o ortográfico em goiás

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  • 8/16/2019 O Ortográfico Em Goiás

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    W e - Re vi s ta S OC I OD I AL E TO •   www.socio ia et o.com. rBacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo GrandeM e s t r a d o e m L e t r a s •   U E M S / C a m p o G r a n d e

    I S S N : 2 1 7 8 - 1 4 8 6 •   V o l u m e 4 •   N ú m er o 1 2 •  m a i o 2 0 1 4E d i ç ã o E s p e c i a l • H o m e n a g e a d oF E R N A N D O T A R A L L O

    Web-RevistaSOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/CampoGrande, v. 4, nº12, mai. 2014 436 

    POSSIBILIDADES FONÉTICAS DO “O” ORTOGRÁFICO EMGOIÁS

    Isadora Massad Giani Pinheiro1 (CNPq/UFG)[email protected] 

    Sebastião Elias Milani2 (UFG)[email protected]  

    RESUMO: A norma padrão da língua e a forma ortográfica da língua escrita oferecem a alguns falantes,os quais não refletem sobre a língua de maneira profunda, fundamento para que cometam preconceito

    linguístico, na maioria das vezes estigmatizando pessoas sem escolaridade ou de classe social poucofavorecida. Porém, a partir de análises linguísticas mais reflexivas, ao invés de ver estigmatização, vê-seriqueza de variantes, a partir das produções dos falantes. Através de uma pesquisa de cunho tipológico,

     pode-se enxergar que as mudanças linguísticas ocorrem em todas as línguas, como consequências dediversas circunstâncias. Este tipo de pesquisa invalida qualquer manifestação de preconceito linguístico.Apoiando-se nesse pressuposto, as variantes fonéticas encontradas para o “o” ortográfico mostram que a  língua brasileira também não está imune à variação ou à mudança, além de apresentar que a língua escritae a língua falada não têm correspondência completa e que uma acaba sendo resultado da outra, na maioriadas vezes as mudanças linguísticas passam a ser aceitas e convencionadas como padrões, após muitotempo de uso e de discriminação. A observação da língua falada possibilita a previsão do destino da nossalíngua escrita e a observação de certos fenômenos pode explicar outros e dessa forma o estudo linguísticofica sistemático.

    PALAVRAS-CHAVE: Fonética; tipologia; preconceito linguístico.

    ABSTRACT:  The forma standard variety of a language, as well as its written form, provide somespeakers of the language, the ones who do not reflect upon the language in a deeper level, with a basiswith which they practice linguistic prejudice, often times stigmatizing people without proper education orwho belong to a poorer social class. However, because of a more reflective linguistic analysis, instead ofstigmatizing, it is possible to see richness in the linguistic varieties found in the production of thespeakers. Through typological research, we can see that linguistic changes happen in every language, as aconsequence of different circumstances. This type of research disregards any type of linguistic prejudice.Based on this assumption, to bring the phonetic varieties found in the orthographic “o” shows that our

    language is not immune to variety or to changing, and it also shows that the written language and the orallanguage do not have a complete correspondence and that one ends up being the result of the other, and

    even that in most cases the linguistic changes happen to be accepted and become the standard, after muchtime of usage and discrimination. The observation of a spoken language enables us to predict the destinyof our written language, thus, it should receive greater attention as well as more importance, theobservation of some phenomena can explain other phenomena, and thus linguistic study can be moresystematic.

    KEYWORDS: phonetics; typology; linguistic prejudice.

    1 Mestranda em Linguística pelo Programa de pós-graduação em Letras e Linguística da UniversidadeFederal de Goiás e bolsista CNPq. [email protected] 2 Professor Doutor, atua na Universidade Federal de Goiás na área de Linguística, na Graduação e na Pós-Graduação. [email protected]  

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]

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    1. Introdução

    Este artigo se insere, enquanto metodologia mais ampla, nos estudos de tipologia

    linguística. A tipologia linguística aborda, segundo Whaley (1997), a classificação de

    qualquer componente de uma língua, ou toda uma língua. No primeiro caso, é

    importante observar uma construção que se origina a partir da língua, uma vez que

     pretende compreender melhor como tal elemento funciona, sempre levando em

    consideração a comparação feita com outras línguas estudadas. É importante recordarque é um objetivo entender o porquê de a língua ser daquela forma.

