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O MERCADO ANGOLANO Estudo de mercado e despiste de oportunidades. Projecto iPME. OBSERVAÇÃO E PROSPECTIVA ECONÓMICA. ESTUDO DE MERCADO. DESPISTE DE OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO.

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O MERCADO

ANGOLANO Estudo de mercado e despiste de

oportunidades. Projecto iPME.

OBSERVAÇÃO E PROSPECTIVA ECONÓMICA. ESTUDO DE MERCADO.

DESPISTE DE OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO.

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1

FICHA TÉCNICA

Entidade Promotora

AEP – Associação Empresarial de Portugal

Coordenação

Paulo Nunes de Almeida

Gabinete de Projectos Especiais

Florinda Alves

Castilho Dias

Equipa

Luís Ferreira

Amadeu Martins

António Guedes de Oliveira

Mónica Quinta

Ricardo Coutinho

Ricardo Coelho

Sérgio Ribeiro

Sérgio Gonçalves

Susana Carneiro

Maio 2012.

O Projecto “i-PME” resulta de uma iniciativa da AEP que visa aumentar a possibilidade de acesso a

informação de proximidade, útil, fiável, oportuna, estruturada, com valor e facilmente assimilável que

contribua para forma uma network colaborativa, articulando sistemas de aproximação “ponto a ponto”.

É cofinanciado pelo Estado Português, através do QREN, e a pela União Europeia, através do FEDER.

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ÍNDICE 1.INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 4

1.1 Enquadramento: O Projecto i-PME ................................................................... 4

1.2 Objectivos do estudo ................................................................................... 5

1.3 Estrutura do estudo ..................................................................................... 5

2.UMA VISÃO GLOBAL ............................................................................................... 7

2.1 O Mundo em números ................................................................................... 7

2.2 Tendências globais ...................................................................................... 9

AMBIENTE DE NEGÓCIOS ..................................................................................... 10

CRESCIMENTO POPULACIONAL ............................................................................... 11

URBANIZAÇÃO .............................................................................................. 12

PODER DE COMPRA .......................................................................................... 14

SECTORES ................................................................................................... 16

2.3 O salto subsariano? .................................................................................... 21

ESPÍRITO DE PROTESTO DO NORTE ARRASTAR-SE-Á PARA O SUL .............................................. 21

MOMENTO PARA A REBELIÃO? ............................................................................... 21

3. ANGOLA: CRESCIMENTO ACENTUADO ........................................................................... 24

3.1 Indicadores Chave ..................................................................................... 24

3.2 Perfil Geral ............................................................................................. 24

CLIMA DE MAIOR ESTABILIDADE E CONFIANÇA ................................................................ 24

UM PAÍS DE OPORTUNIDADES ................................................................................ 25

PETRÓLEO, O MOTOR DA ECONOMIA ......................................................................... 25

ECONOMIA CADA VEZ MAIS INTEGRADA NA GLOBALIZAÇÃO ................................................... 25

TRIÂNGULO CHINA, EUA E EUROPA COMO PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS .............................. 26

PRESENÇA NA CPLP COMO PLATAFORMA PARA NOVOS INVESTIMENTOS ...................................... 26

3.3 Situação Económica ................................................................................... 27

3.4 Caracterização do tecido empresarial ............................................................. 28

3.5 Estádio de Desenvolvimento e Índice de Competitividade ..................................... 30

ESTÁDIO DE DESENVOLVIMENTO ............................................................................. 30

ÍNDICE DE COMPETITIVIDADE ................................................................................ 31

3.6 Relações bilaterais Portugal/Angola ............................................................... 31

COMÉRCIO .................................................................................................. 31

INVESTIMENTO .............................................................................................. 34

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3

3.7 Parceiros comerciais, de investimento e político-institucionais .............................. 38

COMÉRCIO .................................................................................................. 38

INVESTIMENTO .............................................................................................. 40

POLÍTICO-INSTITUCIONAIS ................................................................................... 41

3.8 Condições Legais de Acesso ao Mercado .......................................................... 42

REGIME DE IMPORTAÇÃO .................................................................................... 42

REGIME DE INVESTIMENTO ESTRANGEIRO .................................................................... 44

3.9 Síntese Estratégica .................................................................................... 49

4. DESPISTE DE OPORTUNIDADES .................................................................................. 51

4.1 Oportunidades de negócio no mercado angolano ................................................ 51

PETRÓLEO .................................................................................................. 51

AGRICULTURA E PESCAS ..................................................................................... 52

CONSTRUÇÃO E INFRA-ESTRUTURAS ......................................................................... 52

SERVIÇOS DIVERSOS ......................................................................................... 53

BANCA E SEGUROS .......................................................................................... 53

SECTOR MINEIRO ............................................................................................ 53

BENS DE CONSUMO .......................................................................................... 54

TURISMO .................................................................................................... 54

SECTORES GOVERNAMENTAIS ................................................................................ 54

5. UMA VISÃO PRÁTICA SOBRE OS NEGÓCIOS EM ANGOLA ........................................................... 56

5.1 Como desenvolver negócios ......................................................................... 56

5.2 Cultura de negócios ................................................................................... 59

5.3 Dez dicas práticas para vender e investir em Angola ........................................... 62

5.4 O que é importante ter em conta numa relação negocial com o mercado angolano ..... 64

5.5 O novo regime do investimento privado – Aspectos a reter ................................... 65

5.6 Tributação em Angola ................................................................................ 67

PRINCIPAIS IMPOSTOS ....................................................................................... 67

PAGAMENTOS A NÃO RESIDENTES ............................................................................ 67

INCENTIVOS AO INVESTIMENTO: ISENÇÕES E REDUÇÕES ...................................................... 68

................................................................................................................ 69

5.7 Angola na voz de outros .............................................................................. 69

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 73

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1.INTRODUÇÃO

1.1 ENQUADRAMENTO: O PROJECTO I-PME A informação é um recurso estratégico essencial para o sucesso das empresas numa economia

baseada no conhecimento e num ambiente fortemente concorrencial. Os custos de contexto

associados à sua recolha, selecção e tratamento, em Portugal afectam gravemente o potencial

competitivo das PME e a sua penetração com sucesso no mercado global.

No modelo de sociedade actual, o conhecimento e a informação ocupam um papel central. A

Sociedade do Conhecimento constitui uma evolução natural da Sociedade da Informação uma

vez que o conhecimento nasce da informação. Assistimos hoje, com naturalidade, à

possibilidade de acedermos a informação que permite a detecção de oportunidades e de

ameaças em tempo real, à escala global, ao aumento de actividades de informação nos

processos que concebem, produzem e distribuem bens físicos, ao aumento das cadeias de valor

que produzem e distribuem informação, a sistemas de produção em just in time, apenas

possíveis devido ao aumento da inovação e inteligência dos processos de oferta, à produção

descentralizada em localizações seleccionadas à escala global, apenas possível devido aos

recursos de informação e comunicação suportados, por exemplo, na Web.

A informação relacionada com a vigilância dos mercados-alvo ao nível nacional, regional e

local, deve merecer por parte das empresas uma atenção particular e ser objecto de um

esforço sistemático e organizado de observação, recolha, análise e interpretação sobre todas as

variáveis e mudanças relevantes que ocorram, com vista ao seu aproveitamento para despiste

de oportunidades, reforço do potencial competitivo e detecção de ameaças.

Os custos de contexto associados à ausência de informação de fácil acesso, estruturada, com

valor acrescentado, de proximidade e adaptada em função das necessidades, são elevadíssimos

e estão associados à perda de oportunidades no acesso a novos mercados, riscos de novas

ameaças não detectadas, atrasos nos processos de decisão, decisões erradas, falhas graves do

processo competitivo por falta de informação e custos agravados nos processos de concepção,

produção, distribuição e inovação. Apresentam-se como uma das grandes condicionantes com

que as empresas se deparam para desenvolvimento dos factores dinâmicos de competitividade.

Neste contexto, a possibilidade de acesso a informação de proximidade, útil, fiável, oportuna,

estruturada, com valor e facilmente assimilável, proveniente de fontes variadas, em

articulação com outras associações nacionais e intencionais, formando uma rede colaborativa,

que permita ainda articular sistemas de aproximação “ponto a ponto” (empresa a empresa com

interesses comuns ou mescláveis) constituirá um dos mais importantes alicerces da

competitividade empresarial.

É, neste contexto, que o Projecto i-PME assume especial relevância. Procura-se que com a

prossecução deste projecto seja possível obter informação de proximidade, agregada e que se

constitua como ferramenta útil para empresas e demais agentes.

Encarando Angola como um mercado com um crescimento robusto e com previsões de

desenvolvimento vigorosas, as empresas portuguesas – dos mais variados sectores – têm vindo a

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apostar de forma significativa neste mercado. Ainda assim, não deixa de ser um mercado de

risco pelas potenciais convulsões políticas e por estar muito dependente do petróleo. A

instalação e maior penetração das PME portuguesas, exige uma informação muito apertada de

vigilância e uma integração nas instituições locais, para poder prever e reagir, face a eventuais

ameaças que podem fazer perigar as posições conquistadas e a sua própria sustentabilidade

económica e financeira.

O projecto i-PME visa construir as bases para a criação de uma rede colaborativa empresarial,

marcada pela informação de proximidade e relevante, capaz de actuar como facilitadora para

o aproveitamento de oportunidades de negócio.

1.2 OBJECTIVOS DO ESTUDO O objectivo principal deste documento é ser uma ferramenta útil, actualizada e eficaz no

processo de internacionalização das pequenas e médias empresas portuguesas.

Verifica-se que o acesso a informação relevante, qualitativa e atempada é um entrave que

enfraquece a opção estratégica de internacionalização das PME.

Este estudo visa:

Por um lado, sistematizar um conjunto de informações relevantes sobre Angola,

procurando ser um guia para a abordagem ao mercado com perspectiva de realizar

negócios;

Por outro, partilhar uma leitura das oportunidades detectadas que se consideram mais

relevantes para o tecido empresarial nacional, sempre através de uma leitura

adequada às empresas de menor dimensão.

Esperamos que, deste modo, o presente documento se constitua como uma ferramenta de

trabalho duplamente útil: enquanto contributo para o estudo dos mercados e como síntese de

oportunidades de negócio.

1.3 ESTRUTURA DO ESTUDO O presente estudo encontra-se estruturado em torno de cinco grandes momentos. Num

primeiro, efectua-se a introdução à temática, enquadrando o documento e o seu âmbito e

objectivos pretendidos.

O segundo capítulo é marcado pela explanação de uma visão global não só em termos

numéricos como no que concerne a grandes tendências que são passíveis de serem identificadas

nos diversos sectores. Uma vez efectuada esta análise, procede-se, no terceiro capítulo, à

caracterização aprofundada sobre Angola. Desde o detalhe sobre a situação económica à

caracterização do tecido empresarial, passando pela análise ao seu estádio de desenvolvimento

e aos principais parceiros comerciais e de investimento. Será assim observado, com o devido

rigor, um conjunto de variáveis que permitirão obter uma leitura sobre o mercado de destino.

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O quarto capítulo constitui-se como aquele onde serão apresentadas algumas oportunidades de

mercado detectadas para as PME nacionais e que, naturalmente, decorrem do estado actual de

evolução do mercado angolano.

Por fim, o estudo termina com a apresentação de um conjunto de aspectos práticos que se

espera que possam servir de importante ferramenta de aprendizagem para todos os

interessados.

FIGURA 1 - FASES DO ESTUDO

ASPECTOS

PRÁTICOS DE

NEGÓCIO

OPORTUNIDA

DES DE

NEGÓCIOS

CARACTERIZA-

ÇÃO ANGOLA

VISÃO

GLOBAL INTRODUÇÃO

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2.UMA VISÃO GLOBAL

2.1 O MUNDO EM NÚMEROS A última década tem marcado uma inversão, mais ou menos evidente, no jogo de forças e de

crescimento das várias regiões do globo. Se, há umas décadas atrás, a Europa e os EUA

marcavam o ritmo do crescimento mundial, hoje em dia assiste-se à emergência de um

conjunto significativo de outras regiões.

A revista “The Economist” aponta algumas previsões de crescimento do PIB mundial, para o ano

de 2012, tal como se apresenta na figura abaixo.

FIGURA 2 – CRESCIMENTO DO PIB MUNDIAL*, 2012

* a taxas de câmbio do mercado

Fonte: “The World in 2012”, The Economist, Janeiro de 2012

A atravessar um período negativo marcado por fortes medidas restritivas em vários países, a

Europa Ocidental apresenta-se como o único bloco onde se prevê um decréscimo (em 0,2%) do

PIB no decorrer do ano de 2012.

No sentido oposto, encontram-se regiões com um enorme potencial de crescimento que deverá

tornar-se ainda mais evidente em 2012. Assim, o continente asiático (com um crescimento

previsto de 6,5%) e a África Subsariana (com um crescimento a rondar os 5,0%) constituir-se-ão

como locais privilegiados. Estando inserida nesta última região, Angola dispõe de uma

oportunidade de ouro que deverá aproveitar e ser aproveitada por investidores externos.

Com ritmos de crescimento igualmente interessantes, o Médio Oriente/Norte de África (4,0%) e

a América Latina (3,5%) são regiões que deverão ser, também, observadas enquanto

plataformas para futuros investimentos. Por sua vez, a Europa de Leste deverá acompanhar o

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ritmo de crescimento do conjunto de países da América Latina, com incremento do PIB a

rondar os 3,4%.

A América do Norte, outrora com elevadas taxas de crescimento, registará o segundo valor

mais baixo (1,4%), traduzindo o período de menor fulgor que atravessa.

TABELA 1 - RANKING DOS PAÍSES COM MAIOR CRESCIMENTO DO PIB PARA 2012

Fonte: “The World in 2012”, The Economist, Janeiro de 2012

Macau, um pequeno país, será o número um no ranking das economias que mais crescerá

durante este ano, provando que as apostas de casino podem ser um meio sustentável de

crescimento.

Igualmente proeminentes, são as economias da Líbia e do Iraque, dois países árabes nos quais a

reconstrução e a estabilização após períodos mais violentos conduzirão a um crescimento

progressivo. No caso da Líbia, o atraso é ainda mais significativo porque vem de uma queda

ainda mais vertiginosa resultante de um longo período de guerra que findou há pouco tempo.

Relativamente ao Iraque, embora as devastações da guerra sejam mais distantes, o caos pós-

conflito que se instalou, atrasou a recuperação do país. O ano de 2012 poderá marcar o começo

de algo mais sustentado.

A China beneficiará não só das potencialidades que já apresenta, como também da recessão de

alguns países ricos e desenvolvidos que acabará por favorecer este país asiático. A Mongólia,

por sua vez, vive um período marcado pela expansão no sector mineiro e será expectável que

venha a contribuir para o aumento do crescimento generalizado do país. Angola, Laos e Níger

irão também beneficiar de preços relativamente elevados das commodities, e a Etiópia e o

Ruanda estão gradualmente a ganhar dimensão com a comercialização das suas economias

ainda rurais.

TOP PAÍSES COM MAIOR CRESCIMENTO (2012)

Ranking País % Crescimento do PIB

1. Macau 15.0

2. Mongólia 14.8

3. Líbia 13.6

4. Iraque 10.9

5. Angola 9.9

6. Níger 8.5

7. China 8.2

8. Etiópia 8.0

9. Ruanda 8.0

10. Laos 7.9

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Colocando a ênfase nas contas públicas, percebemos o cenário negativo que alguns países

atravessam e continuarão, muito provavelmente, a experienciar no decorrer deste ano de

2012.

FIGURA 3 - DÍVIDA PÚBLICA, % PIB FIGURA 4 – PÓS-RECESSÃO: VENCEDORES E PERDEDORES

Fonte: “The World in 2012”, The Economist, Janeiro de 2012

Assim, nos 10 países com maiores níveis de dívida pública em percentagem do PIB, é possível

encontrar Portugal (9ª posição), bem como mais dois países da Europa Ocidental, Grécia (3ª) e

Itália (8ª). A liderar o grupo de países com nível mais elevado de dívida pública está o Japão.

Por seu turno, se atendermos à diferença entre o output real per capita em 2007 com o

previsto para 2012, percebemos que grandes potências como o Reino Unido, os EUA e a França,

registaram grandes perdas neste período. No sentido oposto, China, Índia e Brasil,

evidenciaram um crescimento muito significativo que fazem destes países destinos apetecíveis

para investir.

2.2 TENDÊNCIAS GLOBAIS Existe um conjunto de factores que influenciam – directa ou indirectamente – o potencial

actual e futuro de determinado mercado. Assim, o conhecimento de um conjunto alargado de

variáveis é crucial, podendo oferecer pistas preciosas para identificar oportunidades e

condicionalismos inerentes a qualquer mercado ou sector.

Nos próximos pontos, procurar-se-á apresentar a evolução esperada de alguns vectores:

Ambiente de negócios;

Crescimento populacional;

Urbanização;

Poder de compra;

109

119

121

125

128

129

133

167

209

212

0 50 100 150 200 250

Sudão

Portugal

Itália

Jamaica

Irlanda

Líbano

Islândia

Grécia

Zimbabué

Japão

51,3

34,2

14,3

4,5

3,5

-0,7

-2,5

-2,7

-5,3

China

Índia

Brasil

Rússia

Alemanha

Japão

França

EUA

Reino Unido

DIFERENÇA, EM %, DO OUTPUT REAL PER CAPITA EM 2007 (ANTES DA RECESSÃO INICIAR) COMPARADA

COM 2012 (PREVISÕES)

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Sectores de actividade.

AMBIENTE DE NEGÓCIOS

A visão relativamente à economia global tem vindo a ser cada vez mais negativa, com algumas

economias fortes a estarem próximas da recessão. O “The Economist Intelligence Unit” espera

que a economia mundial aumente em cerca de 3,3% em 2012 (numa base de PPP1), ficando

ligeiramente abaixo dos 3,7% em 2011. Todavia, a mesma fonte considera que o risco de uma

recessão global (o mundo crescer abaixo dos 3%) é muito elevado uma vez que estará próximo

dos 40%.

