o misantropo - teatro viriato · 2020. 3. 12. · ms (jardim zoológico de cristal, 2009), eugene...
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O MISANTROPO de MOLIÈRe | encenaçãO nUnO caRdOSO
TEATRO // 20 e 21 MAI’16
© J
oão
Tuna
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120 min.
m/ 12 anos
Encenação Nuno Cardoso
Tradução Alexandra Moreira da Silva
Elenco Afonso Santos, António Parra, Carolina Amaral,
Joana Carvalho, Luís Araújo, Mário Santos, Micaela Cardoso,
Pedro Frias e Rodrigo Santos
Assistência de encenação Ana Luena
Cenografia F Ribeiro
Desenho de luz José Álvaro Correia
Direção de produção Pedro Jordão
Produção executiva Alexandra Novo
Direção administrativa e financeira José Luís Ferreira
Design gráfico Drop.pt
Coprodução Teatro Nacional São João, São Luiz Teatro Municipal,
Centro Cultural Vila Flore Teatro Viriato
Apoios CACE Cultural do Porto, Anjos Urbanos
(Ao Cabo Teatro é uma estrutura apoiada pela DGArtes/ Governo
de Portugal)
Não, é geral esta aversão, odeio os homens to-
dos,/ Uns porque são maus e malvados,/ E outros
porque aceitam a malvadez,/ E não sentem pelos
primeiros esta raiva vigorosa/ Que o vício deve
atiçar em toda a alma virtuosa.
Texto satírico de enorme subtileza e inegá-
vel apuro formal, O Misantropo é uma análi-
se impiedosa da sociedade e das suas regras
que se mantém surpreendentemente atual,
expondo diferentes relações de poder e jogos
de enganos, numa oscilação constante entre
a sinceridade e a hipocrisia, entre a atração e
a repulsa pelas convenções. A encenação de
Nuno Cardoso, que aqui reincide na aborda-
gem ao teatro clássico francês, um ano depois
de Britânico, de Racine, conta com uma nova
tradução de Alexandra Moreira da Silva, capaz
de um discurso concreto, material, tangível, no
seu pleno respeito formal pelo texto original.
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SOBRE O MISANTROPO
No centro da trama, encontramos Alceste, herói monomaníaco que odeia todos os
homens, censura-lhes os vícios e as inquietudes. Nas palavras de Nuno Cardoso,
a peça procede a uma “análise frívola da sociedade daquela época”. O nepotismo e
os jogos de influências faziam parte do quotidiano, o que, na opinião do encenador,
permite estabelecer um paralelismo com o tempo em que vivemos.
In Expresso
Os salões de Versailles onde se trocavam favores políticos, subornos e desejos ro-
mânticos são uma espécie de “triturador” da vida social, por onde tudo passa: Ce-
limena e a sua pulsão hedonista, mas também as pretensões literárias frustradas
de Oronte ou a angústia resistente de Alceste, que marca o contraponto com o tom
efusivo que, no mais das vezes, se apodera dos espaços em que se desenrola a peça.
Todavia, se dessa “camada fina” da sociedade de nobres da corte francesa do século
XVII quisermos passar para um ambiente contemporâneo e mais massificado, então
o lugar por onde passa toda a vida social passam a ser os bares e as discotecas. É
esta a proposta de Nuno Cardoso.
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“A happy hour é o grande símbolo da cultura hedonista da classe média”, atira o en-
cenador Para o diretor do Ao Cabo Teatro, é em lugares como estes que as pessoas
encontram atualmente o seu fito. “É em função do que ali vivem que definem a sua
forma de agir, o modo como se vestem ou a forma como se comportam”, diz. Tam-
bém é ali que julgam os outros, como as gentes da corte.
In Público
O encenador realçou que, apesar de o texto de Molière representar as conceções da
sociedade do séc. XVII, é “muito atual e certeiro”, numa peça que nos faz “rir de vez
em quando, mas a maior parte das vezes causa repulsa”, criticando as temáticas do
poder e da moral.
In Agência Lusa
© J
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AO CABO TEATRO
Com direção artística de Nuno Cardoso, busca sistematicamente nos repertórios
clássico e contemporâneo a matéria poética que alimenta uma ideia de teatro
como máquina de interpretação e reescrita do presente. A cada novo projeto,
mobiliza uma equipa coerente no exercício de um modelo de criação que cons-
trói universos significantes através do enfrentamento contínuo de saberes e lin-
guagens teatrais. Nos últimos anos, visitou recorrentemente a obra de Tchékhov
(Platónov, 2008; A Gaivota, 2010; As Três Irmãs, 2011) e a de Shakespeare (Ricardo
II, 2007; Medida por Medida, 2012; Coriolano, 2014) e viajou por Tennessee Willia-
ms (Jardim Zoológico de Cristal, 2009), Eugene O’Neill (Desejo sob os Ulmeiros,
2011), Friedrich Dürrenmatt (A Visita da Velha Senhora, 2013), Sófocles (Ájax, 2014),
Lars Norén (Demónios, 2014) e Jean Racine (Britânico, 2015).
