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O PENSAMENTO DE ANÍSIO TEIXEIRA: EM BUSCA DE ALGUNS VESTÍGIOS PARA A CONSTITUIÇÃO DA RELAÇÃO TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO Cláudia Natália Saes Quiles (UFMS/PPGEdu) Atualmente um número considerável de escolas brasileiras tem computadores implantados por programas governamentais 1 , como o Programa Nacional de Informática na Educação – Proinfo 2 , o que está possibilitando o acesso à tecnologia a um grande contingente de alunos e professores. Esse fato levou vários estudiosos da educação, como Almeida (1988), Chaves (1999) e Moraes (2002), a refletir sobre os impactos trazidos pela inserção das tecnologias na educação e os reflexos dessa relação no processo de ensinoaprendizagem 3 . Tecnologia e Educação não são simplesmente termos teóricos e abstratos, mas dimensões com conteúdos de práticas e de existência vivenciados através da história, e que hoje são retomados com novas perspectivas, face aos novos desafios do homem moderno e pelas transformações tecnológicas que o envolvem. Sendo assim, a entrada dos computadores na educação não pode ser discutida de forma desconectada das mudanças tecnológicas que ocorreram no mundo nos últimos tempos. Moraes (2002) coloca que por “novas tecnologias” entende-se algo mais do que simples inovações no campo da Ciência e da Tecnologia. O homem, por meio da sua capacidade de inovação, desenvolveu uma série de operações de “poder” sobre a Natureza, ou de mutações desta, visando atender às suas necessidades, sendo que estas invenções, descobertas ou criações afetaram de forma profunda, ampla e generalizada, os conhecimentos, os costumes e as práticas cotidianas de nossa sociedade. Ainda sobre esse conceito, Marques (2003) escreve: Por novas tecnologias entendemos hoje o surgimento de uma outra articulação de linguagens, encarnada em novos suportes, que são as máquinas dotadas de capacidade de armazenar, processar e intercambiar informações a grande velocidade e com alta confiabilidade, gerando hipertextos nos fluxos alargados da informação, constituídos em ciberespaço e cibercultura. Na verdade, essas novas tecnologias rearticulam em unidade processual rica de virtualidades as linguagens todas, transformam a oralidade e a escrita sem nunca dispensá-las em suas formas anteriores e colocam desafios outros à educação escolar (p. 18).

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O PENSAMENTO DE ANÍSIO TEIXEIRA: EM BUSCA DE ALGUNS VESTÍGIOS PARA A CONSTITUIÇÃO DA RELAÇÃO TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO

Cláudia Natália Saes Quiles (UFMS/PPGEdu)

Atualmente um número considerável de escolas brasileiras tem computadores

implantados por programas governamentais1, como o Programa Nacional de Informática na

Educação – Proinfo2, o que está possibilitando o acesso à tecnologia a um grande contingente

de alunos e professores. Esse fato levou vários estudiosos da educação, como Almeida (1988),

Chaves (1999) e Moraes (2002), a refletir sobre os impactos trazidos pela inserção das

tecnologias na educação e os reflexos dessa relação no processo de ensinoaprendizagem3.

Tecnologia e Educação não são simplesmente termos teóricos e abstratos, mas

dimensões com conteúdos de práticas e de existência vivenciados através da história, e que

hoje são retomados com novas perspectivas, face aos novos desafios do homem moderno e

pelas transformações tecnológicas que o envolvem. Sendo assim, a entrada dos computadores

na educação não pode ser discutida de forma desconectada das mudanças tecnológicas que

ocorreram no mundo nos últimos tempos.

Moraes (2002) coloca que por “novas tecnologias” entende-se algo mais do que

simples inovações no campo da Ciência e da Tecnologia. O homem, por meio da sua

capacidade de inovação, desenvolveu uma série de operações de “poder” sobre a Natureza, ou

de mutações desta, visando atender às suas necessidades, sendo que estas invenções,

descobertas ou criações afetaram de forma profunda, ampla e generalizada, os conhecimentos,

os costumes e as práticas cotidianas de nossa sociedade. Ainda sobre esse conceito, Marques

(2003) escreve:

Por novas tecnologias entendemos hoje o surgimento de uma outra articulação de linguagens, encarnada em novos suportes, que são as máquinas dotadas de capacidade de armazenar, processar e intercambiar informações a grande velocidade e com alta confiabilidade, gerando hipertextos nos fluxos alargados da informação, constituídos em ciberespaço e cibercultura. Na verdade, essas novas tecnologias rearticulam em unidade processual rica de virtualidades as linguagens todas, transformam a oralidade e a escrita sem nunca dispensá-las em suas formas anteriores e colocam desafios outros à educação escolar (p. 18).

2

A Tecnologia Educacional se caracteriza pela compreensão diferenciada do papel dos

instrumentos tecnológicos no processo educativo. Atualmente, o domínio das novas

tecnologias se apresenta como um dos traços importantes do novo perfil do educando.

Almeida (1988) aponta esse domínio como uma das formas de poder, ou seja, cada vez mais o

domínio do conhecimento coloca-se como uma das formas de manutenção das relações de

classe na sociedade capitalista.

Estamos cientes que a tecnologia educacional relaciona-se a vários instrumentos do

processo de ensinoaprendizagem. O giz, a lousa, o retroprojetor, a televisão, o vídeo, o DVD,

o jornal impresso, o aparelho de som, o rádio, o computador, entre outros, são elementos

instrumentais componentes da tecnologia educacional. Nesse sentido Tajra (2002) explica,

que ao optarmos por uma específica tecnologia “estamos intrinsecamente optando por um tipo

de cultura, a qual está relacionada com o momento social, político e econômico” (p. 48).

Ainda, segundo essa autora, o computador é definido dentro do ambiente escolar como

uma ferramenta pedagógica capaz de potencializar a aprendizagem de campos conceituais nas

diferentes áreas de conhecimento, de introduzir elementos contemporâneos na qualificação

profissional e de possibilitar a modernização da gestão escolar.

A informática tem se destacado por ser uma tecnologia que está mudando o modo de

vida, de pensar e de trabalhar, uma vez que o computador funciona como um grande

aglutinador das várias tecnologias existentes. Além disso, o ganho do computador em relação

aos demais recursos tecnológicos, no âmbito educacional, está relacionado à sua característica

de interatividade.

Sendo a escola um espaço no qual se dá a relação entre os grupos sociais,

estruturando-se a partir dessas relações, diante da abordagem das tecnologias aplicadas no

interior do fenômeno educativo, acreditamos que ocorram alterações nas relações existentes

nesse ambiente, alterações essas que se refletem em modificações na relação aluno-

conhecimento, na relação aluno-professor e na relação professor-conhecimento.

