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O papel
do mogno (Swietenia macrophylla King) no processo de
trocas gasosas entre biosfera e atmosfera
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPAGrupo de Pesquisas em Educação Ambiental - GPEA
Av. André Araújo, 2936, Petrópolis, CEP: 69083-00, Caixa Postal: 478 Manaus-AM
(92) 643-3145 e-mail: [email protected]
Equipe executora:
1) Aldair Gomes Lopes (1ª Série Ensino Médio), LíderR. São João, 44 – Coroado III – 69.082-260 – Manaus – AM(092) 644-1901, e-mail: [email protected]
2) Cligeam Almeida Trindade (2ª Série Ensino Médio)3) Luciana Rodrigues Barroso (8ª Série Ensino Fundamental)4) Luciano Rodrigues Barroso (8ª Série Ensino Fundamental)
Equipe de apoio científico:
1) MSc Rosana de Miranda Rocha, Líder, Manejo FlorestalRua São Francisco, 150, Santo Antônio CEP: 69030-000
(92) 643-1900 , e-mail: [email protected]) MSc Edgard Siza Tribuzy, Fisiologia3) MSc Liliane Martins Teixeira, Respiração de plantas4) MSc Roseana Pereira da Silva, Crescimento 5) Dr. Joaquim dos Santos, Biomassa florestal6) Dr. Niro Higuchi, Carbono da vegetação
Apoio Institucional:
1) Fernanda Dias Costa Bandeira Vieira (GPEA), responsávelAv. André Araújo, 2936, Petrópolis, CEP: 69083-000, Manaus-AM(92) 643-3145 e-mail: [email protected]
2) Dra. Maria Inês Gasparetto Higuchi, Educação Ambiental
Agradecimentos:
Dr. Antenor Pereira Barbosa, pelo fornecimento das mudas; MSc Ulisses M. dos Santos Jr., pela ajuda na interpretação de resultados e Evely Sevalho Bentes e MSc Vilany Matilla Carneiro, pela revisão do texto.
ENDEREÇO INTERNETwww.inpa.gov.br
Manaus-AM, 08 de maio de 2004
ii
ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS...........................................................................................iv
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................iii
2.4. Fotossíntese e Respiração da Folha................................................................................................... 13
A fotossíntese consiste basicamente na conversão da energia luminosa em energia química. Por meio desse fenômeno, os organismos clorofilados assimilam o carbono, na forma de gás carbônico, e transformam a energia luminosa em energia química, além de liberar gás oxigênio (Paulino, 2001) (Figura 6) . ................................................................................................................................................. 13
......................................................................................................................................................................13
2.4.2. Respiração da Folha.................................................................................................................... 14
3. OBJETIVOS...........................................................................................................................................16
3.1. Objetivo geral........................................................................................ 163.2. Objetivos específicos........................................................................... 16
4. METODOLOGIA:.................................................................................................................................17
4.1. Área de estudo...................................................................................... 175. RESULTADOS..............................................................................................................................21
Fotossíntese Bruta......................................................................................................................................21
9. Bibliografia Consultada.........................................................................................................................29
28
9. BIBLIOGRAFIA..............................................................................................29
10. ABREVIATURAS E SÍMBOLOS..................................................................31
11. EXPERIÊNCIAS E OBSERVAÇÕES ..........................................................32
12. ANEXO 1 .....................................................................................................33
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Esquema do efeito estufa...................................................................06
Figura 2: Composição química do ar.................................................................09
Figura 3: O ciclo do processo respiratório e fotossintético................................10
Figura 4: Balanço anual do carbono na Terra. .................................................12
Figura 5: Ciclo do carbono. ...............................................................................12
iii
Figura 6:A transformação de energia luminosa em energia química................13
Figura 7: Visão geral do mogno.........................................................................17
Figura 8: Visão das folhas de mogno................................................................. 17
Figura 9: Visão dos frutos e sementes do mogno. ...........................................18
Figura 10: Visão do tronco e da madeira do mogno..........................................18
Figura 11: Assimilação de CO2 das mudas de mogno (µmol.m-2.s-1) em relação
a taxa fotossintética sem separar os adicionais da taxa respiratória no
escuro................................................................................................................21
Figura 12: Composição da taxa da respiração da planta (emissão do CO2) e
fotossíntese (fixação de CO2) em µmol.m-2.s-1 .................................................22
iv
Resumo
O equilíbrio existente entre a biosfera e a atmosfera em termos de
trocas gasosas é produto evolutivo de milhões de anos. No entanto, a partir da
revolução industrial, aumentou progressivamente a queima de combustíveis
fósseis e as substituições de florestas virgens em pastagens e agricultura. Por
conta disso, a concentração do CO2 atmosférico, nos últimos 150 anos,
mostrou um incremento de aproximadamente 10 ppm por década. A
quantidade retida na atmosfera aumenta a camada de gases de efeito estufa,
podendo provocar aumento de temperatura da terra, descongelamento das
calotas polares, aumento do nível do mar e desequilíbrio do regime de chuvas,
entre outras possíveis conseqüências. Além da atmosfera, temos os oceanos e
as florestas como absorvedores (fixadores ou seqüestradores) de carbono. O
nosso foco é sobre o papel da floresta nas trocas gasosas entre biosfera e
atmosfera. Por isso, é importante conhecer a capacidade das plantas em emitir
e fixar carbono. Para explicar esse processo, usamos medidas fotossintéticas e
respiratórias realizadas em mudas de mogno (Swietenia macrophylla),
desenvolvendo-se em viveiro. Para esse trabalho, utilizamos o aparelho (IRGA)
Li-Cor 6400, programando para emitir fluxos de CO2 e H2O, para desenvolver
duas curvas de luz e quantificar as coletas em µmol.m-2.s-1. Foram comparados
os dados do experimento com os de outras pesquisas realizadas na mesma
área, onde foi possível observar que plantas jovens tem a capacidade de
assimilação de carbono de 1,5 - 3 µmol.m-2.s-1 e no presente experimento
obtivemos uma média assimilação de CO2 atmosférico equivalente a 4,2 µ
mol.m-2.s-1, ou seja, acima do limite superior obtido em outras espécies
florestais. Extrapolando as medidas da taxa assimilatória líquida nas mudas
de mogno em condições de viveiro, tiramos uma média de que todas
conseguem assimilatória a cerca de 3,92 µmol.m-2.s-1 , logo a produtividade
das mudas e o potencial de sequestro de carbono atmosférico mostraram
resultados significativos para o interesse em manejar essa espécie para o
reflorestamento, assim como para a sua preservação.
