o politécnico fevereiro 2013

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Parabéns, Bixo! O POLITÉCNICO GRÊMIO POLITÉCNICO ANO LXVIII SÃO PAULO, FEVEREIRO DE 2013 EDIÇÃO 01 CONTRA AS COTAS... PÁG 7 A FAVOR DAS COTAS... PÁG 6 AS COTAS E A USP. PÁG 5 DICAS DE SOBREVIVÊNCIA POLITÉCNICA. PÁG 5 HOROSCOPOLI. PÁG 4 PÁGINA 3

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Segunda-feira, saiu a primeira edição do ano do Jornal O Politécnico. Os exemplares foram distribuídos durante a festa de matrícula. Para os que não conseguiram seu exemplar, aí está o link para baixar a versão online do nosso querido Jornal.

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Page 1: O Politécnico Fevereiro 2013

Parabéns, Bixo!

O POLITÉCNICOGRÊMIO POLITÉCNICO • ANO LXVIII • SÃO PAULO, FEVEREIRO DE 2013 • EDIÇÃO 01

CONTRA AS COTAS... PÁG 7

A FAVOR DAS COTAS... PÁG 6

AS COTAS E A USP. PÁG 5

DICAS DE SOBREVIVÊNCIA POLITÉCNICA. PÁG 5

HOROSCOPOLI. PÁG 4

PÁGINA 3

Page 2: O Politécnico Fevereiro 2013

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O Politécnico São Paulo, Fevereiro de 2012

Diferentemente das outras, essa edição d’O Politécni-co tem como foco principal

vocês,bixos. Tentamos fazer um jornal que, de forma leve e muitas vezes descontraída, desse as boas vindas a vocês, tentasse ajudá-los nesse início de vida universitária e também mostrasse uma grande discussão que acontece atualmente na USP, as cotas.

Acreditamos que a universidade deve ter uma visão inovadora e não pode se acomodar com uma posi-ção apenas porque ela é mais fácil ou coisa do tipo. Sendo assim, a re-novação feita todos os anos com a

entrada de novos bixos é essencial para um bom desenvolvimento da USP. Por-tanto, julgamos de extrema importân-cia dar suporte aos calouros, que são o sangue novo entrando nessa institui-ção secular.

O jornal O Politécnico é um periódico com mais de 60 anos, criado e editado por alunos, cuja inalidade é informar e entreter os alunos, como também ser o canal de expressão dos mesmos sobre os mais diversos assuntos. O jornal bem produzido tem a capacidade de agir po-sitivamente na dinâmica social da Poli, seja informando e expondo opiniões, seja trazendo entretenimento e diver-são a vida dura de um politécnico.

EDITORIAL

SUDOKUO POLITÉCNICO

EXPEDIENTE

Equipe editorial:

Jean Michell, Marjorie Samaha, Ana Luchesi, Felipe Marins

Mariana Justo, Diego AndrioloFernando Aguiar, Renato Grando

Tiragem1.500

Contato: [email protected]

Diagramação e impressão Volpe Artes Grá icas

(11) 3654-2306

Os textos aqui publicados refletem unicamente a opinião de seus auto-res e não da equipe editorial ou do grupo responsável pela publicação!

São Paulo, Fevereiro de 2013. Ano LXVIII – Edição 1

É essencial que os calouros parti-cipem da produção do nosso querido Jornal. Assim como os novatos são im-portantíssimos no progresso da uni-versidade, eles também devem ter seu espaço n’O Politécnico. O capital hu-mano é a máquina que move o Jornal e temos certeza que todos tem condições de agregar qualidade e inovação às pá-ginas desse projeto.

Se pudéssemos dar uma dica a vo-cês, bixos, seria: aproveite tudo que você puder aproveitar da Universidade de São Paulo. Procure o grupo de exten-são que lhe interesse, junte-se ao movi-mento que lhe faça bem, faça parte do Grêmio e/ou entre para equipe edito-

rial do nosso jornal. Caso você queira contribuir com

o Jornal, estaremos de braços aber-tos para receber toda a ajuda que você estiver disposto da dar. Lem-brando que não é preciso gostar de escrever, você pode fazer charges, ilustrar, revisar textos, dar ideias ou simplesmente trazer sua opinião so-bre o Jornal para que possamos sem-pre evoluir. Nossas reuniões aconte-cem sempre às quintas-feiras, às 11h no Grêmio Politécnico. Para tirar dúvidas, mandar críticas ou texto que você queira publicar, mande um email para [email protected] .

PresidenteRafael Ganzerli Auad

Vice Presidente Rafael Colla Thosi

Diretoria administrativa Rafael FolenaVictor OrtegaMariana Kaori K. Cunha

Diretoria culturalGabriela Melo

Diretoria de comunicaçãoJoão CasariAna LuchesiMateus Fonseca

Diretoria do cursinhoMichelle TibaLuiz Mauricio

Diretoria financeira Luiz Felipe AbrileriAndré Simmonds

Diretoria de espaçosAna Luchesi

Diretoria jurídicaNicholas Cortonesi

Diretoria de eventosIsadora AbduchFernando Dal PogetoJosé Henrique Leopoldo

Diretoria de projetosLuiz Fernando CabralGustavo Fráguas

Diretoria executivaRodolpho Amadatsu

Diretoria acadêmica Monica LaraiaGabriel Carreta

Editor chefe d’o politécnico Jean Michell

Gestão Grêmio Politécnico 2013

Page 3: O Politécnico Fevereiro 2013

O Politécnico São Paulo, Fevereiro de 2012

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PARABÉNS BIXOS

Aos calouros

Grêmio Politécnico da USP

O Universo é regido por estranhas constantes, sempre discretas, agem quase que imperceptivel-

mente aos olhos mais bem treinados...Mas vocês treinaram para isso, não treinaram? Sons dos mais variados tipos, frequên-cias, comprimentos de onda e potências se misturam, se destroem ou constroem a sinfonia mística da Cidade de São Paulo. Um cidadão comum não tem ideia disso, mas vocês já sabiam, correto?

