o pastor e os desafios da nova liturgia

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O PASTOR E OS DESAFIOS DA NOVA LITURGIA. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. João 4:23-24 Liturgia Definição e história Dificuldades quanto ao tema: Nosso tema não é de fácil trato. Falar sobre Liturgia já não é costumeiro, sobre a nova liturgia mais difícil ainda pois, qual é a velha? No meio batista é muito difícil encontrar literatura, ou ensino definitivo. A palavra liturgia soa estranha aos ouvidos de muitos evangélicos atuais. Para eles, esse termo sugere um culto excessivamente formal, rígido e sem vida, mero tradicionalismo herdado do passado. (Alderi Souza de Matos - Rev. Ultimato 322) - “entre os batistas há muita diversidade nos cultos. Os batistas nunca foram rígidos quanto ao modelo de adoração coletiva. Insistimos não apenas na liberdade da eclesiologia, mas também na liturgia.”(Paul Basden, Estilos de Louvor - p.38) - (ilust.) -"Onde está Deus? - Uma mãe com dificuldades na educação de dois filhos travessos, pede ajuda pro pastor. Esse pergunta pra um deles: - Menino, onde está Deus? O menino assustado sai correndo em busca do outro irmão e avisa: - Estamos encrencados. Deus sumiu, e eles pensam que fomos nós! Definindo o termo liturgia: Sila Rabello, Seminário Teológico Nazareno: A palavra “Liturgia” vem da língua grega “Leitourgeo”. Significa um serviço feito para o povo, servir publicamente em serviço sagrado. Dentro desta palavra existem dois vocábulos: “Ergon” = trabalho. “Laós” = povo. Unindo as palavras temos “serviço ao povo”. (FREDERICO.Denise C.S. “O Que é Liturgia?” MK.Ed. RJ. 2005.p.23) “Liturgia é o culto público oficial de uma igreja com o seu ritual.” Nemuel Kessler “Leitourgos”, no âmbito religioso, era quem se dedicava exclusivamente ao serviço do templo quer na ordem cerimonial e ritual quer na manutenção e administração do imóvel, dos móveis e dos objetos consagrados a Deus e destinados ao culto.” Onézio Figueiredo, O Culto Opúsculo II , p. 3

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Mensagem que preguei na Ordem dos Pastores Batistas em Sorocaba, dia 17/07/2013

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Page 1: O pastor e os desafios da nova liturgia

O PASTOR E OS DESAFIOS DA NOVA LITURGIA.

Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito

e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

João 4:23-24

Liturgia – Definição e história

Dificuldades quanto ao tema:

Nosso tema não é de fácil trato. Falar sobre Liturgia já não é costumeiro, sobre a nova

liturgia mais difícil ainda pois, qual é a velha? No meio batista é muito difícil encontrar

literatura, ou ensino definitivo.

A palavra liturgia soa estranha aos ouvidos de muitos evangélicos atuais. Para eles, esse

termo sugere um culto excessivamente formal, rígido e sem vida, mero tradicionalismo

herdado do passado. (Alderi Souza de Matos - Rev. Ultimato 322)

- “entre os batistas há muita diversidade nos cultos. Os batistas nunca foram rígidos

quanto ao modelo de adoração coletiva. Insistimos não apenas na liberdade da

eclesiologia, mas também na liturgia.”(Paul Basden, Estilos de Louvor - p.38)

- (ilust.) -"Onde está Deus? - Uma mãe com dificuldades na educação de dois filhos

travessos, pede ajuda pro pastor. Esse pergunta pra um deles: - Menino, onde está Deus?

O menino assustado sai correndo em busca do outro irmão e avisa: - Estamos

encrencados. Deus sumiu, e eles pensam que fomos nós!

Definindo o termo liturgia:

Sila Rabello, Seminário Teológico Nazareno:

A palavra “Liturgia” vem da língua grega “Leitourgeo”. Significa um serviço

feito para o povo, servir publicamente em serviço sagrado. Dentro desta palavra

existem dois vocábulos: “Ergon” = trabalho. “Laós” = povo. Unindo as palavras

temos “serviço ao povo”.

(FREDERICO.Denise C.S. “O Que é Liturgia?” MK.Ed. RJ. 2005.p.23)

“Liturgia é o culto público oficial de uma igreja com o seu ritual.”

