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O PNLD E A ESCOLHA DO LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA

Autora: Maria Eneida Fantin1

Orientadora: Olga Lucia C. de Freitas Firkowski2

RESUMO

Este artigo é fruto de uma pesquisa sobre o processo de escolha do livro didático nas escolas da rede estadual de ensino, sobre a maneira como o professor de Geografia se posiciona nesse processo e qual é seu nível de conhecimento do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Investigou-se como se dá o uso do Guia do Livro Didático e quais critérios balizam a escolha dos professores de Geografia. A pesquisa é composta por uma revisão histórica dos programas relacionados ao livro didático no Brasil, em especial do PNLD, mas também de informações obtidas pela interlocução com dois grupos distintos de professores de Geografia: os que responderam questionário enviado por e-mail e os que participaram do Grupo de Trabalho em Rede (GTR) “PNLD, a escolha do livro didático e o papel do professor de Geografia”. As respostas, tanto nos questionários quanto no GTR, apontaram conhecimento superficial do PNLD e do processo de avaliação pedagógica do livro didático realizada nesse programa, bem como um frágil uso do Guia no processo de escolha. Os participantes reivindicaram formação continuada sobre o tema para que se aprofundem os debates e para que os professores exerçam um papel mais efetivo nesse processo.

PALAVRAS CHAVES: Livro didático, PNLD, Geografia, Avaliação, Escolha.

1 INTRODUÇÃO

Este artigo é resultado da pesquisa desenvolvida no Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE), turma de 2010. Fundamenta-se em estudos

teóricos sobre a história e as políticas referentes ao livro didático no Brasil

destacando alguns aspectos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

Articula essa fundamentação com informações obtidas em uma pesquisa de campo,

cujo questionário foi respondido por professores de Geografia da rede estadual

pública de ensino. Além disso, incorpora no texto alguns argumentos apresentados

1 Mestre em Tecnologia, licenciada em Geografia, professora do Instituto de Educação do Paraná

Professor Erasmo Pilotto. 2 Doutora em Geografia Humana, professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal

do Paraná.

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pelos professores de Geografia que participaram do Grupo de Trabalho em Rede

(GTR) “PNLD, a escolha do livro didático e o papel do professor de Geografia” no

segundo semestre de 2011.

A relevância do tema justifica-se pelo fato de que o PNLD existe desde 1985

como parte de uma política educacional que garante livro didático gratuito aos

alunos da escola pública. Entretanto, somente a partir de 1996 foi iniciada a

avaliação pedagógica das obras inscritas no programa. A partir de então os Guias

do Livro Didático têm sido enviados às escolas pelo Ministério da Educação (MEC)

para que o professor conheça as características didáticas e teórico-conceituais das

coleções aprovadas. A leitura das resenhas constantes nos Guias deve contribuir,

então, para o professor fazer sua escolha.

Considerando-se que o PNLD vem se consolidando ao longo dos anos e hoje

atende os alunos de toda a Educação Básica, incluindo o Ensino Médio, esta

pesquisa colocou em discussão as seguintes questões:

O professor conhece o Programa Nacional do Livro Didático? Lê o Guia do

Livro Didático para fazer sua escolha? Conhece os critérios de avaliação do

livro que esse programa utiliza para sua disciplina?

Como ocorre, na escola, o processo de escolha do livro didático e quais são

os critérios utilizados pelos professores para essa escolha?

Para apresentar as discussões suscitadas por essas questões este artigo está

organizado em três sessões. A primeira traz um breve histórico sobre o PNLD e o

processo de avaliação pedagógica, em especial a constituição e a consolidação

desses critérios. Na segunda sessão apresentam-se resultados da pesquisa de

campo que investigou como a escola organiza o processo de escolha do livro e qual

o papel desempenhado pelo do professor de geografia. Nesse item inserem-se

algumas considerações sobre a importância do Guia do Livro Didático e apontam-se

as contribuições dessa ferramenta como orientadora do professor no processo de

escolha do livro de Geografia. A terceira sessão do artigo traz as contribuições dos

professores que participaram do GTR no segundo semestre de 2011.

Espera-se, com isso, contribuir para o enriquecimento dos debates sobre o

livro didático e as políticas públicas que o envolvem. Além disso, pretende-se

destacar a importância do envolvimento crítico e consciente dos professores no

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acompanhamento dos procedimentos organizados pelo MEC e pela escola para a

escolha do livro.

2 O PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO

As políticas públicas para o livro didático existem no Brasil há quase um

século. A partir dos anos de 1930 elas ganharam destaque nos períodos de

governos ditatoriais (Estado Novo e Ditadura Militar). Em cada um desses períodos

históricos tais políticas se constituíram de modo articulado aos interesses

hegemônicos e foram objeto de estudos e debates no âmbito educacional.

Nos anos de 1980, os movimentos pela redemocratização do Brasil

colocaram em pauta, mais uma vez as políticas do livro didático. Alguns pontos a

serem debatidos foram levantados, entre eles: a questão das políticas do livro terem

cunho assistencialista, a questão do desperdício de dinheiro público com os livros

descartáveis; a qualidade material dos livros; a qualidade interna, relativa aos

conteúdos e metodologias de ensino dos livros.

Nesse contexto, em 1983 a Fundação de Assistência ao Estudante (FAE)

organizou um

grupo de trabalho encarregado do exame dos problemas relativos aos livros didáticos [e] propôs, pela primeira vez, a participação dos professores na escolha dos livros e a ampliação do programa, com a inclusão das demais séries do ensino fundamental [além da primeira e segunda séries]” (http://www.fnde.gov.br/index.php/pnld-historico).

A partir desse debate foi criado, em 1985, o Programa Nacional do Livro

Didático (PNLD), que tinha como objetivos imediatos universalizar o atendimento

aos alunos das escolas públicas e estabelecer a análise, seleção e indicação do livro

didático. Esses objetivos nada tinham de novo em relação às políticas anteriores do

livro didático, porém, na execução do PNLD ocorreram algumas mudanças

significativas que envolveram aspectos sociais, técnicos, econômicos e começaram

a afetar o envolvimento dos sujeitos envolvidos no uso do livro didático. Entre elas,

estão:

a escolha do livro didático feita pelos professores;

a abolição do livro descartável;

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o aperfeiçoamento das especificações técnicas de produção do livro para que tivessem maior durabilidade;

a extensão da oferta aos alunos das 1ª e 2ª séries das escolas públicas e comunitárias;

o fim da participação financeira dos estados, ficando o programa totalmente sob a responsabilidade do governo federal

(http://www.fnde.gov.br/index.php/pnld-historico).

Em 1990, os debates internacionais acerca da educação contribuíram para

que tais mudanças na política do livro didático no Brasil se consolidassem e se

aprofundassem. Naquele ano, na Conferência Mundial de Educação para Todos,

promovida pela Unesco, foi decidido que os países com altos índices de

analfabetismo e com problemas de atendimento da escolaridade obrigatória

deveriam elaborar planos decenais para educação.

O MEC, então, desencadeou a elaboração do Plano Decenal de Educação

para Todos nos anos de 1993 e 1994. Esse plano estabeleceu como algumas

prioridades da educação brasileira a melhoria da qualidade dos livros didáticos, a

capacitação dos professores para avaliar e escolher livros didáticos, a necessidade

de renovação da política do livro didático no país. Avaliar os livros didáticos,

identificar os que contem erros conceituais e abordagens que comprometem a

formação da cidadania tornou-se uma das principais preocupações do PNLD.

Quando uma obra com tais problemas era escolhida pelos professores, o dinheiro

público era mal utilizado e a qualidade do ensino comprometida.

Com o objetivo primeiro de contribuir para a construção da cidadania, levando às escolas conceitos e informações (...) com correção e pertinência metodológica, o processo de avaliação do livro didático teve início em 1996, momento a partir do qual ele foi se aprimorando, para expressar, de maneira mais ampla possível, todos os aspectos necessários para uma boa avaliação (...) (SPOSITO, 2006, p. 57).

Assim, em 1996, teve início a avaliação pedagógica dos livros didáticos.

Depois da inclusão do professor na escolha do livro, essa avaliação pode ser

considerada um segundo passo no sentido de amadurecimento das políticas do livro

didático, pois ela agregou responsabilidade social a esse tipo de aplicação do

dinheiro público.

Contudo, ainda há vários aspectos a serem enfrentados na política do livro

didático. Um deles é a tensão que a avaliação pedagógica provoca entre os sujeitos

interessados na produção, comercialização e uso do livro didático. Autores e

editoras querem o direito de participar do processo de avaliação por meio de

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interlocução direta com a equipe de avaliadores para questionar e discutir o

resultado obtido por seus livros. O governo evita que isso ocorra argumentando a

necessidade de autonomia da equipe de avaliadores que deve ser resguardada de

quaisquer tipos de coação ou constrangimento. Alguns estudiosos do assunto

defendem a necessidade de participação de professores e até de alunos, bem como

associação de pais e outras entidades civis na composição das equipes de

avaliação e na escolha do livro didático.

Apesar dessa tensão e dos mais variados interesses que ela envolve, todos

reconhecem a relevância de políticas que buscam qualidade e aprimoramento dos

livros didáticos. Afinal, o livro didático é importante elemento de intermediação no

processo de ensino e aprendizagem; muitas vezes é o único livro que o aluno e sua

família têm acesso; veicula um conhecimento que é comercializado e precisa ser

correto; é custeado com dinheiro público e distribuído para milhões de alunos em

todo território nacional.

Por isso, nesse artigo será destacado o papel do professor no PNLD, pois,

considera-se cada vez mais necessário que além de conhecer e acompanhar a

avaliação do livro ele tenha conhecimento de todas as implicações políticas,

econômicas, teóricas e metodológicas que envolvem o ensino e a escolha do livro

didático.

2.1 O PNLD E A AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA DAS COLEÇÕES

Desde meados dos anos de 1960 estudos já apontavam a falta de qualidade

dos livros didáticos. Entre os problemas levantados por essas pesquisas estavam o

caráter ideológico dos livros, a presença de ideias discriminatórias, os erros

conceituais e as insuficiências metodológicas.

Apesar desses estudos as obras disponibilizadas nos Guias da primeira

década de existência do PNLD não passavam por nenhum critério de seleção

baseado em qualidade teórica e metodológica. À época da escolha do livro, o MEC

enviava às escolas um Guia único onde estavam relacionadas todas as obras

inscritas no programa pelas editoras. Para ser inserida no Guia, bastava que a

editora inscrevesse a obra assegurando ao MEC capacidade de disponibilizar

imediatamente a quantidade necessária em caso de escolha pelo professor.

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Em 1993, sob influência das discussões do Plano Decenal de Educação para

Todos, a FAE manifestou preocupação com a qualidade do livro didático. Instituiu

uma comissão de especialistas nas diversas áreas do conhecimento correspondente

às disciplinas do ensino fundamental. Essa comissão realizou uma avaliação piloto

das dez obras mais escolhidas pelos professores, em 1991, em cada uma das

disciplinas, e apontou critérios gerais para avaliação das novas aquisições.

O resultado desse trabalho, publicado em 1994 sob a denominação “Definição

de critérios para avaliação dos livros didáticos – Português, Matemática, Estudos

Sociais e Ciências – 1ª a 4ª séries”, evidenciou os graves problemas editoriais,

conceituais e metodológicos apresentados pelos livros comprados pelo governo e

distribuídos às escolas públicas. Essa publicação teve repercussão nacional, pois,

recomendava requisitos mínimos que os livros didáticos deveriam conter. Isso

provocou outros setores da sociedade a reivindicarem direito de participação na

definição de critérios de avaliação do livro didático. Assim, em junho de 1995

aconteceu em Brasília a mesa redonda “Como melhorar o livro didático”

com o objetivo de colher subsídios para o estabelecimento de uma política do livro didático que assegurasse sua qualidade. Participaram dirigentes e equipe técnica do MEC, dirigentes da extinta FAE, UNDIME (União Nacional dos Dirigentes Municipais), CONSED (Conselho Nacional dos Secretários de Educação), CBL (Câmara Brasileira do Livro), ABRALE (Associação Brasileira de Autores de Livros Educativos), ABRELIVROS (Associação Brasileira de Editores de Livros), SNEL (Sindicato Nacional de Editores e Livreiros), CENPEC e especialistas por área de conhecimento. Em outubro de 1995, o MEC realizou, em São Paulo, o Seminário "Livro Didático: Conteúdo e Processo de Avaliação", que teve por objetivo o estabelecimento de critérios para a análise dos livros que fariam parte do Guia de Livros Didáticos, a ser editado pelo MEC, como instrumento de apoio à escolha de livros didáticos pelos professores da rede pública de 1ª

a 4ª

séries (BATISTA, 2001, p.54).