    A tipologia linguística tem como objetivo,  grosso modo, investigar as

     possibilidades estruturais dentro das línguas do mundo. Para isso, fazem-se

    comparações entre diferentes línguas, com variadas estruturas e descrevem-se essas

     peculiaridades encontradas.

    É do conhecimento geral das pessoas que estudam a linguagem, que a língua, emsuas partes, está em constante mudança, seja no âmbito fonológico, morfológico,

    sintático ou semântico-lexical. Essa mudança pode estar totalizada ou pode estar

    ocorrendo aos poucos contribuindo para que diversas estruturas coexistam.

    Como a maioria das diferenças na sociedade causam estranheza e imediato

     preconceito, com a linguagem não é diferente. Foi eleita, através de uma convenção

    social, qual é a forma “correta” de utilizar cada língua, consequentemente, elegendo as

    formas “erradas” dessa utilização.

    Os estudos linguísticos, com o advento da tipologia, puderam propor melhoras

    no pensamento dos estudiosos de linguística quanto ao ponto mencionado, uma vez que

    trabalha com as mais diversificadas línguas, sendo que cada uma delas possui aspectos

     particulares, funcionamento próprio etc.

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    Descobrir diferentes aspectos de línguas distantes possibilita, a cada um, a

    reflexão sobre as diferenças dentro da própria língua. Se uma determinada estrutura

    existente em uma língua “exótica” pode ser que funcione também em nossa língua

    latina e, ao invés de esses fatos serem olhados com discriminação, deveriam ser

    observados mais proximamente e com mais interesse e curiosidade.

    Um trabalho tipológico, a priori, aparenta ser muito difícil de executar, quando o

     pesquisador lidará com uma língua completamente diferente, com elementos distintos

    dos quais costuma entrar em contato. Não desprezando os esforços os quais devem ser

    destinados à pesquisa tipológica, é importante ressaltar que, por mais diferentes que aslínguas sejam, acredita-se que há uma unidade entre todas elas, ou seja, há uma

    estrutura imanente:

    [...] other linguists have argued that the unity that underlies languages is better explained in terms of how languages are actually put to use. To besure, languages are all employed for like purposes: asking questions, scolding

     bad behavior, amusing friends, making comparisons, uttering facts andfalsehoods, and so on. Because languages exist to fulfill these types offunctions, it stands to reason that speakers will develop grammars that arehighly effective in carrying them out. Consequently, under the pressure of the

    same communicative tasks, languages evolve such that they exhibitgrammatical similarities (WHALEY, 1997, p.6).

    A partir de afirmações como essa de Whaley, é compreensível que haja, lado a

    lado com a tipologia linguística, o estudo e investigação sobre os universais linguísticos.

    Esse estudo parece ser antagônico ao trabalho da tipologia, pois se trata da pesquisa a

    respeito do que é possível ser encontrado em todas as línguas. São semelhanças

    encontradas em todas as línguas, por exemplo, a presença de sujeito, a presença de

    vogais em todas as línguas etc.

    Inclusive, é notável que os dois tipos de pesquisas que estão sendo mais

    elaborados dentro da tipologia linguística é a respeito da morfologia, através da

    classificação das línguas em aglutinante, isolante, flexional e parassintética (tipologia de

    Wilhelm von Humboldt (1767-1835)), e pesquisas a respeito da ordem de palavras

    (COMRIE, 1989).

