o patrimÓnio paisagÍstico na ... - universidade do minho · particular os jardins históricos que...

12
8 º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO PARA O PLANEAMENTO URBANO, REGIONAL, INTEGRADO E SUSTENTÁVEL (PLURIS 2018) Cidades e Territórios - Desenvolvimento, atratividade e novos desafios Coimbra – Portugal, 24, 25 e 26 de outubro de 2018 O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO NA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO URBANO. O CASO DO PARQUE DE SERRALVES NO PORTO RESUMO Os jardins constituem uma das expressões mais ricas do património cultural e paisagístico que, ao aliar a componente cultural e a natural, vem adquirindo protagonismo nos consumos lúdicos e turísticos da contemporaneidade, em particular no espaço urbano. O Porto é uma cidade com um vasto património paisagístico no qual se destaca o espólio de jardins históricos que integra a matriz urbana. O parque de Serralves constitui um destes espaços, uma das principais atrações da cidade com uma posição privilegiada no desenvolvimento turístico urbano e na promoção da imagem da mesma a vários níveis. Este artigo propõe analisar o perfil socioeconómico e demográfico do visitante deste jardim histórico, assim como os seus interesses, motivações, hábitos de visita e comportamentos, chamando a atenção para a importância deste conhecimento no desenho de estratégias de desenvolvimento de turismo urbano. 1 INTRODUÇÃO Os parques e os jardins (históricos) configuram elementos relevantes do património cultural e paisagístico que assume grande expressão no contexto urbano, fruto da evolução do espaço, das suas funções, da sociedade, das preocupações com o ambiente e por conseguinte da evolução do próprio planeamento urbano. Este tipo de património, que congrega em simultâneo a vertente cultural e natural, contribui para a atratividade das cidades enquanto produto cultural, e assume, de forma crescente, protagonismo nos consumos lúdicos e turísticos da contemporaneidade, um consumo que extravasa a mera alternativa à diversidade das vivências urbanas e que motiva cada vez mais a inclusão deste recurso nos roteiros oferecidos pelas cidades. Enquanto uma das cidades mais antigas da Europa, palco de passagem e estabelecimento de diversas civilizações que foram deixando as suas marcas no território e nas próprias vivências, o Porto encerra, assim, um legado patrimonial combinado entre a vertente cultural/histórica e natural que lhe confere identidade sobre a qual a cidade constrói a sua imagem e que nela encontra um dos fatores de atração de visitantes. O Porto é por isso uma cidade para descobrir, assumindo-se neste momento como destino turístico de excelência e os números associados a esta dinâmica comprovam-no de forma inequívoca. Em 2017, o aeroporto Sá Carneiro registou um fluxo de passageiros de 10,8 milhões, sendo 5,4 milhões correspondentes a passageiros desembarcados (+15% e +16% em relação a 2016 respetivamente) (INE, 2018). Em 2016, o concelho do Porto acolheu 1,6 milhões de hóspedes que originaram 3,3 milhões de dormidas nos seus 179 estabelecimentos

Upload: others

Post on 06-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO NA ... - Universidade do Minho · particular os jardins históricos que têm uma expressão considerável neste território. Fig. 1 Carta Verde do concelho

8º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO PARA O PLANEAMENTO URBANO, REGIONAL, INTEGRADO E SUSTENTÁVEL (PLURIS 2018) Cidades e Territórios - Desenvolvimento, atratividade e novos desafios

Coimbra – Portugal, 24, 25 e 26 de outubro de 2018

O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO NA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO

TURÍSTICO URBANO. O CASO DO PARQUE DE SERRALVES NO PORTO

RESUMO

Os jardins constituem uma das expressões mais ricas do património cultural e paisagístico

que, ao aliar a componente cultural e a natural, vem adquirindo protagonismo nos

consumos lúdicos e turísticos da contemporaneidade, em particular no espaço urbano.

O Porto é uma cidade com um vasto património paisagístico no qual se destaca o espólio

de jardins históricos que integra a matriz urbana. O parque de Serralves constitui um destes

espaços, uma das principais atrações da cidade com uma posição privilegiada no

desenvolvimento turístico urbano e na promoção da imagem da mesma a vários níveis.

Este artigo propõe analisar o perfil socioeconómico e demográfico do visitante deste

jardim histórico, assim como os seus interesses, motivações, hábitos de visita e

comportamentos, chamando a atenção para a importância deste conhecimento no desenho

de estratégias de desenvolvimento de turismo urbano.

1 INTRODUÇÃO

Os parques e os jardins (históricos) configuram elementos relevantes do património

cultural e paisagístico que assume grande expressão no contexto urbano, fruto da evolução

do espaço, das suas funções, da sociedade, das preocupações com o ambiente e por

conseguinte da evolução do próprio planeamento urbano. Este tipo de património, que

congrega em simultâneo a vertente cultural e natural, contribui para a atratividade das

cidades enquanto produto cultural, e assume, de forma crescente, protagonismo nos

consumos lúdicos e turísticos da contemporaneidade, um consumo que extravasa a mera

alternativa à diversidade das vivências urbanas e que motiva cada vez mais a inclusão deste

recurso nos roteiros oferecidos pelas cidades.

