o maior mistério já revelado

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O Maior Mistério Já Revelado Silvio Dutra NOV/2015

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Page 1: O maior mistério já revelado

O Maior Mistério Já Revelado

Silvio Dutra

NOV/2015

Page 2: O maior mistério já revelado

2

A474 Alves, Silvio Dutra O maior mistério já revelado/ Silvio Dutra Alves. - Rio de Janeiro, 2015. 186p.; 14,8x21cm

1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Eternidade. 4.Eleição I. Título.

CDD 230.227

Page 3: O maior mistério já revelado

3

Sumário

Introdução........................................................................ 4

O mistério oculto até a manifestação de

Cristo....................................................................................

6

Não há justos de si mesmos aos olhos de

Deus......................................................................................

8

As exigências da lei se cumprem em Cristo... 15

A lei é estabelecida pela fé........................................ 23

Justificados somente por fé..................................... 32

O fundamento, o modo e os efeitos da

justificação........................................................................

42

Justificados para ser santificados......................... 54

A graça tudo vencerá................................................... 71

A união indissolúvel do crente com Cristo..... 90

A causa da justificação, da eleição e da

filiação.................................................................................

107

O modo de proclamação e recepção do

evangelho..........................................................................

115

A conduta que convém aos salvos pelo

evangelho..........................................................................

125

Conclusão.......................................................................... 136

Page 4: O maior mistério já revelado

4

Introdução

Nenhum outro documento do Novo

Testamento e mesmo de toda a Bíblia contém tantas revelações sobre o que seja a justificação

pela graça, mediante a fé, do que a carta do apóstolo Paulo aos Romanos.

Certamente, foi se referindo a ela, entre outras

Escrituras do apóstolo Paulo, que Pedro disse haver nelas pontos difíceis de serem entendidos, que eram distorcidos pelos

indoutos e inconstantes, para a própria perdição deles.

São pontos difíceis de entender não por motivo de terem sido redigidos em linguagem de difícil compreensão, mas por haver neles verdades

espirituais que dependem de iluminação e instrução do mesmo Espírito Santo que as

inspirou, para serem devidamente interpretadas.

Muitos que têm ousado nadar nestas águas profundas têm se afogado, como sucedeu no

passado àqueles indoutos e inconstantes aos quais se referiu o apóstolo Pedro no final de sua

segunda epístola.

Mas, pela graça de Deus, temos alcançado, juntamente com outros mestres da Palavra, a

interpretação autêntica relativa à graça

Page 5: O maior mistério já revelado

5

justificadora e santificadora que foi ensinada diretamente por nosso Senhor Jesus Cristo ao

apóstolo, quando Paulo recebeu dele o Evangelho, conforme afirma na epístola aos

Gálatas:

“Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.” (Gál

1.12).

Assim, nosso Senhor Jesus Cristo revelou o evangelho a Paulo, e este escreveu a revelação

especialmente na epístola aos Romanos, que nos esforçaremos agora para apresentar de

forma clara, concisa e direta, conforme sejamos ajudados pelo Espírito Santo.

Page 6: O maior mistério já revelado

6

O mistério oculto até a manifestação de Cristo

Nas epístolas aos Efésios e Colossenses, Paulo

se refere ao mistério que esteve oculto em Deus,

dos séculos e das gerações e que que foi manifestado com a inauguração da dispensação

da graça ou do evangelho em e por nosso Senhor Jesus Cristo (Ef 3.8-12; Col 1.24-27).

A revelação deste mistério que estivera oculto

em Deus se manifestaria especialmente aos gentios, os quais não eram abrangidos pela

Antiga Aliança, firmada exclusivamente com a nação de Israel (Col 1.27). Assim, aqueles que

não tinham antes esperança da glória de Deus, poderiam participar desta glória juntamente

com o remanescente judeu.

Isto porque aprouve a Deus que toda a plenitude residisse em Cristo, de forma a reunir em um só rebanho ovelhas de todas as nações da Terra. E

o meio de realização deste propósito divino é o evangelho que foi revelado por Cristo aos

apóstolos para ser pregado e ensinado, para a conversão e santificação dos pecadores.

A agência escolhida por Deus para esta

divulgação do evangelho é a Igreja, não propriamente a instituição assim chamada, mas

o corpo formado por todos aqueles que foram

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7

efetivamente lavados e justificados por meio do Sangue de Jesus Cristo (Ef 3.10).

Se como integrantes da Igreja fomos comissionados para tão alta, sagrada e

importante missão, então é nosso dever nos inteirarmos devidamente de qual seja de fato a

mensagem do evangelho revelado aos apóstolos, e do qual dão testemunho as

Escrituras, e a própria Lei e os Profetas.

Como dissemos anteriormente, esta explicação

relativa ao que seja o evangelho foi escrita por Paulo, especialmente na carta aos Romanos,

sobre a qual discorreremos deste ponto em diante.

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8

Não há justos de si mesmos aos olhos de Deus

(Romanos 1)

No primeiro capítulo de Romanos o apóstolo

destaca especialmente a condição de todas as pessoas diante de Deus. Ele quis enfatizar que a

justiça do próprio homem é imperfeita e incompleta para poder satisfazer a exigência da

santidade e justiça de Deus, que demanda absoluta perfeição moral e espiritual, sem

qualquer pecado cometido ao longo do curso de toda a nossa existência, condição esta que,

patentemente, ninguém possuiu ou possui neste mundo, senão apenas o próprio Senhor

Jesus, e por isso pôde se apresentar como oferta de sacrifício em nosso lugar, para que morrendo

a nossa morte, pudéssemos ter vida eterna juntamente com Ele diante de Deus, que é Deus

de vivos e não de mortos.

Esta epístola tem sido chamada por muitos de o evangelho segundo Paulo.

Ele fez uso da palavra evangelho por quatro

vezes somente neste primeiro capítulo, como se vê nos versículos 1, 9, 15 e 16, enfatizando que

havia sido chamado para apóstolo, tendo sido separado de um modo especial por Deus, para

ministrar o evangelho de Cristo.

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Esta repetição da Palavra “evangelho” logo no primeiro capítulo é muito importante para

descobrirmos o propósito com o qual Paulo foi inspirado pelo Espírito Santo, a saber, o de

ensinar aos cristãos de todos os tempos o que é o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo, e a

importância dele para o cumprimento do propósito eterno de Deus de gerar pelo evangelho, muitos filhos semelhantes a Jesus

entre os pecadores.

O próprio apóstolo havia sido gerado pela palavra do evangelho e por isso declarou que servia a Deus em seu espírito, no evangelho de

seu Filho.

Que estava pronto para anunciar também o evangelho em Roma, porque não se envergonhava do evangelho, uma vez que é ele

o poder de Deus para a salvação de todo o que crê.

A grande necessidade da humanidade, de um evangelho de Deus que a salve, repousa no fato

de que Deus manifestou por várias vezes, especialmente no Velho Testamento, a sua ira

contra o pecado, para que soubéssemos que há uma grande condenação final pairando sobre as

cabeças de todas as pessoas, e é somente pelo evangelho que é possível escapar desta

condenação decorrente do pecado.

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Então, é somente pela justiça do evangelho, que é segundo a fé, que a ira de Deus contra o pecado

daqueles que se convertem a Ele pode ser afastada, pela satisfação da sua justiça em

relação à punição eterna que se exige em relação ao pecado, conforme o apóstolo vai

expor amplamente nesta epístola.

Paulo diz que a justiça de Deus é revelada no evangelho de fé em fé, como está escrito: Mas o

justo viverá da fé; porque esta justiça evangélica é a justiça de Deus; no sentido de que é a que Ele

está aprovando e aceitando.

E a justiça que está sendo oferecida para a remissão dos pecados é a do próprio Cristo.

É portanto, somente por causa da fé em Jesus, que os pecadores são justificados, porque é o próprio Cristo que é a nossa Justiça, por

estarmos unidos a Ele (I Cor 1.30).

Deus nos vê em Cristo e fica satisfeito, porque estamos nAquele que é justo e santo, e que foi justificado pelo Pai por ter carregado os nossos

pecados em sua morte, porque Ele não tinha qualquer pecado, de modo que isto foi

comprovado, de que era Justo aos olhos de Deus em sua ressurreição e recepção na glória do céu

em triunfo, depois de sua ascensão.

Assim, é pelo conhecimento pessoal e real que

temos deste que é perfeitamente Justo – Jesus –

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que somos justificados, conforme prometido desde os dias dos profetas do Velho Testamento

(Isaías 53.11).

Ser salvos pelo conhecimento de Jesus, conforme consta na profecia de Isaías 53.11 era de fato algo revolucionário para a mentalidade

daqueles que estavam sob o Antigo Pacto no Velho Testamento, porque lá se falava numa

justiça que seria decorrente das obras dos crentes, e não pelo conhecimento espiritual e

pessoal de Cristo, que é mediante a fé.

Esta coisa nova inerente à Nova Aliança instituída por Jesus em seu sangue, para

substituir a Antiga, consiste na boa nova (evangelho) que deve ser pregada a toda criatura

debaixo do céu, conforme ordenança de Jesus, e assim o apóstolo disse que estava pronto para

pregar o evangelho também em Roma, apesar de não ter sido o fundador da Igreja naquela

cidade.

Não é por mérito de raça, de capacidade humana ou de qualquer outra qualificação ou

capacitação que há salvação de pecadores, mas pela exclusiva graça que opera de fé em fé no

evangelho, como Paulo afirma no verso 17.

A ação do pecado no mundo é evidente de várias maneiras, e o apóstolo enumera algumas a

título de ilustração, até o versículo 32.

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Todas as pessoas são, portanto, indesculpáveis perante o justo juízo de Deus que exige perfeita

santidade de todos, sem exceção.

Ora, ainda que a nossa salvação seja efetuada exclusivamente segundo a misericórdia e graça

de Deus, mediante o nosso arrependimento e fé, está claro, que é por estes pecados relacionados

até o verso 32 que a ira de Deus permanece sobre aqueles que não se arrependem e não creem em

Cristo. Disto se infere que na vida cristã, há uma absoluta necessidade para a nossa santificação

para o uso por Deus; de um real abandono de todas as práticas pecaminosas ali relacionadas e

todas as demais que se refiram à nossa velha natureza decaída – o que faremos recorrendo ao

auxílio da graça e do poder de Deus, por meio da vigilância e da oração.

O pecado relativo a impureza sexual ou a

qualquer outra, por exemplo, deve ser devidamente mortificado e abandonado.

Enquanto os vícios nos dominarem não podemos ser instrumentos úteis e idôneos para

o Senhor, porque se requer de nós uma posição firme contra todo e qualquer tipo de pecado, para cuja prática ou pensamento de atração

estivermos naturalmente inclinados.

Sem esta atitude de vigilância e combate contra

os pensamentos e práticas pecaminosas não poderemos ser ajudados na hora da tentação,

porque Deus dará graça ao que se esforça para

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agradá-Lo, porque os seus olhos repousam sobre os justos para abençoá-los, mas Ele é

contra aqueles que praticam males.

Jesus morreu em nosso lugar para que não vivêssemos mais em pecado. Há nesses dias de

apostasia da Igreja uma visão muito errada e concessiva quanto a isto, por se julgar que por se

estar na graça não há mais necessidade de se preocupar com nossos pecados presentes ou

futuros, porque Deus não estaria levando em conta estes pecados por termos sido perdoados

por Cristo.

Todavia, não é este o ensino das Escrituras. É certo que toda a dívida de pecados foi paga para

o que crê em Cristo, por nosso Senhor na cruz, tanto de pecados passados, presentes ou

futuros, para efeito de nos livrar da condenação eterna, todavia, isto se refere à salvação, e não a

um viver santo e vitorioso no presente, que demanda uma verdadeira santificação.

Além disso, não podemos ter certeza da segurança da nossa salvação, a não ser pelo meio de confirmar a nossa real eleição, pela

frutificação espiritual progressiva que é vista em nossas vidas. E isto, tanto no que se refere ao

aspecto moral, quanto ao espiritual, uma vez que não basta ser virtuoso, é necessário também

ser paciente e grato a Deus em todas as tribulações e sofrimentos que experimentamos

neste mundo, por causa do nosso amor ao

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evangelho, uma vez que é assim que comprovamos que somos de fato eleitos de

Deus.

Mas, nada desta vida vitoriosa pode ser alcançado sem que haja comunhão com Jesus e recepção diária da sua própria vida e poder pelo

Espírito Santo, uma vez que tudo o que somos e seremos, tudo o que fazemos para Deus e

viermos a fazer, é sempre pela graça mediante a fé em Jesus.

Se não tivéssemos necessidade dele para este

viver em santificação, não haveria necessidade de ter morrido por nós e estar à direita do Pai intercedendo por nós dia e noite.

Então é somente pela graça e justiça do evangelho que está sendo oferecida gratuitamente na dispensação da graça divina,

que se pode escapar do Juízo condenatório em razão do pecado, e se obter um viver vitorioso

espiritual em nossa jornada terrena.

Todos necessitam de um Salvador eficaz, e este é somente Jesus Cristo, conforme o apóstolo Paulo argumenta em toda esta epístola aos

Romanos.

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As exigências da lei se cumprem em Cristo (Romanos 2)

O apóstolo se esforça para demonstrar neste

segundo capítulo de Romanos que as boas obras

exigidas pela Lei não podem ser praticadas de modo algum sem a assistência da graça que

recebemos de Jesus.

De modo que os judeus que se gloriavam na Lei não tinham realmente do que se gloriar, porque a Lei é norma, e a graça é poder, a norma não

transforma o coração do pecador, o que pode ser realizado somente pelo poder da graça de Jesus.

Como eles rejeitavam a Cristo, não podiam ter a sua graça, e por conseguinte, não podiam

agradar a Deus de modo algum.

Para que alguém seja justificado diante de Deus pela simples observância dos mandamentos da Lei, há necessidade que estes sejam cumpridos

integralmente sem qualquer transgressão durante o curso de toda a vida. E quem é

suficiente para isto?

