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O MISTÉRIO DA PIEDADE

JOÃO CALVINO

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Traduzido do Inglês

The Mystery of Godliness

By John Calvin

Via: ReformedSermonArchives.com

Tradução e Capa por Camila Almeida

Revisão por William Teixeira

1ª Edição: Março de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, sob a licença Creative

Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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O Mistério Da Piedade Por João Calvino

“E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se

manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado

aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.” (1 Timóteo 3:16)

São Paulo exortou Timóteo a comportar-se em seu ofício; mostrando-lhe que honra Deus

lhe tinha concedido, em que Ele o estabeleceu para governar a Sua casa. Mostrou-lhe tam-

bém que o próprio ofício era honroso; porque a igreja sustenta a verdade de Deus neste

mundo, e que não há nada mais precioso, ou que mais deve ser buscado do que conhecer

a Deus, e adorá-lO e servi-lO, e ser irrepreensível em Sua verdade, para que possamos,

assim, alcançar a salvação. Tudo isso é mantido seguro para nós: e assim, tão grande te-

souro é entregue ao nosso cuidado, por meio da igreja; de acordo com as palavras de São

Paulo. Esta verdade é mui digna de ser mais altamente estimada do que é.

Que coisa misteriosa é essa, e quão maravilhosa é a questão: que Deus manifestou-Se em

carne, e tornou-Se homem! Será que isso até agora não ultrapassa o nosso entendimento,

de forma que quando somos informados disso, ficamos assombrados? No entanto, não

obstante, temos uma prova plena e suficiente, que Jesus Cristo sendo feito homem, e su-

jeito à morte, é também o Deus verdadeiro, que fez o mundo e vive para sempre. Disso, o

Seu poder celestial nos dá testemunho. Mais uma vez, temos outras provas: a saber, Ele

foi pregado aos gentios; que antes estavam banidos do reino de Deus, e esta fé teve o seu

curso em todo o mundo, a qual naquele tempo estava limitada entre os judeus; e da mesma

forma Cristo Jesus foi elevado às alturas, e entrou na glória, e está assentado à destra de

Deus Pai.

Se os homens desprezam estas coisas, sua ingratidão será condenada, porque os próprios

anjos por isso chegaram ao pleno conhecimento daquilo que antes eles não conheciam.

Porque aprouve a Deus esconder deles os meios de nossa redenção, a fim de que a Sua

bondade seja maravilhosíssima a todas as criaturas: assim, percebemos o sentido do que

escreve São Paulo. Ele chama a igreja de Deus de o baluarte da Sua verdade; ele também

demonstra que esta verdade é como um tesouro, devendo ser altamente estimada por nós.

E por que isso? Observemos o conteúdo do Evangelho; Deus humilhou-Se, de tal maneira,

que Ele tomou sobre Si nossa carne; para que nós nos tornássemos Seus irmãos. Quem é

o Senhor da glória, para que Ele tanto humilhasse a Si mesmo como a juntar-se a nós, e

tomar sobre Si a forma de servo, até mesmo a sofrer a maldição que era devida a nós? São

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Paulo compreendeu todas as coisas que Jesus Cristo recebeu em Sua pessoa; a saber,

que Ele esteve sujeito a todas as nossas fraquezas, mas, sem pecado.

É verdade que não há nenhum defeito nEle, antes toda pureza e perfeição. Ainda assim é:

Ele tornou-Se fraco como nós somos, para que Ele pudesse ter compaixão e ajudar a nossa

fraqueza; como está estabelecido na epístola aos Hebreus (4:15). Aquele que não tinha

pecado sofreu a punição a nós devida; e foi, por assim dizer, maldito de Deus o Pai, quando

Ele Se ofereceu em sacrifício: de modo que através de Seus meios nós fôssemos bem-

aventurados; e que Sua graça, antes oculta a nós, fosse derramada sobre nós. Quando

consideramos essas coisas, não temos ocasião para estar maravilhados? Nós conside-

ramos que Ser Deus é? Nós podemos, em nenhuma sabedoria alcançar a Sua majestade,

que contém todas as coisas em Si; a qual mesmo os anjos adoram.

