o papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

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Page 1: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

“O papel da Medicina Veterinária na conservação da biodiversidade”

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Page 2: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

Políticas Públicas em Biodiversidade:

Conservação e uso Sustentado

no País da Megadiversidade

Weber A. N. do Amaral (ESALQ, USP) Professor da ESALQ – USP (Forest Sciences Department)

Ph.D.’98 (HLS)

Maria Cecília Wey de Brito (PROBIO/SP, CETESB/SP)

Ana Lúcia DelgadoAssad (UNICAMP e CNPq/MCT)

Gilson Paulo Manfio (CCT/Fundação André Tosello)

1. Resumo

Nas últimas décadas verificou-se uma preocupação

crescente com questões ambientais globais, decorrentes

principalmente pela degradação do meio ambiente,

práticas não-sustentáveis de uso dos recursos naturais, e

acarretando perda acelerada da diversidade biológica. Em

conseqüência, diversos documentos na área de meio

ambiente foram elaborados e negociados entre diversos

países, tendo como exemplos a Convenção sobre

Diversidade Biológica (1992), Convenção sobre Mudança

do Clima (1992), Protocolo de Montreal sobre Degradação

da Camada Ozônio (1991) e Agenda 21 (1992).

No Brasil algumas iniciativas de políticas públicas de

caráter nacional e estadual, com relação à conservação da

diversidade biológica foram também adotadas. Ainda

assim, são alarmantes as taxas de desmatamento e

Page 3: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

extinção de espécies, uso ilegal de recursos biológicos

(biopirataria) e perda de conhecimentos tradicionais

associados. No âmbito estadual, apenas o estado de São

Paulo possui um ‘programa específico’ para implantação

da CDB, o PROBIO/SP (Programa Estadual para a

Conservação da Biodiversidade), criado em 1995, na

Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo. Este

programa deste seu início vem contribuindo

significativamente para a conservação da diversidade

biológica e definição de políticas públicas para o Estado

de São Paulo, e se constitui um exemplo para outros

Estados.

2. Histórico e contextualização das discussões sobre

meio ambiente e biodiversidade

As questões ambientais têm sido tradicionalmente tratadas

de forma isolada, porém problemas ambientais são muitas

vezes relacionados e seus efeitos transpõem fronteiras

geopolíticas. Em resposta a estes aspectos, coube às

Nações Unidas liderar o debate sobre questões ambientais

globais. A primeira conferência temática foi a

"Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento

Humano" (Conferência de Estocolmo, 1972), que resultou

na "Declaração sobre o Meio Ambiente Humano",

contendo uma série de princípios de comportamento e

responsabilidade, e no "Plano de Ação", convocando os

atores internacionais (governos, iniciativa privada e

organizações não governamentais) a cooperarem na busca

de soluções para uma série de problemas ambientais

(SMA, 1996a). Como resultado da Conferência de

Page 4: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

Estocolmo, diversos países criaram agências responsáveis

pela administração da questão ambiental e implementação

de um arcabouço legal e normativo (McCormick, 1992). A

Conferência de Estocolmo, incluiu em seu extenso temário

o crescimento populacional, a necessidade de crescimento

econômico, principalmente das nações em

desenvolvimento, e a conservação do meio ambiente,

trazendo uma nova percepção sobre os recursos naturais.

Em continuidade, foi lançado em 1987 o relatório "Nosso

Futuro Comum" também denominado Relatório

Brundtland (Assad & Perreira, 1998), que trouxe consigo

o conceito de desenvolvimento sustentável e uma nova

abordagem para o meio ambiente, deslocando as

discussões para uma abordagem mais sistêmica. Esse

relatório incluiu discussões sobre perda da biodiversidade,

valoração econômica dos recursos naturais, índices de

poluição e seus impactos além das fronteiras nacionais,

diminuição da camada de ozônio, e contaminação do meio

ambiente.

A necessidade de efetuar esforços destinados à proteção,

conservação e uso sustentável da diversidade

biológica passou a ser definida como uma prioridade

internacional , tornando-se fundamental a promoção de

esforços no sentido de elaborar instrumentos legais que

envolvessem todos os aspectos e componentes

relacionados à biodiversidade. Assim, sob os auspícios do

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(UNEP), foram convocados pesquisadores e

representantes de governos para discutirem todos os

Page 5: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

pontos relacionados à diversidade biológica, tais como:

conservação, uso, partição de benefícios, propriedade e

valoração dos recursos genéticos.

Biodiversidade pode ser entendida como a variabilidade

de organismos de todas as origens e os complexos

ecológicos de que fazem parte, compreendendo ainda a

diversidade dentro de espécies, entre espécies e de

ecossistemas (SMA, 1996a). Os estudos sobre a

diversidade biológica podem ser remetidos à Aristóteles.