A fim de iniciarmos tal reflexão, mergulhamos no ideário educativo de Anísio

Teixeira, um dos maiores representantes da educação brasileira, a partir da leitura das

seguintes obras: Educação no Brasil (1976); Educação não é privilégio (1999) e Educação é

um Direito (1999); bem como acrescentamos outras leituras sobre sua obra. Neste mergulho,

buscamos vestígios da relação educação e tecnologia fundados na preocupação anisiana com

as mudanças que ocorriam no mundo, e mais, como essas transformações afetariam a

educação e a escola pública de nosso país.

3

A Sociedade da Tecnologia: do cenário histórico-educativo às proposições de constituição

A partir do século XVIII e início do século XIX, consolida-se na história da

humanidade um novo modo de produção – o capitalismo – e, junto com ele, configura-se um

novo modelo de sociedade. Esse período é marcado pelo acelerado desenvolvimento

tecnológico, fundamental para o funcionamento da lógica do capitalismo.

Uma das premissas do materialismo de Marx é a de que as evoluções significativas das

forças produtivas, ou seja, a capacidade de produção de uma sociedade tem como

conseqüência diversas alterações nas relações de produção. Todos os componentes do

processo produtivo relacionam-se entre si, e devido a essas alterações, os costumes de um

povo e seus respectivos valores sociais também se modificam.

A sociedade é antes de tudo, um produto de relações que se estabelecem entre os

homens e que interferem na lógica de seu desenvolvimento. Esse pensamento chama a

atenção para a interação entre os diversos elementos que compõem a sociedade. Carvalho

(2000) reflete que, na mesma medida em que não se pode falar em tecnologia sem considerar

as transformações sociais que estão ao mesmo tempo provocando e favorecendo seu

desenvolvimento, também não se pode analisar a sociedade sem que se leve em consideração

as diversas transformações tecnológicas que estão ocorrendo dentro dela. Ou seja, sociedade e

tecnologia são fenômenos indissociáveis e as transformações que ocorrem num deles altera,

reciprocamente, o outro.

Portanto, as transformações, as inovações e os desenvolvimentos tecnológicos só

ocorrem na medida em que existam agentes sociais que ajam de maneira a efetivá-los. A

tecnologia depende, pois, da sociedade para sua existência e o seu desenvolvimento.

Atualmente passamos a usar o conceito de “sociedade da tecnologia”, ou ainda,

“sociedade do conhecimento”, uma vez que, o desenvolvimento das tecnologias e sua

inserção nos diversos setores da sociedade se deu de forma acelerada somente no último

século. Sobre esse aspecto, ressaltamos que a tecnologia, enquanto aplicação de

conhecimentos científicos a determinados ramos da atividade humana e, principalmente, o uso

da tecnologia nos processos produtivos, não foi concomitante à consolidação do modo de

produção capitalista, mas somente começou a se efetivar no final do século XIX e início do

século XX. Sobre isso Sampaio (1999) observa a importância de

4

[...] perceber que neste último século o mundo vem se desenvolvendo com tamanha rapidez que em poucos anos transformou-se, em termos de produção material e cultural, mais radicalmente do que nos séculos passados. A velocidade e a abrangência das transformações foram ainda maiores a partir da década de 50, com a revolução tecnológica e o início da era da informática (p. 16).

A sociedade passou por um fenômeno que denominamos “Revolução Científica e

Tecnológica”4 e o mundo passou a presenciar o início de várias transformações na estrutura

da sociedade, em seus valores e costumes, pois a partir dessa época as mudanças ocorreram de

forma rápida e diversificada.

O termo Revolução Tecnológica, apesar de bastante amplo em seu significado, pode

ser conceituado, segundo Chaves (1999), como as invenções, descobertas e criações

realizadas pelo homem, que afetam os conhecimentos, costumes e as práticas cotidianas. Esse

desenvolvimento acelerado das tecnologias trouxe modificações substanciais nos sistemas

sociais. Nessa perspectiva, Pérez-Gomes ressalta que,

a revolução eletrônica que preside os últimos anos do século XX parece abrir as janelas da história a uma nova forma de cidade, de configuração do espaço e do tempo, das relações econômicas, sociais, políticas e culturais; enfim, um novo tipo de cidadão com novos hábitos, interesses, modos de pensar e sentir, uma forma de vida presidida pelos intercâmbios a distância, pela supressão das barreiras temporais e fronteiras espaciais (2001, p. 104).

Ao buscarmos a cena histórico-social, ainda que nos limites das análises propostas

pelo texto, constatamos que no Brasil essas transformações foram sentidas de forma mais

presente no final do século XIX e início do século XX. Nagle (2001), analisando a sociedade

no período de 1890 a 1930 destaca que no contexto político ocorria o declínio das oligarquias

cafeeiras, conhecida como a política “café com leite”. No setor econômico, aponta esse

período como intermediário entre o sistema agrário-comercial e o urbano industrial. Todos

esses fatores refletem em transformações no contexto social, que se vê marcado por novas

orientações ideológicas e regido por um novo sistema de valores: o da civilização urbano-

industrial.

De acordo com Zotti (2004), o surgimento dessa civilização urbano-industrial no

início do século XX expressa o interesse na defesa de padrões políticos, econômicos e

culturais. Acontece então o aparecimento de um novo conjunto de aspirações na transição de

uma sociedade agrário-rural para uma sociedade urbano-industrial. Sobre essa transição na

sociedade, Anísio Teixeira destaca:

5

Foi essa mudança que se processou nos últimos dois séculos: a transformação da tranqüila, coerente e, de certo modo, orgânica sociedade agrária na fragmentada, complexa e confusa sociedade industrial. A nova forma de sociedade perdeu inteiramente aquelas condições que permitiam à sociedade agrária transmitir automaticamente a sua cultura. A nova cultura é toda abstrata e racional, só podendo ser ganha por meio de alta escolaridade. [...] Nas condições novas da sociedade dos nossos dias, educação escolar de certo modo completa faz-se, em todos os campos e por especializações de tipos diferentes, absolutamente essencial para cada indivíduo, que, sem ela, não poderá sequer compreender o nôvo contexto social. Ora, tal compreensão é indispensável para que o homem possa sentir-se integrado à sociedade, dela participando e por ela ser responsável. Todo o comprometimento consciente do homem com a sua sociedade já não se pode fazer pelo simples fato de nascer e viver ele nessa sociedade – como no período agrário – mas passou a exigir, de cada um, aparelhar-se intelectualmente para poder compreender a complexidade da organização social, toda ela racional e substancialmente impessoal. (TEIXEIRA, 1976, pp. 323-4)

Diante desse novo contexto percebemos a preocupação dos educadores da época com

as transformações vividas pela sociedade, uma vez que com o avanço do conhecimento

ocorria também uma transformação do mundo e conseqüentemente transformava-se a

sociedade humana. Se entendemos que a educação é um fenômeno social e historicamente

determinado, como parte da sociedade, também histórica, entendemos que a educação se

transforma ao longo da história.