Ainda em 1995 o MEC instituiu oficialmente a análise e a avaliação

pedagógica do livro didático como componente da política do PNLD. Formou uma

comissão de especialistas com experiência nos três níveis de ensino que,

coordenada pela Secretaria de Ensino Fundamental (MEC) realizou a primeira

avaliação dos livros que seriam escolhidos pelos professores, comprados pelo

governo e enviados às escolas (BATISTA, 2001). Muitos membros dessa comissão

tinham participado da avaliação piloto ocorrida dois anos antes.

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De acordo com os critérios então estabelecidos, só poderiam ser analisados aqueles livros não-consumíveis (exceto os dirigidos à 1ª série), com qualidades editorais e gráficas, que não se destinassem ao mesmo tempo a mais de uma disciplina ou série do ensino fundamental e que não exigissem a compra de outros volumes ou satélites, como cartazes, cadernos de atividades ou de jogos, etc. (...) definiram-se como critérios comuns de análise, a adequação didática e pedagógica, a qualidade gráfica e editorial, a pertinência do manual do professor para uma correta utilização do livro didático e para a atualização do docente. Definiu-se ainda, então, como critérios eliminatórios, que os livros: não poderiam expressar preconceitos de origem, raça, sexo, cor e idade ou quaisquer outras formas de discriminação; não poderiam induzir ao erro ou conter erros graves relativos ao conteúdo da área, como por exemplo, erros conceituais (BATISTA, 2001, p. 14).

Esses critérios foram tornados públicos e o MEC enviou carta convite às

editoras de modo que as interessadas em vender livros para o governo pudessem

submeter suas coleções ao processo de avaliação. Entre 1995 e 1996 ocorreu o

processo de avaliação do PNLD 1997 com base nos critérios elaborados na

avaliação piloto. Nessa edição foram avaliados livros de Matemática, Português,

Ciências e Estudos Sociais para os anos iniciais do Ensino Fundamental (1ª a 4ª

séries). Os livros avaliados tiveram seus pareceres publicados no Guia e foram

classificados em quatro categorias:

excluídos - categoria composta de livros que apresentassem erros conceituais, indução a erros, desatualização, preconceitos ou discrimina-ções de qualquer tipo; não-recomendados - categoria constituída pelos manuais nos quais a dimensão conceitual se apresentasse com insuficiência, sendo encontradas impropriedades que comprometessem significativamente sua eficácia didá-tico-pedagógica; recomendados com ressalvas - categoria composta por aqueles livros que possuíssem qualidades mínimas que justificassem sua recomendação, embora apresentassem, também, problemas que, entretanto, se levados em conta pelo professor, poderiam não comprometer sua eficácia; e, por fim, recomendados - categoria constituída por livros que cumprissem corretamente sua função, atendendo, satisfatoriamente, não só a todos os princípios comuns e específicos, como também aos critérios mais relevantes da área (BATISTA, 2001, p. 13, 14).

Nos anos de 1996 e 1997 ocorreu o processo de avaliação da edição 1998 do

PNLD. Desta vez foi o Fundo Nacional para o Desenvolvimento Educacional (FNDE)

que coordenou o processo uma vez que a FAE foi extinta no ano anterior. Nessa

edição foram avaliadas, novamente, coleções destinadas à 1ª a 4ª séries do Ensino

Fundamental.

Para o PNLD 1998 foram mantidos os critérios de avaliação que orientaram a

edição de 1997. Modificou-se apenas o modo de classificação das obras no Guia. A

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lista dos livros excluídos passou a ser simplesmente apresentada no Guia, sem

referência às análises realizadas sobre esses livros. Os motivos da exclusão eram

informados apenas às editoras em pareceres técnicos específicos para cada obra

excluída. Os demais livros apareceram no Guia classificados em:

Recomendados com Ressalva,

Recomendados,

Recomendados com Distinção (para a aqueles que apresentassem propostas

inovadoras, instigantes, criativas).

O PNLD 1999 foi a primeira edição para livros destinados à 5ª a 8ª séries do

Ensino Fundamental. Ele foi preparado durante os anos de 1997 e 1998 e, devido a

especificidades dessa etapa do ensino, foi necessário adequação dos critérios o que

levou a uma nova rodada de discussões sobre a avaliação do livro didático.

Para tanto, foi realizado em Brasília, (...) em junho de 1997, o Seminário "Critérios de Avaliação de Livros Didáticos - 5

a 8

séries", com o fim de colher subsídios e definir critérios de avaliação. Participaram deste seminário, dirigentes e técnicos do MEC, especialistas das várias áreas do conhecimento e os representantes das entidades de autores e editores já citadas (BATISTA, 2001, p.55).

Sobre o quesito critérios de avaliação, o PNLD 1999 manteve os mesmos das

duas edições anteriores e acrescentou mais um critério de exclusão: a incorreção e

a incoerência metodológica da obra. Com isso passou-se a valorizar processos

cognitivos como a compreensão, a interpretação, a análise, a síntese, a formulação

de hipóteses, entre outros. No Guia do Livro Didático deixou de aparecer a lista dos

livros não aprovados na avaliação, mantendo-se apenas as resenhas das obras

recomendadas, recomendadas com ressalvas e recomendadas com distinção.

No caso das disciplinas de Geografia e História o PNLD 1999 contribuiu para

a construção de critérios específicos, pois nas duas edições anteriores do programa,

os livros avaliados para as primeiras séries do ensino fundamental eram de Estudos

Sociais. Assim, para o PNLD 2000/2001 (1ª a 4ª séries) já estavam separados os

critérios para Geografia e História, mesmo avaliando-se ainda livros de Estudos

Sociais. A partir da edição do PNLD 2004 (1ª a 4ª séries) ocorreram inscrições

separadas das obras de Geografia e História, pois, não se aceitavam mais os livros

de Estudos Sociais.

Os debates desencadeados pelas demandas específicas que a primeira

avaliação dos livros de 5ª a 8ª séries trazia desenvolveram-se desde 1997, mas de

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modo mais efetivo no ano de 2000. Os resultados desses debates foram

sistematizados, em 2001, numa publicação denominada “Recomendações para uma

política pública de livros didáticos” que traz todo o histórico da construção do PNLD,

aponta os limites e as possibilidades do programa à época e faz uma avaliação da

avaliação.

Uma das recomendações desse documento, atendida imediatamente, foi a

descentralização da organização do programa que ocorreu a partir da edição de

2002 do PNLD (5ª a 8ª séries). Desde então as equipes de avaliação passaram a

ser constituídas e coordenadas por universidades públicas interessadas em

participar do processo. A essas universidades cabia compor equipes de avaliadores

com docentes de todas as regiões do Brasil, que atuassem no ensino superior, mas

tivessem pesquisa ou envolvimento com o ensino básico. Algumas equipes eram

compostas, também, por professores da educação básica.

Os critérios de avaliação eram publicados em editais e a partir deles as

coordenações de cada disciplina elaboravam as fichas pelas quais os avaliadores

fariam a análise das obras inscritas no programa. Tais critérios foram se

aprimorando desde os debates iniciais e deviam ser observados por autores e

editoras na produção dos livros didáticos. Assim, é possível sistematizar os critérios

de exclusão da seguinte forma:

Critérios de Exclusão

PNLD 1997 PNLD 1998 PNLD 1999

1. Eliminadas obras que contivessem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quais outras formas de discriminação

1. Eliminadas obras que contivessem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quais outras formas de discriminação

1. Eliminadas obras que contivessem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quais outras formas de discriminação

2. Eliminadas obras que contivessem erros graves relativos ao conteúdo da área ou que induzissem a erros.

2. Eliminadas obras que contivessem erros graves relativos ao conteúdo da área ou que induzissem a erros. Os conteúdos não poderiam ser desatualizados.

2. Eliminadas obras que contivessem erros graves relativos ao conteúdo da área ou que induzissem a erro. Os conteúdos não poderiam ser desatualizados.

3. Eliminadas obras com incorreção e inadequação metodológicas.

Fonte: Recomendações para uma política pública de livros didáticos, 2001.

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Além desses critérios eliminatórios havia outros que constituíam o conjunto

dos critérios classificatórios. Ou seja, uma coleção que não atendesse plenamente a

um ou mais critérios eliminatórios estava excluída do PNLD. Entretanto, se não

atendesse plenamente a um ou mais critérios classificatórios, poderia ser aprovada

na avaliação pedagógica do PNLD, mas sua qualificação ficaria comprometida e as

falhas identificadas apareceriam na resenha, no Guia do Livro Didático.

Os critérios classificatórios também foram se aprimorando a cada edição do

PNLD com a experiência acumulada das avaliações realizadas. A título de exemplo,

citam-se alguns critérios classificatórios, a saber: linguagem adequada à etapa de

ensino; qualidade das atividades relacionada ao estímulo dos processos cognitivos

simples e complexos; estímulo ao trabalho com diferentes pontos de vista; estímulo

à problematização dos conteúdos; apresentação de questões e desafios; presença

de fontes e autorias de dados; inserção de leituras complementares; existência de

glossário, referências e outras indicações; qualidade nos aspectos gráficos e

editoriais, entre outros.

Os três grandes critérios eliminatórios se mantiveram até o PNLD 2010,

quando todos os critérios de avaliação, passaram a ser eliminatórios. Desde essa

edição do programa, portanto, a coleção que não atender a qualquer um dos

critérios de avaliação explicitados no edital, pode ser excluída.

A partir de 2005 começaram a ser avaliados livros didáticos para o Ensino

Médio. Essa etapa da Educação Básica teve distribuição paulatina dos livros de

algumas disciplinas no período de 2005 a 2009. A partir de 2010 consolidou-se o

programa do livro didático também para o Ensino Médio e houve, então, a primeira

avaliação conjunta para todas as disciplinas, exceto Arte e Educação Física. A

experiência e a construção dos critérios de avaliação das edições anteriores do

PNLD contribuíram para a elaboração do edital e a avaliação dos livros do Ensino

Médio, acrescentando-se algumas especificidades próprias dessa etapa.

Outra modificação relevante que ocorre desde o PNLD 2005 (5ª a 8ª séries),

por pressão das editoras, refere-se à retirada da classificação das coleções

(recomendada com distinção, recomendada e recomendada com ressalva) nos

Guias do Livro Didático. Todas as coleções apresentadas no Guia passaram a

receber a menção Aprovada. As excluídas, que já não eram mencionadas no Guia

desde a edição de 1999, continuam com seus pareceres de exclusão enviados às

editoras.

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Em função dessa impossibilidade de classificar as obras aprovadas, a

elaboração dos Guias do Livro Didático vem exigindo das equipes de coordenação

de cada disciplina, mais criatividade e inteligência para que esse documento

expresse de modo claro e objetivo as diferenças qualitativas entre as coleções

aprovadas.

CICLOS DE AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA DO PNLD

1ª a 4ª séries 5ª a 8ª séries

1997 1999

1998 2002 – passa-se a avaliar as coleções e não mais os livros individualmente

2000/2001 2005 – as classificações das coleções (RD, R, RR) deixam de aparecer no Guia do Livro Didático

2004 – separadas inscrições livros de Geografia e História

2008

2007 2011

2010 – todos os critérios de avaliação passam a ser eliminatórios

2013 2014

Ensino Médio

2005 a 2009 – Por grupo de disciplinas

2012 – Todas as disciplinas de uma só vez Informações sistematizadas pela autora deste artigo com base na história do PNLD.

Observa-se que as primeiras edições do PNLD que contaram com a avaliação

pedagógica para o Ensino Fundamental foram, respectivamente, as de 1997 e 1998

para os anos iniciais e a 1999 para os anos finais. Até a edição de 2000/2001 os

livros de uma mesma coleção eram avaliados individualmente, segundo a série.

Assim, uma coleção poderia ter alguns livros aprovados e outros não. Somente a

partir da edição do PNLD 2002 é que as obras passaram a ser avaliadas no conjunto

de cada coleção.

Nas primeiras avaliações do PNLD para os anos iniciais (1997, 1998 e

2000/2001) os livros de Geografia e História foram avaliados em conjunto, por uma

mesma equipe e critérios comuns. Somente a partir do PNLD 2004 a avaliação

desses dois componentes curriculares (nos anos iniciais) ganhou autonomia e

especificidades próprias à natureza teórica, conceitual e pedagógica de cada um.

Nos quadros 3 e 4 apresentam-se dados quantitativos das coleções que

passaram pela etapa da pré-análise e foram encaminhadas para as equipes de

avaliação pedagógica nas diversas edições do PNLD de Geografia.

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Quadro 3: Dados Quantitativos PNLD Geografia – Ensino Fundamental

Edição Etapa do Ensino

Fundamental

Número de livros

avaliados

Número de livros

aprovados

% de livros aprovados

1997* Anos Iniciais 101 29 28,7

1998* Anos Iniciais 109 30 27,5

1999 Anos Finais 69 22 31,8

2000/2001* Anos Iniciais 156 68 43,5

Edição Etapa do Ensino

Fundamental

Número de Coleções avaliadas

Número de coleções

aprovadas

% de coleções

aprovadas

2002 Anos Finais 52 28 53,8

2004 Anos Iniciais 42 29 69

2005 Anos Finais 16 11 69

2007 Anos Iniciais 33 31 94

2008 Anos Finais 26 19 73

2010 Anos Iniciais 38 22 58

2011 Anos Finais 18 10 55

2013 Anos Iniciais

Fonte: Guias do Livro Didático, FNDE.