De modo que todos, sem uma única exceção, se encontram debaixo da maldição e condenação

da Lei, do que podem ser resgatados somente por meio da fé em Cristo, e pela simples

operação da sua graça justificadora.

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O principal alvo do evangelho é o de nos remir do pecado, de nos transportar das trevas para a

luz, da potestade de Satanás para a de Deus, enfim, é a de nos apresentar santificados,

inculpáveis perante Deus, para sermos úteis ao seu serviço.

Então o apóstolo vai continuar descrevendo no

segundo capítulo de Romanos, a terrível condição de miséria a que está sujeita a natureza

humana em razão de se encontrar decaída no pecado. E nisto não há qualquer exceção, porque

todos são pecadores, por possuírem tal natureza pecaminosa.

Ele vai demonstrar o quão está o ser humano

afastado daquela condição santa exigida pela Lei de Deus. O quanto a sua vida é oposta à mesma.

E sem a graça do evangelho operando em sua vida o homem está irremediavelmente perdido

na citada condição.

A propósito, Jesus definiu como sendo seus amigos, somente aqueles que guardam os seus

mandamentos. E a Bíblia nos ensina que amando o mundo, os prazeres carnais, o

dinheiro e as riquezas terrenas, nos constituímos a nós mesmos inimigos de Deus.

Vemos, portanto, a quantas condições de

provocação da justiça, da santidade, da longanimidade e da comunhão com Deus estão

sujeitos até mesmo os cristãos que não vivem

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segundo a norma bíblica, por não mortificarem a carne e andarem em novidade de vida no

Espírito.

Já não são inimigos declarados por causa da cruz, mas vivem como se fossem inimigos da

verdade da Palavra que é o único meio pelo qual podem ser santificados pela operação do

Espírito Santo, quando deixam de amar ao Senhor guardando os seus mandamentos,

porque amam o mundo.

Se a condição de toda pessoa é a de estar naturalmente inclinada ao pecado, então,

qualquer um que julga o seu próximo e se compara a ele, pensando que está justificado pelo simples fato de ser religioso, é

indesculpável e condena a si mesmo, conforme o apóstolo afirma logo no início deste segundo

capítulo.

Deus requer conversão, porque sem esta, não é possível atender à demanda da sua justiça, que não faz distinção de pessoas, condição de

nascimento, ou religião.

É somente por um coração convertido,

circuncidado pelo despojamento da carne, que se pode estar habilitado a viver de modo que seja

condizente com a justiça de Deus, tanto no que se refere a uma sadia moralidade bíblica, como

também na expressão de culto, serviço e adoração a Deus, conforme lhe são devidos e

instituídos em sua Palavra.

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E sem Cristo na vida, habitando e operando em nosso coração, isto não é possível.

Daí Paulo ter afirmado nos versos 9 e 10:

“9 Tribulação e angústia sobre toda a alma do

homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do grego;

10 Glória, porém, e honra e paz a qualquer que

pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao grego.”

Então ao se falar na graça, na fé, na justiça do evangelho que são recebidas de Cristo, e que estão em Cristo, fala-se ao mesmo tempo de

uma operação real na vida do cristão, convertendo-o das trevas para a luz, e da prática

do mal para a prática da justiça evangélica.

A pessoa que se converter realmente, será habilitada a amar a Palavra de Deus não

somente para ouvi-la mas para praticá-la. Ela terá o seu coração corrompido pelo pecado

transformado num coração sensível à vontade de Deus.

Ela será capacitada pela graça a amar a Deus e a

seus irmãos em Cristo, e a buscar viver em unidade espiritual com Deus e com seus irmãos

na fé, porque tem agora a habitação do Espírito Santo, conforme Deus prometeu que o daria a

todo que fosse feito discípulo de Cristo.

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Assim não é pela sua bondade e afeto naturais que o homem é livrado da condenação futura,

porque todos são pecadores destituídos da glória de Deus, e necessitam serem justificados

por Cristo, e serem regenerados e santificados pelo Espírito Santo, de maneira que não é a

própria justiça da pessoa que a salvará, mas a justiça de Cristo que ela encontrou no evangelho.

E todos os que forem transformados pela graça do evangelho, viverão eternamente, porque buscarão andar na prática da justiça que é

ensinada na Bíblia, especialmente no evangelho.

Por isso o apóstolo disse o seguinte nos versos 6 a 8:

“6 O qual recompensará cada um segundo as

suas obras; a saber:

7 A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e

incorrupção;

8 Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e

obedientes à iniquidade;”

A desobediência à verdade aqui referida, é sobretudo uma rebelião contra a verdade do

evangelho de Cristo.

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A resistência a Ele e a consequente rejeição ao evangelho é o que resulta em juízo divino,

porque sem isto, ninguém está capacitado a viver do modo que é exigido pela Lei, ou pelo

menos ser habilitado a caminhar por esta senda de obediência aos mandamentos do Senhor.

Jesus falou claramente sobre a necessidade de se nascer de novo para se entrar no reino dos céus.

Por isso foi logo ao ponto com Nicodemos lhe dizendo que não era o fato de ser um religioso sincero que lhe garantia o acesso ao reino de

Deus, mas sim, caso tivesse uma experiência real de novo nascimento do Espírito Santo.

Deus não faz distinção entre judeus e gentios, porque não faz acepção de pessoas.

Os judeus não tinham, portanto, nada do que se

gloriar em relação aos gentios, porque tanto estes que não estiveram debaixo da Lei de Moisés, quanto os judeus que estiveram debaixo

da Lei, caso vivessem no pecado, pereceriam igual e eternamente, se não fossem justificados

pela fé no evangelho de Cristo.

Assim, o judeu não se encontrava em vantagem

em relação aos gentios quanto à justiça do evangelho, e nem os gentios em vantagem em

relação aos judeus, porque tanto um quanto

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outro não são justificados por suas obras, mas por uma real união com Cristo.

Não tem nenhum valor a mera ortodoxia do judeu na defesa da Lei, porque não lhe ajudaria em nada quanto à salvação segundo o

evangelho, pois não é por se ter a Lei e se gloriar em Deus, e saber a vontade de Deus e aprovar o

que é prescrito na sua Palavra, ainda que seja um mestre da Lei, caso não se pratique aquilo

que se defende, como Paulo diz nos versos 17 a 24. E sabemos que é impossível ser espiritual

conforme Deus requer, sem a habitação do Espírito Santo, o qual é recebido somente por

causa da fé em Cristo.

Os que não conhecem a Lei escrita revelada por Deus também serão condenados caso não

tenham sido justificados pela graça, uma vez que há uma lei escrita em seus corações, em

suas consciências, ali colocada por Deus com o propósito de ensinar ao homem qual é o

caminho pelo qual deve andar. Além disso, todos os homens estão debaixo da Lei original

de Deus, do pacto de obras que fizera com toda a humanidade através de Adão, pois foi ordenado

ao homem que seja perfeito em todos os sentidos (justiça, santidade, etc) diante de Deus.

Esta é a Lei régia à qual se refere Tiago (2.8), resumindo-a no amor perfeito devido ao

próximo. É a Lei do Rei. Do criador do homem e Juiz do universo. De Deus que fez o homem para

amar e ser amado em perfeição de obediência

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aos seus mandamentos. Uma vez quebrada a Lei, o homem se torna culpado e condenável a um

juízo eterno.

Todos pecaram neste sentido. Todos quebraram a Lei régia de Deus e por isso serão condenados.

Condenação esta da qual podemos nos livrar somente por meio da expiação e redenção do

sangue de Jesus.

Então, para aqueles que são salvos da condenação não há outro caminho senão o de viver para a justiça de Deus, na prática do bem.

Assim, não é bastante conhecer o bem; falar bem, professar o bem; prometer o bem, porque

é necessário acima de tudo fazer o bem.

E segundo o apóstolo para praticar o bem conforme ele é definido por Cristo, é necessário

viver na fé do evangelho, porque é por este meio que podemos comprovar para nós mesmos que

fomos de fato salvos pela graça de Jesus.

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A lei é estabelecida pela fé (Romanos 3)

Tendo falado nos dois primeiros capítulos de

Romanos sobre a natureza pecaminosa universal de toda a humanidade, quer em todas

as épocas ou lugares, e do juízo de condenação eterna que há da parte de Deus sobre aqueles

que se encontram nesta condição, a saber, todas as pessoas sem exceção, Paulo passou a

discorrer nos capítulos 3, 4 e 5, sobre a solução provida por Deus para perdoar e restaurar o

homem caído, ao nos dar Jesus Cristo para ser tanto o nosso sacrifício expiatório, quanto o

nosso sumo sacerdote intercessor, o nosso guia, rei e senhor, bem como a nossa própria nova

vida espiritual e celestial.

Tiago havia falado sobre a Lei Régia que condena todo homem, porque esta Lei não foi revogada ou substituída pela Nova Aliança feita

no sangue de Jesus, senão apenas a Lei cerimonial e civil que foi dada através de Moisés

para vigorar para a nação de Israel no período do Antigo Testamento, que durou de Moisés (1.440

a.C.), até a morte de nosso Senhor Jesus Cristo na cruz.

Tiago falou também de uma Lei da Liberdade

sob a qual se encontram todos os que creem em Jesus. E por que ele se referiu a ela deste modo?

Por que é pela lei do Espírito e da vida em Cristo

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Jesus que somos libertados da lei do pecado e da morte (Rom 8.2).

Veja que é afirmado ser ela uma lei de liberdade. E liberdade do pecado e da morte espiritual

eterna.

Não se trata, portanto, de uma simples lei de liberdade de vícios, de práticas imorais, ou de toda forma de pecado que se possa nomear, mas

é sobretudo uma liberdade de uma condição de morte para a de vida eterna; de prisão em

ignorância e em trevas, para o verdadeiro conhecimento de Deus e de luz.

É liberdade da escravidão a Satanás e a todos os espíritos das trevas. É liberdade da condenação

da Lei.

É liberdade para ter poder e capacidade para viver de maneira santa e agradável a Deus e em comunhão com Ele por toda a eternidade.

Tudo isto nos foi trazido pela graça e verdade que estão em Jesus Cristo, e que nos foram

reveladas pelo seu evangelho.

O injusto pecador, estando sob o evangelho, será visto por Deus como sendo justo, porque além

de ter sido justificado pela fé no evangelho, terá também a justiça de Cristo sendo implantada

nele progressivamente até a perfeição em

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glória, pela operação e instrução do Espírito Santo.

A justiça do próprio Cristo lhe foi oferecida pelo evangelho para poder ser perdoado e justificado

por Deus.

Veja que esta justiça do evangelho não é em primeira instância uma justiça que seja

requerida de nós, mas é a justiça de Cristo que nos está sendo oferecida gratuitamente por meio do evangelho.

De modo que estando em Cristo somos participantes da sua justiça, pela qual nos tornamos aceitáveis a Deus.

Deus não mais condenará eternamente aquele que foi justificado pela fé em Jesus.

Ele não o fará porque prometeu isto desde os dias dos profetas do Velho Testamento (Jeremias 31.31-35).

Por isso nosso Senhor afirmava que não veio para condenar o mundo, mas para salvá-lo, pois

veio inaugurar uma nova dispensação – a da graça, a do Espírito Santo, a da longanimidade e

paciência de Deus, até que Ele volte para julgar os vivos e os mortos.

Esta é a razão para não serem vistos nesta

dispensação, tantos juízos imediatos de Deus

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26

contra os pecadores, como se via nos dias do Velho Testamento, pois desde que Jesus morreu

e ressuscitou, Ele tem dado a oportunidade para que todos os pecadores se arrependam e

alcancem a vida eterna.

E para que não houvesse qualquer dúvida em nós quanto ao que havia prometido acrescentou

um juramento por Si mesmo de que jamais anularia o que nos prometeu (Hebreus 6.17).

É por isso que vemos o caráter deste perdão e

justificação sendo ilustrado por Jesus em tantas passagens dos evangelhos, especialmente nas

parábolas da dracma perdida, do filho pródigo e da ovelha perdida.

Não temos tempo e espaço para aprofundar aqui

todo o ensino que há nestas parábolas, mas podemos destacar pelo menos este aspecto da

busca de Deus pelos perdidos, e que deve haver também nos que estão perdidos, uma busca de

Deus para que possam ser acolhidos por Ele.

Todavia, ninguém deve pensar que ao buscar a sua ovelha fujona e extraviada, que o Pastor teve

da parte dela uma efusiva recepção. É bem provável que ela tenha tentado escapar de seus

braços imaculados, de tão suja que estava pelo pecado, envergonhada de sua condição, mas

ainda assim ele insistiu em pegá-la e obteve êxito ao pegá-la e colocá-la sobre os seus

ombros, para poder cuidar dela, lavando-a,

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27

alimentando-a e dando-lhe um abrigo seguro no aprisco.

É por este motivo que é ordenado aos cristãos seguirem o exemplo do seu Pastor e Mestre, buscando também as ovelhas desviadas do

rebanho. Ainda que haja uma resistência natural nelas ao serem assim procuradas, mas

isto não deve ser motivo de deixarmos de orar por elas e de procurarmos abordá-las com

exortações amorosas de encorajamento para retornarem ao redil.

Ainda que algumas tenham sido tratadas com a disciplina da Aliança prescrita pelo próprio Senhor Jesus Cristo, não nos é dado desprezá-las

e deixar de amá-las e de interceder em favor delas para a sua futura restauração pela via do

arrependimento.

E por que tudo isto? Porque são filhos de Deus. Adotados por Deus como filhos em Jesus Cristo.

São amados de Deus. Reconciliados com Deus, ainda que estejam com sua comunhão presente

arruinada por uma vida carnal e pecaminosa, porque o preço exigido para a justificação deles

foi pago integralmente por Jesus, que nada deixou para que fosse pago por eles para

poderem ser reconciliados com Deus. A inimizade que havia foi desfeita, porque

“justificados pela graça mediante a fé temos paz com Deus por intermédio de nosso Senhor Jesus

Cristo”. A guerra de inimizade por causa do

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pecado acabou no momento em que nos rendemos por meio da fé em Jesus.

