o pedacinho de chão de seu joão ambrósio

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O PEDACINHO DE CHÃO DE SEU JOÃO AMBRÓSIO Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 nº1930 Novembro/2014 Garanhuns Seu João Ambrósio, de 55 anos é agricultor e desde pequeno se interessa pela agricultura. Desde os 10 anos de idade trabalhando com o pai no roçado, Seu João é só alegria olhando para todas as suas conquistas. “Meu pai criava gado e arrendava mais terra pra gente trabalhar! A roça foi o único meio que me deu orgulho”, disse o agricultor. Mesmo tendo estudado até a primeira série ele conta que é muito bom de cálculo e que ninguém consegue enrolá-lo quando o assunto é medir as terras. “Estudei só até o primeiro ano, meu pai não dava oportunidade, era só trabalhar e quando a gente estudava uma semana, eram três para trabalhar. O que a gente aprendia, desaprendia. Mas sei a medida de uma tarefa, de um hectare”, falou. Na adolescência conheceu sua esposa que o ajuda a cuidar do sítio e com quem tem cinco filhos. E diz que seu pai lhe deixou dois ensinamentos: ser trabalhador e honesto. “Meu pai não tinha recurso, me deixou meia tarefa de terra que consegui multiplicar para dois hectares e me ensinou a ser trabalhador e honesto. Isso pra mim é uma honra”, conta sorridente. Como Presidente da Associação de Campo Comprido por 6 anos, construiu a sede da associação. “Eu consegui porque no primeiro ano de mandato como presidente a gente sempre participava da reunião do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e Sustentável e eu tive a sorte de no primeiro ano ser contemplado com o projeto de banheiro. Porque aqui em Campo Comprido ninguém tinha banheiro. Aí eu ainda consegui fazer 46 banheiros. E daí, como sobrou algum material, eu consegui juntar as sobras e fiz a sede”, disse. Além do Projeto de banheiro, o agricultor também foi contemplado com o Programa Brasil Sem Miséria. Conseguiu investir no sítio, comprando adubo, cavando um poço e construindo um chiqueiro de porco. Tudo para melhorar a condição de vida da sua família. A propriedade também foi por 2 anos objeto de estudo de uma turma da Universidade Federal Rural de Pernambuco. No período, Seu João, foi incentivado a não colocar veneno na sua plantação. “Me ensinaram a adubação verde e trabalhar de forma orgânica. Antes eu usava veneno e depois dos ensinamentos deles, não usei mais. Entendi que veneno prejudica muito. Tanto a terra quando a saúde da gente né?!”, João Ambrósio

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Seu João Ambrósio, de 55 anos é agricultor e desde pequeno se interessa pela agricultura. Desde os 10 anos de idade trabalhando com o pai no roçado, Seu João é só alegria olhando para todas as suas conquistas. "Meu pai criava gado e arrendava mais terra pra gente trabalhar! A roça foi o único meio que me deu orgulho", disse o agricultor.

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Page 1: O Pedacinho de chão de Seu João Ambrósio

O PEDACINHO DE CHÃO DE SEU JOÃO AMBRÓSIO

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 nº1930

Novembro/2014

Garanhuns

Seu João Ambrósio, de 55 anos é agricultor e desde pequeno se interessa pela agricultura. Desde os 10 anos de idade trabalhando com o pai no roçado, Seu João é só alegria olhando para todas as suas conquistas. “Meu pai criava gado e arrendava mais terra pra gente trabalhar! A roça foi o único meio que me deu orgulho”, disse o agricultor. Mesmo tendo estudado até a primeira série ele conta que é muito bom de cálculo e que ninguém consegue enrolá-lo quando o assunto é medir as terras. “Estudei só até o primeiro ano, meu pai não dava oportunidade, era só trabalhar e quando a gente estudava uma semana, eram três para trabalhar. O que a gente aprendia, desaprendia. Mas sei a medida de uma tarefa, de um hectare”, falou. Na adolescência conheceu sua esposa que o ajuda a cuidar do sítio e com quem tem cinco filhos. E diz que seu pai lhe deixou dois ensinamentos: ser trabalhador e honesto. “Meu pai não tinha recurso, me deixou meia tarefa de terra que consegui multiplicar para dois hectares e me ensinou a ser trabalhador e honesto. Isso pra mim é uma honra”, conta sorridente. Como Presidente da Associação de Campo Comprido por 6 anos, construiu a sede da associação. “Eu consegui porque no primeiro ano de mandato como presidente a gente sempre participava da reunião do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e Sustentável e eu tive a sorte de no primeiro ano ser contemplado com o projeto de banheiro. Porque aqui em Campo Comprido ninguém tinha banheiro. Aí eu ainda consegui fazer 46 banheiros. E daí, como sobrou algum material, eu consegui juntar as sobras e fiz a sede”, disse. Além do Projeto de banheiro, o agricultor também foi contemplado com o Programa Brasil Sem Miséria. Conseguiu investir no sítio, comprando adubo, cavando um poço e construindo um chiqueiro de porco. Tudo para melhorar a condição de vida da sua família. A propriedade também foi por 2 anos objeto de estudo de uma turma da Universidade Federal Rural de Pernambuco. No período, Seu João, foi incentivado a não colocar veneno na sua plantação. “Me ensinaram a adubação verde e trabalhar de forma orgânica. Antes eu usava veneno e depois dos ensinamentos deles, não usei mais. Entendi que veneno prejudica muito. Tanto a terra quando a saúde da gente né?!”,

João Ambrósio

Page 2: O Pedacinho de chão de Seu João Ambrósio

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco

Com 2 hectares de terra é possível encontrar em seu quintal de tudo um pouco: banana, macaxeira, café, cana de açúcar, milho, fava, feijão de corda, laranja, mamão e batata. Além de verduras e hortaliças e uma criação de galinhas e perus. A água da cisterna é usada para consumo da família e para a plantação. “Sempre fui um agricultor muito organizado. A cisterna pra mim foi um complemento. Porque eu sempre tive água, nunca faltou água pra mim não. Mesmo nesses dois anos que vivemos de seca, as águas baixaram muito, a gente ficou sem condições de regar a plantação, mas de faltar água pra beber faz mais de 30 anos que isso aconteceu. Graças a Deus!”. Seu João Ambrósio pretende ainda trabalhar muitos e muitos anos nas suas terras e incentivar os filhos a trabalhar também. Atualmente, ele mora com a esposa e um neto. Os cinco filhos moram na cidade. “Eu gosto da natureza! Adoro trabalhar na terra, trabalho de domingo a domingo. Ninguém nunca me encontra dentro de casa só dentro da roça. Tem hora que dou mais de 20 voltas no café, arrodeando porque acho bonito”, finalizou.

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