o marketing de experiência como forma de interação: caso red bull

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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ EDUARDO FERNANDES MARTINS JUNIOR O Marketing Experimental Como Forma de Interação: Case Red Bull Juiz de Fora 2014

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Page 1: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ

EDUARDO FERNANDES MARTINS JUNIOR

O Marketing Experimental Como Forma de Interação:

Case Red Bull

Juiz de Fora

2014

Page 2: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

EDUARDO FERNANDES MARTINS JUNIOR

O Marketing Experimental Como Forma de Interação:

Case Red Bull

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Faculdade Estácio de Sá

como requisito parcial para a obtenção do

Título de Graduado. Orientador Prof.

Bruno Vieira Moreira

Juiz de Fora

2014

Page 3: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

EDUARDO FERNANDES MARTINS JUNIOR

O Marketing Experimental Como Forma de Interação:

Case Red Bull

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade Estácio de Sá como requisito parcial para a obtenção do Título de Graduado.

Aprovada em: / /

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Profº. Orientador: Bruno Vieira Moreira

Faculdade Estácio de Sá

____________________________________________

Profº. Rodrigo Arbex

Faculdade Estácio de Sá

____________________________________________

Profº. Tarcízio Dalpra Junior

Faculdade Estácio de Sá

Page 4: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso tem como tema, o marketing

experimental. Uma estratégia de relacionamento com os clientes, que tem como

foco possibilitar aos indivíduos novas experiências de consumo junto aos produtos e

marcas, para com isso criar vínculos que reforcem este relacionamento. Em caráter

metodológico, a pesquisa caracteriza-se como exploratória articulada com um

estudo de caso, onde serão analisadas as estratégias de comunicação,

fundamentadas no marketing experimental, realizadas pela marca de bebidas

energéticas Red Bull. O objetivo principal do estudo é mostrar como a empresa, em

suas ações e eventos, faz uso do marketing experimental como ferramenta de

interação com o consumidor. Para chegar a esta compreensão do tema, serão

abordados conceitos de marketing e de elementos importantes da sua estrutura,

como o produto, a marca e o consumidor que será estudado mais a fundo, no qual

serão identificadas as influências das necessidades, dos desejos e da sua

psicologia.

Palavras-chave: marca, marketing de experiência, consumidor, fidelização, Red

Bull.

Page 5: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

ABSTRACT

This monography is themed, the experiential marketing. A customer relationship

strategy, which focuses on enabling individuals new consumer experiences with

products and brands, for with that create links to strengthen this relationship. In

methodological character, the research is characterized as exploratory articulated

with a case study, where they will be analyzed communication strategies, based on

experiential marketing, performed by the brand of energy drinks Red Bull. The main

objective of the study is to show how the company, in its actions and events, makes

use of experiential marketing as a tool for consumer interaction. To reach this

understanding of the topic, will be addressed marketing concepts and important

elements of its structure, as the product, the brand and the consumer that will be

studied more thoroughly, in which will be identified the influences of the needs,

wishes and their psychology.

Keywords: brand, marketing, consumer experience, loyalty, Red Bull.

Page 6: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 7

2 O MARKETING ............................................................................................. 10

2.1 O Produto ...................................................................................................... 11

2.2 Marca ............................................................................................................ 12

2.3 O Comportamento do Consumidor ................................................................ 14

2.3.1 A Motivação ................................................................................................... 14

2.3.1.1 Cognitivista .................................................................................................. 15

2.3.1.2 Humanista .................................................................................................... 16

2.3.2 Personalidade ............................................................................................... 18

2.3.3 O Envolvimento ............................................................................................. 18

2.3.4 O Processo de Decisão de Compra .............................................................. 20

2.3.5 Gerenciamento da Expectativa e Satisfação do Cliente ................................ 21

3 MARKETING EXPERIMENTAL .................................................................... 23

4 A RED BULL E O MARKETING EXPERIMENTAL ...................................... 30

4.1 A Red Bull ..................................................................................................... 30

4.2 O Mercado ..................................................................................................... 31

4.3 O Consumidor ............................................................................................... 32

4.4 A Concorrência .............................................................................................. 33

4.5 Marketing e interação .................................................................................... 34

4.6 Red Bull: Produto, Marca e Consumo ........................................................... 35

5 CONCLUSÃO ............................................................................................... 43

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 48

Page 7: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

7

1 - INTRODUÇÃO

O marketing, desde a sua origem, tem o propósito de analisar,

estruturar e realizar ações que propõem a expansão e o desenvolvimento das

empresas. Com o passar do tempo, esse conceito foi sendo aperfeiçoado para se

adequar ao cenário mercadológico contemporâneo, empregando novos métodos e

ideias na busca de seus objetivos.

Sendo assim, o marketing experimental1 tem como proposta

oferecer essa adequação no processo de compra de um produto ou serviço,

valorizando o lado racional e emocional dos indivíduos, gerando uma identificação

do consumidor com a marca, para que esse passe a percebe-la de maneira

diferente, aumentando o nível de relacionamento entre os mesmos.

Este presente trabalho estuda o marketing experimental, seu valor e

atuação no mercado, mostrando que além de propor estratégias para experiências

que atendam a um determinado grupo de consumidores, ele também valoriza as

sensações e os sentimentos humanos.

Como justificativa desta pesquisa, vale ressaltar que com as

modificações da economia, a evolução tecnológica, a onipresença das

comunicações e a atividade competitiva de mercado, houve uma mudança nos

hábitos comportamentais de consumo das pessoas. Atualmente, mais que satisfazer

as necessidades/desejos, o que o consumidor almeja são novas experiências,

sensações e emoções, exatamente aquilo que é proposto pelo marketing

experimental.

A problematização desta pesquisa é entender se os novos métodos

propostos por essa vertente do marketing se assemelham aos desejos e

expectativas do consumidor, cada vez mais interessado em novas experiências.

Nossos estudos procurarão entender melhor esse segmento do

marketing e as transformações que tem provocado no mercado, que está em

constante evolução.

1 O marketing experimental visa desenvolver oportunidades e situações para as marcas atraírem seus consumidores através de ações promocionais interativas, que sejam inesquecíveis na mente e na percepção deles.

Page 8: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

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O objeto de estudo definido para esta pesquisa foi a marca Red Bull.

Apresentaremos as informações necessárias da empresa, da sua criação ao seu

planejamento de comunicação. Estudaremos o mercado em que atua, seus

concorrentes, público e suas estratégias de marketing experimental. Para isso,

iremos apresentar algumas ações realizadas pela marca.

A metodologia adotada para a coleta de dados foi a pesquisa

bibliográfica, assim como análise de dados secundários encontrados em fontes

diversas que examinam informações sobre o mercado de bebidas energéticas.

No primeiro capítulo, descreveremos o marketing e sua função de

estudar o mercado em que atua, analisando os consumidores a fundo, para poder

interagir da melhor maneira possível com os mesmos. Mostraremos que o produto é

um dos elementos mais importantes do mix de marketing, pois é ele quem cria o elo

entre a marca e o cliente. Estudaremos também a marca, que é considerada pelo

marketing um item de diferenciação entre os produtos. É nela também que

encontramos os valores atribuídos a esses.

Ainda no capítulo inicial, analisaremos o comportamento do

consumidor e os elementos que constroem e influenciam o momento da compra. De

início, perceberemos que essa ação é causada por uma motivação, seja ela

cognitivista (ligada ao saber), ou humanista, que está diretamente ligada às

necessidades retratadas pela “pirâmide de Maslow”. Estudaremos também a

personalidade desse consumidor, fator decisório na hora da escolha entre duas ou

mais marcas. Daí surge o envolvimento com a marca, que é criado quando os

valores atribuídos as essas vão de encontro como a personalidade do cliente,

afetando exatamente no processo de decisão de compra. E por último, o

gerenciamento da expectativa e satisfação do cliente, onde é possível identificar o

nível de contentamento e prováveis problemas do serviço ou produto.

No segundo capítulo, argumentaremos sobre uma das vertentes do

marketing mais utilizada para atingir a nova sociedade de consumo – o marketing

experimental. Focado em levar os clientes a novas experiências que os aproximem

da marca, onde são motivados muito mais pela emoção que a razão, se tornando

cada vez mais o ponto de contato principal do consumidor com os valores e

sentimentos atribuídos a marca.

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O terceiro capítulo é dedicado ao nosso objeto de estudo, a marca

de bebidas energéticas, Red Bull. Apresentaremos um pouco da sua história e o

mercado em que atua. Iremos descrever o perfil dos seus consumidores, a

concorrência, e as ações de marketing experimental que a levou a ser a número um

entre as suas concorrentes. A análise da marca foi realizada a partir de alguns

artigos, matérias e pesquisas da web.

Finalmente, o quarto capítulo apresentará a conclusão de toda essa

pesquisa que, com base no que foi visto no referencial teórico, será possível traçar

um perfil do consumidor de Red Bull, para que possamos compreender de que

maneira a empresa utiliza o marketing experimental, como ela o inclui em suas

ações e o mais importante, o processo de fidelização por qual o consumidor é

submetido.

