o papel do orientador educacional na escola · pode-se dizer que a abordagem da cultura...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA
ESCOLA
Por: Itelvina Alves da Silva Paulo
Orientadora: Geni Lima
RIO DE JANEIRO
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA
ESCOLA
Monografia apresentada por Itelvina Alves da Silva Paulo
como pré-requisito para obtenção do grau de Especialista
em Orientação Educacional e Pedagógica, no Curso de
Pós-graduação Lato sensu da Universidade Candido
Mendes, Instituto A Vez do Mestre. Orientada pela Profª
Geni Lima.
RIO DE JANEIRO
2012
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AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida e por ser sempre meu guia em
todos os momentos de minha vida. Agradeço à minha
mãe, Antonia, pela educação que me proporcionou em
toda a minha vida e pelo incentivo, pela força e pelos
exemplos que sempre me dá, os quais uso em todos os
segmentos de minha vida; e às minhas filhas Michele e
Pâmella, por estarem sempre ao meu lado me apoiando e
me ajudando.. Agradeço ao meu esposo, David, pelo
companheirismo e pelo incentivo, que me ajuda sempre a
superar os obstáculos e dificuldades. Agradeço aos
professores, funcionários e direção da Instituição “A Vez
do Mestre”, da Universidade Candido Mendes, do curso
de Pós Graduação Lato Sensu em Orientação
Educacional e Pedagógica, do campus Tijuca -. E
finalmente agradeço a todos que direta ou indiretamente
contribuíram para a realização deste trabalho.
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DEDICATÓRIA
Dedico a todos os Orientadores Educacionais que
contribuíram e contribuem para a formação de cidadãos
mais críticos e conscientes da realidade na sociedade.
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RESUMO
O presente trabalho abordará o Papel do Orientador Educacional na
Escola, destacando a importância do profissional dentro das relações da
comunidade escolar. A função do Orientador Educacional vem sendo
questionada ultimamente, como resultado das transformações gradativas que
ocorrem na sociedade. O profissional desta área durante muito tempo atuou
somente no espaço escolar, onde lhe cabia a tarefa de ajustar o aluno à
escola, família ou sociedade. Mas atualmente, em sua nova visão, a orientação
educacional volta-se à construção do cidadão além dos espaços educativos.
Para melhor entendimento dessa trajetória, faz-se necessário um breve relato
da história, surgimento da orientação educacional.
Palavras-chaves: Orientação Educacional; funções do Orientador Educacional;
importância do Orientador Educacional; história da Orientação Educacional no
Brasil; atribuições e multifunções do Orientador Educacional.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada será a bibliográfica, podendo incluir
levantamento das principais funções exercidas pelo Orientador Educacional,
análise do papel do Orientador Educacional segundo alguns teóricos, leitura de
livros e artigos sobre o tema pesquisado, revisão bibliográficas de livros e ou
artigos sobre o tema, investigação histórica do Orientador Educacional.
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SUMÁRIO
FOLHA DE ROSTO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - A CULTURA ORGANIZACIONAL E O COTIDIANO ESCOLAR
1.1- A cultura organizacional e o cotidiano Escolar 10
1.2- A estrutura escolar como organização 12
CAPÍTULO II - A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: HISTORIA E SURGIMENTO
DA ORIENTAÇÃO NO BRASIL
2.1.- Breve histórico da Orientação Educacional 14
2.2.- A Orientação Educacional nos dias atuais 16
2.3 - A Orientação Educacional nos dias de hoje 21
CAPÍTULO III - A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL EM FACE A REALIDADE
3.1. - A Orientação Educacional e suas atribuições: teoria e a prática 23
3.2 - A Importância do Planejamento em Orientação Educacional 26
3.3 – O Orientador educacional frente à defasagem de aprendizagem 32
3.4- As multifunções e áreas de atuação do Orientador Educacional: o que nos
revela a prática na sociedade 35
CONCLUSÃO 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42
ÍNDICE 44
8
INTRODUÇÃO
Essa monografia teve como objetivo investigar possibilidades e limites
da atuação de um Orientador Educacional. Entende-se aqui o campo da
Orientação Educacional como aquele que está, em especial, comprometido
com os alunos, e de modo geral, com toda a escola e a comunidade, sempre
tendo que “esclarecer” – principalmente, para aqueles que não acreditam no
seu papel dentro da escola -, qual sua intenção de trabalho e quais os
benefícios de sua atuação.
A escolha pelo tema surgiu desde o início do curso de pós-graduação
lato sensu de Orientação Educacional e Pedagógica, pois foi possível verificar
com mais profundidade as perspectivas teóricas e práticas que ressaltam a
importância da sua atuação na cultura organizacional da escola. Sabemos que
“alguém” tem que realizar este trabalho, por isso a relevância de um olhar mais
aprofundado com relação à ação desse profissional.
Após a leitura de alguns referenciais teóricos sobre a atuação do
Orientador Educacional, foi levado em consideração que as realidades
escolares se diferenciam – dependendo da época e/ou local. A intenção é a de
responder algumas questões, como: Quais são as possibilidades de trabalho
de um Orientador Educacional na prática cotidiana da escola? Como, hoje, o
Orientador Educacional está realizando seu trabalho na escola? Como a sua
atuação tem contribuído para uma educação de qualidade?
Como objetivo geral para essas hipóteses foi traçado Identificar quais
são as possibilidades de trabalho efetivo de um Orientador Educacional na
prática escolar, além de analisar e comparar a perspectiva teórica da função do
Orientador Educacional. E como objetivos específicos: Mostrar como é
relevante o trabalho do orientador Educacional junto a toda comunidade
escolar.
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Compreender como a atuação do orientador Educacional tem
contribuído para uma educação de qualidade.
Perceber o Orientador Educacional na administração e atuação como
mediador da escola. Entender como alguns autores descrevem a função do
Orientador Educacional.
.
10
CAPÍTULO I - A CULTURA ORGANIZACIONAL E O
COTIDIANO ESCOLAR
1.1- A cultura organizacional e o cotidiano
Pode-se dizer que a cultura organizacional vai sendo construída por
cada um os personagens os quais fazem parte da escola. Dessa forma, a
contribuição dos professores seria a de maior tamanho, pois é este que está
em contato direto com os alunos, seus pares e outros membros da instituição,
concebendo valores, posturas e visões de mundo, influenciando assim a
cultura da escola, e participando da organização da mesma
No contexto das organizações públicas, a luta de forças se manifesta
entre o “novo e o velho”, isto é, as transformações e inovações das
organizações no mundo contemporâneo ante uma dinâmica e uma burocracia
arraigadas. As organizações públicas se deparam com a necessidade do novo
tanto em aspectos administrativos quanto políticos e educacionais .Mais que
isso necessitam criativamente interagir aspectos políticos e técnicos, sendo
essa junção inerente e fundamental para as ações nesse campo. Entretanto,
essa busca de forças torna-se necessária para se conduzir a uma reflexão,
onde se possa obter as melhores estratégias para descrever organizações
capazes de atingir seus objetivos, que consistem em serviços eficientes à
sociedade.