Segundo Araújo (2001), existia no campo educacional, nesse momento histórico, uma

proposta de reorganização da educação escolar com base no conhecimento científico

disponível, para que essa se tornasse um instrumento efetivo e dinâmico de reorganização

pedagógica da nação. Competia à intelectualidade brasileira e aos educadores profissionais,

em particular, a definição dos rumos dessa reconstrução, estudando os meios de promovê-la,

técnica e cientificamente. Esse período está definitivamente marcado por novas tendências e

aspirações, e é conhecida no cenário educacional como Escola Nova ou Escolanovismo5.

Até o século XVIII, a escola era para a formação de intelectuais, não visava formar

cidadãos, tampouco se preocupava com a formação de caráter ou com a formação do

trabalhador. A educação era distinta da cultura do povo. Já o movimento da “Nova Escola”,

no fim do século XIX, visava preparar o homem comum para o trabalho ou ofício, para o

desenvolvimento da civilização, passando a escola a adquirir um sentido de renovação.

A escola tradicional com sua organização, seu currículo e seus métodos operava uma

formação literária e científica. A “Nova Escola” tinha novos objetivos e buscava seus moldes

na própria vida da comunidade, fazendo ela própria uma comunidade em miniatura para que o

aluno aprendesse a viver em sociedade. Tinha a pretensão de ser uma escola formadora de

6

hábitos sociais e mentais, ao mesmo tempo em que sua meta principal era a formação geral

(objetivando a leitura, a escrita e a aritmética) para garantir a “[...] formação dos quadros de

trabalhadores especializados e especialistas de toda espécie, exigidos pela sociedade

moderna”. (TEIXEIRA, 1976, p. 37)

O movimento da Escola Nova significou um processo de remodelação das instituições

escolares, fundamentado dentro de uma nova concepção sobre a infância e teve como uma de

suas referências às idéias do educador norte-americano John Dewey6. Seus princípios se

apóiam na institucionalização do respeito à criança, à sua atividade pessoal, aos seus

interesses e necessidades, tais como manifestam nos estágios de seu desenvolvimento natural,

trazendo uma concepção de educação onde o que importa é a realização das potencialidades

contidas na personalidade integral da criança.

A Escola Nova passou por quatro fases, quais sejam: de 1889 à 1900, a criação das

Escolas Novas; de 1900 à 1907, a formulação do novo ideário educacional por meio de

diversas correntes teórico-práticas; de 1907 à 1918, a criação e publicação de obras sobre os

primeiros métodos ativos e; de 1918 em diante, a consolidação e oficialização das idéias, dos

princípios, métodos e técnicas do escolanovismo.

No Brasil, até 1920, o movimento do escolanovismo tinha como meta a preparação

para essa nova forma de entender a escolarização. A partir de 1920 o escolanovismo traz

efetivamente a difusão e realizações da “nova pedagogia” que se caracteriza por um

movimento remodelador e reformista da instrução pública. A irradiação e execução das idéias

do ideário escolanovista se deu ao mesmo tempo, sendo por esse motivo considerado um

significativo movimento reformista.

Sua efetivação no cenário educacional se dá nos anos 30 e 40, com a tentativa de

realização dos seus princípios nas instituições escolares. Mas esses educadores entendem que

não basta apenas a implantação e expansão das escolas, mas sua luta é por um ensino

qualitativamente distinto. De acordo com Nagle (2001), esse “otimismo pedagógico” é que

proporcionaria a mudança e a transformação no interior da sociedade.

A Pedagogia Nova defende um novo processo de ensino-aprendizagem, propõe uma

escola diferente, um professor diferenciado, uma sala diferenciada e se centra na figura do

aluno e suas motivações. E nessa nova perspectiva, o professor encontra na área da Psicologia

um novo instrumentário para sua ação pedagógica. A difusão do escolanovismo acontece de

forma lenta, dentro das possibilidades impostas pela sociedade e pela política, através de

experiências isoladas.

7

Ressaltamos que o campo do escolanovismo não foi unitário, em seu interior existiam

grupos com representantes e idéias distintas, a saber: o grupo liberal-democrático

(representado por Anísio Teixeira) que defendia a educação dentro de uma democracia ampla;

o grupo intermediário (representado por Fernando de Azevedo e Lourenço Filho), que

entendia a educação de forma diferenciada, propondo a viabilidade de se pensar dois tipos de

propostas educacionais, uma para quem comanda a sociedade e outra para quem trabalha na

sociedade; e o grupo representado por Paschoal Lemme, que mantinham idéias

anarquistas/socialistas/comunistas, mas sem sair da idéia principal que é a transformação da

sociedade (de uma sociedade capitalista para uma sociedade socialista).

Em 1932, com o lançamento do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova7, dirigido

“ao Povo e ao Governo”, o porta-voz dessas novas aspirações, consolida-se um passo

importante em direção à implantação de mudanças no interior das instituições escolares, ao

visar à introdução da racionalidade científica na educação. Para Saviani (2004), o Manifesto

dos Pioneiros propunha realizar a reconstrução social pela reconstrução educacional.

[...] Partindo do pressuposto de que a educação é uma função essencialmente pública, e baseada nos princípios da laicidade, gratuidade, obrigatoriedade, co-educação e unicidade da escola, o Manifesto esboça diretrizes de um sistema nacional de educação, abrangendo, de forma articular, os diferentes níveis de ensino, desde a educação infantil até a universidade (p. 33).

O Manifesto dos Pioneiros, documento de política educacional, expressava a posição

de um grupo de educadores que se aglutinou em 1920 e vislumbrou na Revolução de 1930 a

oportunidade de vir a exercer o controle da educação no país, buscando uma hegemonia

educacional. A Revolução de 1930 é um marco importante, uma vez que é vista como uma

das manifestações de ruptura política-econômica que marcam o ingresso do Brasil na era da

civilização urbano-industrial. Com a Revolução de 1930, encerra-se o ciclo da Primeira

República ou República “Velha” e com a posse de Getúlio Vargas como chefe do Governo

Revolucionário Provisório, em novembro de 1930, inicia-se a Segunda República ou

República Nova e junto com ela um movimento de renovação educacional.

O Manifesto dos Pioneiros propunha “a reconstrução educacional no Brasil”, mas vale

destacar que não contemplava uma proposta de mudança do sistema capitalista, mas aparecia

como uma via de reconstrução da sociedade pela transformação educacional. O Manifesto

tornou-se, indiscutivelmente, um documento histórico, não somente por seu caráter

8

abrangente na definição de uma política nacional de educação e ensino, mas também porque

foi único no gênero em toda a história da educação no Brasil.