Nemuel Kessler

“Leitourgos”, no âmbito religioso, era quem se dedicava exclusivamente ao serviço do

templo quer na ordem cerimonial e ritual quer na manutenção e administração do

imóvel, dos móveis e dos objetos consagrados a Deus e destinados ao culto.”

Onézio Figueiredo, O Culto – Opúsculo II , p. 3

Page 2: O pastor e os desafios da nova liturgia

Rubem Amorese, em Louvor, Adoração e Liturgia,

A palavra liturgia vem do grego leitourgia, que quer dizer “função pública”,

também ligada ao serviço prestado aos deuses. Adotado pelo latim medieval, o

termo virou litur gia, significando culto público.

Na adoração secreta, pessoal, a liturgia não faz sentido, pois a organização das

ações não requer uma ordem formal. Esta se faz necessária quando outras

pessoas passam a ser envolvidas no processo. Assim, a liturgia nada mais é que

uma ordem empregada ao culto público, de forma a evitar o caos que reinaria

caso ela não existisse. No início da igreja cristã, ela surge rudimentar, nas

reuniões dominicais nos lares, apropriando-se de elementos do culto judaico.

Aos poucos, com o aparecimento das igrejas (templos),adquire elaboração mais

complexa e formal, chegando a ter sua ordem publicada. Essa ordem acaba por

estender-se ao calendário anual de atividades da igreja.

Necessidade da liturgia: Rubem Amorese, em Louvor, Adoração e Liturgia,

Como em qualquer planejamento de atividades coletivas, o sentido do que se faz

é importante. A liturgia tem sua importância no culto por sua função de dar

sentido, de ordenar compreensivelmente as diversas etapas e os ritos que

compõem um ritual.

Uma liturgia mal elaborada pode conspirar contra a beleza da celebração e

prejudicar a compreensão e a participação no culto, tornando-o truncado e

cansativo. Uma liturgia bem elaborada considera aspectos tanto devocionais

quando de comunicação; tanto o conteúdo quanto a forma; tanto a informalidade

quanto a reverência.

Vale mencionar ainda o caráter funcional da organização litúrgica. Ou seja, ela

deve ser elaborada no sentido de facilitar os propósitos da celebração

comunitária. Em particular, ela deve ser avaliada pela maneira como cumpre ou

não três funções principais:

1) confirmação das crenças do grupo; (unidade doutrinaria)

2) reforço dos seus alvos (adoração, comunhão e ministério); e

3) reforço da identidade comunitária e da cultura particular do grupo.

(identidade, unidade denominacional)

Para Luiz Carlos Ramos (Rev. Metodista, prof. da FaTeo, SBC) liturgia deve ser

compreendida como uma vida de serviço à Causa Divina. Isso faz da liturgia um

conjunto harmonioso de palavras, gestos e expressões que orientam e desafiam a

comunidade celebrante a aperfeiçoar o seu testemunho cristão. Assim,

pedagogicamente, a liturgia deixa de ser mera questão formal, para exercer um

verdadeiro papel profético, desafiando a cada celebrante a transformar os passos

litúrgicos, contidos numa folha de papel, (ou uma parte do culto) em práticas do seu dia-

a-dia.

Page 3: O pastor e os desafios da nova liturgia

Historia...

A Bíblia é um livro que mostra o constante mover de Deus em direção ao homem, e a

resposta deste a Deus. Nesta busca do homem, ele cultua, e assim faz uso diverso de

atos litúrgicos.

- “O Antigo Testamento destaca a importância das coisas sagradas, representadas por

altares, utensílios, roupas, sacrifícios de animais, festas, comemorações, observância da

lei, circuncisão, cântico dos salmos e normas para os sacerdotes que serviam no templo.

(Basden, p.39)

- Muitos feitos no Antigo Testamento apontam para o serviço em busca do sagrado:

como locais e construções (os montes, ou vales, o tabernáculo, o Templo, ou até a

Torre, o Santuário), os encontros e reuniões (como as muitas festas instituídas, ou

assembléias em praça publica), os ornamentos e vestimentas sacerdotais; os altares

erigidos, ou sacrifícios oferecidos a Deus (ou deuses), os muitos detalhes sobre os

alimentos, as oferendas.

- No tocante ao cultuar temos muitas canções , salmos, danças e diversos instrumentos,

a leitura da Lei, as muitas orações de recitações que eram feita liturgicamente,

cerimônias e ritos diversos (como a circuncisão).