1
2. Introdução
A floresta ainda constitui um estoque substancial de carbono, cerca de
40% da fitomassa terrestre (FAO, 1993). Isto sugere que estas florestas podem
ser drenos de CO2 e a força deste dreno pode ser aumentado como resultado
das emissões antropogênicas de CO2 e um aumento do depósito de nitrogênio
e outros minerais (Grace et al., 1996).
Considerando os reservatórios de carbono em todo mundo, a
manutenção da floresta amazônica representa a preservação de um importante
estoque deste composto, no entanto, a conversão da floresta primária
amazônica em campos para instalação de atividades agropecuárias, tem uma
baixa relação custo/benefício e contribui significativamente para o aumento de
gases de efeito estufa na atmosfera. A Amazônia emite a cada ano 200
milhões de toneladas de carbono, com transformação de floresta em campos,
sendo praticamente o triplo que o país todo emite com a queima de
combustíveis fósseis (Higuchi, 2000). Dessa forma, o controle das taxas de
emissão de CO2 torna-se imprescindível, já que os efeitos da liberação deste
gás têm sido considerados como os mais importantes no contexto de
mudanças climáticas globais.
Este cenário gera uma crescente preocupação com estas mudanças no
planeta e faz aumentar também, na mesma proporção, a necessidade de se ter
estimativas confiáveis da contribuição da floresta amazônica na fixação do CO2
atmosférico. Para Buchman et al. (1997) as florestas tropicais têm contribuído
de maneira significativa para a fração global da taxa de produtividade primária,
algo em torno de 17% dos continentes, tornando-se desta forma um dreno
expressivo do montante total de CO2 atmosférico no mundo.
2
Assim, dois processos fisiológicos cruciais do mecanismo de ciclagem
de carbono precisam ser entendidos, que são a fotossíntese e a respiração de
planta. A fotossíntese bruta (Fb) < assimilação total de CO2 da atmosfera >
menos a respiração autotrófica (Ra) < perdas de carbono devido à formação e
manutenção dos tecidos vegetais > é igual à assimilação líquida (A) <
contribuição das comunidades vegetais como dreno de CO2 >. Então, conhecer
a produtividade de mudas de mogno tem como função ilustrar a assimilação e
liberação de carbono na planta.
O carbono faz parte de dois gases mais importantes para o efeito estufa,
metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2) e é o elemento químico mais
abundante dentre os elementos dos ciclos biogeoquímicos, que envolvem a
vida (bio), a terra (geo) e a química. Entender o ciclo do carbono e o ciclo da
água é começar a entender a relação da vida neste planeta, a atmosfera, os
oceanos e as rochas (Campos, 2001).
O ciclo do carbono é composto de vários ciclos simples. O ciclo mais
importante é denominado fotossíntese-respiração e está intimamente ligado
com as plantas, animais e bactérias (biosfera) (Campos, 2001).
O ciclo do carbono ocorre na atmosfera em pequena proporção, cerca
de 0,03% de um estoque de 760 Gt C (Gt = giga toneladas = 109 t ou 1 bilhão
de t), mas desempenhando função fundamental com referência ao crescimento
dos vegetais. As plantas, sejam na terra ou nos oceanos, assimilam o dióxido
de carbono (CO2) na biomassa, liberando o oxigênio (O2). Este processo é
chamado de fotossíntese, onde a luz (foto) é essencial para sintetizar
biomassa. O estoque de carbono na vegetação da Terra é de
aproximadamente 500 Gt C; quando incluímos os solos na biosfera, o estoque
3
passa a ser de cerca de 2.500 Gt C. Como os vegetais servem de base para o
reino animal, pode-se dizer que sem o dióxido de carbono não haveria vida na
Terra (Campos, 2001).
Para ilustrar o processo de trocas gasosas entre biosfera e atmosfera,
enfocamos uma parte do ciclo do carbono que envolve fotossíntese-respiração
nas plantas, usando mudas de uma importante espécie florestal, que é mogno.
O mogno é atualmente a espécie madeireira mais valorizada da Amazônia.
Plantar o mogno significa gerar emprego e renda, ao mesmo tempo em que
ajuda a limpar a atmosfera retirando o CO2 excedente.
2.1 Efeito Estufa
Noventa e nove por cento da atmosfera é composta predominantemente
de nitrogênio (N2) e oxigênio (O2). Se houvesse apenas esses dois gases na
atmosfera, a temperatura média da Terra seria inferior a zero grau Celsius e os
oceanos seriam congelados. Entretanto, a presença de outros gases (1%)
impede parte da transmissão do calor da atmosfera para o espaço exterior,
aumentando sua temperatura. Este controle natural da temperatura terrestre é
conhecido como efeito estufa (Campos, 2001).