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2 - O MARKETING

O marketing tem como função estudar o mercado em que atua,

analisando as suas evoluções em meio a sociedade de consumo contemporânea,

despertando necessidades e desejos e identificando o público-alvo ao qual irá

direcionar produtos e estratégias de venda específicos. Compreender de que

maneira as pessoas consomem se tornou o foco principal do profissional de

marketing, sendo necessário ir além dos conceitos da administração, sendo assim,

para criarmos vínculos com o consumidor e elevarmos o grau de importância do

marketing, é necessário conhecer mais que números e estatísticas, é preciso saber

como o consumidor pensa, o que e onde trabalha, seus gostos, hobbies, enfim,

saber interagir com o mesmo. Tal método é confirmado por Shimoyama e Zela.

Marketing é uma via de duas mãos entre o mercado e as organizações, em

que estas buscam no mercado informações sobre seus desejos e

necessidades, recebendo como retorno, nesta primeira fase, as

informações. Como passo seguinte, as organizações passam a oferecer ao

mercado os produtos e serviços de acordo com os desejos e necessidades

dos clientes, tendo como retorno recursos financeiros e clientes satisfeitos.

(SHIMOYAMA E ZELA, 2002, p.2)

Percebemos então, que o marketing não tem apenas a função de

apontar as necessidades mas, além disso, desperta os desejos dos consumidores,

sendo o grande responsável por gerar impulsos que motivam a compra, buscando

saciar as necessidades daqueles que são impactados. Assim, o marketing já não é

somente uma ferramenta administrativa, passando a adotar diversos compromissos

necessários para a expansão e o sucesso de uma marca, seja por meio da venda de

um produto ou serviço, ou gerando novas experiências de compra aos seus clientes.

Vários fatores além do ato da compra estão ligados a satisfação das

pessoas, e são neles que o marketing procura as informações essenciais para criar

estratégias de comunicação mais eficazes, elevando o grau de satisfação para então

gerar um relacionamento com o consumidor, fidelizando-o e gerando lucros para as

empresas. “Marketing é a intenção de entender e atender o mercado” (Raimar

Richers, 1981, p.5).

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Para entendermos melhor o conceito de marketing, é necessário

compreender o que são essas necessidades e desejos do consumidor, porém, antes

disso, iremos expor outros aspectos que ajudam na compreensão dos mesmos.

Produto, marca e consumidor são elementos responsáveis por compor o cenário

onde nascem as necessidades e os desejos.

2.1 - O Produto

Dentro dos quatro elementos do mix de marketing2, notamos que o

produto é o mais importante, pois sem ele não seria necessário nenhum esforço de

venda ou qualquer planejamento para que o mesmo seja comercializado.

Produtos podem ser definidos como o objeto principal das relações de troca que podem ser oferecidos num mercado para pessoas físicas e jurídicas, visando proporcionar satisfação a quem os adquire e consome. A visão ampliada, como foi visto, permite incluir serviços, personalidades, lugares, organizações e ideias como objeto de marketing [...] Os produtos somente serão vendáveis se possuírem benefícios suficientes que possam motivar os consumidores para compra. (LAS CASAS, 1997, p. 167).

Diante disso, percebemos que o produto cria um vínculo com o

cliente. Cada pessoa possui um determinado motivo para efetuar uma compra,

podendo um mesmo produto ter utilidades diferentes para consumidores diferentes.

Mesmo fazendo parte de um mesmo público-alvo, todos esses clientes se dividem

em nichos de mercado3, fazendo com que o marketing trabalhe cada um de maneira

específica.

2 O mix de marketing, também conhecido como composto de marketing ou 4P’s, é o conjunto de ferramentas que a empresa utiliza para perseguir seus objetivos de marketing no mercado-alvo. Essas ferramentas são classificadas em quatro grupos amplos, os 4P’s de marketing: produto, preço, praça (ou canal) e promoção (ou comunicação). Esses termos vêm do inglês product, price, place and promotion. (Tuleski, 2014) 3 Nichos de mercado são, de um modo geral, um sub-mercado, uma parcela menor dos clientes e consumidores de uma marca, porém que se diferem em suas características, muitas vezes provocando abordagens diferentes pra que sejam atingidos, como por exemplo: pessoas diabéticas (nicho) precisam consumir alimentos diets (produto específico para o nicho).

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Devemos perceber que os produtos não podem chegar aos

consumidores apenas como simples mercadorias, eles necessitam ser elevados a

um outro grau de percepção, pois a nova sociedade de consumo procura muito mais

que atributos tangíveis. Ela busca características que satisfação seus desejos e/ou

necessidades.

Um consenso se estabelece no que diz respeito ao que não é objeto da publicidade: não se vende o “produto em si”, tampouco as “qualidades intrínsecas” do produto. Vende-se tudo, menos o produto. Vendem-se “imagens”, “marcas”, “valores”, “arquétipos”, “magia”, “símbolos”, “arte”, “desejos”, “códigos culturais”, “emoções”, “diferença”, “estilo” etc. Ou seja, não se vende o que, de fato, se quer vender. (Severiano, Maria de Fátima Vieira, 2001, p. 171).

A nova sociedade de consumo, com suas diferentes formas de

perceber o que cada produto pode lhe proporcionar, é o que torna o trabalho dos

publicitários cada vez mais difícil, pois eles necessitam saber muito mais a respeito

desse público-alvo, já que, a cada instante, as ideias se diferem, os valores mudam,

a moda muda e vários outros fatores que afetam a personalidade de cada indivíduo.

Por isso, a publicidade teve que se reinventar, direcionando sua comunicação e

abordando cada nicho de mercado de forma direta e mais pessoal, ao contrário da

metodologia antiga, que buscava atingir de maneira geral o máximo de

consumidores dentro de um determinado público.

2.2 - Marca

A marca de um produto é considerada pelo marketing um item de

diferenciação e o faz ser único, sendo a apresentação do produto para o cliente. Las

Casas (1997) retrata quanto é significativa a presença da marca no processo de

relacionamento com o consumidor, e que a cada vez mais os valores atribuídos a

elas se elevam, tendo como foco principal a unanimidade na mente dos clientes. Na

busca desse objetivo, nos perguntamos: qual a melhor forma de criar e administrar o

relacionamento marca – cliente?

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Severiano (2001), analisa “A Marca” levantando três aspectos: a

“personalidade”, a “identificação” e a “relação produto x marca”, que determinam a

construção da mesma. O estudo exibe a maneira com que a marca procura se

apresentar diante do consumidor.

O tema “personalidade” frequenta todas as definições de “marca”. Diz-se dela que encerra o “espírito do produto”. Nela se conjugam, um estilo, um comportamento, uma atitude, um valor, um desejo, um conceito, cumplicidade, simpatia ou aversão, um rosto, uma fala, uma identidade, uma personalidade própria, um mundo (...). A “marca” é “tudo”! Ela é a conjugação dos atributos mais desejados por todos os consumidores e o “ser” mais prestimosamente cuidado pelos publicitários (...). A marca empresta sua “personalidade” ao consumidor, que, a partir de então, se “diferencia dos demais”. (SEVERIANO, Maria de Fátima Vieira, 2001, p. 213-214).

Essa personalidade é atribuída a marca de acordo com as

informações colhidas pelo marketing, onde necessidades e desejos do consumidor

se transformam em valores, estilos, atitudes, enfim, uma identidade. O cliente,

quando adquire esse produto, faz das características que esse possui parte de sua

própria identidade, tornando-se mais radical, aventureiro, intelectual, entre outros

valores que possam ser atrelados a marca.

Logo após temos a identificação que, de acordo com Severiano

(2001; p.218), “a identificação vai muito além do que uma mera adoção de um

conjunto de valores ou de um modelo”. É como se as necessidades e os desejos

das pessoas estivessem escondidos em suas mentes, e no momento em que se

deparam com uma marca cujos valores se assemelham aos seus, ocorre então a

identificação e o início do relacionamento marca x consumidor.

Não menos importante, a relação produto/marca influenciada pela

nova sociedade do consumo, faz com que a marca torne-se o fator final na decisão

da compra, passando credibilidade ao produto, dando-o personalidade e status,

individualizando-o dos demais, fazendo da marca o diferencial do produto.

Implementa Severiano:

Page 14: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

14

Essa extrema importância dada as marcas revela, mais uma vez, a natureza

significativa do consumo contemporâneo, baseada em atributos

psicológicos e de distinção social. A capacidade de escolher, simplesmente,

comprar um produto em função do seu uso, não mais existe. (...) Portanto,

sem a marca o produto não é nada. Da mesma forma que a marca

empresta “personalidade” ao homem, ela também é a própria

“personalidade” do produto. (Severiano, Maria de Fátima Vieira, 2001,

p.222).

O ato de consumir é a forma adotada pelos indivíduos para se alto

afirmarem e serem percebidos perante a sociedade. Para isso, usam as marcas que,

unidas aos seus valores, materializam essa nova necessidade de auto afirmação,

mostrando suas filosofias e estilos de vida.

2.3 - O Comportamento do Consumidor

Esclareceremos, a seguir, parte do que acontece com o consumidor

no seu relacionamento com a marca. Essa discussão é essencial, já que para

compreender a importância de determinada marca para o consumidor, é necessário

conhecer os elementos que constroem e influenciam o seu comportamento.

