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O pensamento Socialista: Utópicos, Acratas e Marxistas Docente: Armando Malhei Discente: Liliana Marin Turma 4, Ciências da Comunicação

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Page 1: O pensamento Socialista: Utópicos, Acratas e Marxistas Docente: Armando Malheiro Discente: Liliana Marinho Turma 4, Ciências da Comunicação

O pensamento Socialista: Utópicos, Acratas e

Marxistas

Docente: Armando MalheiroDiscente: Liliana MarinhoTurma 4, Ciências da Comunicação

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Introdução

O presente trabalho pretende diferenciar as diferentes vertentes do socialismo, procurando caracterizar os autores e os movimentos que, a partir do século XIX, se confrontaram com o fenómeno da revolução industrial e as suas implicações sociais, políticas e económicas.

A escolha do tema reside no facto deste ser um dos pontos abordados na disciplina e no meu interesse em aprofundar os meus conhecimentos nesta temática.

No trabalho, procurarei abordar socialismo no seu sentido restrito, não entrando no campo das utopias humanistas, movimentos igualitários que surgiram ao longo da história da Humanidade ou do fraternalismo sentimental da época das Luzes.

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A ânsia pela melhoria das condições sociais existentes contida nas teorias socialistas do século XIX, fundamentava-se no princípio de que esta se poderia colocar em marcha, não sendo um ideal longínquo e inatingível. Existia nas formulações uma continuidade teórica e prática, não se tratando apenas de relâmpagos revolucionários, mas sim de um movimento que começava a ter a sua coerência e que se passa a dominar de socialista.

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Os teóricos socialistas da primeira metade do século XIX

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Robert Owen (1771-1858)

Nasceu em Gales, proveniente de uma família modesta de artesãos. Iniciou-se no trabalho como um simples vendedor de panos, tornando-se mais tarde o director de uma fábrica de fiação em Lancashire. Aos 28 anos, dirige a emprese de New Lanark. Aqui tomou medidas importantes que serão analisadas em seguida.

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Robert Owen

Owen perfilha do optimismo iluminista do século precedente, no que diz respeito ao principio de Rousseau que nos diz que a sociedade corrompe o indivíduo bom por natureza. Assim, acredita que o carácter humano, como quase tudo que existe, é moldável. Segundo ele, um criminoso não seria um indivíduo mau por natureza, apenas teria sido formado por condições sociais adversas. Para eliminar a maldade e aperfeiçoar o homem, o caminho seria simples: modificar as condições sociais.

Segundo ele, o sistema capitalista da forma como estava organizado provocava o desemprego, a miséria, as desigualdades sociais, o esgotamento físico e psíquico provenientes das más condições de trabalho. Daqui advinham um conjunto de situações sociais, tais como o alcoolismo, a prostituição, o analfabetismo, o roubo e o crime. Assim, com o objectivo de erradicar estes maus vícios, teria de eliminar as suas causas, introduzindo por isso reformas sociais na sua empresa em New Lanark. Ali reduziu a jornada laboral de 14 a 16 horas para 10,5 horas diárias, construiu casas para as famílias dos operários, o primeiro jardim de infância e a primeira cooperativa, procurando melhorar a qualidade de vida dos seus trabalhadores. Os resultados foram imediatos.

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Apesar da redução da jornada de trabalho, a produção não diminui, resultando inclusive na melhoria da qualidade dos fios de algodão, provocando maiores lucros para os sócios. Apercebeu-se que a melhoria das condições de vida dos trabalhadores provocava uma maior motivação para o trabalho. Tomou outras medidas revolucionárias para a época, tais como o estabelecimento de um sistema de seguros por doença. Estas medidas granjearam-lhe a fama de empresário modelo.

No fundo, Owen colocou em prática as teorias de Helvécio, Rousseau, Godwin ou Bentham: racionalizar o sistema de produção, suavizar as condições sociais através de medidas humanistas, impulsionar a educação, etc. Owen detinha um optimismo ingénuo: tal como Sócrates, acreditava que o vício e a maldade provinha da ignorância.

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“ Que ideias é que as pessoas podem associar ao termo “Milénio”, não sei. Mas sei que a sociedade pode ser formada de forma a que exista sem crime, sem pobreza, com a melhoria da saúde, com pouca ou nenhuma miséria, com inteligência e felicidade aumentada cem vezes. E nenhum obstáculo se coloca neste momento, exceto a ignorância, que evita que esta sociedade se torne universal.”"Address to the Inhabitants of New Lanark“, 1816

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Robert Owen

Owen confrontou-se com os limites do seu projecto reformista e estendeu as críticas ao sistema de produção a outros elementos, tais como a religião e família. Esta nova postura atraiu para si a repulsa de elementos conservadores, sendo expulso de Inglaterra. Pretende criar uma nova organização social – uma espécie de comunismo agrário, no qual desaparecia a propriedade privada. É então nos Estados Unidos que cria a “New Harmony”, uma colónia socialista que iria criar um homem novo, estabelecendo a igualdade partindo do princípio da boa vontade mútua. No entanto, o êxito esperado não se sucedeu.