O que há em nós? Se lançarmos os nossos olhos sobre Deus, e, em seguida, adentramos

em uma comparação, ai de mim! Chegaremos perto dessa altura que sobrepuja os céus?

Não, antes podemos ter qualquer familiaridade com isso? Pois não há nada senão podridão

em nós; nada, a não ser o pecado e a morte. Então deixem vir o Deus vivo, a fonte da vida,

de glória eterna, e de poder infinito; e não apenas aproximar-se de nós, de nossas misérias,

nossa desventura, nossa fragilidade, e este abismo sem fundo de toda iniquidade, que há

nos homens; deixem que não somente a majestade de Deus se aproxime disso, mas que

Ele Se una a isso, e faça-Se um com isso, na Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo! O que

é Jesus Cristo? Deus e Homem! Mas como Deus e Homem? Que diferença há entre Deus

e o Homem? Sabemos que não há nada em nossa natureza, senão miséria e desventura;

nada senão um abismo sem fundo de odor fétido e infecção; e ainda assim, na Pessoa de

nosso Senhor Jesus Cristo, nós vemos a glória de Deus que é adorada pelos anjos, e tam-

bém a fraqueza do homem; e que Ele é Deus e Homem. Não é isto algo secreto e oculto,

digno de ser estabelecido em palavras, e da mesma forma suficiente para arrebatar os

nossos corações! Os próprios anjos nunca poderiam ter pensado sobre isso, como aqui é

observado por São Paulo. Considerando isso, aprouve ao Espírito Santo expressar a bon-

dade de Deus, e mostrar-nos que devemos estimar isso como tão preciosa joia, cuidemos

de nossa parte para que não sejamos ingratos, e tenhamos as nossas mentes caladas, de

tal maneira que não provaremos disso, se não pudermos completa e perfeitamente com-

preendê-lo.

É o suficiente para nós para termos algum pouco conhecimento sobre este assunto; cada

um deve contentar-se com a luz que lhe é dada, considerando a fraqueza de nosso julga-

mento; e anelando pelo dia em que o que agora vemos em parte, será total e perfeitamente

revelado a nós. Ainda assim, não obstante, nós devemos empregar nossas mentes e os

estudos neste caminho. Por que São Paulo chama isso de um mistério de fé, que Jesus

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Cristo, que é Deus eterno, manifestou-Se em carne? É como se ele dissesse, quando so-

mos unidos a Deus, e feitos um só corpo com o Senhor Jesus Cristo, devemos contemplar

o fim para o qual fomos criados; a saber, que possamos conhecer que Deus está unido e

feito um conosco na Pessoa de Seu Filho.

Assim, devemos concluir que nenhum homem pode ser um Cristão, a menos que ele co-

nheça este segredo que é descrito por São Paulo. Devemos agora examinar, e questionar

homens e mulheres se eles conhecem o que significam essas palavras, que Deus foi mani-

festado em carne, malmente um a cada dez poderia produzir tão boa resposta quanto a

que seria esperada de uma criança. E, no entanto, não precisamos nos maravilhar com is-

so; pois vemos que negligência e desprezo há na maior parte da humanidade. Nós mostra-

mos e ensinamos diariamente em nossos sermões, que Deus tomou sobre Si a nossa

natureza; mas como os homens de fato nos ouvem? Quem há aqui que se aflija sobre-

maneira para ler a Escritura? Há pouquíssimos que observam essas coisas; cada homem

está ocupado com seu próprio negócio.

