extensvel a toda

    conduta humana (religiosa, moral, social, jurdica); regra suprema de justia a que todos os homens devem obedecer;

    b) lata: identificada com a idia de justia absoluta ou ideal, com os princpios de direito, com o direito natural em todas as suas significaes; e

    c) estrita: o mesmo ideal de justia aplicado, realizado (na interpretao da norma, na sua integrao etc.)2.

    Percebe-se, em todos esses conceitos, a identificao profunda da eqidade com a prpria noo de justia, aquilo que Aristteles identificou como dar a cada um o que seu, a distribuio correta e razovel de direitos, garantias e oportunidades.

    2 As geraes futuras algumas consideraes filosficaS A preocupao com o bem-estar das futuras geraes, a despeito de sua presena

    massiva em uma srie de documentos internacionais e na literatura ambiental especializada em tempos recentes, no um conceito novo. J se fazia presente nos escritos de filsofos como Ccero, Kant, Bentham, Locke, Marx e outros (CARVALHO, 2006).

    Kant, para quem a lei moral nos ordenaria fazer do sumo bem, possvel em um mundo, o fim ltimo de toda a nossa conduta (KANT, 1966), afirmava que os homens vivem em sociedades imperfeitas, mas se esforam para aprimor-las, mesmo que no venham a usufruir dos resultados. O progresso moral, segundo ele, h de levar o homem e toda a humanidade a esse sumo bem, princpio teleolgico da natureza; mas, se o homem, por si s, no alcana tal perfeio neste mundo, a espcie humana poder alcan-la (KANT, 1981). Em outras palavras, as geraes seguintes se enriqueceriam com o aprimoramento dos talentos realizado pelas anteriores (KANT, 1986:12).

    Hobbes (2002), segundo o qual o Estado surgiu visando a proteo pessoal, ressaltou ser mortal a matria de todas as formas de governo: no apenas monarcas morrem, mas tambm assemblias inteiras. Assim, necessrio para a conservao da paz entre os homens que, do mesmo modo para a criao de um homem artificial (a sucesso do monarca), tambm teriam de ser tomadas medidas para uma eternidade artificial da vida (a perpetuao da estrutura do Estado). Caso contrrio, os homens governados por uma assemblia voltariam condio de guerra em cada gerao seguinte.

    A mesma idia acha-se presente em Locke, ainda que tendo como substrato a defesa da propriedade. Segundo ele, houve quem primeiro pusesse o governo nas mos de um s, para o bem pblico e a segurana, mas esse contrato ter-se-ia estendido no tempo, 2 Em suma, nessa acepo temos a justia no caso concreto, como princpio de hermenutica, um sentimento que subjetivo e progressivo, porm no individual, nem arbitrrio; representa o sentir de maior nmero, no o do homem que alega ou decide (MAXIMILIANO, 2002:141)

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    submetendo-se a ele, tacitamente, as geraes seguintes; sem esse arranjo, as jovens sociedades no poderiam ter subsistido (1991:258).

    3 As geraes futuras e o meio ambiente Pode-se dizer que, de certo modo, a proteo das futuras geraes na seara

    ambiental teve incio em 1916, quando foi promulgada, nos Estados Unidos, a Lei de Criao e Proteo dos Parques Nacionais, na qual se disps que era necessrio conservar a paisagem e a vida silvestre, de modo a proteg-los para o desfrute das futuras geraes (CARVALHO, 2006:352).

    No mbito internacional, a Conveno Internacional para a Regulao da Captura da Baleia, realizada em 1946, reconheceu, no 2 do Prembulo ao respectivo Tratado, que o grande recurso natural representado pelas baleias deveria ser salvaguardado para as futuras geraes (id., ibid.).

