o mistério da morte
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• Ao entrar no sagrado e misterioso templo da morte, temos que deixar de lado as sandálias do raciocínio e entendimento
6. O mistério da morte
• Não entender o mistério: além dele, há algo tão grande que não nos cabe.
• A morte à luz da fé, da esperança, do amor e da moderna antropologia.
Se o grão de trigo cai em terra firme e não morre, permanece só, porém, se morre, dá muito fruto. (Jo 12,24)
Recuperar o sentido da morte
6. O mistério da morte
• Todos os seres existentes – seja planta, animal ou pessoa – termina por morrer.
• Morrer não é um fato pontual, acontece constantemente. Estamos aqui depois de havermos passado pelas mortes que levamos dentro.
Recuperar o sentido da morte6. O mistério da morte
Recuperar o sentido da morte6. O mistério da morte
• A criança que se é aos 7 anos ou o jovem que fomos já não existem quando somos maiores.
• A morte acompanha-nos em toda a vida, o que nos serve de preparação ou ensaio para o momento de morrer
• Temer a morte é uma perversão, temos sido vítimas de uma devastação humana.
• O homem é um ser para a morte: é o que de mais glorioso pode nos acontecer, porque é aquela passagem à vida que faz com que esta vida seja vida.
Recuperar o sentido da morte6. O mistério da morte
Mas a sociedade não entende assim...
• Sociedade do séc. XXI: desfruta de tudo, menos a morte; dissimula-a, marginaliza-a, esconde-a das crianças e jovens
• A morte pertence ao homem: é mais nossa do que a vida.
Recuperar o sentido da morte6. O mistério da morte
• Urge recuperar a morte: uma sociedade que não é capaz de olhar a morte de frente, é uma sociedade em decomposição
• Futuras gerações: devem ser preparadas para encarar a morte de outra maneira.
Recuperar o sentido da morte6. O mistério da morte
• Antropologias modernas: a morte é ato positivo, o mais intenso da vida.
O que a antropologia tem que fazer para recuperar a morte?
• A morte é um elemento da vida e coexistente com ela.
Recuperar o sentido da morte6. O mistério da morte
• A morte não é passiva, é ativa. Homem: autor de sua vida e morte.
• Problemática: situada na relação ter-ser. Na morte deixa-se tudo o que se tem, assegura-se e leva-se tudo o que se é.
Eu
†
Eu
†
Eu sou Aquele que É
Ser Ser
Ser Ser
SerSer
Ser
Ser
Ex 3, 14
E Deus será Tudo em todos 1Cor 15, 28
• O homem não pode ser medido por seu rendimento ou utilidade
Recuperar o sentido da morte6. O mistério da morte
• Utilitarismo: traz conseqüências
• Aproximação da morte: a vida é menos intensa; degradação do físico
• Quanto mais nos construímos, mais nos rompemos
• O que mostramos por fora não corresponde ao que levamos dentro
“Se seguras a semente na mão, não dá fruto, porém, se a semeias na umidade da terra, no final, dá uma colheita”.
Crescer para a eternidade é decrescer na dimensão desta vida?
6. O mistério da morteRecuperar o sentido da morte
A morte dá a impressão de tudo o que somos, temos que colocá-lo em um ponto, que parece uma despedida – a despedida da morte.
Porém, neste instante, todas as coisas que, de verdade, somos, são recuperadas para sempre.
6. O mistério da morteRecuperar o sentido da morte
Tu te levas todo, com a dimensão que conheces, mais todas as galáxias que te envolvem. O Céu novo e a Terra nova são construídos na chegada de cada homem à eternidade.
E o que fica de mim, é o que levo?
6. O mistério da morteRecuperar o sentido da morte
• Envelhecimento: descalabro• Visão falsa da velhice, assim como da
morte• Visto de fora, dir-se-ia que o homem
perde capacidades.• De dentro: as capacidades do homem já
construíram a pessoa que ele é (na colheita só são necessárias as ferramentas de recolher).
Sociedade utilitária
6. O mistério da morteRecuperar o sentido da morte
• Ao invés de assistir de fora à decadência dos sentidos, não deveríamos assistir ao crescimento interior?