Numa referência ao Manifesto dos Pioneiros, Lemme (2005) explica que

O documento dos educadores brasileiros estava perfeitamente dentro do contexto das aspirações que desde a década de 20 procuravam imprimir aos problemas da educação e ensino uma orientação mais de acordo com as correntes renovadoras nessa matéria e as necessidades do País, que ia se transformando (p. 172).

Em Araújo (2001), encontramos a seguinte idéia:

Talentos e aptidões individuais, expressos no Manifesto de 1932, reporiam e reacenderiam a utopia da Ilustração da igualdade do gênero humano quanto ao desenvolvimento das aptidões, ou dos talentos, sob a mediação de uma pedagogia institucional. Tratava-se, ainda, de um recorte pelo viés de que através do desenvolvimento dos talentos individuais se poderia promover a transformação social. Todavia, já se pode entrever nele a correlação desse universo mental com a idéia de reconstrução educacional na e pela educação de espírito científico (p. 24).

Segundo Araújo (2001), predominava entre eles a convicção de que na educação

pública, laica, universal e de qualidade residia a resolução dos problemas de atraso do país. A

reconstrução nacional exigia, com urgência, a reconstrução pedagógica da escola; mais do que

isso, urgia empreendê-la tanto por orientação científica como pela pré-valência das ciências

sociais e educacionais.

Os tempos eram os da sociedade industrial, democrática e tecnológica, da disciplina

intelectual de pensamento, do conhecimento científico, da educação universal com seu rol de

conseqüência no modo de viver e pensar objetivamente e cientificamente, na divisão do

trabalho, no surgimento da produção em massa, na urbanização intensiva e na reorganização

escolar nos termos das ciências sociais e técnicas.

Tomando como recorte a expansão da educação nacional, os Pioneiros atentavam para

seu caráter desordenado, ineficiente, distribuída desigualmente, com prejuízos para as

camadas populares, por não dispor de um plano geral de educação que tornasse a escola

acessível a todos os indivíduos, sendo o Manifesto o principal marco de luta pela escola

pública, laica e gratuita no Brasil.

Segundo Monarcha (2001), alguns dos membros dessa geração obtiveram súbita

notoriedade no contexto sócio-histórico da época, apresentando-se como sujeitos que tinham

como objetivo instaurar a modernidade educacional e cultural. São intelectuais e homens de

ação, sujeitos de discursos contrastantes e polêmicos, cujos temas arrebatadores podem ser

9

identificados como indicativos da presença de homens que se apresentaram na cena como

sujeitos novos nascidos fora da tradição e divulgadores da percepção de uma nova ordem de

coisas. Por certo, os sujeitos mais visíveis dessa vanguarda cultural eram Anísio Teixeira,

Lourenço Filho e Fernando de Azevedo.

Monarcha (2001), ainda, expõe que “pode-se dizer que a produção discursiva dos

membros dessa vanguarda cultural explicita o fundamental do conceito da modernidade, isto

é, uma ‘consciência de ruptura’ informada pela percepção das mutações históricas” (2001, p.

8), dizendo que:

Para os membros dessa geração, dotada de espírito cosmopolita e que gozava de prestígio intelectual, tratava-se de engastar a educação no presente e arremessar o presente em direção ao futuro, em um momento histórico em que o trabalho urbano e a educação das massas ganharam centralidade na vida urbano-industrial brasileira, aguçando a percepção das tensões sociais. (p. 9).

Entre esses pensadores da educação, ressaltamos Anísio Teixeira e suas proposições.

Contudo, sabemos que nesse momento histórico ainda não estava posta a discussão das novas

tecnologias aplicadas à educação, mas acreditamos que suas bases podem ser encontradas nas

idéias revolucionárias de Anísio Teixeira, uma vez que esse educador é reconhecido por

contribuir para a construção de uma reflexão teórica considerada moderna para sua época.

Vestígios da constituição da relação tecnologia e educação no pensamento de Anísio Teixeira

Anísio Teixeira iniciou suas atividades de educador em 1924, quando foi nomeado

para a Inspetoria Geral de Ensino na Bahia, depois denominada Diretoria Geral da Instrução

Pública, no governo de Francisco Nunes Marques Góes Calmon (1924-1928) e de Vital

Soares (1928-1929). No parecer de Lemme (1988) os educadores dessa época em geral, e

Anísio Teixeira, em particular,

defendiam a tese de que o caminho adequado para promover as transformações econômicas, políticas e sociais, em que todos estávamos empenhados, não era a luta revolucionária de classes, de acordo com as teorias marxistas, mas o esforço pela elevação do nível cultural do povo, através de um sistema democrático de educação pública acessível a todos, por meio do qual se desse a cada indivíduo a oportunidade de desenvolver plenamente suas potencialidades e dessa forma viessem a ocupar na sociedade a situação que correspondesse melhor às suas capacidades e aspirações (LEMME, 1988, p. 124 apud ARAÚJO, 2001, p.24).

10

Anísio Teixeira era um educador ciente das mudanças que ocorriam no mundo e

preocupado com os destinos do país, por isso, trouxe para si a missão de defender a escola

pública. Sobre as mudanças que estavam ocorrendo na sociedade naquela época, ele coloca

que:

Com o avanço do conhecimento e da tecnologia, a longa revolução dos nossos tempos vem transformando radicalmente o mundo e com ele a sociedade humana. Esse novo mundo moderno, marcado por extremo dinamismo, representa a fase de intensiva industrialização. Esta revolução industrial acaba por expandir-se até as atuais formas de concentração urbana e de organização maciça do trabalho. Surge, então, a sociedade contemporânea, globalmente industrializada, a qual consiste em um complexo de sistemas altamente organizados, que funcionam na base de extrema divisão de trabalho e extrema impessoalidade. Na realidade, a sociedade adquire uma constituição altamente racionalizada, com os seus múltiplos serviços sistematizados e, por vezes, mecanizados, e o homem aparentemente fragmentado pelas múltiplas funções que tem a desempenhar. Para compreender e integrar-se nessa sociedade faz-se necessário um grande desenvolvimento da educação formal, a qual, antes somente necessária para alguns, já agora é indispensável a cada cidadão. O novo sistema de valores e de motivação social, extremamente complexo e múltiplo, requer uma formação intelectual capaz de suprir a falta de experimentação direta da sociedade, que se fez não só gigantesca e concentrada, como, de certo modo, invisível e abstrata. (TEIXEIRA, 1976, p. 323)

Segundo Araújo (2001), para Anísio Teixeira não haveria uma educação renovada e

moderna sem uma teoria geral da educação de base científica e democrática, nem se teria uma

reconstrução educacional sem um diagnóstico da realidade com base no panorama

sociocultural que estava em mudança e de acordo com esse educador [...] a maquinaria

fundamental da civilização moderna não era a das fábricas, mas a das escolas de base

democrática e técnico-científica, com as quais se farão todas as demais (TEIXEIRA, 1952a

apud ARAÚJO, 2001, pp. 22-3).