Vemos assim quão preciosa é a condição que alcançamos por meio da fé do evangelho.

Uma graça maravilhosa e poderosa nos está sendo oferecida para que possamos por meio

dela viver de modo agradável a Deus.

Somente por ela poderíamos ser livrados da condição de completa miséria em que nos

encontrávamos por causa do pecado, conforme o apóstolo descreve no terceiro capítulo de

Romanos.

Então, ainda que o fato de ser judeu tenha em si

alguma vantagem, porque foi aos israelitas que Deus revelou a sua Palavra, e por meio deste

povo que trouxe Cristo ao mundo e com Ele a sua salvação, no entanto, quanto ao que diz

respeito à condição de escravidão por causa do pecado original, os judeus se encontram nas mesmas condições em que se encontram os

gentios aos olhos de Deus.

Todos que são libertos, o são, portanto, somente

pelo modo descrito pelo apóstolo, sobretudo nos versos 9 a 18, das coisas que são condenadas pela

Lei, de maneira que toda boca se feche diante de Deus, quanto à tentativa de alegar diante dele

qualquer tipo de justiça ou mérito pessoal.

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Pela exposição dos versos 3 a 8 Paulo demonstrou que o fato de alguns judeus, na

verdade a maioria deles, não viver em conformidade com a vontade de Deus, por não

serem convertidos, não demonstrava que a fidelidade de Deus havia sido aniquilada, ao

contrário, comprovava que Ele é fiel em cumprir o que prometeu, porque apesar de toda a infidelidade deles quanto à antiga aliança, por

cerca de 14 séculos, deu-lhes ainda assim um Salvador.

Assim, a injustiça deles trouxe à luz a bondade e a misericórdia de Deus, na pessoa de Jesus.

Deus permitiu e tem permitido a longa

existência do pecado no mundo, para exibir o quanto é longânimo, perdoador,

misericordioso, justo e bondoso.

Todavia, aqueles que afirmam que é bom praticar o pecado porque a graça tudo perdoa,

demonstram com esta sua atitude que não conhecem de fato a Cristo, porque caso fossem

convertidos, saberiam que os que assim pensam encontram-se condenados por permanecerem

na prática deliberada do pecado, como Paulo afirma em Rom 3.8, pois os que têm sido de fato

convertidos pela graça detestam o pecado e amam a santidade que há em Jesus.

É importante lembrar que já a partir deste

capítulo o grande tema dominante desta

Page 30: O maior mistério já revelado

30

epístola é o da justificação pela graça mediante a fé, sem o concurso das obras.

Paulo falou também de santificação a partir do sexto capítulo.

É muito importante ter sempre isto em vista ao estudar esta epístola para que não se faça uma

confusão entre justificação e santificação, porque a justificação e a regeneração são

instantâneas e acontecem no momento em que a pessoa se converte e passa a ter a habitação do

Espírito Santo. E isto ocorre de uma vez para sempre, sem ser anulado. São atos irrevogáveis

de Deus.

Já a santificação é um processo de negar-se a si mesmo e carregar a cruz seguindo a Jesus dia a

dia.

É o ato que dura toda a vida, e que consiste no

despojamento do velho homem e do crescimento na graça e no conhecimento de Jesus.

Então ao dizer que por obras da lei ninguém pode ser justificado, o apóstolo não estava

negando a importância da lei, mas mostrando que ela não tem nenhuma participação no

trabalho que é realizado para a nossa justificação e regeneração, senão somente

auxiliar o Espírito Santo no seu trabalho de nos

Page 31: O maior mistério já revelado

31

convencer que somos pecadores e que necessitamos, portanto, de um Salvador.

Deste modo, Paulo fechou este capítulo dizendo que a fé do evangelho não está destinada a remover a lei, mas confirmar a lei, isto é, tanto

sabemos pela fé o quanto a lei de Deus é perfeita em mostrar o seu caráter e a nossa miséria, e o

quanto podemos viver de modo que satisfaça as exigências da lei, somente quando somos

convertidos pelo evangelho da graça de Cristo.

Por isso Paulo afirma no verso 32: “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes

estabelecemos a lei.”.

Page 32: O maior mistério já revelado

32

Justificados somente por fé

Paulo dedicou todo o quarto capítulo de

Romanos para explicar o significado da

justificação que é por meio da fé em Jesus.

É importante que seja destacado que aqui neste

capítulo, o apóstolo não está explicando o que é a santificação, mas somente a justificação, ou

seja, o ato judicial declarativo de Deus pelo qual somos considerados justos por Ele.

Paulo demonstrou como é que a nossa

justificação, que nos traz a salvação, é realizada somente pela graça, mediante a fé.

É importante observar como ele ordenou os argumentos nesta epístola aos Romanos, uma vez que primeiro apresentou a condição decaída

no pecado e sujeita à condenação (cap 1 e 2); depois a forma como se é livrado da condenação

pela justificação, que é o ato declarativo de Deus que nos torna seus filhos para sempre (cap 3 a 5);

depois o significado da expiação e a consequente consagração pelo processo da

nossa santificação (cap 6); depois apresentou a posição firme na qual todo crente se encontra

diante de Deus por causa da sua união com Jesus, a par da sua luta interior (cap 7), e das

provações externas (cap 8), e em tudo isto, sempre mostrando como somente é possível ser

vitorioso sobre a carne, o diabo e o mundo, por

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33

causa da nossa união espiritual com Cristo, por meio da fé.

No capítulo 9º Paulo discorre sobre a predestinação e eleição que foram a causa desta justificação e santificação referidas nos

capítulos anteriores; no 10º sobre o dever e o modo de se proclamar o evangelho; no 11º sobre

a condição do povo de Israel perante Deus; do 12º ao 16º discorre principalmente sobre qual deve

ser a conduta dos que foram salvos pelo evangelho.

Lembremos, portanto, ao estudarmos agora o quarto capítulo de Romanos, que ele se refere

exclusivamente à justificação.

Na verdade, nem na justificação, nem na santificação, temos motivo para nos gloriar em nós mesmos, tal como Abraão não tinha motivos

para se gloriar, pois foi também justificado pela fé.

Não somente por causa do argumento de que esta justificação é por pura graça e misericórdia

de Deus, excluindo qualquer mérito do homem, como também pela verdade que toda a glória é

devida ao Senhor, porque somente Ele é o Criador e o Salvador.

Sem Ele nada existiria. Sem Ele não haveria nenhuma salvação, nenhuma eleição,

nenhuma justificação, nenhuma santificação,

Page 34: O maior mistério já revelado

34

nenhuma glorificação, nenhuma cura, nenhum livramento da condenação, nenhuma herança

para o cristão no céu.

Então, ao afirmar que se Abraão tivesse sido justificado por obras, teria motivo de se gloriar,

mas não diante de Deus, Paulo queria dizer que ele teria realmente motivo de se gloriar em si

mesmo, caso fosse possível alguém ser justificado por suas obras.

Mas, como isto é impossível, então ninguém deve se gloriar em si mesmo, senão somente no

próprio Deus, que tudo opera em todos, e por meio de quem são todas as coisas.

Deste modo, não está sendo enfocado por Paulo que haja alguma obrigação de Deus em dar a

salvação a qualquer pessoa como uma espécie de salário, de pagamento de uma dívida, por

alguma boa obra que tenha sido praticada por aquele a quem Ele salvou.

Como Deus sabia que não haveria no homem nenhum modo de salvar a si mesmo do pecado,

Ele deliberou, desde a eternidade, salvar pela graça mediante a fé.

Então se uma pessoa insiste em ser salva por obras, ela permanecerá sob a condenação de

Deus, porque está sendo desobediente à sua ordenação, de que aquele que for salvo, o será

pela sua graça, e mediante a fé. Tentar fazer

Page 35: O maior mistério já revelado

35

valer a própria justiça sempre nos deixará desprovidos daquela Justiça que nos vem da

parte de Deus pelo evangelho.

Por isso é necessário o trabalho de convencimento do nosso pecado, pelo Espírito

Santo, para que possamos nos arrepender e com isto ser justificados por depositarmos nossa

confiança total e exclusivamente em Jesus.

As boas obras devem ser praticadas, mas não com o fim de sermos salvos por Cristo, porque

isto ocorre somente pela graça e por meio da fé.

Estas boas obras se referem em primeiro lugar à transformação progressiva e gradual do cristão

à imagem de Jesus, e depois se manifestam em atos de justiça, amor e bondade em relação ao

próximo, porque esta é a consequência imediata daquele que tem caminhado com Deus, por ter

sido reconciliado com Ele por meio da fé em Jesus.

É pela fé no sangue que Jesus derramou na cruz

que somos lavados e perdoados dos nossos pecados.

Deus revelou esta verdade pelo Espírito ao rei

Davi, a qual lemos no Sl 32.1,2, cujas palavras Paulo usou em Rom 4.7 e 8:

“7 Bem-aventurados aqueles cujas maldades

são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.

Page 36: O maior mistério já revelado

36

8 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.”

Então a justificação é uma declaração da parte de Deus em relação a quem se converte, de que

esta pessoa é agora justa diante dele, ou seja, está justificada do pecado, por causa da obra

realizada por Jesus em seu favor.

Esta justiça que é atribuída ao homem é decorrente da justiça do próprio Cristo. É a veste

de Cristo com a qual ele agora está vestido.

Uma vez justificado, ele é chamado a ser justo em todo o seu procedimento, e assim há uma justiça procedente de Deus que deve ser nele

implantada pelo Espírito, de maneira que seja aperfeiçoado na justiça evangélica, mas isto não

faz parte do ato da justificação, que como vimos antes, é uma declaração feita por Deus de que

somos agora justos aos seus olhos por causa de Cristo, e não uma implantação da sua justiça em

nós.

Esta implantação da justiça é feita pela regeneração e santificação do Espírito Santo,

sendo que a santificação é um processo progressivo, e não instantâneo tal como se dá

com a justificação e a regeneração, quando do nosso encontro pessoal com Jesus na nossa

conversão.

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37

Esta bênção da justificação, que nos dá a salvação, não é somente para os judeus, uma vez

que Abraão foi justificado

pela fé, quando ainda era um gentio em Ur dos caldeus; e foi circuncidado em seu prepúcio

somente depois de ter crido em Deus e ter sido justificado, de maneira que não é a circuncisão

do prepúcio que justifica uma pessoa conforme os judeus costumavam ensinar, porque não foi

por ter sido circuncidado que Abraão foi justificado.

Aconteceu justamente o contrário: ele foi circuncidado porque foi justificado, isto é, ele recebeu a circuncisão como um sinal

comprobatório da justificação que é pela fé.

De maneira que os cristãos que são justificados devem trazer em si este sinal comprobatório

que também foram circuncidados por terem crido, já não mais no prepúcio, mas no coração.

A circuncisão dos judeus era um ato de despojamento da carne do prepúcio.

Então a circuncisão do cristão na Nova Aliança

com Cristo consiste no despojamento da carne, não do prepúcio, mas do princípio operativo do

pecado, que a Bíblia chama de carne; e que consiste em tudo aquilo que nos impeça de ter

uma vida de comunhão no espírito com Deus.

Page 38: O maior mistério já revelado

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Lembremos que o motivo alegado por Deus de que não permaneceria mais atuando nos

homens nos dias de Noé, porque estes eram carnais, significava que eles haviam se tornado

insensíveis, e completamente endurecidos à ação do Espírito Santo que procurava conduzi-

los ao arrependimento, conforme lemos em Gên 6.3.

Deve ser levado em conta também que a promessa da Nova Aliança foi feita a Abraão, mais de quatrocentos anos antes da Lei ter sido

dada a Moisés no Sinai.

Isto significa que ao dizer que no Descendente de Abraão, que é Cristo, seriam benditas, todas as nações da terra, Deus estava mostrando que o

modo de alguém ser salvo não seria por causa da Lei, mas pela promessa que fez a Abraão, de

salvar também a muitos do mesmo modo como fizera com Abraão, a saber, somente pela fé.

Se a herança prometida a Abraão, de uma pátria celestial, para ele e aqueles que seriam

considerados seus descendentes, tivesse sido feita pela Lei, a promessa de Deus teria sido

aniquilada, mas isto é impossível, porque não foi pela Lei, mas pela justiça que é pela fé, que os

homens são salvos, como Paulo afirma nos versos 13 e 14 deste quarto capítulo de Romanos,

conforme a promessa feita a Abraão.

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39

Se a promessa fosse pelas obras da Lei todos continuariam debaixo da ira e da maldição de

Deus, porque não há quem guarde perfeitamente todos os mandamentos, durante

todos os dias da sua vida.

De modo que se alguém pretendesse ser salvo pela Lei e não pela fé, esta seria a única maneira

de ser salvo, a saber, pela guarda perfeita da Lei.

Ainda que a Lei não deva ser desconsiderada e descumprida, mas amada e obedecida, não há

quem possa cumpri-la perfeitamente, porque o princípio do pecado permanece operando na

carne e exigindo que seja mortificado diariamente pela operação da cruz.

Então, todos os homens, de todas as épocas,

quer antes da Lei, como foi o caso de Abraão, quer depois da Lei, depois de Moisés, sempre

foram e continuarão sendo justificados somente pela fé, de maneira que sendo por fé, a

justificação será pela graça do Senhor, conforme Ele estabeleceu, para que ninguém se

glorie diante dele por suas próprias obras, como Paulo afirma no verso 16.

Assim, o registro da justificação de Abraão pela

fé, não se encontra em Gên 12, somente por causa dele, mas também por nós que temos sido

justificados pela mesma fé com a qual ele foi justificado, para que não somente estejamos

convictos sobre o modo pelo qual Deus salva,

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40

mas para que possamos ser efetivamente salvos da mesma maneira como Ele salvou Abraão,

como se vê em Gên 15.6:

“E creu Abrão no Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como justiça.”

A grande prova que a justificação que dá vida

eterna é pela fé no Filho de Deus reside na ressurreição de Jesus.