Uma das possibilidades para a compreensão e embasamento para
intervenções se constrói a partir da cultura organizacional, a cultura é um dos
pontos-chave na compreensão das ações humanas, funcionando como um
padrão coletivo que identifica os grupos, suas maneiras de perceber, pensar,
sentir e agir. Assim, mais que um conjunto de regras, de hábitos e de artefatos,
cultura significa construção de significados partilhados pelo conjunto de
pessoas pertencentes a um mesmo grupo social.
11
À medida que um grupo de pessoas se reúne para desenvolver uma
determinada atividade, esse grupo inicia também a construção de seus hábitos,
sua linguagem e sua cultura. Falara em cultura implica falar sobre a
capacidade de adaptação do indivíduo à realidade do grupo no qual está
inserido.
Assim, pode-se dizer que por cultura entende-se aqui um conjunto
complexo e multidimensional de tudo o que constitui a vida em comuns nos
grupos sociais. Seria ainda um conjunto de pensar, de sentir e agir, mais ou
menos formalizados, os quais, tendo sidos aprendidos e sendo partilhados por
uma pluralidade de pessoas, servem de maneira ao mesmo tempo objetiva e
simbólica, e passa a integrar essas pessoas em uma coletividade distintas de
outras. É o resultado de ações cujos componentes e determinantes são
compartilhados e transmitidos pelos membros de um dado grupo.
As organizações estão inseridas dentro de um ambiente e interagem
com ele, recebendo dele influência e influenciando-o.As pessoas que atuam
nas organizações são agentes que contribuem para esse intercâmbio
constante,sendo seus valores componentes para a formação da organização.
Segundo Smircich apud Porto (2009) a organização se compreende
como um organismo adaptativo que existe por meio de processos de trocas
com o ambiente .Na visão da autora, a organização é também um sistema de
conhecimento. A noção de organização repousa sobre a rede de subjetivos que
os membros partilham e que parecem de uma maneira regular.
As organizações são realidades sociais construídas de forma
compartilhada.
De acordo com Morgam (1996, p. 36) a estrutura organizacional as
regras políticas, objetivos, missões, descrições de cargos e procedimentos
operacionais padronizados desempenham uma função interpretativa...atuam
como pontos primários de referencia para o modo pelo qual as pessoa pensam
e dão sentido aos contextos nos quais trabalham...
12
1.2.- As influências da cultura organizacional
De acordo com Teixeira apud Porto (2009), nas influências exógenas, “a
cultura escolar é tomada como algo que se constrói no interior da instituição de
ensino- variável dependente, portanto, das condições físicas, sociais, políticas
e econômicas que entram em jogo na organização e no funcionamento interno
da escola”.
A cultura da organização escolar enquanto processo de construção
dinâmica e interativa, desenvolve-se historicamente por referência a fatores
multidimensionais cujo entendimento passa, em primeiro lugar, pela sua
articulação com as categorias sociológicas estrutura e ação. A escola ainda vai
sofrer influências internas e externas, sendo muito susceptível a mudanças.
Como influência interna terá a estrutura física e seus artefatos, a disciplina, os
símbolos, os processos administrativos e pedagógicos, a gestão escolar, etc.;
enquanto que como influência externa, teremos concepções educacionais
recentes, políticas públicas em educação, normas e determinações do sistema
de ensino e o contexto socioeconômico dos alunos (TEIXEIRA, 2000 apud
OLIVEIRA, 2005, p. 69).
O próprio dia-a-dia da escola, seu funcionamento, se institui como um
ritual incluindo: a forma de relações existentes, as punições, a burocracia, a
metodologia, a didática, etc. (OLIVEIRA, 2005).
Mas a escola pode resistir a mudança, a qual pode ser justificada pelo
costume que os professores têm de resistir sempre a novos governos e novas
políticas (OLIVEIRA, 2005, p. 70).
Pode-se dizer que a abordagem da cultura organizacional na escola é
importante para permitir seu conhecimento, numa perspectiva mais humana,
unificada e coletiva, a qual revela as tramas, as relações, as correlações de
força, que identificando a escola, podem contribuir para seu melhor
conhecimento e, assim, para uma gestão mais coletiva, transparente e
democrática da instituição. Mas é necessário que haja cautela para que a
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cultura organizacional não seja usada como meio de manipulação, fazendo
com que todos defendam os mesmos ideais, mesmo não acreditando neles
(ibid, 2005, p. 71).
A atuação da Orientação na Educação, por fazer parte do âmbito
escolar, através da observação, da análise de contextos que ocorrem no
espaço escolar, exige que este profissional conheça a cultura organizacional da
escola.
Para que o Orientador Educacional de uma escola possa realizar seu
trabalho em busca de uma educação de qualidade, deve conhecer com total
domínio a cultura a qual rege a organização da escola em que atua. Ou seja,
deve conhecer seus valores, suas crenças, sua história, seus heróis para que
possa da melhor maneira orientar os professores em seu trabalho e
dificuldades, assim como fornecer aporte para as necessidades dos alunos.
A conduta do Orientador Educacional pode ajudar no bom andamento da
cultura organizacional à medida que através de seu trabalho, busca o contato
constante entre escola, aluno e pais, resolvendo seus conflitos, temores,
inserindo-os cada vez mais na participação da realização do projeto político-
pedagógico da escola.
14
CAPÍTULO II- A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: HISTÓ
RIA E SURGIMENTO NO BRASIL
2.1.- SURGIMENTO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
. A Orientação Educacional surgiu no final do século XIX e início do
século XX, com o intuito primordial de orientar os estudantes para a escolha
profissional. Ela surgiu nos Estados Unidos com a filosofia de aconselhador
que marca toda sua trajetória, iniciada como Orientação Vocacional.
