o modelo organizador biológico (1)

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    O MODELO ORGANIZADOR BIOLGICOUM ENSAIO SOBRE O CORPO

    ESPIRITUAL

    Carlos Alberto Tinoco

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    DEDICATRIA

    Para minha me, que me ensinou a tolerncia e a fraternidade;

    Para Hernani Guimares Andrade, grande estudioso da parapsicologia;

    Para Alfredo Henriques Trigueiro, amigo de todas as horas,

    dedico este livro.

    O autor

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    AGRADECIMENTOS

    Lucimar, minha companheira querida, pela meiguice, compreenso e dedicao;

    Ao Joo Geraldo Miguel de S, por vrios desenhos deste livro.

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    A imortalidade da alma uma coisa de tal importncia, interessa-nos to profunda-

    mente, que preciso ter perdido toda a sensibilidade para ser-se indiferente ao seu conheci-

    mento.

    O nosso primeiro interesse e o nosso primeiro dever so os de nos esclarecermos so-

    bre este assunto,de quem depende toda a nossa conduta; e por isso que eu fao uma dis-

    tino extrema entre os que trabalham com todas as suas foras para nele se instrurem, e

    os que vivem sem dele cuidarem e sem nele pensarem

    PASCAL, Blaise, Pensamentos)

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    O homem deve provar que fez o possvel para formar uma concepo ou uma imagemda vida aps a morte ainda que seus esforos sejam uma confisso de impotncia. Quem

    no o fez, sofreu uma perda. Porque a instncia interrogativa que fala nele uma herana mui-

    to antiga da humanidade, um arqutipo,rico de uma vida secreta,que deseja juntar-se nossa

    vida para perfaz-la

    (JUNG, Carl Gustav. (s/d). Memrias, sonhos e reflexes. Rio de Janeiro-RJ, Nova

    Fronteira, p. 262)

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    SUMRIO

    PREFCIO

    APRESENTAO

    CAPTULO 1

    O CORPO ESPIRITUAL

    1.1.NO HINDUSMO

    1.2.NO BUDISMO

    1.3.NO CRISTIANISMO1.4.NO ESPIRITISMO

    CAPTULO 2

    DIFICULDADES NA INTERPRETAO DOS SISTEMAS VIVOS

    2.1.MQUINAS E SISTEMAS VIVOS

    2.2.A EVOLUO DA VIDA

    2.2.1.A VIDA E SUA CLASSIFICAO

    2.2.2.FILOGENIA

    2.2.3.DATANDO O PASSADO

    2.3.ENTROPIA E VIDA

    2.3.1.ENTROPIA-CONCEITOS PRIMRIOS

    2.3.2.SISTEMAS ABERTOS E SISTEMAS FECHADOS

    2.3.3.SOBRE COMO ORGANIZAR UM SISTEMA

    2.4.DNA-CONTEDO E CONTINENTE

    2.4.1.O CIDO DESOXIRRIBONUCLICO

    2.4.2.AS LIMITAES DO DNA

    2.5.AS MARAVILHAS DA ONTOGNESE

    2.5.1.INTRODUO

    2.5.2.FECUNDAO

    2.5.3.SEGMENTAO

    2.5.4.GASTRULAO

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    2.5.5.ORGANOGNESE

    2.6.HOMOLOGIA DOS EMBRIES

    2.6.1.GENERALIDADES

    2.6.2.HOMOLOGIA DOS EMBRIES DOS VETEBRADOS

    2.6.3.A RECAPITULAO

    2.7.OS FATOS PSI E SUAS CONSEQUNCIAS

    CAPTULO 3

    EM BUSCA DE UMA VISO UNITRIA PARA A VIDA

    3.1.OS SISTEMAS GERAIS E OS SISTEMAS BIOLGICOS

    3.1.1.CONCEITO DE SISTEMA

    3.2.AS TENTATIVAS DESESPERADAS3.2.1.PSI E AS PARTCULAS SUBATMICAS

    3.2.2.PSI E OS MECANISMOS DO INCONSCIENTE

    3.2.3.TEORIA DO CRESCIMETO ANIMAL

    3.2.4.UM LANCHE DE ENTROPIA NEGATIVA

    3.5.O HLON

    CAPTULO 4

    O MODELO ORGANIZADOR BIOLGICO

    4.1APRESENTANDO OUTRA ALTERNATIVA

    4.2.O HIPERESPAO E SUAS EVIDNCIAS DE APOIO

    4.3.INTERAES FSICAS

    4.3.1.ASPECTOS GERAIS

    4.3.2.INTERAES E CAMPO ELETROMAGNTICO

    4.3.3.PSICONINESIA-INTERAO IGNORADA

    4.3.4.PROPOSTA:A PSICOCINESIA RESULTARIA DE UMA INTERAO FSICA-

    TENTATIVA DE QUANTIFICAO

    4.3.5.O CAMPO DA CONSCINCIA(CONCIOUSNESSS FIELD)

    4.3.6.PARTCULA ASSOCIADA AO CAMPO DA CONSCINCIA

    4.4.A MATRIA DO HIPERESPAO (TOMOS ESPIRITUAIS)

    4.5.O SUPORTE SUBSTANCIAL DO ESPAO

    4.6.A CONEXO

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    CAPTULO 5

    AS EVIDNCIAS DA NOSSA ALTERNATIVA

    5.1.TRANSPLANTE DE TECIDOS EM EMBRIES

    5.2.OS CAMPOS L DO DR. HAROLD SAXON BURN

    5.3.O CORPO BIOPLSMICO

    5.4.MARCAS DE NASCIMENTO

    5.5.OS MERIDIANOS DA ACUMPUMTURA

    5.6.A EVOLUO BIOLGICA E A RECAPITULAO

    5.7.OS FENMENOS PARANORMAIS

    5.8.AS CURAS HOMEOPTICAS

    5.9.PERCEPO PRIMRIA EM VEGETAIS5.10.RECOMPOSIO DE TECIDOS ORGNICOS

    CAPTULO 6

    EVIDNCIAS MODERNAS DA EXISTCIA DO MODELO ORGANIZADOR BIOLGICO

    EPLOGO

    GLOSSRIO

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    NDICE ONOMSTICO

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    INTRODUO

    O mistrio da vida me causa a mais forte emoo. o sentimento que suscita

    a beleza e a verdade, cria a arte e a religio.Se algum no conhece esta sensao

    ou no pode mais experimentar espanto ou surpresa, j um morto-vivo e seus o-

    lhos se cegaram. Aureolada de temor, a realidade secreta do mistrio que constituitamem, a religio.

    (EINSTEIN, Albert (1981).Como vejo o mundo. Rio de Janeiro-RJ,Ed.Nova Frontei-

    ra, p.12)

    Dentre todos os fenmenos que o homem pode investigar, nenhum to fascinante co-

    mo os mecanismos peculiares aos seres vivos. O que a vida ? Por que os sistemas vivos se

    regeneram ? Por que os seres vivos persistem em se manter vivos, num trabalho contra as

    foras degradadoras da entropia ? Reduzir-se-o os organismos vivos os organismos vivos a-

    penas s foras fisicoqumicas das macromolculas orgnicas ? Sera a vida um fenmeno ori-

    undo das foras cegas do acaso, num processo de ensaio e erro, testado no seio da natureza

    ao longo dos bilhes de anos da histria da terra ? Tem a vida uma finalidade teleonmica ?

    Qual o processo bsico da imunizao? Estaria encerrado dentro do cido desoxirribonuclico,

    o mecanismo integral da morfognese embrionria ? Como explicar o processo de diferencia-

    co celular durante o fenmeno da ontognese? Qual o escultor misterioso que modela o ser,

    a partir do vulo fecundado, de modo que cada parte do embrio em desenvolvimento se defi-

    na lenta e irreversivelemente ? Por que, durante o processo ontogentico, os mecanismos on-

    togenticos no seguem outros cominhos, resultando sempre em teratomas ? Por que, na on-

    tognese, seguem as clulas se dividindo, para no final, configurar o ser vivo que pertence a

    determinada espcie animal ? Qual o processo fundamental da organizao esteroespecfica

    crescente do embrio ?

    luz dos conhecimentos atuais, disponveis pela biologia molecular,no h, por enquan-

    to, respostas para todas essas perguntas. A problemtica da vida bastante complexa para

    ser respondida pelo conjunto das leis que formam o quadro do conhecimento humano. Todos

    esforos para se explicar os fen\menos vitais dentro das leis estabelecida, so insuficientes a-

    t o presente momento.

    O problema da essncia da vida fica ainda mais complicado,quando examinamos os fen-menos ditos paranormais, inerentes aos seres vivos.Como se sabe,os sistemas vivos so dota-

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    dos da capacidade de gerao de fenmenos que escapam completamente a nossa compreen

    o,quando examinados sob o enfoque das leis fsicas conhecidas.Esses, so os fenmenos

    parnormais.As atenes modernas sobre este aspecto comeam a se concentrar no apenas

    no simples registro do paranomal,mas sobretudo,na sua interpretao.J no mais possvel

    neg-los,voltar-lhe as costas como as filhas do Rei Lear, ape a diviso do seu reino, na

    imortal pea teatral de William Shakespeare.

    O que a Percepo Extra Sensorial peculiar aos seres vivos ? Como ocorre a transmis-

    so das informaes telepticas e clarividentes ? Nessas manifestaes, o que se desloca,

    transpondo grandes barreiras fsicas,como montanhas,vales e at intrincadas limitaes

    eletromagnticas, como por exemplo, gaiolas deFaraday ? No teriam as nossas

    concepes sobre o tempo,que sofrer profundas revises,em virtude da prcognio ? Comoexplcar o inslito fenmeno da psicocinesis,onde o psiquismo dos seres vivos parece interferir

    na matria inanimada, emprestando-lhe dinamismo psquico intrnseco? Como explicar as

    faculdades psi em vevetais, se estes no possuem sistema nervoso ?

    Os fatos paranormais, por enquanto,no podem ser enquadrados dentro do conjunto das

    das leis fsicas estabelecidas.Todos os esforos neste sentido falharam at os dias atuais. Ao

    que parece, no so os fatos paranormais que devem ser enquadrados nas leis fsica conheci-

    das, e sim,estas que devem ser ampliadas,revistas, para que possam abranger o paranormal

    As leis naturais conhecidas devem, portanto,ser um caso particular de leis mais gerais, ainda

    desconhecidas.O conjunto das leis naturais conhecidas atualmente seria resultante da nossa

    limitada aparelhagem sensorial tridimensria. O paranormal incomoda, causa mal estar, gera

    conflitos no seio da comunidade cientfica,porm,no pode ser negado.Lana um desafio,obri-

    ga a uma profunda reviso nos conceitos bsicos da cincia.Somente aps ser ampliado o con

    junto das leis naturais,de modo a caber o paranormal,ento,este passar condio de normal

    A explicao da paranormalidade inerente aos sistemas vivos,representaruma revoluo gno-

    siolgica ,um verdadeiro corte epistemolgico na estrutura do conhecimento humano.

    Quando examinamos a vida,quando a estudamos em profundidade,surgem mais ques-

    tes que explicaes,fazendo-nos crer,que nesta rea,quanto maior a esfera do conhecimen-

    to humano, maior a superfcie de contato com o desconheido.

    No sebemos nada sobre a essncia da eletricidade.No entanto,ns a dominamos fcil-

    mente porque possumos uma teoria sobre ela.Dessa forma,no compreendemos,e muito me-

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    nos lidamos ou dominamos o paranormal, simplesmente porque no possumos uma teoria so-

    bre ele que englobe todas as suas manifestaes,bem como os mecanismos bsicos da vida.