Porém somente no final dos anos 70, foram realizadas as

primeiras estimativas confiáveis sobre as taxas de

desmatamento nos trópicos, e de extinção de espécies,

portanto de perda de biodiversidade (Heywood & Watson,

1995). Atualmente verifica-se que as taxas de

desmatamento correlacionam-se muito bem com a perda

da diversidade biológica terrestre.

O Brasil como um país detentor da megadiversidade e ao

mesmo com elevada taxa de desmatamento, possui um

papel relevante na elaboração de políticas públicas ligadas

a biodiversidade. Estas podem ser apropriadas aos países

com características semelhantes, especialmente do

Terceiro Mundo, onde a maior parte da biodiversidade

está concentrada.

Em 1991 iniciaram-se as negociações formais entre os

países, que culminaram com a realização, em 1992, da

"Conferência da Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento" (UNCED - United Nations Conference

Page 6: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

on Environment and Development), também conhecida

como "Cúpula da Terra" (Earth Summit) ou RIO 92

(McConnell, 1996). Como produto dessa Conferência

foram assinados cinco documentos, direta ou

indiretamente relacionados com a proteção e conservação

da biodiversidade em nível global, a saber:

Convenção sobre Biodiversidade (CDB);

Convenção sobre Mudanças do Clima;

Agenda 21;

Princípios para Administração Sustentável das

Florestas;

Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento;

Com relação à Convenção sobre Diversidade Biológica

(CDB), podem ser destacados os seguintes princípios

norteadores (Dias, 1996; Glowka, 1996):

a diversidade biológica deve ser conservada;

a utilização dos recursos genéticos deve se dar de

maneira sustentável;

os benefícios advindos da utilização dos recursos

genéticos devem ser repartidos de modo justo e eqüitativo.

Page 7: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

A CDB recomenda que os países signatários preparem e

implementem políticas nacionais sobre biodiversidade que

sejam integradas às demais políticas públicas setoriais.

Este novo enfoque sobre as questões ambientais deve

envolver ações voltadas à preservação, conservação, uso e

manejo sustentável da diversidade biológica, assim como

deve ser adotado um arcabouço legal que regulamente o

acesso aos recursos genéticos, a partição dos benefícios, e

as normas e procedimentos de biossegurança, dentre

outros (Assad & Pereira, 1998). Para seguir tais princípios,

os países devem promover uma série de ajustes legais,

implantar novos mecanismos de proteção e uso de sua

biodiversidade, ampliar a base do conhecimento, financiar

pesquisas na área de biodiversidade.

O Brasil, signatário desta Convenção, tem procurado

adotar medidas que viabilizem o cumprimento dos

princípios estabelecidos na CDB. A definição e

implementação de políticas destinadas à conservação e uso

da biodiversidade em nível federal e estadual torna-se,

assim, uma prioridade neste contexto. Atualmente apenas

o Estado de São Paulo possui um programa específico

para conservação da diversidade biológica, o PROBIO/SP.

3. A questão ambiental no Brasil

A formação do arcabouço jurídico e normativo que trata

dos recursos naturais brasileiros teve início no período da

ditadura Vargas e Estado Novo (1930/46) e prosseguiu

sem alterações conceituais até o período da ditadura

Page 8: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

militar (1964/1984). Nesta fase, o que se observou foi uma

regulamentação dos recursos naturais sob o prisma

exclusivo do desenvolvimento econômico (Neder, 1997),

o que, de certa forma, mesmo com os avanços legais e

normativos alcançados, notadamente o Capítulo de Meio

Ambiente da Constituição Federal de 1988, mantém-se até

hoje.

Desde 1937, com a criação do primeiro Parque Nacional,

em Itatiaia, RJ, o Brasil vem adotando a estratégia

mundialmente difundida para a conservação in situ da

biodiversidade, baseada na criação de "Unidades de

Conservação" (UCs) (Brito, 1995).

Nas décadas de 60 e 70, verificou-se um grande avanço na

criação de UCs e surgiram as primeiras propostas para

criação de um "sistema nacional de unidades de

conservação" (Brito, 1995).

Também na década de 70, após a Conferência de

Estocolmo (1972), o governo brasileiro deu início ao

desenvolvimento de uma política pública voltada para a

conservação do meio ambiente, culminando com a criação

da Secretaria Especial do Meio Ambiente, em 1973. Já

nesta época, verificava-se um estado de degradação

ambiental crítico em diversas áreas do país.