Logo no início do século XX, deu-se uma ampliação natural no
campo da Orientação, obedecendo à necessidade de assistir
o educando no desenvolvimento de todas as suas estruturas-
física, mental, moral, social, estética, científica, política e
religiosa. (SCHMIDT e PEREIRA, apud PORTO, 2009: 48)
De acordo com PORTO (2009) o desenvolvimento da ação notou-se a
necessidade de se ampliar sua atuação, pois diante das dificuldades e
inseguranças dos estudantes, ficou eminente a necessidade de orientá-lo, em
outros aspectos, a preparação para a vida pessoal e social. Portanto, a
orientação educacional surge não de uma necessidade da escola, mas, sim, se
desenvolve no sistema escolar. A preocupação não estava no desenvolvimento
do aluno, mas, sim a principio, na sua formação profissional. com um caráter
de aconselhador que marca toda sua trajetória. Movimentos da época teriam
feito desabrochar tal prática no mundo todo. O Brasil fez sua primeira tentativa
de inserir o Orientador Educacional em 1931, começando pelo Estado de São
Paulo, após a mudança na economia industrial e na exportação do café.
15
Esse novo modelo de orientação educacional voltado para uma
orientação em sentido mais amplo surge no início do século XX, época em que
os ideais estão sendo difundido, assim como as teorias psicológicas e
cognitivas, o indivíduo é visto de outro prisma, sob um novo olhar, sua
formação se baseia em varias estruturas, suas dificuldades são vistas como tal,
necessitando de auxilio profissional. A orientação educacional impulsionou o
advento da orientação pedagógica que focaliza as necessidades dos
professores
A primeira tentativa de mudança no quadro educacional ocorreu no
século XVIII. Foi marcada pelo ciclo econômico da mineração, pelo surgimento
de uma camada média e de um mercado interno no Brasil, com isso a
necessidade de uma instrução primária na escola e não mais na família.
.
16
2.2- Breve Histórico da Orientação Educacional
Segundo Giacaglia & Penteado, para suprir a necessidade de uma
adequação a nova forma de trabalho para a produção industrial, a forma de
viver da sociedade, e, acima de tudo mudar os valores e os paradigmas, surgiu
a orientação ordenada , como ferramenta necessária ao modo de produção
industrial emergente. A mão de obra é combustível essencial ao crescimento,
uma mão de obra com um mínimo de escolarização básica, para saber ler, e
fazer pequenos cálculos, necessidade pouco existente no sistema agrário,
percebe-se claramente que as classes populares continuam a limitar-se a uma
preparação para o trabalho sem a educação formal, e sim habilitados aos
trabalhos manuais.Quando o analfabetismo começou a aparecer (na falta)
para a base eleitoreira,os sistemas paralelos de educação surgiram em caráter
de urgência para ampliar e suprir a necessidade da sociedade com o
desenvolvimento urbano e votantes da época.
Ainda de acordo com as autoras acima citadas, somente a partir de
1940 a Orientação Educacional passa a ser conhecida em âmbito nacional,
quando foi citada e normatizada pelo decreto lei 4.073/42 , na lei Orgânica do
ensino industrial, e no Decreto 4;424/42 onde é contextualizada sua
importância para a escola e consequentemente toda a comunidade escolar.Sua
função teria caráter corretivo e atenderia aos alunos que apresentassem
problemas de conduta e aprendizagem defasada, prevenindo, identificando
aptidões e auxiliando na busca da profissão.
A Lei de Diretrizes e bases da educação de nº 4.024 de 1961 reafirma a
necessidade do Orientador educacional nas escolas, rever o perfil do
Orientador que foi “importado” e se depara com a falta de pessoal
habilitado.Para solucionar o problema fica estabelecida provisoriamente a
17
prova de suficiência para os casos em que não havia pessoal habilitado,
especialista na área.
A Lei 5.564/71 tem um perfil disciplinador, tem o foco nas adaptações
sociais e formação do Orientador como o aconselhador vocacional,
abrangendo áreas humanas. a preocupação com a cooperação ao professor,
família, comunidade.O Orientador assume um papel fundamental, sendo
privilegiado por atender , na época, aos objetivos da Lei.
A regularização da profissão acontece no Decreto lei 7284/73, onde se
normaliza a formação em nível superior , embasados nos conceitos e teorias
da época, e se torna instrumento útil ao ideal tecnicista. Vale ressaltar que em
nenhuma das leis estabelecidas é mencionado a Orientação em nível superior,
a busca de aperfeiçoamento da profissão e dos ideais de orientação coerente
com as necessidades educacionais,acontece a fim de exercer sua função
educativa, e em constante transformação. tendo que atender ao regime elitista
da classe dominante que regem as leis, norteadas pelos ideais políticos,
ficando desde sempre, sem a identidade definida.
Na década de 1980, os Orientadores educacionais passam por um
período de questionamento, uma crise profissional, questionando suas teorias,
práticas, seus instrumentos que serviam de base para seu trabalho. Eles
pensam e discutem muito sobre seu trabalho, sua profissão e seu papel nas
escolas, mas acabam não alcançando nenhuma modificação ficando só na
teoria porque na prática o que acontece é o mesmo das décadas anteriores.
Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional, a LDBN
9.394/96,especificamente no art 64- evidencia a formação dos especialistas em
Educação, sua formação se dará através do curso de graduação em
Pedagogia ou em pós-graduação inclusive o Orientador educacional.Sai da
obrigatoriedade e ganha importância dentro dos estabelecimentos de ensino e
fora do ambiente escolar também, dada às diferentes formas de educação, ao
18
trabalho, à ciência e à tecnologia,conduz ao desenvolvimento integral do
sujeito.
De acordo com Placco (1998, p.116), apud Grinspum (1995, p. 129),
cabe ao orientador formar o cidadão responsável e transformador.
O papel básico do Orientador educacional será o de
auxiliar o educando a tornar-se consciente, autônomo e
atuante nessa tarefa, auxiliando também o aluno, na
identificação de seu processo de consciência, dos fatores
sócio econômico político ideológico que o permeiam e
dos mecanismos que o possibilitem superar a alienação
decorrente desses processos, tornando-se assim, um
homem-coletivo, responsável e transformador.
Sobre o mesmo assunto, Grinspun apud Loi Olívia Porto sustenta que;
... é necessário que o orientador educacional seja capaz
de :
.discutir coma equipe e na equipe, o currículo e o
processo de ensino-aprendizagem frente à realidade
socioeconômica da clientela:
.analisar com a equipe as contradições da escola e as
diferentes relações que exerça influencia na
aprendizagem:
Contribuir efetivamente para a melhoria do ensino e das
condições de aprendizagem na escola:
.estruturar o seu trabalho a partir da análise e da crítica
da realidade social, política e econômica do país:
.fundamentar cientificamente sua ação, buscando novas
teorias a partir de sua prática.. (Grinspun. 1998).