2.3.1 - A Motivação

Canclini (1996, p.53) defini consumo como “[...] conjunto de

processos socioculturais em que se realizam a apropriação e usos de produtos”, que

diante a gama de opções de marcas e produtos, oferece ao consumidor a

oportunidade de escolher qual deles será a melhor opção diante do seu perfil social,

financeiro ou pessoal. Porém, embora exista essa variedade de produtos, algumas

marcas atingem de tal maneira seu público-alvo que, por mais que seus os

concorrentes invistam, esses não conseguem os mesmos resultados que as demais.

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É interessante notar a princípio, que o ato da compra procede de

alguma motivação, ou seja, um incentivo ou impulso. De acordo com Blakwell, Engel

e Miniard (2000, p.267):

Uma necessidade é ativada e sentida quando há discrepância suficiente entre o estado desejado ou preferido de ser e o estado real. À medida que esta discrepância aumenta, o resultado é a ativação de uma condição de despertar chamada impulso. [...] Com o tempo, certos padrões de comportamento são reconhecidos como mais eficazes do que outros para a satisfação da necessidade, e estes surgem para funcionar como desejar.

Quanto as necessidades ativadas e sentidas, os autores acima

citados classificam-nas em duas classes: as necessidades utilitárias, que estudam

os aspectos funcionais do produto, isto é, seus atributos e objetivos práticos,

qualidade e preço e, as necessidades hedonistas/vivenciais, as quais englobam os

aspectos intangíveis relacionados aos prazeres e sonhos, ao humor e sentimentos

estimulados. Analisam-se as duas categorias de necessidades usualmente

trabalhando juntas no instante da decisão de compra, visto que os compradores

podem ser atingidos por motivações utilitárias e emocionais ao mesmo tempo.

Outras teorias sobre a motivação foram formuladas e, as duas que

apresentaremos a seguir são as mais relevantes quanto ao objetivo deste trabalho.

2.3.1.1 - Cognitivista

Está ligada com o saber, transmite que o comportamento

fundamentado nas escolhas conscientes e nos acontecimentos do meio. Eliane

Karsaklian (2000, p.24) define:

Segundo a teoria cognitiva, não há um estabelecimento automático de conexões estímulo-resposta, o indivíduo antevê consequências de seu comportamento porque adquiriu e elaborou informações em suas experiências. Assim, escolhemos, por meio da percepção, pensamento e raciocínio, os valores, as crenças, as opiniões e as expectativas que regularão uma meta almejada.

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16

Compreendemos então, que o comportamento é estimulado por uma

captação da necessidade e de sua solução, de maneira que seja vista como um

todo. A partir dessa captação, o consumidor parte para a análise das melhores

soluções para saciar seus desejos, buscando opiniões, acreditando em suas

crenças e usando dados, que o seu raciocínio o levará a melhor decisão de compra

e no momento certo.

Conforme Christiane Gade (1998, p.72): “O aprendizado cognitivo

implica pensamento e raciocínio para estabelecer relações, reconstruir e recombinar

informações, para assim chegar a novas associações e conceitos.”

Tal teoria é muito apropriada para a análise a seguir, já que

procuramos desvendar os processos de escolha, envolvimento e relacionamento

com a marca de maneira um pouco mais consciente e com base no conhecimento,

pois não seria coerente afirmar que o nosso comportamento surge apenas de

impulsos e motivações inconscientes.

2.3.1.2 - Humanista

De acordo com a obra de Karsaklian, o fundamento da teoria

humanista é a motivação resultante das necessidades retratadas pela pirâmide das

necessidades em que Maslow4 as listou hierarquicamente:

Necessidades fisiológicas: estão posicionadas na base da pirâmide, são as

necessidades básicas de sobrevivência como fome, sede, sono etc., o indivíduo irá

satisfazer outras necessidades a partir do momento que sua sobrevivência for

assegurada;

De segurança: está associada à segurança física e psíquica;

De pertinência e afeto: faz referência aos sentimentos e ao vínculo aos grupos que

o indivíduo se relaciona;

4 Abraham Harold Maslow (1 de Abril de 1908, Nova Iorque — 8 de Junho de 1970, Califórnia) foi um psicólogo americano, conhecido pela proposta Hierarquia de necessidades de Maslow. Maslow era o mais velho de sete irmãos, de uma família judia do Brooklyn, Nova Iorque, Trabalhou no MIT, fundando o centro de pesquisa National Laboratories for Group Dynamics. (Viana, 2014)

Page 17: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

17

De estima: necessidades relacionadas ao status, reputação e a notoriedade diante

a sociedade, que quando alcançada, tornará o indivíduo mais confiante, elevando

sua autoestima;

Auto realização: é o topo da pirâmide, onde acontecesse a busca pelo crescimento

do indivíduo.

Figura 1: Pirâmide de Maslow5

O comportamento seria motivado pelo dever de suprir tais

necessidades que, de acordo com que são alcançadas as mais básicas, as próximas

passam a ser o foco.

Nessa abordagem, Karsaklian (2000, p.29) afirma:

[...] O homem não se limita a sua fisiologia, nem é um respondente

mecânico ou mesmo cognitivo a estímulos, nem um campo de batalha para

impulsos e agressões. O comportamento humano não pode ser aplicado

pela simples relação que se faz entre suas reações e os estímulos aos

quais ele reage.

De acordo com a análise citada, a abordagem humanista do

comportamento humano explica que o homem não é um ser tão previsível assim,

existem outros fatores, que não são fisiológicos, que influenciam seu

comportamento.

5 Figura 1: Daniel P. Teoria de Maslow – A Pirâmide de Maslow, out. 2011. Disponível em: <www.portaldomarketing.com.br/Artigos/maslow.htm>. Acesso em 23 set. 2014.

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Sendo assim, os profissionais de marketing devem estar atentos ao

que motiva seus consumidores, para que os mesmos sejam atingidos da melhor

maneira possível proporcionando um estímulo à compra e que esta seja a solução

para seus desejos ou necessidades.

2.3.2 - Personalidade

Entender como se constrói a personalidade e como ela funciona é

importantíssimo para o estudo do comportamento do consumidor, visto que é um

item motivador e influente na hora de decidir entre duas ou mais marcas.

Christiane Gade (1998, p.95) define personalidade:

É um conjunto de traços psicológicos (internos) desenvolvidos em interação com o meio ambiente (externo) e resulta em formas de perceber, sentir e agir. O desenvolvimento da personalidade então ocorre através da interação de fatores pessoais internos que interagem com o meio ambiente sociocultural.

A personalidade trabalha como variável da motivação, já que se

considera que alguns de seus perfis podem realizar uma influência motivadora. De

acordo com Blackwell, Engel e Miniard (2000, p.238): “A personalidade proporciona

uma consistência de respostas baseada em características psicológicas internas e

duradouras”. Distingue-se que a visão duradoura citada pelos autores pode se referir

à fidelização com a marca.

2.3.3 - O Envolvimento

O envolvimento é outro elemento que influência diretamente o

comportamento do consumidor. Beatriz Samara e Marco Aurélio Morsh (2005, p.22)

o definem como “o grau de preocupação e cuidado que o consumidor emprega na

decisão de compra. Refere-se ao nível em que determinada compra está voltada ao

ego ou ao valor”. Entende-se que, devido ao envolvimento estar relacionado com as

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características individuais de cada pessoa, ele indicará vários motivos para cada

uma, podendo essa interessar-se ou não por uma determinada marca por diversas

razões. Blackwell, Engel e Miniard (2000, p.106) resumem: “O envolvimento torna-se

ativado e sentido quando características pessoais intrínsecas (necessidades,

valores, autoconceito) são confrontadas com estímulos de marketing adequados

dentro de uma dada situação”.

O envolvimento consiste em fatores sociais baseados em elementos

antecedentes, como fatores pessoais, situacionais e fatores do objeto ou do

estímulo.

Fatores pessoais: quando o efeito da decisão influencia diretamente a pessoa, o

nível de envolvimento pode ser maior. Autoestima, saúde, beleza são exemplos de

tal fator. Para que haja envolvimento é necessário que aconteça a ativação da

necessidade e esse, se fortalece quando os produtos e serviços são elementos que

podem elevar o ego de cada pessoa. Neste caso, o envolvimento passa a ser

permanente e trabalha de maneira estável, ao contrário de ser momentâneo ou curto

(BLACKWELL, MINARD E ENGEL, 2005).

Fatores situacionais: estão ligados a compra, o uso e ao momento. O

envolvimento criado por esses fatores tem natureza transitória e poderá

enfraquecer-se assim que a compra seja efetuada, ou seja, assim que a

necessidade gerada naquele momento seja saciada (BLACKWELL, MINARD E

ENGEL, 2005).

Fatores do produto: quando há risco percebido na compra, o uso de marcas e

produtos, estes se tornam envolventes. Alguns desses riscos percebidos são: físico,

risco de dano corporal; psicológico, risco negativo ao ego; performance, medo de

que o produto não apresente o desempenho esperado; e o risco financeiro. Relativo

a perda de dinheiro com o produto adquirido (BLACKWELL, MINARD E ENGEL,

2005).