Numa última fase, Owen preconiza o advento de um segundo redentor que iria propiciar uma organização social mais harmoniosa.

Owen deixou-nos o seu exemplo, enquanto lutador incansável pela melhoria da sua vida e da dos outros e deixou-nos ainda, as suas teorias corporativistas que foram a base para o desenvolvimento das tendências corporativistas posteriores.

Para além disto, tal como os movimentos socialistas posteriores, acreditava que a transformação social devia depender apenas dos próprios homens, ou seja, da educação, das reformas racionais e da solidariedade.

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Saint-Simon (1760-1825)

Filósofo e economista francês, um dos fundadores do socialismo moderno. É considerada uma figura bastante peculiar por várias peripécias da sua vida. Uma delas foi que viveu num estilo ora faustoso, ora carregado de miséria (chegando a ser sustentado por um antigo criado e, mais tarde, por um discípulo).

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Saint-Simon

A ideia central de Saint-Simon é a apologia da indústria. O seu pensamento gira à volta da primazia da produção, a confiança na industrialização como impulsionadora do progresso e na fé absoluta dos avanços científicos. Assim, julgava a estrutura social como a luta entre duas classes contrapostas: a dos “industriais” (banqueiros, terra-tenentes, agricultores, operários, em suma, todos os que trabalham) e a dos “ociosos” (nobreza, clero, financeiros…). Saint-Simon incidia sobre o antagonismo entre o Terceiro Estado e os outros estratos privilegiados, em suma, sobre o conflito entre produtores e ociosos, não se relacionando com a posterior doutrina marxista. Assim, Saint Simon não apresentava soluções socialistas. A sua proposta era o empenho da parte dos industriais no progresso da sociedade, criando assim novas riquezas. Para atingir este fim, a prioridade seria a organização a nível económico.

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A administração deve substituir o governo do tipo político, ou seja, a tecnocracia deve suplantar a política. A eficácia seria atingida a todo o custo, através do aumento da produção, do desenvolvimento da indústria, no avanço pelo caminho do progresso. A propriedade privada seria respeitada neste processo.

Nas suas obras refere a miséria operária, denotando que são os operários que mais sofrem com a má administração. Concede-lhes a possibilidade destes administrarem a propriedade privada e que seja melhorada a sua condição através da anulação de privilégios, da supressão dos abusos, da instrução pública e do desenvolvimento da produção.

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Saint-Simon

Insistiu nas soluções filantrópicas, pretendendo uma organização social mais justa, onde reinaria o trabalho e uma moral mais pura.

Apesar da sua grande influência sob o pensamento socialista posterior , Saint-Simon não é considerado um socialista restrito. Pugnou por uma organização social mais justa; acreditava no trabalho como o factor diferenciador de classe; começa a esboçar o princípio da luta de classes nos seus estudos histórico-sociais; preocupa-se pelas classes mais despojadas que mais sofrem os efeitos da injustiça social. Saint-Simon apenas influiu no meio operário. Contudo, os seus discípulos fundaram uma escola que desenvolveram um extravagante misticismo em seu torno. O seu aspeto tecnocrático inspiraria grandes empreendimentos do capitalismo francês: a construção do Canal do Suez, o desenvolvimento dos caminhos-de-ferro, a colonização da Argélia.

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Charles Fourier (1772-1837)

Socialista francês, um dos pais do corporativismo e um dos mais significativos representantes do socialismo utópico. Escreveu “ Théorie des quatres mouvements et des destinées générales (1808), em que considera a existência de uma ordem social natural. Desenvolveu depois a sua teoria no Traité de l'association agricole domestique (1822).

É o autor de uma obra que se constitui como um projecto de reforma social, sendo que a sua doutrina antecipou, em vários aspectos, o socialismo marxista e a psicanálise.

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Charles Fourier

Ao contrário de Saint-Simon, Fourier não tem apreço pela indústria e pelo progresso, nem pretende a transformação da economia, prescindindo dela, sem lhe interessar o aumento da produção, mas o bem estar dos consumidores. A sua revolução é acima de tudo moral. Fourier aplica o princípio da atração dos corpos à sociedade, acreditando que a sábia combinação das variadas atrações das pessoas, proporcionará a harmonia social. Para isso, tem em conta que existem doze paixões primitivas que, por combinação, fornecem 810 diferentes carácteres humanos. Assim sendo, o número ideal de membros de uma comunidade seria, considerando os dois sexos, de 1620 pessoas. Esta comunidade perfeita, denominada de falanstério, seria o reino da ordem e da harmonia que se imporia, sem necessidade de violências, contrapondo-se à desordem da sociedade capitalista.