- Apesar de anunciar a Soberania e Grandeza de Deus, e de declarar a comunicação com

Deus, tais manifestações em geral transmitiam o distanciamento de Deus, ou a

interlocução com poucos indivíduos, com muitas exigências. (Como a própria lei era o

"aio", e tudo simbolizava ou apontava para Cristo, o Messias prometido).

Sabe-se que os primeiros cristãos mantinham seu costume, como judeus, de freqüentar

a sinagoga, aos sábados, para ouvir a leitura da Lei, dos Escritos e dos Profetas; e que,

no domingo, se reuniam nas casas para o “partir do pão” e celebrar a memória de Jesus.

Porém, à medida que os cristãos foram sendo expulsos das sinagogas, passaram a

concentrar no domingo a celebração da Palavra e da Mesa.

Dos relatos bíblicos e históricos, mencionados até aqui, podemos estabelecer um padrão

que dá o fundamento da liturgia cristã: a Celebração da Palavra e a Celebração da

Mesa. Quase todos os relatos têm em comum o fato de terem dois focos distintos e

complementares: a leitura e explicação da Palavra, de um lado, e a prática sacramental

do memorial instituído por Jesus, a eucaristia, ou Santa Ceia, ou ainda a Ceia do Senhor,

de outro. Pão e Palavra são, portanto, os pilares da liturgia. (Luiz Carlos Ramos -

Metodista)

"O culto cristão original foi extremamente simples, constando de orações, cânticos,

leituras do Antigo Testamento e das “memórias dos apóstolos”, exortações pelo

dirigente, coletas em prol dos carentes e celebração dos sacramentos, em especial a Ceia

do Senhor, ou Eucaristia. Logo depois, surgem fórmulas para certos elementos da

liturgia, como as belas orações eucarísticas existentes em um antigo manual eclesiástico

-- a “Didaquê”. Com o passar do tempo, a liturgia foi se tornando cada vez mais

padronizada, sendo usada com pequenas variações em todas as igrejas. O culto tinha

duas partes distintas: a Liturgia da Palavra, aberta a todos, e a Liturgia do Cenáculo,

somente para os batizados." (Alderi)

Page 4: O pastor e os desafios da nova liturgia

Depois de Constantino, já na Idade Média, o culto cristão tornou-se ritualístico e

aparatoso, perdendo a simplicidade original. Surgiram práticas desconhecidas dos

primeiros cristãos, como o uso de incenso, velas, orações pelos mortos e invocação dos

santos e de Maria. A língua utilizada era o latim e o celebrante dava as costas para o

povo, o que dificultava a comunicação e a compreensão do culto, e evidenciava a

diferença e distancia do clero e do leigo . O impacto sensorial e emocional da missa era

profundo, sendo intensificado pela rica arquitetura das Catedrais e decoração dos

templos. No entanto, havia pouca instrução bíblica e limitada edificação espiritual.

Os Reformadores movidos por convicções teológicas fizeram uma profunda

reformulação do culto e sua respectiva liturgia. As escrituras voltaram a ocupar lugar

destacado, a ceia deixou de ser um sacramento, uma ênfase no “sacerdócio de todos os

crentes” implicou maior participação dos fieis no culto a Deus, inclusive com a música

e uma liturgia na língua do povo. Agora, os pontos focais da liturgia eram o púlpito e a

mesa da comunhão.

Hoje, muitos evangélicos abandonaram por completo formas litúrgicas de culto. Talvez

isso fosse inevitável, por causa das transformações do protestantismo e da sociedade.

Todavia, chegou-se a uma situação em que, em nome da liberdade e da espontaneidade,

o culto se desvirtuou em muitas igrejas, sendo marcado pela irreverência,

superficialidade e preocupação prioritária com as necessidades humanas, e não com a

glória de Deus. Com isso, muitos crentes estão buscando igrejas que valorizam os

padrões bíblicos do culto e seguem a recomendação paulina à igreja de Corinto: “Tudo,

porém, seja feito com decência e ordem” (1Co 14.40).