Portanto, pela sua ressurreição Ele comprovou

que possui o poder de dar vida eterna aos que estão mortos em seus pecados, a saber todos os

homens, e dentre os quais se encontrava o próprio Abraão.

A ressurreição de Jesus foi também o sinal

confirmatório de que a justiça divina havia sido plenamente satisfeita.

É importante saber que não há nenhum resto

mortal de Jesus na terra; assim como também não há de Elias e Enoque, porque foram

arrebatados.

Mas, nenhum dos dois ressuscitou dos mortos como Jesus havia ressuscitado antes de Ele ter

subido ao céu, num corpo glorificado, depois de ter experimentado a morte por todos os

homens, para dar vida aos que creem no seu nome, de modo que somente o Senhor Jesus é

primícia dos que dormem, quanto à promessa

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41

da ressurreição futura de seus corpos no dia do Arrebatamento.

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42

O fundamento, o modo e os efeitos da justificação (Romanos 5)

Paulo não encerrou ainda o assunto da

justificação pela fé, mas começou este quinto capítulo mostrando que já havia apresentado

uma ampla definição sobre o modo da salvação que é mediante a justificação.

Agora ele vai começar a falar dos efeitos desta justificação pela graça, mediante a fé.

O primeiro deles é que por meio dela fomos resgatados da maldição da Lei, que afirma que é

maldito de Deus todo aquele que não cumpre perfeitamente todos os seus mandamentos, e

por conseguinte, somos livrados também da ira de Deus contra o pecado.

Enquanto o homem não é justificado, Deus permanece em guerra com ele. Mas uma

vez justificado, a guerra termina, porque é reconciliado com Deus por meio de Jesus, de

maneira que se diz que agora desfruta de paz com Ele, em vez de se encontrar sujeito à sua ira

que se manifestaria certamente no dia do juízo, sujeitando-o a uma condenação eterna.

Por meio da justificação o cristão passa a participar da graça do evangelho, na qual ele

estará firmemente seguro por causa da obra

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43

perfeita de redenção que foi feita em seu favor por Jesus.

Isto significa que ainda que ele venha a decair da graça, pela prática de pecados eventuais, esta queda nunca será numa forma final e definitiva,

porque foi transformado em filho de Deus, por meio da justificação.

É a justificação que abre também para nós a esperança firme e segura de que participaremos

da glória de Deus, como Paulo afirma no verso 2.

Mas os efeitos da justificação não param por aí, porque uma vez sendo transformados em filhos de Deus, passamos a contar com a assistência da

graça, a qual nos fortalece e ampara nas tribulações pelas quais a nossa fé é colocada à

prova, para que possa crescer.

De maneira que isto não é para motivo de tristeza, mas para se dar glória a Deus, porque prova que de fato nos tornamos seus filhos, e

que agora estamos sendo aperfeiçoados por Ele através das tribulações, para que aprendamos a

perseverança, a experiência e a esperança (v. 2,3).

Quando Paulo diz no verso 5 que a esperança não traz confusão porque o amor de Deus está

derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado na justificação, o

significado disto é que esta esperança

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44

evangélica é de plena e segura certeza do que temos recebido em Cristo, pela testificação do

Espírito Santo.

De maneira que quando alguém se converte de fato a Cristo, sendo justificado, tal pessoa não

estará mais confusa acerca firmeza eterna da sua união com Deus, porque isto será aprendido

através da sua paciência nas tribulações, que por fim lhe confirmarão na experiência e na

esperança cristã.

E como Paulo disse nos versos 3 e 4, esta

esperança será fortalecida e aperfeiçoada pelas próprias tribulações, porque veremos o poder operante de Deus em meio a elas, nos

conduzindo em triunfo em Cristo, porque a fé verdadeira que salva não pode ser destruída, e

não recuará diante das aflições, porque é o próprio Deus quem fortalece aqueles que são

agora seus filhos.

De modo que o apóstolo nos assegura no v. 5 que, como efeito da paciência que podemos ter pelo Espírito, nas tribulações, depois de variadas

experiências disto, seremos confirmados na fé, e com esta esperança inabalável da certeza do

que temos alcançado em Cristo, quanto à segurança eterna da nossa salvação, toda dúvida

e confusão de mente serão eliminadas de nós, pela certeza do amor de Deus por nós e em nós,

em toda e qualquer circunstância.

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45

"E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos

corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." (v.5)

Mas o apóstolo acrescentou argumentos ao que

havia falado antes, para demonstrar que de fato a nossa esperança não é algo incerto, mas algo a

respeito do qual podemos ter a plena certeza de que jamais será frustrada.

O grande argumento que Ele apresentou é que

quando Cristo morreu por nós, ainda éramos fracos e ímpios.

Não foi por pessoas santas, e perfeitas na fé, que

Ele morreu, mas por pecadores fracos e ímpios (não piedosos), como éramos todos nós antes da

conversão.

Então se Jesus fez isto quando estávamos nesta condição de fraqueza para fazer a vontade Deus,

e de impiedade, quanto mais não garantirá a nossa salvação depois de termos sido tornados

santificados pela sua Palavra e pelo Espírito Santo, e fortalecidos pela sua graça?

Deste modo, Jesus não morreu por justos, mas

por injustos.

E se demonstrou o seu amor por nós quando éramos ainda pecadores que nada ou pouco

conheciam e viviam da santidade de Deus,

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46

muito mais podemos estar certos então de que não nos deixará e desamparará depois que

fomos justificados pelo seu sangue e adotados como filhos de Deus.

Podemos então ter a certeza da esperança que

seremos salvos por Ele da ira vindoura, no Dia do Grande Juízo de Deus.

Outro grande argumento é o de que Deus nos

reconciliou consigo mesmo através da morte de Jesus quando éramos seus inimigos, porque

vivíamos transgredindo os seus mandamentos e indiferentes quanto ao modo como deveríamos

andar na sua presença.

Esta condição de inimizade com Deus, é decorrente da natureza pecaminosa que

possuímos.

Portanto, se fomos reconciliados quando éramos inimigos, muito mais permaneceremos

reconciliados depois que nos tornamos seus amigos por meio de Jesus.

Então podemos estar certos da segurança da

nossa salvação por causa da vida de Jesus, que vive para interceder por nós e garantir

plenamente aquilo que obtivemos como herança, por meio da fé nele.

Mas além destes argumentos Paulo destacou no

verso 11 que é um dever nos gloriarmos em

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47

Deus, isto é, tributar-Lhe toda honra e glória, pelo que é em Si mesmo, uma vez que nos

permitiu alcançar a reconciliação que dá vida eterna por meio de Jesus.

A partir do verso 11 deste quinto capítulo, Paulo

discorreu sobre o pecado original, para demonstrar que a causa da condenação é

decorrente principalmente dele, e não somente das transgressões que cometemos diariamente.

Aqui cabe abrir um parêntesis para refletirmos devidamente, por que teria o apóstolo se referido ao trabalho das tribulações no nosso

aperfeiçoamento espiritual, no nosso crescimento na graça na qual estamos firmes.

Certamente, ele não o fizera nesta passagem, simplesmente com o intuito de nos confortar em nossas provações e aflições, mas para

demonstrar que o fato de estar em Jesus, a par de termos agora paz com Deus, de não sermos

mais inimigos de Deus, por causa da paz obtida pela justificação que é pela graça e pela fé, abriu

uma nova frente de guerra que tem em vista subjugar o nosso ego, a nos despojar do corpo de

pecado - para que nos acheguemos cada vez mais à íntima comunhão com Jesus - e isto será

feito sobretudo pelas tribulações, nas quais Deus, em sua providência, provará a cada um de

seus filhos, conforme as suas necessidades respectivas de transformação, para implantar

neles o caráter do próprio Jesus Cristo.

Page 48: O maior mistério já revelado

48

Foi a isto que o apóstolo quis se referir.

Ele pretendia que nós entendêssemos que a salvação pela graça, a bênção da justificação,

nos foram dadas gratuitamente por Deus, mas com o propósito de santificar as nossas vidas, de

maneira que sejamos cada vez mais desmamados do mundo, por não nos

conformarmos (tomar a forma) a ele, por meio da apresentação de nossos corpos como

sacrifício vivo e santo no altar de Deus (Rom 12.1,2); e principalmente para nos tornar

participantes da sua santidade (Heb 12.10).

O que herdamos de Adão foi crucificado na cruz, e devemos nos despojar deste "Adão" que resiste

bravamente à morte, e que pretende permanecer no controle e domínio de sua

própria vontade. Assim Deus interpõe as provações para que sejamos quebrados e

dependentes de estarmos unidos a Ele para que sejamos vencedores, sujeitando-nos à sua

vontade, e não mais procurando fazer com que seja a nossa própria vontade pecaminosa que

prevaleça, porque por ela, somos mantidos escravizados às coisas que são terrenas, e não

apreciamos as que são celestiais, espirituais e divinas.

Não há outra maneira, portanto, para que as nossas mentes carnais sejam renovadas em

mentes espirituais, para que não julguemos

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segundo os homens, mas segundo a mente de Cristo, que está sendo formada em nós.

Deus sujeitou toda a humanidade à condenação por causa da transgressão de Adão.

A Bíblia diz que todos foram encerrados debaixo do pecado por causa da transgressão de Adão.

A morte entrou no mundo por causa do pecado de Adão, porque Deus lhe disse que caso

comesse do fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal, ele morreria, e

com ele, toda a sua descendência.

Esta morte ocorreu simultaneamente ao ato da desobediência - a morte do espírito, que ficou

separado da comunhão com Deus.

Assim, debaixo da cabeça desobediente que é Adão todos morrem, mas os que estiverem

debaixo da cabeça obediente e justa de Cristo viverão eternamente.

Não se pense que não somos culpados por nossos próprios pecados, ou que somos

castigados porque estamos respondendo pelo pecado de Adão, porque, afinal, não há quem

não peque. E a Lei Régia do grande Juiz e Legislador afirma expressamente que qualquer

ato de desobediência gera a morte.

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Adão foi alertado sobre esta Lei Régia, pois Deus fizera uma aliança com ele e com toda a sua

descendência, com a previsão desta pena capital que exige a morte física, espiritual e eterna de

todo aquele que transgredir qualquer um dos seus mandamentos.

Como o pecado entrou no mundo através de Adão, por isso todos os homens estão mortos em

delitos e pecados, porque desde então o pecado passou a reinar sobre todos; mas por meio da

graça de Jesus muitos são justificados para a vida eterna no Espírito, porque os efeitos do

dom da graça foram concedidos por Deus de maneira muito mais abundante do que a

sentença de morte por causa da transgressão de Adão.

Porque a condenação entrou no mundo por

causa de uma só ofensa, a saber, a de Adão no Éden.

Mas, a justificação é imputada individualmente a cada pessoa que se converte, perdoando-lhe

todas as suas muitas ofensas, como Paulo afirma nos versos 15 e 16.

De maneira que quando somos perdoados por

Deus o que está sendo perdoado não é o pecado que Adão cometeu no Éden, mas os nossos

próprios pecados.

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Então, se a morte reinou por causa da ofensa de um só homem, a saber, Adão, Deus proveu um

meio para que a graça e o dom da justiça sejam muito mais abundantes, porque por meio de

Cristo está perdoando muitas transgressões, de muitos pecadores, como Paulo afirma no

verso 17.

Mas, a base da justificação está relacionada a uma só ofensa, a saber, a de Adão no Éden; e a

um só ato de justiça, a saber, Cristo guardando toda a Lei e morrendo por nós na cruz.

Especificamente este um só ato de justiça

significa que a justificação é atribuída de uma única vez para sempre; do mesmo modo que a

imputação do pecado e da morte que lhe é consequente, foram imputados de uma vez para

sempre desde a transgressão de Adão.

Então, se a desobediência de Adão fez com que todos se tornassem pecadores, e estes não são

poucos, porque são muitos, uma vez que diz respeito a toda a humanidade, de igual modo, a

obediência de Jesus é a causa da justificação de muitos, a saber de todos os que estão unidos a

Ele pela fé.

Então, na justificação há uma diferença em relação à condenação quanto ao modo de

imputação, porque se todos os homens são herdeiros de Adão, e estão ligados a Ele por

descendência, nem todos estão ligados a Cristo,

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porque a união com Cristo não é natural, mas espiritual, e demanda a necessidade de

conversão para que possamos nos tornar co-herdeiros com Ele.

Daí ser ordenado por Deus que se pregue o evangelho a todos, de modo que tenham a

oportunidade de alcançarem a vida eterna que está em nosso Senhor Jesus Cristo.

Um dos propósitos da Lei foi para que a ofensa

ficasse bem patente aos olhos dos pecadores; revelando que há abundância de pecado no

mundo.

Mas, pelo seu plano de salvação Deus tem feito com que a graça seja muito mais abundante do que este pecado abundante, porque em Cristo

todas as transgressões são apagadas e esquecidas, por causa da justificação.

Isto porque como o pecado reinava na vida do pecador gerando a morte, Deus estabeleceu o grande contraste fazendo com que a graça que

se opõe ao pecado reine agora no lugar do princípio operativo do pecado, por meio da

justificação, para a vida eterna, por meio de Jesus Cristo; de modo que quem reina agora na

vida do crente é a graça, e não mais o pecado, que foi destronado da sua antiga condição de

senhor absoluto no coração do cristão.

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Esta graça está em Cristo, e portanto, é somente na comunhão com Ele que podemos desfrutá-

la.

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Justificados para ser santificados (Romanos 6)

Após ter discorrido consistentemente sobre a

obra que Jesus realizou em nosso favor para sermos justificados somente pela graça e

mediante a fé nele, nos capítulos 3 a 5 de Romanos, o apóstolo vai nos revelar adiante, se

por uma lado esta justificação nos trouxe paz, reconciliação com Deus, por outro, ela abriu

uma verdadeira e contínua guerra contra o pecado que habita em nossa própria natureza

terrena, que apesar de já não reinar como um senhor absoluto sobre a nossa vontade, pois

quem reina agora é a graça por meio de Cristo Jesus, todavia, não resta qualquer alternativa

para quem foi justificado senão a de ser imitador de Deus como seu filho amado.