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. A sociedade ideal de Fourier de nada tem em comum com a de Owen. Fourier é anticomunista, antidemocrata, anti-revolucionário e anti-igualitário. Nessa sociedade estava prevista a propriedade privada, as heranças, sendo mesmo naturais as desigualdades sociais. A organização seria cooperativa e mais agrícola do que industrial.

O que retiram os socialistas de Fourier afinal? Extraem, principalmente, as críticas, a análise consciente da especulação, do comércio, da crise, da superprodução e dos contrastes sociais.

Para além disto, foi um percursos do feminismo, pela sua preocupação pela situação da mulher na sociedade.

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Estes teóricos mencionados irão contribuir para o desenvolvimento do pensamento socialista posterior.

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O marxismo, face ao socialismo utópico

A partir do início da segunda metade do século, vai-se impondo uma nova análise da sociedade que traz outra visão daquilo que deverão ser os meios para atingir a sociedade idealizada. O socialismo anterior é denominado utópico enquanto que nasce outro socialismo, o científico. As diferenças podem sintetizar-se nos seguintes pontos:

o socialismo utópico é idealista, enquanto que o marxismo de desenvolve segundo uma teoria materialista da sociedade e da história;

A colocação de uma determinada realidade com certos princípios em comunidades pequenas, deveria ser suficiente para que ocorresse a transformação da sociedade inteira;

O socialismo utópico encarava os problemas sociais numa tendência moralizante, centrada no “dever ser”. Enquanto que o marxismo, pretendia ser o mais preciso e científico possível, preocupado em analisar a sociedade.

O socialismo utópico criticava o sistema capitalista mas não detinha os instrumentos teóricos para o destruir e superar; O marxismo tentava encontrar as causas das crises cíclicas do sistema para ver, em que medida poderiam vencer o sistema capitalista.

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O socialismo utópico pré-marxista pretendia emancipar directamente toda a Humanidade. Marx adota um posicionamento explicitamente classicista: quem há-de fazer a revolução, quem há-de tomar o poder.

Na teoria marxista não existe uma humanidade que procura uma sociedade melhor – ao contrário do socialismo utópico -, mas uma luta aberta de classes que terminará com a conquista do poder político pelo proletariado.

Marx e Engels não desprezavam os pensadores anteriores, muito pelo contrário, tinham os seus pensamentos em grande consideração. Sustentavam que estes se encontravam condenados a serem utópicos, pelas circunstâncias históricas em que se tinha desenvolvido.

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William Godwin (1756-1836)

William Godwin foi um jornalista inglês, filósofo político e escritor, sendo um dos expoentes máximos do utilitarismo.

Godwin possui uma confiança absoluta na bondade inata do homem sendo que quem o corrompe é a deficiente organização social. A sociedade corruptora impede os homens que obtenham a sua legítima liberdade, através de leis e violência. O Estado é mau por natureza, sendo o primeiro responsável pela opressão humana. Assim, a solução encontrava-se no retorno às inclinações naturais do homem, numa nova sociedade, formada por pequenas comunidades independentes, onde seria abolida a propriedade privada.

Daí constatamos que as suas soluções são utópicas. Fala mais de moral do que economia política, mas a sua hostilidade relativamente ao Estado, a defesa do individualismo e a fé no homem, constituirão as linhas de força para a teoria acrata.

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Proudhon (1809-1864)

Foi um filósofo político e económico francês, membro do Parlamento francês., sendo considerado um teórico muito influente do anarquismo.

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Proudhon

Proudhon insistiu em denunciar os perigos de um socialismo estatizado, odiando o socialismo governamental de Louis Blanc e o comunismo autoritário de Cabet. Era um defensor da liberdade individual e da dignidade do indivíduo. A sua crítica ao sistema capitalista detinha simplicidade e acessibilidade, sendo que escrevia com uma linguagem dos pequenos artesãos, descrevendo uma sociedade de camponeses e artesãos independentes que realizavam o intercâmbio de bens, tendo em conta as relações de valor criadas pelo trabalho.

Proudhon procurava um equilíbrio entre liberdade e igualdade que se concretizava numa solidariedade fraternal. Do ponto de vista económico social, levaria ao mutualismo, enquanto que do ponto de vista político, resultaria no federalismo de pequenas comunidades, sobre as quais não se impunha o Estado opressor..

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Para além disto, Proudhon acreditava que todo o socialismo que subordinasse o indivíduo à colectividade, à liberdade e à justiça, terminaria no estatismo.

Pressupunha que não se poderia destruir a sociedade burguesa utilizando os seus meios, por isso diz que “o sufrágio universal é a contra-revolução”.

