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1 MAGNUM INFORMA MAGNUM AGOSTO 2015 . EDIÇÃO 42 . COLÉGIO MAGNUM CIDADE NOVA ENSINO E FORMAÇÃO: O conhecimento liberta! Informa

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1MagnuM Informa

MAGNUM

AGOSTO 2015 . EDIÇÃO 42 . COLÉGIO MAGNUM CIDADE NOVA

ENSINO E FORMAÇÃO:O conhecimento liberta!

Informa

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2 MagnuM Informa

Colégio Magnum CIDADE NOVARua São Gonçalo, 1.364 - Nova FlorestaCEP 31140-360 - Belo Horizonte - MG

DIrETOr

Eldo Pena Couto

GESTOrA EDUCACIONAL DA

EDUCAÇÃO INfANTIL AO 5º ANO DO

ENSINO fUNDAMENTAL

Joísa de Abreu

GESTOr EDUCACIONAL DO 6º ANO DO

ENSINO fUNDAMENTAL à 3ª SÉrIE DO

ENSINO MÉDIO

Wyller Mello

rEDAÇÃO

Pessoa Comunicação e Relacionamento

Conrep 3ª Região nº PJ061

Tel.: (31) 3485-7875

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Iaçanã Woyames

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Eliane Sudário

ASSESSOrA DE MArkETING

E COMUNICAÇÃO

Márcia Barroso

DEpArTAMENTO DE MArkETING

Mariana Macedo

Marianne Souza

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Jairo Delano

(exceto arquivo pessoal)

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4.000 exemplares

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A ArTE COMO fErrAMENTA TrANSfOrMADOrA

DA BAIXA AUTOESTIMA AO BULLYING

O fUTUrO DA NATUrEZA É VOCÊ QUEM DECIDE

A CONSTrUÇÃO DA IDENTIDADE DO ADOLESCENTE

A VALOrIZAÇÃO DO BrINCAr NA EDUCAÇÃO DAS CrIANÇAS

O DESpErTAr DO INGLÊS COMO SEGUNDA LíNGUA NA INfâNCIA

DEVEr DE CASA AprENDIZADO

A TECNOLOGIA A SErVIÇO DA EDUCAÇÃO

ESCOLA EMprEENDEDOrA, ALUNO EMprEENDEDOr

ÉTICA DIGITAL

UMA ESCOLA COMprOMETIDA COM A fOrMAÇÃO

EDUCAÇÃO pArA A VIDA

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A nova escolaAté recentemente, a educação

de crianças e jovens se realizava em dois espaços distintos. A família era responsável pela formação de hábitos e valores. A escola cuidava do desenvolvimento intelectual, focado, principalmente, no repasse de conhecimento.

Com a rápida transformação da sociedade nas últimas décadas, o tempo disponível para o contato dos pais com seus filhos diminuiu sensivelmente. A incorporação da mulher ao mercado de trabalho retirou-a do espaço doméstico, do qual era a principal organizadora.

Com isso, as famíl ias passaram a ter, cada vez mais, a expectativa de que a escola também se responsabilizasse pela formação integral dos alunos, em vez de se contentar apenas com sua educação acadêmica.

Assim, surgiu a necessidade de que os profissionais do ensino, principalmente os professores, assumissem o papel de educadores em um sentido mais amplo. Isso implicou que somassem ao trabalho de ensinar a função de motivar os alunos a formar hábitos e a desenvolver princípios e valores para reger sua conduta.

E m b o r a a i n d a h a j a instituições educacionais que se responsabilizam apenas pelo sucesso do ensino acadêmico, a escola deste novo mundo precisa agora ser também uma nova escola. Isso significa que seus profissionais devem dedicar seu tempo tanto a ensinar conteúdos, como a trabalhar para que seus alunos se desenvolvam como pessoas atuantes e positivamente transformadoras da sociedade.

Nesse cenário é que surgiram os termos competências e habilidades socioemocionais, agora tão destacados nos planejamentos das boas escolas. Competência consiste no somatório de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores. Para que uma pessoa demonstre ser competente, precisa conhecer e fazer algo, evidenciando reger-se por princípios e valores que atuem como seus motivadores.

Nessa perspectiva, a instituição de ensino deve identificar quais são as principais competências e habilidades de que seus alunos necessitam para promover suas relações interpessoais e seu autoconhecimento no presente e no futuro imediato, quando deixarem a escola. Cabe à empresa escolar sistematizar o trabalho com essas competências e estruturar um feedback para que as crianças, os jovens e suas famílias saibam o

nível de desenvolvimento em que os educandos se situam, a fim de suprir carências ou compartilhar excedentes.

Dessa maneira, a escola deve ultrapassar o nível de orientadora de valores e princípios éticos e morais, o que já consistia em um avanço em relação ao seu papel tradicional, e assumir a função de formadora de habilidades e competências. Isso representa uma mudança significativa na educação, pois o ensino acadêmico passa a equilibrar-se com as habilidades socioemocionais: para evidenciar competência, já não basta ao aluno simplesmente demonstrar conhecimento.

Assim, ao procurar uma escola para os filhos, os pais devem, necessariamente, atrelar sua escolha a um planejamento e a um trabalho que contemple essas duas vertentes. O ENEM mesmo revela, nas suas provas, uma clara intenção de avaliar habilidades, o que é um sinal de que até a educação oficial, tão desacreditada, está se preocupando com a formação do cidadão consciente e atuante. Na nova escola, não há mais lugar para escolhas maniqueístas, privilegiando o saber ou a formação, mas para a síntese que inclua ambos, a fim de que a balança se equilibre e as crianças e jovens possam desenvolver-se como pessoas cada vez mais conscientes e completas.

Eldo Pena CoutoDiretor do Colégio

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A educação é uma das ações que definem nossa humanidade: o ser humano compreende,

reelabora, reflete, cria e recria, critica, aprende e ensina. A admiração diante de um pôr do sol, a necessidade de deixar uma marca que dure além do efêmero tempo de nossa existência, o espanto diante do inusitado, a apreciação da beleza, a reflexão sobre o que é diferente e nos provoca ou o poder ilimitado de encantar. Essas características por si só já seriam válidas para justificar a importância da arte como ferramenta transformadora, pois favorece o desenvolvimento

integral da pessoa, um dos principais objetivos da educação.

A arte é cultura. É fruto de ideias que expressam sua visão de mundo. O contato com a arte amplia a visão, enriquece o repertório estético, favorece a criação de vínculos com realidades diversas. O conhecimento dessas representações não é evidente aos alunos, nem se constrói espontaneamente através da livre expressão, mas precisa ser ensinado. O contato com a arte amplia as possibilidades de registro e colabora para um melhor entendimento dos conteúdos relacionados a outras

áreas do conhecimento.

No Magnum, as aulas de Arte não são voltadas apenas à aprendizagem de técnicas. Elas têm conteúdos significativos, que valorizam a experiência das crianças e são pautadas em conceitos que dialogam com suas vidas e com o mundo que as cerca; a valorização do seu desenvolvimento, tendo em vista a crescente conquista de sua autonomia; a atitude investigativa e a relação entre arte, pesquisa, diálogos com o contemporâneo e de outras épocas e com as culturas regionais e/ou locais; a produção de conhecimento

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dos alunos e possíveis mudanças em sua maneira de se relacionar com os outros e com a própria arte. O papel do professor é também o de refletir sobre a experiência desenvolvida com seus alunos, seus resultados, mostrando o sentido e a essência do trabalho realizado.

As crianças, ao visitarem uma exposição, além de conhecer a produção e explorar o ambiente, desenvolvem também a socialização. A riqueza não é somente de elementos visuais, mas também de oportunidade de compartilhar com pessoas diferentes da escola e da família e que trazem

um outro repertório de conhecimento. Os professores são importantes mediadores entre os alunos, a arte e tudo que implica uma saída para explorar esse novo ambiente.

As crianças não podem ser reduzidas ao resultado de suas provas. Experiências de ver e fazer arte equilibram, ampliam, transformam, enriquecem e nos transportam para um universo mágico, onde é possível ir além daquilo que a razão desconhece. Desta forma, ao entrar em contato com as artes por meio da Educação, o aluno tem a oportunidade de expressar sentimentos, interpretar as

reações sociais, refletir e se posicionar diante da realidade, desenvolvendo sua capacidade cognitiva e socioemocional.

A ArTE COMO fErrAMENTA TrANSfOrMADOrA

VEra PErEiraProfessora de arte

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A VALORIZAÇÃO DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS

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A VALORIZAÇÃO DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS

O brincar é de suma importância para o

resgate do repertório lúdico popular, que vem sendo

constantemente substituído por

outras atividades massificadas pela

mídia eletrônica e a crescente urbanização.

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As brincadeiras infantis estimulam a criatividade, a l imentam o esp í r i to

imaginativo, exploratório e inventivo do faz de conta, levam à descoberta das regras e à colaboração da aquisição da linguagem. O brincar é instrumento importante para o desenvolvimento da criança, e também para a construção do conhecimento infantil.