Quando passa a mão delicadamente por qualquer super ície, percebe que a sensação do rugoso é devido ao atrito, e sem precisar enxergar, já imagina um bloco deslizando num ângulo alfa. Es-tou certo? Por que o ser humano olha para o céu não só para admirá-lo, mas sim, para entendê-lo?

A resposta é simples meus amigos. Por que podemos!

Da mesma forma que olhamos para as letras escritas neste papel, e elas só

fazem sentido por que sabemos o por-tuguês, nós, engenheiros, olhamos o mundo como se fosse um grande livro, escrito na língua das ciências exatas e aberto para quem quiser ler.

Somos os desbravadores de nosso tempo, responsáveis por modi icar a sociedade em que vivemos, trazendo o conhecimento adquirido de anos e moldando-o para os interesses de to-dos. Detemos o conhecimento! Por isso somos os responsáveis por distribuí-lo e usá-lo da melhor maneira possível em bene icio do grupo.

Nascemos engenheiros! Nossa pro-issão não foi escolha, foi vocação.

E da mesma forma que já saudamos outras gerações de engenheiros, agora eu vos saúdo! Bem-vindos calouros a maior Escola de Engenharia da América Latina.

A família politécnica abre suas por-tas mais uma vez para a entrada de no-vos membros e celebra imensamente a

Foi há quase 40 mil dias atrás a fundação do órgão máximo de representação dos alunos des-

ta Escola, o Grêmio Politécnico.Fundado no dia primeiro do mês

de setembro de 1903, o Grêmio Poli-técnico teve sua notoriedade rapida-mente percebida.

Membro ativo na participação política do país, o Grêmio Politécnico sempre esteve na vanguarda do pen-samento e do progresso.

Pioneiro em projetos de vão des-de a alfabetização de adultos até a primeira revista técnica de engenha-ria do país, o Grêmio Politécnico em seus mais de 100 anos de história já participou da história do Brasil, como na liderança paulista do mo-vimento “O petróleo é nosso” ou ser-vindo de base cientí ica e fábrica de armas para os revolucionários de 32.

Sempre atuante em todos os cam-pos possíveis, o Grêmio Politécnico já teve projetos nas mais diversas áreas,

sempre procurando suprir as necessi-dades dos alunos e da população.

Quando aparecia o problema, o Grê-mio e seus associados não poupavam es-forços para resolvê-lo, exemplo disso foi a criação de um programa de rádio em me-ados da Segunda Guerra, de um fundo de investimento para inanciar o estudo de companheiros Politécnicos ou da constru-ção da Casa do Politécnico, que fornecia moradia aos membros desta Escola.

Em suma, durante todos seus anos de existência, o Grêmio Politécnico por mais diverso e lexível em suas realiza-ções, sempre objetivava o mesmo ideal, seu aluno.

Ora atuante na parte acadêmica, com a criação de projetos acadêmi-cos voltados para a sociedade, como o Cursinho da Poli ou o Escritório Piloto. Ora atuante na esfera politica, como no apoio ao movimento “Diretas já”, o Grê-mio Politécnico sempre se preocupou com a relação entre o estudante de en-genharia e a sociedade.

vossa conquista. Desejamos, que os la-ços de fraternidade nutridos por todos os membros desta Escola se estendam também sobre vocês, e que o fogo cria-tivo, que a chama da curiosidade, que o

Levando enraizado, desde do dia da sua fundação, o caráter de extensão acadêmica, entendemos que nos dias atuais é de extrema importância man-ter a grandiosidade e os princípios que permeiam a tradição progressista do Grêmio desta Escola.

Aos associados do Grêmio (todos os alunos da Poli), cabe agora a responsa-bilidade de continuar essa história de in luência e transformação que o Grêmio proporcionou a sociedade. A inal toda entidade é composta de pessoas, e é jus-tamente com a união delas que atuamos transformando a realidade que nos cerca.

Atualmente, o Grêmio Politécnico dá continuidade a vários projetos que há muito tempo fazem parte da estru-tura da Escola, como o Cursinho da Poli, o Jornal Politécnico, o IntegraPoli.

Mas também tem espaço para ino-var e atender a demanda da escola por cultura e entretenimento, como o pro-jeto G4, o Rock Bixos, a SAPO(Semana de Arte da Poli) e o Politizados.

Grandes nomes da liderança po-litica de São Paulo já passaram pelo Grêmio sendo seus gestores em sua época de Poli, nomes como Manuel Bandeira, Marcelo Tas, José Serra, Paulo Maluf, Mario Covas, todos dei-xaram uma contribuição para a socie-dade enquanto membros do Grêmio.