Foi para este propósito de nos purificar do pecado que Jesus morreu no nosso lugar,

carregando sobre Si mesmo os nossos pecados e culpa, no madeiro.

É aqui, pela negligência desta verdade, que

podemos entender a atual apostasia da Igreja, justamente por fazer concessões a tantas

formas de pecado, pela incompreensão do fato de que por se estar debaixo da graça de Cristo, e

não mais condenado pela Lei, não somos autorizados por Deus a continuar na prática do

pecado.

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O vencedor ao qual Jesus se refere nos capítulos 2 e 3 do livro de Apocalipse, é sobretudo aquele

que venceu as suas paixões carnais por trazê-las constantemente crucificadas, por meio da

vigilância e oração contínuas e perseverantes, num procedimento inteiramente santo, ou

então que esteja aplicado na busca sincera deste objetivo.

Alguém indagará: “mas como viver uma vida de

pureza num mundo tão poluído como este chamado mundo pós-moderno no qual temos

vivido? Como viver uma vida de fé em verdades absolutas num mundo em que quase tudo é considerado como verdades ocasionais e

relativas?”

Mas é justamente nisto que consiste a profecia

bíblica de que este tempo do fim, seria de dias difíceis para se viver a vida cristã conforme ela

convém ser vivida, porque são múltiplas e variadas as formas de tentação que guerreiam contra a alma do crente.

Contudo, ele não será aprovado por Deus se não lutar e prevalecer contra toda forma de pecado,

quer em pensamentos, atos ou palavras, porque Deus não muda, e a sua vontade e Palavra

também são imutáveis.

As ordenanças bíblicas para que se tenha um coração puro, uma vida casta, um pensamento

que se fixe somente em “tudo o que é

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56

verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável,

tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o

vosso pensamento.” (Fp 4.8)

Sobre nós soa constantemente a advertência do

Senhor quanto ao uso que fazemos dos nossos sentidos que nos colocam em contato com o

mundo em que vivemos.

“Mat 6:22 São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso;

Mat 6:23 se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso

a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!”

Especialmente os que são jovens, devem ter uma particular atenção e cuidado em relação a

isto, fugindo sempre das paixões que são mais inerentes à mocidade.

Então, não é nada fácil ter uma vida consagrada a Deus nestes dias, pois somos chamados a ser

sal e luz neste mundo de trevas, sem que nos deixemos contaminar por ele.

Assim, como no dizer do apóstolo, quem quiser

ser vaso de honra e idôneo para uso do Senhor,

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57

terá que se purificar de todos estes erros que nos afastam da comunhão com Deus (II Tim 2.20-22).

Não basta ter a intenção de vencer o pecado para

que se possa servir a Deus de modo frutífero e aprovado, porque é possível estar bem-

intencionado e continuar sendo vencido pelas paixões que guerreiam contra a alma.

É recorrendo a Jesus e nos esforçando para

atuar no seu Reino que é de justiça, amor, paz, e santidade, que achamos graça e auxílio para

vencermos nossas inclinações carnais, pois Ele as mortificará pelo Espírito Santo, que em nós

habita, e colocará em nossos lábios uma canção de louvor ao nosso Deus, gratidão e paz nos

nossos corações, e disposições santas para servi-Lo.

Ninguém se iluda, portanto, que seja possível

ser eficazmente usado por Deus, e viver de modo que lhe seja inteiramente agradável,

quando se vive ainda na prática do pecado.

Ninguém pense também que achará graça e auxílio para vencer o pecado aguardando que

venha um poder inesperado do céu, sem que o busquemos, que nos vacine contra todo tipo de

tentação e de inclinação carnal, pois não é assim que funciona a ação da graça de Jesus. Nós

devemos caminhar na direção das coisas de Deus nos esforçando em rejeitar e evitar aquelas

coisas e comportamentos que são abomináveis

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58

para Ele, e então Ele nos dará a graça e a força necessárias para vencê-las. É assim que a nossa

fidelidade a Ele é provada.

Se porventura nos encontramos ainda endurecidos e com os nossos olhos vendados, de maneira a não sabermos o que é lícito ou não,

o que nos convém ou não, devemos orar para que o Senhor nos revele estes pecados que ainda

estão ocultos aos nossos olhos espirituais, e Ele certamente nos levará não somente a enxergá-

los como também a ter verdadeiro horror desses pecados, dos quais fugiremos como

quem foge de uma serpente venenosa.

É basicamente nisto que consistem as exortações do apóstolo no sexto capítulo de

Romanos.

Tendo falado da justificação, ele iria argumentar agora a favor da consagração e da

santificação, que devem se seguir ao ato da justificação.

Ele começou afirmando a necessidade da

mortificação do pecado, em face de termos sido justificados, porque foi para este propósito que

Deus nos justificou em Cristo, a saber, para que pudéssemos permanecer diante dele, santos e

inculpáveis; condição esta que, a propósito já foi conquistada para nós por Jesus na cruz, e na qual

convém que andemos.

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Jesus morreu por causa dos nossos pecados, e é pela sua morte que somos justificados, de

maneira que não faz qualquer sentido permanecermos na prática do pecado, sendo

vencidos por pecados, depois de termos sido justificados, porque isto corresponde a agir

contra o propósito eterno de Deus relativo à nossa salvação, e contra a própria nova natureza que recebemos do alto, quando formos

regenerados pelo Espírito Santo no dia da nossa conversão a Cristo.

A morte de Jesus na cruz é considerada por Deus como sendo a morte do próprio cristão, porque foi uma morte substitutiva.

Afinal aquela morte estava destinada a nós pecadores.

Jesus não tinha pecado, havia guardado

perfeitamente toda a Lei, e, portanto, não era digno de morrer.

Então, pôde carregar sobre Si os nossos

pecados, colocando-se no nosso lugar.

Foram os nossos pecados a verdadeira causa da sua morte, e não simplesmente a perseguição

que sofreu por parte dos principais sacerdotes, escribas e fariseus.

Como Ele morreu por causa do pecado e para

nos livrar da prática do pecado, como poderia

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60

ser admitido o raciocínio de que já que Ele justifica pecadores, não há, portanto, nenhum

mal em viver na prática do pecado, porque afinal a graça nos perdoará?

Esta forma de pensar é induzida pelo fato de o pecado ser tão comum na sociedade, e tão

inerente à velha natureza terrena, que ainda trazemos conosco enquanto vivermos neste

mundo, que parece a muitos que Deus não se importa com a prática do pecado.

Não podemos esquecer, no entanto, que não há

um só pecado em nenhum dos seres que vivem no céu. E que Adão e Eva foram criados perfeitos

sem qualquer pecado.

Então, a vinda de Jesus a este mundo, encarnando num corpo como o nosso para morrer no nosso lugar, teve por propósito

principal nos livrar da prática do pecado, e nos restaurar àquela condição inicial sem pecado

com a qual o homem foi criado.

Isto equivale a dizer que a vontade de Deus em relação a seus filhos é que sejam

verdadeiramente santos, e que se santifiquem cada vez mais, através do processo da

santificação pelo Espírito, mediante aplicação da sua Palavra, como Jesus intercedeu em favor

dos cristãos em João 17.17.

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61

Nós já fomos limpos pela Palavra do Senhor na nossa conversão, e com ela, recebemos uma

expressiva santificação pela Palavra que foi implantada em nós, mas importa que nossos pés

espirituais sejam continuamente purificados das contaminações que recebemos por termos

que viver e andar neste mundo de trevas espirituais; além da necessidade que temos de prosseguir no crescimento na graça e no

conhecimento de Jesus.

Deste modo, Deus considera todo cristão morto para o pecado, e é assim, portanto, que cada

cristão deve considerar a Si mesmo, para que esteja em acordo com a visão de Deus

relativamente a ele, conforme Paulo afirma no verso 2.

Os que foram batizados em Cristo, não propriamente nas águas do batismo, mas no próprio Cristo, pela comunhão espiritual com

Ele, foram batizados também na sua morte, como Paulo afirma no verso 3.

Na verdade, quando somos justificados, passamos a ser identificados com tudo que há em Cristo, porque o Pai planejou que fôssemos

co-herdeiros com Ele em todas as coisas, inclusive nos seus sofrimentos.

Por isso temos uma cruz, porque Ele também

teve a sua.

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62

Temos aflições neste mundo, porque Ele também padeceu terríveis sofrimentos e

perseguições por causa da justiça do evangelho.

Mas, assim como Ele tem um trono no céu, nós também teremos um trono.

Assim como Ele ressuscitou, também seremos ressuscitados.

Enfim, somos chamados a participar juntamente com Ele de todas as coisas que Lhe

pertencem.

Assim, a vida que temos neste mundo deve ser a que Ele viveu, isto é, uma vida no poder do Espírito Santo, e mortificando o pecado de nossa

natureza terrena, para que Deus possa ser glorificado, como Paulo diz no verso 4.

Fomos batizados tanto na semelhança da morte quanto da ressurreição de Jesus.

Então é morrendo para o pecado, pelo ato de carregar voluntariamente a nossa cruz, que poderemos experimentar também o poder da

vida ressurreta que Ele experimentou depois da morte, como se vê no verso 5.

O corpo do pecado deve ser desfeito, a saber, o

nosso velho modo de vida, e tudo aquilo que pertence à carne, ao diabo e a tudo que se opõe

à vontade de Deus, que a Bíblia chama de

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63

mundo, de maneira que sabendo que o nosso velho homem foi crucificado juntamente com

Cristo, não devemos viver mais servindo ao pecado, como se lê no verso 6.

A justificação do pecado aconteceu exatamente por causa do fato de estarmos mortos em relação ao nosso velho homem.

Jesus veio para que tenhamos vida abundante, espiritual e eterna.

O diabo veio para roubar, matar e destruir.

Então esta morte não é o grande alvo da vida

cristã, porque vem chegando o dia em que já não existirá mais morte, nem mortificação do

pecado, senão a nova vida que obtivemos em Cristo.

Então o propósito de mortificar o pecado é para que tenhamos, a verdadeira vida celestial, espiritual e divina.

O alvo do evangelho é trocar a tristeza pela alegria.

Dar-nos uma grinalda em vez de cinzas.

Trocar o espírito angustiado pelo louvor,

conforme vemos em Isaías 61.2,3.

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64

Mas nada disso é possível, se não passarmos antes pela mortificação da carne, com as suas

paixões, através da cruz, como lemos no verso 8.

Era precisamente isto que o Espírito Santo pretendeu ensinar através de Paulo neste sexto capítulo de Romanos.

Assim como Cristo morreu e ressuscitou e já

não pode morrer mais, de igual modo nós, ainda que morramos fisicamente, viveremos para sempre com Ele em espírito.

Isto é verdadeiro tanto em relação à morte espiritual por causa do pecado, quanto à morte física, porque se morrermos para o pecado pelo

despojamento do velho homem, com a crucificação das obras da carne, nós viveremos

espiritualmente, porque acharemos a vida poderosa do Espírito do outro lado da cruz, e o

nosso corpo será ressuscitado por ocasião da segunda vinda do Senhor.

De maneira que em Cristo temos vida e não morte.

O que morre é o pecado. A velha criatura.

Mas a nova criatura vive, e viverá eternamente por causa de Jesus.

É àquela mesma justiça evangélica à qual nos

referimos anteriormente, no comentário do

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65

terceiro capítulo, que devemos nos consagrar depois de justificados.

Devemos saber que estamos numa nova

dispensação, a saber, a da graça, a do Espírito, a da justiça evangélica, a do tempo da paciência de Deus, que tem colocado à nossa disposição

todos os dons e graças necessários para a nossa santificação.

Falamos justiça evangélica porque temos por meio dela um Deus que é misericordioso e longânimo para com as nossas iniquidades e

transgressões conforme prometeu que faria neste tempo da dispensação da graça (Jer 31.31-

35).

De modo que nesta justiça do evangelho também está o incluído o perdão de Deus que

nos é concedido por meio do nosso arrependimento, uma vez que Jesus já sofreu no

nosso lugar e pagou inteiramente a nossa dívida de pecados.

Deste modo, o cristão que não estiver se

consagrando a Deus pela santificação, está vivendo de modo contrário à sua vontade; pois

todos os meios necessários a esta consagração já foram providos por Ele em Jesus Cristo e na obra

que realizou em nosso favor. A confissão dos pecados é um deles, para que possamos

prosseguir em nossa comunhão com o Senhor.

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Isto não é apenas uma questão doutrinária, mas uma verdade que se demonstra nas Escrituras e

na vida.

Aqueles que se consagrarem a Deus experimentarão o poder santificador da Palavra

e do Espírito Santo, porque o próprio Deus efetuará neles tanto o querer quanto o realizar

para o desenvolvimento da salvação deles, em crescimento espiritual.

O fato de não se estar mais debaixo de uma Antiga Aliança, a da Lei de Moisés, e de se estar

debaixo de uma Nova Aliança, a da graça, não é nenhum salvo conduto que estamos recebendo

da parte de Deus para permanecermos no pecado, como Paulo afirma no verso 15; sob a

alegação de que afinal o sangue de Jesus cobrirá todo e qualquer pecado que pratiquemos, ainda

que deliberadamente.

Aqueles que entristecem e apagam o Espírito Santo deliberadamente, não podem contar com o seu consolo e companhia, enquanto

endurecidos pelo pecado.

Apesar de Paulo não detalhar todas as

consequências de uma desobediência voluntária de cristãos, neste capítulo, ele

colocou tudo de forma resumida no verso 16:

“Não sabeis vós que a quem vos apresentardes

por servos para lhe obedecer, sois servos

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67

daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?”

Os homens que permanecem escravizados ao pecado, por não terem sido libertados por meio

da conversão a Jesus, caminham inexoravelmente para a morte eterna, porque

este é o pagamento que o pecado lhes dará ao final da sua jornada nesta vida; mas os que

obedecem ao evangelho e creem em Jesus para ser o seu Salvador e Senhor, são justificados, por

isso diz o apóstolo: "da obediência para a justiça".