    Neste ensaio,tentaremos esboar os fundamentos de uma hiptese de trabalho capaz de

    explicar os processos bsicos da vida e os fatos paranormais que lhes so peculiares.Antes,se

    remos obrigados a trilhar caminhos rduos e cheios de meandros,uma vez que incursionare-

    mos nas pantanosas estradas da embriologia e da fsica. Esperamos no cansar o leitor, mas,

    motiv-lo a continuar conosco,passo a passo, at convergirmos para a hiptese da qual propo-

    mos aqui,lanar os fundamentos.

    A hiptese que proporemos neste ensaio que todo ser vivo seria organizado, manten-

    do-se em estado de elevada ordem e baixa entropia, em virtude de a ele estar associado um

    Modelo Organizador Biolgico.Este seria o agente que responderia pela manuteno da forma,metabolismo e crescimento do sistema vivo.Alm disso, no Modelo Organizador Biolgico esta-

    ria a sede dos fenmenos paranormais.Ele seria prexitente ao embrio,e estaria dotado de

    campos estruturadores da morfologia dos sistemas biolgicos.A sua ao plasmadora e est-

    reobioenergtica,em juno das foras fsico-qumicas do DNA,fariam resultar nos processos

    ontogenticos dos seres vivos.

    Acreditamos que nossa poca necesita de transgressores. Assistimos falncia de leis

    da natureza,antes consideradas verdadeiros Evangelhos.No nos resta resta muita esperan-

    a,se permanercermos dentro dos limites estreitos e sufocantes do pensamento ortodoxo. No

    temos temor em retomar o velho vitalismo,tentando faz-lo acordar,ressurgir,porm, de uma for

    ma um tanto fisicalista.

    Nossa hiptese de trabalho intitulada: O Modelo Organizador Biolgico,foi primeiramente

    esboada pelo Engenheiro Hernani Guimares Andrade, falecido em 2003. Neste ensaio, ela

    ser eleborada de forma mais quantitativa, onde acrescentamos mais dados comprobatrios a-

    tuais.

    Ficaremos muito agradecidos se voc nos honrar com crticas, assinalando as falhas que

    cometemos neste modesto ensaio.

    Curitiba, abril de 2010

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    CAPTULO 1

    O CORPO ESPIRITUAL

    Desde a antiguidade,entrando pela idade mdia e moderna, h registros escritos de que

    o homem sabia da existncia de um corpo espiritual, como um dos seus integrante. Abaixo,

    sero citados alguns dados sobre isto:

    O budismo o chama dekama-rupa;o zand-avesta de baodhas; os egpcios de kha;a ca-

    bala hebraica de rouash;os gregos antigos de eidlon;Pitgoras de carne-sutil-da-alma; Arist-

    teles de corpo-sutil-e-etrico;os neo-platnicos de astroeid; os neo-gnsticos de aerossoma;

    hermetistas e alquimistas de corpo astral; Paracelso de evestrum; Leibnitz decorpo fudico; os

    antigos hebreus de nephesh, etc..

    1.1.NO HINDUSMOA doutrina da existncia de um corpo sutil que reencarna ficou completamente estabele-

    cida na ndia, por volta do sculo V d.C.,embora existam referncias a ele, em datas anteriores.

    1.1.1.Nos Sistemas Mdicos Hinds

    As mais antigas doutrinas mdicas indianas a admitir a doutrina da alma que transmigra

    e ocupa um novo tero o Sistema Mdico de Sushrutae o de Caraka.Segundo o primeiro, o

    corpo sutil denominado bhutatman e o segundo, karmapurusha.Tambm foi denominado

    ativarikasharirapor Chacrapaniem seus comentrios sobre Caraka.

    1.1.3. Os Corpos do Ser Humano nos Sistemas Samkhya-Yogae Vedanta

    A concepo de que o ser humano dotado de mais de um corpo, alm do corpo fsico,

    no nova, existindo em muitas tradies, tanto no Ocidente quanto no Oriente.Vamos examinar

    a questo dos corpos do ser humano nas tradies das escolas do hindusmo, denominadas

    Vedanta, Yogae Samkhya.

    As escolas Yogae Samkhya,apresentam as mesmas propostas e denominaes sobre o

    assunto. H diferenas entre as duas citadas e a escola Vedanta, conforme ser visto logo

    abaixo. Textos do hindusmo relativamente recentes, se referem a uma equivalncia entre os

    corpos das citadas escolas, conforme ser explicado posteriormente.

    1.1.3.1.Os Corpos do Ser Humano na Escola Vedanta

    O Vedanta uma das escolas do hindusmo, alm do Samkhya, Yoga, Mimansa, Nyayae

    Vaisesika(Ver Glossrio). A escola Vedantacompreende dois perodos bsicos: o Vedanta no

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    Sistemtico e o Vedanta Sistemtico. O Vedanta no Sistemtico compreende os seguintes

    textos:

    a)Brahma Sutrade Badarayana, escrito por volta do ano 0 d.C;

    b) Bhagavad Gita, um dos episdios do Mahabharata,localizado no captulo VI, 13-

    40;

    c)Primeiras Upanishads, escritas num perodo remoto, entre 1.500 a 450 a.C.,

    aproximadamente.

    A escola Vedanta Sistemtica compreende os textos escritos depois de Cristo,

    principalmente as obras de Shankaracharya, Ramanuja, Madhvae as Upanishads do :Yoga.

    Vamos encontrar referencias aos corpos do ser humano no Vedanta no Sistemtico,numa antiga Upanishad denominada Taittiriya,II,1, 3-5. Esses corpos so denominados koshas,

    palavra snscrita que significa invlucro. Assim, o ser humano possui os seguintes koshas

    (TINOCO,1997):

    a) anamaya kosha ou invlucro feito de comida;

    b)pranamaya koshaou invlucro deprana

    c) manomaya kosha ou invlucro feito da mente;

    d) vijnanamaya koshaou invlucro feito de conhecimento (buddhhi)

    e) anandamaya koshaou invlucro feito de bem aventurana.

    A palavramayaexistente em cada um deles, se refere ao fato dos corpos serem ilusrios,

    ou seja, no so permanentes. Os koshas esto situados dentro dos outros como se fossem

    bainhas.

    Com a morte, o ser humano perde apenas o primeiro deles, permanecendo os outros

    quatro. Mas, na medida em que o ser humano se aproxima da sua libertao espiritual, o que se

    denomina moksha, mukti, kaivalya, apavarga, vai perdendo ao morrer, cada um dos outros

    quatro. O final desse processo evolutivo seria a dissoluo em Brahman.

    Quando o ser humano esta encarnado, possui todos os cincos corpos citados acima.Esse

    conjunto denominado jiva. Seu invlucro feito de mente (manomaya kosha) possui o que a

    psicologia ocidental denomina por personalidade e o ego nela contido. Assim, jiva seria o si

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    mesmo individualizado, a psique com os seus corpos, em oposio ao Si Mesmo transcendente

    ouAtman.

    Quanto anatomia dos invlucros ou koshas, conhecemos a do anamaya e a do

    pranamaya. Quanto aos demais, os textos so omissos ou desconhecidos. A anatomia do

    anamaya kosha conhecida pelos anatomistas, pela medicina. So os tecidos diversos queformam os rgos dos nossos corpos.

    Os corpos ou invlucros que servem de suporte para o karma, transmigrando de uma vida

    para outra so ospranamayae manomaya koshas. neles que se aloja o karma.

    Quanto anatomia do pranamaya kosha, os textos do Vedanta so menos abundantes

    que os da escola Yoga. No Vedanta(no Sistemtico) sabia-se que esses corpos ou invlucros

    existiam e nas antigas Upanishads falou-se pouco sobre eles. Foi nas escola Yoga que essaparticularidade foi desenvolvida. Sabe-se que o invlucro de prana formado por vrios

    elementos, dentre eles os ares vitais, tambm denominados genericamente porpranas.

    Os pranasso conhecidos desde tempos muito remotos. Nos antigos hinos do Rig Veda

    X,90,13, est escrito que pranaindica a respirao do purushacsmico e da vida em geral . O

    Yoga Vashinta,III,13,31, define oprana como o poder vibratrio (spandashakti) presente em todo

    o tipo de manifestao. Os textos do Yogafalam de dez tipos de pranas, sendo cinco principais e

    cinco secundrios. Os cinco principais so citados na Prasna Upanishad , III,5-7, dentre outras, eso os seguintes:

    -pranapropriamente dito;

    -apana;

    -samana;

    -vyana;

    -udana.

    Outro integrante do pranamaya kosha so as nadis ou canais, como se ver abaixo. A

    antiga Brhadaranyaka Upanishad Parte II, captulo 1, verso 19, diz:

    Quando ele est em sono profundo,quando no acorda por nenhum motivo, os setenta e dois

    mil canais (nadis) denominados benficos irradiam para fora da caverna do corao,e ele (jiva,

    purusha, mahat)repousa na caverna, tendo deslizado para fora atravs desses canais.Semelhan-

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    te a um prncipe, ou a um grande rei, ou a um grande brahmin repousa, tendo se tornado comple-

    tamente exausto de prazer, permanecendo deste modo.

    As nadis, como se ver, integram opranamaya kosha.

    A Brhadaranyaka Upanishad.diz,IV,2,3:

    Aforma humana que est em seu olho esquerdo sua e sua esposa,Viraj.O espao que se

    encontra dentro do corao o seu lugar de unio. O acmulo de sangue do corao o seu

    alimento. A estrutura em forma de rede do corao o manto que lhes cobre. E o canal (nadi)

    que vai desde o corao at em cima o caminho em que se movem. Os canais do corao,

    chamados hitt,so como um cabelo cortado em mil partes.Atravs deles passa a essncia

    dos alimentos. Por isto o corpo sutil tem um alimento mais fino que o do corpo fsico

    A antiga Chandogya Upanishad Parte VIII, captulo 6, versos 1, diz:

    1.E os canais (nadis)do corao so de uma substncia sutil, de cor marrom, branca, azul, a-

    marela e roxa. Na realidade, o sol que est mais alm marrom, branco, azul, amarelo,

    roxo.

    2.Como um grande caminho que se estende entre as aldeias, esta e aquela, assim tambm vo

    a ambos os mundos, este e aquele. Se propagam desde aquele sol e deslizam pelos canais. Se

    propagam desde estes canais e deslizam at aquele sol.

    3.Logo, quando uma pessoa est dormindo, recolhido, tranqilo, no tem sonhos. Ento, desli-

    za por estes canais.. Nenhum mal a toca, porque obteve a luz.

    4.E quando se debilita, quem senta ao seu redor diz: Me conheces? Me conheces?.Apesar

    de ter deixado este corpo, as conhece.

    .5.Mas, quando deixa este corpo ascende por estes raios, ou quando medita na slaba Om,

    tambm ascende:quando se dirige mente, chega ao sol. Esta na realidade, a porta do mun-

    do.;para quem sabe, se abre; para quem no sabe, se fecha.

    6.H este verso a respeito:H cento e um canais no corao;

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    Um deles chega cabea.

    Ascendendo por ele se chega imortalidade.