Ciente das mudanças que vinham ocorrendo na sociedade, já em 1933 ele destacava

em sua obra, sua visão sobre as diretrizes gerais dos tempos modernos: a ciência, a

industrialização e a democracia. Sobre a ciência, Anísio Teixeira alertava para o fato de que

seu avanço exigia um novo tipo de formação, diante disso ele afirmava que “[...] esse novo

homem, independente e responsável, é o que a escola progressiva deve vir preparar”

(TEIXEIRA, 1933, p. 30s apud MONARCHA, 2001, p. 11). Diz ainda que “[...] a ‘grande

sociedade’ está a se constituir e o homem deve ser preparado para ser um membro

11

responsavel e intelligente desse novo organismo” (TEIXEIRA, 1933, p. 30s apud

MONARCHA, 2001, p. 12).

Já o fenômeno da industrialização é citado por ele como a segunda diretriz da vida

moderna, onde ele aponta o industrialismo como a nova visão intelectual do homem. Por fim,

destaca a democracia como a terceira grande tendência do mundo contemporâneo. Por

democracia Anísio Teixeira entende que

[...] Democracia é, essencialmente, o modo de vida social em que “cada indivíduo conta como um pessoa”. O respeito pela personalidade humana é a idéa mais profunda dessa grande corrente moderna. Nessa nova vida social, o homem não só terá opportunidade para a expressão maxima dos seus valores, como lhe assistirá permanentemente o dever de se exprimir de sorte a não reprimir valores de ninguem, mas, antes facilitar a maxima expressão de todos elles. (TEIXEIRA, 1933, p. 30s apud MONARCHA, 2001, p. 12).

Orientado por essas três diretrizes da vida moderna — progresso da ciência, revolução

industrial e desenvolvimento das idéias democráticas —, Anísio Teixeira trazia em seu

discurso a defesa de “uma educação para uma civilização em mudança”, definindo a educação

como função normal da vida social e acreditando ser necessário “[...] buscar dar aos

indivíduos educação formal e escolar” (1976, p. 35). Ele afirma ainda que “[...] Para

compreender e integrar-se nessa sociedade faz-se necessário um grande desenvolvimento da

educação formal, a qual, antes somente necessário para alguns, já agora é indispensável a cada

cidadão” (1976, p. 323).

Por educação formal, ele entendia ser a educação uma decorrência da vida em

sociedade (língua, religião, hábitos fundamentais). Diante disso, afirmava ser a família, a

classe e a religião, instituições educativas transmissoras dos traços fundamentais de nossa

cultura. Já a educação escolar, seria a transmissão sistemática dos conhecimentos, sendo que

esta aparece em estágio avançado e complexo da cultura. Em sua defesa pela escola pública

ele luta por uma educação

decisivamente comprometida com a expansão da escola pública laica e de qualidade, dada a articulação do ensino com experimentação, a investigação, contra o favorecimento da expansão privatista do ensino, configurada, portanto, como um proposta de democratização de serviços educativos pelo Estado (ARAÚJO, 2001, p. 25).

12

Para Araújo (2001), sua trajetória de vida é flagrante na obstinação de assumir a

reconstrução educacional como missão social tornando-se o educador-articulador, organizador

permanente de atores sociais coletivos e instituições movido pelo desejo de congregar quadros

intelectuais críticos encarnados de aspirações investigativas, analíticas e reconstrutivistas,

empenhados em levar à prática projetos político-educativos – pelo espírito do século XX, ou

seja, da grande sociedade industrial, democrática e científica –, presumindo fundar em bases

científicas e democráticas a reconstrução educacional do Brasil, para atender “[...] não já

apenas a imperativos de sobrevivência de uma elite, e sim a imperativos de formação de todo

um povo em vigoroso processo de mudança” (TEIXEIRA, 1969a, p. 249 apud ARAÚJO,

2001, p. 19).

Encarando a educação como missão social coletiva, Anísio Teixeira entregou-se à

atividade crítica criadora da reconstrução educacional sob os fundamentos do pensamento

filosófico e científico, especialmente o de John Dewey, introduzindo no plano das idéias e da

prática educativa a reconstrução educacional almejada. Dentro da visão de mundo de Anísio

Teixeira, destacamos as seguintes formulações:

O facto da sciencia trouxe comsigo uma nova mentalidade. Primeiro, determinou que a nova ordem de cousas de estavel e permanente passasse a dynamica. Tudo esta a mudar e a se transformar. Não há alvo fixo. A experimentação scientifica é um methodo de progresso litteralmente illimitado. De sorte que o homem passou a tudo vêr em funcção dessa mobilidade. Tudo que elle faz é um simples ensaio. Amanhã será differente. Elle ganhou o habito de mudar, de transformar-se, de ‘progredir’, como ele diz. E essa mudança e esse ‘progresso’, o homem moderno o sente: é elle que o faz. Ele constróe e reconstróe o seu ambiente. E cada vez elle é mais poderoso, nesse armar e desarmar de toda civilização. Nesse seu grande afan, por tudo transformar, parece, á primeira vista que só a ordem material era atingida. A ordem social e moral, essas eram eternas e obedeciam a ‘verdades eternas’ que não soffriam os choques e contrachoques da sciencia experimental. Com a nova civilização material, feita e governada por elle, começou a velha ordem social e moral a se abalar. Mudou a familia. Mudou a comunidade. Mudaram os habitos do homem e os seus costumes, e racionava-se. Si em sciencia tudo tem o seu porque e sua prova, prova e porque que se encontram nos resultados e nas consequencias dessa ou daquella applicação: si em sciencia tudo se subordina á experiencia, para á sua luz, se resolver, - porque tambem não subordinar o mundo moral e social á mesma prova? (TEIXEIRA, 1930, p. 4, grifo do autor apud MONARCHA, 2001, p. 09).

Anísio Teixeira alardeou a percepção das mutações incessantes originadas pelos

avanços da ciência, da técnica e da lógica de mercado, articuladamente à necessidade de

ultrapassagem de um tempo extinto rumo a um tempo novo, ao colocar que:

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[...] o que se deu foi a aplicação da sciencia á civilização humana. Materialmente, o nosso progresso é filho das invenções e da machina. O homem conseguiu para luctar contra a distancia, contra o tempo e contra a natureza. A sciencia experimental na sua applicação ás cousas humanas permitiu que uma série de problemas fossem resolvidos e que crescessem essa enormes cidades que são a flôr e o triumpho maior da civilização (TEIXEIRA, 1930, p. 3 apud MONARCHA, 2001, p. 10).