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    É importante ressaltar que uma pesquisa tipológica tem objetivos pontuais e

     bastante estruturais e para que se faça uma pesquisa linguística completa, é necessário

    que a tipologia se junte a outros ramos da linguística. Nesta pesquisa, como foram

    estudadas variantes de um fonema em diferentes áreas do estado de Goiás, foi

    necessário o conhecimento prévio de Geolinguística e de Dialetologia, para que pudesse

    auxiliar e justificar a importância de variantes iguais em áreas afastadas.

    Com objetivos semelhantes aos citados, esse artigo foi escrito a fim de

    apresentar possibilidades encontradas, em cidades do estado de Goiás, para o “o”

    ortográfico na posição pré-tônica. A denominação “o” ortográfico foi selecionada a fimde evitar preconceitos, já que se for afirmado que o fonema [o] é o “correto” pode gerar

    algum tipo de discriminação, essa terminologia foi encontrada em J. M. Câmara Júnior

    (2010).

    O trabalho feito foi de buscar dentro do banco de dados do LABOLINGGO, um

    corpus de algumas cidades de Goiás. A análise dos dados tinha como objetivo resgatar

    diferentes pronúncias do “o” em  posição pré-tônica, a fim de agrupar as possibilidades

    de produção em tais locais.

    É interessante pontuar que esse artigo se valerá de aspectos relacionados à

    metodologia da pesquisa tipológica, como a comparação de dados relacionados a

    aspectos formais, porém não será feita comparação entre diferentes línguas, mas entre as

    variedades encontradas no estado de Goiás, que estão no banco de dados do

    LABOLINGGO.

    2. Um olhar sobre as vogais

    Os sons articulados das línguas, conhecidos como fonemas, são classificados na

    fonologia em duas categorias diferentes: as consoantes e as vogais. Esses elementos

     possuem não só a articulação diferenciada, mas também as funções dentro da sílaba e

    consequentemente dentro das palavras também.

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    representa o pico da sílaba (as vogais são os picos e as consoantes os vales).

    (LADEFOGED; MADDIESON, 1996)

    De acordo com um apontamento já feito, as vogais são classificadas a partir de

    quatro critérios. O primeiro deles, escolhido aleatoriamente, diz respeito ao grau de

    abertura da boca, ou à altura que a língua ocupa no trato vocal. Nesse critério há,

    segundo Silva (2013), quatro classificações: alto, quando a língua está alta; médio-alta

    ou média-fechada, a língua está um pouco mais baixa em relação à primeira

    classificação; média-baixa ou média-aberta, é o terceiro nível de abaixamento; por

    último a baixa, quando a língua está o mais distante do céu da boca.

    Para exemplificar cada uma dessas classificações temos o fonema [i] como uma

    vogal alta, o fonema [e] como uma vogal média-fechada, o fonema [ɛ] como uma vogal

    média-aberta e o fonema [a] como uma vogal baixa. Caso seja falada essa sequência de

    fonemas, será possível perceber os diferentes graus de abertura da boca, assim como a

    altura da língua.

    Outro critério de classificação das vogais é o da posição da língua na boca,também conhecida como eixo horizontal (SILVA, 2013). Agora, têm-se três diferentes

    classificações: a vogal anterior, quando a língua está projetada em direção aos dentes

    anteriores ou aos lábios; a vogal central, quando a língua está em posição neutra, nem

    mais para frente e nem mais para trás; finalmente, a vogal posterior, quando a língua

    está mais recolhida, no fundo da boca.

    Como ilustração desse critério pode ser apresentada a vogal [i] como uma vogal

    anterior, podendo ser notável a projeção da língua em direção exterior à boca jáexemplificando a vogal central tem o [a], que quando pronunciado a língua se posiciona

    no centro da boca, na posição neutra, por fim, a vogal posterior pode ser representada

     pelo [u], com a configuração retraída na língua, ao fundo da boca.