Se há um dia da semana reservado para a instrução religiosa, quando eles passaram seis

dias em seu próprio negócio, eles estão aptos para passar o dia que é separado para o cul-

to, em jogo e passatempo; alguns vagueiam ao redor dos campos, outros vão para as taber-

nas para beber em grandes tragos; e há, sem dúvida, neste momento, muitos como os últi-

mos mencionados aqui enquanto eles estão reunidos em nome de Deus. Portanto, quando

vemos tantos evitando e fugindo dessa doutrina, podemos nos maravilhar que haja tal bru-

talidade, de modo que não conheçamos os rudimentos do Cristianismo? Estamos aptos a

considerar como uma língua estranha, quando os homens nos dizem que Deus Se mani-

festou em carne.

Todavia esta sentença não pode ser retirada do registro de Deus. Nós não temos nenhuma

fé, se não sabemos que o nosso Senhor Jesus Cristo está unido a nós, para que nos torne-

mos Seus membros. Parece que Deus nos compele a pensar sobre este mistério, vendo

que somos tão sonolentos e apáticos. Vemos como o Diabo incitou aqueles antigos rixosos

para que negassem a humanidade de Jesus Cristo e Sua Divindade, e, por vezes, mistura-

ram a ambos; para que não percebêssemos as duas naturezas distintas nEle, ou então

para nos levar a crer que Ele não é o Homem que cumpriu as promessas da Lei; e, conse-

quentemente, descendeu da linhagem de Abraão e Davi.

É realmente o caso, que tais erros e heresias como havia na igreja de Cristo, no início, es-

tão estabelecidas nestes dias? Observemos bem as palavras que são utilizadas aqui por

São Paulo: Deus se manifestou em carne. Quando ele chama Jesus Cristo de Deus, ele

admite esta natureza que Ele tinha antes que o mundo existisse. É verdade, há somente

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um Deus, mas nesta única essência devemos compreender o Pai, e uma sabedoria que

não pode ser separada dEle, e uma virtude eterna, que sempre esteve, e sempre será dEle.

Assim, Jesus Cristo era verdadeiramente Deus! Como Ele era a sabedoria de Deus antes

que o mundo fosse feito, e antes da eternidade. Diz-se que Ele se manifestou em carne.

Pela palavra carne, São Paulo nos dá a entender que Ele era verdadeiro Homem, e tomou

sobre Si a nossa natureza. Pela palavra manifesto, Ele mostra que nEle havia duas natu-

rezas. Mas não devemos pensar que há um Jesus Cristo que seja Deus, e um outro Jesus

Cristo, que seja Homem! Mas devemos somente compreendê-lO como Deus e Homem.

Distingamos, então, as duas naturezas que há nEle, para que saibamos que o Filho de

Deus é nosso Irmão. Deus suporta as antigas heresias, que em tempos passados conturba-

ram a igreja, para produzir mais uma vez um movimento, em nossos dias, para estimular-

nos à diligência. O Diabo prossegue prestes a destruir este artigo de nossa crença, sabendo

que esse é o principal suporte e esteio de nossa salvação.

Se não tivermos esse conhecimento que São Paulo fala, o que será de nós? Estamos todos

no abismo da morte. Não há nada além de morte e condenação em nós, até que saibamos

que Deus desceu para buscar-nos e salvar-nos. Até que sejamos assim ensinados, somos

fracos e miseráveis. Portanto, o Diabo andou fazendo tudo que pôde para abolir este

conhecimento, para estraga-lo e misturá-lo com mentiras, para que ele pudesse arruinar

isso completamente. Quando nós vemos tal majestade em Deus, como ousamos presumir

nos aproximar dEle, vendo que somos cheios de miséria! Devemos recorrer a esta conexão

da majestade de Deus, e do estado de natureza do homem, juntamente.

Façamos o que pudermos, nós nunca teremos qualquer esperança, ou seremos capazes

de lançar mão da generosidade e bondade de Deus, de forma a retornar a Ele, e invocá-

lO, até que conheçamos a majestade de Deus que está em Jesus Cristo; e também a fra-

queza da natureza humana, que Ele recebeu de nós. Estamos totalmente desprovidos do

reino dos céus, o portão está fechado contra nós, de modo que não podemos entrar nele.