    A Chandogyana Parte VII, Captulo 26, verso 2, descreve uma pessoa que conhece

    o correto ensinamento sobre o atman que diz (NIKILANANDA, 1979):

    Quando a alimentao pura,a mente pura Quando a mente pura, a memria torna-se

    Firme. Quando a memria firme, h soltura dos ns (grantis) do corao.O Venervel Sa-

    natkumara lhe mostrou Narada,aps suas impurezas terem sido removidas fora (do bus-

    cador da Verdade), o outro lado da escurido. Eles chamam Sanatkumara de Skanda,sim,

    Skanda eles eles o chamam

    A Katha Upanishad(7), parte II, captulo 3, verso 16, diz:

    H cento e um canais (nadis) no corao; um deles atravessa a cabea. Indo para cima atravs

    dele, a pessoa alcana a imortalidade. Os outros, seguem em vrias direes

    3.1.3.2.Os Corpos do Ser Humano nas Escolas Yoga e Samkhya

    O Yoga permeia quase toda a literatura sagrada do hindusmo. Aparece de forma tnue

    nas primeiras Upanishads, tornando-se mais visvel nos picos Mahabharatae Ramayana, nos

    Puranas, nosSutrase na ampla literatura tntrica.

    3.1.3.2.1. No Samkhya

    O livro do sculo VI d.C.,intitulado Samkhyasaptativrittifaz amplas referncias a um texto

    do sistema mdicohind denominadoAjurveda, que diz (HERTZELLL, p.575):

    A relao entre os treze aspectos instrumentais e o corpo sutil que o suportador-supor-

    tado. O suportado no pode permanecer sem o suporte. O quatro no pode permanecer sem

    o suporte da parede ou da lona. (sobre a qual pintado), assim os treze rgos no podem

    permanecer sem o suporte do corpo sutil constitudo de elementos sutis desconhecidos

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    Os treze aspectos instrumentais so os dez rgos externos (os 5 sentidos e os atos de

    segurar, procriar, andar, evacuar e falar), o intelecto (buddhi),a mente (chitta) e o ego (ahanka-

    ra).

    No referido livro h uma descrio do processo de encarnao:

    No comea da criao de todos os trs mundos, corpos sutis so constitudos dos cinco ele-

    mentos sutis. Estes corpos sutis entram nos teros maternos; e o sangue materno e o semn pa-

    nos so assimilados por eles. Os sucos que a me come ou bebe assimilado e representam a

    conribuio do pai e da me. Estes capacitam o crescimento do beb no tero.A forma do corpo

    sutil torna-se semelhante ao corpo fsico- mos, ps, etc.O ensinamento diz que o corpo fsico

    tem seis constituintes- sangue, carne e cabelo so gerados da me, e msculos, ossos e gordura

    so gerados do pai. Portanto, este corpo fsico construco pelo corpo sutil. Quando o beb sai

    do tero materno no momento no nascimento, ele comea a assimilar o mundo externo em si

    mesmo (HERTZELL, ps.575-576).

    O principal texto do Samkhya o Samkhyakarak, escrito por shvarakrisna no sculo V

    d.C., diz no seu verso 39:

    O corpo sutil, formado antes, desapegado, permanente, rodeado pelos elementos sutis, o

    Grande Princpio e os outros, transmigra sem desfrutar, dotado das suas maneiras de ser

    A expresso corpo sutil denominada linga sharira, pelo Samkhya.

    O Samkhyae o Yogapossuem as seguintes semelhanas:

    a) o universo se apresenta dicotmico. formado por incontveis mnadas vitais

    denominadaspurusha e matria inanimada ouprakriti;

    b)a matria essencialmente simples, embora se apresente governada por trs foras,

    em contnuo conflito entre si: rajas (atividade, calor, brilho, tendncia centrfuga etc.); tamas

    (passividade, frio, obscuridade, tendncia centrpeta, etc.); sattva (lucidez, sabedoria, sntese,

    etc.). As caractersticas dos gunasso descritas por Patajalinos seus Yoga Sutra,YS,II,18, do

    seguinte modo:Prakasha (luminosidade) se referindo a sattva; Kriya (atividade) se referindo

    rajas; Sthiti (inrcia) se referindo a tamas;

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    c) cadapurushaest associado matria (corpo material), onde permanece ligado uma

    trama interminvel de nascimento, morte, renascimento denominada samsara ou roda de mortes

    e renascimentos.

    A anatomia dopranamaya kosha, somente passou a ser bem conhecida com o advento do

    tantra. Foi esta escola do Yoga, surgida por volta do sculo IV d.C que estudou e desenvolveu aanatomia dopranamaya kosha.Vejamos agora os integrantes dopranamaya kosha:

    I. Pranas

    As Upanishads do Yogaso textos da escolaYoga. Foram escritas entre os sculos VII

    e XVII d.C. A Yoga Chudamani Upanishad, 21-26 comenta sobre os dez pranas, com as suas

    respectivas localizaes:

    1-Pranas Principais:

    a)pranapropriamente dito, localizado no corao;

    b) apanalocalizado em torno do nus;

    c) samana,prximo ao umbigo;

    d) udana,no meio da garganta;

    e) vyana, na totalidade do corpo;

    2-Pranas Secundrios:

    f) naga, associado aos atos de arrotar e vomitar;

    g) kurma,associado ao ato de abrir os olhos;

    h) krikara,associado ao ato de espirrar;

    i) devadata, associado ao ato de bocejar;

    j) dhananjaya, permeia todo o corpo.

    II.Chacras

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    Alm das Upanishads do Yoga, o texto que contm a melhor descrio dos chacras o

    Shat-Cracra-Nirupana escrito por Purnananda, um mestre espiritual de Bengala, em 1577. Esse

    texto foi traduzido para o ingls por Arthur Avalon , pseudnimo de Sir John Woodroffe, um juiz da

    corte de Calcut, em 1918.

    Os chacras so centros deforas psco espirituais localizados

    no pranamaya kosha. A palavra

    chacrasignifica roda. O corpo de

    prana uma espcie de modelo

    organizador biolgico, capaz de

    manter o corpo fsico em estado

    de elevada ordem e baixaentropia. Os chacras so

    numerosos, existindo distribudos Figura 1

    ao longo dopranamaya kosha. Eles desempenham um papel na formao da personalidade e no

    equilbrio do corpo fsico. Mas, dentre todos os chacras,h sete considerados principais. Eles se

    localizam ao longo da nadi central denominada sushumna. Esses chacras principais so os

    seguintes:

    1- Chacra Muladhara(Roda do Apoio da Raiz). Localizado no perneo;

    2- Chacra Svadhisthana (Roda que Fica de p por si Mesma) Localizado na regio

    pubiana;

    3- Chacra Manipura(Roda

    da Cidade das Jias) Localizado pouco acima do umbigo;

    4- Chacra Anahat(Roda do Som No Tocado). Localizado no corao;

    5- Chacra Vishudha(Roda Pura). Localizado na garganta;

    6- Chacra Ajna(Roda do Comando). Localizado entre as sobrancelhas;

    7- Chacra Sahasrara(Roda de Mil Raios). Localizado no topo do crnio.

    Abaixo, daremos um resumo dos principais dados sobre os chacras,incluindo um desenho

    de cada.

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    III.Nadis

    A palavranadi significa conduto, canal, veia ou artria. Significa veia ou artria por

    onde flui o sangue. Mas tambm significa os canais formados de matriaprnica que permeiam

    todo o corpo deprana. So canais sutis por onde circulam os diversos pranas, para alimentar o

    Figura 9.

    pranamaya kosha.(ver figura 9).

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    O Shiva Samhita, um texto do Hatha Yogaescrito entre o fim do sculo XVII e o incio do sculo

    XVIII, (VASU,1984) fala da existncia de 350.000 nadis, O Trishika Brahmana Upanishad (uma

    Upanishad do Yoga) no captulo II, sutra 76, afirme que as nadisso em nmero de 72.000, masesse nmero simblico pois elas so incontveis (AYYANGAR,1953)

    Dentre as inumerveis nadis, trs so as mais importantes: ida, pingalae sushumna.Elas

    partem do chacra muladhara. A nadi sushumna sobe ao longo da coluna, desde o chacra

    muladhara at o topo do crnio, no chacra sahasrara. Ida sobe serpenteando desde o chacra

    muladharaat o chacra ajna,parando na parte superior da narina esquerda. conhecida como

    canal lunar. Pingala, parte do chacra muladhara e sobe serpenteando at o chacra ajna, na

    parte superior da narina direita. conhecida como canal solar. Para uma melhorvisualizao,

    ver a Figura 1.

    IV.Marmans

    Esta palavra significa articulao. Osmarmans so pontos localizados no corpo fsico,

    mas so as manifestaes da energia prnicasoriundas dos chacras e das nadis, sendo uma

    interface entre o corpo fsico e o corpo de prana. So muito importantes no Yogae na medicina

    ayuvdica.Em portugus, h um livro muito bom escrito sobre o assunto pelos doutoresAvinash

    Lele, David Frawley e Subhash Ranadi (LELE:FRAWLEY; RANADI,2005) Na ndia antiga, a

    cincia dosmarmans era conhecida comoMarman Vidya. So conhecidos 107 pontos marmans.

    Os processos de cura dos pacientes so provocados por presso dos dedos do terapeuta sobre

    esses pontos, produzindo reequilbrio fsico e psquico.

    V. Grantis

    A palavragrantisignifica n. Eles so bloqueios na corrente dospranasque caminhampela nadi sushumna, impedindo que a kundalini ou poder serpentino ascenda at o tropo da

    cabea (at o chacra sahasrara). Os principais grantis so os seguintes: Brahma-granti,

    localizado no chacra anahat; Vishnu-granti, localizado no chacra vishudha; Rudra-granti,

    localizado no chacra aja(FEUERSTEIN,2006).

    VI. Kundalini

    Kundalini uma energia psico espiritual muito poderosa, localizada no chacra muladhara.

    Possui a forma de serpente, enrolada com trs voltas e meia. Faz-la ascender pela nadi

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    sushumna at o chacra sahasrara, a tarefa principal dos yogins tntricos. Esse encontro

    tambm conhecido como Shiva-Shakti. Shakti representando a kundalini e Shiva,

    representando ochacra sahasrara. O tantratrabalha especialmente a energia kundalini.

    Estes so os componentes dopranamaya kosha.

    3.1.3.2.2. No Yoga

    H outra nomenclatura e outro nmero de corpos do ser humano, na tradio Yoga, so

    os shariras, palavra que significa corpo.. Essa escola diz que o ser humano possui trs corpos, a

    saber:

    a) sthula shariraou corpo denso, feito de alimentos;

    b) sukshma shariraou corpo sutil;

    c) karana shariraou corpo causal.

    O Yuktabhavadeva(GHAROTE;JHA,2002), texto do Yogaescrito por Bhavadeva Misrano

    sculo XVII, h uma referncia clara aos corpos do ser humano. No seu captulo II, se pode ler:

    Todo indivduo tem trs tipos de corpo: sthula, sukshmae karana shariras.

    O Vasistha Samht, texto do Yoga escrito por Vasistha em, aproximadamente 1250 d.C.,

    no Captulo V, verso 15 (VASINTHA SAMHITA,2005), diz:

    Aps a destruio do corpo fsico (sthula sharira), a alma limitada pelos corpos sutil (sukhsma

    sharira) e causal (karana sharira).e reside no ar ou no fogo

    O Hatha Yoga Pradipik,escrito por Svatsmarama Yoguendrapor volta do sculoXIV d.C.,

    diz no Captulo IV, verso 18 (KUPFER, 2002):

    H 72.000 nadis no corpo; de todas elas, sushumn a que contm a energia divina (sham-

    bhavi shakti) que apazigua o deus Shamb (Shiva);as outras no so de grande utilidade para

    o yogin

    Ainda o Hatha Yoga Pradipik,no Captulo III, verso 62, diz:

    Por meio da concentrao no chacra bsico (muladhara), a corrente vital (apana) que normal-

    mente flui para baixo, forada a subir (por sushumna); os yogins chamam este exerccio de

    mula bandha.