*Edições do PNLD em que se avaliavam livros de Estudos Sociais para os anos iniciais do Ensino

Fundamental.

Quadro 4: Dados Quantitativos PNLD – Geografia Ensino Médio

Edição Número de

coleções avaliadas Número de

coleções aprovadas % de coleções

aprovadas

2009 19 15 79

2012 18 14 77

Fonte: Guias do Livro Didático, FNDE.

3. O PROCESSO DE ESCOLHA DO LIVRO DIDÁTICO NAS ESCOLAS DO

PARANÁ – O papel do professor de Geografia

Um dos principais produtos de todo processo de avaliação pedagógica dos

livros didáticos organizado pelo PNLD é o Guia do Livro Didático. Esse produto

contém a síntese da avaliação de todas as obras em seu conjunto e de cada uma

em particular. Sua principal função é informar quais as obras que foram aprovadas e

subsidiar os professores caracterizando cada uma delas, em seus aspectos teóricos

e metodológicos. Espera-se, assim, que o Guia do Livro Didático seja um

instrumento facilitador da escolha do livro, possibilitando ao professor conhecer as

características de todas as obras aprovadas e não apenas daquelas que as editoras

enviam às escolas para seu conhecimento.

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Dessa perspectiva e com o objetivo de investigar qual é a importância do Guia

do Livro Didático para o professor da rede estadual do Paraná no processo de

escolha do livro, bem como quais os critérios que ele utiliza para realizar tal escolha,

foi feita uma pesquisa de campo cujos resultados são apresentados neste artigo.

Para viabilizar essa investigação o questionário apresentado no anexo I foi

enviado, por e-mail, em maio de 2011, para todos os professores da rede pública

estadual de ensino com a orientação que aqueles responsáveis pela disciplina de

Geografia deveriam respondê-lo na íntegra, enquanto os professores das demais

disciplinas somente até a questão dez.

Foram obtidas 1983 respostas e, destas, 150 eram de professores de

Geografia. Para este artigo foram analisadas apenas as respostas dos professores

de Geografia3. Tal análise será apresentada em três conjuntos, a saber:

caracterização da escola e do professor de geografia; relação do professor de

Geografia com o Guia do Livro Didático na escolha do PNLD 2009; os critérios que

orientaram a escolha do livro e como o livro escolhido é caracterizado pelo

professor.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DAS ESCOLAS E DOS PROFESSORES DE GEOGRAFIA

Das 150 escolas onde atuam os professores que responderam o questionário,

88% localizam-se na área urbana e 12% na área rural. Quanto ao número de alunos

82% têm até dois mil alunos4. Além disso, 60% ofertam Ensino Fundamental

(especialmente anos finais) e Ensino Médio. As demais escolas ofertam apenas uma

dessas etapas da Educação Básica.

Quanto à formação dos docentes, 84% têm licenciatura em Geografia e 16%

não são licenciados nessa disciplina, mas têm alguma formação afim em cursos de

pós graduação. Entre eles, 63% são mulheres e 37% homens. A maior parte dos

professores pertence às faixas etárias de 31 a 40 anos (35%) e de 41 a 50 anos

(41%). No que se refere ao tempo de trabalho no magistério, observou-se um

equilíbrio com aproximadamente 20% dos professores compondo cada intervalo das

opções a essa questão (6 a 10 anos; 11 a 15; 16 a 20 e 21 a 25 anos). Além disso,

3 As respostas dos professores das demais disciplinas serão objeto de análise futura e os resultados

sistematizados e publicados oportunamente. 4 15% dos professores entrevistados não responderam a essa pergunta.

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60% desses professores têm mais de cinco anos de vínculo com a escola de

atuação em 2011. Por fim, mais de 80% desses professores vêm atuando, nos

últimos dez anos, tanto nos anos finais do Ensino Fundamental quanto no Ensino

Médio. Os demais têm-se dedicado só ao Ensino Fundamental ou só ao Ensino

Médio.

Analisando os dados sobre formação dos professores é possível identificar

um elemento positivo que é o alto índice de licenciados na área. Além disso, as

faixas etárias onde situa-se a maior parte desses professores é as de 31 a 40 e 41 a

50 ano, o que articula-se com o tempo de atuação média no magistério que fica em

torno de 10 a 20 anos. Por esses aspectos observa-se que o quadro de professores

de Geografia da rede estadual de ensino é composto por profissionais experientes e

com formação inicial na disciplina que lecionam.

3.2 O PROFESSOR DE GEOGRAFIA, O PNLD E O GUIA DO LIVRO DIDÁTICO

Dos 150 professores que responderam ao questionário 81% declarou

conhecer o Programa Nacional do Livro Didático. Ainda entre o total de professores

37% disseram conhecer bem o programa, 55% afirmaram conhecer pouco e 8% não

conhecer nada. Assim, apesar da maioria declarar conhecer o programa, mais de

60% assumem que conhecem pouco ou nada.

Independentemente do grau de conhecimento, 93% dos professores já

participaram da escolha do livro em algum PNLD. Sobre essa participação 23%

escolheram apenas livros para o Ensino Fundamental, 12% livros apenas para o

Ensino Médio e 56% dos professores escolheram livros tanto para o Ensino

Fundamental quanto para o Ensino Médio. Outros 9% não responderam a essa

questão.

Ao serem questionados sobre como realizaram a escolha do livro didático no

último PNLD de que participaram, os professores responderam, conforme Tabela 01.

Tabela 1: Procedimentos de escolha do livro didático no último PNLD

Como você e seus colegas escolheram o livro didático no último PNLD?

Opções de respostas disponíveis Porcentagem de respostas obtidas

Lendo o Guia e analisando todas as resenhas das coleções aprovadas. 46%

Lendo parte do Guia, apenas as resenhas das coleções conhecidas. 18%

Não lemos o Guia. Fizemos a escolha a partir da análise das coleções que as 26%

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editoras mandaram para a escola.

Não lemos o Guia nem analisamos outras coleções. Mantivemos a coleção já adotada em anos anteriores, uma vez que ela foi aprovada na avaliação do PNLD.

02%

Não respondeu 08%

Fonte: Dados obtidos no questionário aplicado aos professores de Geografia da rede pública estadual de ensino do Paraná, 2011.

Para a Geografia, a última edição da qual os professores poderiam ter

participado à época em que responderam o questionário era o PNLD 2009 (Ensino

Médio) ou o PNLD 2011 (Ensino Fundamental).

Os Guias do Livro Didático desses dois PNLD apresentam resenhas que

qualificam cada coleção aprovada na avaliação. A leitura atenta dessas resenhas é

importante, pois, como já foi mencionado, desde o PNLD 2005, os Guias não trazem

mais as menções (Recomendadas com Distinção, Recomendadas e Recomendadas

com Ressalvas) que diferenciavam a qualidade de uma coleção para outra.

Entretanto, apenas 46% dos professores afirmaram ter escolhido o livro a partir da

leitura do Guia, enquanto 28% declararam não ter lido o Guia.

Considera-se que se os professores tivessem lido o Guia do Livro Didático

seu conhecimento sobre o programa, sobre o processo e os critérios de avaliação

que constituem o programa seria maior. Por exemplo, no PNLD 2011, o último

realizado para os anos finais do Ensino Fundamental, o texto de Apresentação no

Guia, destaca os elementos mais importantes que um livro didático de Geografia de

qualidade deve conter, afirmando-se que desde o edital do programa, elaborado

pelo MEC, até o final do processo de avaliação, tais elementos foram balizadores do

trabalho de avaliação das coleções inscritas.

Este guia do PNLD 2011 apresenta uma seleção de obras didáticas voltadas para os anos finais do ensino fundamental, resultante de um cuidadoso processo de avaliação. Pautada em critérios previamente definidos no edital MEC/PNLD 2011, essa avaliação procura garantir que a escola pública brasileira seja atendida por livros didáticos de Geografia de qualidade. Seus princípios estabelecem que tais obras devem possibilitar aos alunos:

Analisar a realidade, percebendo suas semelhanças, diferenças e desigualdades sociais, e apresentar propostas para sua transformação;

Compreender as interações da sociedade com a natureza, para explicar como as sociedades produzem o espaço;

Compreender o espaço geográfico como resultado de um processo de construção social, e não como uma enumeração de fatos e fenômenos desarticulados;

Saber utilizar os conceitos de natureza, paisagem, espaço, território, região e lugar, para analisar e refletir;

Compreender seu espaço imediato, assim como as escalas mais amplas.

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Utilizar variáveis básicas como distância, localização, semelhanças, diferenças, hierarquias, atividades e sistemas de relações, para identificar e inter-relacionar formas, conteúdos, processos e funções;

Permitir a discussão e a crítica, estimulando atitudes para o exercício da cidadania;

Favorecer a apropriação da linguagem cartográfica para estabelecer correlações e desenvolver as habilidades de representar e interpretar o mundo (Guia do Livro Didático Geografia, PNLD 2011, p. 9).

Em seguida, no item Por dentro da avaliação, explicou-se todo o processo da

avaliação, desde o perfil dos avaliadores escolhidos até os procedimentos de

consolidação das fichas de avaliação de cada coleção. A leitura atenta desses dois

itens iniciais do Guia propiciaria ao professor um conhecimento mais aprofundado do

Programa Nacional do Livro Didático.

Na sequência as perguntas diziam respeito especificamente ao PNLD 2009

para Geografia no Ensino Médio. A primeira questão investigava se e como os

professores utilizaram o Guia do Livro Didático para a escolha do livro.

Tabela 2: O professor de Geografia e o Guia do Livro Didático no PNLD 2009

Qual seu conhecimento do Guia de Geografia para o Ensino Médio, publicado em 2008 pelo

MEC para a escolha dos livros que chegaram às escolas em 2009?

Opções de respostas disponíveis Porcentagem de respostas obtidas

Não tive acesso ao Guia 32%

Consultei o Guia para saber se a obra já adotada na escola estava disponível para escolha

15%

Consultei o Guia, mas li as resenhas só dos livros que já conhecia 8%

Consultei o Guia e li todas as resenhas para então fazer a escolha do livro 17%

Não responderam 20%

Outras respostas 7% Fonte: Dados obtidos no questionário aplicado aos professores de Geografia da rede pública estadual de ensino do Paraná, 2011.

Observa-se que ao somar as porcentagens dos professores que declararam

ter consultado o Guia, ainda que com objetivos distintos, tem-se um total de 40%.

Porém, somando-se os que não responderam à questão e os que afirmaram não ter

acessado o Guia, tem-se um total de 52%. Constata-se que é maior o número de

professores de Geografia que não utilizaram o Guia do que os que o leram, total ou

parcialmente, para a escolha do livro didático no PNLD 2009 para o Ensino Médio.

Na categoria Outras respostas alguns professores afirmaram ter consultado

superficialmente o Guia, que não eram professores do Ensino Médio na época, que

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a escola onde atuavam não oferecia Ensino Médio, que analisaram apenas as

coleções enviadas à escola pelas editoras.

A pergunta seguinte era uma questão de múltipla escolha e buscava

aprofundar a anterior, pois, questionava “Se não consultou o Guia no PNLD 2009,

explique a razão”. Evidentemente só responderam essa pergunta aqueles que

declararam na questão anterior não terem consultado o Guia. Desses, 14%

afirmaram que não foram informados que o Guia estava disponível no site do FNDE,

6% que o Guia não chegou à escola, outros 6% disseram que apesar de estar

disponível o Guia simplesmente não foi consultado e 3% alegaram que no PNLD

2009 apenas a equipe pedagógica da escola teve acesso ao Guia da disciplina de

Geografia. Os demais 9% afirmaram que davam aulas em outra disciplina, que não

atuavam no Ensino Médio ou que estavam fora de sala de aula. Em resumo, 23%

justificam a não utilização do Guia por falta de acesso a ele. A porcentagem dos

professores que não responderam a essa questão (62%) está coerente com a soma

dos índices dos que, na questão anterior, não responderam e os que afirmaram ter

consultado o Guia.

Na sequência, uma questão aberta, tinha no enunciado o pressuposto de que

os Guias estavam disponíveis e indagava-se por que, ainda assim, não foram

consultados. Era uma questão aberta e os professores poderiam registrar suas

justificativas singulares, porém, 81% deixou em branco, talvez por considerarem a

pergunta já respondida na questão anterior. Entre os 19% que responderam não se

observou um padrão nos argumentos. Entretanto, destacam-se as afirmações dos

que não tinham aula no Ensino Médio na época (6%) e, como elemento novo, alguns

professores apontaram a falta de tempo e de articulação na escola (3%) para ler o

Guia e fazer o debate coletivo.