O Diabo tem aplicado toda a sua astúcia para perverter esta doutrina; vendo que a nossa

salvação está fundamentada nela. Devemos, portanto, estar tanto mais confirmados e for-

talecidos na mesma; para que nunca sejamos abalados, mas permaneçamos firmes na fé,

que está contida no evangelho.

Antes de tudo, temos esta observação, que nunca conheceremos que Jesus Cristo é nosso

Salvador, até que saibamos que Ele era Deus desde a eternidade. Aquilo que foi escrito ao

Seu respeito por meio de Jeremias, o profeta, necessita ser cumprido: “Mas o que se gloriar,

glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que eu sou o Senhor” (Jeremias 9:24). São

Paulo demonstra que isto deve ser aplicado à Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, e por

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isso ele protesta que não se propôs a saber qualquer doutrina ou conhecimento, apenas

para conhecer a Jesus Cristo.

Novamente, como é possível que tenhamos a nossa vida nEle, a menos que Ele seja o

nosso Deus, e nós sejamos mantidos e preservados pela Sua virtude? Como podemos co-

locar a nossa confiança nEle? Porque está escrito: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem

que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!” (Je-

remias 17:5). Mais uma vez, como podemos ser preservados da morte, exceto pelo poder

infinito de Deus? Mesmo que a Escritura não desse nenhum testemunho da Divindade de

Jesus Cristo, é impossível que nós O reconheçamos como nosso Salvador, a não ser que

admitamos que Ele possui toda a majestade de Deus; a não ser que nós reconheçamos

que Ele é o verdadeiro Deus; porque Ele é a sabedoria do Pai através do qual o mundo foi

feito, preservado e mantido em sua existência. Portanto, estejamos completamente resol-

vidos neste momento, sempre que falamos de Jesus Cristo, para que elevemos nossos

pensamentos ao alto, e adoraremos essa majestade que Ele tinha desde a eternidade, e

esta essência infinita que Ele desfrutou antes que Ele Se vestisse em humanidade.

Cristo foi manifestado em carne, isto é, tornou-se homem; semelhante a nós em tudo, mas

sem pecado (Hebreus 4:15). Onde ele diz, mas sem pecado, ele quer dizer que o nosso

Senhor Jesus era sem culpa ou defeito. No entanto, não obstante, Ele não se recusou a

carregar os nossos pecados: Ele tomou esse fardo sobre Si, para que nós, por Sua graça,

fôssemos aliviados. Não podemos conhecer a Jesus Cristo como sendo um Mediador entre

Deus e o homem, a não ser que O contemplemos como Homem. Quando São Paulo anelou

encorajar-nos a clamar por Deus em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, ele expressa-

mente Lhe chama de homem. São Paulo diz: “Há um só Deus e um só Mediador entre Deus

e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2:5). Sob esta consideração, podemos, em

Seu nome, e por Suas mediações vir familiarmente a Deus, sabendo que somos Seus

irmãos, e Ele é o Filho de Deus. Vendo que não há nada, senão pecado na humanidade,

precisamos também encontrar justiça e vida em nossa carne. Portanto, se Cristo não Se

tornou verdadeiramente o nosso Irmão, se Ele não foi feito homem semelhante a nós, em

que condições estamos? Consideremos agora a Sua vida e paixão.

Diz-se (falando de Cristo), “Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou,

para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hebreus 9:26). E por que isso? São

Paulo nos mostra a razão em Romanos 5:18: “Pois assim como por uma só ofensa veio o

juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio

a graça sobre todos os homens para justificação de vida”. Se não conhecemos isso, que o

pecado que foi cometido em nossa natureza, foi reparado em própria idêntica natureza, em

que situação nós estamos? Sobre que fundamento nós mesmos podemos permanecer?

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Portanto, a morte de nosso Senhor Jesus Cristo não poderia beneficiar-nos minimamente,

a menos que Ele fosse feito Homem, semelhante a nós.