    Mais um aspecto a ser considerado é o do arredondamento dos lábios, aqui só há

    duas classificações: vogais arredondadas e não arredondadas. As primeiras são as vogais

    que os lábios ficam arredondados, como no caso da pronúncia da vogal [o] e estas são

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    Quando se pensa em variação para o “o” ortográfico ou /o/ fonológico   em

     posições não tônicas, as possibilidades mais comuns em que se pensa, considerando o

     português brasileiro, são o [ʊ], [u] e o [ᴐ]. Ao continuar essa análise prévia da língua

    luso-brasileira de Goiás, é constatável que a primeira variante ocorre,

     predominantemente, em posições pós-tônicas, ou seja, em sílabas após a sílaba tônica da

     palavra analisada, a segunda e a terceira, principalmente, em posições pré-tônicas, ou

    seja, anterior à sílaba tônica, podendo ser a sílaba imediatamente anterior à tônica, ou

    com uma distância maior da sílaba tônica, mas sendo sempre antes dela.

    Um dos estigmas presentes na mente dos brasileiros é que o [ ᴐ] é uma vogaltípica do norte e nordeste do país, quando em posição pré-tônica, porém veremos a

    seguir que esse pensamento já não pode ser mais disseminado como uma verdade, uma

    vez que em Goiás é possível encontrar essa variante também, nas mais diversas regiões

    do estado.

    Para a elaboração deste artigo, foi feita a seleção de cinco vocábulos muito

     presentes nas respostas dadas pelos participantes da pesquisa. Nesses vocábulos, foi

     possível encontrar formas pouco usuais na fala padrão, mostrando, assim, a riqueza

     presente na fala coloquial.

    A primeira palavra a ser analisada sofreu pouca variação no som vocálico, a

    resposta diz respeito à pergunta 134 do inquérito: Como chama a parte embaixo do

    braço.  Lexicalmente, obtiveram-se três variações: axila, sobaco e sovaco. As duas

    últimas foram as formas escolhidas.

    A variação [su′bakʊ] foi encontrada em 31 cidades do estado de Goiás, até o presente estágio da pesquisa do Atlas: Montes Belos, Cachoeira Dourada, Caldas Novas,

    Formosa, Iporá, Itumbiara, Jataí, Alto Paraíso, Quirinópolis, Rio Verde, São João

    d‟Aliança, Anápolis, Aruanã, Bom Jardim, Palmeiras, Campos Belos, Crixás, Jussara,

    Piranhas, Uruaçu, Cristalina, Araguapaz, Buriti Alegre, Corumbaíba, Edeia, Nova América,

     Nova Glória, Paraúna, São Simão, Três Ranchos, Itaberaí, Jaraguá.

    A outra var iação que possui o mesmo fenômeno vocálico é em [su′vakʊ ], que

    aconteceu em: Cachoeira Dourada, Formosa, Iporá, Itumbiara, Alto Paraíso, Quirinópolis,

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    Rio Verde, São João d‟Aliança, Anápolis, Aragarças, Aruanã, Bom Jardim, Piranhas,

    Uruaçu, Cristalina, Nova Glória, Paraúna, Porangatu, Rubiataba, Santa Rita, São Simão,

    Três Ranchos, Jaraguá.

    Caso sejam observadas no mapa de Goiás, essas cidades ocupam áreas muito

    dispersas, não estão em uma região apenas, o que demonstra que essa variação é muito

     presente no território goiano como um todo e não como uma influência única vinda de uma

    fronteira específica.

    É importante a percepção de que algumas cidades se repetem nas duas produções,

    isso porque foram analisadas três entrevistas de cada cidade, o que possibilita diferentes

    variações, em diferentes produtores, o que acontecerá posteriormente em outros casostambém.

    Em contrapartida, foram encontradas também as produções dessas duas variações

    com a vogal [o], como prevê a língua padrão. Foi encontrada [soꞌbakʊ ] em: Santa

    Terezinha, Uruaçu, Vianópolis, Rubiataba. E [soꞌvakʊ] nas cidades de: Crixás, Vianópolis,

    Rubiataba. É notável a diferença na quantidade de produção com o fonema [u] e com o

    fonema [o] nesse vocábulo.