Trabalha igualmente outras formas de relação entre gesto teatral e os seus
públicos, entre profissionais e não profissionais, de que são exemplo Porto São
Bento (TeCA, 2013) e Arquipélago (Ilha da Bela Vista, 2014, e Matadouro Municipal
do Porto, 2015).
NUNO CARDOSO
Iniciou o seu percurso teatral no CITAC – Círculo de Iniciação Teatral da Acade-
mia de Coimbra. Como ator, destacam-se Um Processo, a partir de Franz Kafka
(enc. Paulo Lisboa, CITAC/1994), O Subterrâneo, de Fiodor Dostoievski (enc. Paulo
Castro, Visões Úteis/1995), Gato e Rato, de Gregory Motton (enc. João Paulo Seara
Cardoso, Visões Úteis/1997), Na Solidão dos Campos de Algodão, de Bernard‐Ma-
rie Koltès (enc. Nuno M. Cardoso, Teatro Só/1999), Projeto X.2 – A Mordaça, de
Eric-Emmanuel Schmitt (dir. Francisco Alves, Teatro Plástico/2000), Gretchen, a
partir de Urfaust de Goethe (enc. Nuno M. Cardoso, O Cão Danado, TNSJ/2003),
Otelo, de William Shakespeare (enc. Nuno M. Cardoso, O Cão Danado, TNSJ/2007),
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Querido Monstro, de Javier Tomeo (enc. José Neves, Projéc~/2009), Filho da Euro-
pa, a partir de Peter Handke (enc. João Garcia Miguel, JGM/Ao Cabo Teatro, 2010)
e T3+1, a partir de Anton Tchekov (enc. Victor Hugo Pontes, José Eduardo Silva e
Luís Araújo, TNSJ/Ao Cabo Teatro, 2010).
Foi um dos fundadores do coletivo Visões Úteis, onde encenou As Aventuras de
João Sem Medo, a partir da obra homónima de José Gomes Ferreira (1995), Casa
de Mulheres, de Dacia Maraini (1996), e Porto Monocromático (1997). Encenou Pay-
sage Choisi, a partir de textos de Federico García Lorca (Teatro Rivoli/1999), De
Miragem em Miragem se Fez a Viagem, de Carlos J. Pessoa (FITEI/2000); Antígona,
de Sófocles e PRJ. X. Oresteia, a partir de Ésquilo (projeto da Porto 2001 Capital
Europeia da Cultura realizado no Est. Prisional de Paços de Ferreira); e The Gol-
den Vanity, ópera de Benjamin Britten (Casa da Música/2004).
De 1998 a 2003, foi Diretor Artístico do ANCA. No TNSJ, assumiu a Direção Artís-
tica do Teatro Carlos Alberto entre 2003 e 2007. Como criador residente no TNSJ
encenou Pas-de-Cinq + 1, de Mauricio Kagel (1999), O Despertar da primavera,
de Frank Wedekind (2004), Woyzeck, de Georg Büchner (2005), e Plasticina, de
Vassili Sigarev (2006).
O seu percurso inclui ainda as encenações de Ricardo II, de William Shakespeare
(TNDM II,2007), R2, a partir de Shakespeare e com interpretação de jovens do
Bairro da Cova da Moura, Boneca, a partir de Henrik Ibsen (Cassiopeia, CCVF/
TNDM II/Theatro Circo, 2007), Platónov, de Anton Tchékhov (TNSJ, 2008), Menção
Especial da Assoc. Portuguesa de Críticos de Teatro, Melhor Espetáculo do Guia
dos Teatros e designação pelo Público como Melhor Espetáculo do Ano, A Boa
Alma de Sechuan, de Bertolt Brecht (CD Galego, 2008), Love and Marriage, a partir
de Ibsen (TN de Bordeaux Aquitaine/2009), e Jornada para a Noite, de Eugene
O’Neill (TEP, 2010).
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Para a Ao Cabo Teatro encenou Antes dos Lagartos, de Pedro Eiras (2001), estrea-
do no Porto no âmbito do PoNTI 2001 e apresentado em Bratislava no Festival
da Convenção Teatral Europeia, Purificados, de Sarah Kane (2002), Valparaíso, de
Don DeLillo (2002), Parasitas, de Marius von Mayenburg (2003), Jardim Zoológico
de Cristal, de Tennessee Williams (2009), considerado pelo jornal Público como
um dos melhores do ano, A Gaivota, de Anton Tchékhov (2010), As Três Irmãs, de
Anton Tchékhov (2011), Desejo sob os Ulmeiros, de Eugene O´Neill (2011), Medida
por Medida, de William Shakespeare (2012), Porto S. Bento, criação coletiva (2012),
A Visita da Velha Senhora, de Friedrich Dürrenmatt (2013), Class Enemy, de Ni-
gel Williams (2013), Coriolano, de William Shakespeare (2014), Demónios, de Lars
Norén (2014), Britânico, de Jean Racine, e Arquipélago, criação coletiva. Assumiu
desde 2002 a direção artística do Ao Cabo Teatro.
© J
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Próximo espetáculo
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26 MAI / qui 21h30IFIGÉNIA*
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