    A Conferncia da ONU sobre o Ambiente Humano, realizada na cidade de Estocolmo, Sucia, em 1972, expressou, em sua Declarao, o anseio de que tanto as geraes presentes como as futuras tenham reconhecidas como direito fundamental a vida num ambiente sadio e no degradado; e declarou, em seu Princpio 17, ser o homem portador solene da obrigao de proteger e melhorar o meio ambiente para as geraes presentes e futuras (ONU, 1972).

    Criada pela ONU, em 1983, a Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida por Gro Harlem Bruntland, divulgou, em 1987, o relatrio intitulado Nosso Futuro Comum, que veio a ser conhecido por Relatrio Bruntland. Nele se estabeleceu o conceito de desenvolvimento sustentvel, aquele que atende s necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as geraes futuras atenderem tambm s suas (CNUMAD, 1991).

    Nossa Constituio Federal vigente, promulgada em 1988, estatuiu, em seu art. 225: Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as futuras geraes.

    Importante mencionar, tambm, a Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, cuja Declarao, no Princpio 3, assentou que o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de geraes presentes e futuras (ONU, 1992).

    4 O desenvolvimento sustentvel A crescente preocupao com os riscos e limites do desenvolvimento levou vrios

    pases a realizar a Conferncia de Estocolmo, em 1972; no mesmo ano, era lanado o estudo Limites do Crescimento (Dennis Meadows e Clube de Roma), prevendo que, mantidas as condies vigentes, esses limites seriam atingidos em 100 anos, provocando diminuio drstica da populao e da industrializao.

    Em 1973, foi lanado pelo canadense Maurice Strong o conceito de ecodesenvolvimento, cujos princpios foram formulados por Ignacy Sachs. Os

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    caminhos do desenvolvimento seriam: satisfao das necessidades bsicas; solidariedade com as geraes futuras; participao da populao envolvida; preservao dos recursos naturais e do meio ambiente; elaborao de um sistema social que garantisse emprego, segurana social e respeito a outras culturas; e programas de educao (MARTINS, 2004).

    Por envolver esse conceito uma sria crtica industrializao, sofreu fortes resistncias, e os debates que se seguiram acabaram por originar, como alhures se afirmou, a noo mais palatvel de desenvolvimento sustentvel, definido pelo Relatrio Bruntland como aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras geraes satisfazerem suas prprias necessidades (CNUMAD, 1991). O Relatrio ainda ressalta que o desenvolvimento sustentvel no um estado permanente de harmonia, mas um processo de mudana, no qual a explorao dos recursos, a orientao dos investimentos, os rumos do desenvolvimento tecnolgico e a mudana institucional esto de acordo com as necessidades atuais e futuras (CNUMAD, 1991:10).

    O conceito de desenvolvimento sustentvel se insere no mbito do que se convencionou denominar antropocentrismo alargado. certo que a humanidade ainda continua como centro das preocupaes, e que na idia de preservao do meio ambiente para as futuras geraes predomina, muitas vezes, um vis puramente utilitarista. De outra parte, porm, evoluiu a percepo de que o homem no pode permanecer como senhor e destruidor dos recursos naturais, tratando a natureza como coisa de ningum, pois ela coisa de todos, e deve ser protegida no s pela sua utilidade, mas pelo seu valor intrnseco (LEITE e AYALA, 2001).

    5 O interesse das futuras geraes teorias Falar em futuras geraes, sobre pessoas indeterminadas, que no esto aqui ainda

    e no se sabe quando estaro, suscita uma srie de problemas, principalmente quando se adentra o campo do Direito, por natureza pragmtico e imediatista. Como conferir direitos a quem no tem existncia nem representao? E por que razo a humanidade, tambm pragmtica e imediatista, se preocuparia em assegurar tais direitos?

    Gillespie (apud CARVALHO, 2006) aponta duas teorias justificadoras do interesse das futuras geraes: a da abordagem transtemporal e a do observador ideal, de John Rawls.