Por isso ele se apressou em esclarecer que no caso de autênticos cristãos, é de se esperar que obedeçam de coração à forma de doutrina à qual

foram entregues em decorrência de terem sido tornados participantes de Cristo, porque devem

ser santos assim como Ele é santo, como se lê no verso 17.

E uma vez que, foram libertados do pecado, não

devem viver mais em servidão ao pecado, mas como servos da justiça evangélica, à qual foram

submetidos por causa da justificação, como lemos no verso 18.

Então ele falou no verso 19 sobre santificação

em termos de usar os membros do corpo não mais para servir à impureza e à maldade, mas

para servirem à justiça evangélica, com vistas à santificação.

Antes da sua conversão, o cristão estava isento

da disciplina da aliança, e da exigência da

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68

santificação, porque afinal estava debaixo da ira de Deus, por não ser justificado, como se lê no

verso 20.

Mas, o fruto daquelas ações passadas, anteriores à conversão, são agora, motivo de

vergonha, porque o fim delas culminaria na morte, como se afirma no verso 21.

Deste modo, uma vez que foi libertado do poder

do pecado, pela justificação, em Jesus Cristo, e tendo sido feito servo de Deus, o cristão deve ser

diligente em seu viver visando ao fruto da santificação, e por fim à vida eterna, porque é

preciso perseverar até o fim para a plena certeza da salvação, e santificar-se, porque sem

santificação ninguém verá o Senhor.

É pela evidência da perseverança que provamos para nós mesmos que pertencemos de fato a

Cristo, pois todo aquele que foi justificado e regenerado perseverará.

Se a paga que receberíamos do pecado seria com certeza a morte eterna, devemos considerar que a vida eterna é um dom gratuito por meio de

Jesus Cristo, como se lê no verso 23. Então deveríamos nos aplicar às coisas que dizem

respeito a esta vida, pela santificação, e não às que são relativas à morte espiritual, e que se

manifestam quando se vive na prática deliberada do pecado, negligenciando-se a

necessidade da santificação da vida.

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Como muito da força do velho homem foi destruída na regeneração, isto comprova que

ele está destinado a desaparecer totalmente pelo trabalho da santificação que consiste pelo

seu lado negativo neste despojamento do velho homem, e pelo lado positivo no ato de revestir-

se do próprio Cristo.

O conhecimento e a vivência desta verdade é de crucial importância, especialmente nestes

últimos dias de apostasia da Igreja, porque o Arrebatamento está às portas, e aqueles que não

estiverem santificados, seguindo o exemplo das cinco virgens imprudentes da parábola, correm

o risco de serem deixados para trás para enfrentarem a Grande Tribulação e entrarem

no milênio sem o corpo glorificado que receberão todos os crentes que forem

arrebatados pelo Senhor.

Jesus e os apóstolos nos fazem sérias e repetidas advertências na Palavra para que nos preparemos em santificação para o encontro

com o Senhor entre nuvens.

Ainda que o fato de alguns não serem

arrebatados não signifique a perda da salvação para aqueles que não estiverem se santificando,

todavia será uma grande desonra e dano para eles não participarem juntamente com seus

irmãos das Bodas do Cordeiro no céu.

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Quem em sã consciência gostaria de ver a sua obra sendo queimada pelo fogo da provação de

Deus, por ter sido feita com restolho e madeira, e não com prata e ouro?

Quem gostaria de deixar de ouvir no céu dos lábios do próprio Senhor o “Muito bem, servo

bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.”?

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A graça tudo vencerá (Romanos 7)

Neste sétimo capítulo de Romanos nós

veremos a terrível luta que há mutuamente entre a carne e o Espírito Santo, ainda que não

seja este o tema central deste capítulo, senão o da nova aliança que temos com Jesus, e pela qual

somos libertados da condenação de uma aliança segundo a lei.

Deus como o Grande Legislador e Juiz de todo o

universo, criou o homem e fez com que ele fosse responsável perante Ele segundo a norma da lei moral que ele inscreveu em sua consciência,

instalando ali um tribunal que age no próprio homem condenando-o naquilo que é reprovável

e aprovando-o naquilo que é louvável.

Mas, como já vimos anteriormente, segundo a Lei Régia há a exigência da perfeita obediência,

conforme foi revelado a Adão, e que a penalidade para qualquer ato de

desobediência é a morte, e todo homem responde à referida Lei até hoje.

Posteriormente, nos dias de Abraão, Deus acrescentou novos mandamentos para serem

guardados pelas pessoas da descendência do patriarca, com as quais formaria um povo para

Si, para se revelar ao mundo através do mesmo, e principalmente para que por este povo nos

fosse dado o Messias.

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O caráter da obediência completa exigida de toda a humanidade da Lei Régia, que consiste na

exigência do perfeito amor a Deus e ao próximo, foi ainda mais detalhado com os mandamentos

que foram dados através de Moisés. E desde então, até que viesse o Messias, o modo de

agradar a Deus, passava obrigatoriamente pelo cumprimento dos mandamentos da Lei.

A pena de morte para os desobedientes foi mantida porque se afirma na Lei de Moisés que é maldito todo aquele que não permanece em

todas as coisas da Lei, para cumpri-las.

Isto descreve a condição de miséria espiritual e de condenação que paira sobre toda a humanidade, porque todos são pecadores, e não

têm em si mesmos a condição e o poder para obedecerem perfeitamente a todos os

mandamentos da Lei.

Como poderia então Deus se prover de filhos semelhantes a Cristo?

Se todos estão obrigados à Lei, como poderão ter vida, estando mortos; como poderão ser livres, estando condenados?

Só havia um modo de Deus nos libertar da condenação da Lei e nos dar vida eterna,

permanecendo Justo, por não remover ou contrariar a Lei. Isto Ele fez nos considerando

como mortos para a Lei, por ter feito com que a

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73

morte de Jesus na cruz fosse a nossa própria morte.

Ele visitaria o seu próprio Filho Unigênito com o castigo que era destinado a nós pecadores. Ele executaria a sentença de morte exigida pela Lei

nele, fazendo com que fosse feito pecado e maldição no nosso lugar.

Assim, a Lei não seria removida, mas nós seríamos resgatados por meio de Cristo de

debaixo da sua condenação e maldição.

É basicamente isto que Paulo expõe no sétimo capítulo de Romanos; de modo que toda a argumentação que ele fizera quanto à condição

de não se fazer o bem que queremos, e fazer o mal que não queremos, pelo pecado que opera

na nossa carne, é sobretudo uma condição que explica sobretudo a condição em que se

encontram aqueles que permanecem debaixo da Lei e não da graça do evangelho, a saber as

pessoas que não foram regeneradas pelo Espírito Santo.

Eles podem dizer: "miserável homem que sou" porque não têm a Cristo que é o único que pode

nos livrar do corpo desta morte.

Este livramento que se obtém somente por

Cristo e em Cristo, não é decorrente do fato de que agora os próprios crentes são perfeitos

segundo a Lei, porque sempre haverá resquícios

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74

de pecado e de desobediência em sua natureza terrena que ainda carregam neste mundo, mas

sim, e exclusivamente pelo fato de que foram resgatados da condenação da Lei por terem

morrido para a Lei em Cristo. Uma Lei não tem autoridade sobre quem já está

morto.

Assim, os crentes já não são julgados ou condenados por Deus com base na Lei, porque

não estão mais debaixo da Lei, quanto ao que se refere ao seu poder de condenação daqueles

que pecam contra os seus mandamentos. Eles são julgados agora pela lei da liberdade,

respondendo, livres que são, não mais a um Juiz, mas a um Pai de amor, que os corrige e dirige

como filhos amados, por causa de Jesus Cristo.

Haverá ainda um grande conflito entre o Espírito e a carne, entre a velha e a nova

natureza, em todos os crentes, mas juntamente com Paulo eles podem dizer em uníssono:

"Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor." Não serão mais condenados por não serem tão

bem-sucedidos nesta guerra contra as suas almas, quanto gostariam de ser. Contudo, sabem que são amigos de Deus, que amam a

Deus, que odeiam o diabo e o pecado, e que por fim serão transformados à perfeita imagem de

Jesus, ainda que isto ocorra somente na glória.

Todavia, esta grande verdade central do

evangelho não deve servir de motivo para que

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75

abusemos da liberdade que foi conquistada para nós por um preço elevadíssimo de sangue, e não

de um sangue qualquer, senão o puro e imaculado sangue do Cordeiro de Deus que tira

o pecado do mundo. Preço este que foi pago para que livres do pecado, pudéssemos viver em

novidade de vida santificada perante Deus. Afinal, foi para isto que fomos chamados e justificados.

Para vivermos esta vida santa sem a qual não podemos manter nossa comunhão com Deus, necessitamos de poder do alto.

Veja que quando os apóstolos viram todos os sinais que Jesus havia realizado, sua ressurreição e ascensão, a uma mente carnal

pareceria que isto seria o suficiente para que eles saíssem pelo mundo afora dando

testemunho das coisas que haviam visto e ouvido.

Todavia, nosso Senhor lhes falou da necessidade de permanecerem em oração, e aguardando em Jerusalém o batismo do Espírito

Santo, para que fossem revestidos de poder, pois quem dá e sustenta o testemunho de Cristo em

nós é o poder do Espírito Santo.

Por este motivo vemos o apóstolo Paulo dirigindo a Timóteo as seguintes palavras, para

o cumprimento adequado do seu ministério:

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76

“Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus.” (2 Tim 2.1)

E a todos os cristãos:

“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.” (Ef 6.10)

Vemos assim a nossa necessidade vital de estarmos permanentemente fortalecidos na graça de Jesus, mediante o poder do Espírito

Santo que em nós opera.

Muitos pensam erroneamente que quando se fala em batismo do Espírito Santo, revestimento de poder do Espírito, ou enchimento do Espírito,

que isto signifique simplesmente receber um poder sobrenatural que operará em nossas

vidas independentemente das condições morais e espirituais em que nos encontremos.

Todavia, se examinarmos com mais cuidado

não somente o texto bíblico, mas a nossa própria experiência prática em relação a este assunto, verificaremos que é muito mais do que isto o

significado do poder da graça e do Espírito Santo atuando em nossas vidas.

Antes de tudo, devemos lembrar que este poder

nos é dado para sermos cheios do fruto do Espírito Santo, que tem a ver com as nossas

atitudes, com o nosso comportamento, com a

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77

transformação progressiva do nosso caráter e coração.

É um poder para nos habilitar a sermos

obedientes aos mandamentos de Deus, para aprendermos a ser mansos e humildes de

coração, a sustentarmos um bom testemunho de comportamento em nossa vida cristã, de

modo a nos tornarmos exemplo para ser seguido por outros.

Trata-se de ser cônjuges exemplares, filhos

exemplares, servos exemplares, líderes exemplares, cidadãos exemplares, enfim,

sermos achados em todas as áreas de relações humanas como homens e mulheres de Deus,

que trazem estampada em suas vidas a imagem de Jesus Cristo, conforme veremos no estudo do

oitavo capítulo de Romanos, no qual se afirma que fomos predestinados por Deus para tal

propósito.

Nada disto poderá existir sem que haja uma transformação do nosso coração. E por isso

necessitamos crucialmente deste poder do alto, porque como o próprio Senhor Jesus afirmou,

sem Ele nada podemos fazer, notadamente no que tange às coisas que são celestiais,

espirituais e divinas.

Em cumprimento à promessa que nos fez em relação à Nova Aliança (Jeremias 31.31-35) Deus

já nos deu um coração de carne em substituição

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78

ao coração insensível de pedra às coisas concernentes ao reino dos céus que tínhamos

antes da nossa conversão a Cristo.

Tendo falado sobre a necessidade de santificação no sexto capítulo, Paulo

apresentaria agora algumas razões que explicam a necessidade desta santificação.

A primeira delas é que ao termos sido justificados, nós entramos automaticamente

numa relação de caráter matrimonial com Cristo.

Na verdade, não é apenas cada cristão individualmente que tem a Cristo por seu noivo,

mas toda a Igreja.

Os judeus que estavam presos aos termos da Antiga Aliança por dever de obediência para com Deus, seriam tidos como adúlteros e infiéis

se abandonassem aquela aliança que lhes foi determinada pelo Senhor para ser guardada por

eles.

Mas, estando em Cristo, já não estão mais

debaixo do compromisso da Antiga Aliança, porque ela não somente foi revogada pela morte

de Cristo, para que os que são justificados pela fé nele, pudessem abandonar o primeiro pacto, a

primeira aliança, o primeiro compromisso, para poderem assumir um segundo, de caráter

muito diferente do primeiro.

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79

Em Cristo eles estariam mortos para a exigência de fidelidade àquela Primeira Aliança, de

maneira a poderem contrair núpcias com Ele nos termos de uma Nova Aliança, instituída no

seu sangue.

Paulo queria falar de morte para a Lei não no sentido de estarmos desobrigados da Lei moral,

pelo fato de sermos cristãos, mas pela mudança de alianças, porque logo no primeiro versículo

deste capítulo ele deixou claro que estava falando estas coisas àqueles que conheciam a

lei.

Então, para se fazer melhor entendido no que estava dizendo ele se valeu de uma ilustração,

dizendo que se dá em relação a esta nova contração de núpcias com Cristo, para os que

estavam debaixo do regime da lei do Velho Testamento, o mesmo que se dá com o

casamento de um homem com uma mulher, pois que morrendo uma das partes, a outra fica livre para contrair novas núpcias.

Então, em Cristo, o cristão morreu para a condenação da Lei, que diz, que está debaixo de

maldição todos os que transgredissem a quaisquer dos seus mandamentos.

Já não vale mais, portanto, esta regra para um

cristão que tenha sido justificado e se unido a Cristo pela fé, porque ele já não pode mais ser

considerado maldito pela lei, caso venha a pecar

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eventualmente, porque não está mais casado com a lei, mas com Cristo.