Sendo assim, o consumidor poderá ser induzido a fazer tal escolha

em consequência dos valores aos quais acredita e que encontra na marca, em razão

do preço ou até mesmo persuadido por uma propaganda.

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O público-alvo efetivamente envolvido procura referências sobre os

produtos e marcas, pesquisa sobre os mesmos e possui uma análise mais crítica,

pontua Solomon (2002). Por exemplo, um consumidor envolvido com a

sustentabilidade estará preocupado como o processo utilizado para confecção de tal

produto e sua matéria-prima, fatores que serão decisivos em sua escolha.

Solomon (2002) afirma ainda, que observar esse envolvimento dos

clientes é importante para a segmentação do mercado e para o posicionamento dos

produtos e marcas, as áreas de marketing trabalharão em função de um nicho

específico, particularmente ligado em seu produto e no diferencial de sua marca.

2.3.4 - O Processo de Decisão de Compra

Segundo Basta (2003, p.72), a tomada de decisão de compra

compreende ao reconhecimento do problema, na busca de informações, na

avaliação das alternativas e a decisão de compra.

O reconhecimento do problema encontra-se no processo decisório,

quando existe uma necessidade a ser saciada, que pode vir de um estado de

privação, incômodo ou falta. Assim, o consumidor vai em busca das informações

necessárias para soluciona-la. Tal busca poderá ser realizada diante de três fontes:

a fonte pessoal (família, amigos e conhecidos), a fonte comercial (propagandas,

vendedores e representantes) e a fonte experimental, que consiste na própria

utilização do produto.

Depois de colher as informações necessárias e essenciais para

satisfação, na avaliação das alternativas, o consumidor irá, conforme Basta (2003,

p.64), mensurar em seu processo cognitivo a relação custo-benefício de uma

determinada compra. A partir daí, a compra é realizada e a decisão aponta o

processo de escolha, o motivo e a efetivação da mesma.

Dentro do processo de compra o que se considera é a marca, o

fabricante, a quantidade, a ocasião e a forma de pagamento do produto ou serviço.

Em seguida, existe o último passo do processo de decisão que é chamado de pós-

compra. Este se divide em quarto etapas até que o consumidor parta para uma nova

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21

compra deste mesmo produto, marca e/ou serviço, ou não; que são a confirmação

da decisão, a avaliação da experiência, a satisfação ou insatisfação e, por último, o

abandono, a reclamação ou a lealdade.

De acordo com Basta (2003, p.75) é no último passo da fase do pós-

compra que o consumidor irá definir a fidelização, ou não, com o produto adquirido.

Caso este não atenda às necessidades do consumidor, proporcionando-o uma má

experiência de compra, o produto ganha uma carga negativa, não sendo mais

adquirido. No entanto, mesmo insatisfeito, o consumidor poderá reclamar junto a

órgãos públicos ou ao fabricante, podendo este ter uma nova oportunidade de atingi-

lo positivamente. Caso esta experiência seja positiva desde o primeiro contato com a

marca, o consumidor pode adquirir um mesmo produto várias vezes, tornando-se um

cliente fiel e, até mesmo, fazendo da marca sua identidade.

2.3.5 - Gerenciamento da Expectativa e Satisfação do Cliente

Segundo Hayes (1996, p.41), “os instrumentos de medição podem

nos ajudar a entender melhor e a fazer predições a respeito do mundo em que

vivemos.” Por meio do gerenciamento da expectativa e da satisfação de um cliente,

é possível identificar o grau de satisfação, notando também prováveis problemas do

serviço ou produto fornecido, dando uma oportunidade para que a empresa possa

atender de uma maneira melhor as necessidades de cada consumidor, fazendo que

este mude de opinião. Logo, é muito importante analisar e observar com exatidão a

reação dos clientes em suas experiências de compra.

Ainda de acordo com Hayes, as sensações dos clientes sobre a

qualidade do serviço e sua satisfação possuem alguns critérios observáveis, como

um sorriso quando se fala de determinado produto ou serviço ou quando este indica

o produto para seus familiares e amigos.

Pode se chegar a tais conclusões de outras maneiras, como por

exemplo, utilizando um Questionário de Satisfação do Cliente6. Conforme Hayes

(1996, p.43), “se, no questionário, as pessoas indicarem boas coisas sobre o 6 Questionário de Satisfação do Cliente: São aplicados para medir o grau de satisfação do cliente em relação a uma empresa, seus produtos ou serviços.

Page 22: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

22

produto/serviço e fornecerem outras indicações de comportamentos positivos,

podemos concluir que elas estão satisfeitas com os mesmos”.

Tais métodos auxiliam a gerenciar a expectativa do cliente, visto

que, ao supri-las e supera-las, contribuem para que a empresa forme seu diferencial,

possibilitando a mesma uma maior procura pelo consumidor, aumento dos clientes

fiéis a marca e aumento dos lucros.

De acordo com que estudamos até agora, podemos perceber que o

grau de satisfação do cliente está diretamente ligado a experiência que este obteve

com a marca, produto ou serviço escolhido para saciar seus desejos e

necessidades. Com o passar dos anos, o consumidor vem buscando novas

experiências de consumo, algo que esteja fora do cotidiano e o atinja de maneira

diferente, aproximando-o cada vez mais da marca e proporcionando experiências

inimagináveis. E é sobre essas novas maneiras de abordar o consumidor que

exploraremos o tema a seguir, o marketing de experiência.

Page 23: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

23

3 - MARKETING EXPERIMENTAL

Com base no que foi estudado, podemos identificar o que significa

marketing experimental e como ele acontece.

Bernard Schmitt (2002), em seu estudo sobre as tendências de

marketing no início do novo milênio, expõe três características essenciais do mesmo:

a onipresença da tecnologia da informação, a ubiquidade das comunicações e do

entretenimento e a supremacia da marca. Nesta pesquisa, o autor busca salientar as

divergências entre o marketing tradicional e o marketing experimental.

O autor destaca quatro elementos importantes para a compreensão

e o entendimento das ações que o marketing experimental pode realizar. O primeiro

deles é o foco nas experiências do cliente, que segundo Schmitt (2002, p.41) “são

estímulos criados para os sentidos, para os sentimentos e para a mente”, com o

objetivo de conceder aos clientes experiências que os aproximem da marca e

transformem sua visão para o consumo.

Como segundo elemento, temos a análise da situação de consumo,

que é a fase de contato do consumidor com o produto, é a transformação da simples

prática da compra para uma nova experiência de consumo. Como exemplo de ações

desse tipo, podemos citar a “Test Drive Renault F1TM Team”, campanha da

Renault7 que dava a possibilidade de seus clientes se tornarem pilotos de fórmula 1

por um dia. “Para o indivíduo, a participação nessas formas de expressão

acrescenta mais um significado à sua vida e um mecanismo de exercício de

estabilidade, alegria e ocasionalmente êxtase, por causa da união sentida.”

(SCHMITT, 2002, p.42).

O terceiro elemento citado por Bernard Schmitt (2002), trata-se dos

consumidores serem seres racionais e emocionais e que, por mais que façam suas

escolhas racionalmente, frequentemente são motivados pela emoção e veem nos

produtos experiências direcionadas para saciar seus desejos ou fantasias. Os

profissionais de marketing experimental analisam essas relações que envolvem

7 Renault: Fabricante francês de veículos fundada em 1898 por Louis Renault.

Page 24: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

24

sentimentos e ações, para que possam estabelecer um elo verdadeiro do

consumidor com a marca.

Por último, Schmitt (2002) acredita que os métodos e ferramentas

para realizar o marketing experimental são ecléticos, pois não existe uma fórmula

para implementar suas ações, já que o mesmo está sempre focado em provocar

novas sensações de consumo aos clientes. Suas ações podem ser realizadas de

várias formas, mas sempre com o objetivo principal de proporcionar o

relacionamento do cliente com a marca.

Uma vez que o marketing experimental tem o foco no cliente, é

necessário que o mesmo concentre seu trabalho no posicionamento de marca, para

que o consumidor possa receber aquilo que procura:

O marketing experimental também oferece uma nova abordagem para as marcas. Como já dissemos, a abordagem tradicional considera a marca um identificador estático dos produtos de uma empresa, pelo uso do nome, do logotipo e dos slogans. Esse serviço identificador (marca = identidade), na realidade é uma função essencial da marca. Contudo, ela não é meramente um identificador, em primeiro lugar e principalmente, é uma fornecedora de experiências [...] Os consumidores querem ser estimulados, divertidos, instruídos e desafiados. Eles procuram marcas que lhes possam oferecer experiências e depois passem a fazer parte da sua vida. (SCHMITT, 2002, p. 45 e 47).

Figura 2: SCHMITT, Bernard H. Dois tratamentos dispensados às marcas. 2002, figura 1.4

Page 25: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

25

Assim, percebemos que o marketing experimental é a vertente

responsável por gerar uma identidade a marca, concedendo a ela valores e

significados que possam ser identificados e aprovados pelo consumidor. Esse

também possui o papel de elaborar um mix de comunicação8 que tenha a

participação direta do cliente, sendo capaz de ativar seus sentidos e sentimentos,

fazendo da marca uma de suas características.