O brincar é de suma importância para o resgate do repertório lúdico popular, que vem sendo constantemente substituído por outras atividades massificadas pela mídia eletrônica e a crescente urbanização. Este processo traz deformações no fenômeno lúdico de caráter popular, que tem em sua proposta primeira a liberdade de expressão e autenticidade cultural do sujeito. A evolução cultural é um processo inevitável e necessário para renovação, para construção do novo, mas não podemos nos esquecer do passado, pois dele retiramos subsídios para apreender o futuro. Mas por que o brincar é tão importante?

Segundo Bomtempo (1987, p.13), [...] a atividade do brincar geralmente é vista como uma situação livre de conflitos e tensões, havendo sempre um elemento de prazer. Para explorar, descobrir e apreender a realidade, a criança utiliza as brincadeiras. Brincar é para a criança fonte de autodescoberta, prazer e crescimento. Assim, ela experimenta a ligação entre o que possui dentro de si (sentimentos, ideias, fantasias e desejos) e o que é fora dela, a realidade do dia a dia.

É nesse momento que as relações sociais de cordialidade entre os pares vão se estabelecendo. Muitas amizades autênticas e duradouras nasceram na infância e se fortaleceram, porque nessa fase é que algumas habilidades socioemocionais serão aprendidas como a tolerância, a gentileza, o senso de justiça, a colaboração, entre outras. Segundo Cunha (1994), é brincando que a criança se desenvolve, exercitando suas potencialidades, aprendendo com toda riqueza do aprender fazendo, espontaneamente, sem pressão ou medo de errar,

mas com prazer pela aquisição do conhecimento; desenvolve a sociabilidade, faz amigos e aprende a conviver, respeitando o direito dos outros e as normas estabelecidas pelo grupo; prepara-se para o futuro, experimentando o mundo ao seu redor dentro dos limites que a sua condição atual permite; aprende a participar das atividades, gratuitamente, pelo prazer de brincar, sem visar recompensa ou temer castigo, mas adquirindo o hábito de estar ocupada, fazendo alguma coisa inteligente e criativa.

Alguns pesquisadores e estudiosos afirmam que o brincar tem inteira relação com a criatividade, sendo uma forma de comportamento que contribui para o desenvolvimento intelectual e humano e também tem um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo da criança. Ao substituir um objeto por outro, a criança opera e dá um passo importante em direção ao pensamento conceitual, baseado nos significados e não nos objetos. Quando a criança assume um papel na brincadeira, ela opera com o significado de sua ação e submete seu comportamento a determinadas regras. Isso conduz ao desenvolvimento da vontade, da capacidade de fazer escolhas conscientes, que estão intrinsecamente relacionadas à capacidade de atuar de acordo com o significado de ações.

Dentro do contexto do brincar, habitam a alegria, a tristeza, a calma, a tensão e todos os sentimentos que envolvem cada um de nós. Estes sentimentos vividos pelas crianças fazem com que elas reorganizem suas experiências, aprendam a solucionar problemas e criem espaço para a reconstrução do conhecimento.

Desta forma, o brincar contribui para a aprendizagem da linguagem, pois ela funciona como instrumento de pensamento e ação. E, para ser capaz de falar sobre o mundo, a criança precisa saber brincar com o mundo, com a mesma desenvoltura que caracteriza a ação lúdica. Assim, ela se tornará um adulto equilibrado física e emocionalmente, suportará muito

melhor a pressão da responsabilidade adulta e terá criatividade para solucionar os problemas que surgirem.

rEfErÊNCIAS:

BASSADAS, Eulália; HUGUET, Teresa; SOLÉ, Isabel; tradução de Cristina Maria de Oliveira. Aprender e ensinar na educação infantil. Porto Alegre: Artmed. 1999.

BOMTEMPO, Edda; HUSSEIN, Carmem Lúcia; ZAMBERLAN, M. A. T. Psicologia do brinquedo. Aspectos teóricos e metodológicos. São Paulo: Nova Estrela. 1986.

CUNHA, Nylse Helena Silva. Brinquedo, desafio e descoberta: subsídios para utilização e confecção de brinquedos. Rio de Janeiro: FAE. 1994.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo e a educação. São Paulo: Corte. 1997.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira. 2002.

Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF. 1998.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VIGOTSKY, Lev Semenovich; LURIA, Alexander Romanovich; LEONTIEV, Alexis N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Tradução de Maria da Penha Villalobos. 2. ed. São Paulo: Ícone, 1988. p. 103-117.

8 MagnuM INfORmA

CláuDia liMaProfessora da Educação infantil

rosália loPEsCoordenadora Pedagógica

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O fUTURO DA NATUREZA É VOCÊ QUEm DECIDE

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O futuro da natureza e de nossa própria sobrevivência depende de quais alternativas

escolhemos hoje. Responda: Que escolhas você faz?

Não fazemos nada, e a água desaparece de nossas casas

Segundo relatório da ONU, a sede atinge hoje no mundo 748 milhões de pessoas (“Década da Água para a Vida – 2005 a 2015”). Os grandes desafios são melhorar e uniformizar a oferta, diminuir a poluição de rios e mananciais e melhorar o planejamento para as fases de seca. Além disso, 2,5 bilhões de pessoas não têm acesso a esgoto, e 1400 crianças ainda morrem por dia de doenças relacionadas à falta de água e saneamento. E o pior é que, segundo o IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – a cada 1 ºC de aumento na temperatura da Terra, haverá 20% de redução na oferta de água disponível. O consumo exagerado está entre as principais causas do problema. A fabricação de uma única calça jeans, por exemplo, polui entre 3 mil e dez mil litros de água, dependendo da peça.

Economizamos água

A partir de investimentos na preservação de mananciais e racionalização de consumo, o relatório da ONU mostra que 2,3 bilhões de pessoas conseguiram acesso à água nos últimos 25 anos. Graças ao combate ao desperdício e o racionamento na captação e no reuso da água, países como Israel, Japão e Inglaterra são capazes de manter o fornecimento à população durante longos períodos de estiagem. No Brasil, os bons exemplos começam a surgir. Segundo a FIESP, 65% das grandes e médias empresas paulistas passaram a utilizar o reuso de água em seu setor industrial para diminuir

o consumo. A Ford, por exemplo, diminuiu em até 60% seu consumo, e só a diminuição do uso de lubrificantes de sua unidade na Bahia gerou uma economia de 1,2 milhão de litros de água/ano. A AMBEV promoveu uma competição entre suas fábricas para premiar os três melhores projetos de economia de água e gerou, assim, uma economia de 984 milhões de litros em 2014. A Natura inaugurou um novo parque no Pará, no ano passado, em que os efluentes industriais, ao invés de serem tratados com produtos poluentes, são filtrados por raízes das plantas de jardins filtrantes.

Não fazemos nada, e a temperatura média aumenta 2 ºC, ameaçando todo o planeta

2014 é o ano mais quente já registrado, segundo a NASA e a Noaa (Agência Governamental Americana dedicada aos oceanos e à atmosfera). Além disso, desde 1976 a temperatura global está acima da média histórica do século XX. A culpa é das emissões de gases estufa, principalmente gás carbônico e metano, responsáveis pelo aquecimento da atmosfera e dos oceanos. Os cientistas consideram que, se a Terra aquecer mais de 2 ºC, o número de secas, furacões e enchentes aumentará de maneira mais rápida que nossa capacidade de adaptação, e não falta muito para isso ocorrer, já que o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis só vêm aumentando nos últimos anos.

Segundo a comunidade científica participante do IPCC, faltam 565 bilhões de toneladas (Gt) para que esse aquecimento de 2 ºC seja alcançado. Como apenas em 2014 chegaram à atmosfera 32,3 Gt de CO2, nossa margem de manobra é de menos de 18 anos, isso se as emissões não aumentarem. O problema é que temos reservas estimadas de combustíveis fósseis da ordem de 2.795 Gt de

O futuro da natureza e de nossa própria sobrevivência depende de quais alternativas nós escolhemos hoje.

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carbono. Ou seja, quatro quintos das reservas mundiais de combustível não podem ser queimadas, caso não queiramos atingir o aquecimento de 2 ºC. Será que a poderosa indústria do petróleo, carvão e gás natural vai deixar de utilizar essa reserva?

Por sua vez, o gás metano, CH4, produzido pela ação humana, influencia em até 20% o potencial de mudança climática. Um terço dessa produção deriva dos rebanhos, já que cada bovino emite, ao eructar (arrotar), até 150 gramas diárias de metano. Como o rebanho mundial está na casa dos bilhões (200 milhões só no Brasil), o problema é considerável.