Assim, a Lei não pode pretextar que esteja

havendo infidelidade para com ela, porque estamos casados com um outro, porque

morremos para ela e para a sua condenação, ao termos sido crucificados juntamente com

Cristo.

O casamento com a Lei não nos ajudou em nada quanto à nossa salvação, porque em vez de nos

ajudar ela nos condenava, e nos acusava, ainda que justamente, por causa dos nossos pecados,

que consistiam na transgressão das suas ordenanças. E o resultado destas transgressões

era a morte.

Mas, em Cristo nenhum judeu estava mais obrigado a cumprir os mandamentos civis e

cerimoniais da Lei, porque foram revogados pelo Senhor.

Além disso, o modo de se agradar a Deus não incluiria mais a necessidade de se guardar também todos os mandamentos da Lei

cerimonial de Moisés, porque a dispensação da graça não é um serviço a Deus segundo a letra

dos mandamentos do Velho Testamento, mas em novidade de espírito, segundo a justiça do

evangelho, não mais no regime da Lei, mas no regime do Espírito, conforme Paulo o detalhou

no terceiro capítulo de II aos Coríntios.

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Pelo verso 7, nós vemos que Paulo não estava se referindo apenas à lei cerimonial, mas também

à lei moral, mostrando que o nosso casamento, mesmo com esta lei, não poderia nos capacitar a

viver de modo agradável a Deus e muito menos nos justificar do pecado, e até mesmo nos

santificar.

A lei não é pecado. Ao contrário, é santa, justa, perfeita, espiritual e boa. Mas nós somos

pecadores que transgridem naturalmente a lei, caso não sejamos capacitados pelo próprio

poder de Deus operando em nós pela graça para que possamos viver de tal modo, que sejamos irrepreensíveis diante de todas as exigências da

Lei.

Por isso, apesar de a lei nos ajudar a

compreender que somos pecadores, a força do pecado nos torna completamente incapacitados

para atender por nós mesmos às suas santas exigências.

A lei sozinha em vez de vencer o pecado, serve

ao contrário para colocá-lo ainda mais em realce; porque comprova que somos de fato

pecadores, porque transgredimos os mandamentos da lei de Deus, caso não sejamos

habilitados pelo Espírito Santo a vencer a fonte do pecado que opera na carne.

No entanto, ao sermos salvos por Cristo,

passamos a entender que a Lei é espiritual, boa

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e santa, e passamos a dar o devido valor à Lei, apreciando os mandamentos de Deus;

entendendo que nos foram dados para serem amados e cumpridos.

No entanto, tal é a força do pecado que ele usa o próprio mandamento para nos enganar e matar,

como Paulo afirma no verso 11.

Queremos fazer a vontade de Deus.

Não queremos fazer aquilo que a Lei condena, antes queremos fazer o que ela aprova, mas sem

a força da graça operando em nós, o pecado há de se revelar mais forte do que a nossa própria

vontade, e acabamos derrotados.

Sabendo que não é possível a aniquilação definitiva de qualquer tipo de pecado enquanto

vivermos neste mundo, será sábio estarmos sempre prevenidos contra eles, porque a

condição citada em Rom 7.22,23 é uma condição permanente enquanto estivermos neste corpo:

“Porque, segundo o homem interior, tenho

prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do

meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros.”

Mas também é verdade que este prazer interior

que temos agora na lei de Deus vem da habitação do Espírito Santo, como lemos em Tg

4.5:

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83

“Ou pensais que em vão diz a escritura: O Espírito que ele fez habitar em nós anseia por

nós até o ciúme?”

E em Rom 7.18,19:

“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não

está. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico.”

Nisto não há qualquer paradoxo, mas a confirmação de que o pecado necessita de fato

ser vencido, mortificado, para que se possa cumprir as ordenanças do Senhor.

É possível praticar o bem, é possível viver em santidade, é possível ter comunhão com Deus,

ainda que estejamos sujeitos à ação do pecado.

Enquanto no corpo estamos sujeitos ao pecado, por maior que seja a nossa consagração, e dizemos isto não para justificar um viver

segundo a carne, mas exatamente para se viver de modo santo, sabendo nós de antemão, que

enquanto neste mundo, isto nunca significará uma aniquilação total e permanente do pecado,

e que por isso devemos ser diligentes quanto ao assunto da sua mortificação.

Esta é a razão principal porque o Espírito Santo e a nova natureza são doados pela graça a nós,

para que tenhamos um princípio interior por

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84

meio do qual possamos nos opor ao pecado e à cobiça que conduz ao pecado.

Devemos saber que há uma permanente luta do Espírito Santo contra a carne, e da carne contra

o Espírito, apesar de a carne ficar cada vez mais fraca, e a graça cada vez mais forte em nós, à

medida que progredimos na nossa santificação.

Há uma tendência no Espírito, na nova natureza espiritual, para estar agindo contra a

carne, como também na carne para estar agindo contra o Espírito Santo.

Como vemos em II Pe 1.4, 5 é nossa participação da natureza divina que nos dá uma fuga das

corrupções que estão no mundo pela cobiça; e, vemos em Rom 7.23 tanto uma lei da mente,

quanto uma lei dos membros do corpo.

Esta competição é pelas nossas vidas e almas.

Não estar empregando o Espírito Santo e a nova natureza diariamente para mortificar o pecado, é negligenciar aquele socorro excelente que

Deus nos tem dado contra nosso maior inimigo.

Se nós negligenciarmos fazer uso do que nós recebemos, Deus pode reter a sua mão

privando-nos de nos dar mais.

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85

As suas graças, como também os seus dons nos são dados para serem usados e exercitados, e

não para serem, enterrados ou jogados fora.

Não estar mortificando o pecado diariamente, é pecar contra a bondade, sabedoria, graça, e

amor de Deus, que os tem fornecido a nós para tal propósito.

No dizer de Rom 7.24 nós temos um corpo de morte. Porque está sujeito continuamente à

morte espiritual que é operada pelo pecado.

Este corpo só será livrado desta humilhação

quando nós formos transformados no arrebatamento da igreja, quando receberemos

um corpo glorificado que não está sujeito ao pecado.

Como lemos em Fp 3.21:

“que transformará o corpo da nossa humilhação, para ser conforme ao corpo da sua

glória, segundo o seu eficaz poder de até sujeitar a si todas as coisas.”.

Então não há outra forma de ser livrado da ação do pecado senão pela sua morte.

Por isso é nosso trabalho enquanto estivermos neste corpo, o de estar matando continuamente

o pecado.

Page 86: O maior mistério já revelado

86

Este é o trabalho de se matar um terrível inimigo que vive dentro de nós, com um golpe após

outro, de modo que não o deixemos viver.

A relação entre a vontade que reside na mente, e a lei do pecado ou a lei do Espírito Santo, que operam no homem todo, a saber, no corpo, alma

e espírito, são realidades que transcendem a própria vontade do homem, e por conseguinte

de todas as faculdades da sua mente. Paulo se referiu a isto em Romanos 7:15 a 25.

O cristão, de si mesmo, com a sua mente deseja servir à lei de Deus, mas isto não é tudo quanto ele necessita para poder servir de modo

aprovado a Deus, pois precisa também que a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus o capacite a

fazer o que deseja, e a não fazer o que não deve e não deseja fazer, porque somente esta lei

espiritual pode vencer a lei do pecado que opera na carne, e que é mais forte do que a própria

vontade humana.

Por isso, nossa mente deve ser renovada e sujeitada à Palavra de Deus.

Ainda que a vontade resista, nós devemos

treinar a mente neste exercício de tal maneira, que a mantenhamos nos ajudando a meditar na

Palavra, a orar, e a nos concentrarmos na busca do Senhor, até que Ele se manifeste a nós e

fortaleça o nosso espírito.

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87

Paulo diz no verso 16 que ao fazer o que ele não queria, ele consentia com a lei que é boa, a

saber, a sua vontade era a de não pecar, mas o pecado que habita na carne o levava a praticar o

mal, e nisto a lei comprovava que ela é boa, porque testifica ao homem que ele é pecador

por natureza, porque apesar da sua vontade ser a de fazer somente o que é aprovado por Deus, o pecado pode operar com um poder superior à

sua própria vontade, ensinando-lhe que não será ali, isto é, na sede da vontade, que a batalha

será vencida pela graça, mas no seu coração.

Assim, o cristão se esforça e escolhe ter uma vida de devoção e virtude porque Deus lhe deu um novo coração, uma nova natureza.

Mas, se não andar no Espírito quem prevalecerá sobre o coração do cristão será a carne, ativando

ali toda sorte de cobiças e pensamentos que o levarão a produzir as obras da carne.

Paulo se refere em Rom 7.17 que já que o pecado é superior à sua própria vontade então já não é

mais ele, ou seja, voluntariamente, que está buscando o mal, uma vez que a sua vontade

deseja tão somente fazer o que é agradável a Deus, mas é a força do pecado que nele habita,

em sua natureza, que o conduz à pratica do mal que não deseja, e a não praticar o bem que ele

quer.

Page 88: O maior mistério já revelado

88

Vitórias eventuais sobre determinados desejos não garantirão uma vitória plena e permanente

sobre todos eles.

Não que Paulo vivesse pecando, mas ele quis nos ensinar que há somente um modo de se vencer o pecado, e isto é pelo poder do Espírito Santo,

mediante a fé em Cristo.

É se sujeitando efetivamente a Cristo, que o pecado é vencido.

Assim, temos visto que o pecado não pode ser vencido pelo simples exercício da vontade.

Não há na natureza terrena qualquer poder para combater o pecado, e ainda que desejemos fazer

o bem, buscando ter um uso correto da nossa vontade, não temos em nós mesmos o poder de

efetuá-lo em perfeição.

Por isso somos convocados a orar e a vigiar incessantemente para podermos vencer a carne

(o princípio do pecado que opera em nossa natureza) que é fraca.

De maneira que neste caso, querer não significa de nenhum modo, poder.

Mais uma vez o apóstolo vai afirmar nos versos

19 e 20 que é a lei do pecado que opera na nossa carne que nos leva a praticar o mal, embora todo

o desejo de nossa vontade seja o de não praticá-

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lo, a ponto de dizermos que não somos nós, isto é, o nosso homem consciente que o está

praticando, mas o pecado que habita em nós.

Mais uma vez lembramos que ao falar em bem e em mal, o apóstolo não está se referindo especificamente a atos morais, mas à presença

ou falta de santificação no poder do Espírito Santo, em nossas vidas – à falta de poder para

conhecer e obedecer à vontade de Deus.

Somente o poder da graça de Deus pode vencer a força do pecado.

Deste modo, Paulo vai explicar melhor no capítulo seguinte como é que o Espírito Santo

vence a natureza terrena decaída no pecado, e qual é o dever dos cristãos de se consagrarem

inteiramente a Ele, para que possa realizar o seu trabalho de mortificação do pecado.

E quanto os cristãos dependem inteiramente de seguirem o pendor do Espírito Santo, inclusive

contando com Ele em suas intercessões, para que possam sair vencedores na luta que têm que

travar contra a velha natureza, o diabo e o fascínio do mundo.

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A união indissolúvel do crente com Cristo

(Romanos 8)

A temática central deste capítulo está

relacionada ao vínculo indestrutível que há entre Cristo e o crente, porque este é parte de

sua vida, alguém que é membro de um corpo que está ligado à Cabeça; um ramo na Videira

verdadeira; uma pedra viva do edifício espiritual do qual Jesus é o Fundamento e Pedra de

Esquina; uma esposa unida ao seu Esposo.

A razão desta união é que em Cristo o crente não é mais um ser exclusivamente natural, um ser

carnal, senão alguém que recebeu a vida sobrenatural do céu, alguém que é agora

espiritual, capaz de responder ao propósito de Deus de ser adorado em espírito e em verdade,

porque Deus é espírito perfeito e santo.

O início deste oitavo capítulo apresenta a continuação do argumento de Paulo no final do

capítulo sétimo, anterior a este.

Ele havia dito no fechamento daquele capítulo o seguinte:

"Rom 7:14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à

escravidão do pecado.

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Rom 7:15 Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que

prefiro, e sim o que detesto.

Rom 7:16 Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.

Rom 7:17 Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim.

Rom 7:18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o

efetuá-lo.

Rom 7:19 Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.

Rom 7:20 Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.

Rom 7:21 Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim.

Rom 7:22 Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus;

Rom 7:23 mas vejo, nos meus membros, outra lei

que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos

meus membros.

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Rom 7:24 Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?

Rom 7:25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo,

com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado."

Então ele prosseguiu dizendo logo a seguir no

início do oitavo capítulo:

"1 Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.

2 Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte."

Esta condição da libertação encontrada pelo crente em Jesus, em relação à condenação, ao

pecado e à morte, é afirmada pelo apóstolo como uma verdade absoluta e final na vida de

todos aqueles que foram justificados pela fé e que, por conseguinte, foram regenerados pelo

Espírito Santo, ou seja, tornados novas criaturas.

Não é particularmente Paulo que vê o crente nesta condição, mas o próprio Deus que revelou

a ele esta condição firme e segura na qual todo cristão autêntico se encontra em sua união vital

com Jesus Cristo.

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93

Muitos indagam, entretanto, por que teria então o apóstolo citado a condição de desventura

citada por ele na parte final do sétimo capítulo?

Não podemos esquecer que a condição ali apontada por ele não se refere a qualquer tipo de

instabilidade no edifício espiritual que está sendo erigido com os cristãos como sendo

pedras vivas sobre o alicerce que é Jesus Cristo. Até mesmo o conflito interior da luta contra o

pecado não pode mais separar o crente do Senhor que o resgatou e o tornou participante

da sua própria vida.

Nós vimos o apóstolo afirmando esta firmeza do crente em Jesus ao longo de toda esta epístola, e a título de recordação, leiamos mais uma vez as

suas palavras em Rom 6.17-22, onde ele reafirma esta plena condição de liberdade alcançada pelo

crente por meio da simples fé em Jesus.

"Rom 6:17 Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes

entregues;

Rom 6:18 e, uma vez libertados do pecado, fostes

feitos servos da justiça.