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    IV-Equivalncia das Nomenclaturas

    Textos do Yogae do Vedantamais recentes se preocuparam em fazer uma equivalncia

    entre as nomenclaturas do Yogae doSamkhya, com a do Vedanta. Assim, o Yuktabhavadeva

    (GHAROTE; JHA, 2005), no seu captulo III, diz:

    Sthula sharira (corpo grosseiro) consiste de cinco tanmatrase cinco mahabhutas. Ele chamado

    anamaya kosha.

    Sukshma sharira(corpo sutil) consiste de 17 constituintes, incluindo os cincopranas(principais),

    incluipranamaya kosha, manomaya koshae vijnanamaya kosha. Karana shariracontm o ananda-

    damaya kosha.

    Aqui cabe uma explicao. Segundo a psicologia Samkhya,h cinco rgo dos sentidos

    denominados jnanenendrya (viso, tato, paladar, olfato, audio) e os cinco rgo da ao

    denominados karmendrias (fala, ato de segurar, locomoo, evacuao e procriao). Eles,

    juntamente com os cinco pranas, a mente manas e o intelecto buddhi, reunidos, integram o

    sukshma sharira.

    O Vedantasara (NIKILANANDA,1987), texto do Vedanta Sistemtico escrito por

    Sadananda Yoguindrano sculo XV, diz no versos 61 e 62:

    61.Os corpos sutis que tm dezesseis componentes, so conhecidos por linga shariras.

    62.Os componentes (do linga sharira) so os cinco rgos da percepo (sentidos), o inte-

    lecto (buddhi), a mente (manas), os cinco rgo de ao.

    O termo linga possui vrias acepes. Significa marca, sinal, falo. No Samkhya se

    refere personalidade, que inclui buddhi, manas, o ego (ahamkara) os cinco sentidos

    (jnanendrias) e os rgos da ao (karmendrias).

    No Mahabharata, linga o veculo ou corpo que transmigra. Nos dois versos acima

    citados, linga sharirassignifica os sukshma sharirae karana sharira.

    Ainda o Vedantasara (NIKILANANDA,1987)) faz uma equivalncia entre as nomenclaturas

    aqui tratadas sobre os corpos do ser humano. No seu verso 89, pode ser lido:

    Entre esses invlucros, o invlucro inteligente (vijnanamaya kosha) que est dotado do

    poder do conhecimento o autor da ao; o invlucro mental (manomaya kosha) que

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    est dotado do poder da vontade o instrumento; e o invlucro vital (pranamaya kosha)

    que est dotado de atividade o produto (de ambas). Se fez esta diviso de acordo

    com suas funes respectivas. Estes trs invlucros em conjunto constitui o corpo sutil.

    Aqui, a expresso corpo sutil se refere ao sukshma sharira.Fica claro, portanto que oanamaya kosha o equivalente do sthula sharira e o anandamaya kosha, equivale ao karana

    sharira,e os koshas pranamaya, manomaya e vijanaequivalem juntos, ao sukhsma sharira..

    3.1.3.3.Corpo Sutil nos Yoga Sutra

    Os Yoga Sutraforam redigidos por Patajalientre 200 a.C. e 200 d.C. Ali, pode-se ler, no

    sutra III-30, o seguinte:

    Pela concentrao no chacrado umbigo, se adquire o conhecimento da organizao do cor-

    po.

    O filsofo hindu, Surendranath Dasagupta, escreveu o seguinte

    Mas o feto no pode simplesmente ser produzido pela unio do smen do pai e do sangue da

    me (shonita).Tal unio pode produzir o feto apenas quando o atmancom o corpo sutil, constitu-

    do de ar, fogo, gua e terra, e manas(mente- o rgo envolvido em toda percepo e pensa-

    samentos), torna-se conectado com este por meio dokarma. Os quatro elementos constituindo o

    corpo sutil do atman, sendo a causa geral de todos os produtos, no contribui para a feitura es-

    sencial do beb.Os elementos que contribuem para a feitura geral so,(1) a parte da me-o san-

    gue;(2) a parte do pai-semen; (3) o karmade cada indivduo; a parte presente no na comida-su-

    co da me no necessita ser contada separadamente, pois isto determinado pelo karmado in-

    divduo.As caractersticas mentais so determinadas pelo estado da mente do indivduo no seu

    nascimento anterior.

    Um aspecto que deve ser destacado a concepo de que o semen, sangue e o corpo

    sutil, juntamente com o esprito,que devem estar reunidos, de modo a poder produzir uma no-

    va vida no tero materno. Deve-se entender por esprito, o atman (ver Glossrio).

    1.1.4.NoTantra

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    O texto do shivaismo de Caxemira, intitulado Svacchandatantra, Parte VII,Captulo 7,ver-

    so 11. comenta sobre as dez principais nadisque partem da regio do umbigo, em forma cir-

    lar, outras se encaminhando para cima, outras para baixo e em diversas direes;a deusa Sha-

    ktiest situada na base do pnis, abaixo do umbigo. Setenta e duas mil nadis partem desse

    ponto.

    O texto intitulado Hevrajatantrana Parte I, Captulo 1, versos 13-20, relaciona as trs na-

    dis mais importantes e especifica trinta e duas outras.

    O Kalachakratantra, no seu Captulo II, verso 9, se refere aos canais extremamente sutis

    denominados atyanta sukshma nadikas, envolvidos no desenvolvimento do embrio e de v-

    rios dos seus rgos.O captulo 2 do Kalachakratantra denominadoAdhyatmanapresenta de-

    talhadas informaes sobre a anatomia do corpo sutil.

    1.2.NO BUDISMO

    Corpo-vajra.Refere-se aos canais, gotas e ventos internos e, mais especificamente, ao

    corpo ilusrio puro. O corpo de um Buda conhecido como corpo-vajra resultante .

    Corpo-deidade.Um corpo divino. Quando um praticante atinge o corpo ilusrio, ele atinge

    um corpo divino, ou corpo-deidade. No se trata do corpo de uma deidade, pois este

    necessariamente o corpo de um ser tntrico iluminado.

    Corpo-emanao(nirmanakaya, em snscrito) O corpo-forma de um Buda, que pode ser

    percebido pelos seres comuns.

    Corpo-emanaoO corpo-forma de um Buda que pode ser percebido pelos seres comuns.

    Existem dois tiposo supremo e o comum. O supremo pode ser visto somente por aqueles que

    tm carma puro, e o comum pode ser visto por todos. Em geral, os Budas se manifestam sob

    diferentes formas e, embora algumas dessas emanaes tenham o aspecto mundano, em

    essncia, todas as emanaes de Buda so seres plenamente iluminadas.

    Corpo-emanao supremoCorpo-emanao especial que possui os 32 sinais maiores e

    as 80 indicaes menores. Seres comuns s percebero este corpo se tiverem carma muito puro.

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    Corpo-formaO corpo-fruio e o corpo-emanao de um Buda.

    Corpo-fruio(sambhogakaya, em snscrito) Corpo-forma sutil de um Buda que s pode

    ser percebido pelos praticantes mahayana superiores, aqueles que obtiveram uma realizao

    Corpo-naturezaA natureza ltima da mente de um Buda.

    Corpos de BudaUm Buda possui quatro corpos: o corpo-verdade sabedoria, o corpo-

    natureza, o corpo-fruio e os corpos-emanao. O primeiro a mente onisciente de Buda; o

    segundo a vacuidade ou natureza ltima dessa mente; o terceiro seu corpo-forma sutil; e o

    quarto constitudo pelos corpos-forma densos, que podem ser vistos pelos seres comuns e que

    cada Buda manifesta em nmero ilimitado. O corpo-verdade sabedoria e o corpo-natureza esto

    includos no corpo-verdade, e o corpo-fruio e o corpo-emanao esto includos no corpo-

    forma.

    Corpo-verdadeO corpo-natureza e o corpo-verdade sabedoria de um Buda. O primeiro a

    mente onisciente de Buda e o segundo, a vacuidade ou a natureza ltima desta mente. Consultar

    Corpo-verdade sabedoriaA mente onisciente de um Buda.

    I.2.1. NO BUDISMO TIBETANO

    Corpo Ilusrio. Atravs da prtica intensiva e profunda da meditao, possvel

    conseguirmos um corpo ilusrio (sgyu-lus). Este o resultado da prtica extremamente avanada

    do estgio completo (rdzogs-rim, estgio da completude) da classe mais elevada do tantra, o

    anuttarayoga.

    O Corpo Onrico.Com muita meditao, tambm podemos obter a faculdade de usar um

    corpo onrico (rmi-lam-gyi lus). Esta forma particularmente apropriada para a prtica da ateno

    unifocada, uma vez que, enquanto adormecidos, no temos as distraes das conscincias

    sensoriais.

    Corpo sutil.O que conhecido como corpo sutil (lus phra-mo)no um corpo que pode

    deixar a nossa forma fsica grosseira. Em vez disso, o sistema de energia sutil dentro dos

    nossos corpos grosseiros. a rede dos canais invisveis de energia (rtsa,snsc. nadi), dos ns

    de energia (rtsa-`khor,snsc. chakra), das gotas de energia criativa (thig-le,snsc. bindu) neles

    situadas, e dos ventos de energia (rlung,snsc. prana) que correm atravs deles. Partes destesistema esto envolvidas no funcionamento normal da percepo dos sentidos.

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    1.3. NO CRISTIANISMO

    A mais importante referncia ao corpo sutil ou espiritual no cristianismo, est na pala-

    vras de Paulo de Tarso, o Doutor da Lei e membro do Sindrio, nas suas famosas Cartas aos

    Corintios. (I Corintius 15-44):

    Semeia-se um corpo natural, ressuscita um corpo espiritual..Se existe um corpo natural,

    existe tambm um corpo espiritual

    Orgenes (sculo II d.C.) considera o esprito envolto num corpo vaporoso que ele deno-

    mina por auraporque, na sua opinio, o termo imaterial no possui representao possvel.

    Tertuliano (sculo II d.C.) no seu texto De anima, VII-IX, diz:

    A corporeidade da alma (isto , a alma vital-psique no esprito-pnuma) manifesta no

    Evangelho porque, se alma no tivesse um corpo, a alma no poderia ser a imagem do cor-

    po.

    E no seu texto De Carne Chr. VI, diz ainda:

    Osanjos tm um corpo que lhes prprio. Podendo transfigurar-se em carne humana;eles

    podem, por um certo tempo, fazer-se ver aos homens e comunicar visivelmente com eles.

    Santo Hilrio de Poitieres (sculo IV d.C.), no seu Canom 5, in Math, escreveu:

    No existe coisa alguma na natureza e na criao, seja no cu,seja na terra, seja entre as

    coisas visveis, seja entre as invisveis, que no seja corporal. Mesmo as almas,seja duran-

    te vida, seja depois da morte, conservam alguma substncia corporal,porque necessrio

    que tudo o que criado seja em alguma coisa

    So Baslio de Cesarea (sculo IV d.C.), no Livro de So Espri. XVI, diz:

    As almas celestes mostram-se, a todos aqueles que so dignos, na imagem do seu pr-

    prio corpo.