    Outra resposta selecionada foi a da pergunta 119, que era: Como chama o osso

     pontudo que fica entre o pé e a perna? Para essa resposta diversas respostas foram dadas,

    mas principalmente variações de tornozelo. Algumas variações acontecem no ambiente

    consonantal, porém a análise desse fenômeno não é o objetivo deste artigo.

    Uma variação encontrada foi a com o fonema [ʊ] na segunda sílaba:

    Tornozelo [toɽnu′zelʊ] que aconteceu nas cidades de Caldas Novas, Rio Verde,

    Bom Jardim, Palmeiras, Jussara, Santa Terezinha, Luziânia, Vianópolis, Araguapaz, Buriti

    Alegre, Corumbaíba, Edeia, Nova Glória, Paraúna, Porangatu, Rubiataba, São Simão, Três

    Ranchos, Jaraguá. Outra possibilidade encontrada foi [tohnu′zeɾʊ], que ocorreu apenas emCristalina.

    Segundo a análise prévia feita anteriormente, esses dois casos entram no que seria o

    mais comum de ocorrer com o “o” ortográfico em posição pré-tônica, ou seja, é produzido o

    som de [u] na sílaba imediatamente anterior à sílaba tônica, porém, outra possibilidade foi

    encontrada em tal léxico, com o fonema [u] ocupando as duas sílabas que precedem a

    tônica: [tuɽnu′zelʊ].

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    Essa ocorrência foi encontrada nas cidades de: Montes Belos, Caldas Novas,

    Itumbiara, Quirinópolis, São Miguel, Buriti Alegre, Nova América, Nova Glória, Três

    Ranchos, Itaberaí, Jaraguá. Que assim como a outra possibilidade, preenche regiões

    diversificadas dentro do estado de Goiás.

    Assim como na palavra previamente analisada, nessa também aconteceram formas

    que respeitam o padrão da língua ortográfica nas posições pré-tônica, sem a substituição do

    “o” por [u]: 

    Foi realizada a forma [tohnoʹzelʊ] nas cidades de Planaltina, Cristalina e

    [toɽno′zelʊ] em Caldas Novas, Rio Verde, Bom Jardim, Palmeiras, Jussara, Santa

    Terezinha, Luziânia, Vianópolis, Araguapaz, Buriti Alegre, Corumbaíba, Edeia, NovaGlória, Paraúna, Porangatu, Rubiataba, São Simão, Três Ranchos, Jaraguá.

     Nesse caso, diferentemente do anterior, não houve grande diferença entre o número

    de realizações da forma padrão ortográfica, com “o” ocupando as duas sílabas pré-tônicas,

    da forma que substitui o “o” por [u], tanto na sílaba imediatamente pré -tônica, quanto nas

    duas pré-tônicas.

    Essas duas primeiras palavras tiveram realizações que puderam ser previstas por

    uma análise prévia e sem cunho científico, já que é muito comum que o fenômeno de

    substituição do “o” para o [u] em posições pré-tônicas seja comum na língua portuguesa

    falada, levando em conta o Brasil.

    O próximo vocábulo a ser apresentado, mostra uma possibilidade que não é tão

    comum e, dentro de uma análise feita  grosso modo, é quase que impossível prever que isso

    aconteça. Essa palavra é a resposta dada à pergunta de número 130 do inquérito do

    LABOLINGGO. Como chama aquele ar preso que passa com um susto? Lexicalmente,

    conseguiu-se uma possibilidade „soluço‟, que se deriva em „soluçar‟ e „soluçando‟, mas seráaproveitado só o substantivo.

    A primeira forma encontrada foi [su′lusʊ], que ocorreu apenas em Nova América.

    Outra possibilidade encontrada foi [sɔ′lusʊ] em Iporá, Crixás, Nova Glória e Rubiataba.

     Nessa análise é a primeira vez que se encontra a substituição do “o” por [ᴐ] em posição pré-

    tônica, o que, de certa forma, se imagina que ocorra apenas nas regiões norte e nordeste do

    Brasil, mas que há também no estado de Goiás, na região centro-oeste.