Enquanto uma das cidades mais antigas da Europa, palco de passagem e estabelecimento

de diversas civilizações que foram deixando as suas marcas no território e nas próprias

vivências, o Porto encerra, assim, um legado patrimonial combinado entre a vertente

cultural/histórica e natural que lhe confere identidade sobre a qual a cidade constrói a sua

imagem e que nela encontra um dos fatores de atração de visitantes. O Porto é por isso uma

cidade para descobrir, assumindo-se neste momento como destino turístico de excelência e

os números associados a esta dinâmica comprovam-no de forma inequívoca. Em 2017, o

aeroporto Sá Carneiro registou um fluxo de passageiros de 10,8 milhões, sendo 5,4 milhões

correspondentes a passageiros desembarcados (+15% e +16% em relação a 2016

respetivamente) (INE, 2018). Em 2016, o concelho do Porto acolheu 1,6 milhões de

hóspedes que originaram 3,3 milhões de dormidas nos seus 179 estabelecimentos

Paper1644 1

PLURIS

2018

- A

rtigo

em a

valia

ção

Page 2: O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO NA ... - Universidade do Minho · particular os jardins históricos que têm uma expressão considerável neste território. Fig. 1 Carta Verde do concelho

hoteleiros, representando 7% e 9% respetivamente do total continental de hóspedes e

dormidas (INE, 2017). De tal forma tem sido galopante a sua ascensão como destino de

fluxos turísticos que o seu reconhecimento pelas mais altas instâncias ligadas à avaliação

da performance de destinos não demorou, tendo o Porto sido distinguido como European

Best Destination em 2012, 2014 e 2017.

No caso particular do património paisagístico, o Porto beneficia de uma rede de espaços

verdes públicos e privados, mormente jardins históricos, que têm ganho destaque como

fatores de interesse turístico. É o caso do parque de Serralves que, com mais de 150 mil

visitantes anuais, para além de possuir um valor intrínseco que o distingue por si só,

constitui uma das principais atrações da cidade, detendo uma posição privilegiada no

desenvolvimento turístico urbano, na promoção da imagem e identidade da mesma.

O conhecimento do perfil da atração e do seu visitante constitui uma ferramenta de grande

utilidade para os intervenientes nos processos de tomada de decisão no que à estratégia de

desenvolvimento turístico urbano diz respeito. Neste sentido, este artigo pretende por um

lado, analisar as características e a atratividade deste parque; por outro lado, identificar o

perfil socioeconómico e demográfico do seu visitante, assim como os seus interesses,

motivações, hábitos de visita e comportamentos para além do percurso de visita na cidade,

obtido através da aplicação de um inquérito por questionário a 333 visitantes do parque

durante o período de um ano (2013/2014).

2 PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO, ESPAÇO URBANO E TURISMO

O processo de distensão cronológica e tipológica do património na segunda metade do

século XX permitiu, por um lado, a inclusão na categoria de património elementos de

épocas cada vez mais próximas, e por outro, tipologias mais variadas da arquitetura

modernista, da arquitetura vernácula, assim como os sítios arqueológicos ou os espaços

envolventes dos monumentos, mormente os conjuntos históricos, rurais e urbanos, as

cercas monásticas e também os jardins históricos. O monumento deu lugar a uma dimensão

mais ampla, a paisagem cultural (Henriques, 2003a).

Embora o reconhecimento patrimonial dos parques e jardins históricos tenha sido um

processo lento e tardio, este formalizou-se com a publicação da Carta de Florença, no

início da década de 80, como uma adenda à Carta de Veneza. Mais tarde, no âmbito da

proteção do Património Mundial, os jardins e parques passam a integrar a categoria de

“paisagens culturais criadas intencionalmente pelo homem”.

Os jardins estão presentes nas diversas culturas, sociedades e civilizações, transcendendo o

próprio conceito de espaço e tempo. Atravessam épocas e absorvem as diferentes

tendências e influências funcionando como expressões do momento civilizacional de cada

cultura nos mais variados domínios, sejam eles sociais, culturais, estéticos, políticos,

religiosos ou económicos. Importantes documentos históricos, culturais e artísticos, são

representantes de cada tempo na história da Humanidade (Jong, 2001; Doolittle, 2004;

Weiss, 2011), essenciais na preservação e fortalecimento da memória cultural e da

identidade coletiva de uma sociedade, assim como na leitura e na qualificação de um

território, nomeadamente das cidades (Andrade, 2008). Neste sentido, Andresen e Marques

(2001) defendem que os jardins históricos constituem a memória de uma cidade, a história

dos seus percursos e acontecimentos. Na perspetiva de Andrade (2008), estes destacam-se

Paper1644 2

PLURIS

2018

- A

rtigo

em a

valia

ção

Page 3: O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO NA ... - Universidade do Minho · particular os jardins históricos que têm uma expressão considerável neste território. Fig. 1 Carta Verde do concelho

das demais categorias do património cultural por apresentarem laços em comum com o

património natural e pela sua estreita ligação com a qualidade de vida numa cidade.

O património cultural, na sua amplitude global, foi e continua a ser um dos mais

importantes geradores de turismo. Um consumível que se vai desdobrando em modalidades

diversificadas à medida dos interesses dos turistas quando o abrangente turismo cultural é

demasiado redutor para as especificidades que se vão descobrindo no âmbito do património

cultural. Um dos grandes redutos do turismo cultural é o espaço urbano, são as cidades que

se consolidam como importantes destinos de atração de visitantes numa relação que se

densificou e complexificou nos últimos anos. Segundo Henriques (2003c), o turismo

cultural constitui-se fundamentalmente como segmento do turismo urbano, já que as

relações que se entretecem entre turismo e cultura têm uma maior expressividade no

espaço urbano. Ou seja, é na cidade que se avolumam elementos de arte, de criação

artística, de património(s), de equipamentos culturais e de vivências que contribuem para

que o turismo de dimensão cultural encontre nela um alvo privilegiado (Henriques, 2003c).