Queimamos menos combustível fóssil

O mundo começa a cobrar pelo uso dos recursos ecossistêmicos de que depende e que sistematicamente destrói. Esse movimento internacional já chega ao Brasil, onde as empresas começam a pagar taxas de utilização de água e energia mais caras, e a ter que investir na reciclagem dos resíduos produzidos pelos seus produtos. Como o preço da degradação ambiental acabará por ser incorporado ao preço dos produtos, os consumidores irão procurar por aqueles que degradam menos, nem que seja apenas para aliviar seus bolsos. Os resultados começam a aparecer: em 2013, por exemplo, cada dólar da economia global gerou 16% a menos de gases de efeito estufa que o mesmo valor produzido em 2009 (State of Green Business, 2015). À medida que a ocupação da atmosfera por gases de efeito estufa deixar de ser gratuita, isso tornará ainda mais complicada a vida dos grandes produtores de combustíveis fósseis, e o mesmo raciocínio se aplica à utilização de água e destruição da biodiversidade.

No Brasil, já entramos na era da energia renovável. Em 2015, a

capacidade instalada de produção de energia eólica no País vai aumentar 60%. Só no mês de janeiro, quatro usinas já iniciaram testes de funcionamento, três na Bahia e uma no Mato Grosso do Sul. Até 2019 essa capacidade deve triplicar. A energia eólica não gera gases estufa, não exige derrubada de florestas e nem afeta significativamente a flora e a fauna ao seu redor.

E assim como o vento, uma outra fonte ecologicamente correta de energia é abundante no Brasil: o Sol. Com a diminuição do nível de água nos reservatórios e aumento das tarifas elétricas, a energia solar é agora competitiva em 23 Estados e no Distrito Federal. E com a nova política de preços de combustíveis, a participação do etanol hidratado no consumo de combustíveis automotivos superou os 40% no início de 2015. Isso significa que estamos substituindo o uso de energia fóssil por renovável, e contribuindo para diminuir o aquecimento global, já que o CO2 emitido na queima do álcool é recapturado no crescimento da próxima safra de cana-de-açúcar.

Os produtores de álcool agora têm também um novo incentivo: a procura do bagaço da cana para geração de energia – e até de plásticos biodegradáveis, já utilizados por importantes empresas – tornou mais rentável sua atividade. O bagaço pode substituir o petróleo nas termelétricas e será usado na produção de biodiesel, que deve chegar aos tanques de combustíveis ainda este ano, e de etanol de 2ª geração (Etanol 2G) produzido por enzimas especiais, cujo custo é cada vez menor.

Quanto ao metano, rebanhos menos “comilões” já estão sendo criados em diversos países, contribuindo para uma cadeia produtiva menos poluente. O Brasil tem feito bonito: é o país que mais reduziu suas emissões na pecuária nos últimos 20 anos.

Não fazemos nada, e a vida nos grandes centros fica impossível

Diariamente, 1.200 carros entram em circulação só na cidade de São Paulo. No País, são 12 mil carros por dia. Apesar de a crise econômica de 2015 ter diminuído esse número, ele continua muito maior do que as cidades podem suportar, e estima-se que até 2050, mantido esse ritmo de crescimento, a frota de veículos vai quadruplicar. Somado aos congestionamentos, cada vez mais frequentes, esse aumento no número de veículos liberará maior número de poluentes na atmosfera. Os veículos são, hoje, os maiores emissores de gases poluentes no ambiente das grandes cidades. Segundo a OMS, 7 milhões de pessoas morrem por ano devido a problemas respiratórios relacionados à poluição do ar.

Deixamos o automóvel em casa

Apesar do expressivo crescimento da taxa de veículos leves, a tendência é que sua participação na matriz de transporte de passageiros venha a cair a cada ano. Ou seja, as pessoas terão automóvel, mas irão utilizá-lo apenas para uso eventual ou lazer, à medida que forem sendo implementadas alternativas baratas e confortáveis de transporte coletivo. Além disso, o uso de veículos menos poluentes só tem aumentado. O problema é complexo, e pede soluções criativas.

Já utilizado em várias partes do mundo, os automóveis elétricos compartilhados (car sharing) chegam ao Brasil. Assim como já é feito com bicicletas, o motorista em Recife já pode pegar o carro em vagas ou garagens espalhadas pela cidade e devolvê-lo em um período determinado. Além de diminuir o número de automóveis em circulação, o sistema – que já entra em funcionamento no Rio e em São

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Paulo até 2016 – já permite aumentar o percentual de carros elétricos no total de veículos, mesmo eles sendo ainda mais caros, o que diminuirá acentuadamente os níveis de poluição do ar.

Não fazemos nada, e o lixo toma conta do planeta

O Programa da Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) prevê que a quantidade de resíduos urbanos (lixo) produzido no mundo deve passar de 1,3 bilhão de toneladas para 2,2 bilhões de toneladas até 2025. No Brasil, o relatório da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) mostra que o Brasil teve, de 2012 para 2013, o maior crescimento na geração de resíduos por dia da última década. O aumento anual tem sido de quase 5%, em decorrência do aumento do consumo. Para piorar, quase metade do que os brasileiros jogam fora (41,7%) ainda vai para lixões, aumentando os riscos à saúde da população e a poluição da terra, do ar, e dos rios e mananciais.

Reciclamos nossos resíduos

Em Berlim, após passar pelos caixas, os clientes podem tirar as embalagens dos produtos e deixá-las no supermercado, para que ele mesmo se encarregue de reciclá-las. Assim, os próprios supermercados passam a fazer pressão por produtos com embalagens menores ou sem elas. No mundo inteiro, estamos vendo a volta da venda a granel, e em vários países as pessoas já levam potes para encher de mantimentos em suas compras. Na Alemanha e na Bélgica, quase 40% de todo o lixo já é reciclado. No Brasil, inúmeras cidades já limitam o uso de sacolinhas plásticas em supermercados, e a prefeitura de São Paulo já começa a multar quem não descarta de maneira adequada seu lixo reciclável.

Não fazemos nada, e vamos ficar cada vez mais sozinhos no mundo

O Mapa da Biodiversidade, publicado recentemente pela revista Science, mostra que a taxa de extinção de espécies, hoje, é mil vezes maior que a taxa natural. Em 1995, era cem vezes. A principal causa

Deixamos o automóvel em casa: apesar do expressivo crescimento da taxa de veículos leves, a tendência é que sua participação na matriz de transporte de passageiros venha a cair a cada ano.

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é a perda de habitat nativo das espécies, devido ao desflorestamento para construir cidades ou áreas cultiváveis. Só no Brasil, são quase 760 mil hectares de Floresta Amazônica destruídos, segundo o Inpe, o que equivale a três vezes a área do Reino Unido.

Preservamos os ecossistemas

É possível reverter a extinção de espécies com medidas de conservação da biodiversidade. A vontade política da população e dos governantes pode fazer diferença. Após ser cobrado internacionalmente pelos altos índices de devastação florestal, o Brasil chegou a reduzir em até 74% o desmatamento na Amazônia entre 2003 e 2009. Existem hoje, no País, 310 Unidades de Conservação Federais e só em 2014 foram acrescentados 257 mil hectares em áreas protegidas, entre elas a da Serra do Gandarela, em MG, com 31 mil hectares. A criatividade e a engenhosidade humanas também estão sendo mobilizadas: navios antigos, vagões de trem e aviões fora de uso estão sendo atirados ao mar, em todo o mundo, para a criação de recifes de corais artificiais.

No Paraná, já estão sendo vistas espécies de peixes, como neros e garoupas, que andavam sumidas há tempos, frequentando corais artificiais criados a partir de blocos de concreto submergidos pela associação MarBrasil.

Que alternativas você mais marcou?

O futuro da natureza e de nossa própria sobrevivência depende de quais alternativas nós escolhemos hoje. Que alternativas você mais marcou?

aDjalMa roDriguEsProfessor de Química

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DA BAIXA AUTOESTIMA AO BULLYING

A Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva, médica psiquiátrica e autora de diversos best-sellers define em seu livro “Bullying: mentes perigosas na escola”, o bullying como sendo um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um agressor contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender. Geralmente, as vítimas de bullying apresentam pouca habilidade de socialização, são tímidas e não conseguem reagir aos comportamentos provocadores e agressivos dirigidos contra elas. Podem ser mais “frágeis” fisicamente ou apresentar uma “marca” que as destaca da maioria dos alunos, sendo esta física ou comportamental, ou ainda, apresentam diferenças de raça, credo ou orientação sexual. Os motivos da agressão, sempre injustificáveis, são os mais banais possíveis. Normalmente essas crianças ou adolescentes reagem com extrema passividade e submissão a situações de violência psicológica e/ou física. Todos eles possuem

uma característica comum: a baixa autoestima.

Segundo Lopes (2005), citado por Bandeira e Hutz (2010), algumas crianças tanto são vítimas quanto agressores e sendo assim denominadas de vítima/agressor. Estas crianças, provavelmente, apresentam uma combinação de baixa autoestima, atitudes agressivas e provocativas e prováveis alterações psicológicas, merecendo atenção especial. Podem ser depressivas, ansiosas, inseguras e inoportunas, procurando humilhar os colegas para encobrir suas limitações. As vítimas/agressores têm uma maior probabilidade de apresentar sérios problemas de comportamento externalizado e são, em grande frequência, maltratadas por seus colegas.