FIGURA 5 - AMBIENTE DE NEGÓCIOS: PIB E TROCAS COMERCIAIS MUNDIAIS

Fonte: The Economist Intelligence Unit

As economias desenvolvidas continuarão a atrasar-se à medida que mais medidas restritivas

surjam e em parte devido à pouca flexibilidade existente no domínio da política monetária que

deixa pouco espaço para qualquer estímulo. Esta realidade será, certamente, mais evidente

nos países europeus.

A erosão do consumidor, do investidor e da confiança do ambiente empresarial, irão tornar

mais voláteis as condições de trocas comerciais e de investimento. Embora o governo dos

Estados Unidos da América tenha entrado no ano de 2012 com um valor de caixa recorde no

1 PPP: Paridade de Poder de Compra

2,6

-0,9

4,9 3,7 3,3 2,7

-11,7

13,6

6,8 5,2

2008 2009 2010 2011 2012

Crescimento mundial do PIB (termos reais, PPP), %

Crescimento das trocas mundias (em USD), %

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tesouro, as despesas e contratações deverão continuar a um ritmo lento devido ao sentimento

de elevada instabilidade existente.

A China deverá contribuir em muito para o crescimento mundial esperado. As autoridades

chinesas irão manter a economia fortalecida antes da transferência na liderança política que se

processará em finais de 2012. Apesar de serem boas notícias para os exportadores de

commodities, aumentará o risco de uma “aterragem difícil” na China nos próximos anos.

Tal como evidenciado acima, o comércio mundial crescerá 5,2% em 2012 que, ainda assim,

representa menos de metade do crescimento registado em 2010. De sublinhar ainda que, uma

das principais indústrias ligadas ao comércio mundial, a indústria naval, deverá sofrer já que

serão transportadas menos mercadorias.

CRESCIMENTO POPULACIONAL

A evolução da população é um factor essencial em qualquer mercado. O crescimento

populacional traduz uma maior necessidade de residências novas ou reabilitações, edifícios

comerciais e de serviços, infra-estruturas, e de todo um conjunto de actividades consumidoras

de artigos e materiais diversos.

Dados da ONU indicam que a população mundial está em crescimento, sobretudo fora dos

países mais desenvolvidos.

Em 1990 o mundo tinha cerca de 5,3 mil milhões de habitantes, tendo atingido os 7 mil milhões

no final de 2011. Segundo as previsões existentes, a população mundial deverá rondar os 7,6

mil milhões de habitantes em 2020. 95% do aumento populacional nesta próxima década

ocorrerá nos países menos desenvolvidos. No que concerne a Angola, a taxa média de

crescimento populacional no país ronda os 3%.

FIGURA 6 - CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL, 1990 – 2020

Fonte: Organização das Nações Unidas (ONU)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1990 1995 2000 2005 2010 2015* 2020*

Regiões mais desenvolvidas Regiões menos desenvolvidas

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URBANIZAÇÃO

Grande parte do crescimento do poder de compra será impulsionada pelas zonas urbanas. Uma

pesquisa recente da McKinsey Global Institute (MGI) revelou que se prevê que 600 centros

urbanos - cobrindo um quarto da população mundial - representem cerca de 60% do

crescimento do PIB mundial até 2025.

FIGURA 7 - CONTRIBUTO DAS 600 MAIORES CIDADES PARA O CRESCIMENTO DO PIB

Fonte: McKinsey Global Institute

O mundo tem vindo a ficar mais urbano. Assim, não só aumentou a população nos últimos anos,

como também a proporção de indivíduos que vive em áreas urbanas. A taxa de urbanização

mundial passou de 43% em 1990 para 50,9% em 2010.

Naturalmente que regiões já bastante urbanizadas como a União Europeia registaram um

aumento mais modesto (de 71,5% para 74%) no mesmo período. Portugal tem vindo a registar

uma convergência com média europeia nesse indicador, passando de 47,9% em 1990 para 60,7%

em 2010.

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FIGURA 8 - EVOLUÇÃO DA TAXA DE URBANIZAÇÃO, 1990 - 2010

Fonte: Banco Mundial

Os maiores aglomerados urbanos do mundo situam-se quase na sua totalidade fora da Europa.

Em 2010, as 20 maiores cidades do mundo estavam assim distribuídas:

10 situavam-se na Ásia;

6 na América,

2 na Europa (incluindo Istambul) e,

2 em África.

Segundo a ONU, em 2020 a Europa terá apenas Istambul nesta lista, passando África a ter 3

cidades nas 20 maiores do Mundo. As cidades asiáticas serão as que registarão um maior

crescimento populacional.

50,9

74,0

60,7

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1990 1995 2000 2005 2010

Mundo

União europeia

Portugal

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TABELA 2 - MAIORES AGLOMERADOS URBANOS DO MUNDO, 2010 E 2020

Aglomerado Urbano País Ranking 2010

População 2010

Ranking 2020

População 2020

Tóquio Japão 1 36,67 1 37,09

Deli Índia 2 22,16 2 26,27

São Paulo Brasil 3 20,26 4 21,63

Mumbai (Bombay) Índia 4 20,04 3 23,72

Cidade do México México 5 19,46 5 20,48

Nova Iorque EUA 6 19,43 6 20,37

Xangai China 7 16,58 7 19,09

Calcutá Índia 8 15,55 9 18,45

Daca Bangladesh 9 14,65 8 18,72

Carachi Paquistão 10 13,12 10 16,69

Buenos Aires Argentina 11 13,07 14 13,61

Los Angeles EUA 12 12,76 15 13,46

Pequim China 13 12,39 11 14,30

Rio de Janeiro Brasil 14 11,95 17 12,62

Manila Filipinas 15 11,63 13 13,69

Osaka-Kobe Japão 16 11,34 20 11,37

Cairo Egipto 17 11,00 18 12,54

Lagos Nigéria 18 10,58 12 14,16

Moscovo Rússia 19 10,55 22 10,66

Istambul Turquia 20 10,52 19 11,69

Kinshasa Congo 29 8,75 16 12,79

Fonte: ONU

PODER DE COMPRA

O poder de compra é, indubitavelmente, um dos factores mais determinantes influenciando

decisivamente a procura. Uma das formas de o medir passa pela utilização do Produto Interno

Bruto per capita, ajustado em paridade de poder de compra.

Na última década verificou-se um crescimento do PIB global per capita. Neste indicador, os

países da União Europeia cresceram abaixo da média mundial. Em particular Portugal registou

um crescimento marginal ao longo da primeira década deste século.

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FIGURA 9 - EVOLUÇÃO DO PRODUTO INTERNO BRUTO PER CAPITA EM PPC, 1990 – 2010

Fonte: Banco Mundial

As crises de dívida soberana marcam a actualidade em termos económicos. São crescentes as

preocupações sobre o impacto que poderão ter na economia mundial, fazendo da incerteza o

prato do dia. Os consensos vão sendo formados em torno da ideia de que os países mais

desenvolvidos viverão nos próximos anos um crescimento económico relativamente modesto,

ao contrário de uma série de economias que continuarão com um crescimento significativo,

como os BRIC e o México.

FIGURA 10 - PIB DAS MAIORES ECONOMIAS MUNDIAIS 2010 E 2020

Ranking País (2010) PIB (milhões USD) País (2020) PIB (milhões USD)

1 EUA 14.802.081 China 28.124.970

2 China 9.711.244 EUA 22.644.910

3 Japão 4.267.492 Índia 10.225.943

4 Índia 3.912.911 Japão 6.196.979

5 Alemanha 2.861.117 Rússia 4.326.987

6 Rússia 2.221.755 Alemanha 3.981.033

7 Reino Unido 2.183.277 Brasil 3.868.813

8 França 2.154.399 Reino Unido 3.360.442

9 Brasil 2.138.888 França 3.214.921

10 Itália 1.767.120 México 2.838.722

Fonte: Fundo Monetário Internacional, Organização das Nações Unidas

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

1990 1995 2000 2005 2010

Mundo União europeia Portugal

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SECTORES

Ainda que o cenário global indique, de uma forma geral, um previsível abrandamento no

crescimento da economia, é importante sublinhar as distintas evoluções que as várias regiões

irão assumir (ver figura 2).

Tal como acontece ao nível dos países, também no que concerne aos diferentes sectores de

actividade se prevê que percorram diferentes caminhos ao longo do próximo ano. De seguida,

expõe-se as perspectivas para diversos sectores, de acordo com o “The Economist Intelligence

Unit”.

INDÚSTRIA AUTOMÓVEL

O aumento substancial da procura em mercados emergentes

irá, no ano de 2012, contribuir para o aumento das vendas

globais de carros em cerca de 8%. Os dois principais mercados

de carros, China e EUA, crescerão 14% e 9% respectivamente.

BENS DE CONSUMO

Os consumidores na América do Norte e na Europa reduzirão o

consumo em 2012, com poucos países a registar crescimentos

de mais de 1%. É de prever que os consumidores muito ligados a

marcas, não terão problemas em abrir os cordões à bolsa. O

crescimento em países como a África do Sul e o Brasil atingirá

os 8% e 6%, respectivamente.

Por sua vez, as vendas online irão contrariar a tendência de

decréscimo nos países ocidentais, apresentando ritmos de

crescimento na ordem dos dois dígitos.

INDÚSTRIA DA DEFESA

Embora os EUA continuarão a despender mais nas suas forças

armadas do que qualquer outro país, o orçamento previsto

para este ano sofreu uma redução de 5%. Todas as forças

armadas europeias irão experimentar um corte nos orçamentos

da defesa.

Por oposição, China, Rússia e Índia, aumentarão os

investimentos, com a Rússia a ter intenção de passar a ser a terceira maior potência a este

nível.

ENERGIA

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O consumo global de energia irá crescer aproximadamente 3%

em 2012, um pouco superior ao registado em 2011. O

crescimento na oferta de petróleo irá superar a procura, com a

recuperação da produção na Líbia e a expansão no Iraque.

A China e a Índia permanecerão interessados em carvão,

empurrando o consumo deste produto acima dos produtos

petrolíferos. No entanto, o gás natural irá viver o maior

aumento entre os principais combustíveis.

ENTRETENIMENTO

A digitalização do conteúdo de entretenimento está a acelerar e é provável que os formatos

digitais venham a representar 30% do total das despesas em 2012 (o dobro da quota em relação

a 2006). Os jogos de vídeo são os líderes com uma subida esperada a rondar os 8%. As

perspectivas para vídeo são mais optimistas que para áudio.

Os gastos em subscrições televisivas aumentarão 7% com a

ajuda dos mercados emergentes. Por seu turno. As despesas

em filme crescerão 6% (graças às ofertas 3D e blu-ray) e a

música gravada em CD descerá cerca de 2%. O aumento nas

receitas de venda de música digital não servirá para

compensar a queda nas vendas físicas.

SERVIÇOS FINANCEIROS

Muitos bancos ainda mal recuperaram da recessão iniciada em

2008-2009 e o cenário mais negativo associado a crescimento

muito lento da economia, deixam antever um ano difícil no

sector bancário. Espera-se que as famílias estejam mais focadas

em pagar as suas dívidas do que a pedir emprestado.

Os empréstimos bancários na Europa Ocidental irão sofrer uma

contracção a rondar o 1% em 2012, enquanto o crescimento dos

empréstimos nos EUA e no Japão mal servirá para ultrapassar o nível de inflação nestes países.

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AGRO-ALIMENTAR

Os preços agrícolas irão sofrer uma queda no ano de 2012,

mantendo-se ainda assim elevados e de acordo com os padrões

históricos. Em parte graças a estes preços elevados que se

verificam desde há dois anos a esta parte, é expectável que a

produção agrícola venha a aumentar este ano, registando

saldos positivos em muitos mercados.

Uma produção recorde de trigo registada na Índia no ano transacto, vai contribuir para o

aumento significativo nos stocks de trigo, bem como para a descida do seu preço em cerca de

19%. Neste domínio, a Indonésia irá consolidar-se enquanto o principal importador de trigo do

continente asiático.

CUIDADOS DE SAÚDE

As evoluções demográficas deixam simultaneamente espaço

para oportunidades mas, igualmente, algumas preocupações. O

rápido envelhecimento das populações irá aumentar o volume

de tratamentos nos mercados mais desenvolvidos. A título de

exemplo, no Japão, a população com 65 ou mais anos – que

representa cerca de um quarto da população – consome mais de

metade do total que é gasto em cuidados de saúde.

Nos países emergentes, o aumento do poder de compra e o rápido crescimento populacional,

conduzirá a um aumento no consumo de produtos de saúde e bem-estar. Os americanos

gastarão o equivalente a 16% do PIB em cuidados de saúde, muito mais que qualquer outro

país. Por fim, a indústria farmacêutica atravessará algumas dificuldades dada a preferência

governamental por medicamentos low-cost.

TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO

A indústria das Tecnologias de Informação geralmente segue o

percurso do crescimento da economia. Como tal, as

perspectivas para 2012 são de um aumento de cerca de 6%,

com um aumento acima da média no hardware (9%) e um

incremento abaixo da média em software e serviços (3%).

Um em cada cinco computadores pessoais vendidos em 2012

serão na China, embora Índia, Indonésia e Tailândia também

venham a passar por um grande crescimento ao longo deste ano.

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INFRA-ESTRUTURAS

O investimento em transporte, telecomunicações, electricidade

e água deverá rondar os 2,1 mil milhões de dólares anuais até

2020, de acordo com o Instituto de Investigação Económica da

Samsung. A Índia dará o maior contributo em 2012 devido ao

seu plano a cinco anos (que se inicia em Abril) de investimento.

A China, que agora entra no seu segundo ano de um total de

cinco do plano, vai constituir-se como outra das nações de

grande importância neste domínio, nomeadamente com a construção do sistema de alta

velocidade. O Brasil, por sua vez, irá gastar apenas 2% do seu PIB em infra-estruturas.

MEDIA

Positivamente influenciado pelas eleições nos EUA e pelos

Jogos Olímpicos no verão, as despesas em publicidade irão

aumentar aproximadamente 5,3% em 2012, de acordo com a

ZenithOptimedia uma agência de publicidade.

Entre os principais meios de publicidade, a televisão continua

a ser o canal predilecto de comunicação, representando 41%

do total dos gastos e um crescimento de 6% em relação ao ano

transacto. Apenas a internet enquanto meio de publicidade cresce mais depressa, crescendo

15%.

METAIS E INDÚSTRIA MINEIRA

Os preços dos metais básicos irão continuar elevados em 2012,

mesmo após dois anos de ganhos imensos. O índice de metais-

base do The Economist Intelligence Unit indica um aumento de

3%, em média, em 2012, com aumentos no cobre, no estanho e

no chumbo. Por outro lado, registar-se-ão quedas no alumínio,

zinco e níquel.

O ouro permanecerá muito volátil e com preço incerto dada a necessidade de, em contexto de

economia recessiva, o manter enquanto reserva.

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PROPRIEDADE

É expectável que, em 2012, os preços das casas voltem a subir

ligeiramente, ainda que os ganhos sejam modestos. Nos EUA, os

preços irão subir aproximadamente 1% de acordo com a

Mortgage Bankers Association. No Reino Unido, deverá verificar-

se um aumento de 2% e na Escandinávia o mercado deverá

continuar forte. Espanha e Irlanda terão mercados onde o preço

permanecerá baixo.

Nos países asiáticos emergentes, os preços das habitações descerão, embora a extensão da

queda dependa da vontade dos governos em dar a volta à situação.

TELECOMUNICAÇÕES

O mercado de telemóveis está a ficar saturado rapidamente. As

previsões apontam para que, em 2012, existam 94 subscrições

por cada 100 pessoas. Nos países mais ricos, os consumidores

costumam ter mais de um telemóvel. A saturação significa que,

o crescimento do mercado móvel irá reduzir-se para os 5% em

2012, menos de metade do que em 2011.

Os serviços “4G” irão ganhar força, no entanto, o ganho que os

operadores retirarão não corresponderá ao esforço que aí depositaram.

TURISMO E LAZER

Globalmente, espera-se um aumento no turismo de uma noite

em perto de 5% em 2012, de acordo com a “European Travel

Commission”. A despesa efectuada por empresários irá

ultrapassar aquela feita pelos turistas uma vez que estes se

preocupam mais com os gastos totais.

O aumento nos combustíveis por um lado, e a instabilidade na

procura poderá limitar os ganhos das companhias aéreas. Todavia, a indústria considerada

como um todo irá manter-se rentável. De acordo com a Point Carbon, uma empresa

especializada nesta área, as companhias aéreas a operar no espaço da União Europeia terão

que suportar custos adicionais devido às emissões de carbono que podem chegar a um total de

1,5 mil milhões de dólares por ano.

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2.3 O SALTO SUBSARIANO?

ESPÍRITO DE PROTESTO DO NORTE ARRASTAR-SE-Á PARA O SUL

Os sucessos que alguns países no norte de África viveram em 2011, foram acompanhados por

uma evolução igualmente positiva em países mais a sul no mesmo continente. Surgem já alguns

movimentos de protesto – como no Burkina Faso – e é provável que mais surjam nos próximos

tempos. De facto, as autoridades responsáveis em cada uma dos países da África Subsariana

podem esperar um ano de 2012 de oposição crescente, visando a queda de alguns regimes

instalados.

Ainda assim, é provável que a dinâmica seja um pouco diferente daquela registada no

mediterrâneo onde os protestantes eram mais ricos e mais bem informados. Em países como o

Uganda, os oprimidos estão a observar os libertadores de Tunis, Tripoli e Cairo como modelos a

seguir, criando ligações políticas entre países africanos raramente vistas.

Tal como acontece no norte de África, as comunicações móveis e os media são muito populares

no resto do continente e não apenas nos enclaves considerados ricos. Mais de um milhão de

nigerianos tem um telemóvel da marca “Blackberry” e África, considerada como um todo, tem

mais telemóveis que a América, aponta a revista The Economist. Embora estes dados possam

parecer meros indicadores, deverão ser observados numa outra perspectiva – os tradicionais

impedimentos à criação de grupos de oposição nestes países está a enfraquecer. A difusão das

redes sociais por um lado, e o aumento do interesse mundial sobre as questões políticas neste

grupo de países, por outro, têm contribuído para o enfraquecimento progressivo de alguns

regimes outrora ditatoriais. Para além desta constatação, importa considerar um outro facto

não menos relevante – não faltam motivos para as populações protestarem já que os empregos

escasseiam e o preço das matérias-primas aumentam de dia para dia.