Desse conjunto de três questões sobre o acesso e o uso do Guia do Livro

Didático, observa-se nas respostas e nos silêncios uma subutilização dessa

ferramenta no processo de escolha do livro. A falta de acesso ao Guia, pelas mais

diversas razões, ou a consulta apenas para verificar se o livro que o professor

conhece e já utiliza foi aprovado e está disponível para escolha, confirmam a

subutilização. Além disso, alguns professores apontaram outro importante indicativo

que reduz o uso do Guia: a falta de tempo e de uma cultura escolar que valorize

essa ferramenta para que a leitura e os debates ocorram no processo de escolha do

livro.

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Nesse sentido, o Guia do Livro Didático do PNLD 2009, no texto Orientações

para a escolha, reforça a importância do livro didático como material de apoio à

prática pedagógica e sugere encaminhamentos a serem realizados no âmbito das

escolas para que a escolha do livro envolva o coletivo dos professores e se dê com

base numa análise dos fundamentos teórico-metodológicos das obras aprovadas. É

preciso lembrar que o PNLD 2009 foi o primeiro dirigido ao Ensino Médio. Por isso,

num dos textos introdutórios destacam-se as especificidades do Ensino Médio e a

necessidade dos livros didáticos estarem em consonância com a legislação vigente.

As duas questões seguintes investigavam quem escolheu o livro didático no

PNLD 2009 e como foi a participação do professor. Essas eram questões de múltipla

escolha e as respostas apresentaram coerência entre si. Sobre quem escolheu o

livro 65% afirmaram que foram “os professores de Geografia em conjunto”, enquanto

7% disseram ter sido “um único professor de Geografia” e 28% não responderam. A

respeito da participação do entrevistado no processo de escolha do livro as

respostas ficaram bem equilibradas entre as opções oferecidas. Assim, 33% afirmam

que tiveram participação intensa, 24% classificam sua participação como pontual,

21% declaram que não participaram da escolha e 22% não responderam. Conclui-se

que na maioria das escolas onde atuam, os professores de Geografia encontram

uma maneira de definir, em conjunto qual o livro seria escolhido e grande parte deles

teve uma atuação intensa nesse processo de escolha. Porém, diante das respostas

das questões anteriores, sabe-se que o Guia foi pouco utilizado para esse

procedimento.

3.3 OS CRITÉRIOS DE ESCOLHA DO LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA

Em busca de compreender o que orientou a escolha do livro didático as

questões seguintes investigaram os critérios utilizados pelos professores e, além

disso, como o professor caracteriza o livro que escolheu e como ele lhe serve de

apoio pedagógico.

Na questão referente aos critérios de escolha algumas opções envolviam

aspectos relativos à teoria, metodologia e conteúdos predominantes no livro. Outras

opções consideravam aspectos editorais, abordagem cartográfica e coerência do

livro com as Diretrizes Curriculares Estaduais. Os professores poderiam marcar mais

de uma opção e, também, apontar outros critérios, por isso, a somatória das

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porcentagens dessas respostas ultrapassa os 100%. Do total, 31% dos professores

não responderam à questão.

Tabela 3: Os critérios de escolha do livro didático de Geografia

Qual foi o principal (ou os principais) critério de escolha que levou à escolha do livro de

Geografia em 2008?

Opções de respostas disponíveis Porcentagem de respostas obtidas

A coerência do livro com os pressupostos teórico-metodológicos das Diretrizes Curriculares Estaduais de Geografia

33%

A ênfase em algumas abordagens consideradas mais importantes para o ensino de Geografia hoje (ex.: ambiental, econômica, física, social, etc.)

28%

A linha de pensamento geográfico adotada pelo autor (crítica, fenomenológica, tradicional, etc.)

17%

A proposta metodológica adotada pelo autor (sociointeracionista, construtivista, tradicional, etc.)

13%

a qualidade gráfica e editorial do livro 12%

A ênfase na linguagem cartográfica 7%

Outros 6%

Fonte: Dados obtidos no questionário aplicado aos professores de Geografia da rede pública estadual de ensino do Paraná, 2011.

Na classificação outros foram apontados como critérios de escolha do livro

didático a linguagem objetiva, a adequação dos conteúdos por série e a adequação

do livro à realidade da escola.

Observa-se, que a predominância na opção “coerência com as DCE” sugere

que esse documento, fruto de uma discussão que se estendeu de 2004 a 2008 e

envolveu os professores da rede, tem sido tomado como uma das referências para a

escolha do livro didático. Entendidas como um documento propositivo e orientador

para o ensino de Geografia nas escolas da rede estadual, as DCE propõem uma

concepção teórica, um conjunto de conteúdos e conceitos geográficos a serem

trabalhados nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, bem como

indicam algumas linguagens e metodologias de ensino a serem observadas pelos

professores. Assim, considera-se que, ao assinalar essa opção, mais do que

reconhecer a legitimidade das DCE os professores estão tomando seus

fundamentos como critérios para essa escolha.

O segundo critério mais assinalado pelos professores refere-se aos

conteúdos e ao modo como são abordados. Somadas as porcentagens desses dois

critérios mais assinalados (61%), destaca-se que os professores dão maior valor aos

conteúdos dos livros e suas abordagens, articulados com as concepções teóricas

indicadas nas DCE. Os demais critérios de escolha foram considerados em menor

medida pelos professores.

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Nesse sentido, caso o uso do Guia do Livro Didático constituísse a rotina do

processo de escolha do livro, essa ferramenta poderia contribuir para que os

professores identificassem, nas coleções aprovadas, as características que mais se

aproximam dos seus critérios de escolha5. Por exemplo, no Guia do PNLD 2011

(Ensino Fundamental), nos textos introdutórios que caracterizam e comparam as

coleções avaliadas, alguns gráficos propiciam uma visualização rápida das ênfases

nos conteúdos temáticos presentes nessas coleções.

Gráfico 1: Apresentação dos conteúdos temáticos das coleções aprovadas no PNLD 2011

Fonte: Guia do Livro Didático PNLD 2011, Geografia.

5 O Guia do Livro Didático para o Ensino Médio do PNLD 2009 não trouxe em seus textos

introdutórios, gráficos ou textos de caracterização geral das obras aprovadas. Nesse Guia nenhum recurso visual (gráfico) foi inserido para que se pudesse realizar uma análise comparativa das obras. Essa ausência justifica o uso de exemplos de Guias de outras edições do PNLD para argumentar-se sobre a importância dessa ferramenta para a escolha do livro didático.

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Esse gráfico possibilita a visualização de quais conteúdos caracterizam de

modo mais específico cada livro das coleções. Antes mesmo de ler as resenhas de

cada coleção é possível ao professor perceber quais são os temas mais recorrentes

nos livros do 6º, do 7º, do 8º e do 9º ano, em todas elas. Na simples visualização do

gráfico verifica-se uma homogeneidade de conteúdos abordados nos volumes do 6º

e do 7º ano por todas as coleções. Nos volumes do 8º e do 9º ano, embora todas

contemplem os mesmos temas, eles não aparecem de modo homogêneo num

mesmo volume.

Esse mesmo tipo de orientação pode ser observado também no Guia do Livro

Didático do PNLD 2012 de Geografia para o Ensino Médio6. De um modo mais

categorizado e menos pormenorizado, o gráfico indica a estrutura temática das

coleções e a ênfase na abordagem dos conteúdos que elas apresentam.

Gráfico 2 – Apresentação da Estrutura Temática das coleções no PNLD 2012.

Fonte: Guia do Livro Didático de Geografia – PNLD 2012.

6 Esse Guia foi disponibilizado em maio de 2011 no site do FNDE e serviu para a escolha dos livros

didáticos de Geografia para o ensino médio do PNLD 2012. Portanto, no momento em que o questionário foi aplicado os professores ainda não tinham contato com esse material. Mesmo assim foi inserido como exemplo nessa análise para reforçar o argumento da importância da consulta atenta

do Guia e do valor dos Guias para o processo de escolha dos livros.

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Esses gráficos compõem os textos introdutórios dos respectivos Guias do

Livro Didático e constituem-se um apoio importante para a identificação das

abordagens temáticas o que pode facilitar a escolha do livro para o professor que lê

atentamente o Guia.

Na questão 17 e seus subitens solicitava-se que os professores

descrevessem, em três perguntas abertas e duas de múltipla escolha, as

características teórico-metodológicas do livro didático que escolheram no PNLD

2009 de Geografia. As questões abertas exigiam do professor conhecimento

pedagógico e capacidade de expressar com clareza a proposta do livro escolhido.

Na primeira pergunta desta questão observou-se uma dificuldade dos

professores para nominar a linha de pensamento geográfico predominante no livro o

que demonstra um distanciamento dos estudos epistemológicos da disciplina em

que atuam. Tal dificuldade se expressou pelo alto índice dos que não responderam à

questão, mas também pelo modo como descreveram a linha de pensamento dos

livros escolhidos. As respostas obtidas foram categorizadas como se demonstra na

Tabela 4.

Tabela 4: Linha de pensamento geográfico predominante no livro escolhido no PNLD 2009.

Descreva a linha de pensamento geográfico que predomina no livro de Geografia escolhido na sua escola em 2008.

Questão aberta, sem sugestão de resposta para escolha Porcentagem de respostas obtidas

Não responderam 64%

Crítica 15%

Econômica, Política, Social, para o aluno atuar como cidadão crítico, Histórica, Dialética, Geopolítica

5%

Relações sociedade-natureza, relações local-global, abordagem ambiental, aspectos físicos e humanos

5%

Tradicional 3%

Outros 6%

Fonte: Dados obtidos no questionário aplicado aos professores de Geografia da rede pública estadual de ensino do Paraná, 2011.

Pelos dados apresentados na Tabela 3 observa-se que 20% dos professores

apontam que a coleção escolhida no PNLD 2009 tinha como fundamentos teóricos

aspectos da chamada Geografia Crítica. Os 3% vinculados à perspectiva tradicional

não descrevem o que significa esse vínculo na caracterização do livro. A outra

categorização apresentada na tabela denomina de linha de pensamento uma ênfase

na abordagem ambiental e nas relações sociedade-natureza com 5% das respostas.

Na categoria outros foram consideradas respostas esporádicas como: não sei,

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superação do tradicional, cartográfica, socioconstrutivista, sociointeracionista,

tradicional e crítica, crítica e fenomenológica.

Na pergunta seguinte os professores deveriam descrever a proposta

metodológica predominante do livro que escolheram no PNLD 2009. As respostas

foram organizadas nas categorias apresentadas na Tabela 5.

Tabela 5: Proposta metodológica predominante no livro escolhido no PNLD 2009

Descreva a proposta metodológica predominante no livro de Geografia escolhido em 2008.

Questão aberta, sem sugestão de resposta para escolha Porcentagem de respostas obtidas

Não responderam 70%

Incentivo a leitura, pesquisas, criatividade, pensamento crítico, participação social do aluno, problematização dos conteúdos, interdisciplinaridade; destaca o professor como mediador da aprendizagem; estimula vocabulário; traz atualidades; é dinâmico e inovador.

10%

Aborda relações espaço temporais, relações sociedade natureza, a construção do espaço, a intervenção da humanidade na natureza; geografia física e geografia humana, interação com o meio, o local e o global

6%

Crítica e com estímulo à formação dos conceitos geográficos 6%

Vinculada aos Temas Transversais ao ENEM e ao Vestibular 3%

Outros 6%

Fonte: Dados obtidos no questionário aplicado aos professores de Geografia da rede pública estadual de ensino do Paraná, 2011.

Observa-se, mais uma vez, a dificuldade do professor nomear a concepção

metodológica que permeia a obra escolhida. Isso se revela tanto no alto índice dos

que não responderam à questão, quanto nas respostas que apontam conteúdos em

vez de metodologias de ensino. A rigor pode-se considerar que as linhas que

indicam procedimentos e concepções metodológicas na tabela 4 somam 16% das

respostas. Na categoria outros incluíram-se as poucas respostas que apresentavam

uma denominação ampla, como tradicional, tradicional e crítica, sociointeracionista,

sem explicação do que se entende por isso.

Sob esses dois aspectos, mais uma vez, a leitura do Guia poderia contribuir

para que o professor faça uma escolha do livro coerente com suas preferências

teóricas e metodológicas. No Guia do PNLD 2011, por exemplo, dois gráficos

contidos nas páginas de caracterização geral das obras, destacam as ênfases

teóricas e metodológicas das coleções aprovadas.

O primeiro gráfico trata dos enfoques de metodologia e de ensino-

aprendizagem das coleções. Nesse aspecto as coleções tiveram suas ênfases

metodológicas classificadas em: aprendizagem psicogenética, espaço vivido,

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mobilização do aluno, orientação dos PCN, perspectiva crítica, sociointeracionismo,

leitura e uso de mapas.