A marca, agora, possui personalidade e ganha maior importância na

vida das pessoas, contexto esse no qual os consumidores a identificam como o meio

de realizar seus desejos/necessidades. É neste momento que o marketing assume a

função de dar continuidade ao relacionamento do cliente com a marca, até que o

mesmo alcance um grau de fidelidade. Desta forma, o marketing experimental

possibilita aos consumidores novas maneiras de pensar e agir, é a ocasião em que

as pessoas podem colocar em prática novas ações de consumo.

Figura 3: SCHMITT, Bernard H. Dois tratamentos dispensados às marcas. 2002, figura 1.5

Mowen e Minor (2003, p.218) defendem uma experiência de

consumo como sendo um “conjunto de conhecimentos e sentimentos

8 Mix de comunicação: Conjunto de ferramentas de comunicação usadas por uma empresa (Ex: propaganda, promoção de vendas, marketing direto, publicidade, etc.)

Page 26: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

26

experimentados por uma pessoa durante o uso de um produto ou serviço”. Os

autores descrevem que tal consumo é composto por três itens:

O uso do produto: É o modo com que os clientes usam o produto, refere-se à

condição em que ocorre o consumo.

O consumo de atuação: Está ligado a sensação das pessoas no instante do

consumo e como acontece a relação entre cliente e marca. Este estágio ocorre nas

três etapas do consumo, ou seja, antes, durante e após a compra.

Figura 4: MOWEN, Jonh C./MINOR, Michael S. Tipos de atuação do consumidor. 2003, tabela 10.1

Estados de espírito e a experiência de consumo: Refere-se aos cenários em que

os clientes são influenciados pelo estado de espírito em que se encontram, negativa

ou positivamente.

De acordo com Mowen e Minor (2003, p.221):

[...] os sentimentos do consumidor durante a experiência de consumo influenciaram as avaliações que fará do produto, independentemente da qualidade real do mesmo. A avaliação de produtos está intimamente relacionada ao desenvolvimento de sentimentos de satisfação ou insatisfação com o processo de troca.

Esses três elementos formam um conjunto de situações do

relacionamento do consumidor com o produto e/ou marca e, com base neles,

conseguimos avaliar o grau de satisfação dos clientes, e como esses itens afetam

na relação de fidelidade do cliente com a marca.

Page 27: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

27

Para o marketing, o consumo é o instante da relação direta do

cliente com a marca e/ou do consumidor com o produto, é a maneira com que esse

foi conquistado, usado ou rejeitado. É a própria investigação do modo que o produto

se estabelece na vida e na rotina das pessoas, a forma em que tais experiências

criadas por essa relação são responsáveis por conquistar um consumidor fiel,

disposto a realizar a compra novamente.

De acordo com Schmitt (2002, p.71) “o profissional de marketing

precisa apontar o ambiente e cenário certo para que as experiências pelas quais o

cliente queira passar possam acontecer”. Logo, o marketing tem a função de atrair o

consumidor a essas experiências e gerar estímulos que ocasionam o surgimento

das mesmas, procurando atingi-lo com uma linguagem que o levará a praticar tal

experiência (Brand Experience9).

Podemos citar como exemplo a LEGO House, complexo que está

sendo construído em Billund, na Dinamarca. O projeto foi desenvolvido para

assemelhar-se a 21 grandes blocos de lego, onde serão oferecidas várias

atividades. Com foco principal em levar seus clientes a uma experiência única, o

público terá a oportunidade de conhecer a história da marca, “onde valores como

aprendizado, carinho, qualidade, imaginação, criatividade e diversão fazem parte de

seu alicerce” (Amanda de Almeida, 2014).

Essas experiências geradas pelo marketing, levam as pessoas a se

identificarem com alguns dos valores atribuídos àquela experiência, se sentindo

privilegiadas por fazerem parte de algo maior.

Schmitt (2002) faz uma avaliação dos tipos de experiência, que

segundo ele fundamentam o marketing experimental. São elas:

O Marketing de sentidos: atua gerando experiências que estimulem os cinco

sentidos do ser humano (visão, audição, olfato, tato e o paladar) (SCHMITT, 2002).

9 Brakus et al (2009) conceituam a brand experience (experiência de marca em tradução livre do inglês para o português) como sendo respostas internas dos consumidores, em forma de sensações, sentimentos, respostas cognitivas e respostas comportamentais, que surgem como reação a um estimulo da marca, que pode ser encontrado na identidade da marca, na embalagem e comunicação e/ou no ambiente em que a marca é comercializada.

Page 28: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

28

O Marketing dos Sentimentos: tem foco na criação de experiências responsáveis

por despertar as emoções do consumidor, reforçando os laços sentimentais das

pessoas com a marca (SCHMITT, 2002).

O Marketing do Pensamento: explora a habilidade de raciocínio e interpretação

dos consumidores, gerando experiências com alto nível de interação (SCHMITT,

2002).

O Marketing de Ação: gera experiências de interação não só com a marca,

possibilitando também o inter-relacionamento de um determinado grupo de

consumidores (SCHMITT, 2002).

O Marketing de Identificação: as experiências criadas aqui, atingem o consumidor

de uma maneira mais pessoal, são experiências com foco direcionado (SCHMITT,

2002).

Diante das afirmações feitas por Schmitt, analisaremos como a

marca atua dentro dessas experiências. De que maneira o marketing apresenta a

marca ao cliente, quais as características agregadas à marca são necessárias para

criar um relacionamento além do consumo. Slater (2002, p.146) afirma:

O consumo faz parte da reprodução cultural de relações sociais, um processo bem concreto realizado através de práticas sociais na vida mundana. Essa visão das coisas pode ser mecânica, pode implicar que o consumo é inevitavelmente conformista, bem como um agente, um meio de assegurar a conformidade social. Mas exatamente porque o consumo é uma pratica cotidiana em que os agentes sociais reais usam habilmente os recursos culturais (linguagem, coisas, imagens) para atender as suas necessidades, envolve necessariamente reinterpretações, modificações, transgressões – e pode ser usado para questionar culturalmente, bem como para reproduzir culturalmente a ordem social.

Como estudado anteriormente, a marca já não é mais um elemento

identificador ou um mero símbolo que diferencia os produtos nas prateleiras. As

marcas na sociedade contemporânea estão cercadas de valores, sentimentos e

atributos que as tornam únicas, cada uma com sua identidade, contendo uma

imagem que a conecta diretamente com seus consumidores.

As ações de marketing experimental se tornam cada vez mais o

ponto principal de contato do consumidor com esses valores e sentimentos, que são

Page 29: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

29

atribuídos às marcas. Veremos a seguir, através de um estudo de caso da marca de

bebidas energéticas Red Bull, como suas ações atingem seu público e os levam a

experiências que vão além da imaginação de seus consumidores.

Page 30: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

30

4 - A RED BULL E O MARKETING EXPERIMENTAL

Como dito anteriormente, o objeto de estudo desta pesquisa foi a

marca Red Bull. Neste capítulo, iniciaremos com um breve histórico da marca, seu

desenvolvimento e qual sua posição no mercado em que atuam. Analisaremos

também suas estratégias de comunicação e os métodos de abordagem ao cliente.

No decorrer dessa análise, traçaremos um parâmetro que nos levará

a identificação do marketing e do consumo das experiências efetuadas pela

empresa, veremos de que maneira os consumidores identificam e interagem com a

marca Red Bull.

4.1 - A Red Bull

Com início em 1987 e fundada por Diertrich Mateschitz, a austríaca

Red Bull, se faz presente em mais de 166 países atualmente. É importante destacar

que a fundação da empresa trouxe um novo produto ao mercado, as bebidas

energéticas ou, em inglês, energy drinks, fortalecendo a imagem da marca assim

como a empresa que hoje conta com mais de 8900 colaboradores ao redor do

planeta.

Sendo uma empresa global, a Red Bull possui seus mercados

principais e, devido a eles, a marca alcançou bons resultados em sua fase de

expansão. Além de E.U.A., França, Alemanha e Japão, o Brasil, desde 1999, tornou-

se parte de um dos mercados mais importantes para a empresa, sendo cogitada a

possibilidade de receber a primeira fábrica da marca fora da Europa, já que toda a

bebida consumida no Brasil é produzida na Áustria e na Hungria.

O sucesso de Red Bull no Brasil é resultado de uma inovadora estratégia de marketing, sustentada por ações diferenciadas que aproximam o público de experiências completamente novas. De acordo com Dietrich Mateschitz, criador da Red Bull, o segredo está no posicionamento da marca, completamente fora dos padrões: “Nós não levamos o produto para o consumidor, nós trazemos o consumidor para o produto”. (Redbull.com.br, 2014).

Page 31: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

31

Diante dessa afirmação, percebemos como o marketing e o

consumo associados às experiências são elementos essenciais do planejamento da

marca. Com um investimento em marketing em torno de 35% de seu faturamento, a

Red Bull tem como objetivo se diferenciar dos seus concorrentes. Com um layout

moderno e exclusivo, suas embalagens se destacam das demais nos diversos

pontos de venda, além das campanhas de sampling10, criação e patrocínio de

eventos, assim como mídias tradicionais.