    So Cirilo de Jerusalm (sculo IV d.C.), no Cat. XIII, 14-Cat. XVI, etc., diz:

    As almas dos mortos tmcorpos mais sutis que os corpos terrestres. O nome de esprito

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    genrico e comum:designa-se por esprito tudo o que no tem um corpo espesso e pe -

    sado.

    Todos os mais importantes Padres da Igreja dos primeiros sculos do cristianismo ti-

    nham uma clara compreenso da existncia de um corpo espiritual ou sutil. No sculo IV d.C.,

    Santo AmbrsioAbraham,II, 58;Gregrio de Nazianzo; no sculo V d.C.,Cirilo de Alexandria,

    In Joann,L. VI; Santo Agostinho, Op. Ed. Bened II, ep. 14 e 158, etc..

    Joo de Tessalonica, no 2 Conclio de Nicicea realizado no sculo XVIII d.C. , declarou:

    Os anjos, os arcanjos e tambm as almas so na verdade, espirituais, mas no com-

    pletamente privados de corpos. So dotados de um corpo tnue, areo, gneo

    Esta relao poderia continuar, mas isto est fora do escopo deste livro.

    1.4.NO ESPIRITISMO

    Allan Kardec,o sistematizador da Doutrina Esprita ou Espiritismo, no seu famoso livro in-

    titulado O Livro dos Espritos, escreveu, perguntando aos espritos:

    PERISPRITO

    93. O Esprito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns,

    est sempre envolto numa substncia qualquer?

    Envolve-o uma substncia vaporosa, para os teus olhos, mas ainda bastante gros-

    seira para ns; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e trans-

    portar-se aonde queira.

    Envolvendo o germe de um fruto, h o perisperma; do mesmo modo, uma substncia, por

    comparao, se pode chamarperispto, serve de envoltrio ao Esprito propriamente dito.

    94. De onde tira o Esprito o seu invlucro semi-material?

    Do fluido universal de cada globo, razo por que no idntico em todos os mundos.

    Passando de um mundo a outro, o Esprito muda de envoltrio, como mudais de rou-

    pa.

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    a)Assim, quando os Espritos que habitam mundos superiores vm ao nosso meio,

    tomam um perisprito mais grosseiro?

    necessrio que se revistam da vossa matria, j o dissemos.

    95.O invlucro semi-material do Esprito tem formas determinadas ou pode ser per-

    ceptvel ?

    Tem a forma que o Esprito queira. assim que este vos aparece algumas vezes,

    quer em sonho, quer em estado de viglia, e pode tomar forma visvel, mesmo palp-

    vel.

    Ainda Allan Kardec, no seu livro A Gnese, escreveu, descrevendo o processo de en-

    carnao do esprito:18-Quando o Esprito tem que encarnar num corpo humano em vias de formao,

    um lao fludico, que mais no do que uma extenso do seu perisprito, o liga ao

    grmem que o atrai por uma fora irresistvel, desde o momento da concepo, me-

    dida que o germe se desenvolve, o lao se encurta. Sob a influncia doprincpio vi-

    to-material do grmem, o perisprito, que possui certas propriedades da matria, se

    une,molculaa molcula, ao corpo em formao, donde o poder dizer-se que o Esp-

    rito, por intermdio do perisprito, se enraza, de certa maneira, nesse grmem, como

    uma planta na terra. Quando o grmem chega ao seu pleno desenvolvimento,comple-

    ta a unio; nasce ento o ser para a vida exterior.

    Tambm Allan Kardec, no seu livro Obras Pstumas, escreveu:

    O perisprito no se acha encerado nos limitas do corpo, como numa caixa. Pela

    sua natureza fludica, ele expansvel, irradia para o exterior e forma, em torno do

    corpo, uma espcie de atmosfera que o pensamento e a fora de vontade podemdilatar mais ou menos. Da se segue que pessoas h que, sem estarem em conta-

    to corporal, podem achar-se em contato pelos seus perispritos e permutar a seu

    mal grado impresses e, algumas vezes, pensamentos, por meio da intuio.

    Os conhecidos mdiuns brasileiros Francisco de Paula Cndido Xavier mais conhecido

    por Chico Xavier e Waldo Vieira, livro psicografado do esprito Andr Luiz, escreveram:

    Assimilando recursos orgnicos com o auxlio da clula feminina, fecundada e

    fundamentalmente marcada pelo germe paterno, a mente elabora, por si mesma,

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    novo veculo fisiopscossomtico, atraindo para os seus moldes ocultos as clulas

    fsicas a se reproduzirem por cariocinese, de conformidade com as orientaes

    que lhes imposta, isto , refletindo as condies em ela, a mente desencarnada,

    se encontra.

    Plasma-se-lhe, desse modo, com a nova forma carnal, novo veculo ao Esprito,que se refaz ou se reconstitui em formao recente, entretanto de clulas sutis, ve-

    culo este que evoluir igualmente depois do bero e que persistir depois do tmu-

    lo.

    ........................................................................................................................................

    REVISO DAS EXPERINCIAS- Assim como recapitula , nos primeiros dias da

    existncia intra-uterina, no processo reencarnatrio, todos os lances de sua evolu-

    co filogentica, a conscincia examina em retrospecto de minutos ou de longas

    horas, ao integrar-se definitivamente em seu corpo sutil, pela histognese espi-

    ritual,durante o coma ou a cadaverizaodo veculo fsico, todos os aconteci-

    mentos da prpria vida, nos prodgios da memria, a que se referem os desencar-

    nados quando descrevem para os homens a grande passagem para o sepulcro.

    O mdico Antnio J. Freire, no seu livro intitulado Da Alma Humana, resumindo as ex-

    perincias do Dr. Baraduc, diz:O Dr. Baraduc pelos seus processos experimentais conseguiu iconografar sete

    sete formas luminosas da alma humana, invisveis e ocultas vista normal, defi-

    nindo-as nos seus significadosvital, intelectual, e moral:od, somod, aor, psicaor,

    psicob e psiquxtase.

    Ainda Antnio J. Freire, descrevendo as experincias de Hector Durville, realizadas em1909, escreveu:

    Devidamente magnetizado, opassivoexteriorizava seu fantasma ou duplo, azu-

    lado sua esquerda, alaranjado direita, ligado ao corpo fsico do passivo, donde

    dimanava, por um cordo mais ou menos luminoso, por vezes de luminosidade in-

    termitente e de cores mal definidas, tendendo para o azul escuro, e- fato estranho,

    j registrado por A. de Rochasera precisamente dentro deste fantasma que se

    localizavam no s a motricidade e a sensibilidade dopassivoque o tinha origina-

    do, mas tambm todas as faculdades anmicas caractersticas da individualidade

    pensante e volitiva, logo que o duplo adquirisse coordenao suficiente atravs dos

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    passes magnticos longitudinais,intensivos e prolongados sobre o sensitivo.

    Mas o ponto culminante das experincias de Hector Durville foi atingido quando

    este eminente pesquisador conseguiu desdobrar o primitivo fantasma, correspon-

    dente ao duplo integral, em dois elementos dissociados: o corpo etrico (aerosso-

    ma I); e corpo astral (aerossoma II).

    CAPTULO II

    DIFICULDADES NA INTERPRETAO DOS SISTEMAS VIVOS

    Neste captulo, faremos uma exposio sumria de apenas sete dificuldades que encon-

    contramos, quando se tenta examinar os sistemas biolgicos , enquadrando-os dentro do es-

    quema das chamadas leis fsicas clssicas conhecidas,

    A vida um fenmeno muito complexo, o mais espantoso que se pode contemplar. Ela

    no pode ser explicadas pelas leis fsicas que compem o quadro j vasto dos conhecimentos

    humanos atuais. Os sete obstculos so os seguintes:

    1- Mquinas e sistemas vivos; dificuldades encontrada ao se tentar explicar os seres vivos

    como se fossem mquinas;

    2- A evoluo da vida: exposio sumria da evoluo biolgica; dificuldades para explic-

    la;

    3- Entropia e vida; exposio sobre o conceito de entropia. A vida, apesar se ser um Siste-

    ma Aberto, parece negar a 2 lei da termodinmica;

    4- O cido Desoxiribonuclico; O DNA no poderia conter toda a programao necessria

    evoluo biolgica ou ontognese;

    5- A Maravilha da Ontognese; explicao sumria da morfognese embrionria. Dificul-

    de explic-la luz dos conhecimentos atuais;

    6- Homologia dos Embries; os embries de alguns pluricelulares apresentam certa homo-

    logia. Dificuldades de se explicar porque a ontognese parece repetir a filognese;

    7Os Fatos Psi e as suas conseqncias; os fenmenos paranormais e suas implicaes

    gnosiolgicas. Dificuldades para se esses fenmenos.

    Estes so os temas que trataremos neste captulo. Vejamos cada um deles.

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    II.1. MQUINAS E SISTEMAS VIVOS

    Em termos de fsica e qumica, um sistema vivo formado por um conjunto de processos

    que pode ser definido por meio de equaes qumicas e frmulas matemticas que expressem

    leis naturais. Estes processos so diferentes quando aplicados a um sistema biolgico vivo,do-

    ente ou morto. Mas as leis da fsica no dizem qual a diferena entre eles. Elas no diferen-ciam um sistema biolgico sadio, do doente ou morto. Uma molcula de DNA, uma cadeia poli-

    peptdica de uma protena,uma enzima ou um processo hormonal,todos so governados por le-

    is fsicas e qumicas.Entretanto, nenhum deles melhor, mais sadio ou mais normal que qual-

    quer outro.

    Todavia, h uma diferena fundamental entre um sistema biolgico vivo e um morto. No

    sistema vivo, os inmeros processos fsicos e qumicos so altamente organizados, de modo apermitir que o sistema biolgico permanea ativo, podendo crescer,respirar,reproduzir-se,man-

    tendo-se em estado de elevada ordem. Mas,o que significa esta noo de ordem que no e-

    xiste nos livros de fsica e qumica, aplicado vida? Que modelo usar para o necessrio enten-

    dimento dos seres vivos?

    Um desses modelos o de mquina viva, usado desde o incio da cincia moderna. No

    sculo XVII,quando Ren Descartes usou o conceito de animal como mquina,existiam apenas

    mquinas mecnicas. Nessa poca, acreditava-se ser o animal uma espcie de mquina, uma

    complicada obra de relojoaria. Harvey, Borelli e outros da corrente de pensamento que os ca-

    racteriza como iatrficos, explicavam as funes dos msculos, estmago, corao etc., medi-

    ante princpios mecnicos de alavancas, bombas e outros conceitos semelhantes.Com o sur-

    gimento da mquina a vapor, que teve como conseqncia a criao de termodinmica, o or-

    ganismo vivo passou a ser considerado como um motor tronmico. Hoje, as mquinas eletro-

    etrnicas miniaturizadas ede grandes possibilidades, leva alguns pensadores a fazerem ana-

    logias entre o ser vivo e um rob ou um computador eletrnico digital, de alta capacidade,o que

    continua sendo um modo ingnuo de pretender explicar a complexidade dos sistemas biolgi-

    cos. Isso tambm reflete a historicidade da construo das hipteses e teorias.