19
Diante disso, a Orientação Educacional passou por vários períodos em
sua trajetória, que resumidos assim:
• Período Implementador: os objetivos nesse período, que data de
1920 - 1941 eram associados à formação profissional e a
formação integrada da personalidade, o trabalho do Orientador
Educacional era pouco definido e a ênfase maior era na seleção e
escolha profissional.
• Período Institucional: 1942-1961-esse período era subdividido em
funcional-era o catalisador de conflito, tinha caráter corretivo para
resolver os “problemas”, enquadrar o aluno sem se preocupar
com a subjetividade, e instrumental onde era questionada as
contradições sociais, era assistencial e centrada no aluno. Nesse
período ocorre a exigência legal da Orientação Educacional nas
escolas e a preocupação para a formação dos profissionais para
a Orientação educacional.
• Período transformador: 1961- 1970: com a lei 4.024/61, a fica o
Orientador educacional caracterizada como educativa, se desloca
dos problemas para a escola e seu desenvolvimento e tem a
profissionalização dos atuam na área através da Lei 5.5540/48
.Na década de 60, os congressos de brasileiros de Orientação
Educacional ganharam destaque, abordavam os aspectos
psicológicos e a obrigatoriedade da educação básica.
• Período Disciplinador; 1971- 1980; a Orientação Educacional
passa a ser obrigatórias nas escolas, tem o foco nas adaptações
sociais e acompanhamento vocacional .
• Período Questionador; 1980=1990; início dos anos 80, a
Orientação educacional passa por um período questionador, ,
uma crise profissional onde se questiona suas práticas, funções,
teorias, tem o focalizado a prática e a realidade voltada para os
problemas emergentes.
20
• Período Orientador; a partir de 1990; período voltado para a
subjetividade do aluno, a construção do cidadão comprometido
com o resgate de uma educação de qualidade, o orientador
Educacional tem caráter mediador junto aos demais profissionais
da Unidade escolar.
21
2.3 - A orientação educacional nos dias de hoje
Segundo Grinspun (2002), a orientação educacional, hoje, possui caráter
mediador junto aos demais educadores dentro da escola, a fim de buscar o
resgate de uma educação de qualidade, de forma coletiva, sem no entanto
deixar de levar em conta que a comunidade na qual está inserida, é formada
por pessoas diferentes , pensamentos e contextos sociais diferentes e que os
levam a pensar de maneira individualizada sobre as questões que os cercam e
objetivando a realização bem sucedidas.
Hoje o profissional Orientador educacional não atua mais por ser
simplesmente obrigação.
“mas por efetiva consciência profissional, o orientador
educacional tem espaço próprio junto aos demais
protagonistas da escola para um trabalho pedagógico
integrado, compreendendo criticamente as relações que
se estabelecem no processo educacional”.(GRINSPUN,
2002.P.28)
A orientação educacional para Luck (2001)
“A orientação è um processo contínuo, dinâmico,
sistemático e integrado. È um processo cooperativo e
integrado. Vê o aluno como um ser global. È um processo
de assistência. Deve promover situações que favoreçam
o desenvolvimento do educando.” LUCK (2001).
As autoras relatam a importância da interdisciplinaridade dentro da
escola, de que a Orientação educacional deve se sentir fazendo parte da
22
educação e que deve pensar nas dimensões sociais, culturais, políticas e que
sua tarefa precisa estar engajada com as transformações e que o profissional
Orientador Educacional está inserido neste contexto. Cabe ao Orientador
Educacional buscar os meios necessários para que a escola cumpra seu papel
de ensinar e educar com base na proposta do projeto-político-pedagógico da
escola, que discute e propõe estratégias e meios para promover as condições
básicas para a formação da cidadania, articular, orientar e explicar as
contradições, conflitos e confrontos estabelecidos pelas relações na sociedade.
O orientador hoje é um profissional de grande importância na escola, portanto
torna-se necessário que o mesmo tenha uma boa formação política-
pedagógica e cultural, pois sua atuação possibilita conhecimentos para uma
consciência crítica.
Cabe ao Orientador Educacional, devido às atribuições previstas na
lei, elaborar um cronograma para suas atividades de acordo com o Plano de
ação elaborado de forma a trabalhar integrando a Supervisão escolar e demais
da equipe técnica pedagógica na construção de uma prática consciente para a
melhoria de qualidade de vida a todos que convivem
O trabalho do Orientador Educacional deve ser atrelado ao Projeto
Político Pedagógico da escola, onde deve haver toda integração da equipe
escolar como direção, Supervisão, Docentes, Alunos, APM (Associação de
Pais e Mestres), Conselho Escolar etc.
.
23
CAPÍTULO III- A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL EM
FASE À REALIDADE
3.1– A Orientação Educacional e suas atribuições
Segundo Giacaglia & Penteado, Orientador Educacional cumpre uma
função integradora, pois estão sempre em contato com os alunos, professores
e coordenadores conhecendo seus problemas, angustias e aflições, tentando
resolvê-los a fim de buscar uma harmonia na escola, permitindo um melhor
trabalho e, consequentemente, uma educação de qualidade. Outra questão é a
sua participação, também, na elaboração do Plano de Trabalho da escola e da
Proposta Pedagógica, com vistas ao cumprimento do que foi estabelecido da
melhor forma possível.
A profissão de Orientador Educacional, que antes era tida como a
responsável por encaminhar os estudantes considerados “problema” a
psicólogos, médicos, entre outros, ganhou uma nova função, trabalhar para
intermediar os conflitos escolares e ajudar os professores a lidar com alunos
com dificuldades, seja de aprendizagem, convivência e/ou sociabilidade,
perdeu o antigo e pejorativo rótulo de delegado da escola.Foi regulamentada
por decreto federal e o cargo pode ser desempenhado por um pedagogo
especializado. Nas redes públicas de ensino a presença deste profissional é
obrigatória de acordo com leis municipais e estaduais.
Ainda de acordo com as autoras,o Orientador Educacional trabalha em
conjunto com o coordenador pedagógico, profissional que garante o
cumprimento do planejamento e dá suporte formativo aos educadores,
enquanto o orientador Educacional faz a ponte entre os alunos, pais e
professores. Para atingir esses objetivos o orientador Educacional precisa
construir uma relação de confiança que permita administrar os diferentes
pontos de vista, ter a habilidade de negociar e prever ações, para evitar a
dedicação aos incêndios diários na escola.