Com o intuito de operar uma nova forma de educar, Anísio Teixeira discute novas

diretrizes para a escola e novas formas de apreender o conhecimento, ao defender que:

Até o presente, nada mais fizemos do que insistir nas exigências novas que uma ordem social faz sobre a escola. Como a escola deve ser uma replica da sociedade a que ella serve, urge reformar a escola que possa acompanhar o avanço ‘material de nossa civilização e preparar uma mentalidade que moral e espiritualmente se ajuste com a presente ordem de cousas’. Além disso, porém, uma visão mais aguda do acto de apprender, vem em muito, alterar-se a psychologia da velha escola tradicional. Apprender, significou durante muito tempo simples memorização de formulas obtidas pelos adultos. O velho processo catechetico de pergunta e resposta é um exemplo impressionante disto. Decorar um livro era apprendel-o sem. Mais tarde, começou-se a exigir que se comprehendesse o que era decorado. Um passo a mais, foi exigir do alumno que elle repetisse, com palavras proprias o que se acha formulado nos livros. Não bastava decorar, não bastava comprehender, era ainda necessario a expressão verbal pessoal, - então assim estava apprendido o assumpto. Pois é isso que nova psychologia veiu provar ser ainda insufficiente. Não é isso ainda apprender. Fixar, comprehender e exprimir verbalmente um conhecimento não é tel-o apprendido. Apprender significa ganhar um modo de agir. Isso dito assim parece excessivamente limitado. Para muita habilidade. Mas, uma idéia? Aprrende-se uma idéia ganhando um novo modo de proceder ou agir? É exatamente isso que se dá. Nós apprendemos, quando assimillamos uma coisa de tal geito, que chegado o momento opportuno nós sabemos agir de accôrdo com o apprendido. A palavra agir tem vulgarmente um sentido estreito de acçao material. Mas um acto é sempre uma reacção a uma situação em que nos encontramos. Nós reagimos contra estímulos que recebemos atravez dos nossos sentidos internos ou externos (TEIXEIRA, 1930, p. 20-21, grifo do autor apud MONARCHA, 2001, pp. 12-3).

Anísio Teixeira concebia a educação centro do projeto da modernidade e segundo

Monarcha (2001), ele contribuiu para que a educação se transformasse em corpo autônomo,

original, dotado de prestígio e, sobretudo, de utilidade e de relevância social e política. Essas

reflexões sugerem que Anísio Teixeira contribuiu significativamente para a inovação teórica

da educação, articulada a processos mais amplos de renovação cultural e mudanças sociais,

engendrando aquilo que hoje poderíamos chamar de “sentido moderno da educação

brasileira”.

Suas idéias contemplavam a percepção do prelúdio da modernidade brasileira, pois

acreditava ser necessário preparar os jovens para uma formação intelectual adequada,

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vislumbrada na emergência da modernidade, que despontava com novos hábitos que deveriam

ser valorizados. Para Teves (2001):

É nesse sentido que caminhava seu idealismo e sua visão profética de uma escola de qualidade, legitimada pelo postulado que todos os homens são suficientemente educáveis para conduzir a vida em sociedade, de forma que cada um, e todos, dela partilhassem como iguais, a despeito das diferenças das respectivas histórias pessoais e das diferenças individuais (TEVES, 2000, p.01, grifo do autor).

Dessa forma, a preocupação com a efetivação de uma educação de qualidade e que

alcançasse a todos os cidadãos está delineada na aposta de que no contexto da industrialização

e da urbanização, a educação escolar vai fazendo-se necessária cada vez mais a um número

maior de pessoas dada a complexificação do campo econômico, político e cultural.

Teves (2000) coloca ainda que Anísio Teixeira, ao analisar a importância da educação

como centro de uma política de desenvolvimento social, criticou os sistemas anteriores de

ensino com seus métodos obsoletos, as falhas na organização das escolas e a formação

equivocada dos professores, enfim, passou por todos os pontos que se referem à educação.

Sobre os problemas enfrentados pela educação, destaca que:

O problema de educação não é hoje, pois, somente uma questão de progresso ou desenvolvimento, mas o da própria sobrevivência individual numa sociedade nova, superorganizada e impessoal, em que se faz extremamente difícil o senso de participação consciente. Ora, sem este senso de participação torna-se difícil, senão impossível, a sobrevivência da própria sociedade. Sempre necessitou a sociedade para se desenvolver e se conservar da educação formal, hoje precisa dela para existir. É neste sentido que a escola fez-se o seu problema central, e não apenas secundário, embora importante. O governo da sociedade agrária tem o dever de dar a cada um dos seus cidadãos a cultura necessária para poder existir e viver e, além disto, desenvolver as artes e as ciências em graus jamais imaginados, pois elas são as próprias raízes da sociedade. (TEIXEIRA, 1976, p. 324, grifo do autor)

De 1930 à 1945, o Brasil passa por uma fase intermediária, na qual se sobrepõe a

tentativa do Governo de acomodação dos vários interesses das várias classes sociais, devido a

implantação efetiva do capitalismo e o “Brasil industrial”, a partir de 1945, se torna

hegemônico em relação ao “Brasil agrário”. No período de 30 ao final dos anos 60, podemos

destacar a implantação da ideologia política do nacional-desenvolvimentismo e o crescimento

do parque industrial.

De acordo com Araújo (2001), a história do Brasil pós-1945 registra o processo de

aceleração da industrialização no país sob a égide da ideologia desenvolvimentista e a partir

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da segunda metade dos anos 50, consolida-se a do nacional-desenvolvimentismo, encampada

em maior ou menos escala, pelos governos de Getúlio Vargas (1951-1954) e Juscelino

Kubitschek (1956-1961) traduzido em política governamental.

Com a consolidação do capitalismo industrial no país e a falência do modelo agrário-

exportador, as economias periféricas transformaram-se em produtores de bens de consumo e

consumidora de bens de capital (maquinário e tecnologias). O desenvolvimento capitalista

dependente que ocorre no Brasil se dá no plano interno sob as bases materiais, sociais,

políticas, culturais e, no plano externo, sob o grande capital internacional.

Esse novo desenho econômico traz características que vão influenciar a educação, pois

uma vez que o caráter dependente da industrialização necessita de fatores tais como o

desenvolvimento tecnológico, a importação de capital e a formação de força de trabalho,

sendo que esses fatores irão influenciar os vários setores da sociedade.

E quais as mudanças sentidas na educação nesse período? Os educadores e pensadores

da época, sentindo essas mudanças, lançaram em 1959 o Manifesto dos Educadores mais uma

vez convocados - Manifesto ao povo e ao Governo8, onde as teses defendidas por esse grupo

colocam a educação como liberal e democrática; a educação para o trabalho e para o

desenvolvimento econômico; e a educação para o progresso das ciências e da técnica, onde

reside a base da civilização industrial.