    Certamente,os seres vivos no podem ser considerados como mquinas mecnicas,ter-

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    micas, eltricas ou eletrnicas.Ao contrrio, so estruturas de complexidade to evadas que

    no podem ser comparadas a nenhuma coisa construda pelo homem.Os seres vivos podem,

    de uma maneira grosseira e bastante longe do real, ser considerados como mquinasquimio-

    dinmicas, que trasformam diretamente a energia do combustvel em ao muscular.

    Um dos desses modelos desenvolvidos no final da dcada de 1970,est baseado no que

    se pode denominar de mquinas moleculares.O ciclo de oxidao de Krebs, que ocorre nos

    mitocndrios, que so organelas citoplsmicas consideradas como usinas de energia das c-

    lulas, um exemplo para se configurar o fato de que existe um comportamento assimilvel s

    mquinas em nvel molecular. O DNA, molcula portadora de um cdigo, pode ser comparado

    a uma mquina capaz de transmitir informaes de um sistema vivo para outro.. Estes so e-

    xemplos de micromquinas ou mquinas moleculares, usados na cincia como modelos de

    comparao com os seres vivos.

    Comparar os sistemas vivos com mquinas algo que esbarra em dificuldades muito

    grandes, e dentre elas destacam-se as seguintes, de acordo com Ludwig Von Bertalanffy(BERTALANFFY, 1973):

    1- AOrigem da MquinaEsta questo pode serformulada da seguinte maneira: de

    que modo surgiram as mquinas biolgicas, num universo onde os acontecimentos

    fsicos e qumicos ocorrem de forma no ordenada? As mquinas, tais como as co-

    nhecemos, no surgem por si prprias. As explicaes evolucionrias de Charles

    Darwin, no so suficientes para explicar todo o complexo processo da evoluo bio-

    lgica. De onde provm as mquinas vivas infinitamente complexas?

    2O Problema da RegulaoEsta questo pode ser assim colocada: podemos ima-

    ginar mquinas cibernticas auto-regulveis, que se reparam a si mesmas. Isto um

    acontecimento bem conhecido em automao. No entanto, o problema surge quando

    se torna necessria a regulao e conserto, aps vrias perturbaes arbitrrias. Em

    automao, a soluo deste problema seria uma tarefa muito difcil. Ora, se conside-

    rarmos os sistemas vivos como mquinas,como se explicaria o fato de eles serem ca-

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    pazes de regular-se, no apenas aps um determinado nmero de perturbaes, mas

    aps serem submetidos a um nmero indefinido delas?

    3 - Contnua Troca de Partes ComponentesEste problema pode ser assim

    definido:

    se considerarmos um ser vivo como sendo uma mquina, como explicar que essamquina use como combustvel, partes componentes de sim mesmo, mantendo-se

    em equilbrio? O metabolismo uma caracterstica bsica dos sistemas vivos. Estes

    so compostos de combustveis, que so integrantes do prprio organismo. Mquinas

    deste tipo so muito complexas, o que dificulta interpretar os seres vivos como maqui-

    nas.

    4 Os Fatos ParanormaisTodos os sistemas biolgicos parecem estar dotados, de

    acordo com pesquisas parapsicolgicas, da capacidade de produo de fenmenos,

    cujos mecanismos causais no se enquadra no conjunto das leis que acreditamos go-

    vernarem os fenmenos da natureza.Transmisso de informaes a distncia, fora da

    capacidade sensorial dos comunicantes; capacidade de perceber acontecimentos fu-

    turos, sem nenhuma ralao de causa e efeito com os acontecimentos presentes;ca-

    pacidade de ao dinmica sobre o mundo objetivo sem o uso de meios fsicos nor-

    mais para tanto, capacidade de perceber fatos distantes no instante em que ocorrem,

    sem o uso de nenhum meio fsico conhecido, tais so alguns exemplos de ocorrn-

    cias verificadas com os sistemas vivos, que implicam numa necessria reviso nas

    concepes de espao, tempo e massa. Nenhuma mquina capaz de gerar tais fe-

    nmenos.

    5 - EquifinalidadeA equifinalidade,diz Edgard Morin (MORIN,, 2007) a atitude dos

    seres vivos que lhes permite realizarem seus fins (seu programas) pormeios desviados

    apesar das carncias,de acidentes ou de obstculos,enquanto a mquina, privada de um

    dos seus elementos ou de um dos seus alimentos, se deteriora,pra ou fornece produtos

    errneos;

    6 - Relaes Entre Elementos ou Subsistemas- Diz Edgar Morin (MORIM, 2007):

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    Damo-nos conta de que, na ordem do ser vivo, as relaes entre elementos ou sub-

    sistemas, entre indivduos ou grupos no dependem de um estreito ajustamento (fit-

    ting), de uma estreita complementariedade, mas tambm de concorrncias, competi-

    es, antagonismos, conflitos, o que , evidentemente, fonte de perturbaes e de-

    sordens. Tais relaes so, at agora, impossveis numa mquina artificial........................................................................................................................................

    De novo, no podemos deixar de ir mais alm no paradoxo e perguntar: o ser vivo funcio-

    na no apesar da desordem, mas tambm com a desordem ? A partir da concebemos que

    a complexidade do vivo a de um princopio organizador que desenvolve suas qualidades

    superiores s de todas as mquiinas baseando-se precisamente na desordem (quer prove-nha das degradaes, dos conflitos ou antagonismos.

    Das palavras de Morin de depreende o quo difcil comparar os sistemas vivos com

    mquinas, sejam elas mecnicas, eltricas, eletrnicas ou de qualquer outra espcie.

    7 - A Quiesto da GeratividadeOs sistemas fsicos organizados sofrem os efeitos

    da 2 lei da termodinmica, ou seja, o aumento da entropia ou da desordem dentro si

    mesmos, que se traduz por um aumento da desorganizao em detrimento da hetero-

    geneidade. H um aumento da desorganizao em detrimento da organizao. Toda

    mquina artificialmente construda, por mais avanada que seja, sempre suscetvel

    de sofrer degenarao,a patir do instante em que construda.Por outro lado,os sis-

    temas vivos tambm se degeneram, sendo, entretanto, capazes de renovar seus ele-

    mentos constituintes moleculares e celulares que se degeneram, sendo algumas es-

    pcies capazes de regenerar rgos inteiros. O ser vivo tem um poder do que Edgard

    Morin (MORIN, 2007) chama de geratividade,o que no ocorre com as mquinas ar-

    tificiais. O ser vivo capaz de auto construr-se a partir de uma pequena parte de si

    mesmo, o que ocorre na ontognese embrionria, e parece contrariar a 2 lei da ter-

    termodinmica. A ontognese nos faz pensar na possibilidade da existncia de um

    campo organizador, ainda desconhecido pela cincia atual.

    Dr. Willis Harman, dialogando com a Dra. Elisabet Sahtouris, no interessante li-

    vro titulado Biologia Revisada (HARMAN & SAHTOURIS, 2003), diz:

    HARMAN

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    A morfognese subsiste como um dos enigmas fundamentais; assim que a conscincia

    comea a cogitar, sugerida a metfora de imagem-mrfica.

    Esse conceito de uma imagem guia um pensamento fascinante. Eu acredito que nos a-

    judar a entender os principais enigmas da evoluo que parecem representar falhas na tese

    neodarwinista, o que alguns bilogos esto comeando a perceber sua prpria maneira. Como se pode verificar, os dois autores citados-sobretudo Harman-pensam que a morfo-

    gnese embrionria se explica tambm, pela ao plasmadora de um campo organizador que

    eles denominam imagem guia.

    Nenhum tipo de mquina construda artificialmente, possui a capacidade da geratividade,

    no mesmo nvel de complexidade do ser vivo, o que dificulta muito, compar-lo s mquinas.

    Como se pode verificar, os sistemas vivos so muito complexos.No podem ser equipara-

    dos com mquinas. Nenhuma explicao mecnica, eltrica, eletrnica ou com base em micro-

    cromquinas, pode ser aplicvel aos seres vivos como um todo.

    II.2. A EVOLUO DA VIDA

    II.2.1. A VIDA E SUAS CLASSIFICAO

    Para que possam ser estudadas as transformaes fsicas sofridas por determinada es-

    pcies (ou grupos de seres vivos),ao longo de sua evoluo biolgica, necessrio se torna que

    sejam feitos estudos comparativos entre os diversos achados de restos fsseis da espcie em

    questo.

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    Foto 1.Na foto acima, pode-se ver esquerda, um fssil de trilobita, encontrado na regio de Ponta

    Grossa, Paran. direita, fssil de peixe, encontrado no interior do nordeste brasileiro (foto do autor).

    Designamos fsseisaos restos ou quaisquer outros vestgios deixados por seres vivos

    que habitaram a terra nos tempos pr-histricos. O termo fssil oriundo do latim (fossilis = ex-

    trado da terra).

    A paleontologia a cincia que estuda os fsseis. a paleontologia que estuda,descreve

    e define os seres que viveram na pr-histria. O termo paleontologia formado pelas razes

    gregas (palaios=antigo + ontos=ser +logus= estudos). A paleontologia se divide em: paleo-

    botnica, que se ocupa com os vegetais fsseis; paleozoologia,queseocupa dos fsseis dos

    fsseis dos animais;sistemtica(do grego systema) ou taxinomia(do grego: taxis=arranjo)

    acincia que se ocupa com a classificao dos seres vivos. Surgiu com Carolus Linnaeus, ao

    publicar, em 1735, o seu famoso livro, intitulado Systema Naturae.

    As principais funes da taxonomia, so:

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    1) Funo analtica: realizar inventrio detodos os seres vivos em grupos elementares

    designados por espcies(do latim: specie= tipo celular), estabelecento os caracteres principa-

    is de cada um deles; o que se chamaidentificao;

    2) Funo sistemtica:realizar ordenao das espcies pelas afinidades demonstradas

    em grupos designado por gneros, dos gneros em famlias, e assim por diante; o que se

    chama de classificao.

    As principais categorias taxinmicas, em ordem hierrquica crescente, so:

    -Espcie

    -Gnero

    -Famlia

    -Ordem-Classe

    -Filo

    -Reino

    II.2.2. OS CINCO REINOS

    Modernamente, a cincia admite a existncia de cinco reinos, de acordo com Lynn Mar-

    gulos e Karlene Schwartz (MARGULUS & SCHWARTZ):

    -Bacteria(com seus dois sub-reinos, archea e eubactria

    -Protocistas(algas, protozorios,mofo-de-lodo e outros organismos aquticos menos co-

    necidos e parasticos)

    -Animalia (animais com ou sem coluna vertebral)

    -Fungi(cogumelos, fungos e levedura)

    -Plantae(musgos, samambaias e outra plantas portadoras de esporos ou sementes)

    II.2.3. FILOGENIA

    A palavra filognese foi criada pelo naturalista alemo Ernest Heinrich Haeckel (1834-

    1919), sendo formada pelas razes gregas phylon (grupo, classe) + gens (origem). Filogenia

    a cincia que estuda a evoluo dos grupos de seres vivos. Dizendo de outro modo, filogenia

    pode ser definida como a cincia que tem por objetivo bsico a reconstituio da origem dos

    grupos de seres vivos, visando descobrir de que outros grupos surgiram, e quando. Certamen-

    te, isto inclui tanto o estudo das relaes evolutivas entre os seres vivos em geral, quanto o de

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    determinado grupo ou subgrupo,desde suas origens mais primitivas, ou ento,a partir de deter-

    minado momento.

    O filo uma categoria intermediria entre classe e reino,sendo caracterizado por um gru-

    po de animais ou vegetais, unicelulares ou pluricelulares, que obedecem determinado plano de

    similaridade na sua constituio, oriundo de sua descendncia comum.

