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Joaquim Martins Correia, escultor, ceramista, me- dalhista, pintor, gravador, ilustrador e poeta, nasceu na Golegã em 1910 e faleceu em Lisboa em 1999. Órfão desde pequeno (os pais foram vitimados pela gripe pneumónica), ingressou na Casa Pia em 1922, onde concluiu o curso industrial e onde veio a lecio- nar (de 1946 a 1958). Recebeu uma bolsa de estudo para frequentar a Escola de Belas Artes de Lisboa, onde se diplomou em escultura e onde igualmente exerceu atividade docente (de 1958 a 1971). Foi pro- fessor nas escolas Rafael Bordalo Pinheiro, Marquês de Pombal, Machado de Castro, Afonso Domingues e António Arroio, entre 1936 e 1942. Em 1951 pu- blicou o seu único livro de poesia: Poemas do Es- cultor Martins Correia. Em 1969 recebeu uma Bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para o estudo da litografia. Em 1973 uma estadia em África deixa marcas no seu trabalho. Tendo começado a expor em 1938, participou em inúmeras mostras indivi- duais e coletivas, em Portugal e no estrangeiro, na Bélgica, em Espanha, na Suiça e no Brasil. Em 1973 a Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa apre- sentou a Exposição Retrospetiva da sua obra, cerca de 300 peças documentando o seu trabalho entre 1939 e 1973. A sua produção escultórica inclui di- versos retratos, entre os quais os de Ana Hatherly e Natália Correia. Das suas obras de estatuária po- dem destacar-se os monumentos a Amato Lusitano (1958, Castelo Branco), Camões, Bartolomeu Dias e S. Francisco Xavier (1958, Goa), ao Infante D. Hen- rique (Viseu, 1958), a Garcia de Orta (Instituto de Medicina Tropical, Lisboa, 1958) e a Bartolomeu de Gusmão (1973-1989, Lisboa). É autor dos painéis de azulejos da estação de metropolitano Picoas, em Lisboa (1995). Está representado em várias coleções públicas e privadas: no Museu do Chiado, Lisboa; no Museu Soares dos Reis, Porto; no Museu José Malhoa, Caldas da Rainha, entre outras. Entre as muitas distinções que recebeu destacam-se: o Pré- mio Soares dos Reis (1942), o Prémio Manuel Pereira (1943 e 1948), o Prémio de Desenho Mestre Lucia- no Freire e o Prémio Diário de Notícias (1957). Foi agraciado com a Insígnia de Oficial da Ordem da Instrução Pública (1957), com a Comenda de Oficial da Ordem de Santiago de Espada (1973) e com a Co- menda de Grande Oficial da Ordem de Santiago de Espada (1990). Em 1982, na exposição comemorativa dos 50 anos de percurso artístico, o artista fez a doação do seu espólio à Golegã: 700 obras que passaram a cons- tituir o acervo que daria origem ao Museu Munici- pal Martins Correia. Em 2000, a filha, Elsa Martins Correia organizou na Galeria Valbom de Lisboa, uma grande mostra abrangente dos principais as- petos do seu trabalho. Em 2003 o Museu Municipal da Golegã dedicou-lhe uma exposição reafirman- do o seu objetivo de “honrar e exaltar o nome e a obra de Mestre Martins Correia.” Em 1990, no dia em que comemorou 80 anos, a Galeria de Arte do Casino Estoril dedicou-lhe uma mostra de escultu- ra, desenho, pintura e cerâmica, significativa do seu percurso artístico. Em 2011 uma grande exposição no Mosteiro dos Jerónimos celebrou o centenário do seu nascimento acompanhada pela publicação do livro de referência para o estudo da sua obra: Mar- tins Correia Laureatus, O Mestre da Forma e da Cor (Edição althum.com) com apresentação e coorde- nação de Gabriela Carvalho e reunindo numerosos estudos e depoimentos de personalidades ilustres do meio artístico e da sociedade portuguesa. Em 2015 a Casa da Liberdade Mário Cesariny em Lis- boa organizou a exposição: Antologia/Anthology de Martins Correia. Em 2016 o Artspace João Carvalho em colaboração com a filha, Elsa Martins Correia e com o Museu Municipal Martins Correia da Golegã promove a exposição temática de esculturas e dese- nhos: O Poema do Corpo comissariada pela crítica de arte e poeta Maria João Fernandes. O Artspace João Carvalho em colabo- ração com o Museu Municipal Marns Correia da Golegã e com a filha do es- cultor tem a honra de apresentar a obra de Mestre Marns Correia (1910-1999), arsta maior da segunda metade do sé- culo XX português. João Carvalho, tam- bém escultor, está presente uma vez mais com dois dos seus trabalhos que partem da figura humana para a transcenderem no espetáculo dos véus, que não ocultam, antes revelam o esplendor e a plenitude da presença feminina, ela também ilumi- nada, desprendendo-se do seu casulo das formas coleantes, clara mariposa, dádiva inesperada do tempo. R Alto da Terça, 60 2380 Gouxaria (Alcanena) Tel. 249 890 106 GPS: N 39 28’ 59’’ - W 8º 39’ 04’’ Email: [email protected] Web: artspace.joaocarvalho.pt JOÃO CARVALHO MARTINS CORREIA 04 JUNHO > 30 JULHO 2 0 1 6 DIAS ÚTEIS 10 às 12 e 15 às 18 | SÁB 15 às 19 AOS DOMINGOS MEDIANTE MARCAÇÃO PRÉVIA A R T S P A C E JOÃO CARVALHO O POEMA DO CORPO ESCULTURAS E DESENHOS DE MARTINS CORREIA