AutoestimaDorothy Briggs, em seu livro “A

autoestima de seu filho” (Martins Fontes, 2002), escreve sobre aquele que é o maior desejo dos pais: que seus filhos possuam confiança interior,

um objetivo e senso de participação, relações significativas e construtivas com os outros, êxito na escola e no trabalho. E, acima de tudo, felicidade. Contudo, as inseguranças que recaem sobre os pais está em “como” ajudar os filhos a alcançar tais objetivos. Hoje sabe-se que a criança que tem uma autoestima elevada terá grandes chances de ter sucesso na vida. Mas, o que é autoestima?

É a maneira pela qual uma pessoa se sente em relação a si mesma. É o juízo geral que faz de si mesma – quanto gosta de sua própria pessoa. Para Dorothy Briggs, a autoestima é ainda a mola que impulsiona a criança para o êxito ou fracasso como ser humano. Ela reforça ainda que o autorrespeito sólido baseia-se em duas convicções principais: “Eu posso ser amado” (“Eu sou importante e tenho valor porque existo”) e “Eu tenho valor” (“Posso dirigir a mim mesmo, e a meu ambiente, com competência. Sei que tenho alguma coisa a oferecer aos outros.”).

Hoje sabe-se que a criança que tem uma autoestima elevada terá grandes chances de ter sucesso na vida. Mas, o que é autoestima?

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joísa abrEugestora Pedagógica

Relação entre bullying e autoestima em crianças e adolescentes de ambos os sexos

Estudos sobre bullying e autoestima apontam para uma relação entre baixa autoestima e bullying em meninas, mas não encontraram a mesma relação entre os meninos. A interação verificada entre sexo e papéis de bullying em relação à autoestima indica que, no grupo vítimas/ agressores, o sexo masculino apresentou média superior de autoestima em relação ao sexo feminino. Entre as meninas, baixos níveis de autoestima estão relacionados com o papel de vítima/agressor, o que não ocorre entre os meninos. Uma explicação para estes achados pode estar na diferença quanto aos fatores que influenciam a autoestima de meninos e meninas. Conforme a literatura (Heatherton&Wyland, 2003), a autoestima das meninas é fortemente influenciada pelos relacionamentos, enquanto a autoestima dos meninos é influenciada pelo sucesso de seus objetivos.

A dimensão social, que inclui o cuidado e a integração interpessoal, parece ser um fator que apresenta grande influência na autoestima das meninas. Para elas, o retorno de pessoas significativas representa um fator de grande importância. As meninas priorizam as emoções e os eventos sociais, passam grande parte do seu tempo trocando informações, segredos e criando intimidade. Durante o período da adolescência, as meninas ficam mais suscetíveis à opinião e aceitação dos pares. As meninas valorizam as amizades mais que os meninos, os quais buscam maior desempenho em atividades como esporte e outros desafios pessoais. Para os meninos, o desempenho pessoal, como, por exemplo, a competição ou o pensamento individual, exerce grande influência na sua autoestima.

Papel da escola

Inicialmente é obrigação legal das escolas realizarem campanhas

antibullying junto aos alunos, esclarecendo os aspectos legais e éticos que envolvem essa prática, além de conscientizá-los para suas causas e consequências. Entretanto, é preciso fazer mais. Não adianta criar leis se, no dia a dia da escola, não se ensina alteridade, empatia, compaixão. Não se trata do ensino de conceitos, mas do ensino através do exemplo. De nada adianta definir bullying, caracterizar seus atores, se, por exemplo, professores assistem impassíveis a estudantes humilharem uns aos outros por apelidos aparentemente “inofensivos”. É preciso transformar a escola em um ambiente, do ponto de vista socioemocional, seguro para os alunos. Ensinar respeito e tolerância, desenvolver a habilidade de resiliência diante de situações adversas, estimular ações solidárias e cultivar a gentileza e a generosidade são atitudes que devem ser corriqueiras na escola. Cabe aos educadores serem, eles próprios, agentes de transformação que se dá por meio do exemplo.

Papel da família

A autora de “A autoestima do seu filho” propõe aos pais, como responsáveis pela construção da autoestima no filho, que compreendam que o que seu filho sente em relação a si mesmo afeta seu modo de viver. Uma autoestima elevada baseia-se na convicção que seu filho tem de ser amado e valorizado. Seu filho precisa saber que ele é importante justamente porque ele existe. Ele precisa sentir-se competente para lidar consigo mesmo e com o ambiente que o cerca. Precisa sentir que tem alguma coisa para oferecer aos outros. Uma autoestima elevada não é pretensão; é a tranquila aceitação de seu filho em ser quem é. Toda criança tem o potencial de gostar de si mesma. Seu filho aprende a ver a si mesmo tal qual as pessoas importantes que o cercam o veem. Ele constrói a sua autoimagem a partir das palavras, da linguagem corporal, das atitudes e dos julgamentos dos outros. Ele julga a si mesmo de acordo com as observações que faz de si, em comparação com os outros, e das reações dos outros para

com ele. Uma autoestima elevada resulta de experiências positivas com a vida e com o amor. Os pais veem seus filhos através de filtros da inexperiência, de padrões emprestados, de tarefas não concluídas, de necessidades não satisfeitas e de valores culturais. Os filtros transformam-se nas expectativas pelas quais você mede seu filho; e influenciam a sua maneira de tratá-lo. Se as suas expectativas não se ajustam ao seu filho durante a fase de crescimento, você provavelmente se decepcionará com ele. Se seu filho sentir que quase sempre não corresponde aos padrões que você aprova, perderá o respeito por si mesmo.

As expectativas que você tem em relação ao seu filho provavelmente serão mais justas se forem baseadas no real desenvolvimento dele, na observação atenta e na sensibilidade quanto às pressões sofridas no passado e no presente. Verifique constantemente as suas expectativas; elas podem escapar facilmente ao seu controle. Quanto mais realizado você for como pessoa, menores pressões pouco realistas fará sobre seu filho. O que você faz consigo mesmo fará também com seu filho. Portanto, o aumento da sua autoaceitação lhe permitirá aceitar mais o seu filho.

referências:

BANDEIRA, Cláudia de Moraes; HUTZ, Cláudio Simon. As implicações do bullying na autoestima de adolescentes. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, v. 14, n. 1, p.131-138, jan. – jun. 2010. Semestral.

BRIGGS, Dorothy Corkille. A autoestima do seu filho. 3ª ed: São Paulo. Martins Fontes. 2002.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas na escola. Rio de Janeiro: Objetiva. 2010.

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A neurociência demonstra que a base neural da aprendizagem é a quantidade de sinapses estabelecidas entre neurônios. Portanto, a vasta rede neural da infância proporciona um período ótimo para estímulo e aprendizado de diversas habilidades, como a música, a matemática e a língua estrangeira.

O ensino de Inglês como segunda língua na Educação Infantil tem sido objeto de inúmeras discussões e debates. Há aqueles que defendem o ensino da Língua Inglesa como segunda língua ou o ‘despertar’ dessa segunda língua já nos primeiros anos da infância. Pesquisas e estudos neurocientíficos recentes têm confirmado que a criança pode ser exposta a uma gama variável de novos conhecimentos, visto que seu desenvolvimento cerebral, surpreendentemente acelerado nos primeiros cinco anos de vida, impõe uma rede sináptica bastante ramificada e extensa, que vai sendo reduzida com o passar do tempo, em virtude da seleção natural de conexões neuronais relacionada com

a necessidade básica de utilização das conexões mais imediatas e apropriadas ao que o ambiente requer. Isso significa que, quanto mais exposta a situações diversas de aprendizagem, mais a criança estabelecerá e manterá as redes neuronais ativas e mais facilmente saberá lidar com situações diversificadas, ampliando e amadurecendo, assim, seu conhecimento de mundo.

Tendo em vista que “o aprendizado deve ser combinado de alguma maneira com o nível de desenvolvimento da criança” (VIGOTSKI, 1998, p. 111), o Colégio Magnum introduziu em 2014 um programa específico de ensino de Inglês como segunda língua, cujos detalhes podem ser vistos no site da escola, colocando-o em um nível muito diferenciado daquele que se vê nas escolas particulares e públicas do País desde o Ensino Infantil.

Com isso, o Magnum prepara ainda mais os alunos para as exigências que se impõem nesse novo mundo, que se aproxima, cada vez mais rapidamente, da “aldeia global” antevista por Marshall McLuhan, onde

as barreiras da comunicação linguística não podem constituir entraves ao entendimento das diversas nações. E com essas limitações rompidas, nossos estudantes poderão atuar ainda mais amplamente como elementos positivamente transformadores da sociedade, aspecto sempre destacado na formação proposta pelo Colégio.

referências:

NASCIMENTO, Dioene Carneiro; SANTO, Eniel Espírito do. O despertar da segunda língua na primeira infância: uma análise sob a perspectiva neuropsicológica. Caderno Intersaberes, Brasil, v. 1, n. 2, p.18-37, jan. – jun. 2013.