Figura 5: Embalagens de Red Bull 11.

4.2 - O Mercado

Líder no mercado em que atua, a Red Bull se faz presente em um

setor que vendeu 40 bilhões de dólares em 2010 e vem crescendo 3% ao ano,

podendo chegar aos 56 bilhões de dólares em 2016, segundo pesquisa realizada

pela Markets and Markets.

América do Norte, Ásia, Pacífico e Europa, possuem a maior

concentração de vendas de bebidas energéticas no mundo, porém, devido a

10 Sampling é o termo anglo-saxão que na gíria do marketing passou a denotar o envio ou distribuição gratuita ao potencial consumidor de amostras de produtos. Distribuir amostras, descontos ou cupons que incentivem a compra de um produto e/ou serviço é uma das técnicas mais utilizadas, sobretudo pelas empresas de consumo. 11 Figura 5: Drink, R. O que é Red Bull? - Beber Red Bull Energy Drink :: Energy Drink :: Red Bull Brasil. Disponível em: <http://energydrink-br.redbull.com/red-bull-energy-drink>. Acesso em: 18 out. 2014.

Page 32: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

32

saturação deste mercado e consequentemente uma diminuição das vendas, as

empresas vão em busca de uma nova praça. Eis que surge a América Latina e,

como um novo mercado potencial, o Brasil, que trouxe incentivos e desenvolvimento

para o setor.

De acordo com Thais Carrança (2012) “De 2006 a 2010, o

crescimento da categoria foi exponencial: de 325%, impulsionado pelo aumento do

poder de compra da população brasileira e pelo fato de a bebida ter caído no gosto

da nova classe média”. Esse cenário aumenta a visão das grandes empresas,

levando-as a investir no setor e é com base nesses números que a Red Bull investe

no mercado brasileiro.

Segundo a consultoria Nielsen, a venda de bebidas energéticas é

atualmente a que mais cresce entre as bebidas não alcóolicas no Brasil, somando

1,4 bilhão de reais, 12% a mais que em 2012. Esses números justificam o uso de

35% de seu faturamento para a realização de ações em marketing e comunicação.

Após identificar o mercado brasileiro como potencial em vendas, a

empresa passou a tentar conhecer mais o seu consumidor, pois era necessário

saber se a mesma estratégia de marketing utilizada nos países com maior

concentração de vendas, impactaria o consumidor brasileiro.

4.3 - O Consumidor

O perfil do consumidor de Red Bull não poderia ser outro além dos

jovens de 16 aos adultos de 45, podendo ser até abrangente demais, mas cada um

com perfis diferentes. O primeiro, se deve ao fato de que cada vez mais os jovens

desejam fazer parte de grupos sociais, se tornarem independentes, sempre em

busca de status e vir a ser referência na sociedade. Dessa maneira, um dos

melhores caminhos para obter tais desejos é o consumo.

Já em segundo, a procura por melhores qualidades de vida diante

dos adultos é cada vez maior. Essa busca começa com a prática de esportes e,

devido a sua rotina de trabalho ou ao alto consumo de energia durante suas

Page 33: O Marketing de Experiência Como Forma de Interação:  Caso Red Bull

33

atividades, ingerem bebidas energéticas para melhorem seus resultados e/ou

revitaliza-los após os treinos.

Esse público se distribui em várias classes sociais, A, B e C, apesar

disso, tal divisão não pode ser denominada como um fator determinante para a

caracterização desse conjunto de consumidores, já que suas filosofias de vida e

seus estilos são os principais elementos que caracterizam esse grupo.

Porém surge a concorrência, algumas com propostas parecidas e

outras querendo atuar em grupos com menor poder aquisitivo, é o que veremos a

seguir.

4.4 - A Concorrência

De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de

Refrigerante e Bebidas não Alcóolicas, existe uma briga cada vez mais intensa pelas

primeiras posições no mercado de energéticos. Nomes como Coca-Cola, Ambev,

Global Bev e o grupo Petrópolis, disputam acirradamente um maior espaço ao lado

da Red Bull neste segmento. Para isso, as concorrentes estão apostando em

estratégias de comunicação semelhantes às já usadas pela Red Bull, que lidera este

mercado desde 2008.

A TNT, marca do grupo Petrópolis, é uma das empresas que mais

buscam associar sua imagem à prática de esportes. Patrocinadora oficial da

Scuderia Ferrari, equipe oficial do campeonato de Fórmula 1, desde 2012, também

investe em eventos como o UFC (Ultimate Fight Championship) e vários outros

atletas como o paraquedista Luigi Cani. Segundo o gerente de marketing da marca,

Douglas Costa, a empresa busca a segunda colocação no mercado que,

atualmente, é ocupada pelo Burn da Coca-Cola.

Criado pela Ambev há somente três anos, o Fusion, está presente

em patrocínio de eventos e campanhas em meios de massa, procurando aumentar

sua visibilidade neste mercado. A Global Bev aposta na variedade de marcas para

conseguir uma maior participação neste segmento. Produtora das marcas Flying

Horse, Extra Power, On Line e Monster Energy, a empresa propõe uma

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34

comunicação como foco na vida noturna, isto é, para serem consumidas

principalmente em festas e eventos.

Percebemos que as empresas que atuam no mercado de

energéticos procuram sempre conquistar o cliente, associando a identidade da

marca com esportes, eventos ou a diversão, procurando sempre leva-lo a

experiências que serão marcantes estando a marca presente na sua memória.

Por isso, o marketing experimental adotado pela Red Bull se torna

essencial, pois é através dele que o consumidor se envolve e cria vínculos com a

marca e o produto, podendo também interferir na escolha de uma marca

concorrente. Esse modelo de marketing adotado pela empresa, acaba gerando

alguns benefícios à marca que seriam difíceis de serem alcançados por meio de

outras estratégias de comunicação.

4.5 - Marketing e interação

Além de todas as ações de experimentação em que seus clientes

são envolvidos, a Red Bull também se preocupa em estudar o mercado que atua,

para apontar os melhores métodos para impactar ao seu consumidor. Um desses

estudos, limita-se a apontar seu espaço de atuação, como festas, eventos, boates,

academias e faculdades.

Também como estratégia, a marca utiliza-se de promotores que

carreguem o estereótipo do consumidor de Red Bull, assim, geram uma maior

identificação com o público situado nestes locais.

Como exemplo dessas ações, podemos citar o Red Bull DJ Car,

onde carros são adaptados para virarem uma verdadeira cabine de DJ. Geralmente

são realizadas em portas de faculdades, aglomerados de bares ou em eventos como

na figura 6, onde o Red Bull DJ Car esteve presente no 26º Salão do Automóvel de

São Paulo, mais precisamente no stand da Pioneer. Desta forma, a marca se

sobressai entre as concorrentes.

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Figura 6: Red Bull DJ Car, 26º Salão do Automóvel12.

A Red Bull também já realizou em nosso país diversas competições

como o Red Bull Air Racing (campeonato mundial de corrida de aviões), o Red Bull

Street Style (campeonato de futebol estilo livre) entre vários outros. Como outra

estratégia de comunicação, a marca patrocina também vários atletas como o

skatista Sandro Dias (Mineirinho), o surfista Carlos Burle, entre outros.

Diante disso, percebemos o conceito de identificação do

consumidor com a marca, interpretado por Schmitt. Notamos que por meio do

marketing e do consumo de experiência, o relacionamento do cliente com a marca

se torna cada vez mais forte.

4.6 - Red Bull: Produto, Marca e Consumo

O envolvimento do consumidor com uma marca passa por algumas

etapas, a primeira delas é o contato com o produto. Neste caso, o produto em

12 Figura 6: Blog.pioneer.com.br,. Avant Premiére Salão do Automóvel 2010 | Blog Pioneer. Disponível em: <http://blog.pioneer.com.br/carros/avant-premiere-salao-do-automovel-2010>. Acesso em: 22 out. 2014.

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estudo nesse trabalho, trata-se do Red Bull Energy Drink, uma bebida energética

consumida pelas pessoas que procuram ter mais energia para praticar vários tipos

de atividades físicas, sendo assim, existindo essa necessidade em obter mais

disposição para pratica-las, o produto poderá solucionar esse problema.

Porém, como já visto nesse estudo, os novos consumidores

procuram muito mais que atributos tangíveis. Com isso, a marca procura dar ao

produto uma identidade que carregue os valores que buscam seus clientes. “Sempre

que os atletas precisam de asas, recorrem a Red Bull. Red Bull Energy Drink é

apreciada pelos amantes de esportes e pelos atletas de ponta em todo o mundo”

(Redbull.com.br, 2014).

Diante do histórico da empresa, percebemos que a imagem atribuída

a marca Red Bull é voltada para praticantes de esportes, pessoas que estão

envolvidas em atividades que necessitam de um pouco mais de energia e,

consumindo o produto, essas pessoas poderão melhor seu condicionamento físico.

Como principal estratégia de comunicação, a Red Bull atrela a sua

marca a grandes eventos esportivos, patrocinando-os ou, até mesmo, produzindo-

os. É nessa prática que conseguimos identificar a presença do Marketing e do

consumo de experiência dentro das estratégias de comunicação da empresa.