As propostas proudhianas tiveram grande eco pela realidade social de uma França pré-industrial e pela capacidade dele de se converter no porta-voz das aspirações de pequenos produtores, artesãos, camponeses e operários que começavam a sentir os efeitos da industrialização

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Karl Marx (1818 – 1883)

Foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, sendo economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista.

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Karl Marx

Marx suplantou os outros autores pela sua capacidade de síntese. Recolhei de Hegel a conceção dialética da história, de Ricardo e de outros economistas ingleses os conceitos económicos, de Feurbach o materialismo. Contudo, a síntese marxista não deixa de ser original.

A formação do pensamento de Marx faz-se contra muitos autores, tais como: o idealismo de Hegel, o utopismo de Hess, o humanismo abstrato de Feuerbach, os economistas clássicos, contra as conceções económicas e políticas proudhianas, contra o individualismo bakunista.

Na evolução do socialismo, os dois últimos aspetos detiveram uma grande importância. O anarquismo e o marxismo constituem-se, na segunda metade do século XIX como as grandes correntes socialistas que acabam por entrar em controversas na Internacional, dando-se uma ruptura irreconciliável.

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Os três primeiros congressos da Primeira Internacional são o marco da luta entre as conceções marxista e proudhiana. No primeiro, em Genebra (1866), as propostas de Marx tiveram mais adesão, já que o congresso adotou as resoluções de Marx sobre os sindicatos, como organização básica da classe operária. Do segundo congresso, em Lausana(1867), resultaram resoluções ambíguas que provocaram um frágil equílibrio dentro da Internacional que por sua vez, contrastava com a sua crescente força organizativa em vários países europeus. No terceiro congresso, em Bruxelas (1868), a corrente proudhiana viu-se vencida. Os proudhianos opuseram-se à socialização da terra. No entanto, o congresso aprovou uma moção que defendia a coletivização da terra e dos meios de comunicação, fazendo ligeiras concessões à corrente proudhiana que, a parir de então, viu a sua influência a ser diminuída

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Marx e Bakunin (1814-1876)

No quarto congresso da Internacional (Basileia, 1869), ocorreu o primeiro confronto entre Marx e Bakunin, tendo como tema a herança. A abolição da mesma seria fundamental para Bakunin, enquanto que para Marx este seria um aspeto supérfluo, dado que a revolução aboliria a propriedade privada e o capital, suprimindo assim, a herança. As divergências entre Marx e Bakunin estendiam-se a outros campos. Num primeiro ponto, Bakunin propunha o controlo direto da indústria e da agricultura e da indústria pelos mesmos operários e camponeses; já Marx, pretendia a conquista do Estado para que este se apoderasse dos meios de produção. Para Marx seria essencial a centralização estatal, enquanto que Bakunin acreditava que qualquer centralização asfixiaria a liberdade individual. Marx pretendia trocar um Estado por outro, uma autoridade por outro. Para Bakunin, não seria coerente tal decisão, sendo que a missão dos oprimidos era a destruição do Estado. Marx insistia na organização do proletariado para a revolução, Bakunin preconizava uma etapa de destruição quase total anterior à revolução.

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Segundo Marx, a organização seria uma virtude suprema: numa sociedade socialista, o indivíduo tinha de se submeter à coletividade, organizando as massas para alcançar a vitória. Paralelamente, Bakunin exaltava o individualismo, lutava contra toda a alienação política, religiosa ou económica, contra tudo aquilo que escravizasse o indivíduo. Queria a espontaneidade, o rastilho revolucionário, os resultados imediatos.

No congresso de Haia deu-se a cisão definitiva entre marxistas e bakuninistas, seguindo estes caminhos paralelos, sem nunca mais se encontrarem.

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Conclusão

O homem desde sempre sonhou com uma sociedade mais justa. Os teóricos apresentados neste trabalho demonstram precisamente essa vontade. Todos eles, de uma maneira ou de outra pretenderam uma sociedade mais igualitária, mais fraterna. Desde ao socialismo utópico ao socialismo científico, houve a procura pela melhoria das condições sociais das maiorias, dos que trabalham. Ainda hoje andam por aí uns quantos a sonhar com uma justa distribuição da riqueza. O socialismo não é, tal como vimos, um simples colocar em prática de algumas medidas sociais que melhoram as condições de vida dos mais pobres. O socialismo é um pensamento, uma mentalidade criada por todos estes teóricos e por cada um de nós que sonha por um mundo melhor, mais justo para todos.

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Bibliografia e sitografia

Oliveira, António, 2007, Manual de apoio ao estudante História Mundial

Florencio, Rafaél Nunes, 2006, A era da industrialização - Grande História Universal

www.wikipedia.pt