Pese embora vários países africanos tenham beneficiado da entrada de elevadas quantias

relativas ao petróleo e a minerais, a verdade é que as desigualdades sociais persistem e os mais

poderosos continuam a dominar.

MOMENTO PARA A REBELIÃO?

As memórias de um passado marcado por graves conflitos internos têm retraído as populações,

afastando-as de agir. Todavia, os exemplos de sucesso, já referidos, registados no norte de

África e observados em todo o mundo, estão a alterar esta dinâmica, podendo conduzir a

revoltas sociais já neste ano de 2012.

A distribuição da riqueza está, mais uma vez, a potenciar o conflito na República Democrática

do Congo. O aperto nas regras comerciais por parte da América, resultou numa paralisação

virtual na mineração na parte leste do país e alguns mineiros locais desempregados, pensam

em juntar-se às milícias de forma a poder continuar a viver, mesmo que isso ponha cobro a

todos os esforços no sentido de restaurar a paz num país há muito afectado pela violência.

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O impacto mais óbvio da ascensão democrática que se verificou no norte de África, sentir-se-á

em países como o Níger, o Chade e o Mali que possuíam relações próximas com o coronel

Kadhafi e que muito beneficiaram da sua riqueza. É expectável que o seu sucessor venha a

investir muito mais na Líbia do que em outros países, ao invés de investir em países externos. A

agravar esta situação, está o facto de cerca de dezenas de milhares de trabalhadores da região

do Sahel regressarem da Líbia, traduzindo-se no fim das remessas para os países locais.

Os dois maiores vizinhos da região do Sahel – Nigéria e Sudão – constituem-se também como

exemplos onde a violência predomina. Na Nigéria, um grupo islâmico extremista, Boko Horam,

tem aumentado a onda de violência. Por outro lado, no Sudão, diversas milícias estão presas do

lado errado da fronteira norte-sul, seguindo a divisão do país em Julho de 2011, acabando por

surgir conflitos.

O mesmo se aplica aqueles países que enfrentarão eleições políticas no decorrer do ano de

2012. Quer o Zimbabué quer o Quénia sofreram violência extrema nas últimas eleições. Ambos

terão que enfrentar novas eleições nos próximos 12 meses e a oposição sente-se balizada pelo

sucesso que os rebeldes árabes tiveram no norte.

Em síntese, pese embora seja expectável que o continente africano enfrente no próximo ano

uma onda de protestos, isso não significará o retorno a uma larga escala de conflitos, tal como

sucedeu em anos anteriores. Por outro lado, as guerras civis no Sudão e em Angola deverão ter

terminado para bem.

Em termos globais, o crescimento do PIB é forte graças ao boom dos recursos e à melhoria no

que diz respeito à gestão económica que tem sido prosseguida. Os protestos políticos não irão,

certamente, alterar esta situação. No entanto, os investidores externos – que agora formam fila

nos aeroportos africanos – quererão escolher os seus destinos de forma extremamente

cuidadosa.

Nove líderes africanos estão no poder há mais de duas décadas e isso poderá condicionar

algumas das decisões futuras. Por comparação, democracias com alterações regulares e

ordeiras na liderança, tal como o Gana e a África do Sul, irão ficar ainda mais atractivas no

ano de 2012.

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ESTUDO DE MERCADO

PARTE

I

PONTO DE PARTIDA PARA QUALQUER NEGÓCIO. ONDE SE PROCURA

ANALISAR O MERCADO DE DESTINO NAS SUAS MAIS VARIADAS

COMPONENTES:

MICROECONOMIA;

COMPETITIVIDADE;

RELAÇÕES BILATERAIS;

PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS E DE INVESTIMENTO;

CONDIÇÕES LEGAIS DE ACESSO AO MERCADO;

PARTE I: Enquadra

1.INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento: 1.2 Objectivos do estudo 1.3 Estrutura do estudo

2.UMA VISÃO GLOBAL

2.1 O Mundo em números 2.2 Tendências globais 2.3 O salto subsariano?

3. ANGOLA: CRESCIMENTO ACENTUADO 3.1 Indicadores Chave 3.2 Perfil Geral 3.3 Situação Económica 3.4 Caracterização do tecido empresarial

3.5 Estádio de Desenvolvimento e Índice de Competitividade

3.6 Relações bilaterais Portugal/Angola

3.7 Parceiros comerciais, de investimento e político-institucionais

3.8 Condições Legais de Acesso ao Mercado

3.9 Síntese Estratégica

4. DESPISTE DE OPORTUNIDADES

4.1 Oportunidades de negócio no mercado angolano

5. UMA VISÃO PRÁTICA SOBRE OS NEGÓCIOS EM ANGOLA 5.1 Como desenvolver negócios 5.2 Cultura de negócios 5.3 Dez dicas práticas para vender e investir em Angola

5.4 O que é importante ter em conta numa relação negocial com o mercado angolano

5.5 Tributação em Angola 5.6 Angola na voz de outros

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3. ANGOLA: CRESCIMENTO ACENTUADO

3.1 INDICADORES CHAVE Área: 1.246.700 km2;

População: 19,6 Milhões de habitantes;

Língua: A língua oficial é o português, mas são falados diversos dialectos africanos (umbundo,

kimbundu, kikongo, chokwe e kwanyama);

Densidade Populacional: 14,8 Hab./Km2

(estimativa 2009)

Capital: Luanda (4,5 milhões de habitantes – estimativa FMI 2008);

Unidade Monetária: Kwanza de Angola (AOA);

Taxa de Câmbio: 1 Eur = 126,51 AOA (Banco de Portugal, Março,2012);

Risco de Crédito: 6 (COSEC, Janeiro 2012);

Principais cidades: Cabinda (358 mil habitantes) Huambo (325 mil), Lubango (245 mil) Lobito (142 mil) e Benguela (128 mil);

PIB per capita: 5.530 (Estimativa EIU 2011, USD)

3.2 PERFIL GERAL

CLIMA DE MAIOR ESTABILIDADE E CONFIANÇA

O estabelecimento de um clima de maior paz aliado ao bom desempenho do sector petrolífero

nos últimos anos e ao esforço desenvolvido pelas autoridades angolanas no sentido de dar mais

estabilidade ao país, têm transmitido à comunidade global um sentimento de confiança

acrescida nas diversas estruturas do país.

A sustentabilidade económica resultante de uma redução da inflação e da taxa de juro, da

estabilização da taxa de câmbio e das contas públicas, bem como a redução da dívida externa,

permitem que o caminho para a estabilidade permanente seja cada vez mais uma realidade.

Aliado a estes factores, a democracia parece igualmente ganhar novo fôlego com a marcação

de eleições legislativas e presidenciais para este ano de 2012.

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UM PAÍS DE OPORTUNIDADES

Antiga colónia portuguesa, Angola é hoje em dia um dos países potencialmente mais ricos de

África devido, em grande parte, às reservas de petróleo e de outros recursos minerais que

acumula no seu território. Para além disso, os recursos hidroeléctricos associados às grandes

extensões de terra que se encontram por cultivar, fazem de Angola um país apetecível à larga

maioria dos investidores. Tendo uma forte indústria transformadora e de serviços, a economia

angolana é ainda rica no domínio dos diamantes, minérios de ferro e petróleo. A realização de

um grande evento desportivo como o Campeonato Africano das Nações que decorreu no país no

ano de 2010 representou uma oportunidade única num conjunto variado de sectores de

actividade.

PETRÓLEO, O MOTOR DA ECONOMIA

O petróleo é o grande impulsionador da actividade económica angolana. Com uma produção a

rondar os 1,8 milhões de barris/dia, Angola é actualmente o maior produtor africano

subsaariano, tendo superado a Nigéria no início do ano de 2008. De acordo com uma análise

desenvolvida pelo Fundo Monetário Internacional, estima-se que o impacto directo do

crescimento do sector petrolífero nos sectores não petrolíferos é positivo em Angola. Assim, o

crescimento a rondar 1% no sector petrolífero, induz um crescimento nos sectores não

petrolíferos de:

0,37% no mesmo ano;

0,5% nos quatro anos seguintes.

A evolução prevista quer para a evolução do preço internacional quer para a produção anual de

petróleo permitem antecipar um cenário favorável para a produção anual para a economia

angolana no horizonte 2020 (média das receitas 2010-2020 acima de USD 40 MM/ano).

Dados de 2012 do The Economist Intelligence Unit indicam que a economia angolana oferece

oportunidades de crescimento sem paralelo, em que o crescimento real do PIB:

Registou em 2010 e 2011 valores a rondar os 3,4%;

Crescerá em 7,7% e 7,0% respectivamente no próximo biénio, 2012 e 2013.

O Plano do Governo prevê que, entre 2009 e 2013, a economia angolana deverá crescer a uma

taxa média anual de 17%.

ECONOMIA CADA VEZ MAIS INTEGRADA NA GLOBALIZAÇÃO

Se em Junho de 2010 Angola deu um passo importante uma vez que passou a ser incluída pelas

três mais importantes agências de notação financeira, Julho do ano de 2011 fica igualmente

marcado como um ponto positivo.

Nesta data, a Fitch Ratings, a Moody´s Investor Services e a Standard & Poor´s Rating Services,

reconheceram que a economia de Angola continua robusta e caminho da direcção correcta. O

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documento que veio a público, adianta que as três agências resolveram, à data, elevar a

anterior notação de “B+” com perspectiva positiva para “BB-“ com perspectiva estável, nas

tabelas da Fitch e da Standard&Poor´s e de “B1” com perspectiva positiva para “Ba3” com

perspectiva estável na tabela da Moody´s (classificação que equivale à classificação “BB-“ das

outras duas agências).

Debruçando-nos sobre os motivos que deram origem a esta reavaliação, o Ministério das

Finanças, destacou o facto da Fitch Ratings ter apreciado a forma rápida como Angola

ultrapassou o efeito da crise financeira global de 2008-2009, reforçando a sua política

macroeconómica ao combinar medidas de ajustamento fiscal e monetário com a recuperação

dos preços internacionais do petróleo. Desta forma, conseguiu regularizar uma parcela

substancial de pagamentos acumulados em 2009 e manter a trajectória de recuperação das

reservas internacionais.

Por seu turno, a Moody’s identificou três factores que estiveram na base desta sua decisão.

Primeiramente, a melhoria nas contas fiscais e cambiais que se deveu, em grande medida, à

recuperação dos preços do petróleo. Um segundo factor foi o progresso evidenciado no domínio

da execução das reformas preconizadas por Angola no acordo com o FMI que incluem maior

transparência fiscal e a constituição de um fundo para melhorar a gestão das receitas

petrolíferas excedentárias. Por fim, o terceiro factor deveu-se à regularização dos pagamentos

em atraso aos fornecedores que estavam acumulados durante a crise de 2009.

No que concerne a Standard&Poor’s, esta agência de notação financeira sublinhou a melhoria

apresentada ao nível dos resultados das contas fiscais e externas, prevendo que a economia

entre 2011 e 2014 seja suportada por preços relativamente elevados do petróleo e do gás, bem

como o aumento na sua produção. Assinalam ainda, o facto de Angola estar a fortalecer a sua

gestão macroeconómica e monetária, actuando pela via da regularização dos pagamentos

acumulados na crise de 2009 e pelo estabelecimento de mecanismos de execução orçamental

que deverão prevenir a sua repetição.

TRIÂNGULO CHINA, EUA E EUROPA COMO PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS

Apesar da tentativa constante de diversificar a economia angolana, o fomento das exportações

continua praticamente todo suportado na economia mineral (combustíveis e óleos minerais a

representar 98,7% do total e as pedras preciosas e metais preciosos 0,5%). Neste sentido, a

China afirmou-se no ano de 2008 como o principal mercado de destino das exportações de

petróleo angolanas (47,8%), seguida dos EUA (25,7%), de Taiwan (6,1%) e da França (4,5%). De

facto, a importância que estes três blocos assumem no panorama económico angolano é

notório.

PRESENÇA NA CPLP COMO PLATAFORMA PARA NOVOS INVESTIMENTOS

A presidência de Angola na Comunidade de Países de Língua Portuguesa serviu de mote para

uma maior aproximação entre Inglaterra e Angola. Aproveitando o facto de Angola surgir no

topo das preferências enquanto destino mais atractivo para o investimento europeu, o governo

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angolano tem promovido diversos eventos direccionados para a troca e partilha de informações

entre as várias entidades, com a finalidade principal de estimular o sector económico

angolano.

O interesse inglês sobre o mercado angolano tem sido crescente com o pedido de várias

empresas que estão sedeadas em Londres a requerer informação sobre o ambiente de negócios

em Angola, a estratégia do Governo, as oportunidades que existem actualmente no mercado,

entre outros aspectos.

De facto, este interesse ultrapassa as potencialidades do petróleo. A aposta recai em áreas

diversas e que possam diversificar a economia nacional, afastando até a excessiva dependência

e o peso que o crude tem na balança das exportações. As áreas das infra-estruturas – habitação

social, construção e saneamento básico são as mais procuradas pelos futuros parceiros.

3.3 SITUAÇÃO ECONÓMICA

A economia angolana continua no caminho da recuperação na sequência da sua crise fiscal e da

balança de pagamentos que se iniciou em 2009. Apesar de algumas dificuldades na produção de

petróleo, estima-se que o PIB tenha crescido em, aproximadamente, 3,4% em 2011 devido ao

elevado crescimento do sector não petrolífero. Por seu turno, admite-se que a inflação tenha

diminuído para 11,4% no final do ano.

Apoiada pelos elevados preços do barril do petróleo, a balança de pagamentos externa registou

um superavit equivalente a 7% do PIB, enquanto as reservas externas chegaram, no final de

2011, ao equivalente de 5,3 meses de importações.

Em 2011, as autoridades responsáveis pelas políticas macroeconómicas mantiveram-se

prudentes. A balança fiscal registou um excedente de 12,5% do PIB e a manutenção de uma

taxa de juro estável facilitou o alcance do objectivo das autoridades para a inflação.

Relativamente a 2012, as perspectivas dos responsáveis do Fundo Monetário Internacional (FMI)

apontam para cenários positivos. Com a descoberta de novos campos de petróleo é expectável

que a produção suba para além dos 1,8 milhões de barris por dia. No entanto, todo e qualquer

cenário estará muito sensível relativamente aos próximos desenvolvimentos no domínio do

preço do petróleo.

Por outro lado, a prossecução da implementação por parte do governo angolano dos planos

orçamentais previstos, deverão conduzir a uma redução significativa no défice fiscal no sector

não-petrolífero, ajudando igualmente na redução da inflação para apenas um dígito. Como o

ambiente global permanece incerto, as autoridades estão comprometidas em atingir um maior

montante de reservas externas para providenciarem uma importante almofada de conforto

contra a volatilidade das receitas do petróleo.

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28

Também neste domínio as autoridades angolanas têm desenvolvido medidas importantes,

visando assegurar que as receitas do petróleo sejam transferidas para a tesouraria do Estado

num período temporal previsível e regular.

Em suma, as autoridades angolanas têm vindo a adoptar um conjunto de medidas – nos mais

diversos domínios – que têm agilizado e contribuído para a aceleração da economia local.

Baseada numa forte indústria petrolífera, Angola apresenta, nos dias de hoje, uma economia

cada vez mais forte e consolidada, ainda que alguns problemas subsistem.

De seguida apresenta-se um quadro-resumo com os principais indicadores macroeconómicos:

TABELA 3 - PRINCIPAIS INDICADORES MACROECONÓMICOS DE ANGOLA (2009 - 2014)

2009a 2010 a 2011 b 2012

c 2013

c 2014

c

PIB a preços de mercado (109 USD) 75,5 82,5 104,6 123,0 144,5 169,4

PIB per capita (USD) 4.070 4.320b 5.330 6.100 6.970 7.690

Crescimento real do PIB (Var.%) 0,8 3,4 3,4 7,7 7,0 6,2

Saldo do sector público (% do PIB) -4,9b 6,8 7,1 7,0 5,3 5,4

Dívida pública (%do PIB) 24,1b 22,8

b 17,4 16,9 14,9 13,3

Saldo da balança corrente (106 USD) -7.572 7.421 13.819 15.072 13.643 15.227

Importações de bens e serviços (Var. %) 0,9b -0,1b 2,5 8,5 7,5 3,8

Taxa de inflação (média) 13,9 14,5 13,5ª 11,3 9,6 8,5

Notas: (a) Valores efectivos; (b) Estimativas; (c) Previsões

Fonte: The Economist Intelligence Unit

3.4 CARACTERIZAÇÃO DO TECIDO EMPRESARIAL

Com o acelerado desenvolvimento que a economia angolana tem apresentado, um vasto

conjunto de oportunidades têm florescido e, como consequência, diversas empresas se têm

instalado no país.

Sejam empresas de capital angolano ou de capital externo, a verdade é que Angola parece,

cada vez mais, ser uma terra de oportunidades para muitas empresas e nos mais variados

sectores.

O quadro que abaixo se apresenta, permite efectuar um retrato geral das diversas áreas de

actividade existentes, bem como o relevo de cada um dos sectores no que concerne ao número

de empresas e ao volume de vendas gerado.