Os gases responsáveis pelo efeito estufa são denominados gases de
efeito estufa –GEE, que geralmente são compostos por moléculas que se
encontram naturalmente na atmosfera e os mais importantes são: dióxido de
carbono (CO2); vapor de água (H2O); metano (CH4); ozônio (O3) e óxido nitroso
(N2O) (Moreira e Schawartzman, 2000).
4
O vapor d’água é o mais importante gás natural causador do efeito
estufa devido sua abundância, mas o papel das suas emissões de origem
antropogênica são menos importantes. O CO2 é o segundo gás de efeito estufa
em importância, sendo lançado na atmosfera de maneira natural (vem sendo
lançado de maneira natural pelos vulcões ao longo da história da Terra) e não
natural (desmatamento) (Campos, 2001).
O efeito estufa funciona da seguinte forma, a energia da radiação
eletromagnética emitida pelo Sol atinge a atmosfera, principalmente na forma
de radiação luminosa e uma parte menor de infravermelha e ultravioleta. Parte
da radiação é refletida pela atmosfera, parte é absorvida e outra parte
atravessa a atmosfera, alcançando a superfície terrestre. A superfície terrestre
reflete a parcela da radiação eletromagnética de ondas luminosas e absorve
outra parcela. As radiações absorvidas participam de processos físicos e sua
energia transforma-se, resultando ao final na emissão pela Terra de calor, sob
forma de radiação térmica (ondas longas). O calor irradiado pela Terra se dirige
ao espaço, porém parte dele é aprisionado na atmosfera, devido à presença
dos gases causadores do efeito estufa – GEE (Campos, 2001) (Figura 1).
5
Figura 1- Efeito estufa. Fonte: www.faep.com.br
Quanto maior a concentração dos GEE, maior é a absorção de calor
provocando o aquecimento da atmosfera. O efeito estufa existe há bilhões de
anos, possibilitando a vida terrestre na forma conhecida. Caso não existisse o
efeito estufa natural, a temperatura média da superfície da Terra situar-se-ia na
faixa de -18ºC. A temperatura média global da superfície da Terra com a
presença do efeito estufa é de 15ºC. Com o céu claro, em torno de 60-70% do
efeito estufa natural é provocado pelo vapor d’água, gás de efeito estufa
dominante na atmosfera terrestre. As nuvens também têm um outro papel
importante em equilíbrio térmico do planeta. Elas refletem parte da radiação
solar de volta para o espaço pelas superfícies brancas, promovendo um efeito
contrário aos dos gases causadores do efeito estufa. Em termos gerais, as
nuvens têm um efeito de resfriamento (Campos, 2001).
Outro fenômeno associado ao balanço de energia da Terra é o albedo
que representa a refletividade da atmosfera e da superfície da Terra. O albedo
médio situa-se na faixa de 30%. Grande parte do albedo atmosférico é causada
6
pela presença de nuvens. O tipo de cobertura terrestre também influencia o
albedo, por exemplo, uma área escura (floresta densa) tem um albedo menor
do que uma área clara (campo aberto), pois reflete menos luz visível (Campos,
2001).
O efeito estufa começou a alarmar a comunidade científica porque a
concentração dos gases de efeito estufa está aumentando rapidamente na
atmosfera devido às emissões antrópicas. Dentre esses gases, o principal vilão
é o dióxido de carbono (Campos, 2001).
Algumas atividades antrópicas estão aumentando as concentrações dos
GEE na atmosfera. Além disso, novos gases com a mesma propriedade, mas
resultantes apenas das atividades antrópicas, passaram a acentuar o efeito
estufa, sendo os principais: hidrofluorcarbono (HFGs), perfluorcarbonos (PFCs)
hexafluoreto de enxofre (SF6), clorofluorcarbonos (CFCs) e
hidroclorofluocarbonos (HCHFCs) (PROTOCOLO DE QUIOTO, 1997; Moreira
e Schawartzman, 2000). O contribuinte mais importante para o recente
aumento dos estoques de CO2 atmosférico é a combustão de combustíveis
fósseis e a mudança no uso da terra (desmatamento das florestas,
particularmente nos trópicos).
Nos últimos anos, as concentrações de CO2 aumentaram cerca de 20%,
as concentrações de metano CH4 mais que dobraram e as concentrações de
óxido nitroso (N2O) aumentaram cerca de 15%. As concentrações de dióxido
de carbono tiveram um aumento de 31% desde 1750. As concentrações
presentes são maiores que as dos últimos 420.000 anos e provavelmente
maiores que as dos últimos 20 milhões de anos (confiabilidade de 60-90%).
7
O efeito estufa já se intensificou, a temperatura superficial média global
aumentou em 0,6 ± 0,2° C durante o século XX, as medições das médias
globais das marés indicam um aumento de 0,1 a 0,2 m durante o século 20 . As
épocas quentes das oscilações do El Niño têm se tornado mais freqüentes,
persistentes e intensas desde a metade da década de 70, comparando com os
100 anos anteriores. Algumas imagens de satélite mostram que as extensões
das neves se reduziram em 10% (confiabilidade de 90-99%) desde a década
de 60. Nos próximos 100 anos podem ocorrer mudanças climáticas regionais,
incluindo temperaturas elevadas, invernos mais quentes, um ciclo global médio
exacerbado, alterações na biodiversidade e no ciclo de carbono (SAR-WG1,
2001). Devido às mudanças presentes e futuras na biosfera, o principal impacto
do efeito estufa é a mudança do clima.