E é esta multiplicidade de recursos que confere originalidade aos destinos urbanos e a

cidade se assuma como um destino multivocação (Ashworth e Tunbridge, 2000;

Henriques, 2003b) e multi-atração (Hunt e Crompton, 2008). Num tempo e contexto

competitivo à escala global, as cidades procuram diferenciar-se apresentando argumentos

diferenciadores e o património tornou-se num elemento fundamental para definir uma

imagem de marca capaz de traduzir o seu valor concorrencial e comunicacional (Peixoto,

2003). Neste sentido, o autor defende que, atualmente, a identidade de uma cidade é

definida pela valorização ou invenção de um património.

O património paisagístico na vertente de jardins e parques, designadamente de carácter

histórico, constitui um desses patrimónios que vão desenhando, organizando, conferindo

sentido e acrescentando valor estético, ambiental, social, económico e cultural ao tecido e

dinâmica urbana. O património paisagístico desempenha um papel crucial na qualidade de

vida urbana mas de igual modo no processo de turistificação do espaço urbano, mormente

na formação de uma imagem da cidade que terá repercussões ao nível do marketing e

promoção do lugar. Veja-se o caso de Chandigarh, uma cidade indiana, mundialmente

conhecida pela sua urban greenery que atrai mais de meio milhão de turistas domésticos,

cujos parques e jardins, apuraram Chaudrhry e Tewari (2010), são os grandes responsáveis

pela sua atratividade turística, concluindo ainda que se estes fossem removidos o valor

turístico da cidade seria nulo. De acordo com Ramos (2010), a expressão territorial e a

qualidade paisagística e funcional da estrutura verde de uma cidade constituem uma

componente de relevo cada vez mais valorizada do conceito de qualidade de vida urbana e

um fator de interesse no domínio do turismo, sendo cada vez mais frequente estratégias de

desenvolvimento turístico alicerçadas neste património.

3 O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO DA CIDADE DO PORTO

A história dos jardins do Porto é, também, a história da cidade e da sua gente. De acordo

com Andresen e Marques (2001), a cidade possui um conjunto significativo de jardins

históricos, com características próprias, que lhe confere uma identidade particular,

refletindo a evolução histórica da mesma e a ligação dos seus habitantes com a Natureza.

Os primeiros jardins do Porto estão relacionados com claustros, terreiros e cercas de

edifícios religiosos. No período de Setecentos emergem os passeios públicos voltados para

o rio Douro, que então dominava os interesses lúdicos da cidade. Os passeios das

Paper1644 3

PLURIS

2018

- A

rtigo

em a

valia

ção

Page 4: O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO NA ... - Universidade do Minho · particular os jardins históricos que têm uma expressão considerável neste território. Fig. 1 Carta Verde do concelho

Fontainhas, Virtudes e Massarelos constituem assim os novos espaços de sociabilidade,

assinalando outra forma de estar na cidade. Ao longo do século XVIII as quintas de recreio

proliferavam nos arrabaldes com uma função dual marcada pela produção e pelo recreio e

lazer, sobretudo na época estival. O desenvolvimento da cidade, o gosto e sensibilidade

pela botânica, pelas plantas exóticas, pela jardinagem e arte dos jardins do período final de

Oitocentos ditou a multiplicação e distribuição expressiva de jardins privados pelo tecido

urbano. No século XIX o contexto urbano e industrial assim como o gosto pelo social e a

moda do passeio e da exibição pública determinou a inserção dos espaços de utilização

coletiva na malha urbana da cidade, surgindo gradualmente o conceito de jardim público

como meio de reforma social e espaço de recreio. O jardim de S. Lázaro (1834) foi o

primeiro jardim público, seguiu-se o jardim do Palácio de Cristal (1865) e o jardim da

Cordoaria (1866) (Araújo, 1979; Andresen e Marques, 2001). Esta época foi determinante

na difusão do gosto pela jardinagem e horticultura e na criação e consolidação de uma rede

de espaços verdes públicos e privados que permanecem, em parte, nos dias de hoje, como

preciosas joias no seio de uma urbanidade corrida e pouco atrativa em algumas frações

territoriais. Durante o século XX, para além de uma diminuição na construção de novos

jardins, regista-se uma redução na estrutura verde devido ao acentuado crescimento urbano

e aos sucessivos planos de ordenamento que não evitaram a sua acentuada fragmentação e

descontinuidade (Monteiro e Madureira, 2000; Andresen e Marques, 2001).

Fruto da evolução histórica, o Porto possui atualmente uma rede de espaços verdes (Figura

1), distribuídos por mais de 300 ha e abrangendo tipologias diversas, com um papel

essencial enquanto elementos promotores da qualidade de vida urbana, de encontro social e

cultural ou da evocação de memórias, mas também como fatores de interesse turístico, em

particular os jardins históricos que têm uma expressão considerável neste território.

Fig. 1 Carta Verde do concelho do Porto

Fonte: Quintas (2013)

Espaços como o parque da Cidade, as quintas de recreio, os jardins públicos e privados até

aos arruamentos densamente arborizados de reconhecido valor cultural e paisagístico

devem constituir um vetor de promoção da cidade a nível turístico numa base cooperativa e

integrativa. Ramos (2010) aponta em particular o parque da Cidade, os jardins do Palácio

de Cristal e os jardins de Serralves como áreas verdes que representam uma forte

Paper1644 4

PLURIS

2018

- A

rtigo

em a

valia

ção

Page 5: O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO NA ... - Universidade do Minho · particular os jardins históricos que têm uma expressão considerável neste território. Fig. 1 Carta Verde do concelho

atratividade metropolitana associada ao seu valor patrimonial, histórico e paisagístico.