24
“A equipe técnico pedagógico que trabalha nas escolas é
constituída pelos especialistas em educação, egressos
das diferentes habilitações do curso de pedagogia (...) o
fato de terem formação acadêmica semelhante, de
atuarem no mesmo espaço físico e de visarem a
objetivos comuns, torna não só difícil como, sobretudo,
necessária a delimitação clara das atribuições de cada
profissional(...)Em contrapartida, o desconhecimento das
atribuições e de seus limites claros pode gerar
expectativas infundadas quanto ao desempenho de cada
especialista”.(GIACAGLIA e PENTEADO, 2010.p.65.)
Segundo Giacaglia e Penteado, pode-se dizer que a Orientação
Educacional esteve sempre pautada aos acontecimentos cotidianos, pois a ela
se confiava a resolução dos conflitos ou qualquer dificuldades que refletiam no
desenvolvimento dos educandos.
“Com o tempo, a educação passa a não ser mais
exclusividade da escola, estando presente, também, nos
meios de comunicação, por exemplo, ocorrendo
acidentalmente. Nesse contexto, o aluno passa a ser
sujeito, fazendo sua história, sua formação. E a
Orientação Educacional passa a ter uma amplitude de
ações nessa prática pedagógica, sendo um profissional
que respeita o senso comum, aprecia o conhecimento
científico, e está ciente de que seu exercício só é
possível porque existe uma teoria que lhe permite
desenvolver sua proposta pedagógica” (GRINSPUN,
2002, p. 48).
25
De acordo com Grinspun, a Orientação Educacional não integrará mais
os planejamentos de forma desvinculada, isolada, nem se absterá das suas
intenções e possibilidades e sim a realização de seus objetivos.
Algumas das atribuições do Orientador Educacional segundo Grinspun:
• a Orientação trabalha na mobilização para o conhecimento,
• articulando realidade e objetivo;
• levantando as representações individuais e do grupo;
• discutindo as questões da intencionalidade, dos conflitos e da
diversidade;
• refletindo sobre o imaginário social;
• a Orientação Educacional em busca de uma cultura escolar;
• a Orientação educacional na construção de um individua mais
crítico, participativo e consciente de seus deveres:
• a Orientação educacional na promoção da linguagem através do
diálogo.
A prática do Orientador Educacional perpassa por todos esses
conhecimentos e ações, fundamentada nos teóricos que alicerçam a
construção do conhecimento, do pensamento e da linguagem do educando.
26
3.2- A importância do planejamento em Orientação
Educacional
O planejamento deve ser entendido como principal ferramenta para base
e estrutura do trabalho pedagógico, sua função é determinar antecipadamente
as ações para a concretização de objetivos estabelecidos. Implica
fundamentalmente em traçar o futuro e alcançá-lo, é o fio condutor da ação do
educacional.
De acordo com Heloísa Lück (2008, p.23), ao planejamento são
atribuídos significados diversos, segundo o enfoque e a ênfase com que o
estudioso o aborda. Dessa forma, surgem diferentes conceitos que nos
orientam na abordagem à problemática do planejar.
Também sobre o mesmo assunto, Giacaglia & Penteado (2010.p.100), o
planejamento é uma tarefa de grande importância e responsabilidade, pois dele
deverá resultar um plano que norteará toda atividade daquela escola durante o
ano.
Planejar é fundamental para transformar sonho em realidade. Quando se
planeja de forma consciente e sistemática, são estabelecidas metas e
selecionadas ações para que se alcance os resultados desejados.
O planejamento das atividades é necessário em qualquer profissão, e na
educação é imprescindível esta etapa. È o planejamento que define as
prioridades e as competências a serem desenvolvidas ao longo do ano letivo. È
através do planejamento que o Orientador Educacional encontra espaço
adequado para registrar as atividades, as estratégias, as articulações
pedagógicas a fim de tornar o planejamento possível de realização.Para o
orientador Educacional ciente de sua responsabilidade e da importância do
planejamento aproveitará todo e qualquer momento para buscar a integração,
reflexão e intervenção , realizando o seu plano de ação em especial., suas
ações.
27
O projeto pedagógico da escola está inserido num cenário marcado pela
diversidade cultural, hoje, cada escola é o resultado do processo de
desenvolvimento de suas próprias contradições. Por isso não deve existir um
padrão único que oriente a escolha do projeto das escolas. A escola deve ter
autonomia para estabelecer o seu projeto, seu planejamento, e autonomia para
executá-lo, avaliá-lo, e fazer as alterações cabíveis visando um desempenho
melhor de suas ações pedagógicas.
Segundo Moacir Gadotti, todo projeto político pedagógico apoia-se:
• No desenvolvimento de uma consciência crítica;
• No envolvimento das pessoas: a comunidade interna e externa à
escola:
• Na participação e na cooperação das várias esferas de governo:
O projeto político pedagógico da escola também se apoia na autonomia,
responsabilidade e criatividade como processo, e como produto do projeto,
depende, sobretudo da ousadia e vontade de cada membro da escola em
assumir-se como parte integrante, pronto para construir de forma
interdisciplinar, consciente da necessidade e importância do planejamento em
educação. Planejar implica acima de tudo, tempo, base teórica, credibilidade e
a integração de todos os envolvidos no processo.
De acordo Giacaglia & Penteado, (2010)
“Na condição de especialista em educação e de membro do
corpo de funcionários da escola, cabe ao Orientador
educacional, participar, assistindo à direção, do planejamento
escolar, da elaboração do plano da escola e da elaboração e
implementação do projeto pedagógico para ela, naquele
ano”.Giacaglia e Penteado.(2010.p.99)
28
Também de acordo com Grinspun ipud Porto (1998),
“O orientador agiria, basicamente, em três grandes momentos: o
ponto de partida (a realidade), o processo (a orientação), o ponto
de chegada (a formação). Ora, como este último por si só é um
processo, (...) o trabalho do orientador é contínuo, dinâmico e
permanente.” (GRINSPUN, 1998)
Diante disso, o processo de planejamento, assim como seus
desdobramentos em orientar, vivenciar, acompanhar, elaborar é o espaço
prático do orientador, onde em primeiro lugar ele deve observar se o grupo de
educadores da escola assumem a responsabilidade de buscar transformar a
realidade da escola, de acordo com as necessidades de um bom trabalho
pedagógico, como um dos meios a serem utilizados para a efetivação do
projeto. Ações e reflexões devem ser vivenciadas pelo grupo, em especial pelo
Orientador educacional que é o profissional que precisa ter o conhecimento e
a percepção dos problemas básicos da escola, como disciplina, evasão,
retenção, desinteresse, faltas, além do conhecimento e a análise crítica do
contexto no qual o problema se manifesta.È muito importante para identificar as
causas , que muitas vezes podem ser encontradas no interior da própria escola
e/ou na comunidade na qual a escola está inserida .
