o medo, al berto
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O Medo
Trabalho Poético de
Alberto Raposo Pidwell Tavares
(1974-1986)
Coimbra, 11 de Janeiro de 1948
Lisboa, 13 de Junho de 1997
poeta, pintor, editor e animador cultural
português
Al Berto
um dos escritores que, na segunda metade do
século XX, marcou e influiu significativamente a
literatura e a cultura portuguesa
ainda adolescente, destacava-se pela
originalidade do seu traje e das duas atitudes,
provocando escândalos, sendo ele pertencente a uma
família da alta burguesia inglesa
desde a sua infância,
mostrou o dom para a pintura
Vincent van Gogh,
auto-retrato com orelha ligada,
1889
“há qualquer coisa no
anonimato que me seduz.
e o nome funciona bem em
termos de se reter”
anos 70 e 80
o campo artístico encheu-se de temas
anteriormente reprimidos e podemos nitidamente
verificar este facto na poesia de Al Berto
O Medo
colectânea de obras de Al Berto
desde 1974 a 1986
é, sem dúvida, o trabalho mais importante da sua
obra e o seu definitivo testemunho artístico
obra poética al bertiana
em “O Medo“
forte influência de poetas
influência musical
influência de camões e de fernando pessoa
o medo n‘o Medo
“se um dia a juventude voltasse”
- medo da perda -
- medo do tempo -
- medo de permanecer -
o remédio para o medo é escrever
mal sabia reconhecer os teus próprios erros
e o uso violento que de noite eu fazia deles
esta cama de minerais acesos
escrevo para despertar a fera de sol pelo corpo
escorrem aves de cuspo para a adolescência da boca
e junto ao mar existe ainda aquele lugar perdido
onde a memória te imobilizou
enumero as casas abandonadas ao sangue dos répteis
surpreendo-te quando me surpreendes
pela janela espio a paisagem destruída
e o coração triste dos pássaros treme
quando escrevo mar
o mar todo entra pela janela
onde debruço a noite do rosto tocado...me despeço