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Darrell S. Champlin
O Portal dos
Sonhos
A fantástica viagem da mente além do limiar do sono
Darrell S. Champlin
O Portal dos
Sonhos
A fantástica viagem da mente além do limiar do sono
Digitalização da edição impressa
Santos, 1 de agosto de 2015
Publicado originalmente pela Editora Publisher Brasil
Republicado em plataforma digital pelo autor
Coordenação editorial e revisão
Márcio Calafiori
Digitação da edição do e-book
Thais Moraes Macedo
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Champlin, Darrell S.
O portal dos sonhos: uma visão inquisitiva e científica da
fantástica viagem da mente além do limiar do sono /
Darrell S. Champlin – Santos. 2015
Bibliografia.
1. Sonhos 2. Sonhos – Interpretação I. Título. II
Título: uma visão inquisitiva e científica da
fantástica viagem da mente além do limiar do
sono.
02-1994
CDD-154-63
Índices para catálogo sistemático
1. Sonhos : Psicologia 154.63
ISBN 85 – 85938 – 30 – 7
Prefácio
“O sono é a riqueza do pobre, a liberdade do prisioneiro.”
Sir Philip Sydney
Durante uma entrevista a uma emissora de rádio
fui indagado sobre minhas atividades noturnas. O
programa era dirigido às pessoas que por hábito ou
obrigação passam as “curtas” horas da noite acordadas,
trabalhando ou roendo as unhas. Que faço durante a noite?
A resposta mais óbvia para mim: Durmo e sonho... e
sonho”.
A reação surpresa da repórter confirmou minhas
suspeitas. Ela gostaria de ter ouvido alguma coisa como:
“Trabalho até de madrugada e durmo somente duas horas
por noite...”. Mas sempre que possível, ocorre justamente
o inverso. Minha busca por respostas para as ocorrências
do lado escuro do nosso dia depende diretamente de meu
sono e do sono de outras pessoas. A matéria-prima
necessária para meus estudos e pesquisas é criada durante
esse interlúdio com as criaturas do sono – os sonhos.
O sonho carrega consigo uma carga enorme de
mensagens, recados, alertas, trivialidades e até,
aparentemente, de inutilidades. Dito isso, paira a pergunta:
como distinguir entre o trivial e o inútil, o simples repasse
de ocorrências diárias, os alertas e as mensagens?
Mesmo hoje, com todo o desenvolvimento
tecnológico, sobretudo nos ramos da medicina e da
psicologia, pouco se sabe de fato sobre o que é dormir.
Menos ainda sobre o que é sonhar. As evidências
empíricas – ou científicas – de nossa era começaram a ser
coletadas há menos de um século. Comprovações sobre
muitos dos fenômenos que acompanham a média de um
terço de nossa existência (dormimos cerca de 22 anos de
nossas vidas) não tinham sido sequer propostas há
aproximadamente 50 anos. Empregando as descobertas
científicas, as da psicologia, da metafísica e, acima de
tudo, da antropologia, o objetivo principal desta obra é o
de levar você, leitor, a compreender um dos maiores
mistérios de todos os tempos: sonhar.
Pelos olhos do canário-da-terra – Como não
poderia deixar de ser, e como já havia acontecido em
outras ocasiões importantes de minha vida – a decisão de
escrever este livro originou-se de um sonho.
...Estava prestes a sair de casa quando vi um
canário-da-terra pousado em um dos frisos decorativos da
porta da sala de meu apartamento. Esse canário tinha
várias cores, mas as predominantes eram o amarelo e o
marrom. Ao observar minuciosamente a ave, de súbito
transformei-me nela e passei a ver o mundo pelos seus
olhos. Para poder voar e entoar o mais lindo dos cantos, e
ensinar outras aves a “língua dos canários”, eu esperava
somente que alguém abrisse a porta. Senti meus pulmões
cheios de ar e minhas cortas vocais vibravam por
antecipação.
Quando acordei, sabia muito bem qual era a
mensagem: “Abra as portas de suas pesquisas, escreva e
apresente ao mundo uma parte, mesmo se pequena, de um
belo conhecimento: a canção dos sonhos.”