    A abordagem transtemporal (cross-temporal argument) concebe a sociedade humana como uma corrente, e cada gerao como um elo (CARVALHO, 2006); as geraes passadas fizeram sacrifcios para permitir o bem-estar e a qualidade de vida das presentes e futuras geraes, e espera-se que estas faam o mesmo para as geraes que as sucedero.

    Para que haja essa preocupao transtemporal, todavia, necessrio que possam os indivduos de uma gerao identificar-se com os das futuras: essa noo, retirada da psicologia transpessoal3, denominada autotranscendncia. Significa que o mais 3 Enquanto as diversas correntes psicolgicas, como a psicanlise, o behaviorismo e o humanismo, p. ex., divergem em sua essncia, por apresentar diferentes vises do ser humano, a psicologia transpessoal a primeira

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    amplo bem-estar individual depende da extenso com que se possa identificar a si mesmo nos outros, sendo a identidade individual mais satisfatria aquela ajustada no s comunidade no espao, mas tambm no tempo, partindo do passado e projetando-se no futuro (CARVALHO, 2006).

    Como afirma Gillespie (apud CARVALHO, 2006:360): [...] acredita-se que as pessoas desejam que as instituies e a espcie humana permaneam alm de seu prprio tempo. O indivduo, por sua origem e natureza, transcende seu locus fsico atomstico, conduzindo-o felicidade e a um porto seguro. Essa situao pode lev-lo a assumir sacrifcios e a tomar atitudes para que seja reconhecido seu lugar na grande corrente da vida [...]. Ainda que no se saiba quem sero concretamente as pessoas da futura humanidade, devem ser consideradas potencialmente como irms na breve jornada sobre a Terra.

    Quanto a John Rawls, este, em sua obra Uma Teoria da Justia (2002), formula, a exemplo de Locke e outros predecessores, uma teoria do contrato social; em sua viso, porm, o objeto do contrato no o estabelecimento de, por exemplo, uma forma de sociedade ou de governo, os princpios de justia que regularo a sociedade. Uma vez que esse acordo de vontades partiria de uma posio de igualdade entre os contratantes em contraposio realidade vigente, recheada de profundas desigualdades Rawls identifica a noo de justia a presente com a eqidade.

    Rawls situa os contratantes originais, aqueles que definiro os princpios de justia estruturadores da sociedade, atrs de um vu de ignorncia, sem qualquer informao a seu prprio respeito ou acerca dos demais. Explica ele (2002:147):

    Em primeiro lugar, ningum sabe qual o seu lugar na sociedade, a sua posio de classe ou seu status social; alm disso, ningum conhece a sua sorte na distribuio dos dotes naturais e habilidades, sua inteligncia e fora, e assim por diante. Tambm ningum conhece a sua concepo do bem, as particularidades de seu plano de vida racional, e nem mesmo os traos caractersticos de sua psicologia, como por exemplo sua averso ao risco ou sua tendncia ao otimismo ou ao pessimismo. Mais ainda, admito que as partes no conhecem as circunstncias particulares de sua prpria sociedade. Ou seja, elas no conhecem a posio econmica e poltica dessa sociedade, ou o nvel de civilizao e cultura que ela foi capaz de atingir. As pessoas na posio original no tm informao sobre a qual gerao pertencem.

    Por outro lado, as pessoas nessa condio conhecem os fatos genricos sobre a sociedade humana. Elas entendem as relaes polticas e os princpios da teoria econmica; conhecem a base da organizao social e as leis que regem a psicologia humana (id., 148). Em suma, sabem as consequncias que suas decises poderiam tentativa de integrar essas vises em uma mais ampla e abrangente, onde as divergncias de opinio no sejam mais entendidas como antagonismos, mas como aspectos complementares e no-excludentes do mesmo objeto de estudo. A psicologia transpessoal ocupa-se de capacidades humanas que esto alm da esfera do ego, e, em sua abordagem, procura integrar todo o potencial humano que est ainda por desenvolver. Essas capacidades potenciais esto relacionadas existncia de estados superiores de conscincia, ainda desconhecidas para a maior parte da humanidade. O caminho para atingir esses estados seria a autotranscendncia, ou superao do ego individual (Pedrassoli, 2006).