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Page 1: O POEMA DO CORPO - artspace.joaocarvalho.ptartspace.joaocarvalho.pt/dl/flt_mc.pdf · Ana Hatherly, Julho de 2004. As formas plásticas respiram uma atmosfera de arte popular, tão

Joaquim Martins Correia, escultor, ceramista, me-dalhista, pintor, gravador, ilustrador e poeta, nasceu na Golegã em 1910 e faleceu em Lisboa em 1999. Órfão desde pequeno (os pais foram vitimados pela gripe pneumónica), ingressou na Casa Pia em 1922, onde concluiu o curso industrial e onde veio a lecio-nar (de 1946 a 1958). Recebeu uma bolsa de estudo para frequentar a Escola de Belas Artes de Lisboa, onde se diplomou em escultura e onde igualmente exerceu atividade docente (de 1958 a 1971). Foi pro-fessor nas escolas Rafael Bordalo Pinheiro, Marquês de Pombal, Machado de Castro, Afonso Domingues e António Arroio, entre 1936 e 1942. Em 1951 pu-blicou o seu único livro de poesia: Poemas do Es-cultor Martins Correia. Em 1969 recebeu uma Bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para o estudo da litografia. Em 1973 uma estadia em África deixa marcas no seu trabalho. Tendo começado a expor em 1938, participou em inúmeras mostras indivi-duais e coletivas, em Portugal e no estrangeiro, na Bélgica, em Espanha, na Suiça e no Brasil. Em 1973 a Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa apre-sentou a Exposição Retrospetiva da sua obra, cerca de 300 peças documentando o seu trabalho entre 1939 e 1973. A sua produção escultórica inclui di-versos retratos, entre os quais os de Ana Hatherly e Natália Correia. Das suas obras de estatuária po-dem destacar-se os monumentos a Amato Lusitano (1958, Castelo Branco), Camões, Bartolomeu Dias e S. Francisco Xavier (1958, Goa), ao Infante D. Hen-rique (Viseu, 1958), a Garcia de Orta (Instituto de Medicina Tropical, Lisboa, 1958) e a Bartolomeu de Gusmão (1973-1989, Lisboa). É autor dos painéis de azulejos da estação de metropolitano Picoas, em Lisboa (1995). Está representado em várias coleções públicas e privadas: no Museu do Chiado, Lisboa; no Museu Soares dos Reis, Porto; no Museu José Malhoa, Caldas da Rainha, entre outras. Entre as muitas distinções que recebeu destacam-se: o Pré-mio Soares dos Reis (1942), o Prémio Manuel Pereira (1943 e 1948), o Prémio de Desenho Mestre Lucia-no Freire e o Prémio Diário de Notícias (1957). Foi agraciado com a Insígnia de Oficial da Ordem da Instrução Pública (1957), com a Comenda de Oficial da Ordem de Santiago de Espada (1973) e com a Co-menda de Grande Oficial da Ordem de Santiago de Espada (1990).