Neste momento, entre o vasto conjunto de circuitos turísticos recomendados pelo

VisitPorto, encontram-se os circuitos pedestres “Rota Romântica”, “Rota Histórica”, “Rota

Atlântica” e “Rota Botânica”, o circuito rodoviário “Parques & Jardins Tour em Segway” e

recomenda ainda o roteiro “Porto, cidade das camélias” realizado num período específico

do ano.

3.1 O Parque de Serralves

O Parque de Serralves, localizado na zona ocidental da cidade do Porto, é um exímio

exemplar do início do século XX com raízes no século XIX, constituindo o remate da

história das quintas de recreio no Porto. De linhas modernistas, este parque inclui também

alguns aspetos de características românticas, espelhando o gosto do final do século XIX,

eclético e pitoresco (Figuras 2 e 3), pelo que constitui desta forma uma ponte entre o

neoclassicismo e a modernidade, uma unidade temporal e espacialmente complexa (Segall,

1999; Andresen e Marques, 2001; FS, 2002). O projeto para o jardim da Casa de Serralves

foi encomendado pelo 2º Conde de Vizela ao arquiteto paisagista françês Jacques Gréber

em 1932 tendo sido concluído na década de 1940. A quinta foi adquirida pelo Estado em

1986 e restaurada sob direção da arquiteta paisagista Maria Teresa Andresen (1987/1988),

abrindo ao público e pertencendo à Fundação de Serralves desde 1989 (FS, 2002; Andrade,

2009). No final do século XX com a implantação do museu foi construído o jardim

adjacente e o jardim das aromáticas. Um valioso património histórico e cultural distribuído

por uma propriedade de 18 ha que engloba o Museu de Arte Contemporânea, a Casa de

Serralves, exemplar único de Art Déco, o Parque e a Quinta Pedagógica.

Fig. 2 e 3 Parque de Serralves – Parterre central e Bosque do lago

Fonte: Autores (2013)

Importante representante da arte paisagista em Portugal, o parque de Serralves figura na

restrita lista de jardins a visitar em Portugal (30 no total) do GardenVisit, o mais relevante

site internacional especializado em jardins e assuntos relacionados, e ainda na reputada

escolha de Madison Cox, no seu livro The Gardener’s Garden, como um dos 250 jardins

mais notáveis do mundo posicionando-se ao lado de nomes como o Taj Mahal, Kew

Gardens, Versailhes, Alhambra, High Line de Nova Iorque ou o Jardim de Burle Marx. O

seu valor excecional valeu-lhe a classificação de Imóvel de Interesse Público em 1996,

sendo-lhe reconhecido valor cultural, arquitetónico e paisagístico de importância nacional

com a reclassificação para Monumento Nacional em 2012 (Silva, 2016).

Paper1644 5

PLURIS

2018

- A

rtigo

em a

valia

ção

Page 6: O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO NA ... - Universidade do Minho · particular os jardins históricos que têm uma expressão considerável neste território. Fig. 1 Carta Verde do concelho

Serralves possui um conjunto heterogéneo de argumentos (museu, casa, parque, quinta,

eventos diversos) que o colocam numa posição destacada no seio da oferta turística da

cidade do Porto e da própria região Norte, e capaz de ultrapassar recordes de visitação ano

após ano, sendo neste momento a atração mais visitada da cidade, seguida da Torre dos

Clérigos. A Fundação no seu todo ultrapassou a cifra dos 500 mil visitantes anuais em

2015, tendo registado quase 700 mil em 2016 (visitantes do museu e do parque,

espectadores de artes performativas, participantes do serviço educativo, participantes do

evento Serralves em Festa, participantes de eventos corporativos e os leitores da biblioteca)

(FS, 2017). Os dados de visitação disponibilizados para o Parque revelam uma média de

cerca de 160 mil visitantes anuais no período de 2003 a 2013 (Silva, 2016).

A repercussão da sua atratividade no território manifesta-se a vários níveis, nomeadamente

na imagem e na própria economia. As conclusões do estudo realizado pela Fundação

Serralves (2013) revelam que esta contribuiu para a transformação da imagem da cidade,

que passou a ser identificada com modernidade, vanguarda e criatividade, sendo Serralves

um símbolo da cidade que detém um papel relevante na internacionalização do Porto, do

mesmo modo que demonstrou o impacto da sua atividade cultural sobre a economia da

cidade e da região e o seu papel relevante enquanto agente económico já que em 2010, a

atividade de Serralves gerou um impacto global sobre o PIB de cerca de 40,6 milhões de

euros, tendo a sua notoriedade sido avaliada em 6,7 milhões de euros.

4 METODOLOGIA

Com o objetivo de conhecer o perfil sociodemográfico e económico dos visitantes assim

como as características da visita deste parque englobando aspetos tão importantes como

interesses, motivações, hábitos de visita e comportamentos, para além do percurso de visita

na cidade, foi aplicado um inquérito por questionário a 333 visitantes, de forma presencial

e disponibilizado ainda por via online, durante o período de um ano (março de 2013 a

fevereiro de 2014), tendo sido determinada uma amostra para cada mês a recolher com

base nos dados dos visitantes totais do parque correspondentes ao bilhete museu + parque

e bilhete parque para o período de 2005 a 2012, ao que se acrescenta um questionário

aplicado ao responsável pelo espaço. A informação foi tratada, inserida numa base de

dados e analisada com recurso ao programa de análise estatística SPSS.