Experiência dos mais velhos com a vontade dos mais novos, esse é o modelo seguido que vem garan-tindo uma estrutura administrativa coerente com a vontade dos alunos. Se você se interessa pelo papel que essa entidade desempenha ou pode chegar a desempenhar, então tem o dever de procurá-la e ser também uma parte na história desta Escola e desse país. Esse ano, completa-remos 110 anos e esperamos que o Grêmio possa continuar tendo a força que sempre teve durante todo esse tempo.

Grêmio Politécnico

engenheiro inato que existe dentro de todos vocês, nunca se apague.

Felipe MarinsEngenharia Metalúrgica

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O Politécnico São Paulo, Fevereiro de 2012

HOROSCOPOLI

Edição: ícones nerds da televisão e cinemaÁRIES (Leonard Hofstadter)

Para aqueles regidos pelo signo do ísico ex-perimental da série The

Big Bang Theory, os astros indicam um começo de semestre bastante agitado e com uma grande mudança de rotina. O alinhamento dos nódulos jupiterianos indica melhora nos relacionamentos interpessoais, o que pode explicar sua presença em todos as festas de início de ano. Essa grande extroversão pode ser um impulso na sua vida amorosa, todos sabem que não anda lá essas coi-sas... Aproveite essa chance, quem sabe os astros não dão um forcinha!

TOURO (Hermione Granger)

Os taurinos passarão por uma quinzena mar-cada pela con luência

de Saturno e Urano, o que indica um período de dúvidas e decepções. A pre-visão dos astros não é de se espantar, os bixos regidos pelo signo da nerd mais querida do cinema, acostumados a serem os melhores de sua turma e reverenciados pelos colegas por serem geniais, enfrentarão uma grande mu-dança. As incertezas surgirão quando você perceber que nada é tão fácil e en-tendível quanto antes. Se você está rin-do dessa previsão e achando que nada disso acontecerá com você, espere até a primeira aula de Algelin.

GÊMEOS (Rajesh Koothrappali)

A entrada de vênus na casa 24 pode facilitar sua relação com o sexo

feminino. Não pense que os astros são milagrosos, a grande sacada da quin-zena são as inúmeras festas regadas a amnésia, clássica bebida politécnica que transforma até os mais tímidos. Essa santa bebida aliada ao espírito aventu-reiro do período pode auxiliar, e mui-to, sua relação com os seres chamados mulheres. Aproveite o bota dentro para fazer o primeiro contato com as bixetes.

CÂNCER (Spock)

Os cancerianos, regidos pelo signo de Spock, um dos personagens mais icônicos da televisão, esta-

rão sobre in luência vulcana (os fãs de Star Trek entenderão), o que manifestará seu espírito de liderança e determinação. Isso será de suma importância nesse começo de semestre, já que a Poli faz questão de mos-trar que você é apenas mais um e que sua inteligência não basta. Mas esse horóscopo não é para te aterrorizar, bixo, lembre-se de que existem muitas coisas boas na Poli e que um embaixador da Federação Unida dos Planetas sempre terá seu destaque.

LEÃO (Ross Geller)

Eis que chegou a vez do zodíaco regido pelo pale-ontólogo da série de mais sucesso da televisão:

Friends. Os astros reservam para os leoni-nos um período de expansão de horizontes e estabelecimento em um novo ambiente. Para que sua entrada na vida universitária ocorra de maneira mais tranquila, leia o artigo “dicas de sobrevivência politécnica” e tire suas dúvidas com os veteranos, eles sabem muito bem como se virar na nos-sa querida escola. Mas como a equipe as-trológica desse jornal tem compaixão aos bixos, aqui vão duas dicas fundamentais: não trave cálculo 1 em hipótese alguma e jamais coma peixe no bandex, é visita cer-ta ao banheiro.

VIRGEM (Andy Stitzer)

A previsão astrológica para você, bixo regido pelo zodíaco do “virgem de 40 anos”, não é lá muito

animadora. O eclipse envolvendo Saturno realça sua timidez e aumenta as tendências de introspecção, o que pode ser um grande problema nesse começo de semestre, que seria o momento para fazer novas amiza-des e conhecer os veteranos, que te ajuda-rão bastante nesse início de curso. Muito cuidado com essa previsão, tente ir nas festas e conhecer pessoas novas. Lembre--se de que os amigos são essenciais para sobreviver à pressão da Poli.

LIBRA (Howard Wolowitz)

A fusão das casas 13 e 7 marca o início de uma fase de mudanças. Você

passará por um período mais festeiro e menos acadêmico, a inal, você é conhe-cido por ser o Don Juan do mundo nerd. No entanto, não se esqueça de que lar-gar os estudos pode ser bem problemá-tico a curto prazo e a semana de provas pode ser bem mais desastrosa do que o normal. Para que o seu plano de festas contínuas dê certo, não se esqueça de pedir para o amigo mais estudioso uma ajudinha nos momentos de di iculdade , pelo amor de Adonai, nada de querer aprender cálculo 1 na véspera.

ESCORPIÃO (Harry Potter)

A quinzena do zodíaco do bruxo mais famoso da literatura e do cinema é

marcada por grandes descobertas da vida universitária. Você fará amizades com fa-cilidade, principalmente com veteranos, que contarão quais aulas assistir, quais são os melhores professores e, principal-mente, que quando a coisa apertar, é me-lhor usar o banheiro da produção, já que o do biênio não tem papel ou sabonete. Não se esqueça de que a Poli é pior do que Ho-gwarts, não existe magia que salve numa prova de Algelin e Cálculo ou que faça en-tender épuras em PCC.