Em 1982, na exposição comemorativa dos 50 anos de percurso artístico, o artista fez a doação do seu espólio à Golegã: 700 obras que passaram a cons-tituir o acervo que daria origem ao Museu Munici-pal Martins Correia. Em 2000, a filha, Elsa Martins Correia organizou na Galeria Valbom de Lisboa, uma grande mostra abrangente dos principais as-petos do seu trabalho. Em 2003 o Museu Municipal da Golegã dedicou-lhe uma exposição reafirman-do o seu objetivo de “honrar e exaltar o nome e a obra de Mestre Martins Correia.” Em 1990, no dia em que comemorou 80 anos, a Galeria de Arte do Casino Estoril dedicou-lhe uma mostra de escultu-ra, desenho, pintura e cerâmica, significativa do seu percurso artístico. Em 2011 uma grande exposição no Mosteiro dos Jerónimos celebrou o centenário do seu nascimento acompanhada pela publicação do livro de referência para o estudo da sua obra: Mar-tins Correia Laureatus, O Mestre da Forma e da Cor (Edição althum.com) com apresentação e coorde-nação de Gabriela Carvalho e reunindo numerosos estudos e depoimentos de personalidades ilustres do meio artístico e da sociedade portuguesa. Em 2015 a Casa da Liberdade Mário Cesariny em Lis-boa organizou a exposição: Antologia/Anthology de Martins Correia. Em 2016 o Artspace João Carvalho em colaboração com a filha, Elsa Martins Correia e com o Museu Municipal Martins Correia da Golegã promove a exposição temática de esculturas e dese-nhos: O Poema do Corpo comissariada pela crítica de arte e poeta Maria João Fernandes.

O Artspace João Carvalho em colabo-ração com o Museu Municipal Martins Correia da Golegã e com a filha do es-cultor tem a honra de apresentar a obra de Mestre Martins Correia (1910-1999), artista maior da segunda metade do sé-culo XX português. João Carvalho, tam-bém escultor, está presente uma vez mais com dois dos seus trabalhos que partem da figura humana para a transcenderem no espetáculo dos véus, que não ocultam, antes revelam o esplendor e a plenitude da presença feminina, ela também ilumi-nada, desprendendo-se do seu casulo das formas coleantes, clara mariposa, dádiva inesperada do tempo.

R Alto da Terça, 60

2380 Gouxaria (Alcanena)

Tel. 249 890 106

GPS: N 39 28’ 59’’ - W 8º 39’ 04’’

Email: [email protected]

Web: artspace.joaocarvalho.pt

JOÃO CARVALHO

MARTINS CORREIA

04 JUNHO > 30 JULHO2 0 1 6DIAS ÚTEIS 10 às 12 e 15 às 18 | SÁB 15 às 19AOS DOMINGOS MEDIANTE MARCAÇÃO PRÉVIA

A R T S P A C E J O Ã O C A R V A L H O

O POEMA DO CORPOESCULTURAS E DESENHOS DE MARTINS CORREIA

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ARTSPACE JOÃO CARVALHO APRESENTA MARTINS CORREIA

O PRAZER ARTÍSTICO É VERDADEIRAMENTE UM ABANDONO DA HABILIDADEÉ UM SENTIDO DE ILUSÕES.UM SENTIDO DE CULTURA, UM SENTIDO DE LINHAS NOVAS QUE APARECEM DE DENTRO DA SUA CONSTITUIÇÃO ORGÂNICA.