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    ter; s no tm condies de discernir como elas prprias sero afetadas por isso. O resultado disso que cada contratante, podendo identificar-se com todo e

    qualquer membro da sociedade, procuraria escolher racionalmente princpios que pudessem beneficiar a todos ou, ao menos, que causassem o menor grau de prejuzo, propiciando direitos e deveres iguais, exatamente para evitar que pudesse ser atingido por arbitrariedades ou disparidades. Dificilmente algum acolheria como forma de governo a tirania, diante da maior possibilidade de ser o oprimido que o tirano, ou um sistema de privilgios para os dotados de maior renda, j que poderia encontrar-se na base da pirmide econmica e no no topo.

    E qual a relao da teoria com as futuras geraes? Note-se que, como ressaltou Rawls, na posio original no teria o contratante sequer noo da gerao a que pertenceria. Logo, os princpios de justia escolhidos teriam de mostrar-se igualitrios no s para as geraes presentes, como tambm para as futuras, em qualquer tempo; na verdade, como afirma ele, encontrando-se todas as geraes j representadas virtualmente na posio original, o mesmo princpio seria escolhido para todas: Uma deciso idealmente democrtica resultar, deciso que equitativamente ajustada s reivindicaes de cada gerao e portanto satisfaz o princpio segundo o qual o que diz respeito a todos a todos interessa (RAWLS, 2002:321-2).

    Por bvio, no houve, em um momento preciso, um contrato tal como acima descrito. A teoria da justia como equidade e o prprio Rawls faz questo de frisar isso uma teoria deontolgica, uma concepo a partir da qual se pode atuar com imparcialidade, mesmo entre pessoas pertencentes a diferentes geraes, uma forma de pensamento e sentimento que as pessoas racionais poderiam adotar dentro do mundo (RAWLS, 2002). E arremata ele: A pureza de corao, se pudssemos atingi-la, consistiria em ver isso claramente e agir com graa e controle em virtude desse entendimento (RAWLS, 2002:655).

    6 A teoria da equidade intergeracional Edith Brown Weiss Edith Brown Weiss, professora de Direito Internacional do Georgetown University

    Law Center, desenvolveu a teoria da equidade intergeracional, a qual, em sntese, preconiza que as geraes humanas, no importa em que poca vivam, tm iguais direitos ao meio ambiente, razo pela qual as presentes devem conserv-lo e repass-lo s seguintes nas mesmas condies em que o receberam.

    Como se j se mencionou, esse princpio est no cerne da noo de desenvolvimento sustentvel. Consoante afirma Weiss, o desenvolvimento sustentvel essencialmente intergeracional porque implica em usarmos o meio ambiente de uma maneira compatvel com sua manuteno para as futuras geraes (2007b).

    Explica Weiss (2007a): Ns detemos o ambiente natural e cultural do planeta em condomnio com todos os membros da espcie humana: geraes passadas, presentes e futuras. Como membros da presente gerao, ns conservamos a Terra como depositrios para as geraes futuras. Ao mesmo tempo, ns somos beneficirios autorizados a us-la e colher os benefcios desse uso. Ns tambm somos parte do sistema natural,

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    e como as mais sencientes criaturas vivas, temos a responsabilidade especial de proteger sua resilincia e integridade4;5.

    Weiss (2007b) v razes da equidade intergeracional em boa parte das tradies culturais e legais do mundo, como a judaico-crist, a islmica, a lei costumeira africana e as tradies no-testas asiticas; e tambm no Direito Internacional Pblico, como, por exemplo, no Prembulo da Declarao Universal dos Direitos Humanos6, na Carta das Naes Unidas7, na Conveno Internacional sobre Direitos Civis e Polticos8 e em outros documentos.