Segundo Libanêo (2001, p.123), o planejamento escolar consiste numa
atividade de previsão da ação a ser realizada, implicando definição de
necessidade a atender, os objetivos a atingir dentro das possibilidades,
procedimentos e recursos a serem empregados, tempo de execução e formas
de avaliação. O processo e o exercício de planejar referem-se a uma
antecipação da pratica, de modo a prever e programar as ações e os
resultados desejados constituindo-se numa atividade necessária à tomada de
decisão.
29
O planejamento é uma tarefa para todos, sob a direção da escola ou seu
representante. A caracterização, o conhecimento da escola e da comunidade
onde está inserida é necessário tanto para o projeto político pedagógico, como
para o plano de ação do Orientador educacional em especial, pois por meio do
PPP o Orientador Educacional busca a expectativa da clientela, os recursos
disponíveis ou existentes, ou seja, o conhecimento prévio da escola com os
quais os educadores de uma forma geral vão contar para a consecução dos
objetivos educacionais propostos no planejamento.
Algumas atribuições contribuem para um planejamento bem organizado,
como por exemplo, definir as metas do trabalho e dos objetivos gerais e
específicos,assim como também as ações a serem desenvolvidas por
determinados grupos, deixar claro o papel de cada um dentro do planejamento
evitando assim a omissão de outros profissionais, que devem ter o mesmo
comprometimento no processo de atuação e execução do plano. A falta de
planejamento para orientar uma ação pode gerar fatores que contribuem para a
descrença ou descompromisso do profissional Orientador Educacional.
Para Grinspun,
“Trabalho do orientador deve: Explicar as contradições a partir
de uma realidade concreta, promovendo as articulações
necessárias, as mediações possíveis, para que possamos ter
uma educação mais justa, mais solidária e democrática,”
(GRINSPUN, 2002, p.30):
De acordo com Giacaglia & Penteado o plano anual de ação do
Orientador Educacional, é essencial para nortear os seus trabalhos, além de
poder constituir fonte de consulta para demais membros da equipe, para que
possam relacionar, integrar à programação da unidade escolar.
30
Ainda de acordo Giacaglia e Penteado, ibid, alguns itens são essenciais
para a elaboração do plano de ação do Orientador Educacional são subsídios
ou esclarecimentos , a seguir:
• Identificação e localização da escola: apresentação da escola,
localização e histórico. Direção e equipe Pedagógica, Pessoal de
Apoio, quantidade de alunos, formação de todos os atores
envolvidos; (segmentos, ciclos, etapas, etc.). Diagnosticar
mencionar salas e espaços de acordo com os segmentos
• Apresentar um breve levantamento de dados (empíricos-
desenvolvidos a partir das técnicas de diagnóstico) dos pontos
fracos e fortes da escola, identificar as principais necessidades e
expectativas da comunidade escolar:
• Justificar o que se pretende para o ano letivo corrente, a partir do
que foi diagnosticado e elencado como necessidade da
escola/comunidade.
• Especificar os objetivos gerais do projeto, elaborar planejamento
estratégico de longo e médio prazo.
• Fazer previsão orçamentária anual para distribuição de verbas
prioritárias;
• Rever os principais documentos da escola para atualizá-los às
novas exigências e necessidades a escola se necessário
• Criar instâncias de gestão participativa como grêmio estudantil,
associação de pais, de professores,funcionários, etc.
• Organizar um projeto de Formação Continuada para o corpo
docente e demais envolvidos no processo.
• Elaborar projeto específico para acompanhamento dos alunos com
desempenho insatisfatório ou dificuldades na aprendizagem, com
31
monitorias, tutorias, recuperação paralela, atendimentos coletivos,
individuais, fóruns, etc.
• Dinamizar as ações da equipe pedagógica.
• Avaliar as ações desenvolvidas durante os bimestres que compõem
o ano letivo, com registros do processo para oportunizar melhoria
intervenções.
32
3.3- O ORIENTADOR EDUCACIONAL FRENTE À DEFASAGEM DE APRENDIZAGEM
Segundo Piaget apud Porto, a aprendizagem depende do estágio de
desenvolvimento atingido pelo sujeito, para Vygotsky. a aprendizagem favorece
o desenvolvimento das funções mentais.
“O aprendizado adequadamente organizado resulta em
desenvolvimento mental e põe em movimento vários
processos de desenvolvimento que, de outra forma,
seriam impossíveis de acontecer.” (VYGOSTSKY, 1987,
p.101)
Segundo Grinspun,o papel do Orientador Educacional é que diante das
diferenças individuais, este profissional procura “identificar essas diferenças
através dos instrumentos de mensuração, como teste, escalas, provas e
questionários”. ibid, 2002, p.79
Quando um professor identifica que algum aluno está com dificuldades
de aprendizagem, a primeira coisa que faz é encaminhá-lo ao SOE (Serviço de
Orientação Educacional). Lá o Orientador faz um diagnóstico dos alunos e se
necessário solicita a ajuda de outros profissionais.
Depois desta avaliação, o Orientador realiza todo um trabalho,
juntamente, com a família desse aluno. Este aluno passará a frequentar as
aulas de reforço escolar oferecidas pela escola, ou deverá ser encaminhados
para professores particulares, psicólogos, psicopedagogos, etc. Conforme as
características do seu caso.
Ainda de acordo com Grinspun, o trabalho do Orientador Educacional
não deveria ser reduzido apenas a técnicas que favoreçam diagnosticar os
33
alunos com dificuldade de aprendizagem, e sim refletir sobre soluções que
minimizem o fracasso escolar.
Segundo a autora (ibid, 2002, p. 107), o trabalho coletivo na escola deve
ser real, e a função da Orientação Educacional seria possibilitar esta
organização .
De acordo com LUck (2001) escrevendo sobre a integração da equipe
teórica administrativa destaca o fracionamento, a divisão do processo
educativo. O mesmo parece ajustar-se às atividades, as experiências, os as
diversas áreas de estudo , os conteúdos, mas não somam e não se integram.
Ainda segundo a autora, para que haja integração do processo educativo,
integração e a efetiva participação do Orientador, se faz necessárias a
compreensão dos papéis e a criação de mecanismo em comum dos diversos
setores da escola.