5 OS VISITANTES E A VISITA AO PARQUE DE SERRALVES

5.1 O perfil geral do visitante e as especificidades entre grupos de visitantes

Em linhas gerais a amostra era composta sobretudo por visitantes de nacionalidade (62%) e

residência (60%) estrangeira distribuídos por mais de vinte nacionalidades e quase trinta

países de residência diferentes, com destaque absoluto para a França em ambos os casos,

assumindo posição destacada a área geográfica da Europa com mais de 50% do mercado

de origem dos visitantes, uma posição residual o continente americano e asiático, irrisória

o da Oceânia e nula o africano. Tal facto é revelador, por um lado, do elevado grau de

internacionalização de Serralves, por outro, dos mercados mais fortes e mais débeis. Os

visitantes de origem nacional representavam 38% da amostra, alcançando os 40% em

termos de residentes no país, em particular no Porto e em Lisboa, muito embora se registe

também uma dispersão da atratividade deste parque para lá destas duas cidades, ou seja, os

visitantes de Serralves deslocam-se de áreas difusas cobrindo todo o território nacional em

termos de NUTS II.

Paper1644 6

PLURIS

2018

- A

rtigo

em a

valia

ção

Page 7: O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO NA ... - Universidade do Minho · particular os jardins históricos que têm uma expressão considerável neste território. Fig. 1 Carta Verde do concelho

O turista foi o tipo de visitante mais frequente (70%) sendo os restantes 30% da amostra

respeitantes a day-trippers. Regista-se ainda uma supremacia do público feminino (62%)

em relação ao masculino (38%); dos que se situam no escalão etário dos jovens-adultos

(18-39 anos) com 47% e no dos adultos (40-64 anos) com 43%, apresentando uma média

de idade a rondar os 43 anos; dos que apresentam habilitações académicas superiores

(84%) e com uma condição económica ativa/empregada (74%), em particular no grupo 2 –

especialistas das atividades intelectuais e científicas (50%), mormente o sub-grupo dos

arquitetos, dos especialistas em engenharia, dos professores do ensino básico/secundário e

superior e dos artistas, havendo ainda a destacar os cerca de 12% de

estudantes/investigadores que compõem a amostra.

Não obstante este perfil global traçado registam-se algumas diferenças entre por exemplo

turistas e day-trippers. No fluxo de turistas (70%), a maior parte com residência

internacional e alegando estar de férias de cariz cultural, a percentagem mais expressiva

proveio de França (26%), Espanha (10%), Reino Unido e Holanda (9% cada um). Os

turistas com residência nacional representavam 15% dos inquiridos, mais de metade

residente na Área Metropolitana de Lisboa. Já o fluxo de day-trippers (30%) detém quase

em exclusivo residência nacional, a grande maioria na própria cidade do Porto (39%) e

mais de metade na área metropolitana, justificando-se, portanto, o simples passeio

recreativo (66%) como o principal motivo da saída de casa apontado por este grupo de

inquiridos. Estes dados revelam que o parque, embora de acesso pago, faz parte da

vivência social da população deste território. Acrescenta-se ainda a prevalência de público

das faixas etárias adulta/idosa e consequentemente mais reformados em termos relativos,

com qualificações mais elevadas (cerca de 90% com ensino superior, dos quais 40% com

mestrado e 8% com doutoramento) entre os turistas; e mais jovem e menos qualificado

(73% no ensino superior, destacando-se 44% com licenciatura) entre os day-trippers.

Verifica-se uma representatividade relativa maior de arquitetos, professores e artistas entre

os turistas comparativamente com os day-trippers.

No que diz respeito aos hábitos gerais de lazer e turismo, os inquiridos assumem a leitura

(56%) e andar/caminhar (54%) como as principais atividades lúdicas praticadas, ocupando

a jardinagem uma posição diminuta no cômputo geral ao ser referenciada por apenas 17%

dos inquiridos. Os museus (75%) e o património construído (73%) constituem as atrações

turísticas que mais visitam, já os jardins e parques (históricos ou não) ocupam a 5ª posição

no seio do conjunto de atrações disponível tendo sido referidos por 38% dos visitantes. O

elevado nível intelectual assim como a alta sensibilidade e propensão cultural e natural

caracterizam esta amostra.

Em termos de práticas mais específicas sobre jardins é curioso notar que pouco mais de

metade da amostra (51%) referiu não possuir jardim em casa e nem ter o costume de

praticar jardinagem, não obstante cerca de 65% ter admitido o gosto por esta atividade e

quase 70% ser visitante habitual de jardins (31% pelo menos uma vez por mês). Desta

forma, não será estranho que o tipo de visitante não revele um interesse específico por

estes espaços e temáticas. Pelo contrário, mais de metade (55%) autodefiniu-se como

visitante que busca apenas um dia/tempo agradável e bem passado, a maior parte (61%)

proveniente do estrato etário dos jovens-adultos (18-39 anos), cerca de 34% revelou um

interesse geral por jardins, flores e plantas e apenas 17% um interesse mais específico por

botânica, jardins e o seu design, com uma representação superior entre os visitantes adultos

(40-64 anos).