SAGITÁRIO (McLovin)

Os astros pedem aten-ção redobrada a saúde hepática, que pode estar comprometida por tantas

festas e amnésias de começo de ano. É um período de grandes comemorações, a inal, entrar na melhor escola de engenharia não é para qualquer um. Decore os hinos poli-técnicos e compre logo suas camisetas da Poli, assim será mais fácil e divertido zuar seu amiguinho mack orelha!! Vale ressal-tar que os assuntos amorosos estarão em baixa nesse início de ano, portanto vamos rezar para que Vênus entre em seu signo e essa seca acabe de uma vez por todas.

CAPRICÓRNIO (C3PO)

O desalinhamento do Sol e Júpiter será es-sencial para que você, regido pelo androide de

Star Wars, abandone um pouco do seu comportamento robótico e sistemático e seja mais espontâneo. Esse equilíbrio entre humano e robô será a chave do su-cesso no rendimento acadêmico, pode apostar que muitos amigos pedirão aju-da naqueles momentos desesperadores antes da prova. Tudo indica tranquili-dade nesse começo de curso, mas sabe como é, a Poli desa ia até os astros...

AQUÁRIO (Peter Parker)

Se você foi agraciado com o signo do notável homem-aranha, os as-

tros darão início ao período mais heroico da sua vida, a inal, o curso da nossa queri-da escola foi feito para gênios, androides e heróis. Aproveite a festa de matrícula para conhecer seus mais novos amigos, aqueles que estarão com você nos próxi-mos nove anos (ou cinco...) da sua vida, de DP em DP, todos os dias no bandex e em todos os porres das festas. Aproveite, a melhor fase da sua vida começa agora!!

PEIXES (Sheldon Cooper)

Eu nem sei porque es-tou me dando o trabalho de escrever a previsão

para você, regido pelo zodíaco do ísico mais cético, metódico e sistemático, a i-nal, você nem acredita em horóscopo... Astrologia nem ciência é, não é mesmo? Bom, aqui vai sua previsão, quem sabe ela não é minimamente verdadeira... Os astros mostram uma grande di iculda-de em fazer amigos, o que é normal, já que você é pouco aberto a novas ideias e pessoas. A possibilidade de brigas com professores é gigante, principalmente porque você vai questionar qualquer teorema e tentará lecionar em seus lu-gares. Muito cuidado com essa soberba toda, as notas sempre revelam que você não é tão bom quanto pensa.

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O Politécnico São Paulo, Fevereiro de 2012

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POLI

Dicas de Sobrevivência Politécnica

As Cotas e a USP

Aposto que você já está cansado de ter o ego in-lado devido à sua aprovação na Poli. Então vou

pular a parte em que lhe desejo parabéns por ter passado na melhor faculdade de engenharia da América Latina e deixado diversos candidatos para trás com sua exímia inteligência. Vou direto para a parte em que, como uma boa veterana, ensino várias técnicas milenares (?) para sobreviver nesse ambiente peculiar.

Vamos começar pelo seu teto. Se você ainda não arru-mou onde viver, não se desespere. O Grêmio possui uma parceria com o Morar USP, um site em que são anuncia-das vagas, mostrando a localização delas, preço, contato do dono entre outras informações úteis. Interessado? Acesse gremiopoli.wix.com/gremio e clique em “Repú-blicas by MorarUsp”. Caso sua renda não consiga acomo-dar os preços abusivos dos imóveis em São Paulo, há o Conjunto Residencial da USP (CRUSP), que ica dentro do Campus. Já adianto que não é fácil conseguir uma vaga, mas se você se encaixa nos critérios socioeconômicos es-tabelecidos, vale a pena tentar morar no CRUSP ou tentar a bolsa de auxílio moradia. Para informações detalhadas, acesse www.usp.br/coseas e clique em “Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil”.

Agora vamos para um assunto mam... polêmico: co-mida. É, bixo, você verá o quanto sua mamãe gastava com comida. Nesse momento, seu melhor aliado será o ban-deijão. Você já deve ter ouvido vários mitos e verdades sobre ele. É bom? É ruim? Depende do dia. Há uns em que

eu quase choro por estar comendo algo tão gostoso por R$1,90. Em outros... digamos que eu também choro. Há 4 bandeijões no nosso Campus: o central, o da química, o da prefeitura e o da ísica, sendo o último o mais próxi-mo da Poli. Para chegar lá, basta seguir o êxodo estudan-til que há na Poli por volta das 11 horas. Aconselho que nunca deixe de comer estrogonofe, fricasse de frango e lombo. Aliás, quando essas comidas estiverem no cardá-pio, chegue mais cedo se quiser evitar ilas quilométricas. Lembrando que o bandex não é sua única opção, existem excelentes restaurantes dentro da Poli. Na vivência (que ica no próprio biênio) há a Lanchonete Minerva, no pré-

dio da civil há o restaurante Rainha das Saladas e no Ma-memi há o restaurante Toca do Urso.