No trabalho do Orientador Educacional, é imprescindível uma formação
continuada em exercício, para que seu trabalho seja dinâmico e que seja ele,
o dinamizador da formação continuada, estimulando os professores a pensar
, refletir sobre suas funções.
Segundo Grinpun ( 2002 )
“ O profissional de sala de aula está voltado para o processo de
ensino-aprendizagem na especificidade de sua área de
conhecimento, como geografia ou matemática , (..) já o
orientador Educacional não tem currículo a seguir, seu
compromisso é com a formação permanente no que diz
respeito a valores, atitudes, emoções e sentimentos, sempre
discutindo, analisando e criticando”.( GRINSPUN, 2002 )
Portanto de acordo com a autora, o orientador deve pautar seu trabalho
na busca de compreender o desenvolvimento do grupo nos vários domínios e
34
nas relações com o meio social da comunidade escolar, apontando para o
exercício da cidadania fazendo intervenções e inovando para atender os
educandos dentro das dificuldades apresentadas.Algumas estratégias que o
Orientador Educacional pode utilizar para atingir seus objetivos junto aos
educandos;
• Participar com a direção e a supervisão escolar da elaboração e
avaliação do plano global da escola, do conselho escolar.
• Assessorar nas reuniões pedagógicas, articulando entre os
diferentes níveis atendidos na escola;
• Acompanhar o rendimento das turmas através de relatórios,
assistir o educando individualmente ou em grupo:
• Acompanhar as turmas em atividades extraclasses junto com os
professores;
O Orientador Educacional deve ser o profissional para a resolução de
problemas mais sérios surgidos entre os alunos. Diante disso, é uma função
que deve ser exercida com base em dados suficientes para cada caso e cada
tipo de aconselhamento. Também é importante seu relacionamento pessoal
com os membros da equipe, favorecendo a sua intervenção para que haja
harmonia no ambiente de trabalho.
35
3.4. AS MULTIFUNÇÕES DO ORIENTADOR EDUCACIONAL: O QUE NOS REVELA A PRÁTICA COTIDIANA NA SOCIEDADE
Segundo Grinspun, o Orientador Educacional é o profissional
responsável pela formação escolar, pessoal e para a vida dos alunos, sendo
este o propósito da existência na escola. Tem uma diversidade de funções que
são determinadas através dos objetivos tornando viável sua atuação, se trata
de um mediador entre o meio social e o aluno, contribuindo para a realização
de projetos e auxiliando outros profissionais para a inserção do aluno nas
questões de atitudes, valores e desenvolvimento.
A orientação educacional desenvolvida na escola interfere na realidade
da comunidade escolar, torna-se um papel de mediador, sendo percebido
como articulação do que é real e desejado, contexto e cultura, concreto e
abstrato realidade e representações sociais que fazem parte da pratica
pedagógica. É fundamental que o orientador amplie sua visão sobre o trabalho
da escola é necessário um olhar critico e sensível diante desse processo o qual
estar inserido.
O dialogo aberto e permanente é necessário para uma boa atuação do
orientador com os alunos e com toda a equipe da comunidade escolar.
De acordo com a lei nº 5.564, de 21/12/ 68 regulamentada pelo Decreto nº
72.846, de 26/07/73, defini a função do Orientador Educacional.
Art. 8º- São atribuições do Orientador Educacional:
a) Planejar e coordenar a implantação e funcionalidade do Serviço
de Orientação Educacional em nível de:
1- Escola
2 - Comunidade.
b) Planejar e coordenar a implantação e funcionalidade do Serviço de
orientação Educacional dos órgãos do Serviço Público Federal,
36
Municipal, e Autárquico; das sociedades de Economia Mista
Empresas Estatais, Paraestatais e Privadas.
c) Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-o
ao processo educativo global.
d) Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e
habilidades do educando.
e) Coordenar o processo de informação educacional e profissional
com vista à orientação vocacional.
f) Sistematizar o processo de intercambio das informações
necessárias ao conhecimento global do educando.
g) Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos,
encaminhando a outros especialistas aqueles que exigirem
assistência especial.
h) Coordenar o acompanhamento pós-escolar.
i) Ministrar disciplinas de Teoria e Pratica da Orientação Educacional,
satisfeitas as exigências da legislação especificas do ensino.
j) Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional.
l) Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação
Educacional.
Art.9º - Compete, ainda, ao Orientador Educacional:
a) Participar no processo de identificação das características básicas
da comunidade;
b) Participar no processo de caracterização da clientela escolar;
c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola;
37
d) Participar na composição caracterização e acompanhamento de
turmas e grupos;
e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos;
f) Participar do processo de encaminhamento dos alunos estagiários;
g) Participar no processo de integração escola-familia-comunidade;
h) Realizar estudos e pesquisas na área da orientação Educacional.
Segundo Porto (2009: 64,65), o orientador educacional é – entre os
profissionais da escola – um dos que deve estar mais atento e mais capacitado
a reconhecer e a proporcionar momentos que facilitem o sentir, o pensar e o
fazer consciente, a fim de que possam ser, simultaneamente, sentir-se, pensar-
se e fazer-se.
Hoje, não mais por imposição legal, mas por plena consciência
profissional, o Pedagogo habilitado em Orientação Educacional tem seu
espaço próprio para desenvolver um trabalho pedagógico integrado,
Em vista disso, a Orientação Educacional busca meios para atingir um
objetivo, meios não excludentes, mas emancipatórios. Assim, reverte a função
do Orientador centrado nos aspectos político e social, assumindo um
compromisso com o momento histórico e com a formação dos cidadãos,
tornando o tema do trabalho do Orientador Educacional relevante e
interessante para ser estudado e pesquisado, devido à necessidade e
complexidade no mundo do trabalho.
A atuação da Orientação Educacional passa a ultrapassar o domínio
escolar, contribuindo com outras funções condizentes com a sua formação. O
Orientador tem a possibilidade de trabalhar temas atuais em empresas,
solicitados conforme necessidade dos demais funcionários, usando a
criatividade para a realização de encontros, seminários, debates, palestras e
comemorações.
38
Neste contexto, o Orientador Educacional passa a ser um profissional
colaborador nas organizações, em departamentos de Recursos Humanos,
auxiliando na construção e na formação de homens mais críticos, conscientes
e participativos na sociedade, em que estabelecem relações através do seu
desempenho pessoal.