No início da década de 80 foi instituído o Sistema

Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA, Lei 6938/81),

Page 9: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

constituído pelo CONAMA - Conselho Nacional do Meio

Ambiente, MMA - Ministério do Meio Ambiente, IBAMA

- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis e órgãos da administração pública

federal, setorial, estadual e municipal de meio ambiente.

Os dois primeiros órgãos do sistema eram responsáveis

pela formulação de políticas e articulação inter-

institucional e os demais pela execução da Política

Nacional do Meio Ambiente O sistema foi orientado para

uma execução descentralizada, com repartição de

responsabilidades entre as três esferas de governo e

participação da sociedade civil na conservação do meio

ambiente (MMA, 1997).

Já em 1987, o governo brasileiro, com apoio do PNUD

(Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento),

iniciou a negociação do Programa Nacional do Meio

Ambiente (PNMA), voltado para resolução de deficiências

nas áreas de capacitação institucional, conservação da

biodiversidade e estratégias de desenvolvimento. O

PNMA, efetivado em 1991, foi a maior operação de

crédito firmada com agências multilaterais (Banco

Mundial, BIRD e KFW) na área de meio ambiente no

Brasil, constituindo-se na principal fonte de financiamento

de projetos neste período, com recursos da ordem de US$

127 milhões (MMA, 1997). O PNMA caracterizou-se

como inovador ao buscar a integração da questão

ambiental no planejamento e desenvolvimento regional.

A Constituição Federal de 1988 criou condições para a

descentralização da formulação de políticas, permitindo

Page 10: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

que estados e municípios assumissem uma posição mais

ativa nas questões ambientais locais e regionais (Lopes et

al., 1996). Iniciou-se então, a formulação de políticas e

programas mais adaptados à realidade econômica e

institucional de cada estado, permitindo maior integração

entre as diversas esferas governamentais e os agentes

econômicos. Alguns estados se destacaram, demonstrando

consciência da necessidade de conservar seus recursos

naturais remanescentes em razão do agravamento de seus

problemas ambientais ou por possuírem melhor nível de

informação sobre eles (Lopes et al., 1996).

Em 1990, iniciam-se as discussões e negociações para a

implantação de um Programa Piloto para a Preservação

das Florestas Tropicais do Brasil (denominado PPG7),

instituído em 1992 (Decreto nº 563/92). A primeira fase

foi desenvolvida de forma piloto com recursos da ordem

de US$ 250 milhões e contrapartida nacional de 10%.

Como suporte financeiro ao Programa foi criado, em 1992,

o "Rain Forest Trust Fund" (RTF), administrado pelo

Banco Mundial. Os objetivos do Programa Piloto são:

conservar a biodiversidade, reduzir emissões de carbono e

promover maior conhecimento sobre atividades

sustentáveis da floresta tropical.

Existem ainda, iniciativas pontuais de diversos órgãos

não-governamentais (ONGs), agências financiadoras

nacionais (e.g., CNPq, FINEP e BNDES) e órgãos

estaduais de apoio ao desenvolvimento científico e

tecnológico (FAPESP, FAPERJ, FAPERS e FAP/DF entre

outros) direcionadas à promoção de estudos, formação de

Page 11: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

recursos humanos e pesquisas em conservação e uso da

biodiversidade.

4. Instrumentos jurídicos de proteção da

biodiversidade no Brasil

No aspecto jurídico desde a década de 60, e mais

acentuadamente na década de 80, o Brasil vem

formulando normas de proteção ambiental relacionadas à

conservação da biodiversidade, dentre as quais destacam-

se:

Lei No. 4.771/65: institui o Código Florestal;

Lei No. 5.197/67: dispõe sobre a proteção à fauna;

Lei 6.766/79: dispõe sobre o parcelamento do solo

urbano;

Lei No. 6.902/81: dispõe sobre a criação de estações

ecológicas e áreas de proteção ambiental;

Lei No. 6.938/81: dispõe sobre a Política Nacional do

Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e

aplicação;

Decreto No. 89.336/84: dispõe sobre Reservas

Ecológicas e Áreas de Relevante Interesse Ecológico;

Lei No. 7.347/85: disciplina a ação civil pública de

responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao

Page 12: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,

histórico, turístico e paisagístico;

Lei No. 7.661/88: institui o Plano Nacional de

Gerenciamento Costeiro;

Lei No. 7.679/88: dispõe sobre a proibição da pesca de

espécies em períodos de reprodução;