2.1. A POLUIÇÃO DO AR
A composição química do ar
Atmosfera é a camada de ar que cobre o globo terrestre até uma altura
de aproximadamente 10.000 m. Responsável pela manutenção da vida animal
e vegetal, tal camada constitui-se de: 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio e
0,033% de gás carbônico, além de outros gases, que a compõe (Figura 2). O
vapor d’água está presente em quantidades que variam de 1% em ar frio e
seco a 3 a 4% durante a estação úmida nos trópicos. A umidade do ar é um
fator ecológico de grande importância para os seres vivos e sua variação
acarreta notórios efeitos biológicos. Do ponto de vista biológico os
componentes mais importantes do ar são: o gás carbônico, o oxigênio e o
nitrogênio (Morandi, 1987).
8
COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ARCOMPONENTES PORCENTAGEM, EM VOLUMENITROGÊNIO 78,11OXIGÊNIO 20,953GÁS CARBÔNICO 0,033ARGÔNIO 0,934NEÔNIO 0,001818HÉLIO 0,000524CRIPTÔNIO 0,000114XENÔNIO 0,0000087HIDROGÊNIO 0,00005METANO 0,0002ÓXIDO NITROSO 0,00005
Figura 2 - Composição química do ar. Fonte: Morandi,1987
2.2.1. O gás carbônico
O gás carbônico existente na atmosfera é originado da respiração, das
combustões e das calcinações. É devido à intensa atividade respiratória dos
microorganismos que a concentração de CO2 aumenta em locais ricos em
húmus. A queima de combustíveis fósseis é o fator responsável pelo aumento
progressivo da concentração de CO2 na atmosfera, cuja principal conseqüência
é o efeito estufa. As calcinações, ocorridas durante as atividades vulcânicas,
constituem a produção de CO2 a partir de carbonatos (Morandi, 1987).
2.2.2. O oxigênio
Sabemos que a atividade fotossintética tem como finalidade a produção
de compostos orgânicos, a partir da absorção de água e da fixação do gás
carbônico atmosférico. O oxigênio liberado nessa reação é proporcional ao CO2
fixado. Contrariamente, no processo respiratório a matéria orgânica produzida
9
a fotossíntese é oxidada liberando-se novamente o CO2, com a formatação de
água (Figura 3).
Figura 3 - O ciclo respiratório e fotossintético. Fonte:Correia, 2004.
Assim, a fotossíntese e a respiração são processos antagônicos que,
realizados com a mesma intensidade, mantêm balanceadas as concentrações
de O2 e CO2 na atmosfera. A queima intensiva de madeira e de combustíveis
fósseis desequilibra o processo natural, porque provoca o aumento de CO2,
desde que o processo de análise (queima de compostos orgânicos) supera o
da síntese (produção de compostos orgânicos) (Morandi, 1987).
2.2.3. Monóxido de carbono
O monóxido de carbono é o poluente que aparece em menor quantidade
no ar das grandes cidades. Tem origem, principalmente, na combustão do
petróleo e do carvão. No sangue humano existe a hemoglobina, um pigmento
que, nos pulmões combina-se com o oxigênio e assim é transportado para as
células. O monóxido de carbono (CO) pode reagir com a hemoglobina,
substituindo o oxigênio; tal fato provoca a morte por asfixia: muitas pessoas já
morreram asfixiadas em garagens fechadas com automóveis em
funcionamento. Seriam medidas eficientes, no combate ao problema, a
regulação dos motores e, principalmente, a diminuição no número de
automóveis circulantes (Morandi, 1987).
FOTOSSÍNTESE RESPIRAÇÃO
O2
CO
10
2.3. Ciclo Global do Carbono
Segundo Correia (2004) a questão do efeito de estufa está, portanto
relacionada com as emissões antropogênicas (que resultam das ações
humanas) de gases de estufa (segundo o relatório do IPCC de 1995) e tem
preocupado a comunidade científica, os governos e a opinião pública, pelas
repercussões diretas e indiretas nas sociedades e na economia mundial. Dada
a incerteza na definição de cenários futuros, a comunidade científica tem
investigado as causas e conseqüências do aumento destes gases no
funcionamento do sistema climático. Tendo sido claramente demonstrado o
aumento do CO2 na atmosfera, tem havido um grande interesse no melhor
conhecimento do ciclo global do carbono. O ciclo do carbono consiste na
transferência deste elemento (via queima, respiração, reações químicas) para a
atmosfera ou para o mar e a sua reintegração na matéria orgânica via
assimilação fotossintética (Figura 4). Na era pré-industrial a concentração de
CO2 na atmosfera manteve-se estável em resultado do equilíbrio entre as
emissões e a assimilação. No entanto, durante os últimos 200 anos cerca de
405 +/- 30 Gt de CO2 foram libertadas para a atmosfera como resultado de:
-Queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural) e produção
de cimento (70%)
- Alterações no uso do solo, principalmente destruição das florestas (30%)
Estas emissões adicionaram-se às que ocorriam naturalmente e, por não
serem compensadas totalmente pela assimilação fotossintética, levaram ao
aumento da concentração de CO2 na atmosfera (Figura 5). Em comparação
com o período pré-industrial, este aumento foi cerca de 30% (Correia, 2004).
11
Figura 4 - Ciclo do carbono Fonte: ww.escolavesper.com.br
Figura 5 - Balanço Anual do Carbono na Terra. Fonte: Correia, 2004
SUMIDOURO
Absorção pelos oceanos: 28% (2,0 +/- 0,8 Gt deC)
Armazenamento na Atmosfera: 46% (3,3 +/- 0,2 Gt de C)
Emissões de Combustíveis Fosséis e produção de cimento: 77% (5,5 +/- 0,5 Gt de C)
BALANÇO ANUAL DO CARBONO NA TERRA
FONTES
Absorção pela parte Emersa da Biosfera (Ecossistemas Terrestres): 25% (1,8 +/- 1,6 Gt de C)
Emissões devidas às Alterações do Uso da Terra nas Regiões Tropicais: 23% (1,6 +/- 1,0 Gt de C)
12
2.4. Fotossíntese e Respiração da Folha
A fotossíntese consiste basicamente na conversão da energia luminosa
em energia química. Por meio desse fenômeno, os organismos clorofilados
assimilam o carbono, na forma de gás carbônico, e transformam a energia
luminosa em energia química, além de liberar gás oxigênio (Paulino, 2001)
(Figura 6) .
