o olhar sobre o outro

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O “OUTRO”

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Page 1: O olhar sobre o outro

O “OUTRO”

Page 2: O olhar sobre o outro

Cabe ao cientista julgar seu objeto de estudo?

Page 3: O olhar sobre o outro

ANTROPOLOGIA = ANTROPOS (HOMEM) + LOGOS (PENSAMENTO/RAZÃO)

Surge com o objetivo de estudar todas as formas de cultura humana.

Duvidar de certezas.

Dar voz aos “outros”.

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ALTERIDADE: o termo vem da palavra latina “alter”, que significa “outro”. Alteridade é o exercício de reconhecer o outro em sua diferença, sem que isso implique qualquer julgamento de valor.

“O conhecimento da nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entres tantas outras, mas não a única.” (LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2000, p.21)

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ETNOCENTRISMO: visão de mundo característica de quem considera o seu grupo étnico, nação ou nacionalidade socialmente mais importante do que os demais.

“O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais” (LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2002, p.72.

Page 6: O olhar sobre o outro

EVOLUCIONISMO SOCIAL: teorias antropológicas de desenvolvimento social que acreditavam que as sociedades têm início em um estado primitivo e gradualmente se tornam mais civilizadas com o passar do tempo. A humanidade era colocada em uma única linha evolutiva, na qual a sociedade passaria por estágios sucessivos e obrigatórios.

Page 7: O olhar sobre o outro

Os “povos primitivos” seriam uma etapa anterior pela qual o homem civilizado já teria passado.

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O conceito de CIVILIZAÇÃO era utilizado para classificar, julgar e justificar o domínio sobre outros povos, com o argumento de que caberia ao mais evoluído levar o progresso aos mais primitivos.

The White Man's BurdenRudyard Kipling(...)Tomai o fardo do Homem Branco -As guerras selvagens pela paz -Encha a boca dos Famintos,E proclama, das doenças, o cessar;E quando seu objetivo estiver perto(O fim que todos procuram)Olha a indolência e loucura pagãLevando sua esperança ao chão.Tomai o fardo do Homem Branco -Tem a mão-de-ferro dos reis,Mas, sim, servir e limpar -A história dos comuns.As portas que não deves entrarAs estradas que não deves passarVá, construa-as com a sua vidaE marque-as com a sua morte.

The White Man's Burden (Apologies to Kipling), de Victor Gillam, revista "Judge", 1899.

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RACIALISMO: “racismo científico” que usava a ciência para explicar supostas diferenças evolutivas entre os povos.

Filme “Vênus Negra”, baseado na história de Saartjie Baartman.

Em “A Escala Unilinear das Raças Humanas e Seus Parentes Inferiores”, de Nott e Gliddon”(1868), há comparações feitas em imagens com crânios de negros falsamente alargados para se parecerem  com os de chimpanzés, enquanto os crânios dos brancos são considerados “normais”.

Page 10: O olhar sobre o outro

“Nas raças mais inteligentes, como é o caso dos parisienses, existe um grande número de mulheres cujo cérebro se aproxima mais em tamanho ao do gorila que ao do homem, mais desenvolvido. Essa inferioridade é tão óbvia que ninguém pode jamais contestá-la; apenas seu grau é digno de discussão. [...] Sem dúvida existem algumas mulheres que se destacam, muito superiores ao homem mediano, mas são tão excepcionais quanto o aparecimento de qualquer monstruosidade, como um gorila com duas cabeças; portanto, podemos deixá-las totalmente de lado.” (LE BON, 1879 apud GOULD, 1991, p.99)

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TEORIAS RACIALISTAS NO BRASIL

Teses que influenciaram intelectuais brasileiros no final do século XIX e início do século XX. Buscavam compreender quais eram as possibilidades do Brasil se tornar uma nação desenvolvida, uma vez que a maior parte de sua população era mestiça. A saída para o país era o branqueamento da população, viável com a chegada de imigrantes.

Quadro de Modesto Brocos y Gómez intitulado “A Redenção de Cam”, 1895

Trecho de artigo do antropólogo e médico brasileiro João Baptista Lacerda: “A população mista do Brasil deverá ter pois, no intervalo de um século, um aspecto bem diferente do atual. As correntes de imigração europeia, aumentando a cada dia mais o elemento branco desta população, acabarão, depois de certo tempo, por sufocar os elementos nos quais poderia persistir ainda alguns traços do negro.”

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RELATIVISMO CULTURAL: para os adeptos dessa corrente, o que estava em evidência não era a sociedade humana no singular, mas as particularidades das culturas humanas, sempre no plural.

CULTURALISMO: uma forma de pensar a diversidade humana na qual as noções de bem e mal, certo e errado, são relativas a cada cultura.

Franz Boas

“Acredito que o estado atual de nosso conhecimento nos autoriza a dizer que, embora os indivíduos difiram, as diferenças biológicas entre as raças são pequenas. Não há razão para acreditar que uma raça seja naturalmente mais inteligente, dotada de grande força de vontade, ou emocionalmente mais estável do que outra, e que essa diferença iria influenciar significativamente sua cultura.” (BOAS, Franz. Antropologia Cultural. Rio de Janeiro: Zahar, 2009, p. 82)

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ANTROPOLOGIA ESTRUTURAL: a cultura, tal como a vemos em diferentes grupos sociais, reflete elementos que podem ser encontrados em todos os seres humanos. Essa postura implica a recusa à ideia de que a civilização ocidental seria única e privilegiada, uma vez que sugere que as estruturas mentais que organizam as culturas chamadas selvagens são iguais às que regem aquelas consideradas civilizadas.

Claude Lévi-Strauss

Como definiria em Raça e História: “Todas as sociedades humanas têm um passado da mesma ordem de grandeza… Não existem povos crianças, todos são adultos, mesmo aqueles que não tiveram diário de infância e de adolescência” (Lévi-Strauss, 1975, p. 35)

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ETNOGRAFIA (ETHNO=POVO + GRAPHEIN=ESCRITA): o método antropológico, forma especial de olhar para as culturas humanas. Nas primeiras décadas do século XX ficou claro que o pesquisador deveria “ir a campo” e não mais praticar a antropologia “de gabinete”.O antropólogo deveria ir até o nativo e coletar os próprios dados.

Bronislaw Malinowski