Constituição Federal/88, Capítulo do Meio Ambiente

(art. 225): garante o direito de todos ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e

essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao Poder

Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-

lo para as presentes e futuras gerações; estabelece, dentre

outros, a obrigatoriedade de preservação e restauração de

processos ecológicos essenciais e manejo ecológico das

espécies e ecossistemas; preservação da diversidade e a

integridade do patrimônio genético do País, fiscalização

das entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de

material genético; definição de espaços territoriais e seus

componentes a serem especialmente protegidos; proteção

da fauna e flora. Declara como patrimônio nacional a

Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o

Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira;

Lei No. 7.754/89: estabelece medidas para proteção das

florestas existentes nas nascentes dos rios;

Lei No. 7.797/89: cria o Fundo Nacional do Meio

Ambiente;

Decreto Legislativo No. 02/94: aprova o texto da

Convenção sobre Diversidade Biológica;

Page 13: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

Lei No. 8.974/95 - estabelece normas para o uso das

técnicas de engenharia genética e liberação no meio

ambiente de organismos geneticamente modificados,

autoriza o Poder Executivo a criar, no âmbito da

Presidência da República, a Comissão Técnica Nacional

de Biossegurança;

Lei No. 9.605/98: dispõe sobre as sanções penais e

administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas

ao meio ambiente e dá outras providências (Lei de Crimes

Ambientais).

Apesar de todo esse arcabouço legal, as taxas de

desmatamento e perdas de biodiversidade continuam

alarmantes. Na região amazônica, por exemplo, durante o

período de 1978 a 1998, este valor atingiu 2 milhões de ha

(Amaral et al. 1999). A Mata Atlântica, por sua vez, está

reduzida à apenas 7,3% de sua cobertura original

(Capobianco, 1998), causando a fragmentação de

ecosistemas, à extinção de espécies (SMA, 1998c) e a

perda de habitats de caráter irreversível (Dean, 1995).

4.1. A implementação da convenção sobre diversidade

biológica (CDB) no Brasil

O Brasil foi um dos primeiros países a assinar a

Convenção sobre Diversidade Biológica (MMA, 1998),

ratificada pelo Congresso Nacional em fevereiro de 1994.

Visando implantar a CDB, e os princípios da Agenda 21, o

Governo Federal estabeleceu ainda em 1994, a Comissão

Page 14: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

Interministerial para o Desenvolvimento Sustentável

(CIDES, Decreto nº 1.160 de 21/06/94), criando então a

Coordenadoria de Diversidade Biológica, no Ministério do

Meio Ambiente e da Amazônia Legal (MMA, 1998),

responsável pela coordenação e implantação da CDB no

país. Para apoiar a implementação de projetos em

atendimento às ações recomendadas pela CDB e subsidiar

a CIDES, o Governo Federal criou o Programa Nacional

de Diversidade Biológica (PRONABIO, Decreto nº 1.354

de 29/12/94), que tem por objetivo promover a parceria

entre o governo e a sociedade na conservação da

diversidade biológica, no uso sustentável de seus recursos

e na repartição dos benefícios advindos da utilização

desses recursos (MMA,1998).

O "Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da

Diversidade Biológica Brasileira" (PROBIO) foi

negociado em 1995 pelo MMA junto ao Banco Mundial,

com financiamento do Tesouro Nacional e GEF (Global

Environmental Facility). O PROBIO é administrado pelo

MMA em parceria com o CNPq e busca financiar estudos,

projetos demonstrativos e workshops de interesse para a

conservação e a utilização sustentável da biodiversidade.

Foi também estabelecido um Fundo Privado de

Biodiversidade (FUNBIO) para administração dos

recursos do GEF, no valor de U$ 20 milhões, com o

compromisso de alavancar recursos adicionais junto ao

setor privado e outras fontes (MMA, 1998).

4.2. Biodiversidade em São Paulo e a atuação do

PROBIO/SP

Page 15: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

O Estado de São Paulo com uma área de 248.000

km2 aproximadamente, está situado num planalto,

delimitado a leste pela Serra do Mar, com altitudes que

variam de 800 a 1.100 m, e planície litorânea, com

aproximadamente 40 km de largura. Situa-se na região

mais rica do País, que engloba grande parte da região

Sudeste, contando com importantes centros industriais, de

produção agropecuária e de oferta de serviços. O Estado

de São Paulo exerce papel articulador na economia

nacional, apresentando expressiva participação no

comércio exterior, malha de transporte bem estruturada,

sistema de energia e telecomunicações desenvolvido e

mercado consumidor expressivo.

No setor agropecuário, o estado apresenta um quadro de

lavouras comerciais diversificado, destacando-se na

produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, como

maior produtor nacional de cana-de-açúcar e cítricos, e

com um rebanho bovino com mais de 12 milhões de

cabeças. A área total dos estabelecimentos agropecuários

registrada em 1995 abrangia 69,8% da área territorial do

estado (IBGE, 1996).