Gráfico 3 – Apresentação das ênfases metodológicas das coleções aprovadas no PNLD 2011

Fonte: Guia do Livro Didático de Geografia – PNLD 2011.

Como é possível perceber, nem todas essas classificações referem-se a

teorias da aprendizagem reconhecidas e referenciadas pelos estudiosos da área.

Isso ocorre porque os autores dos livros didáticos, em sua maioria, não explicitam,

no Manual do Professor, uma filiação clara, seja a uma teoria da aprendizagem, seja

a uma linha de pensamento geográfico. Entretanto, nas resenhas das respectivas

coleções o professor pode compreender essa classificação, pois, as equipes de

avaliação buscam identificar os traços metodológicos mais marcantes e classificá-los

de modo que se tenha uma ideia da proposta pedagógica da coleção.

O outro gráfico apresenta as ênfases dadas aos conceitos básicos e algumas

categorias de análise da Geografia, quais sejam: espaço geográfico, lugar,

paisagem, região, território, fronteira, relação sociedade-natureza, articulação

espaço-temporal, articulação de escalas. Nesse gráfico as coleções recebem as

menções conceito abordado, conceito bastante abordado, principal apoio conceitual,

de modo que ao visualizá-lo o professor já tem uma ideia de quais conceitos são

mais trabalhados e se algum deles é pouco abordado.

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Gráfico 4 – Apresentação dos principais conteúdos conceituais das coleções no PNLD 2011.

Fonte: Guia do Livro Didático de Geografia – PNLD 2011.

Outro exemplo de contribuição do Guia para a compreensão da proposta

teórico-metodológica das coleções encontra-se no Guia do Livro Didático de

Geografia do PNLD 2012, para o Ensino Médio.

Observa-se, no Gráfico 5, que a categorização da proposta pedagógica das

coleções é mais complexa e envolve aspectos da articulação dessa proposta nos

volumes que compõem a coleção até aspectos relacionados a formação para a

cidadania.

Gráfico 5 – Apresentação da proposta pedagógica das coleções do PNLD 2012.

Fonte: Guia do Livro Didático de Geografia – PNLD 2012.

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Esses três gráficos demonstram que o modo como o resultado da avaliação

pedagógica do PNLD é apresentado nos Guias pode ajudar o professor a escolher

coleções cujas características teóricas, conceituais e metodológicas mais se

aproximem dos seus critérios de escolha, que contenham os elementos que ele

considera mais importantes para compor o livro didático que pretende adotar.

Na questão que interroga se o livro escolhido se articula com as Diretrizes

Curriculares Estaduais e como se dá essa articulação as respostas foram

classificadas como mostra a Tabela 6.

Tabela 6: Coerência do livro escolhido no PNLD 2009 com as DCE

O livro de Geografia escolhido em 2008 expressa coerência com as Diretrizes Curriculares Estaduais? Explique como.

Questão aberta, sem sugestão de resposta para escolha Porcentagem de respostas obtidas

Não responderam 63%

Sim. Porque é crítico, abordagem dos conteúdos contempla os conteúdos estruturantes das DCE, estimula a formação dos conceitos geográficos, envolve questões históricas, considera o cotidiano do aluno, traz abordagens regionais.

21%

Não. Porque é confuso, a linguagem não é objetiva, não é crítico, os conteúdos estruturantes são abordados separadamente, não estimula a cidadania, não aborda a escala local.

4%

Em parte 7%

Fonte: Dados obtidos no questionário aplicado aos professores de Geografia da rede pública estadual de ensino do Paraná, 2011.

Nas respostas observam-se quais aspectos das DCE os professores tomam

como critério de escolha do livro didático. Nota-se que elementos teóricos e

metodológicos aparecem como justificativas para a coerência ou a falta de coerência

do livro com as Diretrizes, mas aparecem também referências aos conteúdos o que

reforça a inferência feita anteriormente que esse é um critério relevante, talvez o

mais importante, para o professor no processo de escolha do livro. Contudo, a

maioria dos professores não respondeu essa questão e os que afirmaram que a

coerência do livro com as DCE é parcial, não explicaram o que isso significa.

Nesse conjunto de subitens da questão 17, que envolveu a identificação da

linha de pensamento geográfico, da proposta metodológica e da coerência com as

DCE, observou-se que, apesar da dificuldade do professor em nominar as correntes

teóricas e metodológicas da Geografia e do ensino, ele identifica alguns elementos

que as compõem e os destaca como critérios de escolha do livro. Observou-se,

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também outra dificuldade na maneira imprecisa que o professor indica a coerência

ou a falta dela entre o livro escolhido e as DCE.

No subitem referente a conteúdos e abordagens predominantes no livro

escolhido no PNLD 2009 o índice dos que não responderam foi menor que nas

anteriores, apenas 49%. Esse subitem era de múltipla escolha, com opção para

escrever outras possibilidades não contempladas nas alternativas oferecidas. Do

total, 43% classificaram a obra escolhida com ênfase nas abordagens sociais,

econômicas e políticas do espaço geográfico, enquanto 8% classificaram essa

ênfase nas abordagens culturais ou ligadas à dinâmica da natureza.

Por fim, nas questões 18 e 19 investigou-se a importância que o professor dá

ao Manual do Professor dos livros didáticos. As respostas foram organizadas em

três categorias conforme Tabela 6.

Tabela 6: Sobre a leitura e o uso do Manual do Professor.

Você costuma ler o Manual do Professor? Se você lê o Manual do Professor, como ele lhe é útil para o uso do livro?

Questão aberta, sem sugestão de resposta para escolha Porcentagem de respostas obtidas

Não responderam 46%

Sim. Para entender a proposta pedagógica do livro; para fundamentar as aulas; para entender a abordagem dos conteúdos; para usar os textos e atividades complementares; para usar as sugestões e informações como complemento; para vincular o livro com as DCE; como fonte de pesquisa.

37%

Às vezes. Para sanar dúvidas, buscar curiosidades, sites e bibliografias. 10%

Não. São confusos, já conheço todos, não são proveitosos. 6%

Fonte: Dados obtidos no questionário aplicado aos professores de Geografia da rede pública estadual de ensino do Paraná, 2011.

Pelas respostas obtidas nota-se que o Manual do Professor tem valor como

elemento orientador para o uso do livro para 47% dos professores. Esse dado é

significativo uma vez que o Manual é elemento obrigatório para a participação da

obra no PNLD.

Quanto a essa breve análise do questionário observou-se, nas respostas e

nos silêncios obtidos, que em se tratando de perguntas fechadas, de múltipla

escolha, os índices de abstenções (professores que não responderam a questão)

são muito menores do que os das perguntas abertas, nas quais o professor tinha

que elaborar o texto da resposta. Isso pode ser um indicativo de que as perguntas

abertas são mais eficazes em entrevistas onde se pode conversar pessoalmente

com cada professor participante. Nos questionários aplicados à distância, de modo

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impessoal o participante não conhece e não estabelece contato direto com o

pesquisador, por isso, é possível que as perguntas que dão mais trabalho e exigem

mais reflexão e elaboração textual são deixadas de responder. Outra hipótese para

o alto índice de abstenção das perguntas abertas pode ser uma dificuldade do

professor em relação a questões epistemológicas que remetem às teorias da

Geografia e da aprendizagem. Essa hipótese fundamenta-se em confusões e falta

de objetividade observadas nas respostas de alguns participantes que preencheram

as questões abertas.

4. AS DISCUSSÕES DOS PROFESSORES DE GEOGRAFIA NO GRUPO DE

TRABALHO EM REDE QUANTO AO PNLD E O USO DO GUIA DO LIVRO

DIDÁTICO

De modo a aprofundar os resultados obtidos anteriormente e estabelecer uma

relação mais estreita com os professores foi realizado o Grupo de Trabalho em Rede

para discutir o PNLD e o processo de escolha do livro didático de Geografia.

O Grupo de Trabalho em Rede (GTR) é uma das atividades obrigatórias a

serem desenvolvidas no PDE. Constitui-se da formação de um grupo de discussão

sobre o tema de pesquisa do professor PDE e visa socializar o projeto de

intervenção, bem como a produção didática ampliando o alcance dos debates sobre

a pesquisa que mobilizou o professor PDE. No ano de 2011 os GTR se constituíram

de 15 participantes, incluindo o professor PDE.

No GTR “PNLD, a escolha do livro didático e o papel do professor de

Geografia”, dois dos 15 inscritos não participaram das discussões propostas. Assim,

formou-se um grupo com 12 professores de diversas regiões do Estado do Paraná

incluindo-se nesse total a professora PDE tutora do grupo.

No Fórum de Apresentação, por meio de um texto livre, os professores

participantes trataram de suas formações e suas trajetórias profissionais. Com base

nas informações obtidas, o grupo apresentou a seguinte caracterização7 por ordem

de apresentação no GTR:

7 Os participantes do GTR eram compostos por quatro professores mestres, quatro professores

especialistas e quatro professores graduados. Além disso, quatro participantes tiveram experiências

profissionais na gestão, com atuação em Núcleos Regionais de Ensino e na Secretaria de Estado da

Educação. Destaca-se ainda a participação de um professor autor de livro didático.

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Professor 1 – Graduado em Geografia com especialização em Metodologia do

Ensino de Geografia. Município Ouro Verde do Oeste – NRE Toledo. Experiência

profissional na Secretaria Municipal de Educação.

Professor 2 – Graduado em Geografia e Administração com especialização em

informática na educação. Município de Curitiba – NRE Curitiba. Atua com alunos

surdos.

Professor 3 – Graduado em Geografia e História. Município de Pien – NRE da Área

Metropolita Sul - Atua no Ensino Fundamental e Médio.

Professor 4 – Graduado e Mestre em Geografia. Atua no Ensino Médio. Município de

Curitiba – NRE Curitiba. Trabalhou na Secretaria de Estado da Educação.

Professor 5 – Graduado em Geografia e especialista em Geografia regional e

ambiental. Município de Roncador – NRE Campo Mourão. Atua na Educação

Profissional e trabalhou no Núcleo Regional de Educação.

Professor 6 – Graduado e Mestre em Geografia. Município Campo Mourão – NRE

Campo Mourão. Autor de livro didático de Geografia para o Ensino Fundamental I e

II. Atua no Ensino Fundamental e Médio.

Professor 7 – Graduado e Mestre em Geografia. Município de Ponta Grossa – NRE

Ponta Grossa. Atua no ensino superior com metodologia e prática de ensino de

Geografia. Atua no Ensino Médio. Atuou no Núcleo Regional de Educação.

Professor 8 – Graduado em Geografia e pós graduação em Meio Ambiente.

Município de Palmital – NRE de Pitanga. Atua no Ensino Fundamental e Médio.

Professor 9 – Graduado e Mestre em Geografia. Município de Ponta Grossa – NRE

Ponta Grossa. Atua no Ensino Fundamental e Médio. Foi técnica pedagógica do

Núcleo Regional de Educação.

Professor 10 – Graduado em Geografia. Município de Mandaguari – NRE Maringá.

Atua no Ensino Fundamental e Médio.

Professor 11 Graduado em Geografia com pós-graduação em área afim. Município

de Foz do Iguaçu – NRE Foz. Atua no Ensino Fundamental e Médio.

Professor 12 – Graduado em Geografia com especialização em Educação Especial.

Atual com Ensino Médio e EJA.

As atividades do GTR foram organizadas em três temáticas (etapas). Nas

duas primeiras propunham-se questões a serem discutidas em Fóruns e questões

para elaboração de produções individuais a serem registradas nos Diários. A terceira

etapa foi constituída apenas por dois fóruns.

As questões que orientaram os debates dos professores nos fóruns das três

temáticas buscaram investigar o conhecimento dos professores sobre o PNLD, o

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modo como se dá o processo de escolha do livro em suas escolas, a maneira como

utilizam o Guia do Livro Didático. Na última temática, o formato do GTR exigia uma

atividade prática, por isso foi proposto aos participantes que exercessem a função

de avaliadores do livro e que investigassem em outras escolas de sua região como

os colegas escolhem os livros. As discussões, na terceira temática, se deram em

torno dessas atividades.

Serão objeto de análise neste artigo apenas os debates realizados nos

Fóruns do GTR. As questões que mobilizaram os debates na primeira temática

foram as seguintes:

“Qual foi o último PNLD de que você participou? Era do Ensino Fundamental ou do

Ensino Médio? Em que ano ocorreu?”

“Houve discussão coletiva para escolha do livro didático? Como foi isso na sua

escola?”

“Qual coleção você e seus colegas escolheram? Por quê?”

A maioria dos professores declarou ter participado da escolha do livro didático

em junho de 2011, referente ao PNLD 2012. Apenas três não se envolveram nesse

processo. Dois porque não estavam na escola nesse período e um não atuava com

o Ensino Médio.