O DESpErTAr DO INGLÊS COMO SEGUNDA LíNGUA NA INfâNCIA

rúbia CÂMPEraCoordenadora do Programa de inglês

Tendo em vista que “o aprendizado deve ser combinado de alguma maneira com o nível de desenvolvimento da criança” (VIGOTSKI, 1998, p. 111), o Colégio Magnum introduziu em 2014 um programa específico de ensino de Inglês como segunda língua, cujos detalhes podem ser vistos no site da escola, colocando-o em um nível muito diferenciado daquele que se vê nas escolas particulares e públicas do País desde o Ensino Infantil.

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A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO

adolescente

18 MagnuM INfORmA

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ADOLESCERE é uma palavra latina que significa crescer, desenvolver-se, ou ainda,

tornar-se jovem. Autores como Stanley Hall, considerado o pai da adolescência, desde o início do século, considerava esta etapa de vida marcada por tormentos e conturbações, perspectiva essa assimilada como natural pela sociedade e pelos meios de comunicação social e confirmada pela psicologia tradicional.

Hoje sabemos que as conturbações dessa fase não devem ser regra geral para todos os adolescentes. Há adolescentes e adolescências! Para adolescer, outras transformações são necessárias, além das biológicas, como as alterações cognitivas, sociais e de perspectiva para a vida adulta. Tais alterações e processos de maturação variam de pessoa para pessoa e se expressam no contexto no qual se desenvolvem.

Bretas e colaboradores (2008) afirmaram, que vivenciando a adolescência, os jovens conseguirão descobrir seus papéis sociais, valores, atitudes, crenças, princípios e vontades os quais serão organizados e assumidos para a vida, servindo de base para a consolidação do seu processo natural de desenvolvimento psíquico. Esses papéis sociais são experimentados na

interação social e corroboram para que o indivíduo consiga resolver muitos de seus conflitos internos e dar maior coerência à concepção de si mesmo.

Essa concepção constitui a identidade de uma pessoa e inclui aspectos sociais, relacionais e características pessoais, aspecto marcante que perpassa a adolescência. Aliás, a consolidação da identidade pessoal é uma das principais tarefas a serem cumpridas durante esse período.

De acordo com Erikson, 1968, estabelecer um sentido de identidade seria criar um vínculo entre aquilo que se chegou a ser durante longos anos da infância e o que se pretende ser no futuro, bem como entre aquilo que o indivíduo pensa ser e o que os outros percebem e esperam dele.

Esse é um processo social no qual as crenças sobre si são contrastadas com opiniões dos outros, em especial, das pessoas significativas, para estabelecer um sentido real e ideal de si. Para Loos (2003), a identidade é o conjunto de crenças autorreferenciadas e é constituída pelo autoconceito, autoestima e autoeficácia. O primeiro diz respeito ao conjunto de elementos que a pessoa acredita fazerem parte de si, o segundo diz respeito ao apreço que a pessoa tem por si mesma e a autoeficácia pode ser compreendida como a confiança que o indivíduo tem em si para conseguir o resultado que deseja. Cada um desempenha um papel importante na regulação do comportamento da pessoa em diversos contextos.

Na adolescência, a autoestima passa por um processo de reavaliação, pois esta é uma etapa de exploração de novos papéis sociais e na qual as pessoas significativas passam a ser, além dos pais, os amigos mais próximos. Logo, o desenvolvimento de uma identidade clara e coesa facilitaria o engajamento do adolescente em

rita lanna Coordenadora Pedagógica

metas e objetivos significativos para si, desenvolvendo dessa forma o sentido da vida.

Encontrando um propósito de vida, os adolescentes são capazes de responder a questões como: quem eu sou? Para que eu estou no mundo? Coerentes com seus valores, sua história de vida e seus ideais de vida futura.

Os pais desempenham papéis fundamentais no desenvolvimento dos adolescentes, e ainda que estes estejam buscando a independência e a autonomia, são conectados com suas famílias, consideradas mais importantes para eles do que parece.

O desenvolvimento do adolescente ocorre de forma saudável na presença de pais que demonstram afeto e respeito; interesse constante pela vida dos filhos; reconhecem e adaptam-se ao desenvolvimento cognit ivo e socioemocional; comunicam expectativas realísticas (nem altas, nem baixas demais) com respeito às condutas e conquistas dos adolescentes e exibem formas construtivas de proceder com problemas e conflitos envolvendo seus filhos, ao mesmo tempo em que colocam limites, e o fazem com afeto e apoio emocional.

referência:

HABIGZANG, Luíza Fernanda; DINIZ, Eva; KOLLER, Sílvia H. Trabalhando com adolescentes: teoria e intervenção psicológica. Porto Alegre: Artmed, 2014.

Os pais desempenham papéis fundamentais no desenvolvimento dos adolescentes, e ainda que estes estejam buscando a independência e a autonomia, são conectados com suas famílias, consideradas mais importantes para eles do que parece.

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O processo de aprendizagem é complexo e multifatorial, entretanto ele tem uma relação direta com a memória. Ao longo da nossa vida, vários estímulos são recebidos e armazenados em nosso cérebro a partir das sinapses neuronais*. A cada novo estímulo recebido do meio, seja ele interno ou externo, há um complexo processo de codificação, armazenamento e poster ior recuperação dessas informações, que são relacionados à memória. A codificação é a primeira etapa dentro do processo de arquivar informações. Todos os estímulos que chegam aos nossos ouvidos, olhos, pele, boca ou qualquer outra parte do corpo precisam ser codificados, ou seja, transformados em um conjunto de conexões neuronais, para que

posteriormente possam ser acessados e relacionados a novas informações. Para que haja retenção, é necessário que tenha uma boa codificação. Esta etapa é uma das mais importantes dentro do processo de aquisição e memorização de novas informações. Quando nos esquecemos de algumas tarefas, conceitos, nomes, números é porque não houve um bom processo de codificação. Existem algumas técnicas para aumentar a eficácia da codificação, como associar uma nova informação a outras preexistentes, imaginar situações inusitadas envolvendo a nova informação ou associá-la a algum tipo de emoção.

Na segunda etapa, a armazenagem, as informações são guardadas em áreas neuronais relacionadas à diversidade de estímulos usados

durante a codificação, tais como imagens, sons e sentimentos. Podemos dividir esta etapa em duas categorias: de curto e de longo prazo. A primeira é a responsável pela retenção de informações que são importantes para a realização de uma tarefa imediata. Por exemplo, vamos imaginar que você precise de um número de telefone apenas para fazer uma ligação. Logo após a conclusão da ligação, o número de telefone, que não é mais necessário, é esquecido. Podemos comparar essa situação a um arquivo sendo digitado em um editor de texto qualquer. Se não salvarmos o documento que está sendo digitado, ele só poderá ser acessado enquanto o editor estiver aberto. Assim que o programa for fechado, o arquivo será perdido. Ao contrário, se salvarmos

DEVEr DE CASA AprENDIZADO

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o documento, poderemos acessá-lo futuramente diversas vezes, inclusive podendo modificá-lo.

A armazenagem de longo prazo é a responsável por tudo que está guardado em nosso cérebro, como as lembranças de imagens, sons, cheiros ou emoções de quando éramos crianças, jovens ou atualmente como adultos. Sempre que necessário, resgatamos essas lembranças para associarmos a novas informações, completando uma ideia, para resolver uma situação ou reagir com determinada emoção em um contexto específico. Esse resgate é o que chamamos de recuperação.

Segundo Manson&Smith (2005), há dois tipos básicos de memória: “a de coisas que você sabe e a de coisas que sabe, mas não sabe que sabe. A memória declarativa é a memória consciente. É o conhecimento de fatos e acontecimentos, e inclui dados episódicos (experiências passadas relacionadas a tempo) e dados semânticos (relacionados a fatos como quem, o que, onde, como e por que, bem como as relações entre eles). Já a memória não declarativa não pode ser acessada conscientemente. Isso inclui aprendizado motor, hábitos e condicionamentos. Inclui também habilidades adquiridas por meio de repetição, como andar de bicicleta”.

Saber que existem esses dois tipos básicos de memória nos ajuda a identificar aspectos importantes das atividades escolares, que podem ajudar os estudantes a terem melhor desempenho.

Significado do dever de casaO dever de casa tem um

papel importante no ensino e na aprendizagem, facilmente identificado por todos os envolvidos com as ações escolares. Para o professor, o dever é uma forma de reforçar o trabalho desenvolvido em sala, bem como uma oportunidade de estimular o estudante a ir além. Com o dever, o professor também tem a oportunidade de verificar o nível de desempenho

dos seus alunos em relação ao desenvolvimento de determinada habilidade. Com a verificação e correção, o professor pode ajustar seu planejamento, adaptando-o, sempre que necessário, ao nível de desenvolvimento dos estudantes.

O dever de casa ajuda a reter as informações sobre conceitos e definições dos conteúdos estudados, aumenta o aprofundamento dos mais diversos temas, colabora na organização e na rotina, desenvolve a autonomia e a responsabilidade.