2.4.1. Importância da fotossíntese
A fotossíntese é de fundamental importância para a manutenção do
equilíbrio biológico nos mais diversos ecossistemas de nosso planeta. As
substâncias orgânicas fabricadas por meio da fotossíntese são utilizadas como
“matéria-prima” na construção da matéria viva; além disso, atuam como
“combustíveis”, pois fornecem a energia necessária para o desempenho das
diversas funções vitais tanto dos próprios organismos clorofilados, que
Figura 6 - A transformação da energia luminosa em energia química. Fonte:Barros, 1998
13
sintetizam esse material orgânico, como dos organismos heterótrofos, que se
nutrem direta ou indiretamente dos organismos clorofilados (Paulino, 2001).
Logo a fotossíntese consome o gás carbônico e libera oxigênio, estando
estreitamente associada à manutenção das taxas desses gases na biosfera. É
através dela que se compensa a constante liberação de gás carbônico e o
consumo de oxigênio que ocorrem em conseqüência de diversos fatores,
como, por exemplo, pela atividade respiratória dos seres vivos em geral ou pela
combustão (queima) de algum material orgânico, como a gasolina e o álcool
(Paulino, 2001).
2.4.2. Respiração da Folha
A respiração celular é um fenômeno que consiste basicamente no
processo de extração da energia química acumulada nas moléculas de
substâncias orgânicas diversas, tais como carboidratos e lipídios. Nesse
processo, verifica-se a oxidação ou ”queima” de compostos orgânicos de alto
teor energético, com a conseqüente formação de substâncias de menor
conteúdo energético, como o gás carbônico e a água, além da liberação de
energia que é utilizada para que possam ocorrer diversas formas de trabalho
celular (Paulino, 2001).
2.4.3. Importância da respiração aeróbica
A respiração aeróbica é desenvolvida sobretudo nas mitocôndrias,
organelas citoplasmáticas que atuam como verdadeiras “usinas’’ de energia.
Abaixo a equação simplificada da respiração aeróbica.
C6H12O6 + 6 O2 6 CO2 + 6 H2O + energia
14
Analisando esta equação, verifica-se que a molécula de glicose
(C6H12O6) é “desmontada’’ de maneira a originar substâncias
relativamente mais simples (CO2 e H2O). A “desmontagem” da glicose,
entretanto, não pode ser efetuada de forma repentina, uma vez que a energia
liberada seria muito intensa e comprometeria a vida da célula. Então a
respiração consiste basicamente na utilização da energia química concentrada
nas moléculas de substâncias diversas, convertendo gradativamente através
da queima de conteúdo de alto teor energético transformando em conteúdo de
baixo teor energético. Utilizando essa nova energia para a sua manutenção
(Paulino, 2001).
15
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo geral
Entender o ciclo do carbono da vegetação por meio do processo de
fotossíntese e respiração de plantas.
3.2. Objetivos específicos
• Medir e quantificar a produtividade, fazendo curvas de respostas à luz,
concentração interna de CO2 e temperatura;
• Obter informações sobre a fixação interna de carbono atmosférico na
planta;
• Investigar o comportamento das mudas de mogno em resposta ao ciclo
do carbono, contribuindo para a fixação do carbono e liberação de
oxigênio.
• Prover informações para técnicas de manejo florestal para o plantio de
mudas de mogno.
16
4. METODOLOGIA:
4.1. Área de estudo
O estudo foi desenvolvido no viveiro florestal da Estação Experimental
de Silvicultura Tropical (EEST) do INPA, situada ao Norte de Manaus no Km 45
da Br-174- Manaus- Boa Vista.
4.2. Características do mogno (Swietenia macrophylla King)
Mogno - Família Meliaceae
Nome popular : mogno, aguano, araputanga, mogno-brasileiro, dentre outros.
Nome científico: "Swietenia macrophylla King”
Figuras 7 e 8 – 7. Visão Geral do mogno. 8. Visão das folhas do mogno. Fonte: Lorenzi, 1998
Características Gerais: Altura varia de 25-30 m, com tronco de 50-80 cm,
tendo com ocorrência em toda região amazônica, sendo entretanto
particularmente freqüente na região sul do Pará.
Fenologia: Floresce nos meses de Novembro Janeiro e a maturação dos frutos
inicia-se no mês de Setembro Novembro.
17
Obtenção de sementes: Os frutos são colhidos quando inicia-se e liberação
das sementes, devem ser secas ao sol, sendo que 1 kg contém em média
2.300 unidades.
Figuras 9 e 10 –
Visão dos frutos e sementes do mogno. Visão do tronco e da madeira do mogno.
Fonte: Lorenzi,1998
O mogno é uma espécie pioneira ou secundária tardia que ocorre em
diferentes ambientes ao longo da paisagem na medida em que as suas
sementes são dispersas pelo vento. Essa espécie tem sementes com alto
poder de germinação, cresce rápido em condições de luz plena ou parcial, e
pode atingir uma grande estatura (mais de 1,5 m de diâmetro e 40 m de altura)
após mais de cem anos. Os pontos fracos do mogno incluem: (i) a
suscetibilidade à broca do ponteiro (Hypsipyla grandella) que ataca durante as
fases de muda e arvoreta prejudicando o desenvolvimento do caule, e (ii) o
crescimento lento em solos pobres (Grogan et al., 2002).