Nesse documento os educadores apontam que o crescimento demográfico nos últimos

30 anos, o processo de industrialização e urbanização e as mudanças econômicas e sócio-

culturais que se produziram, são alguns fatores que determinaram a crise vivenciada pelo

setor educacional e ressaltam o desequilíbrio e desajustamento entre sistema de educação e as

modificações na estrutura demográfica e industrial do país.

Não foi, portanto, o sistema de ensino público que falhou, mas os que deviam prever-lhe a expansão, aumentar-lhe o número de escolas na medida da necessidades e segundo planos nacionais, prover às suas instalações, preparar-lhe cada vez mais o professorado e aparelhá-lo dos recursos indispensáveis ao desenvolvimento de suas múltiplas atividades. (MANIFESTO DOS EDUCADORES MAIS UMA VEZ CONVOCADOS apud GUIRALDELLI JR, 2001, p. 142)

Os educadores que assinam o Manifesto lutam por uma educação fundada em

princípios e sob a inspiração de idéias democráticas. A educação pública é posta no Manifesto

como uma conquista irreversível das sociedades modernas. Afirma que “[...] a escola pública

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concorre para desenvolver a consciência nacional: ela é uma dos mais poderosos fatores de

assimilação como também de desenvolvimento das instituições democráticas” (2001, p. 154).

Nessa perspectiva, entendem uma educação realizada pela família, escola e pela

sociedade, em todo o seu conjunto de instituições e reforçam características como a

universalidade, sendo organizada e ampliada a todos; a obrigatoriedade e a gratuidade em

todos os graus e capaz de assegurar o desenvolvimento das capacidades físicas, morais,

intelectuais e artísticas, fundadas no espírito da liberdade e respeito à pessoa humana,

permeado por um sentimento de amor à pátria e com o propósito de fortalecimento da

democracia e o desenvolvimento da consciência e da responsabilidade profissional e cívica.

Nesse documento é possível um delineamento mais claro das bases da discussão da

Tecnologia Educacional, ao destacar que “[...] o aparelho educacional terá também de

submeter-se a essas influências para ajustar-se às novas condições do Estado, preparando

jovens para os quadros complexos e diversificados das profissões e práticas em que se

expandiu o trabalho especializado” (2001, p. 156).

Enfim, os educadores que assinam o manifesto reconhecem a “[...] importância e a

eficácia do papel da educação, restaurada em bases novas na revisão de valores e de

mentalidade, na criação de novos estilos de vida, como na participação do próprio progresso

material” (2001, p. 155).

Nesse período a educação está direcionada para o trabalho e para o desenvolvimento

econômico, ao destacar a importância do trabalho e do trabalhador, o que se expressa no

Manifesto:

[...] A educação pública tem de ser, pois, reestruturada para contribuir também, como lhe compete para o progresso científico e técnico, para o trabalho produtivo e o desenvolvimento econômico. A reivindicação universal da melhoria das condições de vida, com todas as suas implicações econômicas, sociais e políticas, não pode permanecer indiferente à educação de todos os graus [...] é legítimo indagar em que sentido e medida a educação, em geral, e, em particular, a preparação científica e técnica pode ou deve concorrer a emancipação econômica do país. [...] A educação de todos os níveis deve, pois, como já se indicou em congressos nacionais, ‘tornar a mocidade consciente de que o trabalho é a fonte de todas as conquistas materiais, e culturais de toda a sociedade humana; incutir-lhe o respeito e a estima para com o trabalho e o trabalhador e ensiná-lo a utilizar de maneira ativa, para o bem-estar do povo, as realizações da ciência e da técnica”, que, entre nós, começaram apenas a ser socialmente consideradas como de importância capital. [...] temos que preparar a grande massa de jovens para as tarefas comuns da vida, tornadas técnicas difíceis, pelo tipo de civilização que se desenvolveu, em conseqüência de nosso progresso em conhecimento, e para os quadros vastos, complexos e diversificados (MANIFESTO DOS EDUCADORES MAIS UMA VEZ CONVOCADOS apud GUIRALDELLI, 2001, p. 155).

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Claro, também, é o destaque dado à Revolução Científica e Tecnológica e as suas

conseqüências no campo educacional:

A revolução industrial, de base científica e tecnológica, que se expande por toda a parte, em graus variáveis de intensidade; as reivindicações econômicas ou a ascensão progressiva das massas e a luta para melhorar as condições de vida [...] e finalmente a expansão do nacionalismo pelo mundo inteiro, são fatos sumamente importantes a que não nos arriscamos a fechar os olhos, e cujas repercussões, no plano educacional, se vão tornando cada vez mais largas e profundas (MANIFESTO DOS EDUCADORES MAIS UMA VEZ CONVOCADOS apud GUIRALDELLI, 2001, pp. 155-156).

Logo, é possível ver com clareza a importância dada à formação dos jovens diante

dessa realidade, “[...] daí, a necessidade de uma preparação científica e técnica que habilitará

as gerações novas a se servirem, com eficácia e em escala cada vez maiores, de todos os

instrumentos e recursos de que as armou a civilização atual” (2001, p. 157).

Podemos depreender que existia uma convicção de que as mudanças sofridas pela

sociedade eram irreversíveis, ao mesmo tempo que somente a educação poderia trazer a

harmonia entre o homem e a sociedade em transformação.

Considerações ainda em processo...

Num olhar sobre a obra e a trajetória de Anísio Teixeira, percebemos a

contemporaneidade e a permanente atualidade dos grandes temas com os quais se empenhou

na luta pela educação como um direito de todos e pela defesa da escola pública. Ele se destaca

pelo esforço histórico e teórico da reconstrução da escola pública brasileira sob os

fundamentos democráticos da educação como direito de cada indivíduo à educação integral e

o dever do Estado em reconhecer a educação como função social pública.

Retomando suas discussões, vimos que num primeiro momento, o programa de

reconstrução educacional agenciado por Anísio, orienta-se pelos pressupostos deweyanos num

sentido de expansão de uma educação pública, laica, gratuita, universal e de base científica e

técnica – como valor de uma democracia e de uma cidadania republicana.

Num segundo momento, por razões próximas à campanha do nacional-

desenvolvimentismo, suas idéias nortearam-se num esforço de se fazer expandir em todo país,

uma política de educação pública, descentralizada, municipalizada, diversificada e científica,

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estimulando também o desenvolvimento econômico e cultural da coletividade por motivos de

institucionalização de uma política científica e tecnológica no país.