O Orientador Educacional atua como um educador, investigando e
colaborando conforme as necessidades do grupo. É um líder que reconhece e
aceita as diferenças entre as pessoas, consegue vê-las em sua totalidade,
tenta oferecer um ambiente estimulante e confiável, une os vários segmentos
de uma organização, resultando em produtividade, pois despertou a
cooperação e a comunicação a partir dos relacionamentos interpessoais.
De acordo com Grinspun (ibid) como mediador na escola o Orientador
Educacional passa a discutir, analisar, refletir com todos que atuam no
ambiente em especial nas questões de valores emoções e atitudes.
O decreto nº 72.846 de 26 de setembro de 1973 que regulamenta a lei
nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968, citada no capítulo anterior, provê sobre
o exercício da profissão de Orientador educacional, no seu art. 8º registra as
atribuições privativas do Orientador Educacional.Na alínea “c” desse artigo
diz:coordenar a orientação educacional vocacional do educando, incorporando-
o ao processo educativo global.Sendo assim cabe ao Orientador cuidar do
processo de Orientação Profissional dos educandos para que eles possam ter
subsídios que sirvam de plataforma para a escolha da carreira que desejam
seguir.A alínea “e” também reforça ainda mais essa atribuição quando diz:
coordenar o processo de informação educacional e profissional com vistas à
orientação vocacional. Ou seja, o Orientador Educacional deve propiciar as
condições necessárias no espaço escolar, visando levar os alunos ao
conhecimentos das diversas carreiras profissionais para que façam a opção por
aquela que tenha algum significado para eles.
39
Gicaglia & Penteado diz que vale ressaltar que a realidade de cada
escola é única e por isso não entendemos as funções de um orientador como
um livro de receitas pronto, mas algo que é construído conforme as questões
que aparecem no dia-a-dia, que são colocadas como desafios diários para este
profissional.
40
CONCLUSÃO
A importância do trabalho do Pedagogo habilitado em Orientação
Educacional estende-se ao contexto social, pois o indivíduo necessita
conhecer-se como um agente transformador de seu meio, buscando ser
realizado em seu trabalho, desencadeando em melhor produtividade e
interação social. Poderá elaborar projetos de melhoria individual e coletiva para
suprir expectativas, identificando a realidade, os anseios e as limitações da
comunidade escolar como um todo.
Há algo de fundamental no trabalho do orientador educacional hoje,
além do comprometimento com os problemas de ensino aprendizagem, é
preciso lutar para que a escola não perca a dimensão humana. Devemos
cada vez criar oportunidades para alunos, pais e professores discutirem
questões presentes no dia-a-dia, com isso conseguirem soluções sobre as
consequências para buscarem o caminho consciente nessa ou naquela
direção.
Enfim, a Orientação Educacional é de muita importância no contexto
escolar, dinamiza o fenômeno educacional, abrindo os olhos para a verificação
do cotidiano para, assim, orientá-los para a realidade social, como fenômeno
educativo que acontece além da escola, compreendendo o processo de
formação de vivência, onde a individualidade tem valor, a partir da cultura,
autoestima, valores e crenças.
Conforme GRINSPUN (2002), o trabalho do Orientador Educacional não
deveria ser reduzido apenas a diagnosticar os alunos com dificuldade de
aprendizagem, e sim refletir sobre soluções que minimizem o fracasso escolar.
E para tanto, a construção do Projeto Político Pedagógico se faz importante.
O papel de o Orientador estar muito mais relacionado a promover
reflexões na escola a respeito de seus alunos e professores, das suas
relações, dos problemas encontrados na escola e no seu entorno
41
(comunidade), do currículo e dos objetivos encontrados no Projeto Pedagógico
que, muitas vezes, não são nem do conhecimento dos que dela participam.
Portanto, o orientador educacional tem um papel fundamental na busca
por novos olhares e fazeres para construção de um cotidiano escolar que
compreende vários aspectos procurando se envolver com a comunidade, tendo
em vista seus interesses e necessidades, deve trabalhar com um planejamento
participativo tendo em vista a transformação da escola e da sociedade para
que haja uma escola de qualidade é para que preciso que a parceria realmente
aconteça.
42
BIBLIOGRAFIA
GANDIN, Danilo. Planejamento: como prática educativa. 19ª ed. São Paulo:
Loyola, 2011.
GIACAGLIA, Lia Renata, PENTEADO, Wilma Millan Alves. Orientação
Educacional na Prática: princípios, histórico, legislação, técnicas, instrumentos.
6ª ed. São Paulo: Cengage Learming, 2010.
GRISPUN, Mírian P. S Zippin. A Orientação Educacional: conflitos de
paradigmas e alternativas para a escola. São Paulo: Cortez, 2001.
________________ A prática dos orientadores educacionais. São Paulo: 4ª ed.
Cortez, 1998.
LIBANÊO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola – Teoria e Pratica 3ª
Ed. Goianea, Go Editora Alternativa, 2001
LÜCK, Heloísa. Ação integrada – Administração, Supervisão e orientação
educacional. Ed. Vozes; 2001.
________________. Planejamento em orientação educacional. Petrópolis, Ed.
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MORETTO, Vasco Pedro. Planejamento: planejando a educação para o
desenvolvimento de competências. 7ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
OLIVEIRA, Maria Auxiliadora Monteiro (org). Gestão Educacional: novos
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PORTO, Olívia. Orientação Educacional. Teoria, prática e ação. Rio de Janeiro,
WARK Editora, 2009.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: plano de ensino-
aprendizagem e projeto educativo. São Paulo: Libertad, 1995.
43
Alves.Jani.Reflexões sobre a prática pedagógica da orientação
educacional.Disponível em: WWW.psicopedagogia.com.br Acesso em
06/06/2012.
Meira. Marilene. A função do Orientador Educacional.Disponível em
WWW.webartigos.com. Acesso em 28/06/2012
44
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I - CULTURA ORGANIZACIONAL E O COTIDIANO ESCOLAR
1,1- A estrutura escolar como organização
1.2 - As influências da cultura organizacional
CAPÍTULO II - A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: HISTORIA E SURGIMENTO
DA ORIENTAÇÃO NO BRASIL
2.1.- Breve histórico da Orientação Educacional
2.2.- A Orientação Educacional nos dias atuais
2.3 - A Orientação Educacional nos dias de hoje
CAPÍTULO III - A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E A REALIDADE
3.1. - A Orientação Educacional e suas atribuições: teoria e a prática
3.2 - A Importância do Planejamento em Orientação Educacional
3.3 – O Orientador educacional frente à defasagem de aprendizagem
3.4- As multifunções e áreas de atuação do Orientador Educacional: o que nos
revela a prática na sociedade
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ÍNDICE