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     Nesse vocábulo ocorre uma substituição pouco comum nessas condições, que é a

    substituição do “o” pré-tônico por [a] que gera a produção [sa′lusʊ], que por mais diferente

    que seja essa substituição, a produção da palavra não é tão estranha, pois é possível

    encontrá-la com frequência na língua falada, a comprovação se dá através da incidência em

    várias cidades dispersas no estado de Goiás.

    A produção [saꞌlusʊ] ocorre em: Montes Belos, Caldas Novas, Formosa, Iporá, Jataí,

    Rio Verde, Campos Belos, Piranhas, Santa Terezinha, São Miguel, Luziânia, Cristalina,

     Nova América, Nova Glória, Santa Rita, Itaberaí, Jaraguá.

    A produção mais encontrada desse vocábulo é a que mais se aproxima do padrão

    [soꞌlusʊ] que incide nas cidades de: Cachoeira Dourada, Caldas Novas, Formosa, Iporá,Itumbiara, Jataí, Alto Paraíso, Quirinópolis, Rio Verde, São João d‟Aliança, Anápolis,

    Aragarças, Aruanã, Bom Jardim, Palmeiras, Campos Belos, Crixás, Jussara, Luziânia,

    Piranhas, Planaltina, Santa Terezinha, Uruaçu, Vianópolis, Cristalina, Araguapaz, Buriti

    Alegre, Corumbaíba, Edeia, Nova América, Nova Glória, Paraúna, Porangatu, Santa Rita,

    São Simão, Três Ranchos, Itaberaí, Jaraguá.

    A próxima palavra a ser apresentada possui as mesmas variações vocálicas que a

     palavra anterior. Porém em „orvalho‟, ocorrem outros fenômenos no âmbito consonantal,

    que são muito intrigantes, mas que não fazem parte do recorte deste artigo, por isso pede-se

    que nas transcrições a atenção se volte principalmente para o fenômeno apresentado, por

    ora.

    A palavra „orvalho‟ foi a resposta da pergunta de número 24 do inquérito: Como

    chama aquela água que se encontra nas plantas de manhã?   Muitas produções foram

    realizadas, das formas mais variadas possíveis, em ambientes variados dentro do vocábulo,

    mas levando em conta o recorte, foram encontradas as variações com [u], [ᴐ], [a] e [ɐ], além

    da forma que se aproxima do padrão [o].Foi encontrada a forma [uɾu′vaɪʊ] em: Formosa, Iporá. Outra possibilidade com o

    [u] foi [uɾu′vaɪ], com realizações nas cidades de Buriti Alegre, Edeia, Nova América. Por

    último, dentro da possibilidade com o [u], a produção [uɾuʹvalᴶʊ], que foi encontrada em

    Montes Belos, Piranhas, Rio Verde.

    Já as possibilidades encontradas com [ᴐ] foram [ɔh′vaλʊ], em Luziânia, Uruaçu,

    Vianópolis; [ɔh′valʲʊ] que aconteceu em São João d‟Aliança, Planaltina, Porangatu;

    [ɔɽ′valʲʊ] produzido em Mineiros e [ɔɾu′vaλʊ] em Cristalina.

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    Houve também algumas produções realizadas com [a] em [aɾu′valᴶʊ] nas cidades de

    Montes Belos, Jataí, Piranhas e com [ɐ] formando [ɐɾu′vaɪ] nas cidades de São João

    d‟Aliança, Campos Belos, Uruaçu, Jaraguá. 