Paper1644 7

PLURIS

2018

- A

rtigo

em a

valia

ção

Page 8: O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO NA ... - Universidade do Minho · particular os jardins históricos que têm uma expressão considerável neste território. Fig. 1 Carta Verde do concelho

5.2 A visita: percursos, motivos, hábitos e comportamentos

A multifuncionalidade e a diversidade dos centros urbanos materializa-os enquanto

destinos privilegiados da experiência de visita multi-attraction (Hunt e Crompton, 2008). É

pois mais do que natural que o visitante, em particular o turista, limitado em tempo, inclua

várias atrações no seu itinerário, tal como defende Mansfeld (1990, citado em Koo et al.,

2012). O estudo feito em Serralves (Silva, 2016) mostrou esta mesma tendência, onde

56% da amostra declarou que este não fora a principal razão da saída de casa, embora seja

importante mencionar os cerca de 27% de visitantes cujo parque foi o único destino

daquele dia, grande parte day-trippers. São em número mais expressivo aqueles que

afirmaram visitar outros locais depois do parque (57%) do que aqueles que indicaram ter

visitado outras atrações antes do parque (38%), constatando-se que este faz parte de um

circuito de visitação condizente sobretudo com os turistas que se encontram de férias.

Serralves posiciona-se assim na rota após a visita à Casa da Música (28%), ao próprio

Museu/Fundação Serralves (14%), à Baixa/Centro Histórico no seu todo e à Sé/Catedral do

Porto em particular, cada um mencionado por 8% dos inquiridos. De entre o conjunto de

espaços referidos pelos visitantes surgem três jardins nos percursos anteriores ao parque –

os jardins do Palácio de Cristal (4%), o Botânico do Porto (3%) e o parque da Cidade

(2%). Depois do Parque de Serralves os inquiridos visitam com mais frequência a Casa da

Música (15%), a Baixa/Centro Histórico (13%) no geral, e em particular a Torre dos

Clérigos e a Sé (ambas com 7%), a Zona e Cais da Ribeira (12%) e ainda as Caves de

Vinho do Porto (11%) na margem de Gaia. No percurso posterior ao parque repetem-se os

mesmos jardins. Na Figura 4 desenharam-se os fluxos/movimentos dos visitantes sendo

possível individualizar no território quatro eixos principais, com densidades diferentes,

dentro dos quais circulam os visitantes: i) Serralves – Baixa/Centro Histórico/Ribeira –

Serralves; ii) Serralves – Boavista – Serralves; iii) Serralves – Gaia – Serralves e iv)

Serralves – Foz – Serralves (Silva, 2016).

Fig. 4 Atrações/Locais antes e depois da visita ao Parque de Serralves, no dia da

realização do questionário

Fonte: Silva (2016)

Paper1644 8

PLURIS

2018

- A

rtigo

em a

valia

ção

Page 9: O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO NA ... - Universidade do Minho · particular os jardins históricos que têm uma expressão considerável neste território. Fig. 1 Carta Verde do concelho

Na perspetiva de Connell (2002), a matriz de motivações da visita a jardins é complexa e

fragmentada, resultante da combinação de um conjunto de fatores, uns de ordem mais

pessoal, outros relacionados com as características e gestão da atração. Na avaliação dos

motivos de visita ao parque de Serralves foi confirmada essa premissa, não obstante alguns

surgirem amplamente destacados. De acordo com a Tabela 1, foi pela paz, tranquilidade,

descanso que cerca de 49% dos inquiridos visitou o parque, 40% referiram o bom tempo

para passear e 35% foram motivados pelo ambiente natural. Reconhece-se, portanto, que

os visitantes procuram este espaço sobretudo porque lhes proporciona momentos de bem-

estar ao nível da tranquilidade, descanso e sossego e porque lhes permite estar em contacto

com a natureza, ou uma construção dela, o que é revelador de uma “busca pelo verde” e do

desejo de reforçar o vínculo com a natureza, em particular em ambiente urbano, onde este

“verde” vai escasseando. Na categoria Outro(s) há a realçar a razão relacionada com o(s)

elemento(s) associado(s) ao jardim, no caso destaca-se o museu, que foi mencionado por

13% da amostra total que, na perceção do seu gestor, é o motivo principal da visita ao

parque a par da sua fama e importância e do contacto com a natureza.

Vale a pena referir que, para além do motivo paz, tranquilidade, descanso que é

transversal aos diversos grupos de visitantes, no grupo dos turistas destaca-se também o

motivo admirar cenário e atmosfera que constitui, de igual modo, o principal motivo no

grupo dos visitantes com interesse específico; enquanto que no conjunto dos day-trippers e

dos visitantes que buscam apenas um dia/tempo agradável o bom tempo para passear

sobrepôs-se aos restantes, já no grupo dos visitantes com interesse geral é valorizado

sobretudo o ambiente natural. Refira-se que, não obstante terem um peso relativo bastante

baixo, os motivos relacionados com as diferentes espécies florísticas e arquitetura/design

do jardim detêm uma prevalência superior entre os turistas, os visitantes com interesse

específico e os estratos etários adulto/idoso, sendo que o primeiro tem maior

representatividade no grupo masculino e o segundo no grupo feminino.