Quanto ao modo como a escola organiza o processo de escolha, todos os

professores do GTR indicam a falta de um tempo específico no calendário escolar

para reuniões e debates que permitam a escolha criteriosa, consensual e consciente

do livro didático. Declararam que esses encontros, quando acontecem, são breves,

não contam com a participação de todos os interessados (incompatibilidade de

horas-atividade, rotatividade dos professores, etc.). Além disso, alguns professores

afirmam que quando se reúnem para escolher o livro didático as discussões nem

sempre são bem fundamentadas e que os critérios que orientam a escolha são

muito variáveis. Observem-se algumas considerações dos professores nesse Fórum.

Professor 6 – “A princípio não dispomos de uma data específica (organizada em calendário pela SEED) para que ocorra a discussão e escolha dos livros didáticos. Isso geralmente é feito a partir da adequação de horários e agenda de cada escola. Normalmente em períodos programados para outras atividades (reuniões pedagógicas, de formação continuada, etc), ou ainda em curtos períodos de hora-atividade. (...) Qualificar um livro didático é uma tarefa um tanto quanto diria ousada por não dizer arriscada. Mas de qualquer forma o vejo em relação às práticas corriqueiras dos colegas é que o livro geralmente é visto como um todo: abordagem específica de conteúdos, adequação em relação à clientela da escola, qualidade do material textual e imagéticos (mapas, gráficos, figuras, esquemas, tabelas, etc.)”. Professor 3 – “Na escolha de 2011, as coleções já estavam disponibilizadas em cima das mesas na biblioteca e a escolha ocorreu através da análise dos livros, mas em meio a tantos,

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e misturados com livros de outras disciplinas talvez não foi feita a melhor escolha. Nessa escolha de 2011, nós professores observamos a formação do escritor, a dinâmica utilizada por eles, os recursos visuais, imagens..., questionamentos dos autores a partir do conteúdo tratado no capitulo. Observamos também a divisão de coleções por volumes separados.” Professor 12 – “O último processo de escolha do livro didático ao qual participei foi o de 2010, para o ensino fundamental. O processo foi muito falho, pois não tivemos tempo para análise e discussão sobre a escolha, cada professor "deu uma olhada" nos livros que receberam e em um encontro organizado na escola e coordenado pelo NRE o livro foi selecionado”. Professor 8 – “Trabalho em uma escola em que a maioria das aulas de Geografia ficam sob minha responsabilidade e as outras aulas são divididas entre professores temporários, que muitas vezes deixam as mesmas em virtude de certos motivos. Por isso, seria interessante que a escolha do Livro Didático fosse feita através de uma maior coletividade”. Professor 10 – “(...) na escola onde trabalho para escolhermos o livro tentamos observar alguns critérios. Baseando-nos no livro anterior verificamos: o que precisa melhorar? Houve reformulação? Como se apresentam as demais obras enviadas? Os textos são exaustivos? Apresentam boas fotos, gráficos e tabelas? O colorido atrai o leitor? Aparecem referências sobre outras literaturas, filmes ou textos para complemento de estudos? Enfim, vamos procurando encontrar o melhor que se adapta”. Professor 1 – “Nós escolhemos as coleções seguindo diversos critérios como: ter uma boa abordagem teórico metodológica, ter atividades significativas para o aluno, possibilitando reflexão e análise, ter textos de fácil leitura e interpretação, que trabalhe os conceitos geográficos de forma clara, ter imagens, sugestões de leituras e filmes para relacionar e ampliar o conhecimento, ter manual do professor que facilite a preparação das aulas, que esteja coerente com a avaliação dos critérios do Guia de acordo com nossa proposta curricular entre outros.

Ainda nesse Fórum as respostas de alguns professores adiantaram o debate

sobre o uso do Guia do Livro Didático (que seria objeto do Fórum da temática 2). A

falta de acesso às coleções, para manuseá-las e observar diretamente suas

características físicas e pedagógicas é apontada pelos professores como um

problema que trunca o processo de escolha do livro didático. Tais considerações são

indicativas do modo como o Guia do Livro Didático é utilizado (ou subutilizado) pelos

professores. Sob esse aspecto, as respostas obtidas no GTR coincidem com as

levantadas no questionário analisado no item anterior desse artigo (ver Tabela 2: O

professor de Geografia e o Guia do Livro Didático no PNLD 2009, no item 3.2 deste

artigo).

Professor 1 – “(...) escolher o livro didático não é tarefa fácil quando se tem responsabilidade no que se está fazendo. (...) A maior dificuldade que encontramos é que não recebemos todas as coleções, isso restringiu muito nossas opções de escolha, pois, como escolher algo que você não conhece, mesmo tendo boas recomendações. O que não consigo entender é por que as escolas não recebem todas as coleções citadas no Guia para poder conhecê-las. Não é do interesse das editoras?”. Professor 6 – “Ainda que o MEC disponibilize o Guia do Livro Didático (tanto na internet quanto em meio impresso) é muito importante que os professores tenham em mãos os manuais didáticos para folhear, averiguar conteúdos específicos, analisar textos e recursos didáticos do ponto de vista pedagógico/metodológico para uma escolha mais adequada (assim como vocês, aqui em nossa escola também não tínhamos todos os títulos à disposição). (...)Em geral, nem todas as coleções ficam a disposição dos professores no momento/período da escolha dos livros. Sem dúvida, esse fato empobrece ou limita as

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possibilidades de escolha dos próprios materiais. Gostaria ressaltar também um outro aspecto que me parece muito importante.” Professor 4 – “O último PNLD que participei foi este ano, 2011, e foi para a escolha do livro do

Ensino Médio. Eu recebi na escola umas sete coleções de diferentes livros, autores e editoras e fui lendo e analisando, na medida do possível os livros. Houve um sábado que os professores foram convocados pela direção para estar na escola para fazer a escolha do livro. Chegando lá, os professores da escola que davam aulas no EM estavam reunidos em uma sala, com muitos livros e tínhamos que “discutir” e escolher a primeira e segunda opção. Em um consenso, pouco fundamentado, em apenas três professores (a escola tem 6 padrões de geografia) escolhemos uma boa escolha até, considerando as argumentações das outras duas professoras”.

No Fórum da temática 2 o objetivo era discutir a importância dos professores

conhecerem mais a fundo o PNLD, os critérios de avaliação do livro didático e de

analisarem mais detidamente o Guia do Livro didático no momento da escolha.

Como alguns aspectos a respeito do uso do Guia já haviam sido mencionados no

Fórum da temática 1, as discussões prosseguiram e se intensificaram.

Nesse Fórum as questões que orientaram os debates foram as seguintes:

“Como você classificaria seu conhecimento sobre o PNLD? Já conhecia como ocorre

a avaliação pedagógica do livro didático nesse programa?”

“O Guia do Livro Didático serviu de instrumento para escolha do livro na sua escola?

De que maneira você e seus colegas usaram o Guia?”

O material disponível nas temáticas 1 e 2, para estudo dos professores

participantes, possibilitava um conhecimento básico sobre o PNLD em seu processo

de avaliação, escolha e distribuição do livro. Talvez, por isso, alguns professores

evitaram afirmar se já conheciam e em que medida era esse conhecimento sobre o

programa. Esses professores (4 no total) apenas descreveram o que leram nos

textos e ouviram nos vídeos disponibilizados para estudo. Pelas respostas dos

demais participantes (8 professores) percebeu-se que predomina um conhecimento

superficial do programa e do Guia, exceto o professor 6 que é autor de livro didático

e o professor 9 que atua no ensino superior com disciplinas do campo metodológico.

Observou-se, também, que no processo de escolha a presença física dos

livros aprovados na avaliação pedagógica do PNLD parece ser mais importante do

que a leitura e análise do conteúdo do Guia. A maioria dos participantes deste GTR

declara que o Guia não é desprezado em sua escola, mas serve como apoio para

verificar se a obra foi mesmo aprovada e, em alguns casos isolados, se há alguma

ressalva em sua avaliação. Sobre o conhecimento dos participantes a respeito do

PNLD destaca-se:

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Professor 1 – “Eu classificaria meu conhecimento sobre o PNLD como regular. Sabia até então que era feito por uma equipe de educadores e que seguia alguns critérios, porém não sabia como eram escolhidos esses profissionais para analisar as obras e nem como eles faziam esta análise”. Professor 6 – “Em relação à primeira questão: ao longo dos últimos anos tenho me dedicado à leitura a respeito do livro didático, em especial ao PNLD. Já tinha um bom conhecimento de como ocorre o processo de avaliação do livro didático organizado pelo MEC, inclusive à respeito das mudanças que vieram ocorrendo ao longo dos últimos programas (critérios de avaliação, exclusão, etc)”. Professor 8 – “Em relação ao meu conhecimento sobre o PNLD, tinha um prévio conhecimento, mas não sabia que teria para “aprovação” de uma obra ou ( coleção ) como foi explicado pela pesquisadora Maria Encarnação,uma análise tão criteriosa que envolve todo um processo minucioso, onde é preciso fazer um levantamento preliminar dos fundamentos teóricos que orientam a abordagem dos conteúdos e a metodologia de ensino que sustenta o conjunto das atividades que estão contidas nas mesmas, passando por vários consultores até sua validação”. Professor 4 - Classifico meu conhecimento sobre o PNLD como bem básico e quase ignorante, pois pouco de informação sobre o assunto nos é lavado pela direção e equipe pedagógica da escola. Acho que a falha vem em cascata, partindo do MEC, FNDE, passando pela SEED e NRE, até chegar na escola. Na escola nós professores também temos nossa parcela de culpa, pois da ignorância vem o comodismo.

Em relação ao uso do Guia para a escolha do livro, os professores apresentaram alguns posicionamentos distintos. Sobre os limites do uso do Guia afirmaram:

Professor 6 - Em relação à segunda questão: como já mencionei em nossos contatos iniciais, o processo de escolha do livro didático em minha escola não se deu a contento, face a falta de tempo para organizar momentos específicos de discussão e troca de ideias entre os professores. Nesse sentido, não houve tempo hábil também para que nós, professores, voltassem nossas atenções para a leitura do Guia do Livro Didático. Sobre essa questão, o processo ocorreu mesmo mais de maneira empírica, com apontamentos específicos que cada professor presente destacasse como relevante a partir daquilo que sabia sobre alguma questão específica do Guia (isso sem dúvida foi um prejuízo razoável para a afirmação do processo de escolha dos materiais). Professor 11 – “O guia do livro didático facilita a escolha do livro, mas ele não traz todas as informações necessárias para a escolha do melhor material, ter os livros a disposição dos professores é primordial, também deve existir na escola o momento dos professores da disciplina se reunir e discutir as opções, o guia serve como material de apoio é uma ferramenta utilizada para não se errar na escolha do livro é a análise que, mas o mais importante é a análise feita por nós professores. Utilizamos o guia para fazer uma análise parcial dos conteúdos nele propostos, além de como é a abordagem desses conteúdos, a metodologia empregada, a contextualização do mesmo, bem como o manual do professor e atividades propostas para a sala de aula, se são coerentes ou não e se elas estimulam os educandos”. Professor 1 – “Com certeza, ter acesso aos livros didáticos é fundamental. Poder manuseá-los, compará-los, discutir sobre a forma como são distribuídos os conteúdos entre e outros critérios é imprescindível. O guia entra nesse contexto como uma ferramenta eficiente para nos auxiliar na escolha, ainda que não tenha todas as informações para que se garanta a escolha da melhor obra”. Professor 6 – “Penso que se o governo, via MEC, trabalha no sentido de reafirmar e legitimar cada vez mais a importância do PNLD e seus critérios avaliativos a respeito dos livros didáticos que o mesmo compra das editoras, será imprescindível que isso venha a ocorrer por meio do fortalecimento e amadurecimento das discussões entre nós professores. Caso contrário, penso que o PNLD possa deixar de desempenhar seu real papel no sentido de fornecer aos professores informações valiosas sobre os materiais didáticos. De que adianta a organização de um gigantesco programa de livros didáticos sem a participação efetiva

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daqueles que vão utilizar tais materiais (é como pedir para alguém testar um carro se que o mesmo saiba dirigi-lo, não é mesmo?) Fica meu registro. Abraços”

Sobre o reconhecimento da importância do Guia a partir dos estudos e debates realizados no GTR os professores afirmaram:

Professor 3 - Ao ler os materiais disponibilizados no ambiente virtual , percebi que a escolha do Livro Didático se torna mais fácil através da análise das resenhas e gráficos do Guia do Livro Didático, onde o professor poderá fazer uma seleção prévia das coleções que mais se identifica, e num segundo momento analisar as coleções e fazer sua escolha. Professor 10 - se primeiro observarmos as resenhas e os Gráficos do Guia do LD. Será mais prático e fácil. Assim podemos selecionar as coleções que vão ao encontro de nossas propostas de trabalho. Professor 5 - acredito sim que o Guia do Livro Didático, possa sim ser um elemento esclarecedor do processo avaliativo e que possamos utiliza-lo para aprofundar nossas discussões metodológicas a respeito do perfil de um bom livro didático. (...)o Guia do Livro Didático já é uma realidade, mas que precisa ser institucionalizado entre as Secretarias de Estado, NRE´s, e Escolas. Não vejo nenhum trabalho claro entre essas instituições em divulgar a importância do Guia, na minha escola mesmo, acessei o guia por iniciativa própria, uma vez que o mesmo não foi disponibilizado aos professores. Professor 7 - o fato das obras serem avaliadas e essa avaliação constar no Guia do livro didático, isso não garante que os professores façam uso desse referencial para fazerem suas escolhas. Na escola onde trabalho percebi que o uso do Guia do LD foi bastante restrito, isso para todas as disciplinas, no caso da Geografia, a discussão girou em torno do conhecimento prévio sobre a obra (conteúdo, encaminhamento metodológico, imagens etc) e autores, já utilizados em anos anteriores, do que na avaliação disponível no Guia.