No sul do Pará há populações sub-adultas de mogno (menor de 45 cm
de DAP) remanescentes em florestas exploradas, exceto onde as áreas foram
re-exploradas e após a primeira exploração, desmatadas, ou degradadas por
incêndios. O mogno também ainda está presente em florestas nativas do Acre
e sudeste do Amazonas. Entretanto, sem a intervenção de manejo florestal, o
mogno pode sofrer a extinção comercial na maior parte de sua área de
ocorrência no Brasil e, possivelmente, extinção biológica em escala local. O
Visão dos frutos e sementesVisão do tronco e da madeira
18
manejo do mogno envolve a manutenção de árvores matrizes, corte de cipós e
desbastes, e o estabelecimento da próxima geração de mogno por meio de
plantios de enriquecimento e regeneração natural nas clareiras. E a
continuação da exploração predatória do mogno a madeira mais valiosa do
Brasil – seria um duro golpe na esperança do uso sustentável do patrimônio
florestal brasileiro. Consumidores e produtores têm pouco tempo para
demonstrar que esse patrimônio pode ser usado responsavelmente (Grogan et
al., 2002).
Em meio a um grande banco de espécies de árvores que a floresta
amazônica possui, escolhemos o mogno (Swietenia macrophylla King
Meliaceae) para ser analisado por ter grande valor comercial. Foram
selecionadas para o experimento 4 mudas de mogno com idades entre 1,5 a 2
anos de idade que se encontravam no viveiro do INPA.
Utilizamos para fazer o experimento o (IRGA) Li-Cor 6400 (Analisador de
Gás Infra Vermelho Portátil). Programamos o aparelho para começar a emitir
fluxos, tanto de CO2 como de H2O, luz e temperatura similar à região,
aproximadamente 31ºC. Então acertando o dados do sistema para fornecer um
valor de 365 ppm de CO2, 800 µmol.m-2.s-1 de irradiância fotossintética ativa e
uma temperatura de 31o C para as folhas das mudas, que correspondem às
condições ambientais locais. Apesar da sofisticação do equipamento, o nosso
instrutor Edgard Siza Tribuzy, doutorando em Fisiologia Vegetal na USP, foi
extremamente pedagógico e conseguiu passar todos os passos necessários
para as medições e interpretações dos resultados.
19
A respiração foi considerada sem adicionais de fotorespiração pois a
mesma foi medida no escuro, vale ressaltar que a respiração de que se fala é a
respiração condicionada pelo aparelho medida de dia e não à noite pela
respiração escura ou de RD (Dark Respiration),diferente do sistema que mediu
a fotossíntese que é um sistema aberto.
Selecionamos essas mudas de mogno com o intuito de fornecer
informações sobre o comportamento da espécie no processo de troca gasosa,
assimilação de carbono atmosférico e por ser uma espécie de alto valor
comercial, então poderíamos mostrar como o manejo da espécie é importante
para o reflorestamento e preservação.
20
5. RESULTADOS
As medições realizadas mostraram que as mudas de mogno
apresentaram uma taxa assimilatória l íquida média de 4,21 µmol.m -
2 .s - 1 e taxa de respiração de 1,08 µmol.m-2.s-1. A produtividade primária bruta
foi em média de 5,29 µmol.m-2.s-1, mostrando que a taxa assimilatória líquida é
quatro vezes maior do que a respiração, em resposta às condições ambientes.
Fotossíntese Bruta
No processo da fotossíntese, a planta absorve uma determinada
quantidade de carbono, hidrogênio e luz, sendo assim o resultado da fixação,
sem que se faça a separação dos resultados de fotossíntese e respiração,
chamada de taxa assimilatória bruta, no presente experimento para as mudas o
resultado em média de 5,29 µmol.m-2.s-1 (Figura 11).
Taxa Assimilatória Bruta
4,40
4,60
4,80
5,00
5,20
5,40
5,60
5,80
1 2 3 4
Mudas de mogno
mol
.m-2.s
-1
Figura 11- Assimilação de CO2 das mudas de mogno (µmol.m - 2 .s - 1) em relação à taxa fotossintét ica sem separar os adicionais da taxa respiratória no escuro.
21
Taxa assimilatória (Fotossíntese Líquida)
A adaptação da planta quanto ao excesso de luz é dada através da taxa
de respiração. O aumento do fluxo de fótons acima da compensação de luz
resulta no aumento proporcional na taxa fotossintética. A fotossíntese é
limitada pela luz; fornecendo-se mais luz, aumenta-se a fotossíntese até chegar
a irradiância de saturação, a partir do qual maiores aumentos de fótons não
alteram a fotossíntese (Larcher, 2000).
O resultado da taxa assimilatória líquida média das mudas de mogno no
presente experimento foi de 4,2 µmol.m - 2 .s - 1 . De acordo com Larcher 2000 a
média dos valores máximos de fotossíntese líquida em plantas jovens sob
condições naturais tais como de suprimento de CO2, radiação suficiente para a
saturação do processo fotossintético, ótima temperatura e bom suprimento
hídrico é de 1,5 - 3 µmol.m-2.s-1 (Figura 12)
Taxas de respiração e fotossíntese atual
-3-2-10123456
1 2 3 4
Mudas de mogno
mol
.m-2
.s-1
RespiracaoFotossintese
Figura 12 - Comparação entre taxa da respiração da planta (emissão de CO2) e fotossíntese (fixação de CO2) em µmol.m-2.s-1.