Tabela 1 Motivos da visita ao Parque de Serralves (%) (total e por grupos de

visitantes)

Motivos Total

Grupos de Visitantes

Turistas Day-

trippers

Interesse

geral

Interesse

específico

Dia

agradável

Ocupação de tempos livres 25,8 22,3 34,0 20,0 13,2 33,5

Ambiente natural 35,4 35,2 36,0 39,0 28,9 35,3

Paz, tranquilidade, descanso 48,9 48,5 50,0 60,0 36,8 49,4

As diferentes espécies 7,2 8,2 5,0 8,0 13,2 4,1

Bom tempo para passear 39,6 35,6 49,0 38,0 26,3 46,5

Arquitetura/design 9,0 12,4 1,0 8,0 21,1 4,7

Fama do jardim 25,2 28,8 17,0 35,0 13,2 23,5

Admirar cenário e atmosfera 31,2 36,1 20,0 37,0 44,7 25,3

Passar tempo de qualidade 27,6 23,2 38,0 27,0 15,8 30,6

Simples curiosidade 24,0 30,9 8,0 27,0 15,8 21,8

Restantes motivos 24,9 21,0 34,0 23,0 21,1 27,1

Outros 25,5 26,2 24,0 22,0 31,6 25,3

No que diz respeito a hábitos, consumos e comportamentos trata-se de uma visita planeada

(76%) com alguma antecipação (43% esta semana), embora a decisão mais imediata

também seja frequente (35% no próprio dia); que o público que visita pela primeira vez

(69%) suplanta o público repetente (31%), correspondendo na sua grande maioria a day-

trippers/residentes nacionais (73%) que visita com uma frequência anual (46%) e

essencialmente ao fim de semana (45%); que a visita tem uma duração entre 1 a 2 horas

Paper1644 9

PLURIS

2018

- A

rtigo

em a

valia

ção

Page 10: O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO NA ... - Universidade do Minho · particular os jardins históricos que têm uma expressão considerável neste território. Fig. 1 Carta Verde do concelho

(47%) sendo que as mais extensas têm uma representatividade superior entre os turistas;

que é realizada sobretudo na companhia do cônjuge (39%) e de amigos (26%), verificando-

se em particular a primeira situação também entre os turistas e a diminuta proporção de

solitários (10%); e ainda que fotografar (76%), conversar (61%) e observar plantas (52%)

são as principais atividades realizadas no parque pelos inquiridos, tendo a primeira e

terceira uma prevalência entre os turistas e a segunda entre os day-trippers. Acrescenta-se

que apenas 27% dos visitantes se ficou apenas pela visita ao jardim, a maior parte day-

trippers, já os restantes, para além do parque, usufruiram das outras atrações deste

complexo cultural, mormente o museu (56%), a Casa de Serralves (23%) e a quinta (21%).

Quase 60% da amostra utilizou algum dos equipamentos disponíveis no espaço,

destacando-se a casa de chá (49%) inserida no próprio parque sendo baixa a proporção de

visitantes que afirma conhecer o programa de atividades disponíveis (26%) e participar em

algumas delas (13%).

6 NOTAS FINAIS

Os parques e jardins localizados em meio urbano, considerados indispensáveis na

estruturação da cidade moderna, têm sido reconhecidos como meio essencial na

manutenção de ecossistemas saudáveis, no aumento da qualidade de vida, na promoção de

uma relação harmoniosa entre Homem e Natureza e, em última instância, no alcance da

desejada sustentabilidade urbana (Loboda e De Angelis, 2005). Mas não só. Os jardins

tornaram-se atrações turísticas cada vez mais populares e amplamente visitadas,

verdadeiros fenómenos de acordo com vários autores (Connell, 2002; Benfield, 2013) que,

com uma expressão significativa, integram cada vez mais as sugestões de visita dos

territórios numa lógica de diversificação da oferta e de procura de novas identidades.

O Porto é, nos dias que correm, uma cidade marcada pela multiplicidade, de consumos e de

ofertas. Embora seja notório que a imagem da cidade do Porto está fortemente alicerçada

na sua componente histórica e intimamente ligada a determinados ícones patrimoniais que

a tornam bastante atrativa do ponto de vista turístico, percebe-se que de forma crescente e

consistente, tem havido uma reconfiguração iconográfica marcada pelo desenvolvimento

de uma vertente mais plural, diversificada, criativa, contemporânea e cosmopolita, sem

contudo anular a vertente histórica, naturalmente dominante, que alimenta os fluxos

turísticos que o Porto vem acolhendo, cada vez mais densos e mais complexos.

O seu património paisagístico materializado na vasta rede parques e de jardins está bem

posicionado para integrar esta vertente mais pluralista e inovadora no sentido de

proporcionar experiências únicas no turismo urbano, no entanto é necessário reforçar esta

lógica de articulação no seio do próprio património paisagístico e entre os diversos

patrimónios. Serralves é um agente ativo do sistema urbano e no turismo da cidade

constituindo-se, na opinião de Ramos (2010), como fulcral para a imagem de um Porto

cosmopolita que extravasa os contornos do Centro Histórico, que não pode nem deve ser a

única bandeira da cidade.

A gestão estratégica do turismo no espaço urbano implica o conhecimento da realidade em

questão, pois só assim será possível intervir de forma adequada no espaço, potenciando os

benefícios do turismo e garantindo o aumento de competitividade, de resiliência e a

sustentabilidade futura. O conhecimento das características da procura do parque de

Serralves é um exercício de diagnóstico fundamental não só para o próprio enquanto

espaço individual, mas para o espaço urbano e turístico mais amplo do qual faz parte

Paper1644 10

PLURIS

2018

- A

rtigo

em a

valia

ção

Page 11: O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO NA ... - Universidade do Minho · particular os jardins históricos que têm uma expressão considerável neste território. Fig. 1 Carta Verde do concelho

integrante, objetivando a implementação de estratégias e iniciativas de qualificação,

dinamização e promoção de propostas de valor assim como de captação de novos nichos,

assentes numa base de atuação organizada, coordenada, coerente e inclusiva.

7 REFERÊNCIAS

Andrade, I. El-J. (2008) Construção e desconstrução do conceito de jardim histórico,

Risco, 8(2), 138-144.