Seguindo o debate, após uma provocação da professora PDE para que os

participantes olhassem os Guias dos PNLD 2011 e 2012 e observassem os recursos

pelos quais as coleções aprovadas eram caracterizadas (gráficos e tabelas), foi

solicitado que se pronunciassem sobre as contribuições dessas apresentações para

o momento de escolha do livro.

A maioria dos professores afirmou não ter feito análise anterior dessas

apresentações das obras aprovadas, demonstrou surpresa e entusiasmo com as

informações acessadas reconhecendo seu potencial orientador para a escolha da

coleção. Nesse momento do debate surgiu uma importante contribuição do professor

6 (autor de livros didáticos) quando apontou incorreção no modo como uma de suas

coleções foi classificada no PNLD 2011. No Gráfico 1: Apresentação dos conteúdos

temáticos das coleções aprovadas no PNLD 2011 (que consta neste artigo) a

coleção de autoria desse professor foi classificada como se apresentasse uma

abordagem regional incipiente. O professor 6 provou o erro de classificação

transcrevendo os sumários dos quatro volumes da coleção, onde, de fato, vários

capítulos abordavam estudos regionais diversos.

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Com essa crítica, os professores do GTR tiveram reforçada ainda mais a

perspectiva que, além do Guia, se faz necessário o manuseio das coleções

aprovadas para que se dê uma escolha consciente e segura. Nesse momento, a

professora tutora reforçou a importância da leitura e da análise do Guia do Livro

Didático sob todos os aspectos, incluindo a coerência e a profundidade da

análise/resenha de cada coleção aprovada. Destacou, também, que o objetivo do

GTR era o de instigar os professores a se envolverem de modo efetivo no processo

de escolha do livro, aprofundando seus conhecimentos sobre o PNLD e sobre os

critérios de avaliação dos livros. Tal envolvimento certamente aquecerá os debates,

identificará possíveis melhorias a serem realizadas no programa, mas revelará e

intensificará tensões entre os interessados no livro didático – autores, editoras,

professores, alunos, Estado. Fechou-se a temática lembrando que o importante é

aprimorar, mas sem desqualificar o programa.

O primeiro Fórum da temática 3 tinha como atividade colocar o professor no

papel de avaliador e depois relatar sua experiência. Para isso foi disponibilizada a

ficha de avaliação do PNLD 2012 (anexo do Guia do Livro Didático de Geografia) e

apresentada a seguinte proposta:

“Escolha um livro didático de Ensino Médio e preencha os itens 32 a 37 da ficha de

avaliação em anexo (disponibilizada no Guia do Livro Didático de Geografia do

PNLD 2012), referentes às características das atividades do livro”.

“Qual é sua análise das questões que avaliam as atividades do livro didático? Você

as considera suficientes ou acrescentaria outras? Quais?”

“Exercer o papel de avaliador do livro didático possibilitou observar aspectos que

anteriormente você não percebia? Quais?”

Pelas respostas obtidas observou-se que a maioria dos professores do GTR

dedicou-se ao trabalho de avaliação e gostou de conhecer a ficha utilizada pelos

avaliadores do PNLD 2012. Todos manifestaram satisfação em fazer a atividade e

apresentaram o resultado da análise que fizeram. Além disso, declararam que ter

critérios bem definidos por meio de um instrumento conhecido facilita, aprofunda e

aprimora a análise dos livros. Percebeu-se um entusiasmo com a possibilidade de

realizar uma avaliação mais consistente dos livros disponíveis para serem

escolhidos. Percebeu-se também que realizar uma análise orientada, de modo a

fundamentar teórica e metodologicamente a escolha do livro satisfaz o professor que

chama para si a responsabilidade de participar de modo mais maduro e efetivo do

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processo, retomando algumas reivindicações que apareceram no Fórum da temática

18.

Professor 12 – “Achei interessante fazer essa análise, pois, a partir dela fiz uma avaliação mais detalhada do livro que analisei”. Professor 4 – “A ficha de avaliação é um instrumento que está a muito tempo sendo utilizado e creio que constantemente venha sendo mudada e adaptada a cada edição do PNLD. Creio que as questões são suficientes para nortear uma avaliação justa. Assim, considerando essa atividade como avaliador do PNLD, colaborou sim com uma ampliação de itens que posso estar utilizando nas próximas escolhas, pois, as vezes o que nos faltam são critérios mais bem elaborados (sistematizados) que podem auxiliar na escolha. O que temos é que nos organizar e utilizar um pouco mais nosso tempo de hora atividade para estudarmos os livros que recebemos para avaliação, estudar o Guia se ele chegou na escola, se não procurar em meio digital e fazer assim nosso direito de escolha um momento que nós podemos nos valorizar e valorizar também o trabalho que é feito por outras instituições como o MEC e o FNDE, deixando dessa forma de só fazer críticas que não contribuem em nada no processo”. Professor 5 – “(...) sem sombra de dúvidas o olhar da gente se altera em relação à obra analisada ao proceder a análise a partir da ficha proposta pelo MEC. Foi um exercício muito interessante, pois estamos acostumados a selecionar os livros didáticos pautados em critérios mais superficiais do que esses propostos na avaliação do Guia do Livro Didático. Com certeza essa atividade serviu para apurar o olhar na seleção da coleção a ser adotada como Livro Didático”. Professor 11 – “Ao analisar os livros de uma coleção com base nos itens da ficha de avaliação entendi realmente como deve ocorrer a articulação pedagógica entre os volumes. Percebi que em alguns não ocorre essa articulação e assim os conteúdos ficam sem um elo de ligação. (...) não paramos para fazer uma análise correta. Utilizamos critérios superficiais, mas acredito que depois de ler e entender o projeto, percebemos alguns itens que antes nos passavam despercebidos. Este GTR nos tornou mais seletivos em relação à escolha no PNLD”. Professor 1 – “(..) acrescentar mais questões à ficha de avaliação só a tornaria redundante. Sem dúvida é muito importante que nós professores façamos uso dessa ficha no momento da escolha do livro didático, porém, nosso tempo é curto e nem sempre disponibilizamos desses recursos. Eu mesma não conhecia essa ficha do MEC. Acho que deveria nos ser ofertados cursos de formação continuada sobre essa temática”.

Nos comentários do professor 6 (autor de livro didático) observou-se uma diferença

qualitativa tanto da análise do livro quanto de sua avaliação sobre a avaliação no

PNLD. Depois de apresentar qual livro e qual capítulo analisou, o professor

acrescentou:

“Considero o item atividades um dos mais problemáticos do ponto de vista didático-

pedagógico desta coleção. Nesse capítulo específico que foi analisado o livro traz apenas duas questões sobre toda a temática abordada. Ou seja, há um completo esvaziamento no que diz respeito aos instrumentos de avaliação (atividades) colocados à disposição do professor em seu trabalho em sala de aula. Ora, uma temática com tantas informações (todos os tipos dos grandes biomas/paisagens naturais da Terra assim como os tipos de clima do mundo) exige uma gama bem maior de questões que possam explorar de maneira mais efetiva os conteúdos estudados. Assim, nesse aspecto específico o livro traz uma grande dificuldade para o trabalho docente. (...) Por conta de tais lacunas. As quais se repetem com frequência nos demais capítulos da obra, considero que os analistas cometeram um certo

8 Entre essas reivindicações destaca-se mais tempo ou um tempo específico para as reuniões e discussões

necessárias à escolha do livro didático, bem como formação continuada sobre o PNLD e seus componentes

(edital, ficha de avaliação, processo de avaliação) para que se apropriem desse conhecimento.

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equívoco ao aprovar uma coleção com essas sérias limitações que são tão evidentes ao

longo de todo o volume”.

Na análise do professor 6, declaradamente uma análise parcial do livro

escolhido para esta atividade, aparece a questão da subjetividade da avaliação e a

tensão envolve os diversos interessados no processo de avaliação de livro didático.

Considera-se que quanto mais os professores, talvez os alunos, vierem a se

envolver na análise de livros didáticos, mais intensas e diversas serão essas

tensões manifestadas. Se esse envolvimento for pensado e operacionalizado de

maneira organizada e criteriosa as tensões poderão contribuir para o aprimoramento

do PNLD a médio e longo prazo. O cuidado exigido nesse processo é em se evitar

que interesses particulares e corporativos venham a desvirtuar ou desqualificar o

programa.

No segundo Fórum da temática 3 os professores tinham como atividade

conversar com outros colegas de sua escola ou de outras escolas, tomando como

roteiro um pequeno questionário sobre o PNLD e o Guia do Livro Didático, no qual

perguntava-se como o professor classificaria seu conhecimento sobre o programa,

se utilizava o Guia para escolher o livro e quais critérios balizavam sua escolha.

Depois dessa conversa, no Fórum, cada professor deveria apresentar uma síntese

das informações obtidas.

Nos depoimentos nesse Fórum, onze, dos doze professores participantes

indicaram a necessidade de formação continuada sobre o PNLD, e sobre o Guia do

Livro Didático para melhorar o processo de escolha nas escolas. Essa reivindicação

coletiva resultou da constatação de que entrevistados (colegas de trabalho e de

disciplina) demonstraram pouco ou nenhum conhecimento sobre essa temática.

Destacaram também a falta de acesso ao Guia do Livro Didático e a subutilização

dessa ferramenta. Além disso, afirmaram que na formação inicial essa temática não

é tratada com profundidade ou, simplesmente não é abordada.

Professor 12 - A partir da conversa com os colegas professores e do preenchimento da ficha

percebemos que há insegurança e falta de informação sobre a escolha de livro didático.O não

acesso ao Guia do Livro, a falta de leitura, a falta de tempo para discussão do guia e dos

livros são problemas enfrentados por grande parte dos professores de todas as disciplinas.

Que pena, pois, como tivemos oportunidade de aprender nesse GTR o empenho e o

investimento por parte do governo para fazer a avaliação é grande.

Professor 11 - Conversei informalmente com meus colegas e pude ver que eles utilizam o

Guia do Livro Didático de forma superficial e somente alguns leem as resenhas dos mesmos

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disponibilizadas no Guia. Eles preferem analisar os livros, mas como têm pouco tempo,

deixam algumas questões para trás o que muitas vezes prejudica o trabalho. Infelizmente

nem todos os professores puderam participar deste GTR, portanto, acredito que deveria ter

sim, um momento de capacitação dos professores de todas as disciplinas para eles também

entenderem como deve ser feita a análise do PNLD.

Professor 4 - Entrevistei dois colegas de Geografia para responder o roteiro. Um com mais

tempo de licenciatura e com especialização em Geografia e outro recentemente saído da

faculdade. O primeiro mostrou certo conhecimento sobre o assunto devido ter participado de

alguns processos do PNLD. O segundo praticamente não sabia sobre o PNLD. Há uma

importância muito grande de que exista uma formação continuada sobre o assunto e, digo

mais, creio que isso devia estar presente na formação inicial na licenciatura, para que este já

saia da faculdade, para o estágio e para as escolas com alguma noção do processo do

PNLD.

Professor 3 - Os professores de Geografia sobre o PNLD relataram que já ouviram falar no

Guia do Livro Didático e o mesmo estava presente na hora da escolha. Alguns deles até

leram algumas resenhas disponibilizadas no Guia sem aprofundar na análise. Outros

relataram que não seguiam o Guia do Livro Didático porque geralmente já conheciam o livro

de determinado autor, editora e o manual do livro didático. Por isso não sentiam necessidade

de fazer a escolha diante da análise do Guia do Livro Didático.

O GTR sobre a escolha do livro didático de Geografia foi de extrema importância para mim e

penso que todos os professores deveriam ter conhecimento sobre o que aprendemos nesse

curso,(...).

Professor 9 - Eu escolhi uma colega que já trabalha na rede estadual e atua há 16 anos em

outro colégio para conversar sobre a tarefa do GTR sobre o PNLD. Ela comentou que por se

tratar de um colégio com muitos professores sempre procuram atender o que a maioria

decide. Ela acredita que a maioria dos professores tem pouco conhecimento sobre o Guia do

Livro Didático. Eles elegem um autor de sua preferência, analisam rapidamente a obra e

adotam aquele mesmo autor, desconsiderando as novidades. É necessário a oferta de

formação continuada, pois muitos professores utilizam somente este recurso, então que seja

o mais completo e não o mais resumido, seguindo um modelo de apostila.