Novamente, se Jesus Cristo fosse apenas Deus, poderíamos ter alguma certeza ou pro-

messa em Sua ressurreição, de que devemos um dia ressuscitar novamente? É verdade

que o Filho de Deus ressuscitou; quando ouvimos dizer, que o Filho de Deus tomou sobre

Si um corpo semelhante ao nosso, veio da geração de Davi, que Ele ressuscitou (vendo

que a nossa natureza é por si só corruptível), e é elevado nas alturas à glória, na Pessoa

de nosso Senhor Jesus Cristo “somos levados a assentar nos lugares celestiais em Cristo

Jesus” (Efésios 2:6). Por isso, aqueles que procuraram reduzir a nada a natureza do Ho-

mem, na Pessoa do Filho de Deus, devem ser os mais abominados. Pois, o Diabo levantou-

se nos tempos antigos alguns indivíduos que declararam que Jesus Cristo manifestou-Se

em forma de homem, mas não tinha a verdadeira natureza de homem; esforçando-se, as-

sim, para abolir a misericórdia de Deus para conosco, e destruir completamente a nossa fé.

Outros imaginaram que Ele trouxe um corpo com Ele do céu; como se Ele não participasse

de nossa natureza. Declarou-se que Jesus Cristo tinha um corpo desde a eternidade; com-

posto por quatro elementos; de forma que a Deidade estava, naquele tempo, em uma forma

visível, e que sempre que os anjos apareceram, era o Seu corpo. Que insensatez é fazer

tal alquimia, para formar um corpo para o Filho de Deus! O que devemos fazer com aquela

passagem que diz: “Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descen-

dência de Abraão. Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser

misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do

povo” (Hebreus 2: 16-17).

Diz-se. Ele tomou sobre Si a nossa carne, e tornou-se nosso Irmão. Sim, e que Ele foi feito

semelhante a nós, para que pudesse compadecer-Se de nós, e ajudar as nossas fraquezas.

Ele foi feito a descendência de Davi, para que pudesse ser conhecido como o Redentor

que foi prometido, a quem os pais esperaram em todas as épocas. Lembremo-nos do que

está escrito: o Filho de Deus Se manifestou em carne; ou seja, Ele tornou-Se de fato Ho-

mem, e nos fez um com Ele; de modo que agora podemos chamar Deus de nosso Pai. E

por que isso? Porque somos do corpo de Seu Filho Único. Mas, como somos de Seu corpo?

Porque Ele Se agradou em juntar-Se a nós, para que fôssemos participantes de Sua

substância.

Nisto vemos que não é uma vã especulação, quando os homens dizem-nos que Jesus

Cristo revestiu-Se de nossa carne; para mais perto devemos chegar, se queremos ter um

verdadeiro conhecimento da fé. É impossível que confiemos nEle corretamente, a menos

que compreendamos Sua humanidade; devemos também conhecer a Sua majestade, an-

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tes que possamos confiar nEle para a salvação. Devemos saber, ainda, que Jesus Cristo é

Deus e Homem, e semelhantemente que Ele é apenas uma Pessoa.

Aqui, novamente, o Diabo tenta atiçar as brasas da contenda, ao perverter ou dissimular a

doutrina que São Paulo nos ensina. Pois tem havido hereges que têm se esforçado para

sustentar que a majestade e Divindade de Jesus Cristo, a Sua essência celeste, foram ime-

diatamente transformadas em carne e humanidade. Assim alguns dizem, com muitas outras

blasfêmias malditas, que Jesus Cristo tornou-Se Homem. O que se seguirá neste ponto?

Deus deve renunciar a Sua natureza, e Sua essência espiritual deve ser transformada em

carne. Eles vão mais longe e dizem que Jesus Cristo já não é mais Homem, mas Sua carne

tornou-se Deus.

Estes são maravilhosos alquimistas, para produzir tantas novas naturezas de Jesus Cristo.