Andrade, S. C. (2009) Serralves: 20 anos e outras histórias, Fundação de Serralves, Porto.

Andresen T. e Marques T. (2001) Jardins Históricos do Porto, Edições Inapa, Lisboa.

Araújo, I. (1979) Jardins, Parques e Quintas de Recreio no Aro do Porto, Separata da

Revista de História, Volume II – Centro de História da Universidade do Porto, Porto.

Ashworth, G. e Tunbridge, J. (2000) The Touristic-Historic City: Retrospect and Prospect

of Managing the Heritage City, Elsevier Science, Oxford.

Benfield, R. W. (2013) Garden Tourism, CABI Publishing, Wallingford.

Chaudrhry, P. e Tewari, V. (2010) Role of Public Parks/Gardens in Attracting Domestic

Tourists: an Example from City Beautiful of India, Tourismos, 5(1), 101-109.

Connell, J. (2002) A Critical Analysis of Gardens as a Resource for Tourism and

Recreation in the UK, PhD Thesis in Philosophy, University of Plymouth, Department of

Geographical Sciences, Faculty of Science, Plymouth, UK.

Doolittle, W. (2004) Gardens Are Us, We Are Nature: Transcending Antiquity and

Modernity, The Geographical Review, 94(3), 391-404.

FS (2002) Serralves: a Fundação, a Casa e o Parque, o Museu, o Arquitecto, a Colecção, a

Paisagem, Edições ASA, Porto.

FS (2013) Impacto Económico da Fundação de Serralves no âmbito do Projeto

Improvisações/Colaborações, Fundação de Serralves & Porto Business School, Porto.

FS (2017) Relatório e Contas 2016, Fundação de Serralves, Porto.

Henriques, E. B. (2003a) Cultura e Território, das Políticas às Intervenções. Estudo

geográfico do património histórico-arquitectónico e da sua salvaguarda, Tese de

Doutoramento em Geografia Humana, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,

Lisboa.

Henriques, E. B. (2003b) A Cidade, Destino de Turismo, Revista da Faculdade de Letras –

Geografia, I série, vol. XIX, Porto.

Henriques, C. (2003c) Turismo, Cidade e Cultura – Planeamento e Gestão Sustentável,

Edições Sílabo, Lisboa.

Paper1644 11

PLURIS

2018

- A

rtigo

em a

valia

ção

Page 12: O PATRIMÓNIO PAISAGÍSTICO NA ... - Universidade do Minho · particular os jardins históricos que têm uma expressão considerável neste território. Fig. 1 Carta Verde do concelho

Hunt, M. e Crompton, J. (2008) Investigating Attraction Compatibility in an East Texas

City, International Journal of Tourism Research, 10(3), 237-246.

INE (2017) Anuário Estatístico da Região Norte 2016, Instituto Nacional de Estatística,

Lisboa.

INE (2018) Passageiros desembarcados (N.º) nos aeroportos por Localização geográfica,

Tipo de tráfego e Natureza do tráfego; Mensal, Instituto Nacional de Estatística, Lisboa,

Disponível em: https://ine.pt/ [Acedido 23 abril 2018].

Jong, R. (2001) Jardines Históricos y Paisajes Culturales: nuestro patrimonio ambiental. La

experiencia de Europa del Norte, Actas del Seminario Internacional Los Jardines

Históricos: Aproximation Multidisciplinaria, Manzana de las Luces, Buenos Aires,

Argentina, 17-20 de outubro 2001.

Koo, T., Wu, C. e Dwyer, L. (2012) Dispersal of visitors within destinations: Descriptive

measures and underlying drivers, Tourism Management, 33(5), 1209-1219.

Loboda, C. e De Angelis, B. (2005) Áreas Verdes Públicas Urbanas: Conceitos, Usos e

Funções, Ambiência – Revista do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais,1(1), 125-139.

Monteiro, A. e Madureira, H. (2000) Os Corredores Verdes são ainda uma Possibilidade

ou apenas mais uma Utopia no Porto? Reflexão em Torno da sua Importância para o

Contexto Climático Local e Regional”, in J. R. Machado (org.), Corredores Verdes, FCT,

Lisboa.

Peixoto, P. (2003) Centros históricos e sustentabilidade cultural das cidades, Actas do

Colóquio A Cidade entre Projectos e Políticas, Faculdade de Letras da Universidade do

Porto, 30 junho 2003.

Quintas A. (2013) Desenho e Avaliação da Estrutura Verde Urbana. Modelo de

implementação para a promoção da qualidade de vida e valorização da paisagem urbana,

Tese de Doutoramento em Arquitetura Paisagista, Faculdade de Ciências da Universidade

do Porto, Porto.

Ramos, C. I. M. S. (2010) Turismo urbano. A paisagem cultural do Porto, Dissertação de

Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural, Faculdade de Letras da

Universidade de Coimbra, Coimbra.

Segall, B. (1999) Gardens of Spain and Portugal – a touring guide to over 100 of the best

gardens, Mitchell Beazley, London.

Silva, S. (2016) Lazer e Turismo nos Jardins Históricos Portugueses. Uma Abordagem

Geográfica, Tese de Doutoramento em Geografia, Faculdade de Letras da Universidade de

Coimbra, Coimbra.

Weiss, A. S. (2011) Miroirs de l'infini: Le jardin à la française et la métaphysique au

XVIIe siècle, Seuil, Paris.

Paper1644 12

PLURIS

2018

- A

rtigo

em a

valia

ção