MARTINS CORREIA

(…) A minha obra de escultor de raiz primitiva e popular – grega e românico-gótica -, continuará em visão contemporânea pela figuração popular da abstração geométrica na ânsia da verticali-dade ou de uma cultura popular – visionando, purificando e compondo ao sabor do espírito das formas (que se regem compositivamente da ho-rizontalidade à verticalidade).Martins Correia

Como admirador, desde sempre, da obra de Mar-tins Correia, quero dizer que este meu Amigo-Es-cultor da Poesia e da Liberdade trazia nele os en-sinamentos helénicos de muito longe e o vento do génio na ponta dos dedos.Manuel Cargaleiro, “Vento do génio na ponta dos dedos”. Junho de 2004

Poeta e artesão da escultura (…) lembro-o hoje como um grande artista que se guiava pela sua in-tuição, atento àquilo que Octávio Paz chamava: “a vida imortal da vida”.Urbano Tavares Rodrigues, “O Milagre Estético de Martins Correia”.

Uma arte delicada, mas segura, singular no pano-rama da arte portuguesa do século XX.Ana Hatherly, Julho de 2004. As formas plásticas respiram uma atmosfera de arte popular, tão manifesta na policromia Pop da sua escultura. A obra de estatuário e de retratista desenha-se, cresce, emerge da mais funda tradição mediter-rânica pela afirmação dos ritmos dominantes, pelo purismo das superfícies, onde o imprevisto dos perfis e o requintado grafismo se harmoni-zam com a densidade volumétrica das estruturas, numa composição arrojada e afirmativa a que não são alheias a transmutação e a transfiguração das formas.Lagoa Henriques, “Elogio do escultor Martins Correia”.

Eu vi o milagre dessa espécie de liturgia, um olhar cerrado para longe, para qualquer modelo da aparência ou da memória (…). Nas esculturas de média e pequena escala, em bronze ou material cerâmico, com barramentos azuis, ocres, laranjas, brancos, tem Martins Correia os mais belos con-juntos sequenciais da arte portuguesa contempo-rânea. Vontade de assinalar em grupo uma cultura específica e uma peculiar geografia humana. Em certos casos, a chamada nobreza do metal destaca-se sem mácula, mesmo quando a tinta também o marca, e modela figuras longilíneas, estranhas mas possíveis simbioses de rainhas altivas com gente do povo trabalhador.Rocha de Sousa, “Arte meridional, memória de um texto”, 2009.

Queres então saber do que é que eu gosto na tua arte? Pois então lá vai. Gosto do que ela me faz ver: milénios policromados que, em teus bronzes co-loridos, vão dos frescos minoicos aos etruscos. As cores e os ritmos que, trazidos pela marinhagem fenícia à Enseada Amena, geraram os velhos moti-vos portugueses que pões em sacral dimensão to-

témica nas tuas madeiras coloridas. Gosto também do que ela me faz ouvir: um grito que, paralisado no tempo, interminavelmente chama pelos deuses que fabricam os pigmentos dos azuis e dos ocres do Mediterrâneo (…) E assim te quedaste num tempo puro de obras veridicamente trabalhadas pelo cin-zel e pelas tintas que os Povos do Mar trouxeram às areias Lusitanas. E assim nos confessas que a tua arte é o dom de acordar os ecos da memória.Natália Correia, “Querido Mestre”.

In: Martins Correia, Laureatus, Apresentação e Organização de Gabriela Carvalho, Ed. Althum.com, Lisboa, 2011.

MARTINS CORREIAO CORPO, MATÉRIA DE AMOR.

“Mil cores, e uma sombra só te despe (…)/E todo o mundo aceso.”António Ramos Rosa, Matéria de Amor.