Assim, o Diabo levantou esses sonhadores em tempos passados, para perturbar a fé da

Igreja; os quais são agora renovados em nosso tempo. Por isso, observemos bem o que

São Paulo nos ensina nesta passagem; pois ele nos oferece uma boa armadura, para que

possamos nos defender contra tais erros. Se quisermos contemplar a Jesus Cristo em Seu

verdadeiro caráter, vejamos nEle essa glória celestial, que Ele tinha desde a eternidade, e

em seguida, venhamos à Sua humanidade, que foi descrita até aqui; para que possamos

distinguir as Suas duas naturezas. Isso é necessário para nutrir a nossa fé.

Se buscamos obter vida em Jesus Cristo, devemos entender que Ele tem toda a Divinda-

de nEle; porque está escrito: “Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a

luz” (Salmos 36:9). Se quisermos estar guardados contra o Diabo, e resistir às tentações

de nossos inimigos, devemos saber que Jesus Cristo é Deus. Para ser breve, se quiser-

mos colocar toda a nossa confiança nEle, devemos saber que Ele possui todo o poder, o

qual Ele não poderia ter, a menos que Ele fosse Deus. Quem é Aquele que tem todo o

poder? É Aquele que Se tornou o frágil e fraco; Filho da virgem Maria; Aquele que esteve

sujeito à morte; Aquele que levou os nossos pecados: Ele é este que é a fonte da vida.

Nós temos dois olhos na nossa cabeça, cada um desempenhando a sua função, mas quan-

do olhamos firmemente sobre algo, a nossa visão, que é separada em si mesma, une-se,

e torna-se uma; e é totalmente ocupada em contemplar o que está diante de nós, desta for-

ma, existem duas diferentes naturezas em Jesus Cristo. Há algo no mundo mais diferente

do que o corpo e alma do homem? Sua alma é um espírito invisível que não pode ser visto

ou tocado; que não tem nenhuma dessas paixões carnais. O corpo é uma massa informe

corruptível, sujeito à podridão; uma coisa visível que pode ser tocada: o corpo tem as suas

propriedades, as quais são totalmente diferentes daquelas da alma. E, assim, questiona-

mos: o que é o homem? Uma criatura, formada de corpo e alma. Se Deus usou de tal feitura

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em nós, quando Ele nos fez de duas naturezas diversas, por que deveríamos achar estra-

nho, que Ele empreendeu um milagre muito maior em Jesus Cristo? São Paulo usa essas

palavras: “se manifestou”, para que possamos distinguir Sua Divindade de Sua humanida-

de; para que possamos recebê-lO como Deus manifestado em carne; isto é, Aquele que é

verdadeiramente Deus, e ainda assim fez-Se um conosco: portanto, somos os filhos de

Deus; sendo Ele nossa justificação, somos libertos do fardo de nossos pecados. Conside-

rando que Ele nos purificou de toda a nossa miséria, nós temos riquezas perfeitas nEle; em

suma, considerando que Ele submeteu-Se à morte, estamos agora assegurados da vida.

São Paulo acrescenta: “Foi justificado no espírito”. A palavra “justificado” é muitas vezes

utilizada na Escritura, como aprovado. Quando se diz, “Ele foi justificado”, não é que Ele

tornou-se justo, não é que Ele foi absolvido pelos homens, como se fossem Seus juízes, e

que Ele se obrigou a dar-lhes uma explicação; não, não; não existe tal coisa; mas isto é

quando a glória é dada a Ele, a qual Ele merece, e nós O confessamos ser o que realmente

Ele é. O que é dito é isso: o evangelho é justificado quando os homens o recebem, em

obediência, e por meio da fé, submetendo-se à doutrina que Deus ensina; assim neste

lugar, diz-se que Jesus Cristo foi justificado no espírito.