    Trs so os princpios bsicos em que se funda a teoria (WEISS, 2007a e 2007b): a) conservao das opes: cada gerao deve conservar a diversidade da base de

    recursos naturais e culturais, de modo a no restringir as opes disponveis para as futuras geraes resolverem seus problemas e satisfazerem seus prprios valores; e deve receber essa diversidade em condies comparveis quelas usufrudas pelas geraes anteriores;

    b) conservao da qualidade: cada gerao deve manter a qualidade do planeta de modo a no repass-lo em piores condies que aquelas em que o recebeu, e deve poder usufruir de uma qualidade comparvel quela desfrutada pelas geraes anteriores; e

    c) conservao do acesso: cada gerao deve prover seus membros com iguais direitos de acesso ao legado das geraes passadas e conservar esse acesso para as futuras geraes.

    Advoga ela, a partir desses princpios, a formulao de direitos e obrigaes intergeracionais. Carvalho (2006), lembrando que uns e outros so faces da mesma moeda, ou seja, cada gerao seria possuidora do direito de receber e da obrigao de repassar o planeta em condies no inferiores s recebidas pelas geraes prvias. Esse autor arrola as obrigaes delineadas por Weiss: a) conservar os recursos de forma a manter suficiente diversidade para preservar as opes futuras; b) assegurar a todas as geraes acesso equitativo aos recursos; c) evitar impactos adversos pelas presentes aes, de modo a transmitir o planeta em to boas condies como as em que foi recebido; d) prevenir desastres, minimizar danos e providenciar assistncia emergencial; e) recompor e compensar os danos ambientais. Lembra, tambm, que a UNESCO, aps longa discusso, aprovou, em sua 29 reunio, ocorrida em Paris de 21/10 a 12/11/1997, a Declarao de Responsabilidades das Geraes Atuais para com as Geraes Futuras.

    Carvalho (2006) menciona, ainda, dois casos exemplificativos da aplicao do 4 Trad. nossa. No original: We hold the natural and cultural environment of our planet in common with all members of the human species: past, present, and future generations. As members of the present generation, we hold the earth in trust for the future generations. At the same time, we are beneficiaries entitled to use and benefit from it. We are also part of the natural system, and as the most sentient of living creatures, we have a special responsibility to protect its robustness and integrity. 5 Essa e outras transcries a seguir, conquanto literais, no trazem a numerao das pginas porque retiradas de artigos publicados na Internet, os quais, nesses casos, em vista da formatao adotada, no contm esse dado. 6 Todos os membros da famlia humana [...], sem delimitao temporal. 7 Ns, os povos das Naes Unidas, determinados a preservar as geraes futuras do flagelo da guerra [...]. 8 Prembulo: [...] o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da famlia humana [...].

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    princpio da equidade intergeracional no campo legal. No primeiro deles, E.H.P. vs. Canada, os habitantes de uma cidade canadense apresentaram uma petio ao Comit de Direitos Humanos da ONU alegando que 200.000 toneladas de lixo radioativo ali deixadas pelo governo constituam sria ameaa vida das presentes e futuras geraes; conquanto o Comit tenha ressalvado a relevncia do caso, no apreciou seu mrito, uma vez que, conforme declarou, no se teriam exaurido os recursos processuais internos.

    O segundo caso, Minors Oposa vs. Factoran, frequentemente citado na literatura jurdico-ambiental9. Um grupo de menores, representados por seus pais e declarando atuar em nome de sua gerao e tambm das futuras, ajuizou na Suprema Corte das Filipinas uma ao civil em face do Secretrio do Departamento do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais requerendo o cancelamento de todas as licenas para explorao de madeira (Timber License Agreements TLA) e a proibio do processamento e da expedio de novas licenas, sob o argumento de que o desmatamento acarretava graves danos ambientais. Westra (2007) transcreve o fundamento central da deciso da Suprema Corte:

    Os menores peticionantes asseveram representar tanto sua gerao quanto as geraes ainda no nascidas. No vemos dificuldade em assentar que eles podem, em seu nome, no de outros de sua gerao e em nome de geraes futuras, ajuizar uma ao civil. Sua legitimao para atuar no interesse das geraes futuras s pode basear-se no conceito de responsabilidade intergeracional no que diz respeito ao direito a um meio ambiente equilibrado e saudvel10.

    possvel perceber um forte elo entre a teoria da justia como equidade de Rawls e a teoria da equidade intergeracional. Ao proclamar a existncia de um vnculo, uma parceria entre geraes, pondera Weiss (apud WARREN, 2004):

    Nessa parceria, nenhuma gerao sabe de antemo quando ser a gerao presente, quantos membros ter, ou mesmo quantas geraes existiro ao todo. Se ns adotamos a perspectiva de uma gerao que postada em algum lugar ao longo do espectro temporal mas ao mesmo tempo no sabe previamente onde isso se dar, essa gerao querer herdar a Terra pelo menos em uma condio to boa quanto a experimentada por qualquer gerao anterior e ter um acesso to bom quanto as geraes anteriores [...].11

    Essa teoria no est isenta de crticas. Relacionamos, a seguir, algumas. 9 Ver, dentre outros, alm de Carvalho (2006): Weiss (1997a); Westra (2007); e Yeh (2007). 10 Trad. nossa. No original: Petitioners minors assert that they represent their generation as well as generations yet unborn. We find no difficult in ruling that they can, for themselves, for others of their generation, and for succeeding generations, file a class suit. Their personality to sue on behalf of the succeeding generations can only be based on the concept of intergenerational responsibility insofar as the right to a balanced and healthful ecology is concerned. 11 Trad. nossa. No original: In this partnership, no generation knows beforehand when it will be living generation, how many members it will have, or even how many generations there will ultimately be. If we take the perspective of a generation that is placed somewhere along the spectrum of time but does not know in advance where there will be located, such a generation would want to inherit the Earth in at least as good condition as it has been in for any previous generation and to have as good access to it as previous generations [].

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    Paul Barresi (apud YEH, 2007) sustenta que ela falha em responder: a) com base em que teoria se poderia concluir que os povos do mundo abandonariam a ordem legal vigente em favor de outra que proporcionasse equidade intergeracional em assuntos ambientais? e b) o quanto um ordenamento baseado em tal teoria diferiria da proposta por Weiss? Ele sustenta ser frgil o argumento de que a equidade se assentaria em tradies legais ou religiosas, e sugere que a resposta para a questo por que devemos nos preocupar com as futuras geraes? repousa na biologia, mais especificamente na gentica: os indivduos, quaisquer que sejam, so geneticamente programados para fazer o que for necessrio para perpetuar sua espcie, e ns, humanos, no diferiramos nisso. Assim, nossa preocupao com as futuras geraes tende a variar na mesma proporo em que percebemos esses indivduos como geneticamente relacionados a ns. Embora sob um diferente fundamento, percebe-se, nesse autor, a mesma viso encampada pela teoria transtemporal: a da identificao entre indivduos de diferentes geraes.

    Alder e Wilkinson (apud WARREN, 2004), por sua vez, consideram o princpio da conservao da qualidade uma exigncia de impossvel implementao, j que, vista a moralidade como uma questo de dar e receber, surgiria a pergunta: o que as futuras geraes fizeram por ns? Em vista disso, eles propem uma abordagem distinta da equidade intergeracional como exemplo de tica da virtude: ns teramos um sentimento de gratido para com nossos predecessores e, assim, manifestaramos uma responsabilidade paternalista pelas geraes vindouras. Em grau de abstrao, porm, esse argumento no diverge muito do proposto por Weiss.