Extrapolando as medidas da taxa assimilatória líquida nas mudas de
mogno em condições de viveiro, pode-se ter uma média de que todas a 5.000
22
mudas de mogno com idade de aproximadamente dois anos conseguem
assimilar cerca de 3,92 µmol.m-2.s-1 , logo a produtividade das mudas e o
potencial de sequestro de carbono atmosférico são significativos para o
interesse em manejar essa espécie para o reflorestamento e para preservação
da espécie.
Resultado de respiração no escuro
As plantas jovens respiram mais intensamente que plantas adultas, e as
partes em crescimento apresentam uma respiração especialmente elevada.
Por meio de um mecanismo de retroalimentação é controlada a formação do
ATP respiratória de acordo com a necessidade do indivíduo em manter os
tecidos já existentes.
No presente experimento, a taxa respiratória no escuro apresentou uma
média de 1,08 µmol.m-2.s-1 . Em estudos realizados por Larcher (2000) em
florestas tropicais mostra que em indivíduos adultos a atividade respiratória
tanto em folhas de sol quanto em folhas de sombra é em média de 0,3 – 0,5 µ
mol.m-2.s-1. Com base nesses dados, é possível observar que as plantas jovens
deste experimento em condições de viveiro apresentam uma respiração mais
elevada do que plantas adultas em condições naturais.
23
6. Eficiência do Uso da Água (EUA)
A partir da assimilação de CO2 e uma maior abertura estomática (os
estômatos são responsáveis pelo balanço entre a assimilação de CO2 e a
perda de água pela transpiração), a planta perde uma certa quantidade de
água relevantemente considerável para a sua relação na troca gasosa, levando
em conta que a medida em que a fotossíntese absorve CO2, a respiração no
escuro tende a perder H2O pela própria abertura estomática (Santos Junior,
2003).
A isso damos o nome de Eficiência do Uso da Água (EUA), taxa
comparativa da relação da troca gasosa efetuada pela planta de acordo com os
fatores que a influenciam para fotossintetizar e respirar. No entanto, se
comparamos um indivíduo “A” com um indivíduo “B”, em um ambiente com
menor disponibilidade de água, observa-se qual indivíduo consegue suportar o
estresse hídrico, como estão relacionados, a planta necessita retirar do solo
nutrientes para a sua manutenção, no entanto, se a fotossíntese absorve o CO2
da atmosfera a respiração libera H2O da planta, logo a planta que tiver maior
capacidade de adaptação em ambiente com menor disponibilidade de água é
produtível para a capacidade de carbono atmosférico em áreas degradadas,
porque ela perde menos água e sucessivamente libera menos CO2 no
processo respiratório (Santos Junior, 2003).
Um bom padrão de comportamento estomático tende a maximizar a
fotossíntese enquanto minimiza a transpiração (Buckley et al., 1999). As
condições de difusão nos dois processos (entrada de CO2 e saída de H2O na
folha) não idênticos. O gradiente de concentração de CO2 entre o ar exterior e
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o cloroplasto é muito menor em relação ao gradiente de concentração do
vapor d’água entre o interior e o exterior da folha, o que faz com que a perda
de água ocorra mais rapidamente que a absorção de CO2. Além disso, as
moléculas de água são menores e se difundem 1,6 vezes mais rápido que as
moléculas de CO2, e o caminho de difusão da água é menor que o caminho
que o CO2 deve percorrer (Nobel, 1991).
De maneira geral, a disponibilidade de água afeta os processos
fisiológicos e metabólicos da planta, com destaque para o crescimento celular,
síntese de proteínas, transporte de fotoassimilados, transporte de nutrientes,
abertura estomática e fotossíntese (Hisao et al., 1976; Taiz & Zeiger, 2002),
podendo limitar a produtividade das plantas em ecossistemas naturais
(Whittaker, 1970). De modo particular, em condições de baixa disponibilidade
de água, o aparato estomático é um dos primeiros componentes da planta a
ser afetado, tendo como conseqüência a redução das trocas gasosas (Larcher,
2000).
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7. Conclusão
No processo da fotossíntese, a planta absorve uma determinada
quantidade de carbono, hidrogênio e luz. As medições realizadas mostraram
que as mudas de mogno tiveram um resultado de fixação, sem que se faça a
separação dos resultados de fotossíntese e respiração, é chamada de
taxa assimilatória bruta; no presente experimento a taxa média para as
mudas de mogno foi 5,29 µmol.m-2.s-1.
O resultado da taxa assimilatória líquida média das mudas de mogno no
presente experimento foi de 4,2 µmol.m - 2 .s - 1 .
Extrapolando as medidas da taxa assimilatória líquida nas mudas de
mogno em condições de viveiro, pode-se ter uma média de que todas a 5.000
mudas de mogno com idade de aproximadamente dois anos conseguem
assimilar cerca de 3,92 µmol.m-2.s-1 , logo a produtividade das mudas e o
potencial de sequestro de carbono atmosférico são altamente significativos
para o interesse em manejar essa espécie para o reflorestamento.
As plantas jovens respiram mais intensamente que plantas adultas, e as
partes em crescimento apresentam uma respiração especialmente elevada.
Por meio de um mecanismo de retroalimentação é controlada a formação do
ATP respiratória de acordo com a necessidade do indivíduo em manter os
tecidos já existentes.
No presente experimento, a taxa respiratória na ausência de luz
apresentou uma média de 1,08 µmol.m-2.s-1 . Em estudos realizados por
Larcher (2000) em florestas tropicais mostra que em indivíduos adultos a
atividade respiratória, tanto em folhas de sol quanto em folhas de sombra, é
em média de 0,3 – 0,5 µmol.m-2.s-1, com base nesses dados as plantas jovens
26
deste experimento em condições de viveiro apresentam uma respiração mais
elevada do que plantas adultas em condições naturais.