    Além de todas essas variedades foi possível encontrar realizações com o [o] na

     posição pré-tônica, o que seria o mais próximo à língua padrão. Tem-se [oɽ′vaɪ] em São

    Miguel do Araguaia, [oɽʹvaɪʊ] em Iporá, Santa Terezinha, Araguapaz, [oɾu′vaɪ] na cidade de

    Buriti Alegre, [or′valᴶʊ] em Planaltina, [oɽ′valᴶʊ] nos municípios de Caldas Novas,

    Formosa, Iporá, Itumbiara, Quirinópolis, Anápolis, Aragarças, Aruanã, Crixás, Jussara, Rio

    Verde, Mineiros, Jaraguá, Corumbaíba, Nova América, Nova Glória, Paraúna, Itaberaí, Três

    Ranchos, São Simão, Santa Rita, Rubiataba, Porangatu, [oɽ′vaλʊ] em Vianópolis e[oɾu′valʲʊ] em Cachoeira Dourada, Corumbaíba, São Simão.

    Último vocábulo selecionado dos dados foi a resposta da pergunta de número 15:

    Como chama aquele barulho que faz quando chove?  As respostas a serem analisadas

    dizem respeito às formas “trovão” e “trovoada” que também apareceu como uma

     possibilidade de resposta. A última opção de resposta possui a maior variação do [o] na

     posição pré-tônica.

    A primeira possibilidade encontrada foi da variação do [o] por [u] na realização

    [tɾu′vãũ], foi possível encontrá-la nas cidades de Rio Verde, Montes Belos, Cachoeira

    Dourada, Caldas Novas, Formosa, Iporá, Itumbiara, Jataí, Quirinópolis, Anápolis, Aruanã,

    Bom Jardim, Palmeiras, Campos Belos, Santa Terezinha, São Miguel, Uruaçu, Vianópolis,

    Cristalina, Mineiros, Jaraguá, Itaberaí, Três Ranchos, São Simão, Rubiataba, Nova Glória,

     Nova América, Edeia, Corumbaíba, Buriti Alegre, Araguapaz.

    Houve também essa variação na forma „trovoada‟ que formou a produção

    [tɾuvu′adɐ], que ocorreu nas cidades de Alto Paraíso, Palmeiras de Goiás e Corumbaíba.

    Cidades bastante distantes que ocupam regiões diferentes no estado de Goiás. E [tɾovuʹadɐ]

    em Campos Belos.

     Nas variações da palavra „trovoada‟ ocorreram fenômenos que dificilmente poderia

    ser previsto por algumas pessoas, visto que são fenômenos que não ocorrem com grande

    frequência nesse tipo de variação como a substituição do [o] por [e] que forma [tɾevo′adɐ],

    ocorreu em Crixás, e a substituição do [o] por [i] formando [tɾivu′adɐ], que foi produzida

    nas cidades de São João d‟Aliança e Campos Belos.

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    Assim como nos outros vocábulos, também houve a produção que se aproxima do

     padrão da língua [tɾo′vãũ] que foi realizado em Rio Verde, Montes Belos, Caldas Novas,

    Formosa, Iporá, Itumbiara, Alto Paraíso, Quirinópolis, São João d‟Aliança, Anápolis,

    Aruanã, Bom Jardim, Palmeiras, Crixás, Jussara, Luziânia, Planaltina, Santa Terezinha, São

    Miguel, Uruaçu, Vianópolis, Cristalina, Mineiros, Jaraguá, Itaberaí, Três Ranchos, São

    Simão, Santa Rita, Rubiataba, Porangatu, Paraúna, Edeia, Buriti Alegre, Araguapaz.

    Em „trovoada‟ não houve a realização [tɾovoꞌada] em nenhuma das cidades

    entrevistadas e analisadas.