Sobre a vida acadêmica, já deixo claro que acabou a mamata. Você vai se deparar com um volume muito grande de matérias, mas não surte — por enquanto — a Poli pode ser menos assustadora com um pouquinho de disciplina. Minha primeira dica é uma que você provavel-mente ouve desde o ensino médio: estude um pouco por dia, não deixe a matéria acumular. E você a ignora des-de aquela época... Eu também. Mas que ique avisado. Se você não se adaptou ao estilo de aula do seu professor, não tenha medo de nas suas janelas assistir a aula do co-leguinha. Com os livros, a dica é parecida: experimente. Ao invés de icar na dúvida “Stewart ou Guidorizzi”, sim-plesmente alugue os dois na biblioteca e veja com qual você se adapta melhor. Também deixe a preguiça e vá

Ultimamente, muito se tem fa-lado a respeito da implemen-tação do sistema de Cotas nas

Universidades Estaduais e Federais e nós, estudantes, não podemos icar de fora de toda essa discussão.

O PROJETO PIMESP O assunto voltou à pauta do dia a

dia quando, no dia 20/11/2012 o Go-vernador do estado Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou um novo programa de Inclusao Social para a USP, UNESP e UNI-CAMP. Este programa pretende garantir, até 2016, que 50% das vagas de cada curso sejam reservadas para estudantes procedentes de Escola Pública.

Intitulado de Pimesp ( Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Paulista ), este programa busca atingir a meta ao longo de três

anos. A partir de 2014 quando 35% das vagas ja deverão ser procedentes do Ensino Público. No segundo ano, a meta seria atingir 43% dos alunos, permitindo que em 2016 as 50% de va-gas previstas fossem atingidas.

Para atingir a meta serão adotadas três principais estratégias, dentre as quais a mais polêmica é a relacionada à criação do ICES (Instituto Comunitario de Ensino Superior), em parceria com a Universida-de Virtual do estado de Sao Paulo (Uni-vesp), que é um modelo semelhante ao ‘’College’’ norte-americano.

A seleção para o curso, que terá sta-tus de nível superior, será pelo desempe-nho dos candidatos pelo Enem, e não por vestibular. Ao término do primeiro ano, quem tiver 70% de aproveitamento terá ingresso garantido em cursos das Fatecs. Ao concluir o segundo ano, o aluno já terá

às monitorias das matérias que você tem mais di iculdade. Caso nada disso funcione, há o “Fuja do Nabo”, que consiste em aulas de teoria e exercícios preparadas especialmente pra tirar os politécnicos do aperto.

Pra inalizar, é muito aconselhável que você faça algu-ma outra atividade além de estudar para não despirocar. Participe do grêmio, de um centro acadêmico, pratique um esporte, faça parte de um grupo de extensão, aprenda um novo idioma... en im, as opções são muitas, escolha uma e divirta-se. Ah, escreva para o jornal. Todos os politécnicos que escrevem para “O Politécnico” são considerados mais bonitos e tiram notas melhores. Não me pergunte o porquê.

Não acredite em tudo que dizem.

Ana LuchesiEngenharia Elétrica - 2° Ano

ingresso garantido tanto em Fatecs quan-to em universidades.

A DISCUSSAO HOJEPor ser uma proposta – ou seja, por es-

tar aberta à sugestões e alterações – esta inciativa está sujeita à aceitação e apro-vação do Conselho Universitário de cada uma das Universidades Estaduais. E é nes-se momento, que mais uma vez, torna-se evidente a necessidade de uma mobiliza-ção dos alunos sobre o assunto.

No ano passado, o Gremio Politécnico começou a discutir este tema com os po-litécnicos, o que nos fez notar que há uma grande pluralidade de opiniões sobre este assunto. Por isso, ao longo deste ano tra-balharemos em várias frentes para organi-zar as mais diversas informações e colocar em debate as mais diversas opiniões que surgirem dentro desta Escola para que, através de um Plebiscito, possamos levan-tar a real opinião do politécnico, e defen-dê-la perante à Escola, à Universidade e à Sociedade como um todo.

Por isso, contamos com o apoio e participação de vocês! Não deixem de acompanhar o nosso blog, de participar dos debates online através de nosso grupo no facebook , e, principalmente, participar presencialmente de nossas palestras, sabatinas e debates que se-rão promovidos pelo Politizado`s .

Caso você tenha lido ou escrito algo sobre o assunto, não deixe de en-viar para nosso email, [email protected], para que nós possa-mos difundí-lo.

O Grêmio Politécnico tem como principal função REPRESENTAR seus associados. E é por isso que pedimos para que participe, mesmo nos assuntos mais polêmicos, com a sua opinião, politécnico.

Pra fomentar as discussões so-bre cotas , temos a seguir dois tex-tos com opiniões contrárias sobre o assunto cotas.

Grêmio Politécnico

Page 6: O Politécnico Fevereiro 2013

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O Politécnico São Paulo, Fevereiro de 2012

A Favor das Cotas...COTAS

Que cota universitária não é, por si só, a solução para o proble-ma da educação superior (não

apenas pública, mas como um todo) no Brasil, não há dúvidas. Apenas pode-remos superar o problema oferecendo uma educação ampla, gratuita e de qua-lidade: não apenas “decente”, mas igual ou melhor que as dos principais colégios particulares, que muitas vezes baseiam seu ensino apenas no vestibular, e não no que pode ser de verdadeiro interesse dos estudantes, dos docentes e da população em geral, e também pois o que é público merece qualidade sim. Infelizmente, po-rém, são necessários muitos anos para essa medida começar a dar frutos; en-quanto isso, gerações de estudantes em potencial são perdidas e a desigualdade ( inanceira, intelectual, entre tantas ou-tras) continua sendo incentivada.