O cinzel não corta quando o escultor termina a estátua, disse Cícero.
6. O mistério da morte
• A vida foi-nos dada para dá-la em bem dos outros e de nós mesmos.
Recuperar o sentido da morte
• A morte não pertencia à vida, era considerada como uma ruptura, uma desgraça ou um castigo; por isso era descartada, considerada como a negação da vida.
Antropologia: descoberta da morte é recente
6. O mistério da morte
• Conseqüência: uma sociedade que considera a morte como desgraça, não quer morrer. Por isso, separa-se, esquiva-se, camufla-a e, definitivamente, ignora-a
Recuperar o sentido da morte
• A vida é um despertar constante e, quanto mais se vive, mais desperto, mais acordado se está ou, como disse Jesus Cristo a Nicodemos, a vida é um nascer constante.
Morrer é despertar
6. O mistério da morte
• Visão equivocada: a partir do nascimento começamos a morrer
• Morrer é acabar de nascer ou acabar de despertar
• Para explicar a vida de um Homem, temos que conhecer sua morte.
Morrer é despertar6. O mistério da morte
• Heidegger: o homem é um ser-para-a-morte (Sein-Zum-Tode).
• Sein-Zum: eu sou o que sou, graças ao fato de que estou destinado a morrer, senão nem sequer seria.
• Na morte não se perde nada além da mortalidade.
Morrer é despertar6. O mistério da morte
• Paradoxo: na morte perde-se o que pode morrer, porém, ganha-se o que não pode morrer.
• Tudo o que temos de mortal morre na morte, porém, tudo o que temos de vivo, na morte, vive para sempre.
• Heidegger: “o homem descobre sua vida no momento de perdê-la”.
Morrer é despertar6. O mistério da morte
• o Homem vive mais sua vida no momento da morte que em toda a sua vida.
• Aquele que não quisesse morrer não “sobreviveria” à vida.
• “Moisés, tira as sandálias de teus pés, porque o lugar em que estás é terra sagrada” (Ex 3, 5).
Frente à morte e frente a Deus é preciso mudar de linguagem
6. O mistério da morte
• Nossa maneira de existir no mundo (os sentidos) nos levam até a meta: tudo o que recolhemos com os sentidos faz-se colheita dentro.
Morrer é despertar
• Estamos vivos aqui, graças ao que fomos deixando nos caminhos da vida
O que significa: quando vivemos, morremos; quando morremos, vivemos?
6. O mistério da morte
• Tudo o que tenho morto dentro de mim, vive em mim: a criança de dois anos que não sou, levo-a dentro de mim, porém morta.
Morrer é despertar
• Os que me fizeram pessoa – meus pais, meus mestres, meus amigos, que já morreram, e sem os quais eu não seria o que sou – são mortos que estão dentro de mim
6. O mistério da morte
• A vida que chamamos vida está tecida de morte.
Morrer é despertar
• Se se entende a morte como morte, vemo-la como negação da vida.
• A matéria permanece onde está a matéria.
6. O mistério da morte
• Deus, no mesmo momento da morte, dá a cada um, um corpo que não é material, mas um corpo novo, que cada um terá construído em sua vida
Morrer é despertar
• A morte não é uma liberação, é uma plenitude.
• o Homem é tarefa de si mesmo
• Existir é estar no tempo para chegar a ser.
6. O mistério da morte
• Quando se chega a ser, deixa-se de existir [no tempo]: isto é morrer
Morrer é despertar
• Morrer não é deixar de ser nada, mas, conduzir ao Ser aquilo que se quis edificar na tarefa da própria existência.
• Eu não existo para prolongar minha existência, mas para obtê-la.
• O homem é o construtor e o autor de sua morte
6. O mistério da morte
• A morte e, sobretudo, o ato de morrer, não é padecido, é feito, é criado
Morrer é despertar
• o único lugar possível em que a morte e o morrer podem ser criados é ao longo da linha da vida.
• “Perder o tempo” é deixar de criar a morte; viver criativamente é ganhar a vida. O homem morre segundo viveu..
O homem que perde esta vida, perde a outra:
6. O mistério da morte
a árvore cai do lado para o qual se inclina
Morrer é despertar