    Por fim, Carvalho (2006), fundado em Macelli e outros autores, elenca alguns bices defesa das futuras geraes: a) elas se encontrariam rio abaixo na corrente da vida, sujeitas s transformaes cumulativas do meio ambiente e limitao de suas opes e recursos pelas geraes anteriores; b) elas careceriam de representao no presente, pelo que no poderiam influir nas decises que, tomadas hoje, viessem a afetar seu bem-estar; c) elas no possuiriam existncia oficial e, portanto, estariam fora do mbito de preocupao dos eleitores; d) embora se saiba que por muito tempo haver novas geraes de pessoas, no se pode apontar uma pessoa em particular que v existir no futuro, o que acarreta indefinio acerca de seus direitos e interesses; e) geraes futuras remotas podem situar-se em tempo muito distante da gerao atual, o que diminui, at pela falta de conexo emocional, a nossa capacidade de cuidar de seus interesses.

    O mesmo Carvalho (2006), todavia, aponta algumas vantagens das futuras geraes. Primeiro, cada gerao, presumivelmente, ter herdado das anteriores estoque de conhecimento maior e de melhor qualidade; segundo, partindo-se da premissa do crescimento contnuo do capital e do controle do crescimento demogrfico, cada gerao, sem que se considere a questo da distribuio desse capital, poder ser em termos genricos mais rica que a anterior; e, terceiro, h a possibilidade de que a histria, a educao, as tecnologias de comunicao e a globalizao econmica possam conduzir a espcie humana a uma unidade orgnica mais harmnica, com progressivas vantagens para cada nova gerao.

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    Planeta Amaznia: Revista Internacional de Direito Ambiental e Polticas Pblicas Macap, n. 2, p. 163-175, 2010

    Concluso Falar em equidade intergeracional, no importa quo justo e nobre possa soar aos

    nossos ouvidos, levanta mais perguntas que respostas. Algumas das indagaes listadas por Warren (2004) ao tratar do problema do lixo txico podem bem ser aplicadas a qualquer questo ambiental:

    So todas as geraes iguais? Importa que no saibamos nada sobre futuras geraes e possamos predizer menos e menos sobre elas no futuro?

    Por que deveramos levar em conta futuras geraes? Isso se situa alm do senso de dever? Acreditamos ns que futuras geraes tenham direitos?

    Estamos preocupados com o ambiente do futuro ou com as pessoas do futuro? O que mais importante para ns?

    Quantas futuras geraes deveramos considerar? Deveramos tratar todas igualmente? Haveria justificativa para um ponto de corte? E assim por diante.

    Por que deveramos nos importar? A pergunta teria efetivo sentido se, como aventa Frischmann (2007), os custos das decises que cada gerao tomasse fossem suportados por essa mesma gerao; mas, a maior parte do tempo, no isso o que acontece. Por um lado, futuras geraes podem ser encaradas como algo distante e abstrato; mas, se pensarmos que uma delas ser constituda por nossos filhos, a seguinte por nossos netos (filhos dos filhos deles), mais adiante nossos bisnetos e assim sucessivamente, cada um deles preocupado com o mundo que legar aos seus descendentes imediatos, tem-se algo bem mais tangvel. Por sinal, como afirma Westra (2007), as crianas deveriam ser consideradas a primeira gerao quando direitos das futuras geraes so designados.

    A teoria da equidade intergeracional ressente-se, sim, de falhas, e pode-se imaginar a dificuldade de se conceber a igualdade entre geraes quando no h igualdade sequer no mbito da gerao presente, que se defronta com problemas relativos a distribuio de renda, acesso aos recursos naturais e uma srie de outros; mas isso no significa, de modo algum, que o conceito deva ser abandonado. Como teoria, encontra-se sujeita verificao e ao aperfeioamento; como princpio, pode e deve ser vista como diretriz tica fundamental a ser observada na tomada de decises e na implementao de polticas.