DESAFIOS:

ALGUNS LIDERES BIBLICOS E NOSSOS DESAFIOS NA LITURGIA:

Tomarei alguns exemplos bíblicos de encontros com Deus, que podem nos ilustrar

alguns desafios que enfrentamos e nos faz refletir:

ABRAÃO:

É chamado por Deus, recebe uma grande promessa (Gn 12), é honrado com

vitórias, conquistas e riquezas, mas um dia é desafiado a entregar seu bem mais

precioso: Isaque, o filho da promessa (Gn 22).

Desafio: vivemos em dias de tanto egoísmo, de consumismo e de hedonismo

que nosso desafio é mostrar o valor da entrega, O culto tem sido lugar onde as

pessoas vão buscar algo para si mesmos: favores, bênçãos, alimento pra alma,

palavras de ânimo, música agradável (entreterimento) etc. É preciso ensinar a

entrega (do tempo, da inteligência, dos dons, do dinheiro, da vida).

O culto deve ser primariamente uma oferta a Deus, onde exige o devotar,

entregar, devolver a Ele gratidão por tudo o que recebemos durante a semana, os

dias, a vida. É uma resposta a tudo que Deus é, tem sido e feito em minha vida:

Page 5: O pastor e os desafios da nova liturgia

Como posso retribuir ao Senhor toda a sua bondade para comigo? Erguerei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor.

Cumprirei para com o Senhor os meus votos, na presença de todo o seu povo. Salmos 116:12-14

- Transliterando bem o texto, a resposta que posso dar ao Senhor por tudo o que

me tem feito, é erguer a taça e brindar de júbilo e cumprir tantas promessas que

fiz a Deus na hora de pedir algo. Cultuar, estar na presença de Deus é acima de

tudo brindar a Ele, com gratidão de coração.

Muitas coisas atraem os meus olhos, mas poucas coisas atraem o meu coração".

(Tim Reidmont)

MOISÉS:

Em MIDIÃ (Ex 3), no meio do deserto, o pastor solitário tem um encontro com

Deus de um modo extraordinário. A Sarça queimava e não se consumia, a voz

que atraiu, também exortou: o lugar é santo, sou um Deus santo.

Desafio: a secularização, ou mesmo da banalização do sagrado. Não sagrado

religioso ou fanático a respeito de feitos ou coisas, como o templo, os ritos, as

roupas, os dias etc. Sagrado aqui de reconhecer um Santo Deus, Transcendente,

que chama, fala, age, busca, que ordena sobre minha vida, que é e está acima de

tudo o mais, que merece mais que o respeito e admiração, mas toda devoção,

atenção e adoração. Ele é Santo.

No meio do caminho rumo a Canaã (Ex 32 e33), Moisés conversando com Deus

e recebendo os mandamentos. O povo lá embaixo em desobediência e

infidelidade, fazendo um bezerro-ídolo, e atribuindo ao ídolo o livramento que

Deus tinha dado. Deus faz a oferta de dar muitos benefícios para que sigam a

viagem sem Ele (anjos, terra produtiva, vitoria sobre inimigos- 33.1-3). Moisés

suplica a misericórdia e a presença do próprio Deus como prioridade da missão

(v.12-16).

Desafio de não perder o centro do culto e da vida: a presença do próprio Deus,

mais que as bênçãos dele. Hoje o culto é voltado em grande parte para o

mercado humano, e oferece proteção, curas, bênçãos, riquezas, orientações,

livramentos, etc. Não é errado buscar ou desejar tais coisas, desde que não

tomem o lugar do próprio Deus, não sejam o motivo de culto, de busca.

Você jamais saberá que Jesus é tudo de que você precisa, até Jesus ser tudo o

que você tem". (Max Lucado)

DAVI: 2Sm 6 e 1r 15 (Mens926)

O sonho de transportar a arca da aliança para Jerusalém se transforma em

pesadelo com a morte de Uzá. Mas Davi volta, aprende com o erro, faz certo, e

se alegra diante do Senhor, apesar dos contrariados.

O grande desafio da obediência com alegria. O equilíbrio entre fazer o certo, e se

rejubilar com isso. Uzá fez o dever de qualquer jeito, com improviso, por

obrigação. Se acostumou com a arca em sua casa e agiu com monotonia,

Page 6: O pastor e os desafios da nova liturgia

mecanicamente. Davi aprende, obedece as ordens de Deus sobre o culto, se

alegra e contagia os demais com sua alegria (v.14,15). O culto não deve ser

mecânico, monótono, por obrigação. Deve ser vivo, criativo, contagiante, e

acima de tudo, em obediência ao que Deus deseja - o culto é dele. O exemplo do

culto de Neemias (Nee 8).