Registra cerca de 540.000 estudantes matriculados em

cursos de ensino superior, 3 universidades estaduais (USP

- Universidade de São Paulo; Unicamp - Universidade de

Campinas e Unesp - Universidade "Júlio Mesquita Filho")

e 9 faculdades de tecnologia. Possui ainda 690 escolas de

ensino técnico com 226 mil alunos. O ensino básico

Page 16: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

registra 6.575 escolas estaduais, 2.210 escolas rurais e 9,7

milhões de estudantes.

São Paulo é o estado mais populoso da União (34,1

milhões) e apresenta o maior PIB (R$ 302 bilhões),

possuíndo maior parque industrial do país. Concentra

ainda cerca de 30% dos investimentos privados realizados

no país, sendo que na Região Metropolitana da cidade de

São Paulo, está instalada 52% das indústrias do Estado de

São Paulo, constituindo-se no maior centro consumidor do

Brasil e responsável por 40% da produção industrial

nacional.

Em contrapartida ao alto desenvolvimento econômico e

tecnológico, o meio ambiente no Estado está severamente

degradado (Victor, 1977). Pouco resta da cobertura

vegetal original do estado, que inclui diversos

ecossistemas, a Mata Atlântica, Mata de Planalto, Matas

Ciliares e de Brejo (Leitão Filho, 1982) e o Cerrado

(SMA, 1997c).

As áreas vegetais naturais remanescentes no estado,

segundo dados de 1990 (SMA, 1993), correspondem a

cerca de 33.000 km2, representando cerca de 13,4% do

território total do estado. A maioria dos fragmentos

remanescentes localizam-se na costa atlântica, com

pequenos e médios fragmentos florestais, representando

florestas semi-decíduas no interior do estado, além das

áreas de Cerrado (SOS Mata Atlântica, 1995). Dos

remanescentes vegetais, cerca da metade encontram-se em

Page 17: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

unidades de conservação, e metade em reservas legais e

áreas privadas (SMA, 1993).

Os remanescentes vegetais naturais são importantes

componentes da ecologia de paisagem e representativos da

biodiversidade outrora existente, sendo entremeados por

áreas de agricultura e pastagem, além de áreas industriais e

urbanas com níveis de poluição ambiental variados.

A Mata Atlântica remanescente no estado apresenta uma

alta riqueza de espécies e alta taxa de endemismo, que a

caracterizam como um bioma de prioridade elevada para

conservação. O valor econômico potencial de espécies

vegetais e animais desta região é difícil de ser estimado,

porém essas espécies podem produzir não só alimentos e

matéria-prima, mas principalmente fármacos e derivados

químicos de alto valor (Clark & Downes, 1995), além de

serviços ambientais, tais como produção de água,

estabilidade do microclima, conservação do solo, beleza

cênica, etc. (Constanza et al. 1989, Constanza, 1991).

Já o Cerrado, que também possui alta riqueza de espécies

e tem alto potencial econômico, apresenta situação ainda

mais crítica. O estado conta hoje com apenas 13% de sua

cobertura original (80% dos fragmentos possuem menos

de 30 hectares, SMA, 1998a), mas, diferentemente de

outros ecossistemas, esta formação vegetal ecossistema

prescinde do resguardo legal que outros ecossistemas já

receberam. Recentemente o Cerrado foi considerado como

Page 18: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

um dos Hot Spots do planeta – alta taxa de biodiversidade

e endemismo e alto risco de extinção.

Visando implementar ações de conservação e uso da

biodiversidade no estado, de acordo com as diretrizes

contidas na Convenção de Diversidade Biológica (CDB), a

Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo

criou em 1995, o "Programa para a Conservação da

Biodiversidade" (SMA, 1997a).

4.3. PROBIO/SP

A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo -

SMA é responsável pela manejo de aproximadamente 900

mil hectares de unidades de conservação que representam

50% dos remanescentes de vegetação natural do Estado.

Nesta rede de unidades de conservação, a Mata Atlântica é

o ecossistema predominante. Ainda que protegidos

legalmente, estes remanescentes estão sob sérias ameaças:

especulação imobiliária, poluição atmosférica, expansão

das fronteiras agrícolas, extrativismo ilegal, etc. Além

disso, ameaça ainda maior recai sobre os remanescentes de

vegetação natural que não estão legalmente protegidos e

que na sua maioria estão localizados em propriedades

privadas.

Page 19: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

Conservar a biodiversidade do Estado significa ultrapassar

sérias dificuldades – da necessidade de aumentar e tornar

disponíveis o conhecimento científico, à solução das

questões fundiárias das unidades de conservação. Por

exemplo apenas 35% do território das unidades de

conservação é de propriedade do poder executivo.