As cotas são políticas públicas de in-clusão que, como tudo na vida, devem ser vistas de forma crítica, inclusive por ter ação paliativa. Antes de apenas criticá-las, porém, devemos pensar em todos os motivos que as fazem necessá-rias; são muitos, mas tentaremos aqui mostrar alguns deles, os que acredita-mos principais.

Temos milhões de jovens competen-tes, talentosos e dedicados, estudantes do ensino público, que vivem na reali-dade atual, e que, como qualquer um dos nossos futuros calouros, estão se formando no ensino médio. São, aliás, maioria: 85,4% dos estudantes estão no ensino público (Censo 2010). No entanto, suas realidades são em geral bem distintas daqueles que vem dos co-légios particulares, e não somente pelo seu contexto mais pobre. Muitos sofrem com a falta de perspectiva futura em re-lação aos estudos, o que desestimula os bons alunos (e muitos professores) e é um fator incentivador – além das pró-prias necessidades – para procurar em-prego precocemente. A mera possibili-dade de entrar numa universidade será um estimulante para esse estudante que não tem sequer a esperança de obter um diploma de nível superior, seja pelo ní-

Cotas pra quê?vel de complexidade do vestibular e sua falta de disponibilidade de tempo de se dedicar, ou pelos altos custos a se arcar por uma universidade particular. A cota possibilita estímulo, esperança e acesso para esse estudante.

Em um sistema em que cotas são adotadas, não apenas os cotistas são bene iciados. Igualmente há vantagens para aqueles estudantes que convivem com eles: a heterogeneidade cria a pos-sibilidade de intercâmbio constante de culturas e visões de mundo. Na Poli é perceptível a existência de certo per il padrão de estudantes – a maioria de nós é branca e viemos de colégios privados. Há até concentração de determinadas es-colas, como Bandeirantes e Santo Améri-co. Claro que existem diversas exceções, mas essa proximidade de realidades aca-ba por empobrecer o conhecimento po-litécnico e impedindo nossos estudantes de expandir seus conhecimentos gerais sobre a conjuntura da nossa sociedade. Um engenheiro civil, por exemplo, pode-ria compreender melhor o problema da moradia no país se tivesse maior contato com ela, o que também poderia instigar sua curiosidade para estudar melhor o assunto em uma Iniciação Cientí ica ou Tecnológica, ou até mesmo em seu Tra-balho de Conclusão.

Outro ponto importante de ser bem demarcado é a questão da distribuição de conhecimento entre as diversas ca-madas sócio econômicas. Aumentando o acesso de pessoas de origem mais pobre ao ensino superior, contribuí-mos diretamente na melhoria de suas condições inanceiras, possibilitando que essas consigam empregos muito melhores que aqueles que seriam obri-gadas a se submeter se não tivessem essa oportunidade. O próprio acesso à renda e a distribuição da mesma entre a população é alterada, dessa forma, ao longo dos anos, auxiliando no desen-volvimento do país.

As cotas surgem assim como opção de democratizar o conhecimento uni-versitário, mesmo com suas de iciên-cias. É mais do que óbvio que elas de-

vem ser pensadas como política dentro de um planejamento geral da educação brasileira para o futuro, sendo sua du-ração temporária e prazo de término de inido, durando apenas enquanto os ensinos básico, fundamental e médio públicos não são capazes de cumprir seus papéis; jamais devem ser vistas como solução isolada, como muitos (dentre eles até nosso Estado em al-guns momentos) querem nos apresen-tar, devido aos resultados imediatistas que elas trazem.

Mas “e a excelência da universidade? O ensino vai piorar!”, ou então “E a me-ritocracia? O mérito de quem tinha nota para passar e não passou?”. Sobre a pri-meira questão, temos que em pesquisa realizada na UERJ, que adota 45% de vagas destinadas às cotas desde 2003 (20% para alunos de escolas públicas, 20% para negros e 5% para de icientes ísicos, todos comprovando renda máxi-

ma por pessoa na família de 300,00 re-ais, mais atualizações da in lação desde 2003), BEZERRA & GURGEL dizem que “ao longo dos cursos, o resultado aca-dêmico dos alunos cotistas surpreende, uma vez que quase se iguala ao dos dis-centes não cotistas”, apesar da diferença da nota no vestibular. Sobre a evasão, os autores a irmam que “a porcentagem ve-ri icada foi de 9.39% para os cotistas e de 20.36% para os não-cotistas”. Não ape-nas a avaliação de notas é próxima, como também a evasão é inferior, mostrando todo o interesse que esses estudantes têm e o quanto eles valorizam realmen-te essa oportunidade. Sobre a segunda questão, temos que considerar também, ao falar sobre méritos as condições de cada indivíduo e a conjuntura que ele en-frenta. É muito maior o mérito de quem se esforça do que quem teve acesso a uma educação com maior qualidade. A dimensão do signi icado de esforço é bem maior do que ideia de capacidade (e tempo, dinheiro, condições de transporte e moradia, assim por diante) de se ades-trar a uma prova. Lembrando que ações a irmativas são adotadas por diversas universidades, que em nada diminuíram

sua qualidade por isso, como Harvard, Oxford, Sorbonne e tantas outras.