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TABELA 4 - O TECIDO EMPRESARIAL ANGOLANO EM NÚMEROS

Sector Nº Empresas

Nº Grupos Volume Vendas (Milhões, USD)

Instaladas Recente-mente

Grupo Estrangeiro Dominante

Actividades comerciais 58 47 22,668.9 25 Deutsche Post AG , DEU

Comércio por grosso e a retalho 53 42 4,263.4 11

TEIXEIRA DUARTE - ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES, S.A. , PRT

Outros serviços 33 28 2,279.0 10 Deutsche Post AG , DEU

Transporte, armazenamento e comunicações

27 19 1,957.9 7 A.P. Møller - Mærsk A/S , DNK

Construção 23 21 3,276.6 8

A.P. Møller - Mærsk A/S , DNK

Finanças 22 18 4,731.4 4 BANCO BPI, S.A. , PRT

Comunidade e actividades de serviços pessoais

13 11 300.0

Deutsche Post AG , DEU

Hotéis e restaurantes 9 7 5,587.7 5

A.P. Møller - Mærsk A/S , DNK

Alimentação, bebidas e tabaco

5 3 26,879.7 1 Nestlé S.A. , CHE

Metais e produtos de metais

5 5 228.0 3 Cameron International Corporation , USA

Indústria extractiva 4 4

Panalpina Welttransport (Holding) AG , CHE

Petróleo 4 4 219.5

PORTUGAL TELECOM, SGPS, S.A. , PRT

Produtos químicos 3 3 60.0 1

SF - SOCIEDADE DE CONTROLO, S.A. , PRT

Produtos minerais não metálicos 3 2 697.6 2

SECIL - COMPANHIA GERAL DE CAL E CIMENTO, S.A. , PRT

Maquinaria e equipamento 2 2

1

Cameron International Corporation , USA

Equipamentos eléctricos e electrónicos 2 2 3,247.3 1

COMPANHIA INDUSTRIAL QUINTAS & QUINTAS, SGPS, S.A. , PRT

Outras indústrias transformadoras

2 2

PORTUGAL TELECOM, SGPS, S.A. , PRT

Têxtil, vestuário e couro 2 2 3,247.3

EFACEC CAPITAL, SGPS, S.A. , PRT

Madeira e produtos de madeira

1 1

Panalpina Welttransport (Holding) AG , CHE

Edição, impressão e media 1 1

PORTUGAL TELECOM, SGPS, S.A. , PRT

Produtos petrolíferos e combustível nuclear

1 1

Panalpina Welttransport (Holding) AG , CHE

Instrumentos de precisão 1 1

Johnson & Johnson , USA

Veículos a motor e outros equipamentos de transporte

1 1

Johnson & Johnson , USA

Agricultura e caça 1 1

CREMONINI SPA , ITA

Saúde e serviços sociais 1 1 39.9 1

TEIXEIRA DUARTE, S.A. , PRT

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30

Borracha e produtos plásticos

1 1

Johnson & Johnson , USA

Administração Pública e Defesa

1 1

Government of The United States , USA

Educação 1 1 39.9 1

TEIXEIRA DUARTE, S.A. , PRT

Fonte: ITC – Atractividade Mercado e Principais Players Internacionais Instalados

3.5 ESTÁDIO DE DESENVOLVIMENTO E ÍNDICE DE COMPETITIVIDADE

Do Relatório de Competitividade elaborado publicado pelo World Economic Forum referente

aos anos 2011/2012, Angola situa-se no lugar 139 em termos de competitividade, num total de

142 países. Este é apenas o segundo relatório no qual Angola é avaliada em termos dos diversos

pilares de competitividade e a média obtida na pontuação dos diversos pilares foi de 3,0 numa

escala de 1 a 7. Relativamente ao relatório anterior, esta pontuação representa um ligeiro

acréscimo (de 0,1).

Esta pontuação encontra-se reflectida no estádio de desenvolvimento preconizado pelo World

Economic Forum para Angola – estádio de transição entre uma economia voltada para os

factores e uma economia direccionada para a eficiência.

ESTÁDIO DE DESENVOLVIMENTO

Fonte: The Global Competitiveness Report 2011-2012, World Economic Forum

De entre os vectores avaliados, o país obteve as menores pontuações no que concerne às infra-

estruturas (1,9) e ao ensino superior (1,9) e as maiores no que diz respeito ao ambiente

macroeconómico (4,2) e à eficiência no mercado de trabalho (4,0).

1 Transição

1-2 2 Transição

2-3 3

Factores Eficiência Inovação

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ÍNDICE DE COMPETITIVIDADE

FIGURA 11 - ANGOLA: ÍNDICE DE COMPETITIVIDADE

Fonte: The Global Competitiveness Report 2011-2012, World Economic Forum

3.6 RELAÇÕES BILATERAIS PORTUGAL/ANGOLA

COMÉRCIO

Angola posiciona-se como um parceiro cada vez mais relevante no que diz respeito à relação

com Portugal a nível comercial, sobretudo enquanto cliente.

De acordo com o International Trade Center, as importações angolanas em 2010 registaram um

decréscimo de 19,1% relativamente a 2009, totalizando cerca de 18,3 mil milhões de euros.

Esta tendência acaba por ser, também, visível na evolução que as exportações portugueses de

produtos para o mercado tem apresentado. Ainda que nos últimos 5 anos tenham ganho um

peso cada vez maior (passando de uma quota de 3,4% em 2006 para 7,1% em 2009), o ano de

2010 fechou com valores menos significativos. Assim, neste ano, Angola representou 5,2% do

total das exportações portuguesas.

Observando os produtos que mais têm sido exportados para Angola, percebe-se que, ao longo

dos anos, existe um padrão comum. No quadro que se segue, evidenciam-se os cinco grupos de

produtos que estão no topo e fundo das exportações.

0

1

2

3

4

5

6

7Instituições

Infra-estruturas

Ambientemacroeconómico

Saúde e Educaçãoprimária

Ensino e formaçãosuperior

Eficiência domercado de bens

Eficiência domercado de

trabalho

Desenvolvimentodo mercadofinanceiro

Prontidãotecnológica

Dimensão domercado

Sofisticação denegócios

Inovação

Angola

Economias em transição

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TABELA 5 - EXPORTAÇÕES DE PORTUGAL PARA ANGOLA POR GRUPOS DE PRODUTOS

Grupos de Produtos 2006 (103 EUR) 2009 (103 EUR) 2010 (103 EUR)

1. Máquinas e Aparelhos 319.525 666.028 482.764

2. Produtos Alimentares 207.876 304.702 314.852

3. Metais comuns 129.186 296.451 233.810

4. Produtos químicos 83.524 124.281 121.052

5. Veículos e outros materiais de transporte

100.755 202.384 116.689

13. Madeira e cortiça 9.194 23.679 22.686

14. Combustíveis minerais 12.787 13.483 19.565

15. Calçado 7.540 13.063 10.549

16. Peles e couros 2.755 6.173 5.580

17. Outros produtos 82.210 150.507 138.386

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE)

Por seu turno, no que concerne às exportações angolanas, dados do International Trade Center,

indicam que, em 2010, as exportações totais angolanas atingiram mais de 50,6 mil milhões de

USD, representando um acréscimo de 23,9% relativamente ao ano transacto. Todavia,

observando os dados dos principais fornecedores portugueses, é possível perceber que as

quotas de Angola são bastante reduzidas. No ano de 2010, o valor representado por Angola foi

de apenas 1%, situando-se na 15ª posição no ranking de fornecedores nacionais.

Os produtos mais importados são, sem dúvida alguma, os combustíveis minerais

(nomeadamente o petróleo), representando 99,2% em 2010 que acaba por ser o valor mais

elevado desde 2006. O segundo grupo de produtos que mais representatividade tem, é o das

máquinas e aparelhos (0,4% do total das importações).

TABELA 6 - IMPORTAÇÕES DE PORTUGAL COM ORIGEM ANGOLA, POR GRUPOS DE PRODUTOS

Grupos de Produtos 2006 (103 EUR) 2009 (103 EUR) 2010 (103 EUR)

1. Combustíveis Minerais 51.367 148.643 558.906

2. Máquinas e Aparelhos 266 693 2.101

3. Veículos e outro material de transporte

64 344 704

4. Madeira e cortiça 110 258 338

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5. Minerais e minérios 105 115 251

13. Vestuário 0 0 5

14. Calçado 4 1 1

15. Produtos químicos 25 6 1

16. Peles e couros 41 2 0

17. Outros produtos 16 38 160

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE)

A balança comercial luso-angolana é, assim, tradicionalmente muito desequilibrada e

claramente favorável a Portugal, registando em 2010 um saldo positivo para Portugal de cerca

de 1,3 mil milhões de euros.

Embora ainda elevado e positivo para Portugal, este é o valor mais baixo dos últimos 5 anos

que, em 2009, chegou a atingir os 2,0 mil milhões de euros. O valor de 2010 representa um

coeficiente de cobertura de 339,8%.

TABELA 7 – TROCAS COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL E ANGOLA (103 EUR)

2007 2008 2009 2010

Portugal exportações Angola 1.684.325 2.261.264 2.242.450 1.914.833

Portugal exportações Mundo 38.525.000 39.201.000 32.021.000 36.889.000

Peso Angola 7,10% 5,2%

Portugal importações Angola 369.378 407.996 151.089 563.452

Portugal importações Mundo 57.731.000 62.186.000 49.815.000 55.084.000

Peso Angola 0,64% 0,66% 0,30% 1,02%

Saldo Portugal-Angola 1.314.947 1.853.268 2.091.361 1.351.381

Coeficiente de Cobertura (%) 456,0% 554,2% 1484,2% 339,8%

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE)

Em 2010, Angola cotou-se como o 5º cliente de Portugal, enquanto na qualidade de fornecedor

se ficou pela 15ª posição, segundo os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de

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Estatística. Entre 2006 e 2010, a posição de Angola no contexto comercial português foi sempre

em crescendo, nomeadamente:

Passou do 8º para o 5º lugar enquanto cliente;

Passou do 52º para o 15º lugar enquanto fornecedor.

TABELA 8 - IMPORTÂNCIA DE ANGOLA NOS FLUXOS COMERCIAIS DE PORTUGAL

2006 2007 2008 2009 2010

Como cliente 8ª 6ª 4ª 4ª 5ª

Como fornecedor 52ª 24ª 21ª 36ª 15ª

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE)

Em suma, a balança comercial entre Portugal e Angola pode ser representada através da

seguinte representação gráfica:

FIGURA 12 – RELAÇÕES COMERCIAIS BILATERAIS ENTRE PORTUGAL E ANGOLA (2006-2011)

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE)

INVESTIMENTO

À semelhança do que se verifica no âmbito da transacção de bens e serviços, também no

domínio do investimento os fluxos registados demonstram uma importância crescente de

0

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

2006 2007 2008 2009 2010 2010 Jan/Ago 2011 Jan/Ago

Milhares Euros EXPORTAÇÕES

IMPORTAÇÕES

SALDO

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Angola enquanto parceira nacional. Ainda assim, 2010 ficou marcado por uma ligeira

desaceleração nos fluxos de investimento de e para Angola.

Os dados disponibilizados pelo Banco de Portugal indicam que Angola se posicionou na 5ª

posição enquanto receptor de investimento directo português (IDPE), correspondente a uma

participação de 3,3% do total do investimento português. Em 2010, o volume de investimento

bruto português em Angola atingiu os 226,7 milhões de euros, registando uma quebra

significativa a rondar os 67,3% relativamente a 2009.

A acrescer a esta situação, o facto do nível de desinvestimento no país se ter cifrado em 459,3

milhões de euros, conduziu a um investimento líquido negativo de 232,5 milhões de euros.

FIGURA 13 – EVOLUÇÃO DO INVESTIMENTO DIRECTO DE PORTUGAL EM ANGOLA (EM MILHÕES DE EUROS)

Fonte: Banco de Portugal

Tal como é visível na tabela a seguir apresentada, o sector da construção continua a ser aquele

para onde se dirigem mais fluxos de investimento, sendo também aquele no qual ocorrem os

maiores níveis de desinvestimento. Esta é, aliás, uma tendência que se mantém desde 2007.

TABELA 9 - INVESTIMENTO DIRECTO DE PORTUGAL EM ANGOLA, POR SECTORES DE ACTIVIDADE (EM MILHÕES DE

EUR)

2009 2010

Inv. Desinv. Inv. Desinv.

Act. Consultoria, científicas e técnicas e act. Administrativas e dos serviços de apoio

5,9 31,0 4,4 7,0

Actividades de informação e de comunicação 0,1 0,2 0,0 0,1

0

20

40

60

80

100

120

140

2006 2007 2008 2009 2010

Investimento

Desinvestimento

Líquido

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Actividades imobiliárias 0,7 69,3 0,4 0,4

Agricultura, produção animal, caça, floresta, pesca e indústrias extractivas

0,0

Comércio; repara. veículos automóveis; transp. e armaz.; alojamento, restauração

123,1 10,2 99,9 26,3

Construção 410,9 517,7 95,4 372,0

Electricidade, gás, vapor, água, saneamento, gestão de resíduos e despoluição

0,1 0,2

Indústrias transformadoras 9,8 17,6 1,9 11,6

Intermediação monetária 141,6 399,6 16,7 26,0

Outras actividades financeiras e de seguros 1,9

Outras actividades 1,6 16,8 5,7 15,8

TOTAL 693,8 1.062,3 226,7 459,3

Fonte: Banco de Portugal

Também no sentido inverso se tem denotado uma parceria crescente entre os dois países. O

fluxo de investimentos de Angola em Portugal entre 2006 e 2009 registou um assinalável

crescimento a rondar os 556%, passando de 17,6 milhões para 116,0 milhões de euros de

investimento bruto. No entanto, no ano de 2010, os valores do investimento directo de Angola

em Portugal voltou a cair para valores ligeiramente superiores a 45 milhões de euros.

FIGURA 14 - EVOLUÇÃO DO INVESTIMENTO DIRECTO DE ANGOLA EM PORTUGAL (EM MILHÕES DE EUROS)

Fonte: Banco de Portugal

0

20

40

60

80

100

120

140

2006 2007 2008 2009 2010

Investimento

Desinvestimento

Líquido

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Em 2009, este fluxo de investimento foi, maioritariamente direccionado, para dois sectores de

actividade em Portugal – intermediação monetária e actividades imobiliárias. Em conjunto,

estes dois sectores envolveram um total de 88,9 milhões de euros investidos por parte de

capitais angolanos.

Tal como sucede com outros itens, o ano de 2010 marca uma inversão nesta tendência. Assim,

o sector da intermediação monetária manteve-se enquanto principal destino do fluxo de

investimento, mas as outras actividades cotaram-se enquanto segundo destino principal.

TABELA 10 - INVESTIMENTO DIRECTO ANGOLA EM PORTUGAL, POR SECTORES DE ACTIVIDADE (EM MILHÕES DE

EUR)

2009 2010

Inv. Desinv. Inv. Desinv.

Act. Consultoria, científicas e técnicas e act. Administrativas e dos serviços de apoio

2,9 0,0 7,9 0,1

Actividades de informação e de comunicação 0,0 0,0 0,0 0,0

Actividades imobiliárias 42,9 0,0 3,2 0,0

Agricultura, produção animal, caça, floresta, pesca e indústrias extractivas

0,1 0,0 0,2 0,0

Comércio; repara. veículos automóveis; transp. e armaz.; alojamento, restauração

17,5 0,2 0,2 0,2

Construção 4,5 0,0 0,8 1,8

Indústrias transformadoras 0,1 0,0 0,1 0,0

Intermediação monetária 46,0 0,2 17,9 0,1

Outras actividades 2,1 0,0 14,9 0,1

TOTAL 116,0 0,5 45,2 2,2

Fonte: Banco de Portugal

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3.7 PARCEIROS COMERCIAIS, DE INVESTIMENTO E POLÍTICO-INSTITUCIONAIS

As parcerias – sejam a nível comercial de investimento ou no domínio político-institucional –

revelam-se sempre de extrema importância para o desenvolvimento de uma nação.

Neste ponto, iremos detalhar a rede de parceiros que Angola possui nestes três domínios,

visando perceber a dimensão internacional que Angola assume no panorama mundial.

COMÉRCIO

Dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística Angolano indicam que o volume de

exportações decorridos entre o terceiro trimestre de 2011 e o período homólogo de 2010,

aumentaram em, aproximadamente, 28,7%, cifrando-se num total de 17.302 milhões USD.

China e Estados Unidos da América mantiveram-se enquanto os dois clientes mais importantes,

respectivamente, tendo-se registado uma alteração no que concerne o terceiro cliente mais

relevante. Se no terceiro trimestre de 2010 era o Canadá que assumia esse lugar, no mesmo

período de 2010 passou a ser a Índia.

Merece ainda realce o aumento (1.200%) significativo registado no volume de exportações

angolanas com destino a Itália.

FIGURA 15 - EXPORTAÇÕES ANGOLANAS, POR DESTINO - III TRIMESTRE 2011

Fonte: Instituto Nacional de Estatística de Angola

Estados Unidos da América

2.777 Milhões USD – 16,1%

Canadá 1.397 Milhões

USD – 8,1%

China 6.188 Milhões USD – 35,8%

Índia 1.871 Milhões USD – 10,8%

Taiwan 1.306 Milhões

USD – 7,5%

Itália 892 Milhões USD

– 5,2%

França 521 Milhões USD

– 3,0%

Angola

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Relativamente aos fluxos de importação, e atendendo aos dados publicados pelo Instituto

Nacional de Estatística de Angola, o fluxo registou uma diminuição importante – 16,4% -, entre

o período anteriormente referido. Assim, no terceiro trimestre de 2011 o total das importações

ascendeu aos 4.384 milhões USD.

Entre o período de análise, Portugal passou da 2ª para a 1ª posição no que aos fornecedores diz

respeito, representando 19,9% do total das importações angolanas. Esta subida no ranking de

fornecedores ficou a dever-se a um aumento de 226,3 milhões USD ao nível das importações

com origem em Portugal.

A relação de proximidade crescente entre Angola e China traduz-se, também, no aumento que

se verificou no fluxo de importações entre ambos – 72 milhões USD. O incremento da aposta nas

importações com origem na China e a diminuição nos valores da parceria com outros países

conduziu a que este país asiático seja o segundo principal fornecedor angolano.

A fechar o pódio encontra-se um país que, em 2010, se apresentava enquanto principal

fornecedor de Angola, a Holanda. Quando comparados os dois trimestres homólogos, percebe-

se a diminuição de mais de 50% no volume de importações, passando de 930 milhões USD para

um volume de 432 milhões USD.

FIGURA 16 - IMPORTAÇÕES ANGOLANAS, POR DESTINO - III TRIMESTRE 2011

Fonte: Instituto Nacional de Estatística de Angola

Angola

Estados Unidos da América

336,5 Milhões USD – 7,7%

Portugal 831,1 Milhões USD – 19,9%

China 471,0 Milhões USD – 10,7%

Holanda 432,3 Milhões

USD – 9,8% França

145,9 Milhões USD – 3,3%

Reino Unido 139,3 Milhões

USD – 3,2%

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40

INVESTIMENTO

Angola cota-se como um dos países mais ricos da região subsariana no que diz respeito aos

recursos minerais e a outros recursos naturais.