Além disso, dever de casa é uma boa estratégia para melhorar o processo de codificação. Após ter sido estimulado em sala, o estudante tem a oportunidade de, em casa, estabelecer novas relações com o conteúdo, bem como desenvolver diversas habilidades. Como a codificação é o principal processo de formação da memória, trabalhar bem essa etapa é fundamental, para que as informações possam ser registradas em nosso cérebro. Nesse aspecto, o dever é uma atividade muito importante, no sentido de evitar que as informações trabalhadas em sala de aula permaneçam apenas na memória de curto prazo e sejam eliminadas rapidamente.

Propostas de dever de casaO dever de casa pode ser

planejado dentro de várias propostas como uma atividade de treinamento, aprofundamento, expansão e mobilização. Dentro do planejamento, as atividades devem ser preparadas de acordo com a necessidade do estudante, identificada pelo professor.

Em Matemática, por exemplo, o aluno precisa treinar determinados procedimentos para que os mesmos sejam automatizados. Quando aprendemos a tabuada, é isso que ocorre. Treinamos cada operação até o ponto no qual não precisamos mais pensar em seu resultado, uma vez que ela foi automatizada.

As atividades de aprofundamento e expansão requerem deveres de

casa mais elaborados, que permitam aprofundar mais em determinado aspecto de um conteúdo ou no desenvolvimento de uma habilidade, bem como ampliar seu campo de investigação.

Ao escolher a atividade que será o dever de casa, o professor deve refletir sobre o momento de aprendizagem do estudante. Só assim o dever cumprirá sua função no processo de aprendizagem.

Concluindo...O dever de casa representa

um importante instrumento de desenvolvimento escolar no processo de ensino e aprendizagem. Bem elaborado e acompanhado, ele contribuirá para a compreensão de definições pelos alunos, além de simular as situações reais de aplicação das definições assimiladas.

O sucesso da aprendizagem vincula-se à participação ativa do estudante durante todas as etapas do processo, entendendo que o dever de casa é uma dessas etapas.

referências:

ABREU, Joísa A. F. & SOUZA, Wyller V. M. Gestão pedagógica – caminhos para uma nova prática escolar. Editora Vereda. 2015. Belo Horizonte, Minas Gerais.

MANSON, Douglas J., SMITH, Spencee X. Cuide de sua memória: tudo que você precisa fazer para não se esquecer de nada. Tradução: Vera Martins. São Paulo: ARX, 2005.

*Sinapses são zonas ativas de contato entre uma terminação nervosa e outros neurônios, células musculares ou células glandulares.

WyllEr MEllogestor Pedagógico

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As TICs, Tecnologias da Informação e da Comunicação, têm potencializado a educação de uma forma jamais vista como atualmente. Hoje encontramos respostas tecnológicas para praticamente todas as demandas de alunos e professores, mas tudo é muito novo e os caminhos estão ainda sendo desenhados. O principal instituto de pesquisa e consultoria da área de Tecnologia da Informação, o Gartner, denominou de “Tsunami Digital” o que estamos vivendo: a convergência de quatro grandes forças da tecnologia – a mobilidade (o acesso à informação disponível em todos os lugares e dispositivos), a computação em nuvem (processamento e armazenamento disponíveis através da Internet, como serviço pago sob demanda, igual à energia elétrica), as redes sociais online (que permitem uma colaboração extrema, na vida pessoal e nas organizações) e a explosão da informação, ou big data (o gigantesco volume de dados gerado a cada segundo pelos dispositivos móveis, sensores, mídias sociais, novos equipamentos conectados e suas interações com as pessoas).

Um exemplo de aplicativo em que convergem todas essas quatro forças é o conhecido Waze, uma espécie de GPS social, mapa e trânsito. Ele depende da colaboração de seus usuários para produzir seus mapas e alertas de trânsito, e seus dados estão armazenados em servidores “na nuvem”, acessados através da Internet, gerando milhares de informações a cada instante e disponível de qualquer lugar.

Duas pesquisas recentes comprovam a importância da tecnologia para o aprendizado e reforçam que esta revolução também

perpassa pela EdTech, a Tecnologia Educacional. Entre elas, uma norte-americana mostra que estudantes utilizando aparelhos móveis para aprender estudam 40 minutos a mais por semana do que os outros, ou ainda que mais de 50% dos estudantes do equivalente ao Ensino Fundamental 2 e Ensino Médio buscam ajuda online para o dever de casa no mínimo uma vez por semana. Outra pesquisa, aplicada no Brasil e denominada Juventude Conectada, realizada pela Fundação Telefônica Vivo, em parceria com a Escola do Futuro da USP, o IBOPE Inteligência e o Instituto Paulo Montenegro, revelou que 54% dos jovens entrevistados acessam a Internet para se preparar para provas e testes como o ENEM, vestibulares ou concursos públicos. A pesquisa mostra ainda que os jovens têm mais facilidade para realizar trabalhos escolares e atividades propostas em sala de aula quando utilizam a tecnologia.

Os dados reafirmam o desafio da busca de ferramentas e soluções para o uso da tecnologia a serviço da educação. E ainda apresenta um cenário repleto de oportunidades, já que as tendências e possibilidades não param de surgir.

Algumas tendências tecnológicas atuais, com inovadoras aplicações no universo educacional: Plataformas Adaptativas, MOOCs, Impressão 3D, Gamification, Personalização, Learning Analytics, Realidade Aumentada, ENEM Virtual, Material Didático Interativo, M-Learning.

No Colégio Magnum, a tecnologia continua se expandindo como uma aliada do processo educacional. Utilizamos, por exemplo, as diversas informações geradas pelos sistemas

A TECNOLOGIA A SErVIÇO DA EDUCAÇÃO

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As provas fechadas são corrigidas por leitoras ópticas e automaticamente lançadas nos sistemas acadêmicos e disponibilizadas online para os alunos e famílias. Os pais participam da implantação de acesso biométrico seguro ao Colégio, através de impressão digital.

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IMPRESSÃO 3D: tecnologia e equipamentos utilizados para produzir objetos tridimensionais sólidos a partir de um arquivo digital.

GAMIFICATION: aplicação de mecânicas e técnicas utilizadas no design de jogos para estimular e motivar as pessoas a atingir seus objetivos.

LEARNING ANALyTICS: mensuração, coleta, análise e reporte de dados sobre educadores e educandos e seus contextos, para o propósito de entendimento e otimização do ensino-aprendizagem e dos ambientes em que ele ocorre.

M-LEARNING: significa mobile-learning, e é definida como aprender em múltiplos contextos, através de interações sociais e de conteúdo, utilizando dispositivos eletrônicos pessoais, como smartphones ou tablets.

REALIDADE AuMENTADA: sobreposição de objetos virtuais (imagens, vídeos, mapas etc.) gerados por

computador, em um ambiente real, através da captura ao vivo de vídeo, por exemplo.

ENEM VIRTuAL: o Ministério da Educação estuda a possibilidade de aplicação do Enem por meio da Internet.

PLATAFORMAS ADAPTATIVAS: são plataformas inteligentes que usam softwares que propõem atividades diferentes para cada aluno, sob medida, a partir de suas respostas e reações às tarefas. Nelas, os estudantes têm acesso a diversas experiências de aprendizado, tais como games, vídeos, textos, exercícios, atividades em grupo recebendo, em tempo real, feedback sobre seu próprio desempenho.

MOOCS: são cursos online ofertados para um número ilimitado de participantes e acesso aberto via Internet, um desenvolvimento recente na área de educação a distância, realizado por meio de ambientes virtuais de aprendizagem.

ENTENDA UM POUCO MAIS

acadêmicos para consolidar, através de Learning Analytics, o acompanhamento dos nossos alunos, da simples nota, através de análises estatísticas, até o acompanhamento de hábitos do estudante, o apoio nas suas dificuldades, o reconhecimento e o destaque pelo desempenho atingido, tanto no ensino quanto na formação.

As provas fechadas são corrigidas por leitoras ópticas e automaticamente lançadas nos sistemas acadêmicos e disponibilizadas online para os alunos e famílias. Os pais participam da implantação de acesso biométrico seguro ao Colégio, através de impressão digital. Além disso, temos à disposição dos professores um portal

fácil e intuitivo de interação com os alunos, o MAGNUM-SOL, criado a partir de uma das plataformas virtuais de aprendizagem mais utilizadas no mundo, o Moodle. Com o avanço das iniciativas de EdTech na nossa escola, preparamos os próximos passos para um aprendizado ainda mais personalizado e “gamificado”.

Para este ano, novidades virão, entre elas um novo projeto de uso pedagógico de iPads e um laboratório móvel. Também um projeto em implantação de um novo aplicativo para smartphones que facilitará a comunicação entre escola e famílias.

Novas formas de integrar inovações tecnológicas à educação surgem em

velocidade cada vez maior e compõem

uma caminhada emocionante no

aprimoramento das instituições de

ensino nos próximos anos.

referências:

ISTE - International Society for Technology

in Education. (2015). How Technology

Transforms Learning and Teaching

Infographic. http://elearninginfographics.

com/technology-transforms-learning-teaching-

infographic/

Fundação Telefônica VIVO - IBOPE - Instituto

Paulo Montenegro - Escola do Futuro/USP.