Não devemos nos contentar, olhando para a presença corporal de Jesus Cristo, que era

visível, mas temos de olhar mais alto. São João diz que Deus Se fez carne; ou a Palavra

de Deus, que é o mesmo. A Palavra de Deus, que era Deus antes da criação do mundo,

Se fez carne; isto é, Se uniu à nossa natureza; de modo que o Filho da virgem Maria é

Deus; sim, o Deus eterno! Seu infinito poder foi ali manifestado; que é um seguro teste-

munho de que Ele é verdadeiro Deus! São Paulo diz: Jesus Cristo, nosso Senhor nasceu

da descendência de Davi; Ele também acrescenta: Ele foi declarado ser o Filho de Deus

(Romanos 1).

Não é o suficiente para nós que O contemplemos com nossos olhos naturais; pois, neste

caso, nós não subiremos mais alto do que o homem, mas quando vemos, que por meio de

milagres e prodígios, Ele mostra a Si mesmo como sendo o Filho de Deus, isto é um selo

e prova que, humilhando a Si mesmo, Ele não excluiu a Sua majestade celestial! Portanto,

podemos ir a Ele como nosso Irmão, e ao mesmo tempo adorá-lO como o Deus eterno; por

meio de quem fomos feitos, e por quem somos preservados.

Se não fosse por isso, não poderíamos ter nenhuma igreja; se não fosse isso, não podería-

mos ter nenhuma religião; se não fosse isso, não teríamos nenhuma salvação. Seria melhor

para nós que fôssemos animais irracionais, sem razão e compreensão, do que estivés-

semos destituídos desse conhecimento: a saber, que Jesus veio e uniu a Sua Divindade à

nossa natureza, que era tão desventurada e miserável. São Paulo declara que isso é um

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mistério; para que não possamos ir a ele com orgulho e arrogância, como muitos fazem, os

quais desejam ser julgados sábios; isto tem produzido o aparecimento de muitas heresias.

E, de fato, o orgulho sempre foi a mãe das heresias.

Quando ouvimos esta palavra: “mistério”, lembremo-nos de duas coisas: em primeiro lugar,

que nós aprendamos a nos manter sob os nossos sentidos, e não nos gloriemos de possuir-

mos conhecimento e capacidade suficientes para compreender tão vasto assunto. Em se-

gundo lugar, aprendamos a ir além de nós mesmos, e a reverenciar esta majestade que

excede todo o nosso entendimento. Não devemos ser lentos nem sonolentos; mas con-

siderar essa doutrina, e nos esforçarmos para que nos tornemos instruídos nela. Quando

adquirirmos algum pouco conhecimento sobre ela, devemos nos esforçar para beneficiar-

nos com isso, todos os dias de nossa vida.

Quando nós obtivermos esse conhecimento, de forma que o Filho de Deus esteja unido a

nós, deveríamos lançar nossos olhos naquilo que é tão altamente estabelecido nEle; isto é,

a virtude e o poder do Espírito Santo. Então, Jesus Cristo não apenas evidenciou-Se como

homem, mas mostrou-Se de fato que Ele era o Deus Todo-Poderoso, visto que toda a ple-

nitude da Divindade habitou nEle. Se uma vez conhecermos isso, bem podemos perceber

que não é sem razão que São Paulo diz que todos os tesouros da sabedoria estão escon-

didos em nosso Senhor Jesus Cristo.

Quando uma vez lançarmos mão das promessas deste Mediador, e conheceremos a altura

e profundidade, o comprimento e a largura, sim, e tudo que é necessário para nossa salva-

ção, para que possamos firmar a nossa fé nEle, como sobre o único verdadeiro Deus; e

também contemplá-lO como nosso Irmão; que não somente aproximou-Se de nós, mas

uniu-Se e juntou-Se a nós de tal maneira, que Ele Se tornou de mesma substância. Se vier-

mos a isso, saibamos que chegamos à perfeição da sabedoria, que é falada por São Paulo

em outro lugar; de modo que podemos nos alegrar plenamente na bondade de Deus; pois,

aprouve a Ele nos iluminar com o brilho de Seu Evangelho e nos atrair para o Seu reino

celestial.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.

— Sola Scriptura • Sola Fide • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.