Dados de 2010 revelam que Angola foi o país africano de língua oficial portuguesa que mais

investimento directo estrangeiro (IDE) recebeu. Apesar disso, estes fluxos baixaram cerca de

15% em relação ao ano transacto. De acordo com o “World Investment Report 2011” da agência

das Nações Unidas para o Comércio e Investimento (UNCTAD), o IDE em Angola passou dos 11,6

mil milhões de dólares (aproximadamente 8,044 mil milhões de euros) em 2009, para os 9,9 mil

milhões de dólares (6,852 mil milhões de euros) no ano seguinte.

Comparando com os restantes países do Sul de África, percebemos a importância de Angola

nesta região do globo. Em 2010, o fluxo de IDE em Angola registou quase o dobro do total do

IDE de todos os restantes países considerados como um todo.

TABELA 11 – FLUXOS DE ENTRADA DE INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO (EM MILHÕES DE USD)

IDE (fluxo de entrada) 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Países do Sul de África

- Angola 6.794 9.064 9.796 16.581 11.672 9.942

- Botswana 279 486 495 528 579 529

- Lesoto 57 89 97 56 48 55

- Malawi 52 72 92 9 60 140

- Moçambique 108 154 427 592 893 789

- Namíbia 348 387 733 720 516 858

- África do Sul 6.647 -527 5.695 9.006 5.365 1.553

- Suazilândia -46 121 37 106 66 93

- Zâmbia 357 616 1.324 939 695 1.041

- Zimbabwe 103 40 69 52 105 105

Fonte: World Investment Report 2011

Apesar da contracção em termos absoluto que se registou no último ano, estes valores

equivalem a 200,9% do total da formação bruta de capital fixa (FBCF) em 2009, e 221,8% em

2010 o que traduz a importância do IDE que Angola recebe. Na verdade, os valores tornam-se

ainda mais significativos quando comparados com o de outros países uma vez que o fluxo de IDE

em Angola é:

Maior que o da Itália;

6,8 vezes maior que o registado em Portugal;

Superior ao da Argentina;

Mais elevado que o da Malásia, uma economia emergente.

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No que concerne o fluxo de investimento de Angola em direcção a outros destinos, é possível

constatar o aumento que ocorreu no período que decorreu entre 2009 e 2010. Assim, neste

último ano de análise, foram investidos a nível global 1.163 milhões de USD com origem em

Angola. Voltando a enquadrar Angola no contexto dos países que compõem o sul do continente

africano, destaca-se, mais uma vez, o papel de relevo que desempenha já que apresenta os

valores mais elevados.

TABELA 12 – FLUXOS DE SAÍDA DE INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO (EM MILHÕES DE USD)

IDE (fluxo de saída) 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Países do Sul de África

- Angola 221 194 912 2.570 8 1.163

- Botswana 56 50 51 -91 -65 -38

- Lesoto - - - - - -

- Malawi 1 1 1 35 1 1

- Moçambique 0 0 -0 -0 -3 1

- Namíbia -13 -12 3 5 -3 -4

- África do Sul 930 6.063 2.966 -.134 1.151 450

- Suazilândia 21 1 -23 8 -7 8

- Zâmbia - - 86 - 270 289

- Zimbabwe 1 0 3 8 20 15

Fonte: World Investment Report 2011

Ainda que no contexto de algumas economias desenvolvidas e de alguns países emergentes o

fluxo de investimento directo para o estrangeiro não seja muito elevado, Angola apresenta-se

como o país africano que mais dinheiro investiu em países externos em 2010. Para além desta

nota, salienta-se o facto de ter conseguido manter a tendência de investimento, ao contrário

de Portugal que registou um desinvestimento que conduziu a um investimento líquido negativo

de 8.608 milhões USD.

POLÍTICO-INSTITUCIONAIS

Para além dos parceiros políticos e institucionais com os quais Angola mantém contacto,

importa igualmente perceber as organizações nas quais o país se encontra inserido e que

conduzem a um estreitar de relações com alguns países.

Organização

Países Participantes

Organização das Nações Unidas 192 países, incluindo Angola

Organização Mundial do Comércio 153 países, incluindo Angola

Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral

África do Sul, Angola, Botswana, Ilhas Maurícias, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo,

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Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué

Banco Africano de Desenvolvimento 53 países africanos, incluindo Angola

União Africana 52 países, incluindo Angola

Organização dos Países Exportadores de Petróleo Angola, Argélia, Líbia, Nigéria, Venezuela, Equador, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque, Kuwait, Catar

Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento

194 países, incluindo Angola

Fundo Monetário Internacional 185 países, incluindo Angola

Organização Mundial de Saúde 193 países, incluindo Angola

Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa

Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste (enquanto membros); Guiné Equatorial, Maurícia e Senegal (enquanto observadores)

Fonte: AICEP Portugal

3.8 CONDIÇÕES LEGAIS DE ACESSO AO MERCADO

REGIME DE IMPORTAÇÃO

1º QUAIS AS RESTRIÇÕES ÀS EXPORTAÇÕES PARA ANGOLA?

No âmbito do processo de simplificação e modernização dos procedimentos na área do

comércio externo, as autoridades angolanas aprovaram em 2006, um novo regime jurídico que

passou a dispensar a Inspecção Pré-Embarque obrigatória das mercadorias exportadas para o

país. Todavia, é possível a Inspecção Pré-Embarque facultativa, mantendo-se a obrigatoriedade

de inspecção em determinados produtos. Deste modo, a inspecção de mercadorias poderá

revestir as seguintes modalidades:

Inspecção Pré-Embarque Facultativa: os importadores que assim o entendem podem,

voluntariamente, realizar a Inspecção Pré-Embarque das mercadorias;

Inspecção Pré-Embarque Obrigatória: estão sujeitas a Inspecção obrigatória as

mercadorias descritas mais à frente e as mercadorias que vierem a ser definidas por

decreto executivo conjunto dos Ministros das Finanças, da Agricultura e

Desenvolvimento Rural, da Saúde, do Comércio, das Pescas e da Indústria. Entre as

mercadorias sujeitas a este tipo de inspecção estão as seguintes:

o Animais vivos; carnes; peixes e crustáceos; leite e lacticínios; plantas vivas;

produtos hortícolas e plantas; frutas; café, chá, malte e especiarias; produtos

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da indústria de moagem; açúcares e produtos de confeitaria; sementes e frutos

oleaginosos; gorduras e óleos animais e vegetais; preparações de carne, de

peixe ou de crustáceos; açúcares e produtos de confeitaria; cacau e suas

preparações; preparações alimentares diversas; bebidas, líquidos alcoólicos e

vinagres; tabaco e seus sucedâneos; combustíveis minerais; produtos químicos

inorgânicos e orgânicos; produtos farmacêuticos; adubos ou fertilizantes;

motores e equipamentos usados; veículos usados; e brinquedos.

Inspecção Local: as entidades públicas competentes (sanitárias, policiais e

alfandegárias) podem determinar a realização da inspecção local de mercadorias

importadas para Angola, sendo que esta modalidade pode também ser solicitada pelos

respectivos importadores.

2º QUAIS OS IMPOSTOS A SUPORTAR?

A pauta aduaneira de Angola tem por base o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação

de Mercadorias (SH). Desde Setembro de 2008 que entrou em vigor uma nova pauta onde se

estipula a isenção de pagamento de impostos sobre a importação de matérias-primas, de bens

de equipamentos e bens intermédios para a indústria, bem como uma redução das taxas sobre

58 categorias de bens básicos. Registou-se igualmente um acréscimo das tarifas em 33

categorias de produtos variados.

Relativamente aos direitos “ad valorem”, a taxa máxima dos produtos importados mantém-se

nos 30% (por exemplo nos produtos de joalharia) e a mínima nos 2% (ex: cereais).

Acrescendo às imposições alfandegárias, importa considerar a imposição do pagamento de

outros impostos como:

Imposto de Consumo - é calculado sobre o valor CIF e varia entre 2% e 30% conforme o

produto a considerar; todavia, a maioria dos produtos está sujeita a uma taxa de 10%;

Imposto de Selo – que corresponde a 0,5% “ad valorem” sobre o valor CIF;

Emolumentos Gerais Aduaneiros – 2% “ad valorem” sobre o valor CIF;

Honorários dos Despachantes – variam entre 1% a 4% sobre o valor CIF da mercadoria.

3º QUAL O QUADRO LEGAL QUE REGULA O REGIME DE IMPORTAÇÃO?

Rectificação do Decreto-Lei n.º 2/2008, de 26 de Setembro – Rectifica a Pauta

Aduaneira dos Direitos de Importação e Exportação.

Decreto n.º 2/2008, de 4 de Agosto – Aprova a Pauta Aduaneira dos Direitos de

Importação e Exportação.

Despacho n.º 45/2008, de 29 de Janeiro – Estabelece Normas Complementares em

Matéria de Inspecção Pré-Embarque.

Resolução n.º 91/2007, de 1 de Outubro – Aprova o Plano Estratégico das Alfândegas

para o período de 2007-2112.

Decreto-Lei n.º 5/2006, de 4 de Outubro – Aprova o Código Aduaneiro.

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Decreto Executivo n.º 124/2006, de 11 de Setembro – Aprova as normas

complementares e os procedimentos relevantes que garantam a efectiva aplicação do

Regulamento de Inspecção Pré-Embarque.

Despacho do Ministro das Finanças n.º 404/2006, de 11 de Setembro – Aprova o

Regulamento de Licenciamento das Entidades de Inspecção.

Decreto Executivo n.º 117/2006, de 11 de Agosto – Define e ajusta a fórmula de

declaração de despacho aduaneiro de mercadorias designada por «Documento Único»

(DU).

Decreto n.º 41/2006, de 17 de Julho – Aprova o Regulamento de Inspecção Pré-

Embarque (REGIPE).

Resolução n.º 82/2005, de 19 de Dezembro – Sobre a revisão do Regime Jurídico de

Inspecção Pré-Embarque.

REGIME DE INVESTIMENTO ESTRANGEIRO

4º QUE TIPO DE INSTRUMENTOS DE APOIO PODE BENEFICIAR?

Para os investimentos estrangeiros, o Estado Angolano garante o repatriamento dos dividendos,

lucros, do produto da liquidação de investimentos, incluindo as mais-valias, após constituídas

as reservas legais e estatuárias e liquidados os impostos devidos.

O Governo definiu um conjunto de sectores prioritários para o investimento externo e é com

base nessa listagem de prioridades, que são atribuídos um conjunto de incentivos e benefícios

fiscais e financeiros.

Dos incentivos e benefícios considerados destacam-se, entre outros:

Redução ou isenção de imposto industrial sobre lucros;

Redução da matéria colectável de acordo com o tipo de despesa;

Isenção de imposto sobre lucros distribuídos aos sócios;

Pagamento de direitos aduaneiros na importação de determinado tipo de bens.

5º QUAIS AS ORGANIZAÇÕES/BANCOS A QUEM ME POSSO DIRIGIR PARA INFORMAÇÕES E FINANCIAMENTO?

São várias as organizações/bancos aos quais o investidor se pode dirigir, entre os quais:

Embaixada de Portugal em Luanda Av. de Portugal, 50 C.P. 1346 – Luanda Tel.: 244-222-333 027 / 443 | Fax: 244-222-390 392 E-mail: [email protected]

Serviços Comerciais e de Investimento da Embaixada de Portugal Avenida de Portugal, 50 C.P. 1319 Luanda

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Tel.: 00-244-222-33 14 85 / 33 6037 / 33 9032 / 33 6470 | Fax: 00-244-222-33 05 29 E-mail: [email protected]

Consulado-Geral de Portugal em Luanda Av. de Portugal, 50 C.P. 1346 – Luanda Tel.: 244-222 3334 35/43 | Fax: 244-222-333 656 E-mail: [email protected]

Ministério do Comércio Av. 4 de Fevereiro Luanda Tel.: 244-222-310 626 | Fax: 244-222-310 335 E-mail: [email protected] | http://www.angola-portal.ao/MINCO

Ministério das Finanças Av. 4 de Fevereiro Luanda Tel.: 244-222 33 85 40/1 | Fax: 244-222 33 85 48 http://www.angola-portal.ao/MINFIN

Ministério das Relações Exteriores Rua Major Kanhangulo Luanda Tel.: 244-222 39 74 90 E-mail: [email protected] | http://www.angola-portal.ao/MIREX

Banco Nacional de Angola (BNA) Av. 4 de Fevereiro, 151 C.P. 1243 – Luanda E-mail: [email protected] e [email protected] | http://www.bna.ao

Câmara de Comércio e Indústria de Angola (CCIA) Largo do Kinaxixi, 14 – 1º C.P. 92 – Luanda Tel.: 244-222 5213 | Fax: 244-222-444 629 E-mail: [email protected] | http://www.ccia.ebonet.net

Câmara de Comércio e Indústria Portugal – Angola (CCIPA) Rua Major Kanhangulo, 290 – Edif. Monumental – 1º D Luanda Tel.: 244-924 918 149 E-mail: [email protected] | http://www.cciportugal-angola.pt

Agência Nacional de Investimento Privado (ANIP) Rua Cerqueira Lukoki, 25 – 9º C.P. 594 – Luanda Tel.: 244-222-331 252 / 391 434 | Fax: 244-222-393 381 / 833 E-mail: [email protected] | http://www.investinangola.org

Guichet Único da Empresa (GUE) Largo António Correia de Freitas – Av. Marginal, 120 – r/c

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Luanda Tel.: 244-222 37 06 76 / 222 37 22 93 / 222 37 17 37 | Fax: 244-222 37 26 35 http://gue.minjus-ao.com

Cotecna Serviços Angola Limitada Porto de Luanda – Terminal II Prédio Boavista Rua da Cercania do Porto de Luanda, 1778 Luanda Tel.: 244-226 390 842 / 430 040 | Fax: 244-226-430 042 / 222-311 883 E-mail: [email protected] | http://www.cotecna.com

Sociedade Geral de Superintendência, Lda. (SGS) Rua da Liberdade, 94 – r/c – Vila Alice Luanda Tel.: 244-222-261 070 / 261 292 | Fax: 244-222-261 292 http://www.sgs.com

Delegação da União Europeia Rua Rainha Ginga, 41/45 – 3º e 4º C.P. 2669 – Luanda Tel.: 244-222-391 339 / 393 038 / 391 277 | Fax: 244-222-392 531 /390 825 E-mail: [email protected] | http://www.delago.ec.europa.eu/ao

Agência Nacional para o Investimento Privado - http://www.anip.co.ao/

Banco Espírito Santo Angola - http://www.besa.ao/

Banco Caixa Geral Totta de Angola – www.cgd.pt

Banco Millenium Angola – www.milleniumangola.ao

Banco Fomento Angola – www.bfa.ao

SOFID - Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento Instituição Financeira de

Crédito, S.A – www.sofid.pt

Portal das Empresas – Governo de Angola - http://www.angolanainternet.ao/

6º QUAIS AS RESTRIÇÕES À INICIATIVA PRIVADA?

Estão vedadas ao investidor estrangeiro as áreas da defesa, segurança e ordem interna, a

actividade bancária no que se refere às funções de banco emissor e outros sectores que, por

lei, são considerados reserva absoluta do Estado. Todavia, existem sectores e zonas definidas

pelo Governo como prioritárias e que, consequentemente, beneficiam fiscalmente os

investidores. Os sectores classificados como prioritários são:

Agro-pecuária;

Indústria transformadora;

Pesca;

Construção civil;

Saúde e educação;

Transportes e respectivas infra-estruturas.

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Por outro lado, as zonas de desenvolvimento referenciadas são:

Província de Luanda e municípios sede das províncias de Benguela, Huíla e Cabinda;

Restantes municípios das províncias de Benguela, Cabinda e Huíla, e províncias do

Kwanza Sul Bengo, Uíge, Kwanza Norte, Luanda Norte, Luanda Sul e Zaire;

Províncias do Huambo, Bié, Moxico, Kuando-Kubango, Cunene, Namibe e Malange.

7º O QUE DEVO FAZER PARA INVESTIR EM ANGOLA?

O investimento estrangeiro pode ser realizado, isolada ou cumulativamente, através das

seguintes formas:

Transferência de fundos provenientes do exterior;

Aplicação de disponibilidades, em moeda externa, nas contas bancárias pertencentes a

não residentes;

Importação de equipamentos, acessórios e materiais;

Incorporação de tecnologia.

De referir que só são abrangidos pelo regime em apreço os projectos que atinjam um valor

mínimo de USD 100.000 (no caso de capital externo), sendo os restantes casos regulados por

legislação própria.

Existem 2 regimes processuais de apresentação de projectos de investimento:

Regime de Declaração Prévia – quando se trate de investimentos entre USD 100 mil e 5

milhões, a proposta é apresentado à Agência Nacional de Investimento Privado (ANIP);

Regime Contratual – para investimentos de valor superior a USD 5 milhões;

independentemente do valor, em áreas sujeitas a concessão temporária, ou quando

exista a obrigatoriedade de participação do sector empresarial público. No caso de

regime contratual, compete ao Conselho de Ministros a aprovação dos projectos.

As propostas de investimento, elaboradas em formulário próprio, deverão ser apresentadas à

Agência Nacional de Investimento Privado. Este organismo tem a seu cargo a execução, a

coordenação, a orientação e a supervisão dos projectos de investimento.

8º QUAL O QUADRO LEGAL QUE REGULA O REGIME DE INVESTIMENTO ESTRANGEIRO?

Decreto Executivo n.º 216/2008, de 1 de Outubro – Cria a Incubadora de de Empresas e

Aprova o seu Estatuto Orgânico.

Resolução n.º 109/2007, de 28 de Dezembro – Actualiza o Programa de Investimento

Público para o Biénio 2007-2008.

Lei n.º 2/2007, de 31 de Agosto – Regula a situação jurídica dos estrangeiros na

República de Angola.