(2014). Juventude Conectada. http://www.

promenino.org.br/redepromenino/uploads/

files/1/juventude%20conectada%20-%20

online%20(1).pdf

riCarDo gouVEiagestor de tecnologia da informação

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No contexto atua l do mundo organizac ional , o desenvolv imento de

pessoas e o trabalho em equipe representam oportunidades valiosas para a sustentabilidade e o alcance de resultados. Para tornarem-se competitivas e assegurarem sua perenidade, as organizações criam mecanismos que permitem a inovação contínua de seus processos de trabalho. A área de gestão de pessoas tem se beneficiado dessa busca por novas formas de trabalho por meio da evolução de suas práticas, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento de pessoas e equipes. É comum encontrarmos na literatura cursos na área de gestão e liderança, “Super-Homens e Mulheres Maravilha” dotados de poderes, gerando todos os resultados necessários.

Consciente do seu papel em gerar resultados, mas fundamentalmente

da necessidade de desenvolver habilidades socioemocionais no relacionamento pessoal, interpessoal e com o meio ambiente dos alunos, o Magnum tem desenvolvido nos últimos anos programas que possibilitam a eles, de fato, serem cidadãos ativos, diferenciados e transformadores do meio onde atuam.

Para isso, contamos com a inquietude, característica dos nossos jovens, e alimentamos a veia empreendedora e protagonista de todos eles, oferecendo programas que trabalham habilidades cognitivas e socioemocionais, a fim de atingirmos nosso propósito de oferecer o melhor ensino e a melhor formação.

Em outras palavras, a Instituição trabalha o empreendedorismo dentro do conceito de disposição ou capacidade de idealizar, coordenar e realizar projetos, serviços e negócios. Já o protagonismo juvenil é a prática educativa em que o jovem

ESCOLA EMprEENDEDOrA,

ALUNO EMprEENDEDOr

alEssanDra CaixEtaCoordenadora do Programa de Empreendedorismo e Protagonismo Estudantil

Consciente do seu papel em gerar resultados, mas fundamentalmente da necessidade de desenvolver habilidades socioemocionais no relacionamento pessoal, interpessoal e com o meio ambiente dos alunos, o Magnum tem desenvolvido nos últimos anos programas que possibilitam a eles, de fato, serem cidadãos ativos, diferenciados e transformadores do meio onde atuam.

é o elemento central e participa de forma atuante das fases do processo educativo. Neste paradigma, os exemplos de modalidades são vários: Equipes do Conhecimento, Simulação Magnum das Nações Unidas – SIMA, Magnum Sustentável, Vale do Silício Magnum, Conferência Magnum de Ciências Naturais – COMACIN, Jovem Empreendedor Magnum – JEM, Magnum Cultural, Olimpíada Magnum de Foguete, Liderança Jovem, TED Magnum – Ciclo de palestras.

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O que é certo ou errado no uso da Internet? Inicialmente é preciso ter clareza que não é possível se falar em ética digital como algo desconectado do conceito de ética que já conhecemos. A ética é associada ao comportamento humano juntamente com os valores morais de cada indivíduo, portanto, ela não deve ser esquecida quando estamos no ambiente digital.

A forma como as pessoas se relacionam na Internet deve ter o mesmo cuidado das relações que ocorrem “off-line”. De fato, quando a pessoa está no ambiente virtual, possui mais coragem para ofender ou desmoralizar o outro. Mas, vale lembrar que na Internet não existe anonimato, o que é feito deixa rastros, pois é possível localizar o endereço da máquina de onde partiu a publicação.

Para tentar evitar as práticas indevidas no ambiente digital, cada pessoa precisa atentar-se sobre a própria atuação, os pais precisam educar os filhos e as escolas podem inserir conteúdos sobre Educação Digital, na tentativa de educar os alunos para essa realidade que não está distante de todos. Existe sim a liberdade de expressão, mas qualquer ação deve ser feita com ética e sem agressões. Temos que ter cuidado para não causarmos danos, seja psicológico ou moral, a qualquer pessoa.

Outro ponto fundamental no ambiente virtual é a nossa privacidade. Atualmente, o que vemos muito no meio digital é o uso indevido de imagens. Vídeos, fotos e áudios são produzidos a todo o momento e, muitas vezes, são propagados sem autorização.

É sempre bom alertarmos sobre senhas e acessos em páginas

indevidas, para adquirirmos mais segurança na hora de usar a Internet. Os excessos de informações sobre a vida pessoal devem ser evitados, pois no meio virtual a propagação dessas informações não possuem limite. É comum vermos nas redes sociais o excesso de informações sobre a vida de cada um. E, muitas vezes, temos que pensar que nem sempre sabemos quem realmente está do outro lado. Vale lembrar dos perfis fakes existentes, por exemplo.

É bom lembrar: quem faz o uso ser bacana é você! Mas fazer um uso legal da Internet é, acima de tudo, saber que atrás de cada máquina existe uma pessoa.

ÉTICA DIGITAL

Mariana MaCEDogestora de Marketing

A ética é associada ao comportamento humano juntamente com os valores morais de cada indivíduo, portanto, ela não deve ser esquecida quando estamos no ambiente digital.

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Muito se tem falado ultimamente sobre o processo de formação do aluno para além das habilidades cognitivas. Não é raro encontrarmos pessoas que, mesmo não respirando os ares da educação formal, acolhem e entendem a ideia da urgência de se aprofundar, através da reflexão crítica, sobre as questões relacionadas à formação do indivíduo, baseada em princípios e valores.

Ora, nada disso é possível se os educadores não tiverem a consciência de quais são estes valores e que, na diversidade de concepções e experiências particulares de todos os envolvidos no projeto educativo, alguns valores devem significar

a convergência que dão sentido aos princípios institucionais. Desta forma, os valores humanos e transcendentes constituem-se como pilares fundamentais na formação do ser, enquanto parte integrante do Universo.

Como escola agostiniana que somos, devemos estar comprometidos com um projeto de transformação que só é possível a partir da prática coerente e verdadeira de valores humanos e cristãos. Ao nos referirmos à escola agostiniana, tal como se entende aqui, é claro que não se trata de uma construção teórica, de um modelo orientativo e complementar, na qual se recolhem, unicamente, as

características fundamentais, o espírito que as anima, e algumas implicações a cada uma das etapas do processo evolutivo.

Não podemos esquecer que o melhor modo de engrandecer e amadurecer a própria fé é transmitindo-a com sinceridade e generosidade às novas gerações, permanecendo atentos e abertos para entender os “sinais dos tempos”. Responder ao nosso dever de fidelidade aos princípios e valores, a nós mesmos e aos homens de hoje constitui, sem dúvida, o objetivo que engloba todos nós.

Ter clareza das habilidades que queremos construir é um primeiro

UMA ESCOLA COMprOMETIDA COM A fOrMAÇÃO

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passo na direção da formalização de um processo educativo transformador. Não trazemos o novo, queremos apenas despertar cada aluno e cada educador para que veja ao seu redor uma realidade que clama por pessoas generosas, inquietas, amáveis, sensíveis e dispostas a doar o próprio ser. É preciso que todos os homens tenham a coragem de lutar pela sua realização pessoal, e que se interessem também pela realização do outro. Só assim saberemos caminhar felizes e conscientes de nossos limites e potencialidades, na busca da realização total, dentro de um plano muito maior, que nos transcende!

O olhar do professorQue vê o professor, o educador-

professor? Mais que ver, teremos que dizer que intui a pessoa em toda a complexidade. Não prescinde dos acertos do “escultor” ou do “cientista”; ainda que às vezes não chegue a ser tão conspícuo. Mas o grande acerto está na profundidade e na amplitude do seu olhar e, sobretudo, na margem aberta que deixa ao mistério – a luz – ativa no interior de cada pessoa.

O olhar do professor não “quadricula” o educando: sabe que é uma pessoa em evolução, cujo desenvolvimento humano depende da interação com o meio social, e que este é muito complexo. Sabe que o futuro da pessoa não se joga só na aprendizagem intelectual dos “programas escolares”, senão na capacidade de se situar crítica, criativa e solidariamente na sociedade, na aquisição de destrezas de todo tipo, na assimilação de valores, na capacidade de tomar decisões livre e responsavelmente.

Além disso, o professor que

acertou em ver a luz na própria pessoa contempla também a luz atuando na pessoa do educando: é o olhar da fé, que descobre uma nova dimensão, a transcendência do homem, inclusive do mais incapaz – humanamente falando. Sucede então que o olhar de Deus “filtra-se” no olhar do educador, mesmo sem este o saber.

Olhar com os olhos de DeusEntramos noutra dimensão, mas

não noutra galáxia. Continuamos a ver o varandim e as águas do lago, mas agora caímos na conta da luz que o ilumina.