    5. Resultados

    A variante mais encontrada dentro do corpus  foi, sem dúvida, a vogal [u]

    ocupando a posição do [o] pré-tônico. A exemplificação desse fenômeno está presente

    em todas as palavras selecionadas:

      Sovaco [su′vakʊ] e [su′bakʊ]

      Tornozelo [tuɽnu′zelʊ] e [tohnu′zeɾʊ]

      Soluço [su′lusʊ]

      Orvalho [uɾu′vaɪʊ], [uɾu′vaɪ] e [uɾuʹvalᴶʊ]

      Trovão e trovoada [tɾu′vãũ], [tɾuvu′adɐ] e [tɾovuʹadɐ]

    A segunda variante mais encontrada para o [o] foi o [ᴐ], com as palavras:

     

    Soluço [sɔ′lusʊ]  Orvalho [ɔh′vaλʊ], [ɔh′valʲʊ], [ɔɽ′valʲʊ] e [ɔɾu′vaλʊ]

    Outra variante que foi encontrada nessa mesma frequência foi a com a vogal [a],

     presente nas palavras:

      Soluço [sa′lusʊ]

      Orvalho [aɾu′valᴶʊ]

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    Uma das variantes menos frequentes foi a realização do [o] pré-tônico como [i],

    encontrada na palavra:

      Trovoada [tɾivu′adɐ]

    Outra que também não foi muito encontrada foi a produção do [e], como

    variante da forma:

      Trovoada [tɾevo′adɐ]

    Também se tem o [ɐ] aparecendo apenas em uma das palavras selecionadas:

     

    Orvalho [ɐɾu′vaɪ]E a realização com o [o] na posição pré-tônica, como prevê a norma padrão da

    língua ocorreu em quase todas as palavras:

      Sovaco [so′vakʊ] e [so′bakʊ]

      Tornozelo [tohnoʹzelʊ] e [toɽno′zelʊ]

      Soluço [so′lusʊ]

      Orvalho [oɽ′vaɪ], [oɽʹvaɪʊ], [oɾu′vaɪ], [or′valᴶʊ], [oɽ′valᴶʊ], [oɽ′vaλʊ] e [oɾu′valʲʊ]

      Trovão [tɾo′vãũ]

    Ela só não ocorreu em „trovoada‟. 

    Conclusão

    A partir da análise feita acerca das variantes do “o” ortográfico na posição  pré-

    tônica, em algumas cidades do estado de Goiás, foi possível perceber que a ideia antesda análise sistemática era limitada, pensava-se que a única variação possível (par

    suspeito) seria a substituição do [o] por [u].

    Depois das observações, infelizmente, superficiais, com intuito apenas de

    encontrar as possíveis variantes, foi admirável a quantidade de possibilidades e,

     principalmente, a diferente articulação das possibilidades encontradas, pois há

    divergências notáveis.

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    A vogal [o] é uma vogal posterior, média fechada, arredondada e foi substituída

     pelo [a] que é uma vogal central, baixa e não arredondada, e também pelo [i] uma vogal

    anterior, alta, não arredondada, e por [e] que é anterior, média fechada e não

    arredondada.

    Dentro das possibilidades mais próximas, articulatoriamente, tivemos a

    substituição pelo [u] que é uma vogal posterior, alta, arredondada, além do fonema [ᴐ]

    que é uma vogal posterior, média aberta e arredondada, bastante semelhante com a que

    é presente na norma padrão da língua.

    Este estudo proporcionou a observação de outros alofones do [o] presentes na

    língua oral em Goiás, inclusive alguns bastante diferentes dos que são ensinados em

    aulas de fonética e fonologia. É óbvio que não são alofones de variação livre, é

    necessário que haja uma sistematização maior para que se descubram as condições

    dessas formas serem aceitáveis.

    Referências bibliográficas

    CAMARA JR., J. M. Problemas de linguística descritiva. 20.ed. Petrópolis: Vozes,2010.

    COMRIE, B. Language universals and linguistic typology: syntax and morphology.2. ed. Chicago: The University of Chicago Press, 1989.

    FERREIRA, C. CARDOSO, S. A. A dialetologia no Brasil.  São Paulo: Contexto,1994.

    LABOLINGGO: Laboratório da língua de Goiás. Disponível em:

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    SILVA. T. C. Dicionário de fonética e fonologia. Colaboradoras Daniela OliveiraGuimarães, Maria Mendes Cantoni. São Paulo: Contexto, 2011.

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