Lei n.º 1/2007, de 14 de Maio – Define o regime jurídico das actividades comerciais.

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Decreto n.º 44/2005, de 6 de Julho – Aprova o Regulamento de Licenciamento

Industrial.

Lei n.º 9/2004, de 9 de Novembro – Das Terras.

Lei n.º 5/2004, de 7 de Setembro – Estabelece o quadro jurídico das Actividades

Industriais.

Resolução n.º 18/2004, de 23 de Julho – Aprova o programa e as acções para a

implementação da estratégia do Governo para as tecnologias da informação, no

período 2000-2010.

Lei n.º 1/2004, de 13 de Fevereiro – Estabelece o quadro legal das sociedades

comerciais.

Lei n.º 17/2003, de 25 de Julho – Sobre os incentivos fiscais e aduaneiros ao

investimento privado.

Lei n.º 14/2003, de 18 de Julho – Relativa ao fomento do empresariado privado

angolano.

Decreto n.º 44/2003, de 4 de Julho – Cria a Agência Nacional para o Investimento

Privado (ANIP).

Lei n.º 11/2003, de 13 de Maio – Define as bases legais do Investimento Privado em

Angola.

Lei n.º 5/2002, de 16 de Abril – Estabelece a delimitação de Sectores da Actividade

Económica.

Para mais informação, pode consultar a legislação angolana no site – http://www.angolegal.com

9º ACORDO RELEVANTES

Decreto n.º 6/2008, de 26 de Março – Aprova o Acordo de Cooperação Científica e

Tecnológica entre Portugal e Angola (não está em vigor).

Decreto n.º 26/2006, de 14 de Dezembro – Aprova o Acordo de Cooperação no Domínio

do Turismo, entre Portugal e Angola (em vigor desde 12 de Dezembro de 2007).

Decreto n.º 48/98, de 17 de Dezembro – Aprova o Acordo Sobre Promoção e Protecção

de Investimentos, entre Portugal e Angola (não está em vigor).

Para mais informação legislativa sobre mercados externos, consultar:

http://www.portugalnews.pt/juris/matriz.asp

http://www.portugalglobal.pt/PT/Internacionalizar/SobreMercadosExternos/Paginas/SobreMer

cadosExternos.aspx

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3.9 SÍNTESE ESTRATÉGICA

Prós Contras

- Economia diversificada e em crescimento, gerando oportunidades de crescimento em vários sectores;

- Reduzido nível de transparência;

- Boas margens em alguns negócios; - Mão-de-obra pouco qualificada;

- Proximidade linguística; - Dificuldades na repatriação de lucros;

- Existência de vastos recursos naturais; - Infra-estruturas em fracas condições;

- Grande expansão do sector petrolífero e diamantífero que proporciona elevada riqueza ao país;

- Obstáculos no desalfandegamento das mercadorias;

- A estratégia de diversificação da actividade económica, através da dinamização dos sectores não-petrolíferos.

- Dificuldade na obtenção de vistos de trabalho para os colaboradores;

- Economia a ser reindustrializada com previsão de criação de 11 pólos industriais com recurso a investimento estrangeiro e em parceria público-privada;

- Falta de regulamentação adequada;

- Dinamismo do sector bancário e expansão do crédito;

- Aumento de impostos expectável para o ano de 2012, com possibilidade de efeitos retroactivos;

- Investimento público avultado;

- Elevado custo do investimento inicial: a nova lei obriga ao investimento mínimo de USD 1 milhão; os projectos de montante abaixo do referido, embora viáveis, não estão sujeitos à Lei n.º 20/2011, não podendo, portanto, aceder aos benefícios aí previstos;

- Reconhecimento da alta qualidade das soluções técnicas portuguesas;

- Existência de alguns “custos invisíveis”, por vezes cruciais para abrir e desenvolver actividade;

- Forte crescimento da actividade bancária e presença sólida dos bancos portugueses, alavancando o crédito;

- Reduzido poder de compra da maioria da população;

- Existência de ligação rodoviária entre todas as principais capitais de província;

- Custo de vida elevado nas cidades com maior dinamismo empresarial (em 2010, Luanda foi considerada a cidade mais cara do mundo).

- Crescimento populacional de 3% ao ano, em média. As previsões apontam para que, em 2030, seja o dobro da actual população.

- Forte dependência da importação de petróleo;

- Dificuldades nos pagamentos do Estado às empresas.

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ESTUDO DE

OPORTUNIDADES DE

NEGÓCIO

PARTE

II

BASE PARA IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES RELEVANTES DE NEGÓCIO

PARA PME NACIONAIS.

PARTE I: Enquadra

1.INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento: 1.2 Objectivos do estudo 1.3 Estrutura do estudo

2.UMA VISÃO GLOBAL

2.1 O Mundo em números 2.2 Tendências globais 2.3 O salto subsariano?

3. ANGOLA: CRESCIMENTO ACENTUADO 3.1 Indicadores Chave 3.2 Perfil Geral 3.3 Situação Económica 3.4 Caracterização do tecido empresarial

3.5 Estádio de Desenvolvimento e Índice de Competitividade

3.6 Relações bilaterais Portugal/Angola

3.7 Parceiros comerciais, de investimento e político-institucionais

3.8 Condições Legais de Acesso ao Mercado

3.9 Síntese Estratégica

4. DESPISTE DE OPORTUNIDADES

4.1 Oportunidades de negócio no mercado angolano

5. UMA VISÃO PRÁTICA SOBRE OS NEGÓCIOS EM ANGOLA 5.1 Como desenvolver negócios 5.2 Cultura de negócios 5.3 Dez dicas práticas para vender e investir em Angola

5.4 O que é importante ter em conta numa relação negocial com o mercado angolano

5.5 Tributação em Angola 5.6 Angola na voz de outros

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4. DESPISTE DE OPORTUNIDADES

4.1 OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO NO MERCADO ANGOLANO Tal como todo o continente africano, Angola atravessa um período de contraciclo em relação a

grande parte das economias mundiais. Contrariamente a diversas economias desenvolvidas que

estão a viver uma fase menos positiva, Angola possui, no cenário mundial, um potencial

excelente para a realização de negócios.

Está localizada numa das regiões mais dinâmicas da economia mundial e com grande potencial

de aceitação de bens e serviços diversos, vivendo uma fase de reestruturação, com intensa

procura por produtos, serviços e investimentos.

Embora com as suas limitações e contrariedades, tem uma série de oportunidades que já têm

vindo a ser exploradas por várias empresas e que, no futuro, poderão continuar a ser

aproveitadas. Em ano de eleições (Setembro de 2012), essas oportunidades parecem ser ainda

maiores, uma vez que os vários ministérios, governos provinciais e demais organismos estatais

estão financeiramente dotados para apostar em projectos com visibilidade reconhecida.

Apesar de ser uma natural vantagem face a outros concorrentes no mesmo mercado, a língua

portuguesa não deve ser encarada enquanto garante de sucesso. Na verdade, a dimensão

cultural entre Portugal e Angola apresenta óbvias diferenças que podem condicionar o êxito do

investimento português no país. Só com a correcta avaliação de todas as dimensões que estão

subjacentes a um processo de investimento externo ou de exportação, será possível caminhar

no sentido do êxito. De facto, a entrada no mercado angolano não pode ser vista como uma

oportunidade de curto prazo e, assim, as empresas que o pretendam fazer deverão ter

projectos viáveis de médio/longo prazo, arranjar parceiros credíveis e capacidade para

investir.

É numa lógica integrada que o mercado africano, e mais concretamente o mercado angolano,

deverá ser perspectivado. Cabe aos empresários portugueses saber aproveitar as oportunidades

que possam surgir neste grande mercado.

Aqui fica uma listagem das grandes oportunidades de investimento que, actualmente, se

podem identificar neste mercado:

PETRÓLEO

Em Angola, o crescimento da economia está quase todo suportado na produção de petróleo,

continuando este a ser o principal motor do país. O controlo do sector petrolífero é,

actualmente, assegurado por um grupo multinacional detido pelo Governo angolano, sendo que

as empresas norte-americanas representam mais de metade do investimento em Angola.

Neste contexto, importa sublinhar as oportunidades que surgem de novas indústrias a montante

– fertilizantes e plásticos.

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AGRICULTURA E PESCAS

O território angolano contém recursos naturais na agricultura, na silvicultura e nas pescas.

Estes são sectores considerados prioritários por parte da ANIP – Agência Nacional para o

Investimento Privado em Angola.

Apesar das boas condições naturais que apresenta, devido às chuvas irregulares, à falta de

melhores instalações e infra-estruturas para actividades agrícolas, bem como à falta de

indústrias, o sector agrícola apresenta grandes debilidades estruturais, ainda que tenha imenso

potencial.

Assim, graças à sua extensa rede hidrográfica, ao ambiente diversificado e às imensas terras

cultiváveis, Angola tem um enorme potencial para a produção de culturas tropicais e

subtropicais. Entre outras oportunidades, estão as seguintes: terra, água e clima; cultivo de

vegetais, frutas, cereais, algodão, oleaginosas, entre outras.

No domínio das pescas, importa sublinhar que Angola conta com enormes recursos numa costa

de 1.300km e 200 milhas.

Entre os projectos de grande impacto no curto e médio prazo:

Vários perímetros irrigados para concessões a privados nacionais e estrangeiros;

Possibilidades para biogás e açúcar;

Retorno à produção de algodão e unidades têxteis (3 novas fábricas).

CONSTRUÇÃO E INFRA-ESTRUTURAS

Ao longo dos últimos anos, o país sofreu um período de guerra que provocou uma degradação

em todas as suas infra-estruturas. Atendendo a este cenário, o Governo angolano tem

desenvolvido um esforço no sentido de as reconstruir progressivamente uma vez que apresenta

grandes lacunas neste domínio.

Subsistem grandes carências, nomeadamente no que diz respeito a estradas, ferrovias, pontes,

aeroportos, escolas, hospitais e habitações. À semelhança do sector de agricultura e pescas,

este é outro dos sectores considerados prioritários pela ANIP. Entre as infra-estruturas que a

própria Agência cita como prioritárias estão as rodoviárias, as ferroviárias, as portuárias e as

aeroportuárias.

Em termos concretos, prevêem-se levar a cabo os seguintes projectos de grande impacto no

curto e médio prazo:

Estradas:

o Mais de 2.500 km;

o Investimentos de melhoria nas rotas Namíbia/RSA e Norte de Angola/RDC;

o A primeira auto-estrada em direcção à Namíbia/África do Sul.

Comunicações:

o Maior eficiência em 2012 com satélite próprio;

o Conclusão das linhas de fibra óptica;

o Satélite de exploração mineral;

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Energia:

o 75 micro hidroeléctricas;

o 200 mil barris de petróleo/dia para projectos;

Caminhos-de-ferro:

o Conclusão de Benguela em 2012 com acesso a RDC e Zâmbia e destinado

também à logística das regiões diamantíferas das Lundas;

Portos:

o Novo Porto de Luanda (Barra do Dande);

o Novo Porto de Cabinda;

o Expansão do Lobito;

o Expansão do Namíbe;

o Portões marítimos de Luanda para navegação de cabotagem.

Novos aeroportos:

o Conclusão de Luanda;

o Conclusão de Catumbela (Benguela)

Programa “1 Milhão de casas”

SERVIÇOS DIVERSOS

Embora o mercado angolano em geral tenha vindo a assumir uma cadência de crescimento e

um caminho claramente ascendente, ainda persistem sérias carências em alguns domínios,

nomeadamente:

Educação e formação: o estabelecimento da paz em Angola é relativamente recente e,

nos períodos de guerra, um dos pilares que mais sofreu foi o da educação e formação,

registando uma crónica falta de investimento e de recursos humanos. Face a estas

condicionantes, é natural que o mercado angolano apresente dificuldades que, em

alguns casos, são significativos e condicionantes;

Transportes comerciais e públicos e distribuição;

Consultoria;

Hotelaria e restauração;

Novas tecnologias de informação e comunicação;

BANCA E SEGUROS

O sistema financeiro em Angola é ainda muito recente. No entanto, já conta com uma forte

presença portuguesa dos principais bancos nacionais. O facto de ser algo relativamente recente

reflecte-se na percentagem da população que tem uma conta bancária – dados de 2009

indicavam que apenas 5% do povo angolano possuía conta bancária.

SECTOR MINEIRO

Angola é um país conhecido pela riqueza dos seus recursos naturais. É fonte de pedras

preciosas de qualidade reconhecida a nível mundial e Luanda é uma das mais importantes e

prósperas regiões produtoras de diamantes do mundo. A produção de diamantes atingiu, em

2007, cerca de 9,7 milhões de quilates.

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Estudos recentes apontam para que o subsolo angolano contenha 36 dos 45 minerais mais

importantes no comércio mundial, traduzindo bem a riqueza do mercado angolano. Possui

grandes recursos, muitos ainda não conhecidos e não explorados como o ferro, o manganês, o

ouro, o calcário, os fosfatos, os mármores e o granito.

BENS DE CONSUMO

Devido às fortes carências que algumas indústrias ainda apresentam, as importações continuam

a ter forte representatividade na economia angolana, nomeadamente no que concerne aos

géneros alimentícios. O país importa uma porção significativa das suas necessidades

alimentares e é precisamente isso que o Governo pretende contrariar, incentivando o sector

agrícola angolano a diminuir a dependência das importações alimentares.

Os investimentos em supermercados e alimentos são extremamente necessários.

TURISMO

Angola oferece uma diversidade paisagística que lhe permite ser um país com um enorme

potencial no que diz respeito a este sector. Existem várias alternativas de turismo tais como

praias, rios e montanhas, oferecendo todos os tipos de pesca, caça e parques naturais.

No entanto, apesar do potencial que possui, existem centenas de hotéis localizados em Angola

a necessitar de obras de restauração ou reconstrução, sendo ainda a promoção do turismo

fortemente prejudicada devido à falta de infra-estruturas adequadas.

SECTORES GOVERNAMENTAIS

É da exclusiva responsabilidade do Governo de Angola o desenvolvimento e a manutenção das

seguintes áreas de investimento:

Produção, distribuição e venda de equipamento militar;

Banco Central e assuntos ligados à moeda nacional;

Propriedade e administração de estruturas portuárias e aeroportuárias.

O Governo de Angola assume ainda uma participação maioritária em projectos de infra-

estrutura ligados à rede de telecomunicações e em serviços postais.

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ASPECTOS PRÁTICOS DE

NEGÓCIO

PARTE

III

PRETENDE-SE FORNECER UM CONJUNTO DE INFORMAÇÕES ÚTEIS E

PRÁTICAS, CAPAZES DE FACILITAR O DESENVOLVIMENTO DE NEGÓCIOS EM

ANGOLA. VISA AUMENTAR O CONHECIMENTO EM DIMENSÕES POR VEZES

DESCONSIDERADAS MAS QUE ASSUME GRANDE RELEVÂNCIA NUM PROCESSO

DE INTERNACIONALIZAÇÃO.

PARTE I: Enquadra

1.INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento: 1.2 Objectivos do estudo 1.3 Estrutura do estudo

2.UMA VISÃO GLOBAL

2.1 O Mundo em números 2.2 Tendências globais 2.3 O salto subsariano?

3. ANGOLA: CRESCIMENTO ACENTUADO 3.1 Indicadores Chave 3.2 Perfil Geral 3.3 Situação Económica 3.4 Caracterização do tecido empresarial

3.5 Estádio de Desenvolvimento e Índice de Competitividade

3.6 Relações bilaterais Portugal/Angola

3.7 Parceiros comerciais, de investimento e político-institucionais

3.8 Condições Legais de Acesso ao Mercado

3.9 Síntese Estratégica

4. DESPISTE DE OPORTUNIDADES

4.1 Oportunidades de negócio no mercado angolano

5. UMA VISÃO PRÁTICA SOBRE OS NEGÓCIOS EM ANGOLA 5.1 Como desenvolver negócios 5.2 Cultura de negócios 5.3 Dez dicas práticas para vender e investir em Angola

5.4 O que é importante ter em conta numa relação negocial com o mercado angolano

5.5 Tributação em Angola 5.6 Angola na voz de outros

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5. UMA VISÃO PRÁTICA SOBRE OS NEGÓCIOS EM ANGOLA

5.1 COMO DESENVOLVER NEGÓCIOS

O relatório produzido pelo Banco Mundial intitulado de ”Doing Business 2012 - Angola” sobre o

desenvolvimento de negócios em Angola, coloca o país no lugar 172 no ranking mundial de

“Doing Business”, entre um total de 183 economias. Comparativamente a 2011, o país desceu 3

posições.

A posição actual resulta da posição de Angola nos seguintes indicadores:

TABELA 13 - POSIÇÃO DE ANGOLA NOS INDICADORES DE "DOING BUSINESS" (2012)

Indicador Posição em 2012

Iniciar negócio 167

Lidar com licenças de construção 115

Registo de propriedade 129

Obtenção de crédito 126

Protecção aos investidores 65

Pagamento de taxas 149

Comércio além-fronteiras 163

Cumprimento de contratos 181

Resolução de insolvência 160

Obter electricidade 120

Fonte: Doing Business in Angola, World Bank

Detalhando cada um destes indicadores, é possível perceber a evolução registada em Angola ao

longo dos dois últimos anos, bem como a sua posição relativa:

TABELA 14 - DETALHE DA POSIÇÃO ANGOLANA NOS VÁRIOS INDICADORES (2012)

Indicador Angola 2012 Angola 2011

Iniciar negócio 167 164

- Procedimentos (nº) 8 8

- Tempo (dias) 68 68

- Custo (% das receitas per capita) 118,9 163,0

Capital mínimo de entrada (% das receitas per capita) 25,3 28,7

Lidar com licenças de construção 115 119

- Procedimentos (nº) 11 11

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- Tempo (dias) 321 321

- Custo (% das receitas per capita) 180,3 259,0

Obter electricidade 120 125

- Procedimentos (nº) 8 8

- Tempo (dias) 48 48

- Custo (% das receitas per capita) 890,5 1.278,5

Registo de propriedade 129 174

- Procedimentos (nº) 7 7

- Tempo (dias) 184 184

- Custo (% das receitas per capita) 3,2 11,5

Obtenção de crédito 126 130

- Força do índice dos direitos legais (0-10) 3 3

- Profundidade do índice de informação de crédito (0-6) 4 3

- Cobertura de registo público (% de adultos) 2,4 2,4

- Cobertura de agências privadas (% de adultos) 0,0 0,0

Protecção aos investidores 65 60

- Índice de transparência (0-10) 5 5

- Índice de responsabilidade dos directores (0-10) 6 6

- Índice de accionistas adequados (0-10) 6 6

- Índice de força de protecção dos investidores (0-10) 5,7 5,7

Pagamento de taxas 149 145

- Pagamentos (nº por ano) 31 31

- Tempo (horas por ano) 282 282

Comércio além-fronteiras 163 162

- Documentos para exportar (nº) 11 11

- Tempo para exportar (dias) 48 52

- Custo para exportar (US$ por contentor) 1850 1850

- Documentos para importar (nº) 8 8

- Tempo para importar (dias) 45 49

- Custo para importar (US$ por contentor) 2690 2840

Resolução de contratos 181 181

- Tempo (dias) 1011 1011

- Custo (% de queixas) 44,4 44,4

- Procedimentos (nº) 46 46

Resolução de insolvência 160 155

- Tempo (anos) 6,2 6,2

- Custo (% da propriedade) 22 22

- Taxa de recuperação (centavos por dólar) 6,9 8,4

Fonte: Doing Business in Angola, World Bank

Os conflitos pelos quais o país passou durante longos anos, bem como o estado pouco

democrático no qual o país era governado, conduziram à perda de competitividade e, em

muitos casos, eficiência, em vários domínios. Tal situação está bem evidente nos indicadores

acima apresentados.