    Como diz Frischmann (2007), tornamo-nos mestres em empurrar os custos de nossas decises imprevidentes12 para as futuras geraes. Isso, pelas graves consequncias que j comea a acarretar e que tendero cada vez mais a acentuar-se, precisa mudar; mas a mudana s ocorrer se adotarmos em nossas relaes com o ambiente e com os demais indivduos o reconhecimento e o cuidado com o outro, esteja esse outro aqui ou ainda por vir. Sentimentos de gratido/paternalismo, predisposio gentica, dever moral ou o que for: chamemos como quisermos esse cuidado, mas, pelo bem do planeta, adotemo-lo j. 12 O autor usa o ambguo termo shortsighted (que pode ser traduzido por mopes ou imprevidentes) para qualificar as decises baseadas nos impactos esperados dentro de um relativamente curto perodo de tempo, quando se sabe que esses impactos excedero em durao e intensidade as expectativas imediatas.

  • 174 Brando e Souza

    Planeta Amaznia: Revista Internacional de Direito Ambiental e Polticas Pblicas Macap, n. 2, p. 163-175, 2010

    Bibliografia CARVALHO, Edson Ferreira de. Meio ambiente & direitos humanos. Curitiba: Juru Editora, 2006. CNUMAD COMISSO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundao Getlio Vargas, 1991. DINIZ, Maria Helena. Compndio de introduo Cincia do Direito. 5. ed. So Paulo: Saraiva, 1993. FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. Novo dicionrio eletrnico Aurlio verso 5.0. correspondente 3. ed. rev. e at. do Aurlio Sculo XXI, O Dicionrio da Lngua Portuguesa. So Paulo: Regis, Ed. Positivo, 2004. FINDLEY, Roger W. The future of environmental law. Revista de Direito Ambiental, So Paulo, ano 8, n 31, pp. 9-19, jul./set. 2003. FRISCHMANN, Brett. M. Some thoughts on shortsightedness and intergenerational equity. Disponvel em: . Acesso em: 15 fev. 2010. HOBBES, Thomas. Leviat ou matria, forma e poder de um Estado eclesistico civil. So Paulo: Martin Claret, 2002. JEFFERSON, Thomas. Letter to James Madison, 6 Sept. 1789. From revolution to reconstruction... and what happened afterwards. Disponvel em: . Acesso em: 26 fev. 2010. KANT, Emmanuel. Crtica da razo prtica. So Paulo: Grfica e Editora Edigraf, 1966. ________. Fundamentos da metafsica dos costumes. So Paulo: Ediouro, 1981. ________. Idia de uma histria universal de um ponto de vista cosmopolita. So Paulo: Brasiliense, 1986. LEITE, Jos Rubens Morato e AYALA, Patrick de Arajo. A transdisciplinariedade do Direito Ambiental e sua equidade intergeracional. Revista de Direito Ambiental, So Paulo, ano 6, n 22, pp. 63-80, abr.-jun. 2001. LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. Segundo tratado sobre o governo. 5 ed., So Paulo: Nova Cultural, 1991. (Os pensadores, 9). MACDERMOT, Galt e PIERSON, Tom. Im Black/Aint got no. In: Hair: original soundtrack recording. [S.I.]: RCA, 1999. 1 CD. Faixa 7 (2min24). MARTINS, Tas. O conceito de desenvolvimento sustentvel e seu contexto histrico: algumas consideraes. Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 382, 24 jul. 2004. Disponvel em: . Acesso em: 11 fev. 2010. MAXIMILIANO, Carlos. Hermenutica e aplicao do Direito. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. ORGANIZAO DAS NAES UNIDAS (ONU). Declarao sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro, 1992. Disponvel em: . Acesso em: 12 fev. 2010. ________. Declarao da Conferncia da ONU sobre o Meio Ambiente Humano

  • O princpio da equidade intergeracional 175

    Planeta Amaznia: Revista Internacional de Direito Ambiental e Polticas Pblicas Macap, n. 2, p. 163-175, 2010

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