Somam-se a este desafio, a necessidade da criação de

mecanismos que favoreçam a conservação da

biodiversidade e o fortalecimento de uma relação de

compromisso da sociedade com a conservação deste

patrimônio coletivo.

As ações da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de

São Paulo (SMA, 1996a), na gestão 1995-98,

estruturaram-se a partir de um amplo diagnóstico efetuado

no início de 1995. Com este diagnóstico, foi definida uma

nova estrutura administrativa e operacional para a

instituição, e um novo modelo de gestão. Um modelo de

gestão voltado ao cumprimento dos preceitos da Agenda

21, cumprimento e implementação dos documentos

resultantes da "Rio – 92", e baseado na transparência,

eficiência e ética, com a participação da sociedade civil.

A necessidade de integração de toda a estrutura da SMA -

no planejamento e na execução das ações -, tornou

prioritárias medidas de reforço da comunicação,

colaboração e entrosamento entre as unidades

componentes da SMA, que redundaram na criação de 10

Programas, dentre eles o PROBIO/SP.

Page 20: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

Os problemas que deram origem a criação do PROBIO/SP

foram: a) a desarticulação de ações e informações relativas

a biodiversidade no Estado de São Paulo – seu status,

tendências, agentes envolvidos, projetos realizados e em

andamento, recursos disponíveis (humanos e financeiros),

entre outros; b) o desconhecimento da biodiversidade do

estado; c) a prevalência de visão e ações

compartimentadas no trato deste tema; e d) a

obsolescência do modelo de gestão governamental vigente

(SMA, 1998b).

Assim, os objetivos do PROBIO/SP foram e continuam a

ser: implementar, em nível estadual a CDB; contribuir

para a discussão e tomada de decisões sobre

biodiversidade, nos níveis estadual, nacional e

internacional; articular a participação dos atores sociais

envolvidos com o tema; potencializar ações para a

conservação e uso sustentável da biodiversidade;

disseminar o conteúdo e os conceitos da CDB e os

capítulos das Agenda 21 referentes à biodiversidade;

participar da definição de uma política estadual de

conservação e uso sustentável da biodiversidade; valorizar

a sócio diversidade.

As ações do PROBIO/SP são diversificadas, incluindo

desde a produção de estudos e de dados, reunião e

sistematização de informações, projetos, eventos,

assessoria técnica e científica, subsídios para políticas

públicas, que visam o diagnóstico participativo da situação

atual da biodiversidade e sua conservação, à proposição de

Page 21: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

alternativas para a sua manutenção e utilização sustentável

e justa (SMA, 1998b). Como por exemplo:

Realização de um amplo diagnóstico dos remanescentes

de cerrado paulista, utilizando metodologia inovadora

(reunião com mais de 100 pessoas entre cientistas,

técnicos, representantes de ONGs, de movimentos sociais,

de outros setores de governo), cujos resultados foram a

sistematização das informações, divulgação de dados,

definição de estratégias e proposição e mapeamento de

áreas prioritárias para a conservação;

Listagem das espécies de fauna silvestre ameaçadas de

extinção, trabalho realizado em parceria com a

Universidade Federal de São Carlos e mais de 80

cientistas de dentro e de fora do Estado. Este trabalho

resultou na edição da Primeira Lista Estadual de Fauna

Ameaçada do Estado de São Paulo, legislação específica

para a proteção destas espécies (Decreto Governamental)

que aborda de maneira inovadora este tema uma vez que

aponta a necessidade de proteção específica dos habitats

destas espécies;

Organização de eventos em temas de vanguarda, todos

com participação publica de dentro e de for a da SMA -

Hot Spots, Recursos Marinhos, Fauna Ameaçada de

Extinção, Acesso a Recursos Genéticos, Convenção sobre

Diversidade Biológica, Cerrado, Sistema Estadual de

Unidades de Conservação;

Criação e manutenção de homepage

www.bdt.org.br/bdt/sma/probio, com dados básicos sobre

Page 22: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

o Programa, sobre os resultados de atividades realizadas,

boletins publicados, etc.;

Criação e divulgação de uma série editorial - Série

PROBIO/SP- com 6 títulos (2 no prelo) e 3 cartazes de

divulgação (1 no prelo) - em conjunto com Centro de

Editoração da SMA;

Negociação de conflitos ambientais, principalmente

aqueles relacionados a comunidades tradicionais e

unidades de conservação, particularmente as comunidades

remanescentes de quilombos;

Coordenação dos trabalhos da SMA para a definição de

diretrizes e de legislação estadual para acesso aos recursos

genéticos presentes nas unidades de conservação do

Estado e sua repartição justa e eqüitativa. Organização de

Workshop Internacional para atualizar as discussões

nacionais/estaduais sobre o tema e produção de material

impresso (anais) para a divulgação dos resultados;

Sistematização de informações sobre as unidades de

conservação do estado, com a publicação dos resultados,

definição de projetos e legislação sobre o assunto.