Descolada, aventureira, livre e criativa, são algumas características

ligadas a marca Red Bull e estão presentes em todas as suas campanhas de

marketing e propaganda. Junto a essas ações, existem um conjunto de situações de

experimentação que podem ser fundamentais para complementar sua estratégia de

comunicação. É nesse momento que o consumidor de Red Bull nota a semelhança

dos seus desejos com os valores que a marca procura entregar ao cliente.

Diante disso, surgem as motivações que influenciam o consumo e, a

partir daí, o consumidor parte para um estágio de satisfação que foi alcançado

graças ao consumo de experiência vinculado ao produto.

A Red Bull se relaciona com seus consumidores através de várias

ações que estimulam a percepção, a lembrança e os sentidos dos clientes. Desta

maneira, ela cria uma relação de identificação entre cliente e a marca, onde há uma

troca de valores entre ambos. Segundo Pedro Navio (2009, apud TERRA, 2009, p.2)

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37

“Não importa se uma ação tenha 50 pessoas ou mais. Quem estiver lá nunca mais

esquecerá deste evento”

Durante essas ações de comunicação da marca, o marketing de

experiência se torna um meio de garantir aos consumidores vivências que os

emocionem e os façam perceber a marca como parte do seu estilo de vida.

Como o Red Bull Gravity Challenge que é uma competição que

convida os estudantes a desenvolverem uma engenhoca que permita que um ovo

aterrize são e salvo depois de lançado de uma altura de doze metros:

Normalmente, um ovo em queda livre lançado de uma altura de 12m não teria nenhuma chance de sobreviver. O objetivo do Red Bull Gravity Challenge é justamente desafiar a lei criada por Newton há mais de 300 anos, desenvolvendo uma engenhoca que possibilite que um ovo caia dessa altura sem se quebrar ao tocar o chão! (Redbull.com.br, 2014).

Eventos como este estimulam a criatividade das pessoas,

principalmente no ambiente em que foi realizado, no caso, faculdades de todo o

Brasil. Uma experiência um tanto quanto inusitada, faz com que estudantes criem

grupos e elaborem projetos mirabolantes para que um ovo não quebre ao cair de

uma altura de doze metros.

Foram 232 inscritos e 19 equipes participantes no evento realizado

no campus da faculdade Mackenzie, em Higenópolis, São Paulo. “Mais de 400

pessoas lotaram o campus da Universidade Mackenzie [...] para acompanhar o Red

Bull Gravity Challenge, campeonato que elege a melhor performance de arremesso

de ovo do mundo” (Redbull.com.br, 2014).

Com exibições divertidas e as performances criativas dos

participantes que animaram a competição, que teve como vencedor o time Mack

Chicken, que ganhou em casa incentivado pela animação da torcida. A engenhoca

Chicken 1, uma galinha voadora, concluiu a aterrissagem perfeita do ovo.

O desempenho da equipe, que se inspirou nos personagens da série

“Cocoricó, Júlio e sua turma”, foi um dos fatores que garantiram a vitória dos três

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alunos de engenharia mecatrônica da Universidade Mackenzie: Guilherme Bauer,

Matheus Callegari e Rafael Bizinoto.

Experiência essa que carrega a imagem da marca de ser radical,

divertida, aventureira e criativa, assim como afirma o hexacampeão mundial de

skate vertical, Sandro Dias (2014 apud Redbull.com.br, 2014) “tudo que aguça a

criatividade das pessoas é bom, faz com que elas criem, pensem, usem a

imaginação, assim como no skate”.

Figura 7: Red Bull Gravity Challange13

A Red Bull também promove eventos de apoio a cultura, como o

Red Bull Station. Inaugurado na cidade de São Paulo, o local ocupa a antiga

subestação Riachuelo, desativada desde 2004.

13 Figura 7: Camargo, F. Red Bull Gravity Challenge. Disponível em: <http://www.revistacatwalk.com.br/red-bull-gravity-challenge/>. Acesso em: 18 out. 2014.

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O edifício possui cinco andares, contendo uma cafeteria, estúdio de música e um espaço de exposições, que é utilizado por artistas no esquema de residência. O espaço terá acesso gratuito e integra diferentes expressões artísticas, que se misturam em tempo real num ambiente que permite a troca contínua entre artistas e as pessoas que estiverem por lá. O local também disponibiliza internet Wi-Fi para os visitantes. (MARINA MARQUES, 2013)

Voltado para o público classificado como hipster14, o projeto foi

pensado como um centro de produção cultural, na forma de música e arte, onde

artistas são selecionados para tomarem conta dos ateliês, estúdios de mixagem e

fotografia e assim produzirem sua arte para serem expostas pelos corredores e

ouvidas na cafeteria, onde são servidas pequenas refeições, lanches, além é claro,

das latinhas da bebida energética.

Figura 8: Red Bull Station.15

Voltadas para característica principal da marca, a ligação com

esportes radicais, as ações em eventos desse tipo são as que mais recebem

investimentos. O Road to Rampage é uma série com os melhores montain bikers do

mundo. Produzida para a internet, o seriado conta o caminho dos atletas até o

14 Hipster é uma palavra inglesa usada para descrever um grupo de pessoas com estilo próprio e que habitualmente inventa moda, determinando novas tendências alternativas. 15 Figura 8: Arte ref. Red Bull Station abre edital para 10ª residência e dá início à jornada da 9ª. Disponível em: <http://arteref.com/diversos/red-bull-station-abre-edital-para-10a-residencia-e-da-inicio-a-jornada-da-9a/>. Acesso em: 18 out. 2014.

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40

campeonato denominado Red Bull Rampage. Realizado desde 2001 em Virgin, no

deserto de Utah (EUA), em 2014 recebe sua 9ª edição.

O grande equalizador de todos os eventos de mountain bike, Red Bull Rampage é uma competição única, que vem revolucionando o esporte, graças a coragem e talento dos pilotos especialistas nas modalidades, MTB Slopestyle, Downhill e o freeriders de terreno natural em alta montanha para um teste de habilidades gerais nos penhascos, canyons e precipícios de Utah. (Revistabikeaction.com.br, 2014)

Percebemos que o evento propõe aos seus competidores desafios

de altíssimo nível, que dependem muito de suas habilidades. Nada melhor do que

associar esse tipo de competição a uma marca que procura incentivar seus

consumidores a se superarem cada vez mais. Leva-los mesmo como espectadores

desses tipos de competições tende a ser uma experiência de alto impacto

emocional, geram mídia espontânea a cada foto publicada em uma rede social e

cada vez mais uma lealdade desse cliente com o produto/marca.

Figura 9: Red Bull Rampage16

Através desses eventos e ações produzidos pela Red Bull, notamos

uma abrangência maior do público. Podemos perceber consumidores com

características diversas, além das esportivas. Pessoas que se interessam por

música, cultura e outras variadas atividades. 16 Figura 9: Martucci, F. Red Bull Rampage. Disponível em: <http://pulsoativo.com.br/slider/red-bull-rampage>. Acesso em: 18 out. 2014.

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Porém, por mais distintas que essas práticas possam ser, os

consumidores de Red Bull possuem uma semelhança que está além das restrições

do mercado, isto é, mineiro, carioca, paulista, brasileiro ou estrangeiro, que mesmo

com seus costumes e hábitos diferentes, compartilham de uma única característica

como consumidores de Red Bull, o estilo de vida.

Em meio ao mercado de consumidores de bebidas energéticas

encontramos vários nichos diferentes, tendo cada um deles características próprias

de comportamento de consumo. Desse modo, as motivações que os levam a

consumir o produto podem até ter semelhanças, mas a percepção do mesmo é

específica de cada um desses segmentos.

As pessoas cada vez mais acumulam compromissos no seu dia-a-

dia, trabalho, estudos, esportes, diversão e para darem conta de tudo isso, precisam

de algo que eleve o nível de energia. Essas são características do público da Red

Bull, pessoas que consomem o produto não só por esse ganho de energia que ele

proporciona, mas pelo prazer das realizações que seu consumo possibilita. Isto é, o

consumidor de Red Bull compra muito além da bebida refrescante que lhe trará mais

energia, mas, sim, a que o leva a emoção, a aventura, a disposição e a ousadia.

Diante do comportamento do consumidor, podemos dizer que as

características reais e emocionais captadas pelas pessoas que consomem o

produto, se transformam em motivações e que as levam a compra, confirmam Kotler

e Keller (2006; p.183) “uma necessidade passa a ser um motivo quando alcança um

determinado nível de intensidade. Um motivo é uma necessidade que é

suficientemente importante para levar a pessoa a agir.”

Como já dito, a Red Bull foi pioneira no mercado de energéticos,

detalhe esse que é de conhecimento do seu público e usado também como um fator

motivacional a mais, pois esse remete a atributos intangíveis como tradição,

inovação, pioneirismo, isto é, características próprias de pessoas com o perfil de

consumidores deste tipo de produto.

Relacionando os aspectos supracitados com as experiências de

consumo, percebemos que se eleva cada vez mais a identificação de seus

consumidores com a marca que, não só no mercado de energéticos, mas de modo

geral, é de extrema relevância para o negócio. Diante disso, percebemos a

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importância do esforço de marketing praticado pela Red Bull para interagir cada vez

mais com os clientes.