As pessoas raramente param para olhar para si
mesmas. Ainda mais raramente param para dar sequer
uma rápida vista d’olhos pelo portal que as leva
profundamente para dentro de si mesmas, portal esse que
aparece, pontualmente, todas as noites, depois que nos
deitamos – e adormecemos. Esse portal, chamado de
sonho, é implacavelmente esclarecedor, às vezes
apavorante: revela até mesmo as coisas obscuras que
optamos por ocultar.
Mas o sonho, esse portal gigantesco para a psique,
ou, como afirmariam certamente os antigos gregos, o
portal para a alma, seria assim tão revelador apenas para
aquele que detém sua chave, ou chaves? Todas as páginas
que seguem procuram desvendar o que torna os sonhos
uma aparente bobagem para alguns, enquanto para outros
o pão nosso de cada noite no caminho para o
autoentendimento, auto diagnose, progresso emocional e
até social.
Farei, aqui, uma tentativa de assumir uma
investigação “holística” do fenômeno do sonho, levando
em consideração muitos dos pormenores atualmente
conhecidos sobre o assunto, desde as primeiras
descobertas dos antigos religiosos e filósofos, até os
achados científicos de nossos tempos. Pelo longo caminho
que nos traz até onde estamos hoje, passamos
obrigatoriamente pelas vidas e estudos de grandes mestres,
pelos laboratórios de psicologia e de parapsicologia das
grandes universidades do mundo, pelas páginas das
escrituras sagradas e das aclamadas publicações científicas
e, finalmente, pelo grandioso laboratório do
comportamento humano que é a vida diária das pessoas,
que aqui quase sempre serão conhecidas como
sonhadoras.
Este livro não é excessivamente técnico. Também
não é um trabalho de mera adivinhação ou pura fantasia,
como tantos livros sobre o assunto que povoam as
livrarias, mas que nem deveriam estar lá por fazerem
propaganda enganosa – ou seja, de que são as luzes do
mistério. Ao contrário da maioria dos livros sobre sonhos,
o leitor não encontrará aqui um glossário – ou dicionário –
de símbolos. A elaboração desse glossário é tarefa do
sonhador. As técnicas para isso, estas sim aparecem aqui.
O objetivo é ser o mais direto possível nas ideias e
conceitos apresentados. Mas também cuidadoso para não
oferecer ferramentas falsas de interpretação de sonhos
que, de modo geral, apenas fazem crer que se tem controle
sobre um símbolo, quando, de fato, a interpretação está
errada.
Ao ler este livro, você entenderá porque em seus
sonhos um charuto nem sempre é um charuto, me dando
ao luxo de fazer aqui uma paráfrase de um conceito de
Freud, um dos grandes propulsores dos estudos sobre os
sonhos e um dos personagens desta obra.
Dividi este livro em partes distintas, mas
interdependentes. Ele abrange desde os primórdios do
estudo e da interpretação dos sonhos, até o que existe de
mais recente revelado pela ciência. Utilizando dados
históricos, científicos e, em terceiro plano, material
coletado durante anos de observação pessoal, o objetivo é
unir de maneira clara e direta dois pontos a princípio
impossíveis de consolidar: o objetivo e o subjetivo.
Nessa conexão, ainda mola propulsora de estudos
contemporâneos, nenhum autor ou pesquisador poderia ter
influenciado mais profundamente nossa visão sobre os
processos mentais envolvidos no ato de sonhar do que
Freud. Possivelmente nenhum outro teria ido muito mais
longe do que Jung na interpretação e utilização diária do
material vindo dos sonhos – os símbolos. Mas ninguém é
mais mestre no estudo de seus próprios sonhos do que o
próprio sonhador, raciocínio esse promovido pela teoria
Gestalt.
A proposta aqui é jogar um pouco de luz em alguns
mistérios e também derrubar alguns dos mitos mais
persistentes relacionados ``as horas durante as quais
paralisamos parte de nossas atividades físicas para ceder