Digamo-lo com outro símbolo tirado da Bíblia: trata-se de um relato que encontramos no começo do Êxodo (capítulos 3 e 4), carregado de imagens e simbolismo. O personagem é Moisés: fugido do Faraó, está a cuidar do rebanho, mas não pode esquecer-se dos israelitas a quem viu oprimidos no Egito. Com o rebanho chega a Horeb, a montanha de Deus, e ali, junto da “sarça ardente”, ouve a voz de Deus que o chama e lhe diz: “Vi a aflição do meu povo no Egito, e escutei o clamor que lhe arrancam os capatazes, pois conheço os seus sofrimentos. Baixei para o libertar da mão dos egípcios... Agora, pois, vai, eu te envio.” (Ex 3,7-10).

Moisés tinha visto essa situação de escravatura dos israelitas, mas não a tinha contemplado com os olhos de Deus. Agora, ao sentir-se em “terra sagrada”, cai na conta de que Deus está a olhar pelos seus olhos (os de Moisés) e baixa para libertar os israelitas, envia Moisés a libertá-los.

Desta forma, “olhar com os olhos de Deus” tem como consequência o “ser enviado para dar resposta às necessidades descobertas, onde Deus quer ser servido”. Encontramos

a nossa vocação como chamada de Deus a servi-lo nessa situação (que para nós é a educação dos jovens), que vimos com os olhos de Deus e escutamos com os seus ouvidos.

Adentramo-nos nesta nova perspectiva que nos abre a história da Salvação. Assim, podemos ver Deus presente no nosso afazer quotidiano e nos jovens a quem Ele mesmo nos envia. Aparentemente tudo pode continuar igual, mas na realidade a luz que descobrimos faz-nos ver tudo com outra atitude.

Graças à fé que o ilumina, o educador cristão será capaz de ver em cada jovem essa dimensão misteriosa de filho de Deus, amado e convocado por Ele para se integrar em Jesus Cristo como seu membro.

Mas não podemos pensar no olhar de fé como algo que “se possui ou não se possui”, mas como um processo onde cada um se situa e por onde vai avançando. Requer um esforço de ascese, de vigilância sobre si, de análise e discernimento das próprias intenções... e assim o olhar vai se transformando. E isso ajuda a nos alimentarmos frequentemente da Palavra de Deus e da oração, e viver na presença de Deus, recordando dessa Palavra no nosso interior como referência de quanto fazemos.

ansElMo saMPaioCoordenador de Formação Humana e Cristã e Coordenador do Programa de Empreendedorismo social.

Como escola agostiniana que somos, devemos estar comprometidos com um projeto de transformação que só é possível a partir da prática coerente e verdadeira de valores humanos e cristãos.

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Quando estudava filosofia no Monasterio de El Escorial, em Madri, um pensamento

de Immanuel Kant chamou-me especialmente a atenção: “O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.” No ano passado, completei oitenta anos e 55 deles, correspondentes à minha vida adulta, foram dedicados à formação de crianças e jovens, por acreditar firmemente que a educação é o bem mais precioso da vida de qualquer pessoa.

Vim para o Brasil por ordem de meus superiores, quando, na verdade, minha preferência era permanecer na Espanha. Contudo, a espontaneidade e a alegria das pessoas com quem passei a conviver em Belo Horizonte me encantaram de tal maneira que logo me adaptei. Iniciei então, no Santo Agostinho, minha trajetória como educador, que jamais abandonei. Foram 35 anos naquele colégio, trinta deles como diretor, e 21 no Magnum, escola que tive o privilégio de fundar.

Desde o início dessa caminhada, propus uma linha de ação que aliasse o ensino a uma série de atividades extraclasses de caráter formativo, pois era claro para mim que a função de uma escola não poderia esgotar-se, simplesmente, no repasse de conteúdos. Assim, motivei os alunos a formar um grupo de trabalho e atividades abrangente, subdividido em subgrupos de atuação diversificada. O objetivo principal era proporcionar-lhes experiências enriquecedoras, que ultrapassassem os conteúdos aprendidos na sala de aula, necessárias à sua formação como pessoas realizadas, felizes e como cidadãos participativos e conscientes.

Com o início dessas ações, o Colégio passou a fervilhar com as atividades dos alunos. Aos domingos, os integrantes do grupo Plêiade da Alvorada (curioso nome sugerido por um dos professores de Português) participavam de uma celebração

VidaEDUCAÇÃO pArA A

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religiosa, às 8h, depois da qual se reuniam para planejar e organizar atividades esportivas diversas, além de avaliar a atuação da equipe. Em seguida, davam início a atividades esportivas, que se prolongavam até o horário do almoço.

A partir das orientações nas aulas de ensino religioso, outro grupo passou a atuar junto às famílias do Morro do Cascalho (onde hoje é o Bairro Gutierrez) enquanto outro se dedicava a fazer visitas semanais às mães carentes na Maternidade Odete Valadares. Quando chegava o recesso da Semana Santa, alguns alunos viajavam comigo para o Vale do Jequitinhonha e prestavam assistência religiosa e social à população. O retorno dessas ações era a inestimável gratidão das pessoas atendidas. Crianças e jovens também passaram a participar de atividades esportivas e culturais em horários especiais, sempre com o objetivo formativo, tendo-se originado aí as equipes de competição do Colégio e as escolinhas de esportes de Belo Horizonte. Com o tempo, o leque dessas atividades educativas foi-se ampliando cada vez mais.

Desenvolveu-se também nessa época uma integração com as alunas do Colégio Nossa Senhora da Piedade. Ocorre que os colégios religiosos, como o Santo Agostinho, eram exclusivamente masculinos. Os de freiras, por outro lado, só aceitavam meninas. Ponderei que esses jovens conviviam naturalmente em clubes e nas áreas de lazer dos prédios em que residiam. Por que não poderiam relacionar-se também na escola? Foram então promovidas excursões e encontros entre nossos alunos e as alunas do Colégio Nossa Senhora da Piedade. Tudo transcorreu tão bem, que, em 1973, senti segurança, embora enfrentando resistência dos mais conservadores, para transformar o Santo Agostinho em colégio misto, um avanço para a época. A transição se processou com tanta naturalidade,

que o exemplo logo passou a ser seguido por outras instituições.

Essas experiências positivas me estimularam a projetar um colégio onde eu tivesse ainda mais liberdade de pôr em prática minhas convicções a respeito da formação de crianças e jovens. Assim, quando, em 1994, tive a oportunidade de fundar o Magnum, desde o início do planejamento, a linha de ação ficou definida. Deveria ser uma escola exemplar em relação ao aspecto acadêmico, uma das líderes em aprovação em vestibulares e concursos, mas também um colégio que preparasse os alunos para sua realização individual e para o convívio e a atuação social.

É muito claro que a educação de um indivíduo é responsabilidade, primeiramente, dos pais, mas é a escola que o prepara para viver em sociedade. Por isso, família e instituição de ensino têm que trabalhar em sintonia e com a convicção de que uma criança ou um jovem não frequentam uma escola apenas para assimilar conteúdos. Isso seria limitar sua educação, já que, além do conhecimento, de inquestionável importância, a educação implica também a vertente socioemocional, o desenvolvimento do raciocínio, da capacidade de analisar, de questionar (Aristóteles advertia: “A dúvida é o princípio da sabedoria.”), dialogar, tirar conclusões, respeitar a diversidade, assumir e gerir a própria vida, valorizar a pluralidade e viver em sociedade de modo positivo e participativo.

Essa formação constitui a base das sociedades verdadeiramente democráticas. Sendo assim, o modelo de democracia deve-se desenvolver, primeiramente, na convivência diária na própria escola, na relação entre educadores e educandos e no convívio entre os alunos. Isso supõe um ambiente caracterizado pela amizade, pelo apoio mútuo, pela colaboração,

pela troca de experiências, pela formação de lideranças, pela atuação dos grêmios e grupos de assistência social, pelo empreendedorismo e pelas atividades extraclasses em geral. O educador Celestin Freinet, nas primeiras décadas do século XX, insistia no seu trabalho pedagógico: “A democracia de amanhã se prepara na democracia da escola.” Sem dúvida, sua proposição continua sendo, mais do que nunca, verdadeira.

Contudo, embora a democracia seja amplamente considerada o sistema de governo mais justo e adequado, só pode ser efetiva em uma sociedade esclarecida, crítica e educada. Caso contrário, o poder da maioria apenas confirmará o domínio dos mais espertos, sempre prontos a utilizar a ignorância das massas para proveito próprio e partidário.

Educar, portanto, vai além de oferecer aos alunos o ensino de qualidade proposto na própria Constituição brasileira. Obviamente, o domínio dos conteúdos listados pelo MEC e o sucesso acadêmico são importantes, mas a educação não se esgota neles. Os educadores precisam estar sempre conscientes de que têm uma grande responsabilidade em ver em cada aluno um ser que é, além de um indivíduo, uma criatura social, como enfatizam tantos filósofos. Desse modo, deve-se compreender que só por meio da educação será possível formar uma sociedade brasileira consciente, responsável, desenvolvida e verdadeiramente livre e atuante. Sob essa perspectiva é que se deve compreender o pensamento de Condorcet, formulado há muito tempo, mas que permanece sempre atual: ”Sob a mais livre das constituições, um povo ignorante é sempre escravo.”

ProFEssor josÉ bruÑa alonso

Fundador do Colégio Magnum

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