ISAÍAS: chamado e esperança (cap.6)

Uma cena de culto majestosa, mas desafiadora. Um trono, Deus no centro,

serafins, pecado, santidade, chamado e dedicação. Mas a cena começa com "a

morte do rei Uzias", rei temente que no fim de sua história pecou diante de Deus

profanando o templo (2Cr 26). Ficou leproso. O chamado para o profeta

continua assim: pregue, mas não te ouvirão, serão todos destruídos, e só restará

"o toco queimado". Não desanime, a semente brotará do toco, e os evangelhos

relatam deste renascer do renovo do Senhor.

Desafio: nossos cultos devem servir para o chamado de crentes firmes e

perseverantes em seu chamado, e esperançosos, mesmo em tormentas, diante de

uma geração imediatista e triunfalista. Não estamos plantando alfaces, mas

carvalhos (Is 61). O nosso culto precisa fortalecer e encorajar nossos irmãos a

vencerem as dificuldades e problemas e firmarem-se no Senhor, e também

despertar a esperança na vida eterna, levantar os olhos e desejarem a eternidade,

a amarem “as coisas que são de cima” (Cl 3.1) mais que tudo o que possamos

apalpar ou segurar em nossas mãos.

Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos,

interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma

glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que

se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno. 2 Coríntios 4:16-18

Encontros com Deus em situações difíceis: Midiã (deserto) ou Patmos (prisão)

ou no vazio do templo em tempos de velório (Isaías): produzem esperança.

JESUS: Jo 4.1-26

Muitos poderiam ser o exemplo de Jesus quanto ao culto e seu modo, como

diante de Satanás mostrando firmeza (Mt 4), ou na transfiguração com os

discípulos, mas creio que o encontro com a Samaritana é marcante quanto ao

nosso tema.

O debate era sobre a forma, a hora e o lugar de adoração, ou seja, qual a liturgia

certa. Jesus alcança o profundo do coração da mulher, conversa com ela, entende

o seu sofrer, pede e oferece algo, relaciona-se ternamente com ela, ensina com

amor, exorta com firmesa e a transforma em propagadora de sua mensagem (ela

testemunha aos conhecidos de sua cidade). O cerne da mensagem de Jesus é que

todo encontro com Deus se dá "em espírito e verdade".

Nosso grande desafio é não "emoldurar" o espírito e a verdade em formas,

rituais, estruturas, modelos, ordens, programas, etc. Todos podem acontecer,

mas são tão somente instrumentos passageiros e efêmeros do conteúdo dinâmico

e poderoso do evangelho e do poder de Deus. Que culto é o certo? Conservador,

tradicional, histórico, avivado, liberal? Onde, que posição, qual a roupa, com

quem? Quantos? Que estrutura? Será?

Page 7: O pastor e os desafios da nova liturgia

O grande ensino de Jesus quanto ao encontrar com Deus e cultuá-lo, não está nas

formas, nas coisas, nos modelos, mas sim, nos relacionamentos sinceros, no

viver e demostrar profundamente o amor, o perdão, a longaminidade e todo o

fruto do Espírito, que promove a verdade e o verdadeiro encontro com Deus.

Gastamos tempo, dinheiro, atenção e tudo o mais nas formas e muitas vezes

esquecemos os fundamentos. Eis o grande desafio.

Quais os desafios que temos como pastores em relação aos nossos cultos, nossa liturgia,

nossos encontros com Deus?

Creio que são muitos, mas destaquei aqui:

- uma liturgia que evidencie a centralidade de Deus em nossos cultos;

- uma liturgia que promova a entrega, a consagração em vez das buscas;

- uma liturgia viva, obediente a Deus, jubilosa e criativa em cultuar a Deus e proclamar

a mensagem;

- uma liturgia que desperte sentido de vida, de missão e esperança e assim ajudo cristãos

a vencerem seus males;

- uma liturgia que não emoldure, enquadrade ou amarre o espírito de adoradores e não

contamine a verdade que recebemos.

Que Deus nos ajude a sempre cultuá-lo dignamente

Sorocaba, 17 de Julho de 2013

Pr Eliezer Ferreira de Almeida

PIB em Santa Fé do Sul/SP

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