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5 - CONCLUSÃO

Os indivíduos procuram no consumo a solução para seus

problemas, desejos e necessidades que poderão surgir por meio de motivações que,

inseridas em experiências criam uma conexão tão sólida como o consumidor, que

esse passa a ter uma admiração pela marca. Dentro da sociedade de consumo, se

tornar referência é o que interessa, carregar um status, se diferenciar dos demais e

se tornar único neste contexto social, faz-se necessário para que sejam aceitos em

determinados grupos.

Diante disso, a função das experiências que as marcas

proporcionam aos seus consumidores é de aproxima-los cada vez mais de seus

valores, criando laços efetivos e formando relações que produzam grupos entre

determinados clientes. Por meio do estímulo dos sentidos, as experiências

promovem no cliente uma satisfação que será lembrada no momento da compra,

interferindo diretamente na escolha de uma determinada marca no meio de suas

concorrentes.

Para o marketing, o consumidor é a base de tudo. É nele que são

concentrados todos os esforços de comunicação. Já a marca é fundamental para

dar sentido a todas as relações que englobam o comportamento de compra desses

clientes.

Como já estudado, o marketing procura tratar o cliente de uma forma

especial, tendo ele com foco principal, porém, ainda que haja várias maneiras de se

faze-lo, o objetivo final do marketing será gerar vendas e lucros para a empresa. Na

sociedade de consumo contemporânea, sua função permanece a mesma, contudo a

nova orientação social e o novo modelo de comportamento do consumidor

requisitaram do marketing um aperfeiçoamento, em especial na abordagem do

cliente.

É em meio a esta renovação e a necessidade de proporcionar ao

cliente novos modelos de interação com as marcas, que nasce o marketing

experimental. Durante esse trabalho, percebemos como a exposição dos

consumidores a novas experiências é capaz de gerar relações sentimentais que, por

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meio do estímulo da percepção e da criação de uma satisfação, o marketing gera

um cliente fiel, que se relaciona e se identifica com a marca.

Porém, o início desse processo ainda é realizado pelo marketing

tradicional, que define as metas e os objetivos a serem atingidos. É ele que define o

mercado de atuação, público-alvo, distribuição, conceito do produto, entre outros. E

dentro do mix de marketing, quando serão produzidas as estratégias de promoção

de determinada marca ou produto, que surge o marketing de experiência.

Agora, as campanhas de comunicação passam a ser elaboradas

com foco nas necessidades dos clientes, desde a imagem da marca até grandes

eventos promocionais, o objetivo é proporcionar experiências únicas para o

consumidor para que esse passe a ter uma relação de fidelidade cada vez maior

com a marca. Porém, nesta fase do processo, o consumidor ainda é um objeto de

estudo, que através de dados e pesquisas é analisado pelo marketing para que esse

possa atingi-lo da melhor maneira possível.

Ainda diante do “P” de promoção, notamos a importância do

consumo com foco na experiência. A maneira com que esse consumo irá ocorrer é

analisada, planejada e iniciada, com um objetivo determinado no planejamento de

comunicação. A partir de então, o consumidor estará totalmente inserido no

processo de consumo de experiência, onde poderá tocar, ver, ouvir, degustar e

vivenciar a marca. É neste momento que nasce a identificação e a satisfação do

cliente com a marca.

Ao analisarmos a Red Bull, percebemos que a marca é pioneira no

mercado de energéticos, que dentre seus demais concorrentes é a primeira a ser

lembrada na mente dos consumidores, atrelada a uma imagem radical e aos

esportes de ação, onde adrenalina e o Red Bull se tornam combustíveis essenciais.

Com o slogan “Red Bull te dá asas” a marca desenvolve suas

principais ações de consumo de experiência. Como exemplo disso citamos o Red

Bull Gravity Challenge, concurso onde estudantes de faculdades são desafiados a

criarem engenhocas que possibilitarão que um ovo chegue são e salvo, sem se

quebrar, ao chão, jogando de uma altura de doze metros.

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Percebemos neste exemplo o que a marca pretende de seu

consumidor quando o aborda com seu slogan. Ela provoca o uso da imaginação na

criação das máquinas voadoras, onde podemos fazer uma alusão à expressão “dar

asas à imaginação”. Da mesma maneira, os participantes abusam da criatividade

para “dar asas” aos ovos, para que os mesmos não se quebrem ao tocar o chão.

Com isso, notamos como o marketing trabalha na construção e no

desenvolvimento da marca, criando sua identidade e a cercando de atributos para

que, no momento em que haja o consumo de experiência, o consumidor perceba

tudo aquilo que espera, onde suas expectativas sejam superadas.

Podemos descrever o consumidor de Red Bull de várias maneiras:

criativo, esportista, estudante, descolado, trabalhador, entre outros. Baseando-se

nessas características, a marca planeja suas estratégias para conquistar a

fidelização do seu cliente, fortalecendo cada vez mais o seu relacionamento com o

mesmo.

Eventos como o Red Bull Rampage, onde se pode ver de perto os

melhores montain bikers do planeta em ação, com manobras espetaculares, onde a

adrenalina, a competição, a conquista e o status estão diretamente inseridos, são só

algumas das várias ações que a Red Bull promove para envolver seus

consumidores. É através de experiências desse tipo com alto grau de estímulo

sensorial que a marca consegue se aproximar de forma mais eficaz do seu público.

Diante do comportamento de consumo da sociedade moderna,

percebemos que as pessoas ao adquirirem certo produto, procuram obter muito

além do que podem tocar, ou seja, as propriedades tangíveis já não são suficientes

para satisfaze-las.

Por isso, o marketing com base na experiência é a maneira que a

Red Bull proporciona ao seu consumidor tudo aquilo que promove em sua

comunicação: criatividade, ousadia, ação, competição, adrenalina, energia e status.

Em meio aos eventos realizados pela marca, essa entrega é intensificada,

acarretando no que a maioria das empresas desejam: superar as expectativas dos

seus clientes. Este fator se torna cada vez mais importante, pois diante a um

mercado em altas taxas de crescimento e cada vez com mais concorrentes, o papel

do marketing de fidelizar mais clientes à marca se dificulta.

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Essas ações realizadas pela marca representam grande parte do

seu plano de marketing, e como já analisado, podemos dizer que são desenvolvidas

com base no conhecimento através da experimentação. Para isso, a Red Bull não

utiliza somente das mídias tradicionais para chegar ao seu consumidor.

Notamos sua presença nos grandes eventos como Fórmula 1, Stock

Car, Nascar, Moto GP, seu time de futebol nos Estados Unidos – New York Red

Bulls, X-Games, além dos seus atletas patrocinados como Neymar (futebol),

Stéphane Lefebvre (raly) e vários outros. É através dessa alta frequência de

exposição da marca, conseguida por meio destes patrocínios, que a empresa

reforça o aprendizado do seu cliente em relação à marca.

Como exemplo, podemos citar uma das ações de maior repercussão

da marca até hoje. O austríaco Felix Baumgartner, com patrocínio da Red Bull,

realizou um salto da estratosfera, aproximadamente 39 km ao nível do mar.

Tal evento foi notícia nos maiores telejornais, revistas de esportes e

ciências do mundo, além dos recordes do próprio salto, o evento é considerado um

dos mais discutidos nas redes sociais nos últimos anos, assim como o número de

visualizações do vídeo oficial no You Tube (37.366.030 visualizações atualmente). E

foi através de toda essa mídia espontânea gerada pela ação, que a Red Bull obteve

o retorno de seu investimento.

Podemos perceber que cada um desses esportes representa um

grupo de consumidores de Red Bull, desse modo, o cliente se identifica com os

atletas, e um método de fortalecer essa identificação é o consumo do produto. Outra

estratégia da marca é tornar o próprio consumidor uma referência, formando grupos

de pessoas que são influentes no meio em que convivem. Assim, a noção de que

consumir Red Bull traz status, molda as atitudes de consumo de seus clientes.

Em razão de todas essas estratégias de comunicação implantadas

pela Red Bull, a companhia conseguiu se tornar líder do mercado em que atua e

uma das mais reconhecidas mundialmente através de um único produto. Por meio

das ações com base na experiência do consumidor, a empresa conseguiu reforçar

os valores do produto, seu posicionamento e, principalmente a identidade da marca,

além de criar vínculos com seu público.

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Diante disso, chegamos à conclusão que a implementação do

marketing de experiência pode ser um forte mecanismo para atingir e interagir seus

clientes, assim como atingir cada vez mais aqueles que carregam consigo valores

que se identificam aos da marca/produto.

Claro que existem outras formas tão eficazes quanto a desta

pesquisa, porém, o que pretendo esclarecer é que, seja qualquer o segmento de

atuação de uma empresa, quando a intenção é se aproximar ou interagir ao máximo

com o cliente, o marketing de experiência é um dos meios para se obter isso.

Por último, desejo que este trabalho sirva como referência para

aqueles que procuram saber mais sobre o assunto e que possa ajudar a desvendar

o simples ato de consumir que, como vimos, não é tão simples assim.

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