Depois de um relativo longo silêncio em que não tivemos muitas oportunidades de a apreciar, des-lumbra-nos hoje com o fulgor do seu talento e da sua invenção, a obra de Mestre Martins Correia para quem a Poesia era o grande motivo condutor do seu trabalho. O seu contributo para a arte con-temporânea portuguesa em sintonia com grandes marcos da arte internacional, tem sido sublinhado pela fortuna crítica que a sua obra inspirou. Da “raiz primitiva e popular, grega e românico-góti-ca” (nas suas palavras) até às Demoiselles da Go-legã, o caminho passa sem dúvida pelo sintetismo de Brancusi e pelas Demoiselles d’Avignon, obra de Picasso fundadora do cubismo e da modernidade. Martins Correia percorreu o grande périplo da arte universal. Na sua escultura a estética do frag-mento, a cor, transfiguram a memória das formas, a pureza inaugural do gesto e juntam-lhes a inten-sidade, a liberdade de manipulação das formas e de composição, expressivas, próprias da contem-poraneidade. Roland Penrose escreveu a propósito de Tápies, que todo o grande artista renova a visão do huma-no no seu tempo. Assim aconteceu com Martins Correia que nos legou um humano mais humano refeito segundo uma espécie de arqueologia do olhar e das formas, uma profundidade insondável da alma vista hoje na beleza da metáfora do nu, ex-pressão do corpo devolvido a uma essência mágica e intemporal. Alquímica, ouro e fogo do coração do instante sobrepondo-se às cinzas do tempo, ilu-minando-o, verdadeiro “incêndio dos aspetos”, um título de António Ramos Rosa. Martins Correia, artista poeta, reúne numa mesma corrente os afluentes da poesia, da forma e da cor que se diluem em silêncio, evocando um título de Eugénio de Andrade, e música, e convidam ao mo-vimento e à dança, como se esta fosse o mais natu-ral destino destes volumes, destes traços, destas co-res cheias de sol e da seiva da vida. A mulher com a doçura, o mistério e a harmonia das suas formas, é aqui mais do que uma vestal da beleza pura ou uma mediadora entre todos os opostos. Ela é a fi-gura mesma do real no que ele tem de mais real e de mais irreal, produto da visão e da contemplação visionária, “matéria de amor” (Ramos Rosa), que apenas o amor é capaz de acender. “Anima Mundi” e simples flor para o deleite dos sentidos que exala o perfume do absoluto. Nas esculturas e desenhos de Martins Correia, o corpo, na magia do traço, da cor, da forma e do volume ganha verdadeiramente uma nova existência poética e plástica, o seu es-plendor. Maria João Fernandes

01 - Auto-retrato | 65x31MMMC

23 - Formas de Mulher42x45x15 | MMMC

24 - Estilismo de Mulher 37x16x18 | MMMC

25 - O Estilo e o Campo56x19x10 | MMMC

26 - Sem título46x50x19 | MMMC

27 - Sem título60x30x16 | MMMC

28 - Demoiselle da Golegã56x30x16 | MMMC

02 - Sem título | 74x54MMMC

03 - Sem título | 75x55MMMC

04 - Sem título | 75x55MMMC

05 - Sem título | 75x55MMMC 06 - Sem título | 69x49

4.000,00 €

07 - Sem título | 69x464.000,00 €

08 - Sem título | 65x504.000,00 €

09 - Sem título | 65x504.000,00 €

19 - Sem título | 50x353.500,00 €

20 - Sem título | 33x464.000,00 €

21 - Sem título | 50x653.500,00 €

22 - Sem título | 69x99MMMC

10 - Sem título | 64x464.000,00 €

11 - Sem título | 68x454.000,00 €

12 - Sem título | 84x136MMMC

17 - Sem título | 64x464.000,00 €

18 - Sem título | 65x434.000,00 €

13 - O Corpo | 86x138MMMC

14 - Mulher | 69x99MMMC

15 - Nu de Mulher | 50x76MMMC

16 - Sem título | 65x504.000,00 €