    O sistema de trs domnios dos microbilogos liderados por Carl Woese, da Universidade

    de Ilinois, usando critrios moleculares, especialmente sequncias nucleotdicas de DNA ribos-

    smico, esses microbilogos advogam a existncia de trs grandes grupos: dois domnios (Ar-

    chea e Bacteria), consistindo em clulas precarinticas, e um domnio (Eukaria) contendo to-

    dos os outros organismos, conforme se pode verificar pela figura 10, mostrando a rvore Filo-

    gentica da Vida.Vale assinalar que a taxinomia uma cincia muito dinmica, mudando com o tempo. Na

    dcada de 1980, existiam apena trs reinos, o vegetal- composto de quinze filos, e o animal-

    composto de vinte e um filos, e o mineral.

    Acredita-se que atualmente, novos filos esto sendo considerados.

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    Figura 10 (Ver: Phylogenetic Tree pt. svg | Thumb | Legenda)

    Em meio ao vasto quadro dos seres vivos, podemos dizer que os filos so as linhas mes-

    tras da vida,tanto vegetal como animal. Um filo tem incio na pr-histria, estabelecendo-se at

    os dias atuais. Os achados fsseis, segundo nos mostra a paleontologia, so capazes de nos

    indicar as variaes sofridas por determinado de seres vivos (ou grupos deles),ao longo da sua

    evoluo no tempo. Dessa maneira, estudando achados fsseis, foi possvel mostrar que a be-

    xiga natatria dos peixes transformou-se lentamente em pulmes e, assim, eles saram das -

    guas, dando origem aos rpteis. As barbatanas tambm modificaram-se, transformando-se em

    mos de cinco dedos. Ainda com o passar dos anos, as escamas dos antigos peixes, agora a-

    daptados vida terrestre, transformaram-se em penas, originando os rpteis alados: os passa-

    ros. Oarcheopterix a espcie fssil que representou um ser vivo em fase de transio,do r-

    ptil para a ave. Tal transio ocorreu em determinada fase da adaptao daquela espcie ao

    novo habitat. A ave de sangue quente coberta de penas coloridas,dotada da maravilhosa facul-

    dade de voar na atmosfera e de cantar na ramagem, descende do rptil mudo, de sangue frio e

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    corpo revestido de escamas, adstrito a rastejar em terra. A sequncia de formas assumidas por

    determinado ser vivo, ao longo da sua evoluo no tempo, define o que podemos chamar de

    histria filogentica da espcie a que pertence o ser vivo em questo.

    A figura 10 mostra a sequncia de formas do peixe ave.

    Figura 11Evoluo do peixe ave: 1-os peixes conquistaram a terra. As barbatanas

    se transformam empatas e as bexigas natatrias, em pulmes; 2-os antepassados das aves

    eram animais trepadores, semelhantes a lagartos; 3-hipottica espcie; 4- archeopterix,ave-

    rptil do tamanho de uma pomba, com penas, dentes, dedos e cauda de rptil; 6- ave dos dias

    atuais.

    Foi Lamarck o primeiro naturalista a sustentar, convicta e coerentemente, que todos os

    grupos de seres vivos nascem por evoluo, de grupos antepassados, e representam, nesse

    sentido, um continum filogentico.

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    II.2.4. DATANDO O PASSADO

    Os captulos do grande livro da histria da terra esto escritos nas camadas geolgicas.

    Os estratos mais antigos situam-se abaixo das mais recentes e, dessa forma, comeamos a ler

    o livro da terra, a partir das camadas inferiores, de baixo para cima.

    Todo o espao geolgico dividido em cinco grandes sees denominas eras.Estas es-

    tas, por sua vez, se subdividem em perodos.

    O estudo dos fenmenos radioativos tornou possvel a criao de mtodos de datao

    mais apurada de certos depsitos geolgicos. Muitas rochas possuem verdadeiros relgios

    embutidos sob a forma de istopos radioativos,que se transformam, a taxas constantes,em for-

    mas no radioativas.Se essas taxas so conhecidas, pode-se estimar a extenso do tempo de-corrido desde a formao da rocha, medindo-se as quantidades de istopos radioativos e no

    radioativos nela presentes. Por exemplo, o urnio emite partculas alfa numa proporo cons-

    tante, transformando-se no istopo de chumbo. Desse modo,a idade de uma rocha que contm

    urnio pode ser determinada, comparando-se a proporo de urnio no transformado, com o

    chumbo presente na referida rocha. Foi dessa forma que se tornou possvel datar as camadas

    geolgicas, compondo-se, captulo a captulo, o livro da histria da terra.

    Nossas idias sobre o tempo, esto,naturalmente, condicionadas durao da vida hu-

    mana e s suas subseqentes divises em anos, meses, dias, horas, etc..

    Para que se possa formar uma idia exata sobre o tempo geolgico, imaginemos uma

    escala temporal onde 2000 anos representem um minuto.

    Diz Moody Paul Amos (AMOS, 1975):

    Nessa escala de tempo encurtada, Colombo descobriu a Amrica a apenas 14 segundos

    atrs! A Idade de Pricles, pice da antiga civilizao grega, comeou a cerca de um minuto

    14 segundos atrs (460 a.C.). A dinastia Chang, da China, a primeira da qual existem regis-

    tros, comeou a cerca de um minuto e 51 segundos atrs (1.700 a.C.).

    H quanto tempo o homem existe na terra ?............Nossa resposta depende da nossa defi-

    nio de homem. No existe nenhum acordo sobre quando a nossa prpria espcie (homo

    sapies) apareceu pela primeira vez. Mas, h cerca de 4 horas e 10 minutos atrs, na nossa

    escala de tempo acelerada, uma espcie aparentada, o homo erectus, vivia em Java (500.000 atrs); e h cerca de 14,5 horas atrs, criaturas semelhantes ao homem, chamados aus-

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    TABELA 1

    MAPA DO TEMPO GEOLGICO

    Eras Perodos pocas Tempo decorrido Caractersticas

    em anos

    Quaternrio Holoceno 11.0000 Homem.Glaciao no

    Cenozica Pleistoceno 1 milho hemisfrio norte

    Plioceno 12 milhes

    Tercirio Mioceno 23 milhes Mamferos e

    Oligoceno 35 milhes Fanergamas

    Eoceno 55 milhes

    Paleoceno 70 milhes

    Cretceo 135 milhes

    Mezozica Jurssico 180 milhes Rpteis gigantescos e

    Trissico 220 milhes Conferas

    Permiano 270 milhes Anfbios e Criptgamas

    Paleozica Carbonfero 350 milhesDevoniano 400 milhes Peixes, vegetao continental

    Siluriano 430 milhes Invertebrados e grande nu-

    Ortovinciano 490 milhes mero de fsseis,vida aqu-

    Cambriano 600 milhes tica

    Pr-Cambriano Superior Restos raros de Bactrias,

    (Proterozica) Algonquiano Fungos, Algas, Esponjas

    Crustceos e Celenterados

    ,

    Pr-Cambriano Mais de 2 Evidncias fossilizadas ra-

    Mdio bilhes rs, Bactrias e Fungos (?)

    Pr-Cambriano Arqueano 4,5 bilhes

    Inferior (Incio da terra)(Arqueozoca)

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    A vida comeou nas guas. No fundo dos oceanos primitivos, verdadeiros laboratrios de

    experincias biolgicas,as primitivas molculas orgnicas ensaiavam os primeiros passos para

    se agruparem em aminocidos. Da, no meio das guas, em meio ao caos dos elementos pri-

    mitivos, h bilhes de anos atrs, surgiram grandes molculas orgnicas (macromolculas poli-

    peptdicas) constitudas pela polimerizao linear dos aminocidos: as protenas.Surgiram tam-

    bem nucleotdeos que, ao se polimerizarem linearmente, fizeram surgir os cidos nuclicos,co-

    acervados, moneras, clulas primitivas. A evoluo continuou clere, em direo s formas su-

    periores da existncia, vencendo as foras degradadoras da entropia e do acaso.Vieram os mi-

    crbios, as algas, os vermes aneldeos,os braquipodes, os trilobitas,os cefalpodes silurianos,

    os, os primeiros vertebrados, os cordatos primitivos, os corais. Os peixes saram das guas e

    consquistaram a terra. Dos peixes, vieram os rpteis e destes, as aves, os mamferos.Dos ane-ldeos surgiram os insetos, crustceos e miripodes.Dos mamferos surgiram os primatas, e

    destes, o homem.

    Cada ser vivo seguiu o caminho geral da sua linha de evoluo biolgica, definida pelo

    seu filo.

    A principal concepo sobre a evoluo dos seres vivos est contida no livro intitulado

    The Origen of Species (A Origem das Espcies), cujo autor foi o mdico e naturalista Char-

    Darwn, publicado em Londres no ano de 1859. H muitas objees teoria de Darwin.

    O neo-darwinismo tambm chamado teoria sinttica da evoluo basicamente a tentativa

    de fundir o darwinismo clssico, com gentica moderna, e foi formulada na dcada de 30 e 40

    (sculo XX) por cientistas como o GG Simpson, Mayr, Huxley, Dobzhansky, Fisher, Sewall

    Wright, entre outros.

    O neo-darwinismo tambm chamada teoria sinttica da evoluo basicamente a tentativa

    de fundir o darwinismo clssico, com gentica moderna, e foi formulada na dcada de 30 e 40

    (sculo XX) por cientistas como o GG Simpson, Mayr, Huxley, Dobzhansky, Fisher, Sewall

    Wright, entre outros.

    O neo-darwinismo tambm chamada teoria sinttica da evoluo basicamente a tentativa

    de fundir o darwinismo clssico, com gentica moderna, e foi formulada na dcada de 30 e 40

    (sculo XX) por cientistas como o G.G. Simpson, Mayr, Huxley, Dobzhansky, Fisher, Sewall

    Wright, dentre outros.

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    Segundo esta teoria evolucionria,pode-se explicar fenmenos evolucionrios,

    principalmente por meio de mutaes (variaes acidentais falando de Darwin), conjugada com a

    ao da seleo natural.

    Assim, a evoluo dever ter um pequeno acmulo de mutaes favorveis, preservados

    pela seleo natural e, portanto, a produo de novas espcies seria nada mais do que a

    extrapolao e ampliaodas variaes que ocorrer dentro das espcies

    Refira-se que, a partir da dcada de 70 (sculo XX), ocorreu um esforo para salvar a

    teoria da evoluo, onde um problema intransponvel que representa a ausncia de fsseis

    intermdios. Alguns autores, como Stephen Jay Gould e Niles Elredge propuseram a teoria do

    "equilbrio pontuado" para substituir a teoria sinttica do gradualismo clssico.Essa teoriapostula

    duas idias: que, durante longos perodos a maioria das espcies passa por poucas mudanasobservveis; e que, quando ocorre esse fato, a mudana rpida e se concentra em populaes

    pequenas e isoladas. Se isso ocorresse, fsseis intermedirios muito dificilmente seriam

    encontrados, o que est de acordo com a existncia de registros fsseis bastante falho, que

    temos.

    Hoje a maioria dos autores evolucionistas ainda aceitar neo-darwinismo como a verdadeira

    teoria da evoluo.