Observando os dados obtidos através das taxas assimilatórias de
fotossíntese e respiração, chegamos à conclusão de que as plantas jovens
respiram muito mais intensamente que as plantas adultas, e as suas partes em
crescimento apresentam uma respiração especialmente elevada em
comparação ao estudo realizados por Larcher (2000).
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8. Glossário
A: produtividade.
ATP: É o trisfofato de adenosina.
Biomassa: É o peso seco de todos os organismos em uma determinada população, amostra ou área.
Biosfera: A zona de ar, terra e água na superfície da Terra que é ocupada por organismos.
Efeito estufa: É a retenção de calor na atmosfera causada pela diminuição da fração de que é devolvida ao espaço, devido ao aumento de fração de radiação absorvida pelos gases raros da atmosfera.
EUA : Eficiência do uso da água.
Fb : É a fotossíntese.
Fenologia: É o estudo dos aspectos temporais dos eventos biológicos respectivos, as causa de sua programação com respeito às forças bióticas e abióticas, e as possíveis interações dessas fases com recursos e com competidores.
GEE: Gases de efeito estufa.
Irradiância: É uma medida de energia detectada por um sensor dentro de uma determinada faixa do espectro por exemplo, (watts/segundo), variando conforme a altura do sol, temperatura e idade do detector, distancia de detecto ou transparência da atmosfera.
Mitocôndria: Organela delimitada por membrana dupla, encontrada em todas as células eucarióticas e que contém as enzimas do ciclo de Krebs e da cadeia transportadora de elétrons. Constitui a maior fonte de ATP em células não-fotossintetizantes.
Ra : Respiração.
Radiação: É a fração de raios de vários comprimentos de onda de linha reta, pelo sol ou por objetos aquecidos pelo sol.
Respiração celular: É respiração da planta que consiste basicamente no processo da extração da energia química acumulada nas moléculas de substâncias orgânicas, tais como carboidratos e lipídios. Nesse processo, verifica-se a oxidação ou ´´queima ´´ de compostos de orgânicos de alto teor energético, como o gás carbônico e a água, alem da liberação de energia, que é utilizada para que possa ocorrer as diversas formas de trabalho celular.
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9. Bibliografia Consultada
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LARCHER, W. Ecofisiologia Vegetal. São Paulo-SP; Editora Pedagógica e Universitária Ltda, 4ª ed., 1996. 319p. p.74, 83, 85, 140, 143, 156-157, 289- 290.
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29
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WHITTAKER, R.H. 1970. Communities and Ecosystems. Macmillan, London
30
10. Abreviatura e símbolos
ADP Difosfato de Adenosina
ATP Trifosfato de Adenosina
B Biomassa vegetal (também chamada fitomassa, a massa de uma comunidade de plantas)
Ci Concentração de CO2 e H2O no sistema intracelular de uma folha
F Fotossíntese
Fb Taxa fotossíntese bruta (fotossíntese real)
F1 Taxa de fotossíntese líquida (fotossíntese aparente)
I Irradiância: o fluxo de radiação num dado nível dentro de uma comunidade de plantas ou um corpo de água
µ micro (10-6)
mol Mole: medida de quantidade (peso molecular em g)
µmol micrômetro (1 mm = 10-6 m)
MS Matéria seca
Pf Peso das folhas
Pb Produtividade bruta
Pl Produtividade líquida
PP Produção primária
ppm Partes por milhão
R Respiração
Re Respiração no escuro
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11. Experiências e observações
Durante o inicio do trabalho tínhamos apenas uma noção daquilo que
iríamos estudar, na escola como em qualquer outro lugar. Ao final aprendemos
coisas que podemos considerar interessante. A questão em que se relaciona a
fotossíntese, para nós, era um assunto abstrato, algo que sabíamos que existia
mas não como funcionava.
A partir desse estudo podemos realmente saber como acontece esse
processo relacionado à fotossíntese e, o mais interessante nisso, foi que
praticamos e, fomos muito além do que a escola é limitada a ensinar.
E como experiência vivida que podemos tirar do trabalho, foi que nós
mesmos conseguimos fazer as medições e, o principal, acreditamos no que
estávamos fazendo, já que se tratava de algo que não e possível ver a olho nu,
simplesmente ninguém olha para uma planta e diz:
― Ah! Ela esta produzindo bem, a fotossíntese que ela está fazendo é
ótima.
Porque não é possível observar esse processo visualmente. No entanto,
foi fazendo a prática dessa pesquisa que constatamos que os nossos
conhecimentos evoluíram na medida em que a parte teórica foi colocada em
prática. Tanto que obtivemos conhecimento muito além do que imaginávamos
que poderia acontecer.
De acordo com o trabalho que nós desenvolvemos, podemos dizer que
há algo bastante diferente de uma sala de aula, onde se aprende a parte
teórica, aconteceu e esclareceu a partir do momento que fizemos a prática
deste estudo. Mas com este trabalho tivemos exatamente noção do que
acontece no processo de fotossíntese e respiração por meio dos dados que
nos mesmos coletamos e acompanhamos, pois uma coisa é você saber o que
está estudando e, outra coisa é fazer o que se está estudando com os
equipamentos sofisticados para podermos entender todo o processo das trocas
gasosas efetuadas nas plantas. Tanto porque não é possível ver as moléculas
entrando e saindo das plantas, muito menos quantificar isso sem fazer na
prática.
A equipe de alunos: Aldair, Cligeam, Luciana e Luciano.
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