Num total de 183 países que englobam o estudo “Doing Business in Angola, 2011”, apenas num

indicador – protecção aos investidores – o país se encontra dentro da primeira metade. No

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sentido oposto, sublinha-se a dificuldade de resolver os contratos em tribunais já que, neste

domínio, ocupa o lugar 181 de 183. De acordo com o relatório, são necessários 46

procedimentos, 1.011 dias e um custo de 44,4% do valor da queixa para ver um contrato

cumprido com recurso aos tribunais. Nos últimos quatro anos, nada tem sido efectuado para

melhorar esta situação negativa. Detalhando o que anteriormente já foi exposto, percebe-se

como se desenrola todo este processo em Angola e o atraso que (ainda) possui relativamente a

outras regiões.

TABELA 15 – RESOLUÇÃO DE CONTRATOS: ANGOLA

Resolução de contratos Angola África Subsariana Custo mais elevado na OCDE

Tempo (dias) 1.011 654.80 518.03

Preenchimento e serviço 86

Julgamento 485

Execução da sentença 440

Custo (% da reclamação) 44.4 49.96 19.71

Custo do advogado (% da reclamação) 22.2

Custas de tribunal (% da reclamação) 22.2

Custos de execução (% da reclamação) 0

Procedimentos (número) 46 39.02 31.42

Fonte: Doing Business in Angola, World Bank

A dificuldade de iniciar actividade em Angola é outro dos pontos negativos que se destacam

desta análise. Segundo o relatório, são necessários 8 procedimentos e 68 dias para se iniciar

um negócio em Angola.

No esquema que se segue, evidencia-se o percurso que é necessário seguir para iniciar a

actividade empresarial em Angola.

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FIGURA 17 - INICIAR ACTIVIDADE EM ANGOLA: PROCEDIMENTOS E DIAS NECESSÁRIOS

Fonte: Doing Business in Angola - 2012, World Bank

5.2 CULTURA DE NEGÓCIOS

À semelhança do que acontece com os costumes, com a cultura, com as tradições e com a

própria organização territorial – que variam de país para país -, também no que concerne à

forma de negociar é importante atentar nas especificidades de cada mercado.

Assim, em Angola as negociações são, usualmente, realizadas num clima de elevada

informalidade que, todavia, não significa facilidade negocial. Ainda que haja uma grande

desconfiança inicial que se traduz em grandes exigências numa primeira fase, à medida que o

exportador for gerando confiança nos seus parceiros, as negociações tendem a ficar mais

suaves.

Uma vez que os angolanos importam quase tudo o que consomem, é importante levar para as

reuniões empresariais o maior número de informações possíveis quer da empresa, quer dos seus

produtos. Caso haja um comprovativo de certificação – do produto ou da empresa – será uma

mais-valia adicional. Estes factos tornam-se ainda mais relevantes se tivermos em consideração

1. Escolher o nome para a empresa e obter o certificado (1

dia) ;

Custo: AOA 500 + AOA 24,090

2. Despositar o capital inicial legalmente exigido e obter

evidência de pagamento. Pagar a taxa de registo. (1 dia);

Custo: sem custos

3. Verificar os documentos da empresa no Guichet Unico (1

dia);

Custos: as taxas estão incluídas na empresa

4. Obter o NIF no Guichet Unico (1 dia);

Custo: as taxas estão incluídas no próximo procedimento

5. Ir ao notário, registar a empresa e pagar as taxas de registo no Guichet

Unico (4 dias)

Custo: 25.000 AOA Taxas Guichet Unico + taxas de registo na

conservatória + 12000 AOA para o instituto das estatísticas + 20000

AOA custo fixo + 10 AOA segurança social + 132730 AOA taxas notário +

25595 AOA imposto

6. Obter a Licenças de Operações Comerciais por parte do Ministério do Comércio (60

dias)

Custo: 1,000 USD

7. Legalizar o inventário e os razões com a repartição de

finanças ( 1 dia, simultâneo com outra actividade)

Custo: 3 USD

8. Legalizar o inventário e os razões diários com o juiz do

tribunal provincial sobre a área da sede da empresa. (1 dia,

simultâneo com outra actividade)

Custo: 20 USD

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o facto de Angola ter um vasto conjunto de fornecedores e, como tal, ser extremamente

importante a diferenciação através da inovação, de estratégias de marketing, de

merchandising, entre outras. Neste contexto, folders e outros materiais impressos que

apresentem a empresa, as fotos da organização, entre outras, são muito bem aceites

localmente.

Embora haja semelhanças no que diz respeito ao idioma, Portugal e Angola são povos bastante

distintos nos mais variados aspectos, inclusivamente na forma de negociar. Assim, é importante

obedecer a um conjunto de requisitos fundamentais que contribuam para conquista a confiança

dos interlocutores:

Uso de fato, de preferência discreta mas com boa apresentação é muito importante

uma vez que o negociador sentir-se-á prestigiado;

Apresentações deverão ser informais e simpáticas, sendo o momento ideal para troca

de cartões (que deverão conter o máximo de informações possíveis);

Deixar clara a intenção e apresentar as informações da proposta de negócio de forma

isolada, por partes e de forma tranquila;

Utilizar pelo lado positivo o facto do povo angolano apreciar muito a cultura

portuguesa nos mais variados aspectos. Por outro lado, será importante recolher

informações sobre Angola já que o desconhecimento poder-se-á tornar constrangedor;

Caso a negociações chegue a bom-porto, é necessário estar preparado para os aspectos

burocráticos – por diversas vezes, poderá ter que se enfrentar um ambiente com

regulamentações confusas e uma máquina governamental também ela complexa.

Manter a tranquilidade é, assim, fundamental, uma vez que há sempre perspectivas de

negócios num país altamente importador como o angolano.

Assim, observando detalhadamente os vários momentos relacionados com o protocolo de

negócios, destaca-se o seguinte:

1) Reuniões empresariais e cumprimentos

As saudações são formais e corteses e devem incluir um aperto de mão;

As mulheres devem evitar fazer contacto visual directo durante o processo de

cumprimento;

Embora isso seja menos importante, em Luanda, uma vez que muitas pessoas

na cidade são de outro lugar no país, é uma boa ideia imitar (em certa medida)

o comportamento da pessoa que se está a cumprimentar;

As saudações seguem, muitas vezes, o protocolo africano das perguntas

educadas sobre a saúde da pessoa e outros pontos relacionados com

amabilidades sociais;

Quando se conhece alguém mais experiente – na idade ou na posição - é

considerado educado aceder um pouco;

Conhecendo o título profissional de uma pessoa, pode-se usar o título ao

conversar;

Os cartões são dados sem qualquer ritual formal associado. Embora nem todos

os angolanos tenham cartões-de-visita, esperam que os que os visitam os

tenham.

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2) Estilos de comunicação

Os empresários angolanos são, de certa forma, formais e a comunicação tende a ser um

pouco restritiva. Têm por norma a vontade de agradar os demais e, como tal, possuem

tendência para dizer aos outros o que pensam que gostariam de ouvir. É ainda muito

difícil serem dadas respostas definitivas a questões, especialmente se a resposta tender

a ser negativa. Na verdade, é possível receber um “sim” quando a resposta é um

“não”.

Uma vez que os angolanos preferem fazer negócios com aqueles que melhor conhecem

e confiam, é usual gastar-se uma grande quantidade de tempo na construção do

relacionamento. É, assim, importante, dedicar tempo suficiente para nutrir um

relacionamento antes de pressionar para ter o negócio na mão.

Relativamente à comunicação propriamente dita, esta é formal e segue as regras

estabelecidas nos protocolos – os angolanos não interrompem os outros que estão a

falar e esperam que lhes seja dada a mesma cortesia em retorno. Interromper alguém,

especialmente se forem “superiores” (na idade ou na posição), é considerada uma

grave violação da etiqueta. O estilo de comunicação é marcado pela utilização de

gestos com a cabeça e braços para enfatizar as mensagens positivas e negativas, não

existindo, por hábito, um grande espaço entre os interlocutores. De facto, se houver

um grande vazio entre as pessoas, o empresário angolano pode avançar para fechar

esta lacuna.

Quando se fala com alguém no seu próprio nível, o contacto visual directo significa que

se é sincero. Quando se fala com alguém que é sénior – quer na idade, quer na posição

– o contacto visual indirecto demonstra respeito.

3) Reuniões empresariais

Normalmente, a primeira reunião é usada para se conhecer melhor os intervenientes e

pode-se, inclusivamente, nem falar de negócios. Tal como referido anteriormente, os

angolanos preferem negócios com pessoas que conhecem e confiam e, portanto, a

reunião é frequentemente usada para determinar se a pessoa é o tipo com quem eles

gostariam de realizar negócio.

As reuniões não são sempre tão privadas como em muitas outras culturas. Na verdade,

pode inclusivamente dar a sensação de haver várias reuniões na mesma sala e as

agendas não fazem parte da cultura empresarial. É importante que não se retire o

casaco do fato, a menos que seja convidado a fazê-lo pois isso é visto como demasiado

casual.

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5.3 DEZ DICAS PRÁTICAS PARA VENDER E INVESTIR EM ANGOLA

1. QUAL O PRIMEIRO ORGANISMO A CONTACTAR? Independentemente do investimento que se quer fazer, o primeiro passo é contactar a Agência

Nacional para o Investimento Privado. Esta é a entidade pública que é responsável por fazer

uma análise sectorial, disponibilizar informação de investimento e ajudar na identificação de

oportunidades de negócio (www.investinangola.com).

Numa fase mais adiantada, poderá ser adquirido um impresso de candidatura nos escritórios da

ANIP, em Luanda, mediante o pagamento de uma determinada taxa. É importante estabelecer

um bom relacionamento com a ANIP.

2. DE QUE FORMA A ANIP APROVA OS PROJECTOS SUJEITOS AO REGIME DE DECLARAÇÃO PRÉVIA? No caso dos cidadãos angolanos, o investimento mínimo é de 50.000 USD e o investimento

máximo de 5 milhões USD. No que diz respeito a investidores externos directos, o investimento

mínimo é de 100.000 USD e o investimento máximo de 5 milhões USD.

3. COMO SE PROCESSA A CONCESSÃO DE INCENTIVOS? Apenas os projectos com valores superiores a 1 milhão de dólares e em sectores prioritários,

poderão beneficiar de incentivos. Ainda assim, a concessão do incentivo carece sempre de

análise e aprovação casuística do projecto por parte do Ministério das Finanças.

4. QUE ASPECTOS LEGAIS DEVO TER EM CONSIDERAÇÃO? Deve-se atender à Lei do Investimento de Janeiro de 2011, seja no que respeita às regras

escritas como às não escritas. Para além deste aspecto, importa ter em consideração que os

contratos devem ser estruturados em euros ou dólares dada a inconvertibilidade externa da

moeda nacional. Por fim, é crucial atender às diferenças entre os dois sistemas jurídicos –

português e angolano – onde residem muitos dos principais conflitos contratuais.

5. QUAIS OS FORMULÁRIOS NECESSÁRIOS? É imperativo preparar e legalizar junto do respectivo Consulado de Angola do país do

investidor, toda a documentação que diga respeito, bem como apresentar e fazer aprovar o

respectivo projecto de investimento. Para além disso, importa obter as necessárias licenças de

importação de capitais, constituir a sociedade-veículo local ou registar uma sucursal e obter os

licenciamentos necessários.

6. ONDE SÃO EFECTUADAS AS ADJUDICAÇÕES? A grande parte das adjudicações é feita em Luanda e não na província de destino. Importa

ainda sublinhar que, em matérias de obras públicas, prevalecem as adjudicações directas.

7. QUAIS SÃO AS ZONAS DE DESENVOLVIMENTO PREFERENCIAIS? As zonas de desenvolvimento consideradas como as mais indicadas são três e são aquelas

consideradas elegíveis para efeitos de atribuição de incentivos financeiros:

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Zona A: que abrange a província de Luanda e os municípios sede das províncias de

Benguela, Huíla, Cabinda e o município do Lobito;

Zona B: que engloba os restantes municípios das províncias de Benguela, Cabinda e

Huíla e províncias do Kwanza Norte, Bengo, Uíge, Kwanza Sul, Luanda Norte e Luanda

Sul;

Zona C: que abrange as províncias de Huambo, Bié, Cuando Cubango, Cunene, Namibe,

Malange e Zaire.

Num relatório publicado pela AICEP, é aconselhado o estabelecimento do negócio nas cidades

do Huambo, Uíla ou Benguela, onde já existem infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias,

consumo privado, capacidade produtiva instalada e mais de 1 milhão de habitantes.

8. O QUE PRECISA DE TER UM TRABALHADOR? De acordo com especialistas na área que foram entrevistados para o Diário Económico sobre

esta temática, não chega dizer que se tem qualificação académica ou profissional. Deverá ser

celebrado um contrato de trabalho ou de promessa de trabalho com uma empresa devidamente

registada em Angola.

Devem ainda ser obtidos comprativos dessas qualificações, de que não possui antecedentes

criminais nem é portador de nenhuma doença infecto-contagiosa que o impeça de prestar

trabalho para Angola.

9. COMO RESOLVER A QUESTÃO DOS VISTOS? Os vistos de trabalho constituem-se, não raras vezes, como um sério entrave à prossecução dos

negócios em Angola. Assim, este é um requisito que convém ser tratado com tempo uma vez

que o prazo de processamento é de, pelo menos, 45 dias a contar do dia da recepção do

pedido.

Pode dirigir-se aos serviços consulares locais já que estão autorizados a emitir vistos comuns e

de trabalho. Em todo este processo que tem um tempo de conclusão significativo, é preciso

ainda ter em consideração que o serviço consular tem de enviar o pedido para a Direcção de

Emigração e Fronteiras de Angola.

10. QUE OUTROS ASPECTOS SE DEVEM TER EM CONTA? Para além do que já foi referido, importa:

Ter em atenção que entre a saída da mercadoria de Angola e a sua entrega ao cliente

podem mediar meses;

Saber que o pequeno retalho, os mercados municipais e o comércio grossista, são

prioridades do governo na organização do comércio interno;

Saber que Angola necessita, cada vez mais, de soluções técnicas e não tanto de

contentores com mercadorias;

Conhecer as faltas de resposta da indústria transformadora local.

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5.4 O QUE É IMPORTANTE TER EM CONTA NUMA RELAÇÃO NEGOCIAL COM O

MERCADO ANGOLANO

No seu trabalho de exploração de mercados externos, a AICEP – Agência para o Investimento e

Comércio Externo de Portugal, elabora um conjunto de documentos que se constituem como

importante auxílio aquando da internacionalização de uma empresa nacional para determinado

mercado externo.

Num desses documentos, datado de Fevereiro de 2012, que estão

disponíveis para consulta, são listadas diversas “chamadas de

atenção” destinadas a quem irá encetar uma relação negocial com o

mercado de Angola. Entre estas, salientam-se:

Saber que está prevista a celebração de um Protocolo entre

Portugal e Angola quanto à concessão de vistos de curta duração que

irá facilitar o arranque do negócio;

Conhecer o regime do contrato de trabalho, sobretudo no

que diz respeito ao expatriamento de quadros, a introdução do trabalho temporário e a

cedência de trabalhadores;

Proceder ao registo junto do Ministério da Economia de qualquer contratação

estrangeira de serviços;

Saber que há consultoras que ajudam a encontrar parcerias estrangeiras no mercado;

Saber que só existe obrigação legal de constituir parceria local no caso de actividade

ligada ao petróleo;

Considerar, contudo, que na província é importante a parceria local;

Ponderar a parceria táctica orientada para a oferta e não para a partilha de capital;

Ponderar a parceria financeira nos projectos de valor igual ou superior a 1 milhão de

dólares;

Ponderar a sintonia na forma de estar e de actuar do parceiro local e não atender

apenas aos aspectos comerciais ou industriais da parceria;

Recorrer a empresas de pré inspecção no embarque para inspeccionar a carga e

fornecer as certidões de acordo com as posições pautais adequadas, visando garantir a

passagem pela alfândega;

Ter em consideração que as consultoras estrangeiras no mercado apostam em quadros

portugueses, assim como lhes é dada preferência em termos de fiscalização das obras e

de comercialização imobiliária;

Saber que foi introduzido o regime de retenção na fonte nos contratos de

arrendamento, sempre que o inquilino tenha contabilidade organizada.