Numa reflexão sobre a importância do pensamento de Anísio Teixeira, Araújo (2001)

enfatiza que

Não obstante, a matriz anisiana iluminou a história da educação brasileira em grande parte da trajetória do século XX, cujo suporte teórico e político constituiu-se, inegavelmente, numa proposição avançada por sua identificação com estratégias universalistas que favoreciam a justiça social na esfera da educação. E na sua radicalidade de pensamento e de intervenção pedagógica em defesa da universalidade da educação pública, de uma política de ciência e tecnologia e de constituição de uma comunidade científica brasileira, Anísio Teixeira a fazia como missão social e política e veemente paixão (p. 44)

Hoje, temos uma sociedade que vive um contexto político, social, cultural e

econômico que exige da escola o cumprimento de seu papel social no sentido de aquisição,

construção e reconstrução dos conhecimentos científicos e tecnológicos necessários à inserção

de todos, como cidadãos, nas práticas sociais e nas relações sociais do trabalho, as quais têm

atualmente na ciência e na tecnologia os seus principais fundamentos.

A informática e as telecomunicações vêm transformando a vida humana ao possibilitar

novas formas de pensar, trabalhar, viver e conviver no mundo atual. Uma vez que as políticas

educativas possibilitaram às escolas públicas (estatais, ou não) o acesso e a utilização dos

modernos recursos tecnológicos de comunicação e informação, tornou possível que a escola e

sua cultura se aproximassem dos avanços que a sociedade já vem desfrutando, usando o

computador para transformação, produção e transmissão de informações, bem como para

servir de suporte para o processo pedagógico e administrativo.

Tendo em vista o uso intensivo do computador no cotidiano das pessoas em nossa

sociedade, o poder público tomou várias iniciativas para a implementação de ações visando à

inserção dos recursos tecnológicos no processo educativo, como instrumentos que auxiliassem

o processo de ensinoaprendizagem, num sentido de buscar a formação de indivíduos capazes

de atuar numa sociedade que vive em processo contínuo de informatização.

Atualmente está em vigor o Programa Nacional de Informática na Educação –

PROINFO, que em suas diretrizes argumenta que

[...] o acesso à informação é imprescindível para o desenvolvimento de um estado democrático. Uma nova sociedade jamais será desenvolvida se os códigos instrumentais e as operações em redes se mantiverem nas mãos de uns poucos iniciados. É, portanto, vital para a sociedade brasileira que a maioria dos indivíduos saiba operar com as novas tecnologias da informação e valer-se destas para resolver

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problemas, tomar iniciativas e se comunicar. Uma boa forma de se conseguir isto, é usar o computador como prótese da inteligência e ferramenta de investigação, comunicação, construção, representação, verificação, análise, divulgação e produção de conhecimento. E o lócus ideal para deflagrar um processo dessa natureza é o sistema educacional (BRASIL/MEC, 1997)

É importante ressaltarmos que não buscamos na obra de Anísio Teixeira a discussão

do uso das tecnologias no processo educativo, uma vez que naquele momento histórico essa

discussão não estava posta, mas podemos verificar alguns dos elementos presentes na base do

pensamento deste autor e nas diretrizes que guiam o uso do computador na escola.

Entre esses elementos, destacamos a importância da formação dos indivíduos, num

sentido de aquisição de conhecimentos científicos e tecnológicos necessários à inserção de

todos em nossa sociedade atual. Também fica fortemente marcado o caráter democrático, uma

vez que “o papel da educação deve voltar-se também para a democratização do acesso ao

conhecimento, produção e interpretação das tecnologias, suas linguagens e conseqüências”

(SAMPAIO, 1999, p. 15).

Dessa forma, percebemos que a partir da discussão conceitual da tecnologia

educacional, operamos com princípios que dizem respeito ao processo educativo relacionado

à situação social mais ampla, numa visão de renovação da educação inserida no processo de

transformação social.

Notas

1 Conforme dados levantados pelo Censo Escolar do INEP, divulgados no site da Secretaria de Educação à Distância (SEED/MEC), no período de 1997 à 2006, foram instalados 3.793.000 computadores em 201.657 escolas da rede pública de ensino, sendo que 31.101 dessas escolas estão conectadas à Internet. 2 O Proinfo – Programa Nacional de Informática na Educação – é um programa criado por iniciativa do Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação a Distância (SEED), através da portaria nº 522, de 9 de abril de 1997, visando introduzir novas tecnologias de informação e comunicação nas escolas públicas como instrumento de apoio ao processo ensino-aprendizagem (BRASIL/MEC, 1997). Com base nos indicadores do PROINFO divulgados em outubro de 2006 no site da Secretaria de Educação à Distância (SEED/MEC), no período de 1997 à 2006, foram adquiridos 147.355 computadores, beneficiando 5.564 municípios e 14.521 escolas. Estima-se que 507.431 professores tiveram acesso a esses computadores para trabalhar com 13.366.829 alunos. 3 A junção dos termos significa uma tentativa de superação da dicotomia. 4 Bottomore (2001) explica que esse termo deve ser visto no contexto das relações sociais de um determinado sistema social. 5 Segundo Lemme (2005), a Escola Nova ou Escolanovismo era uma movimento de renovação escolar que baseava-se nos estudos da psicologia infantil e reivindicava uma maior liberdade para a criança respeitando às características da personalidade de cada uma nas cada fases do seu desenvolvimento. Dessa forma, o centro do processo educativo e da atividade escolar passava a ser a criança, com suas características próprias e seus interesses e não mais a vontade imposta do educador.

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6 John Dewey (1859-1953) foi um filósofo e pedagogo norte-americano, reconhecido como um dos fundadores da escola filosófica do Pragmatismo. Foi um dos pioneiros em psicologia funcional, e representante principal do movimento da educação progressiva norte-americana durante a primeira metade do século XX. A ideia básica do pensamento de John Dewey sobre a educação está centrada no desenvolvimento da capacidade de raciocínio e espírito crítico do aluno. 7 Assinam o Manifesto: Fernando de Azevedo, Afrânio Peixoto, A. de Sampaio Doria, Anísio Spinola Teixeira, M. Bergstrom Lourenço Filho, Roquette Pinto, J.G. Frota Pessoa, Júlio de Mesquita Filho, Raul Briquet, Mario Casasanta, C. Delgado de Carvalho, A. Ferreira de Almeida Jr., J.P. Fontanelle, Roldão Lopes de Barros, Noemy M. da Silveira, Hermes Lima, Attilio Vivacqua, Francisco Venâncio Filho, Paulo Maranhão, Cecília Meirelles, Edgar Sussekind de Mendonça, Armanda Álvaro Alberto, Nóbrega da Cunha, Paschoal Lemme e Raul Gomes. 8 Segundo Ghiraldelli Junior (2001), o Manifesto foi redigido pelo Prof. Fernando de Azevedo e foi publicado pela primeira vez no em 1 de julho de 1959, pelo Jornal O Estado de S. Paulo e pelo Diário do Congresso Nacional simultaneamente.

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