Professor 1 - Nessa etapa do trabalho conversei com professores que trabalham comigo

para o preenchimento da ficha e fazer algumas indagações. Percebi que a escolha do livro

didático ocorre mesmo de maneira superficial, não é feito análises mais detalhadas das

obras. O Guia é utilizado porém sem aprofundamento, a ficha de avaliação do MEC é

desconhecida, mesmo por aqueles que estão saindo da universidade. Percebi também que a

escolha é um tanto viciada, pois, os professores escolhem os autores que já conhecem,

descartando os mais novos e desconhecidos e, como muitas das coleções não conseguem

se fazer chegar às escolas devido aos custos financeiros, ficam em desvantagem, pois não

se tornam conhecidas. Ter participado desse GTR me foi de grande valia, pois consegui

entender um pouco mais do processo de escolha do livro didático. Acho que deveria ser

possibilitada a todos os professores, através dos cursos de formação continuada, a discussão

dessa temática.

Observa-se que os professores entrevistados pelos participantes do GTR

também relataram conhecer pouco sobre o PNLD e fazer um uso limitado do Guia

do Livro Didático. Fica evidente que a análise dos livros é mais importante para os

professores do que conhecer a síntese do processo de avaliação do programa,

registrada no Guia.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir o Programa de Desenvolvimento Educacional, a pesquisa

realizada junto aos professores de Geografia da rede estadual de ensino possibilitou

algumas considerações a respeito do problema investigado.

Apesar do livro didático ainda ser uma importante ferramenta de trabalho que

contribui significativamente para o ensino das disciplinas escolares, observa-se que

os professores conhecem pouco sobre o histórico e a constituição das políticas

públicas referentes a ele, em particular o PNLD. As respostas dadas no questionário

pelos professores da rede e os comentários feitos pelos participantes do GTR a esse

respeito permitem afirmar isso.

Pela natureza dialógica do GTR as considerações dos participantes

confirmaram e aprofundaram os resultados sistematizados dos questionários.

Desses dois momentos interativos – questionários e GTR – é possível afirmar que

entre os professores de Geografia:

Há um conhecimento incipiente e superficial sobre o PNLD;

O Guia do Livro Didático é pouco utilizado como ferramenta de apoio na hora

da escolha do livro;

Os professores não conhecem o Guia, ignoram sua potencialidade como

facilitador da escolha do livro;

Os professores não conhecem os critérios de avaliação derivados do edital do

PNLD;

Os professores preferem escolher o livro manuseando os exemplares

enviados pelas editoras – o que prejudica as pequenas editoras que não têm

condições de distribuir amplamente seu material.

Assim, o pouco conhecimento sobre o Programa Nacional do Livro Didático

envolve tanto a constituição do programa em si – editais, constituição das equipes

de avaliação, instituições responsáveis pelas avaliações, número de obras inscritas

e aprovadas – quanto as especificidades da avaliação pedagógica dos livros:

critérios de avaliação; ficha preenchida pelos avaliadores; metodologia de

consolidação das avaliações individuais, elaboração das resenhas, constituição do

Guia do Livro Didático.

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No GTR, espaço interativo onde os professores puderam dialogar com a

tutora, manifestou-se o quanto todo esse processo de avaliação do livro didático,

rico e complexo deve ser socializado com os profissionais da educação. Foi

apontada a necessidade de se ampliar o debate, envolvendo mais efetivamente os

professores como um primeiro passo para mais tarde inserir também os alunos,

outro sujeito interessado nessa política, a participar das discussões sobre o livro

didático. Para isso os participantes consideram necessária a inserção de estudos e

debates sobre o tema no calendário escolar, ou seja, um tempo específico,

destinado ao livro didático, para que as escolhas sejam realizadas de modo

responsável e fundamentado. Além disso, considerou-se necessário, também, oferta

de formação continuada sobre o PNLD, sua constituição política e pedagógica para

os professores de todas as disciplinas. A formação para conhecer profundamente o

PNLD é entendida como pré-requisito para a participação consciente e ativa dos

professores na escolha do livro.

No que se refere ao pouco uso que os professores fazem do Guia do Livro

Didático considera-se que é fruto do desconhecimento a respeito do PNLD e da falta

de ações concretas dos gestores, tanto em âmbito federal quanto estadual, para

promover sua efetiva utilização. É preciso dar visibilidade ao Guia como resultado de

um processo avaliativo que todos devem conhecer, bem como destacar as

responsabilidades dos professores no processo de escolha do livro e organizar o

tempo escolar para que esse processo se dê de maneira eficaz.

Tais ações, aliadas a oferta de formação continuada sobre o tema, se

justificam diante dos investimentos aplicados no Programa Nacional do Livro

Didático que são muito grandes e constituem uma política de fortalecimento da

escola pública. Considera-se que o aprimoramento do PNLD ocorrido nos últimos

anos, envolvendo todos os seus aspectos, é uma conquista social muito importante

que não pode correr o risco de ser desqualificada pela desatenção a respeito da

participação do professor no processo de escolha do livro e da subutilização do

documento síntese da avaliação pedagógica que é o Guia do Livro Didático.

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6. REFERÊNCIAS

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ROSA & ODONI. Políticas públicas para o livro, leitura e bibliotecas. Ciência da Informação, V. 35, n. 3 (2006).

SAVIANI, N. Saber escolar, currículo e didática: problemas da unidade conteúdo/método no processo pedagógico. Campinas, SP: Autores Associados, 2003.

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SHAEFFER, N. O. O livro didático e o desempenho pedagógico: anotações de apoio à escolha do livro texto. In: CASTROGIOVANNI, A. C. et. al. (Orgs.) Geografia em sala de aula práticas e reflexões. Porto Alegre: Editora UFRGS/AGB Porto Alegre, 1999. SPOSITO, E. S. O livro didático de geografia: necessidade ou dependência? Análise da avaliação das coleções didáticas para o ensino fundamental. In: SPOSITO, M. E. B. (Org.) Livros didáticos de história e geografia avaliação e pesquisa. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2006. SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão (Org.). Livros Didáticos de História e Geografia: avaliação e pesquisa. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2006. VLACH, V. R. O ensino de Geografia no Brasil: uma perspectiva histórica. In. VESENTINI, José William (Org.). O ensino de Geografia no século XXI. Campinas, SP: Papirus, 2004.

www.fnde.gov.br/livrodidatico

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ANEXO I

Pesquisa PDE sobre PNLD Prezado(a) Professor(a)! Meu nome é Maria Eneida Fantin. Sou professora PDE 2010 e minha pesquisa é sobre o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Por isso, solicito sua colaboração respondendo o questionário abaixo. Professores(as) de Geografia, por favor, respondam o questionário todo. Os demais professores só precisam responder até a questão 10. Muito grata pela atenção! SOBRE A ESCOLA 1. Município onde está localizada:__________________________ 2. Zona em que está localizada: ( ) urbana ( ) rural 3. Número de alunos matriculados: _______________________ 4. Etapas da Educação Básica ofertadas: ( ) Anos Iniciais do Ensino Fundamental ( ) Anos Finais do Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Médio Integrado ( ) Outros. Quais? ______________________ 5. SOBRE O DOCENTE 5.1 Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 5.2 Idade: ( ) 21 a 30 anos ( ) 31 a 40 anos ( ) 41 a 50 anos ( ) 51 anos ou mais 5.3 Formação Licenciatura em __________________ Formado no ano de________________Instituição________________________ Especialização em_________________Instituição________________________ Mestrado em _____________________Instituição________________________ Outros. Quais?____________________ 5.4 Tempo que atua no magistério: ( ) até 5 anos ( ) 06 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) 16 a 20 anos ( )21 a 25 anos ( ) 26 anos ou mais 5.5 Etapas da Educação Básica em que atua nos últimos 10 anos ( ) Anos iniciais do Ensino Fundamental ( ) Anos Finais do Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio 5.6 Tempo de vínculo com a escola onde leciona hoje: ( ) Até um ano ( ) mais de um até 3 anos ( ) mais de 3 até 5 anos ( ) mais de 5 anos 5.7 Qual sua carga horária no Ensino Médio nesse ano de 2011? 6. SOBRE O PNLD. Você conhece a avaliação de livros didáticos feita pelo MEC? ( ) Sim ( ) Não 7. Se conhece a avaliação, como qualificaria esse conhecimento? ( ) Conheço bem ( ) Conheço pouco ( ) Nada 8. Você já participou do processo de escolha de livro didático? ( ) Sim ( ) Não 9. Se respondeu sim, para quais etapas da Educação Básica você já escolheu livro didático pelo PNLD? ( ) Anos Iniciais do Ensino Fundamental. ( ) Anos Finais do Ensino Fundamental.

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( ) Ensino Médio. 10. Como você e seus colegas escolheram o livro didático no último PNLD? ( ) Lendo o Guia e analisando todas as resenhas das coleções aprovadas. ( ) Lendo parte do Guia, apenas as resenhas das coleções conhecidas. ( ) Não lemos o Guia. Fizemos a escolha a partir da análise das coleções que as editoras mandaram para a escola. ( ) Não lemos o Guia nem analisamos outras coleções. Mantivemos a coleção já adotada em anos anteriores, uma vez que ela foi aprovada na avaliação do PNLD. As próximas perguntas só devem ser respondidas por professores de Geografia. Você é professor de Geografia? * ( ) Sim ( ) Não SOBRE O PROCESSO DE ESCOLHA DO LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA PARA O ENSINO MÉDIO 11. Qual seu conhecimento do Guia de Geografia para o Ensino Médio, publicado em 2008 pelo MEC para a escolha dos livros que chegaram às escolas em 2009? ( ) não tive acesso ao Guia ( ) consultei o Guia para saber se a obra já adotada na escola estava disponível para escolha ( ) consultei o Guia, mas li as resenhas só dos livros que já conhecia ( ) consultei o Guia e li todas as resenhas para então fazer a escolha do livro ( ) outro. Qual?_________________________________________________ 12. Se não consultou o Guia 2009, quais as razões? ( ) O Guia não chegou à escola ( ) Não recebi informação de que o Guia estava disponível no site do MEC/FNDE ( ) Apenas a direção da escola teve acesso ao Guia ( ) Apenas a equipe pedagógica da escola teve acesso ao Guia ( ) O Guia estava disponível, mas não foi consultado pelos professores ( ) Outro. Qual?______________________________________________ 13. Se o Guia estava disponível e não foi consultado, explique a razão. 14. Quem escolheu o livro de Geografia para o Ensino Médio na edição 2009 em sua escola? ( ) o diretor ( ) a equipe pedagógica ( ) um único professor de Geografia ( ) os professores de Geografia em conjunto 15. Como você qualificaria sua participação no processo de escolha do livro didático na edição 2009? ( ) intensa ( ) pontual ou esporádica ( ) não participou 16. Qual foi o principal (ou os principais) critério de escolha que levou à escolha do livro de Geografia em 2008? ( ) a linha de pensamento geográfico adotada pelo autor (crítica, fenomenológica, tradicional, etc.) ( ) a proposta metodológica adotada pelo autor (sociointeracionista, construtivista, tradicional, etc.) ( ) a coerência do livro com os pressupostos teórico-metodológicos das Diretrizes Curriculares Estaduais de Geografia ( ) a qualidade gráfica e editorial do livro ( ) a ênfase na linguagem cartográfica ( ) a ênfase em algumas abordagens consideradas mais importantes para o ensino de Geografia hoje (ex.: ambiental, econômica, física, social, etc.) ( ) Outros. Quais? __________________________________________________ 17. Qual foi o livro de Geografia para o Ensino Médio escolhido em 2008 e distribuído para os alunos em 2009? Nome do livro: Nome do(s) autor(es): Editora: 17.1. Descreva a Linha de pensamento geográfico que predomina no livro de Geografia escolhido na sua escola em 2008. 17.2 Descreva a proposta metodológica predominante no livro de Geografia escolhido em 2008.

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17.3 O livro de Geografia escolhido em 2008 expressa coerência com as Diretrizes Curriculares Estaduais? Explique como. 17.4 O livro de Geografia escolhido em 2008 estimula e uso da linguagem cartográfica? ( ) Pouco ( ) Suficiente ( ) Muito 17.5 Qual é a abordagem geográfica predominante no livro de Geografia escolhido em 2008? ( )Socioambiental ( ) Econômica e Política ( ) Cultural ( ) Ênfase na dinâmica da natureza ( ) Outro. ____________________________________ 18. Você costuma ler o Manual do Professor? ( )Sim ( ) Não Por quê? 19. Se você lê o Manual do Professor, como ele lhe é útil para o uso do livro?

20. Além da disciplina de Geografia, você dá aula de alguma outra? Qual?____________________________________________________________