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65

5.5 O NOVO REGIME DO INVESTIMENTO PRIVADO – ASPECTOS A RETER

A Nova Lei de Bases do Investimento Privado em Angola (20/2011 de 20 de Maio) originou

profundas alterações ao regime definido anteriormente, com imediatas consequências. Desde

logo, o novo regime tornou-se mais restritivo nomeadamente:

1. Limites mínimos de investimento;

2. Repatriamento de lucros e dividendos;

3. Incentivos fiscais;

4. Penalidades.

Assim,

1. Limites mínimos de investimento

Limite mínimo de USD 1.000.000,00; De investimento privado externo; Por cada investidor (considerado joint ventures e outras formas de associação

empresarial).

(Artº 3, nº1, NLIP)

2. Repatriamento de lucros e dividendos

Quando o investimento for realizado por pessoa colectiva, apenas gozam, individualmente, do

estatuto de investidores privados os sócios ou accionistas que, na proporção da sua

participação social, comprovem ter investido o montante mínimo de 1.000.000,00.

(Artº 3, nº4, NLIP).

PRAZOS:

Zona A (Província de Luanda, municípios sede da províncias de Benguela, Cabinda,

Huíla e município do Lobito).

o Até USD 10.000.000,00: 3 anos, após implementação efectiva;

o Entre USD10.000.000,00 e USD 50.000.000,00: 2 anos após implementação

efectiva;

Zona B (Restantes municípios das províncias de Benguela, Cabinda e Huíla e províncias

do Bengo, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Malanje, Namibe e Uíge).

o Até USD 5.000.000,00: 2 anos, após implementação efectiva.

Zona C (províncias do Bié, Cunene, Huambo, Cuando-Cubango, Lunda-Norte, Lunda-Sul,

Moxico e Zaire).

o Não são estabelecidos quaisquer prazos mínimos.

3. Incentivos Fiscais

Critérios gerais de atribuição dos incentivos:

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Incentivo ao crescimento da economia;

Promoção do bem-estar económico, social e cultural das populações;

Promoção das regiões mais desfavorecidas;

Aumento da capacidade produtiva;

Criação de novos postos de trabalho… etc.

(Artº 27º, NLIP)

Critérios de atribuição por zona dos limites máximos de incentivos

Requisitos a preencher:

Zona A:

o Investimento superior a 50 milhões de dólares ou gerador de um mínimo de 500

postos de trabalho;

Zonas B e C: o Investimento superior a 20 milhões de dólares ou gerador de um mínimo de 500

postos de trabalho.

(Artº 42º, NLIP).

Outros requisitos para atribuição dos limites máximos de incentivos

Investimento altamente relevante para o desenvolvimento estratégico da economia;

Cumulativamente com um dos seguintes requisitos:

Investimento que contribua em larga escala para inovação tecnológica e investigação

científica;

Investimento gerador de exportações anuais superiores a USD 50M;

Induzir a criação ou manutenção de pelo menos 500 postos de trabalho.

TIPOS DE INCENTIVOS Deduções à matéria colectável;

Deduções à colecta;

Amortizações e reintegrações aceleradas;

Crédito fiscal;

Isenção e Redução de taxas de impostos;

Contribuições e direitos de importação;

Deferimento no tempo do pagamento de impostos.

Isenção e Redução de taxas de impostos e deferimento no tempo de pagamentos:

IMPOSTO INDUSTRIAL:

Zona A: 1 a 5 anos;

Zona B: 1 a 8 anos;

Zona C: 1 a 10 anos;

Montante máximo de redução: 50%.

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Período de redução: a partir do início da laboração de 90% da força de trabalho prevista.

Isenção e redução de taxas de impostos e deferimento no tempo de pagamentos: Imposto Sobre Aplicação de Capitais:

Zona A: 1 a 3 anos;

Zona B: 1 a 6 anos;

Zona C: até 9 anos;

Isenção e redução de taxas de impostos e deferimento no tempo de pagamentos: SISA:

Para aquisição de imóveis adstritos ao projecto.

5.6 TRIBUTAÇÃO EM ANGOLA

Para a tomada de decisão relativa ao início do processo de internacionalização, um dado

extremamente importante passa por tomar conhecimento dos principais impostos e do regime

de tributação existente.

PRINCIPAIS IMPOSTOS

Os principais impostos em Angola estão presentes na tabela seguinte:

TABELA 16 – TRIBUTAÇÃO EM ANGOLA: PRINCIPAIS IMPOSTOS

Imposto Taxa

Imposto Industrial 35%

Imposto de consumo Até 30%

Impostos aduaneiros Até 30%

Imposto Predial Urbano 30%

Sisa 10%

Imposto de Selo 0,5%-1%

Imposto sobre o Rendimento do Trabalho Até 17%

Fonte: Pricewaterhouse Coopers

PAGAMENTOS A NÃO RESIDENTES

Relativamente aos pagamentos a não residentes, processam-se de acordo com as seguintes

taxas:

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TABELA 17 – TRIBUTAÇÃO EM ANGOLA: PAGAMENTOS A NÃO RESIDENTES

Rendimento Angola Portugal

Dividendos 10% 20%

Juros 15% 20%

Prestações de serviços 5,25% 15%

Royalties 10% 15%

Fonte: Pricewaterhouse Coopers

INCENTIVOS AO INVESTIMENTO: ISENÇÕES E REDUÇÕES

FIGURA 18 – TRIBUTAÇÃO EM ANGOLA: ISENÇÕES E REDUÇÕES POR ZONA GEOGRÁFICA

Fonte: Pricewaterhouse Coopers

Zona A:

Imposto Industrial – 8 anos;

Direitos Aduaneiros – 3 anos;

Imposto Aplicação Capital – 5 anos

Zona B:

Imposto Industrial – 12 anos;

Direitos Aduaneiros – 4 anos;

Imposto Aplicação Capital – 10 anos

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5.7 ANGOLA NA VOZ DE OUTROS

Ainda que a informação sobre o mercado e seu funcionamento seja de extrema relevância, é

igualmente importante perceber mais alguns dados de proximidade junto de quem já tem

experiência no país. É através destas informações concretas que, muitas vezes, se tornam

perceptíveis realidades que, de outro modo, não seriam possíveis obter.

Antes de transcrever as entrevistas que foram elaboradas no âmbito do presente Projecto,

importa contextualizar o âmbito de actividade dos entrevistados:

1) André Miguel N´Zau (AZ) – Secretário-Geral da Associação de Comerciantes de Malange.

2) Eduardo Sotto Mayor (ESM) – Director Criativo da PINK Design Muntimedia

ENTREVISTA A ANDRÉ MIGUEL N´ZAU

Informações sobre as PME Angolanas

Como se podem contactar as PME angolanas?

ES - O contacto mais eficaz é no terreno, os corpos administrativos são bastante recetivos e

não precisam (normalmente) de um agendamento muito formal!

É necessário estar no terreno e tentar agendar na hora, no próprio dia ou no máximo uma

semana.

Quanto mais se for alargando este prazo maiores são as probabilidades de um imprevisto

acontecer, impossibilitando a reunião.

O que não funciona SEGURAMENTE é marcação a longo prazo.

Os meios de contacto mais eficazes são o telefone e o correio electrónico (não existe correio).

Existe alguma rede de PME já constituída? Um Clube de Empresários? Quais as Associações

Empresariais mais relevantes?

ES – Temos a AEA - Associação dos Empreendedores de Angola, que é uma associação criada

para contribuir para o fomento e desenvolvimento do empreendedorismo, bem como a

melhoria da informação e troca de experiências entre organizações e associações públicas ou

privadas da sociedade angolana ou fora dela.

Existem exportadores para o nosso mercado?

ES – Não sei, não faço ideia.

Zona C:

Imposto Industrial – 15 anos;

Direitos Aduaneiros – 6 anos;

Imposto Aplicação Capital – 15 anos

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Como vender em Angola

Como entrar no mercado?

ES - É necessário uma forte motivação e muita capacidade financeira, pois os custos de

operação são muito elevados.

Quais são os principais entraves no terreno?

ES - O principal entrave é o investimento inicial. Por outro lado, existem os entraves legais:

1) Ao nível da constituição de empresas (investimento estrangeiro);

2) Ao nível de legalização de quadros (expatriados);

3) Ao nível da gestão de quadros locais (Angolanos)

Existem rácios de expatriados/angolanos que as empresas têm que respeitar.

Como podem ser ultrapassados?

ES - Temos a facilidade da língua comum, e temos um histórico não muito longínquo em que a

sociedade empresarial portuguesa atuava de forma muito semelhante, o que nos deu uma

experiência única.

O que precisam as nossas empresas?

ES - Grande motivação para ultrapassar inúmeras barreiras.

É possível identificar os principais erros que as PME portuguesas cometem ao tentam entrar no

mercado angolano?

ES - Conhecer mal a realidade angolana e africana e pensar que, como somos europeus e mais

evoluídos, vamos chegar a Angola e ensinar o B A BÁ a uma sociedade menos evoluída. É um

erro.

Como encontrar parceiros credíveis? Quem são – podemos nominar alguns?

ES - Existe uma classe de empreendedores angolanos muito credíveis e profissionais.

Como os cativar para parcerias comerciais com as nossas empresas?

ES – Demostrar capacidade e know-how.

Quais são os factores críticos do sucesso de um negócio em Angola?

ES – O mercado é muito especial, tanto é muito exigente como é muito folgado, exige muita

flexibilidade e adequação a cada caso.

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ENTREVISTA A EDUARDO SOTTO MAYOR

Informações sobre as PME Angolanas

Como se podem contactar as PME angolanas?

ES - O contacto mais eficaz é no terreno, os corpos administrativos são bastante recetivos e

não precisam (normalmente) de um agendamento muito formal!

É necessário estar no terreno e tentar agendar na hora, no próprio dia ou no máximo uma

semana.

Quanto mais se for alargando este prazo maiores são as probabilidades de um imprevisto

acontecer, impossibilitando a reunião.

O que não funciona SEGURAMENTE é marcação a longo prazo.

Os meios de contacto mais eficazes são o telefone e o correio electrónico (não existe correio).

Existe alguma rede de PME já constituída? Um Clube de Empresários? Quais as Associações

Empresariais mais relevantes?

ES – Temos a AEA - Associação dos Empreendedores de Angola, que é uma associação criada

para contribuir para o fomento e desenvolvimento do empreendedorismo, bem como a

melhoria da informação e troca de experiências entre organizações e associações públicas ou

privadas da sociedade angolana ou fora dela.

Existem exportadores para o nosso mercado?

ES – Não sei, não faço ideia.

Como vender em Angola

Como entrar no mercado?

ES - É necessário uma forte motivação e muita capacidade financeira, pois os custos de

operação são muito elevados.

Quais são os principais entraves no terreno?

ES - O principal entrave é o investimento inicial. Por outro lado, existem os entraves legais:

1) Ao nível da constituição de empresas (investimento estrangeiro);

2) Ao nível de legalização de quadros (expatriados);

3) Ao nível da gestão de quadros locais (Angolanos)

Existem rácios de expatriados/angolanos que as empresas têm que respeitar.

Como podem ser ultrapassados?

ES - Temos a facilidade da língua comum, e temos um histórico não muito longínquo em que a

sociedade empresarial portuguesa actuava de forma muito semelhante, o que nos deu uma

experiência única.

O que precisam as nossas empresas?

ES - Grande motivação para ultrapassar inúmeras barreiras.

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É possível identificar os principais erros que as PME portuguesas cometem ao tentam entrar no

mercado angolano?

ES - Conhecer mal a realidade angolana e africana e pensar que, como somos europeus e mais

evoluídos, vamos chegar a Angola e ensinar o B A BÁ a uma sociedade menos evoluída. É um

erro.

Como encontrar parceiros credíveis? Quem são – podemos nominar alguns?

ES - Existe uma classe de empreendedores angolanos muito credíveis e profissionais.

Como os cativar para parcerias comerciais com as nossas empresas?

ES – Demostrar capacidade e know-how.

Quais são os factores críticos do sucesso de um negócio em Angola?

ES – O mercado é muito especial, tanto é muito exigente como é muito folgado, exige muita

flexibilidade e adequação a cada caso.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

CRESCIMENTO COM MANUTENÇÃO DE DISPARIDADES REGIONAIS E SOCIAIS

Angola é apontada por muitos como um verdadeiro case study em termos de estabilização

macroeconómica e crescimento da economia, nomeadamente a partir de 2002. Embora esta

situação esteja, em grande medida, relacionada com o comportamento da economia mundial

e, em particular, da procura e do preço do petróleo, é necessário dar o devido mérito aos

Ministros das Finanças e aos Governadores do Banco Nacional de Angola que, entre 2000 e

2008, se responsabilizaram pelo desenho e implementação das políticas de ajustamento

macroeconómico.

Todavia, persistem graves desequilíbrios regionais internos que o crescimento angolano ainda

não conseguiu resolver e que, em alguns casos, tem conduzido mesmo ao seu agravamento.

Assim, a redução das desigualdades territoriais através da qual se pode levar o crescimento

económico e os seus benefícios ao interior do país deve ser, no entender de vários

especialistas, o próximo desafio de Angola. Urge, assim, imaginar e aplicar um sistema que

torne Angola num país onde as dissemelhanças regionais se esbatam e que todos possam

beneficiar do crescimento do país.

Para que tal suceda, é necessário começar por reter parte da população noutras regiões que

não Luanda e as do litoral. Por sua vez, os sistemas de educação e formação profissional são os

de maiores resultados a curto prazo, adiando a população activa no mercado de trabalho.

Simultaneamente, as políticas de incentivo ao crescimento económico devem estar

direccionadas para que os investidores localizem as suas empresas e actividades no interior do

país, fomentando o desenvolvimento desta região de Angola. De facto, torna-se difícil iniciar

um processo de crescimento regional equilibrado se se mantiver a tendência que hoje se

verifica ao nível da localização empresarial já que mais de 77% das empresas estão sediadas em

Luanda, Benguela, Kwanza Sul, Cabinda e Namibe.

PAÍS DE OPORTUNIDADES POR EXPLORAR

Apesar do crescimento acelerado que o país apresenta, a verdade é que Angola é ainda um país

em construção. Desde o trânsito caótico nas ruas, aos preços da alimentação e habitação que

são muito elevados, aos serviços de manutenção que são escasso e às dificuldades nas

comunicações, a realidade mostra que participar no renascimento de uma sociedade como a

angolana pode e deve ser encarada como uma oportunidade muito relevante.

Assim, ao longo do presente estudo foi possível identificar um conjunto de oportunidades que

devem ser trabalhadas e potenciadas pelas empresas nacionais. Do aproveitamento do forte

recurso natural que é o petróleo, ao sector da agricultura e pescas, passando pela construção e

infra-estruturas e acabando em serviços diversos, entre outros, é possível detectar lacunas que

podem ser trabalhadas pelas empresas portuguesas, nos mais variados sectores de actividade.

No entanto, é necessário ter em consideração o elevado grau de exigência que este contexto

encerra. O mercado angolano é bastante competitivo e que exige estratégias empresariais bem

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definidas, bem como recursos – humanos, financeiros e tecnológicos - em número razoável,

para lá de forte ambição e convicção, muito trabalho e enorme resiliência.

CONHECIMENTO SOBRE TRÂMITES LEGAIS

Tal como acontece com qualquer outro mercado, investir – seja a que nível for – exige um

elevado conhecimento não só do funcionamento do tecido empresarial local, como de todas as

questões que lhe estão associadas.

No que diz respeito à realidade angolana, é possível observar distintas especificidades que,

obrigatoriamente, têm de merecer a devida consideração por parte das PME que aí quiserem

operar. Como observado anteriormente, a aprovação da nova Lei relacionada com o

investimento estrangeiro, veio trazer um conjunto de novas informações que afectam, de

forma transversal, todos os sectores de actividade e as diferentes dimensões de empresas.

Entre as principais considerações que podem ser retiradas, destacam-se:

Existência de um limite mínimo de investimento de 1.000.000 USD;

Existência de um conjunto de incentivos fiscais que podem ser obtidos caso os

investimentos cumpram um conjunto de critérios:

o Incentivo ao crescimento da economia;

o Promoção do bem-estar económico, social e cultural das populações;

o Promoção das regiões mais desfavorecidas;

o Aumento da capacidade produtiva;

o Criação de novos postos de trabalho… etc.

Os incentivos que podem ser obtidos são:

o Deduções à matéria colectável;

o Deduções à colecta;

o Amortizações e reintegrações aceleradas;

o Crédito fiscal;

o Isenção e Redução de taxas de impostos;

o Contribuições e direitos de importação;

o Deferimento no tempo do pagamento de impostos.

POTENCIAR A REDE COLABORATIVA

Num mundo que surge cada vez mais interligado – ainda que funcionando, não raras vezes, de

forma individualista -, a presença e trabalho em rede aparece com uma preponderância

acrescida. Actualmente, o poder dos fluxos tornou-se mais importante que os fluxos do poder

e, como tal, a presença na rede ou a ausência dela pode marcar toda a diferença.

Através da presença em redes, os actores nela envolvidos são capazes de reduzir custos, dividir

riscos, qualificar e valorizar os seus produtos, conquistar novos mercados e, sobretudo, ter

acesso a informação de proximidade que, de outro modo, seria muito custosa de ser obtida. É

neste domínio que o Projecto i-PME incide, dando o enfoque na necessidade das empresas

portuguesas apostarem, de forma progressiva, numa rede colaborativa que garanta o acesso a

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oportunidades de negócio e a informação de proximidade. Assim, através do envolvimento de

várias ferramentas e pela via da integração de empresas e associações nacionais e

internacionais para apoio, suporte e lobby, advirão vantagens indubitáveis para as PME

nacionais. Assim, o trabalho efectuado neste domínio nos processos de informação,

aproximação e intermediação com as organizações internacionais (empresas, associações,

entidades governamentais, entre outras), permite mediar e facilitar as intenções de

colaboração, parceria, penetração e desenvolvimento, numa aproximação ponto-a-ponto ao

mercado global.

Em suma, autonomia, horizontalidade, cooperação e democracia, são os quatro elementos que

caracterizam o trabalho em rede, permitindo uma estrutura direccionada à troca de

informações, à produção de conhecimento e à disseminação de novas tecnologias.

Em mercados tão exigentes como o angolano, a aposta das PME nestas redes torna-se ainda

mais premente e necessária para que possam estar à altura destes desafios e oportunidades.