5. A importância de políticas públicas e dos

remanescentes de vegetação privados para a

conservação da biodiversidade no Estado de São Paulo

Segundo Pal (1987) não há uma definição única para

políticas públicas na literatura acadêmica. No entanto, há

Page 23: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

algumas tentativas de definição que podem ser utilizadas

como por exemplo:

"Uma política pode ser considerada como um grupo de

ações ou "não ações" em contraposição a decisões ou

ações específicas. Este grupo de ações tem que ser

percebido e identificado pelo analista em questão";

"Uma série de decisões interrelacionadas tomadas por um

ator político ou grupo de atores políticos objetivando a

seleção de objetivos e meios de atingi-los dentro de uma

situação específica";

"Política Pública é tudo o que os governos escolhem fazer

ou não fazer".

Vianna Jr.,1994 entende política pública como "uma ação

planejada do governo que visa, por meio de diversos

processos, atingir alguma finalidade. Esta definição,

agregando diferentes ações governamentais introduz a

idéia de planejamento, de ações coordenadas. Entretanto,

as ações classificadas como políticas públicas são

realizadas por diferentes organismos governamentais, nem

sempre articulados entre si".

Segundo Moraes (1994), as políticas públicas podem ser

agrupadas em três grandes segmentos:

Page 24: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

políticas econômicas, incluindo neste grupo as políticas

cambial, financeira e tributária;

políticas sociais, englobando as políticas de educação,

saúde e previdência; e,

políticas territoriais, que compreende políticas de meio

ambiente, urbanização, regionalização e de transportes.

Em termos gerais, política pública pode ser definida como

"tudo o que o governo faz". No entanto, há que se fazer

uma distinção entre decisões e políticas (Pal, 1987). As

primeiras são tomadas todos os dias e em grande

quantidade, muitas vezes como simples reação à

circunstâncias. As políticas públicas estão acima das

decisões, e em geral são produto de planejamento. Deve-se

notar entretanto, que o acúmulo de decisões no tempo

pode também vir a se constituir numa política (Reis &

Motta, 1994).

Indivíduos, organizações e governos podem ter políticas,

porém o que define uma política como pública não é seu

impacto mas sua origem (Pal, 1987).

Historicamente, pode-se perceber um grande

distanciamento entre as políticas públicas de

desenvolvimento econômico e as de proteção ambiental, o

que pode ter acarretado o elevado grau de degradação

ambiental dos principais ecossistemas no Estado de São

Paulo e do território nacional de maneira geral.

Page 25: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

As políticas públicas setoriais econômica, industrial,

energética, agrícola, de transporte, de ciência e tecnologia

e de educação, para citar somente algumas, estão

relacionadas à conservação ambiental. Mesmo que o país e

o estado de São Paulo não tenham políticas públicas

setoriais suficientemente definidas, ações pontuais

resultantes das mesmas, tendem a impactar o meio

ambiente. Como exemplo, políticas agrárias, voltadas ao

assentamento de agricultores sem terra devem ser

acompanhadas de ações nas áreas educacional, fundiária e

creditícia (Veiga, 1998), dentre outras, para promover a

utilização racional da terra e a conservação da diversidade

biológica. Um outro exemplo pode ser obtido da análise

das políticas energéticas, que incentivavam a construção

de grande complexos hidroelétricos para geração de

energia, com a conseqüente inundação de extensas áreas

com vegetação natural, acarretando a perda da

biodiversidade, e de espécies ainda não conhecidas

(Brasil, 1991).

Uma das dificuldades em orientar decisões políticas para

que estas não comprometam o meio ambiente, está na

necessidade de suas ampliações no âmbito das decisões.

Isto porque quando se trata de meio ambiente, a

abrangência dos efeitos/custos relativos ao emprego de

uma determinada técnica ou política é muito maior que a

abrangência dos benefícios. Também as atuais leis e

políticas públicas de meio ambiente não são suficientes

para diminuir a perda da biodiversidade. As unidades de

conservação por exemplo, podem não cobrir áreas com

alto índice de biodiversidade e podem falhar na tentativa

Page 26: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

de acomodar as necessidades biológicas das espécies

existentes na área (Clark e Downes 1995).