Para concluir, queremos deixar uma re lexão sobre a discussão da adoção de cotas estar muito além da mera questão universitária. Entre as questões centrais dessa discussão estão, na verdade, a ideia de igualdade entre os seres huma-nos e o papel da Universidade Pública. Igualdade, por que as pessoas já nascem desiguais devido à sua classe social, o que só se acentua, devido a ausência ou mau funcionamento de instrumentos pú-blicos que atuem contra esse problema (seja durante o ensino, na hora do cum-primento das leis, nas condições de mo-radia, etc). Tal fato decorre do momento político e econômico em que vivemos, que se esconde atrás de um falsa demo-cracia onde o poder do cidadão médio se restringe a um voto enquanto as elites se mantém no poder real, cuidando apenas de seus interesses. As cotas tentariam começar um processo de dar oportuni-dades iguais para essas pessoas, inde-pendentemente de sua classe. E o papel da Universidade Pública (que deveria ser para tod@s) porque esta deve se preocu-par em retribuir para a sociedade o que ela investe e pensar os problemas atuais, seja pesquisando, ensinando, conhecen-do, en im, se preocupando com suas de-mandas. E não há maior demanda do que justiça social, que só será construída com a real democratização do conhecimento, que é o único meio de uma pessoa ser livre (dependendo da abordagem, claro, pois pode ser também um meio de ades-tramento e alienação). Como? Fazendo a sociedade entrar mesmo na Universida-de Pública.

O melhor que podemos fazer, então, além de nos mobilizar para transfor-mar todas as injustiças que apresenta-mos e que vemos no cotidiano, é apoiar as cotas, que são, mesmo que peque-nas, um passo em direção à justiça, in-clusão social e para um futuro onde não será mais necessária a sua existência e nem esse debate.

Construção

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O Politécnico São Paulo, Fevereiro de 2012

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Contra As Cotas...COTAS

É di ícil escapar do calor das emo-ções no debate sobre cotas. Mas, com um pouco de calma, pode-se

perceber que, tendo erros e acertos dos dois lados, é possível domar sua comple-xidade fugindo dos extremistas.

O erro das cotas diz respeito à repre-sentação. As cotas surgem como uma espécie de “compensação histórica” pela escravidão, que foi impingida principal-mente sobre a população negra no Brasil. Ora, seria rigorosamente lícito haver uma compensação histórica imediata por tal mazela social (o Brasil foi o último país ocidental a abolir a escravatura).

O problema começa a surgir quando se tenta “corrigir” o problema quase um século e meio depois. Somos considera-dos corretamente como o país mais mis-cigenado do mundo por um fator muito positivo: não houve segregação racial em nosso país (sentido estrito, não se está negando o racismo ainda muito vívido). Nenhum apartheid, nenhum ordenamento de proibição de relações entre negros e brancos.

Como resultado, ainda séculos antes do im da escravidão (vide-se a poesia de Gregório de Matos ainda no séc. XVII), ne-gros, brancos e índios tiveram seus ilhos miscigenados. Se a desigualdade social era marcada predominantemente por etnia (não era 100% assim, mas assumamos o argumento), rapidamente os ilhos de tais relações desmancharam tal relação.

Por mais que leis demorassem a ser criadas, elas, como quase sempre ocor-re, seguiram as normas da sociedade, ao invés de ditá-las (do contrário, uma lei contra a homofobia acabaria com essa discriminação no ato, ao invés de revelar um maior entendimento inter pares da sociedade). Assim, por séculos, ilhos mes-tiços icaram num limbo: poderiam ser tanto da Casa Grande quanto da Senzala. E mestiços com mestiços geraram o país de tantos tons de pele que conhecemos hoje – país que nunca aceitou facilmente teorias racistas, justamente porque sabe mais do que qualquer outro que raças não existem, e sim cores de pele. Muitas, varia-das – mesmo entre negros, entre índios, entre brancos.

A desigualdade social brasileira, por-tanto, não é marcada apenas por “raça”

(já não passou da hora de excluirmos tal palavra de nosso vocabulário?). Para pio-rar, uma cota em vagas de Universidades para negros, ou mesmo uma cota “social”, di icilmente atingiria aqueles que mais precisam das cotas. Ora, negros na classe média (a baixa que seja) não são uma mi-noria ín ima que saiu da classe pobre. São muito numerosos, ainda mais em centros urbanos, que permitem uma ascensão so-cial quase impossível no meio rural.

Como alguém pretende acreditar que logo os negros mais pobres serão favo-recidos pelas cotas, e não os negros mais ricos que estão tentando uma vaga no di ícil vestibular de uma Universidade? É possível crer que todo branco disputando tal vaga é mais rico do que todo negro? Es-tamos sendo benfazejos com os ilhos da Senzala ou da Casa Grande? Lembremo--nos: ainda é preciso fazer vestibular, com cota ou não.

As complicações não param: para de i-nir quem é negro, visto que raças não exis-tem, só se pode fazer o teste do olhômetro. Vê-se um estudante e se de ine se ele pas-sou no teste de pureza racial. O caso dos gêmeos idênticos (e mestiços) de Brasília é famoso: um passou no teste, outro foi recusado. Se buscamos igualdade perante às leis, como considerar isso justo? Etica-mente justi icável? Outro caso famoso é de um casal negro numa favela em Recife, que possui três ilhos albinos, graças a um tipo incomum de per il genético. Como i-cam essas crianças diante das cotas?

