o poço de são josé

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O Poço de São José História do povoado ribeirinho de São José, situado no município de Alto do Rodrigues Benedito de Sousa Melo Alto do Rodrigues/RN, 2013

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Page 1: O Poço de São José

O Poço de São José

História do povoado ribeirinho de São José,

situado no município de Alto do Rodrigues

Benedito de Sousa Melo

Alto do Rodrigues/RN, 2013

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DADOS GERAIS DA OBRA

CITAR COMO:

MELO, Benedito de Sousa. O Poço de São José:

História do povoado ribeirinho de São José, situa-

do no município de Alto do Rodrigues. Alto do Ro-

drigues-RN, 2ª edição do autor, 2013.

FONTES CONSULTADAS:

O presente texto foi elaborado a partir de rela-

tos orais dados por várias pessoas da convivência

do autor, a exemplo de sua própria mãe, conhecida

na comunidade como Maria Bezerra, hoje com 71

anos, que foi a fonte principal.

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O Poço de São José

História do povoado ribeirinho de São José,

situado no município de Alto do Rodrigues

Autor: Benedito de Sousa Melo

01. Os astros giram no espaço Com sublime ordenação E cada qual tem um centro Que sustém a translação E a gente olha pra cima Enquanto busca uma rima Agradável ao coração. 02. Também o canto das aves Acordes sublimes traz A graúna e o corrupio São cantadores demais Vai o homem arremedando Os passarinhos cantando Na poesia que faz.

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03. Os homens e as mulheres São seres poetizantes Que se embalam nas rimas Com suas almas dançantes Quando vem a Lua Cheia O coração galanteia Pulsações extasiantes. 04. Apreciando os acordes São José nasceu assim O fundador do lugar Chamado de Pai Felim Tocador de acordeom Quando fazia seu som Não havia tempo ruim. 05. Nada sabemos ao certo Sobre quando ele nasceu Igualmente não sabemos Quando foi que ele morreu Era um homem lutador E também respeitador No período em que viveu.

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06. Félix Antônio de Souza Foi o nome de batismo Na sua religião Que era o catolicismo Pois não tinha no lugar Outra lei que professar Na forma de evangelismo. 07. Foi nas décadas finais Dos anos mil e oitocentos Que se deu a fundação Do nosso povoamento Nos relatos de memória Os velhos contam a história Que guardam no pensamento. 08. Teve a origem num poço O nome deste lugar No leito do rio Açu Que nunca se viu secar O Poço de São José Que o povo na sua fé Resolveu denominar.

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09. Era um poço generoso Fruto da graça dos céus Para socorro dos pobres Ao cuidar dos filhos seus Onde pescavam piranhas Curimatãs e aratanhas Como presentes de Deus. 10. Por causa do mesmo poço Tem outro nome o lugar Chama-se Buraco d'Água Onde o povo ia pescar A dupla nomeação Tem a mesma relação Como podemos notar. 11. No final dos anos trinta Quase cem anos atrás Veio uma peste terrível Avançando mais e mais Impaludismo era o nome Que aliada com a fome Matava filhos e pais.

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12. Os velhos e as crianças Morriam mais facilmente Como foi com Zefa Gaga Que morava sem parente Os urubus pressentiram Depois os vizinhos viram Pois morrera de repente. 13. O impaludismo se foi Da forma que começou Sem ninguém saber por quê Como chegou e voltou O povo foi socorrido Recebendo uns comprimidos Mas muito luto ficou 14. O povo de São José Da agricultura vivia Quando chegava o inverno Era muita a alegria Plantavam milho e feijão Alho, cebola e melão Arroz, trigo e melancia.

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15. Nas terras perto do rio Não faltava macaxeira Muito menos mandioca Que passavam na peneira Lá na casa de farinha Que naquele tempo tinha Sendo coisa de primeira. 16. Era bonito se ver Um partido de algodão Tabuleiro bem branquinho Alegrando o coração Quando chegava o momento De fazer apanhamento Era como um mutirão. 17. Sempre que as chuvas caíam Os homens deste lugar Que não possuíam terras Mas precisavam plantar Pediam terra ao patrão Para fazer plantação E a terça parte entregar.

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18. Quando chegava o estio Os homens iam a Macau Para o trabalho pesado Entre os canteiros de sal Com os tostões que traziam Às famílias garantiam Tudo que fosse vital. 19. Foi assim por muito tempo A vida neste torrão Quando o ano era de chuva Tinha muita plantação Mas quando o ano era mal Era o trabalho no sal Que trazia a salvação. 20. Era uma vida difícil Pois a fome era cruel De manhã não tinha nada Nem mesmo nuvem no céu A ceia de manhazinha Era café com farinha O conhecido chibéu.

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21. De muitas contradições É a vida nesta terra Tem anos de grande cheia Tem anos que a seca ferra Tem gente que vem de fora Tem gente que vai embora No ano que a cabra berra. 22. Não poderia esquecer De citar uma mulher Conhecida por Mincarmo Pessoa de muita fé Sendo grande curandeira Mais de cem anos vivera Na terra de São José. 23. Entre as famílias antigas Habitantes do lugar Tem os Souza e os Feitosa Que continuam a morar Tem os Santana e os Moura Gente preta e gente loura Que soube se misturar.

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24. Também vieram os Queiroz Os Nunes com os Oliveira Os Dantas com os Rodrigues Os Melo com os Bezerra Os Borges com os Urbano Os Catana e há muitos anos Também vieram os Pereira. 25. Das numerosas famílias Todas não posso lembrar Tem os Rosque com os Pedro Que também são do lugar Tem os Fernandes e os Lessa Entres as famílias diversas Que se vieram juntar. 26. Quando não tinha capela O povo de São José Rumava pra Carnaubais Prosseguindo mesmo a pé Louvar a Santa Luzia Quando chegava seu dia Dando um exemplo de fé.

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27. Mas pelos anos sessenta As mudanças começaram Para fazer convertidos Missionários chegaram Na vizinha Carnaubais Batistas, pentecostais Suas doutrinas plantaram. 28. As missões dos evangélicos Percorreram a região Apesar das ameaças Feitas por Frei Damião Dionísia foi na frente Tornou-se primeira crente Da nossa povoação. 29. Durante os anos sessenta Os católicos se juntaram Ao velho Luiz Horácio A capela eles fundaram Lá em Tabuleiro Alto Com São José por orago Na fé que muitos guardaram.

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30. Os anos oitenta foram De muita transformação Pois a praga do bicudo Acabou com o algodão Então veio a Petrobrás Extrair petróleo e gás Junto da povoação. 31. Assim foi que o camponês Abandonou o roçado Para trabalhar nas firmas Onde virou empregado Quando a Petrobrás chegou De uma vez alterou A vida do povoado. 32. E também os evangélicos Se juntaram em mutirão Durante os anos noventa E fizeram a construção Da Assembleia de Deus Como fizeram os judeus No tempo de Salomão.

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33. Ocorria ao mesmo tempo Um fato não corriqueiro Fizeram de São Francisco Novo santo padroeiro E puseram em São José Outra capela de pé Com sino, pia e madeiro. 34. No ano dois mil e oito A Termoaçu se instalou E toda a localidade De novo se transformou Havendo mais mutação Naquela povoação Que dum poço começou. 35. Aqui encerro meus versos Desprovido de vanglórias Sabendo que todos nós Temos as nossas memórias E se dedicarmos tempo Para juntar pensamentos Teremos novas histórias.

FIM Comunidade de São José, 19 de março de 2013.

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