Um dos aspectos que deve ser considerado na análise do

impacto das políticas públicas setoriais sobre a

biodiversidade diz respeito aos recursos financeiros a elas

vinculados. Clark e Downes (1995), citando o trabalho da

organização não governamental (ONG), Friends of The

Earth (Earth Budget, 1993) apontam que apenas 2,3% dos

gastos federais nos Estados Unidos são para a proteção do

meio ambiente. Outro aspecto é a distância existente entre

a intenção dos tomadores de decisão ao elaborar uma

política pública e interpretação das mesmas pelas agências

responsáveis por sua implementação.

Dentre as propostas que podem ser aventadas para a

melhor integração de políticas públicas, com vistas à

melhoria da eficiência na implantação de uma política

estadual de conservação e uso sustentável da

biodiversidade, inclui-se: a necessidade de revisão de

incentivos fiscais e subsídios governamentais relacionados

ao uso da terra; o desenvolvimento de mecanismos

econômicos de incentivo à conservação e uso sustentado; a

promoção da agricultura sustentável; o planejamento de

uso e manejo de solo e áreas de conservação; a construção

de alianças entre os setores interessados (Castilleja et al.

1993); a regulamentação de acesso e uso de recursos

genéticos (Glowka et al. 1994); a integração de valores

ambientais à formulação de políticas públicas (Paula et al.

1997).

Page 27: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

O Estado de São Paulo tem um histórico de intensa

degradação ambiental. Ao mesmo tempo que é um dos

estados melhor estruturado e aparelhado para a

conservação da biodiversidade. Entretanto, a

desarticulação das políticas públicas setoriais contribui

para a manutenção do quadro de perda de biodiversidade.

No Estado de São Paulo, a somatória das áreas cobertas

por remanescentes vegetais naturais legalmente protegidos

e daquelas onde os remanescentes não têm proteção legal

é semelhante, aproximadamente 1.000.000 ha para cada

categoria (SMA, 1993), porém estas duas categorias não

podem ser comparadas no que diz respeito aos tamanhos

de seus componentes. As áreas protegidas são em menor

número e de grande extensão. As não protegidas são

inúmeras, fragmentadas e de tamanho reduzido, e é nestas

áreas que a biodiversidade tende a diminuir mais

acentuadamente pelas variações e pela desarticulação das

políticas públicas setoriais, uma outra hipótese a ser

testada neste projeto. Sabe-se que estão praticamente

esgotadas as possibilidades de criação de novas unidades

de conservação no estado para o resguardo dos

remanescentes vegetais naturais. Assim, os remanescentes

vegetais naturais sem proteção legal - fragmentos - passam

a ter papel preponderante para a conservação da

biodiversidade, principalmente se considerarmos que estes

contribuem significativamente para o aumento da

conectividade entre os mesmos e as unidades de

conservação.

Além disso diversos autores têm proposto uma abordagem

da questão ambiental a partir da investigação do

comportamento de unidades familiares envolvidas com a

Page 28: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

prática agrícola, uma vez que os proprietários rurais são

pessoas-chave nas decisões relacionadas com a

conservação informal de áreas naturais e semi-naturais

(Azevedo, 1994).

6. Discussão final

Considerando a inexistência de articulação na elaboração e

implementação das políticas públicas, as quais colaboram

direta e indiretamente para a perda da diversidade

biológica, a conservação e o uso da diversidade biológica

em propriedades privadas assume um papel muito

importante. Desta forma, espera-se que o desenho de

novas políticas públicas integradas possam diminuir o

maior risco de perda de biodiversidade que estas área

apresentam, comparadas às áreas localizadas em unidades

de conservação.

Além disso, espera-se que o impacto das políticas públicas

setorias sobre a conservação da biodiversidade em áreas

privadas e públicas no Estado de São Paulo possa ser

devidamente avaliado, visando fornecer subsídios para a

formulação e/ou adequação de novas políticas públicas, as

quais devam favorecer a conservação da diversidade

biológica, o uso sustentado de seus componentes e a

repartição de benefícios gerados.

Espera-se ainda que a participação da sociedade civil

organizada e organizações não governamentais possam

Page 29: O papel da medicina veterinária na conservação da biodiversidade

contribuir para o aumento da percepção pública e dos

formuladores de políticas públicas, quanto à importância

da conservação e uso racional da diversidade biológica,

seja por meio do uso de veículos de comunicação locais e

regionais, como jornais, rádios e televisão, bem como pela

publicação de materiais didáticos sobre biodiversidade

para proprietários rurais, estudantes de cursos primários e

secundários e para formuladores de políticas.

7. Referências Bibliográficas

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