Neste problema da auto-declaração, basta pensar em como seria o problema invertido: um loiro de olhos azuis e 1,90m de altura se apresentar na faculdade. Qual o seu nome? Helmut Schroeder. Qual sua “raça”? NEGRO. Quero minha cota!

Os mestiços, num país em que a maio-ria absolutíssima da população o é, cer-tamente são os que mais sofrem. Como considerar essa tentativa de luta racial no caso de um ilho de um pai alemão com um índio? Vendo pela “sorte” de como sai o tom de pele, e depois pela “sorte” de uma comissão de pureza racial analisar se a pessoa é não-branca o su iciente?

Brancos e índios miscigenados cos-tumam produzir ilhos com tons de pele bem mais próximos dos brancos. Em esta-dos com alta população indígena, podem

até tentar um pouco mais a sorte. Mas e se esses ilhos de índios saírem de um deles e tentar uma vaga na USP? Basta tentar a sorte na cidade grande que esse ilho de índios já se escafedeu. Um sujeito pobre, morador de Guainazes, de cabelo pichaim, pele acobreada, olhos verdes e que estu-dou metade do tempo em escola pública, outra metade em privada, ica como dian-te das cotas?

A compensação, portanto, não atinge a triste capacidade de ser discriminado pela cor de sua pele e nem tampouco aumen-ta as oportunidades de subir na vida. E a pobreza se de ine de muitas formas além do tom de pele. Podemos olhar para a USP e dizer que há poucos negros no campus. Mas será que essa sociologia de olhôme-tro é mesmo rigorosa?

Que tal perguntar quantas pessoas na USP são de Ermelino Matarazzo, Guaiana-zes, Capela do Socorro, Capão Redondo, Jardim Ângela ou Sapopemba? Será que só há negros nesses bairros? E, a inal, será que os negros da USP vêm exatamente dos bairros pobres? Se é para emular per-feitamente a nossa sociedade dentro da Universidade, por que não cotas até mes-mo para um não-rico e violento Jardim Brasil, que tem tão poucos negros, mas tão poucas pessoas na USP? Esses bairros continuam com representatividade na USP risível.

Para piorar, essa representação en-tupida de erros é incapaz até mesmo de olhar para a história. Ora, a escravidão no Brasil não acabou por benevolência da aristocracia (embora, ao contrário do que se pense, o maior nome da abolição, tal como nos EUA, foi um pensador con-servador: Joaquim Nabuco), e sim por eles estarem icando caros. A mão de obra que veio em seu lugar nos latifúndios foi, ora, sobretudo de italianos (e até alemães, po-loneses loiros de olhos azuis no sul etc). Paupérrimos. Como substitutos de es-cravos não podem ter benesses de ilhos de escravos?! Só por terem sobrenomes como Fabocci, Girotto ou Majewski?

É preciso entender que esse remendo pouco faz por alguns negros verdadeira-mente desassistidos (não a classe média baixa que sabe caminhar com as próprias pernas), com o custo de deixar muitos pobres, de mestiços com poucos traços a

brancos, fora da Universidade, com anos desperdiçados de sua vida e um talento não aproveitado.

Igualmente questionável é a idéia de cotas sociais, pois ela, ao inserir alunos de escola pública, visa conceder vantagem competitiva para compensar a de iciência educacional existente no ensino oferecido pelo governo. Essa atitude é problemática pelos seguintes motivos: não incentiva o governo efetivar reais melhoras no ensino básico, maquiando ainda mais os índices de qualidade da educação, mas manten-do o baixo nível tanto educacional quanto estrutural que se encontram a maior par-te das nossas escolas. Ao inserir as cotas sociais, e as raciais, não se discute o fun-damental: a melhoria do ensino básico no Brasil. Uma reforma que bene iciará toda a sociedade, e inserirá o país em um novo patarmar diante do mundo (assim como a Coréia do Sul, que passou a enriquecer após um radical esforço de melhora da educação básica), mas que nenhum políti-co ou partido deseja realmente fazer, pois exige tempo, muito esforço e não é algo que chame a atenção a curto prazo para bene iciá-los eleitoralmente, além do que, nunca foi obetivo do governo realmente tornar o Brasil um país de letrados.

As cotas, que são mais imediatistas, tem um impacto midiático maior, mas que não resolvem o problema estrural da educação brasileira, são promovidas pelo governo por essa medida dar a população a sensação de que estão fazendo algo pela melhora do ensino, mas essas medidas apenas bene iciam uma pequena parcela da população, enquanto a reforma edu-cacional ampla bene iciaria toda a nação, desde o mais abastado ao mais humilde.

Quando se ataca uma ação a irmativa, não é por se desgostar de seus bene icia-dos, e sim por se ver o que não se costuma ver com análises apressadas. E defender uma ação como as cotas sob argumento de que quem a repudia também repudia negros é uma prova de tentar auferir um lucro político usando uma população so-frida puramente como peões e voto fácil.

P. S.: Recomenda-se fortemente os ar-tigos, livros e vídeos de Walter Williams e Thomas Sowell, o melhor economista vivo do planeta, a respeito do tema.

José Oswaldo de Oliveira NetoEngenharia Elétrica -

Energia e Automação (PEA). Ex-Representante Discente no Conselho Universitário da USP em 2010 e na Con-gregação da Escola Politécnica em 2011

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