    Lynn Margulis, professora de biologia da Universidade de Massashusetts. Elaborou uma

    teoria segundo a qual as mitocndrias, organelas celulares citoplsmicas e fonte de energia das

    clulas de plantas e animais, foram outrora, clulas bacterianas independentes. Ela disse que a

    histria acabar por julgar o neodarwinismo uma pequena seita religiosa do sculo XX, dentro da

    f religiosa geral da biologia anglo-saxnica

    (MANN, C. ,1991.Lynn Margulus: Sciences Unruly Earth Mother. Science, 252, ps. 37881)

    Diz Michael Behe (BEHE, 1997):

    Jerry Coyne, do departamento de Ecologia e Evoluo da Universidade de Chicago, chega a

    um veredicto imprevisto:

    Conclumosinesperadamenteque h poucas provas que sustentem a teoria neodawiniana:

    seus alicerces tericos so fracos, assim como as evidncias experimentais que a apiam

    (ORR, H. A. & COYNE, J.A. 1992. The Genetics of Adaptation: A Reassessment.American

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    Naturalist, 140, p. 726) .

    Diz ainda Michael Behe (BEHE, 1997);

    Matemticos, ao longo de todos esses anos, tm se queixado de que os nmeros do darwi-

    nismo simplesmente no fazem sentido. Hubert Yorcey,terico da informao, argumenta que

    a informao necessria para iniciar a vida no poderia ter surgido por acaso, e sugere que a

    vida seja considerada um dado como matria ou energia,Em 1966, ilustres matemticos e bi-

    logos evolucionistas realizaram um simpsio no Wistar Institute,na Filadlfia, porque o organi-

    zador do evento,Martin Kaplan,entreouvira uma discusso muito estranha entre quatro mate-

    mticos....sobre as dvidas matemticas relativas teoria da evoluo darwiniana.Um mate-

    mtico que alegava que o tempo para o nmero de mutaes aparentemente necessria pa-

    ra criar um olho era insuficiente,bilogos disseram que seus nmeros deviam estar errados.

    Os matemticos, porm, no se convenceram disso. Ou,como disse um deles:

    H uma grande lacuna na teoria darwiniana da evoluo, e acreditamos que ela deva ser de tal

    natureza que no possa ser conciliada com a concepo corrente da biologia

    (SCHUTZENBERGER, M.P. 1967. Algorithims and the Neo-Darwinism Theory of Evolution, In:

    Mathematical Challenger to the Neo-Darwinism Interpretation of Evolution. Oga. P.S.Moorhead e M.

    M. Kaplan, Wistar Institute Press, Philadelfia, p. 75).

    H outros cientistas que no aceitam a teoria de Darwim da evoluo das espcies. Enu-

    mer-los aqui, no tarefa deste livro.

    * * *

    Qual o fator que impulsionou a vida a evoluir, tornando-a cada vez mais complexa?

    O que estaria ligado s substncias orgnicas desde os primrdios da implantao da vida, e

    que se serviu de guia na evoluo biolgica, obrigando a matria orgnica a se complexificar,

    num longo perodo de que vai dos coacervados ao homem?

    Um fato muito importante que no deve ser esquecido, o papel da cooperao entre

    as diversas espcies de animais. A Teoria da Evoluo das Espcies de Charles Darwin,admi-

    te que foi apenas a natureza competitiva das espcies que as fez evoluir.Caso as espcies no

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    tivessem uma atitude cooperativa, no teriam evoludo.

    II.3.ENTROPIA E VIDA

    II.3.1.ENTROPIACONCEITOS PRIMRIOS

    A Teoria Cintica dos Gases a parte da termodinmica que estuda o que ocorre com o

    movimento das molculas de um gs. Como se sabe, um gs um fluido, cuja fora de coeso

    entre as molculas que o constitui, muito fraca, permitindo que estas tenham movimentos r-

    pidos e livres. Portanto, um gs um conjunto de molculas em movimento catico. As mole-

    culas colidem umas com as outras e contra as paredes do recipiente que contm o gs. Seus

    movimentos so em forma de zig-zag,de forma que cada segmento de reta de uma s molcu-la equivale parte da sua trajetria situada entre duas colises sucessivas (ver figura 13).

    H uma energia associada ao movimento. Essa forma de energia chamada de energia

    cintica. Quanto maior for a velocidade de um corpo, maior ser a sua energia cintica.

    Figura 13Representao esquemtica da trajetria de uma

    molcula em um gs.O movimento catico, em forma de zig-zag.

    Sabemos da teoria cintica dos gases,que calor energia cintica molecular. Quanto

    maior a energia cintica das molculas de uma amostra de material qualquer, maior ser a sua

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    temperatura. Dizendo de outra forma, quanto maior for a temperatura de um corpo, maior ser

    a quantidade de calor, ou maior ser a movimento de agitao das molculas.

    Devemos observar que calor uma forma desorganizada de energia.Desorganizada por-

    que a agitao das molculas um fenmeno catico, difcil de ser selecionado, classificado.

    sua velocidade.As colises so rpidas e numerosas.Para que tenha uma idia do caos que e-

    xiste no interior de um recipiente que contenha ar, temperatura de 0 centgrado e presso

    de uma atmosfera, cada molcula realiza,em mdia,5 bilhes de colises por segundo!

    Dizemos que algo est organizado, quando as suas partes constituintes esto classifica-

    das, agrupadas por caractersticas semelhantes. Uma biblioteca, por exemplo, est organizada

    quando os livros esto agrupados por assunto. Se os livros estiverem colocados na estante de

    forma aleatrea, com os ttulos misturados, a biblioteca,neste caso, estar desorganizada,mis-turada, homogeneizada.

    Voltando ao gs,suas molculas, por realizarem movimentos caticos,sua energia de-

    sorganizada.O gs teria uma energia organizada se, por acaso fosse possvel s suas mole-

    culas, se arranjarem dentro do recipiente ,em volumes definidos,dentro dos quais existisse uma

    quantidade de molculas conhecidas, com velocidades tambm conhecidas.Isto no ocorre, O

    gs possui energia totalmente desordenada.

    tado estvel.Esse estado estvel , exatamente, o estado de maior desordem.Vamos explicar

    melhor.Suponhamos uma caixa dividida por trs paredes internas,de modo que se tenha qua-

    tro volumes internos, de volumes supostamente iguais.Suponhamos agora que as paredes in-

    ternas sejam removveis, e que cada um dos quatro volumes da caixa contenha determinado

    gs,cada um deles com temperaturas diferentes. Designemos os gases dos volumes da caixa

    por A, B, C, eD.Suponhamos que as temperaturas dos gases sejam T1,T2,T3 e T4,respectiva-

    mente.Neste caso,vamos considerar que o volume total da caixa que contm os quatro gases

    diferentes, esteja organizado em virtude dessa disposio, conforme mostra a figura 14.

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    Figura 14

    Agora, admitamos que as trs paredes internas sejam retiradas. O que ocorrer? Ser

    que as molculas, agora livres,permanecero como estavam antes?Claro que no.Aps retira-

    das as paredes, os gases A,B,C,eDvo sofrer uma mistura total.Ao fim de certo tempo, qual-

    quer poro da caixa conter os mesmos quatro tipos de gases.A temperatura final dos gases

    misturados ser uma mdia, diferido de T1,T2,T3 e T4.O caos,a desordem, imperou.O sistema

    tendeu para a desordem,para a mistura,para a mistura,para a homogeneidade.

    Pelo exemplo acima, podemos verificar que o sistema como um todo,misturando as mo-

    lculas.Agora, impossvel classific-las em grupos distintos. Genericamente, podemos dizer

    que a energia do gs misturado se manteve a mesma durante o processo de desorganizao,

    porm,a energia se degradou,se tornou catica.Isso que ocorre com o gs,ocorre tambm com

    qualquer sistema fsico.A energia,se bem que no se perca, tende a se degradar, tornando-se

    impossvel de ser recuperada.

    A gua que cai de uma cachoeira,fornece energia a um gerador,que ilumina uma cidade.

    A energia cintica,no pode mais ser recuperada.Degradou-se no processo. Assim ocorre com

    qualquer sistema fsico.A desordem dend a aumentar.

    H uma medida da desordem dos sistemas fsicos.Essa medida chama-se entropia.Ela

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    Ela originou-se de consideraes sobre mquinas trmicas,como uma extenso do chamado

    Teorema de Clausius e do Ciclo de Carnot.Os mais interessados em termodinmica, podem

    consultar livros de fsica que tratem do assunto. Entretanto, isto est fora do escopo deste livro.

    Quando a entropia cresce,dizemos que a desordem cresceu. No exemplo dos quatro gases A,

    B,C e D,indicados na figura 14,aps as paredes internas serem removidas, a entropia do siste-

    ma aumentou.Nesse exemplo,podemos dizer que as molculas mais rpidas, ou aquelas que

    possuem maior energia cintica (aquelas dos gases com maiores temperaturas) perdem suas

    energias cinticas,ou colidirem com as molculas mais lentas dos gases mais frios. O processo

    de colises continuar, at que seja atingida a equidiviso entre as molculas de toda a caixa,

    isto ,at que a temperatura da mistura dos quatro gases A,B,C e D atinja um nico valor,dife-

    rente de t1,t2, e t4.quando isso ocorrer,dizemos que a entropia do sistema,cresceu.Esta situao dos quatro gases semelhante a de um recipiente contendo quatro cama-

    das de bolinhas.Imaginemos um recipiente contendo,na parte inferior,uma camada de bolinhas

    pretas.Sobre esta camada,imaginemos outra de bolinhas brancas. Sobre estas ,outra de boli-

    nhas verdes e finalmente,uma camada superior,formada por bolinhas amarelas.Se sacudirmos

    o recipiente,as bolinhas vo se misturar,de modo que as pretas,brancas,verdes e amarelas,ao

    final das sacudidelas,estaro uniformemente distribudas ao longo de todo o volume do recipi-

    ente,do fundo parte superior. Agora,aps atingida essa disposio, podemos separ-las, de

    modo a atingirem a situao inicial,apenas,para tanto,sacudindo,agitando o recipiente?Teorica-

    mente,sim.No h,na verdade,razo alguma para que disposio no se verifique, mas alta-

    mente improvvel que isso ocorra.Talvez, tenhamos que sacudir o recipiente sculos, ou talvez

    durante milhes de anos, at que,por mero acaso,as bolinhas se renam,assumindo a mesma

    configurao inicial.O mesmo raciocnio vlido para os gases da caixa da figura 14.Aps mis-

    turadas as molculas,dificilmente,por puro acaso,elas assumiro a mesma disposio inicial,

    quando contidas pelas paredes.tal fato no impossvel, mas altamente improvvel.

    De qualquer modo,quando um sistema fsico entregue a si mesmo tende para a desor-

    dem,para a mistura,para a homogeneidade,dizemos que tendeu para o estado mais provvel,

    ou seja, dizemos que a sua entropia aumentou.

    Imaginemos uma bala que colide contra uma grossa chapa de ao.Enquanto a bala est

    se deslocando na direo da chapa, todas as suas molculas esto se deslocando juntas na

    na mesma direo,com a mesma velocidade.Neste caso,dizemos que a bala possui energia ci-

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    ntica definida,organizada.Quando a bala bruscamente parada pela coliso, seu movimento

    organizado transformado em movimento irregular e catico das suas molculas,uma vez que

    estas aumentam suas velocidades.As temperaturas da bala e da chapa aumentam. A energia

    organizada da bala degradou-se, difundiu-se, ficou distribuda pelas molculas em virtude da

    agitao destas.A entropia da bala,portanto,aumentou.Vemos,assim, que a lei da entropia cres

    cente si