Rom 6:19 Falo como homem, por causa da

fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a

escravidão da impureza e da maldade para a

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maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a

santificação.

Rom 6:20 Porque, quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça.

Rom 6:21 Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte.

Rom 6:22 Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o

vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna;"

Não há qualquer sombra de dúvida no apóstolo e muito menos nos Senhor Jesus, quanto ao fato

de que os crentes já não são mais escravos do pecado, e nem de Satanás, porque Jesus os

livrou perfeita e completamente.

Mas alguém indagará: "Por que então se vê tanto mau testemunho mesmo nas vidas de crentes autênticos - pessoas que foram justificadas e

regeneradas pelo Espírito?"

Isto decorre não por que perderam a filiação a Deus, ou que deixaram de ter o Espírito, ou ainda

que voltaram à sua velha condição anterior de pessoas inteiramente carnais, deixando de ser

novas criaturas em Cristo.

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95

O que sucede é que deixaram de andar do modo digno da sua vocação, abandonaram a

comunhão com o Senhor, negligenciaram os deveres espirituais da vigilância, da oração e da

meditação da Palavra e do empenho na obra de Deus.

Voltaram a ser, caso nunca tenham deixado de

ser, pavios fumegantes e canas rachadas, mas mesmo assim não serão lançados fora pelo seu

Senhor, que há de completar a boa obra neles, ainda que seja no céu.

Ele os corrigirá, disciplinará, mas não os

rejeitará.

Afinal, não foram escolhidos por Deus por algum mérito que houvesse neles, ou algo que

Lhe agradasse, mas simplesmente o Senhor lhes escolheu porque lhes amou primeiro antes

mesmo da fundação do mundo.

Todavia, uma vez tendo sido feitos filhos de Deus não poderão agradá-Lo caso não vivam do

modo digno da sua eleição, que foi para a santificação no Espírito (I Pedro 1.2).

O justo (aquele que foi justificado) recebeu a

vida de Jesus pela fé, e agora importa que continue caminhando por fé e não por vista.

Deve se despojar das obras da carne, uma vez

que o velho homem recebeu a sentença de

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morte na cruz do Calvário, quando morreu juntamente com Cristo.

Uma pessoa que foi libertada não deve viver

mais como um escravo do seu antigo senhor, a saber, do pecado e do diabo.

Quando Jesus disse que somente Ele poderia nos libertar dessa escravidão, ele enfatizou com um

"verdadeiramente" - "verdadeiramente sereis livres", ou seja, uma liberdade efetiva, real,

consumada, para um casamento com Cristo que é de caráter indissolúvel, e que nem mesmo a

morte pode separar.

Nosso Senhor também afirmou em João 3.6: "O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido

do Espírito é espírito."

Foi daqui que o apóstolo Paulo retirou o seu ensino que encontramos neste oitavo capítulo

de Romanos quando afirma que aos olhos de Deus os crentes são vistos como espirituais, e

não mais como carnais, ou seja, eles nasceram da carne, de seus pais, mas em Cristo, nasceram

do Espírito, e são espírito vivificado, pronto a responder à demanda de Deus em ser adorado

em espírito e em verdade. Todavia, não podem manifestar esta vida separados da comunhão

com Jesus. É nele, que todo o propósito de Deus é cumprido, de modo que sem Ele, nada

podemos fazer.

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Tudo isto está declarado pelo apóstolo em Rom 8.4-17. Releia este texto abaixo, e note como ele

se refere ao fato inconteste de que o crente não anda segundo a carne, como aqueles que não

foram justificados (v.4), e estes últimos caminham sem Deus no mundo porque podem

somente se inclinar para as coisas da carne, e não para as que são do Espírito (v.5) - e o resultado desta inclinação que o ímpio tem para

carne é inimizade contra Deus e morte espiritual, mas a que o crente tem no Espírito é

para a vida eterna e para a paz, reconciliação com Deus (v.6).

Deus criou o homem para ser espiritual e não carnal - leia Gên 6.3. Mas é somente em Cristo

que alguém pode se tornar espiritual, e como todos os crentes estão em Cristo, e todos são de

Cristo e têm a habitação do Espírito Santo, eles têm o seu espírito vivificado porque foram

justificados com a justiça de Jesus (v. 7-11).

Como toda a nossa vida espiritual tanto em crescimento e manifestação depende

inteiramente do nosso caminhar no Espírito, é evidente que quando fazemos concessão ao

pecado e andamos segundo o mundo, não há de se ver um espírito cheio da vida abundante de

Jesus, senão um espírito que, ainda que tenha sido vivificado no dia da conversão, encontra-se

agora como morto, insensível e incapacitado para manifestar a vida que é do céu, condição

esta, entretanto, que pode ser revertida pela

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98

confissão e pelo arrependimento, ainda que repetidamente.

Mas, ainda que isto seja verdadeiro, nem sequer

é a isto que Paulo se refere em primeira mão no verso 13, no qual afirma que se vivermos

segundo a carne, morreremos, mas se pelo Espírito, mortificarmos as obras do corpo,

viveremos. Ora, o argumento segue também aqui neste ponto tudo o que ele disse

anteriormente e que continuará afirmando, até culminar com o brado de triunfo e louvor do

final deste capítulo quando diz que nada mais poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, e o motivo disto é porque fomos

justificados e unidos a Ele para sempre, como membros do seu corpo, sendo participantes da

sua própria vida.

Então, estes que tiveram o seu velho homem

crucificado, e que pelo Espírito tiveram os feitos do corpo mortificados na regeneração, são indubitavelmente todos aqueles que creram em

Jesus e que pela fé nele se tornaram filhos de Deus.

De modo que logo a seguir, a partir do verso 14 até o 17, o apóstolo confirma o que acabamos de

expor.

"4 Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas

segundo o Espírito.

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5 Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são

segundo o Espírito para as coisas do Espírito.

6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.

7 Porquanto a inclinação da carne é inimizade

contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser.

8 Portanto, os que estão na carne não podem

agradar a Deus.

9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em

vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.

10 E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade,

está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça.

11 E, se o Espírito daquele que dentre os mortos

ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também

vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita.

12 De maneira que, irmãos, somos devedores,

não à carne para viver segundo a carne.

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13 Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes

as obras do corpo, vivereis.

14 Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.

15 Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor,

mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.

16 O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.

17 E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de

Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados."

Até mesmo a citação dos versículos 18 a 28, que pode parecer à primeira vista estar fora do

contexto dos argumentos que Paulo apresentou anteriormente, na verdade é uma confirmação

de tudo o que havia dito, porque nem mesmo as aflições presentes, nem o gemido da criação

existem como uma forma de oposição ao plano de Deus de ter muitos filhos semelhantes a

Cristo. Tudo o que há de tribulação e aflição no mundo coopera para a consumação deste seu

propósito eterno, porque é justamente por estas provações que somos aperfeiçoados para

sermos feitos à imagem e semelhança de Jesus.

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Para suportar e vencer estas provações temos a ajuda do Espírito Santo que nos fortalece para

mantermos uma vida de vigilância e oração, de modo que possamos viver de modo agradável a

Deus crescendo na graça e no conhecimento de Jesus.

Daí Paulo ter dito:

"28 E sabemos que todas as coisas contribuem

juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o

seu propósito."

Paulo chamou os crentes de Corinto de carnais, porque eram bebês em Cristo que não se

desenvolviam em seu crescimento espiritual. Não devemos, portanto, entender essa forma

dele se expressar naquela epístola como algum tipo de indicação que eles não eram de Cristo,

ou que não tinham o Espírito.

Eles foram assim chamados porque estavam andando de modo desordenado, mas daquele

mal foram curados pelo mesmo remédio que nós também somos, porque se arrependeram e

retomaram a caminhada da vida cristã do modo pelo qual deve ser retomada, a saber, por um

andar no Espírito, em comunhão com Cristo, observando e guardando os seus mandamentos,

por meio da fé e graça que Ele concede àqueles que se aproximam dele com um coração

sincero.

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102

Assim, ao chamar, em certa ocasião, os crentes coríntios de carnais, o que Paulo queria dizer era

que eles estavam no Espírito, mas viviam como os que vivem exclusivamente na carne, a saber,

aqueles que não conhecem a Jesus.

Como sucedeu a eles, ocorre com muitos na Igreja, em razão da luta constante entre o

Espírito e a carne, pois há em todo crente duas naturezas, uma terrena e outra celestial, uma

velha e outra nova, uma carnal e outra espiritual, daí a existência do conflito.

Então, para o propósito de aperfeiçoamento dos santos Deus concedeu dons e ministérios pelo

Espírito Santo, à Igreja, como se vê em I Cor 12, 14 e Ef 4.

Se o cristão permanecer vivendo de modo carnal Ele não poderá manifestar a vida e paz do

Espírito Santo, a qual só pode ser conhecida e experimentada, caso se ande no Espírito.

Entretanto, por ter a habitação do Espírito ele já alcançou a condição de vida e paz, e foi livrado

para sempre da condenação de morte que pairava sobre ele antes da sua conversão.

John Owen escreveu um tratado intitulado A Graça e o Dever de Ser Espiritual. O título é

muito apropriado porque esta condição de ser espiritual é recebida exclusivamente pela graça

e será mantida para sempre, todavia a sua

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103

manifestação na nossa viva cotidiana é dependente da nossa obediência ao Senhor e

aos seus mandamentos, por se viver na fé e andando no Espírito.

Foi para isto mesmo que fomos predestinados por Deus. De modo que nos chamou, pelo Espírito Santo, para nos convertermos e sermos

adotados como seus filhos, por meio da justificação, com vistas à nossa glorificação

futura. Deus não poupou ao seu próprio Filho para que

Ele morresse por nós. Então como haveria nele alguma possível intenção de vir a anular tudo o

que nos tem prometido dar juntamente com Cristo, por causa da nossa união com Ele?

Como dissemos anteriormente fomos feitos co-herdeiros com Ele e isto significa que tudo o que

é de Cristo é também nosso por direito concedido, prometido e jurado pelo Pai.

Então, quem poderá ser contra o cristão de maneira a impedir que se cumpra nele o

propósito de Deus?

Por que então deveria o cristão viver de modo

diferente deste propósito glorioso que lhe foi concedido pela graça do Senhor?

Ele não deve dar ouvido à carne, voltaria Paulo a dizer no desenvolvimento destes argumentos

verdadeiros que está apresentando desde o

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verso 30; mas seguir sempre a direção e instrução do Espírito Santo.

Ainda que esteja num corpo carnal que enferma e morrerá, contudo vive pelo espírito e no Espírito.

Paulo começou este oitavo capítulo dizendo que já não há nenhuma condenação para os que são de Jesus, e que andam segundo o Espírito Santo,

e agora ele afirmou nos versos 33 e 34, que por causa desta justificação pela graça, mediante a

fé, ninguém pode sustentar qualquer tipo de acusação contra os escolhidos de Deus que

prevaleça no juízo vindouro contra eles, porque foram justificados.

Já não há de fato nenhuma condenação eterna para os cristãos, e nem o próprio Deus os condenará, porque Cristo carregou sobre Si os

pecados daqueles aos quais justificou.

É Ele mesmo que intercede pelos santos à direita de Deus, para que continue operando

eficazmente naqueles que foram transformados em seus filhos, para que sejam santificados.

É por causa desta intercessão de Cristo que o cristão persevera, porque se fosse deixado

entregue a si mesmo, não poderia prosseguir adiante por causa do pecado que ainda opera na

carne.

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105

De maneira que necessita do Espírito Santo e da intercessão de Cristo para que o pecado seja

vencido, e seja capacitado com poder, para viver segundo o homem interior, no espírito, e não

segundo a carne.

O nosso Grande Sumo Sacerdote, nosso Senhor Jesus Cristo, intercede por nós dia e noite e tem

cumprido a promessa de estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos, e é esta a

razão de não desfalecermos no meio da nossa jornada rumo à nossa pátria celestial.

De tal ordem é a força deste poder operante da

graça de Jesus no cristão que nada poderá separá-lo do seu amor.

Nenhuma tribulação, angústia, perseguição,

fome, nudez, perigo, espada poderão consegui-lo, porque o caráter desta união é indissolúvel;

porque é de caráter matrimonial.

A fé vence o mundo, e todas as coisas que se levantam contra o conhecimento de Deus, em

Cristo. A fé que salvou o cristão é um dom de Deus, e sendo assim é algo indestrutível.

Ela não pode ser vencida por nenhuma

tribulação, seja interna ou externa.

Nada do que sentimos ou sofremos poderá nos separar de Cristo se pertencemos de fato a Ele,

por termos sido, justificados e regenerados.

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Deus trabalhará em nós através de todas estas coisas que no presente nos parecem adversas,

mas que no fundo estão contribuindo para o nosso bem, de maneira que sejamos

aperfeiçoados em santificação e amor; o que nos fará experimentar graus cada vez maiores da

plenitude que há em Cristo.

É, portanto, por meio de todas estas coisas que os cristãos são mais do que vencedores por meio do amor de Jesus.

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A causa da justificação, da eleição e da filiação (Romanos 9)

Tendo encerrado o oitavo capítulo de Romanos

reafirmando a firmeza e a segurança eterna da salvação que os crentes autênticos têm em

Jesus, fundamentadas nos dons da justificação e da regeneração, que são irrevogáveis porque estão baseados na chamada, ou seja, na vocação

eletiva de Deus, cuja natureza também é irrevogável, o apóstolo Paulo lamenta a

condição da nação de Israel, por seu endurecimento à recepção do evangelho,

sabendo que isto duraria conforme profetizado pelo profeta Isaías, até a segunda vinda do

Senhor.

A nação como um todo se encontraria endurecida, mas Deus sempre teria um

remanescente fiel entre o povo que creria no evangelho e que, portanto, alcançaria a salvação.

O desejo de Paulo em relação a eles era o de que

toda a descendência natural de Abraão, chamada através de Isaque e Jacó, fosse salva,

mas ele estava bem instruído pelo Senhor que aos seus olhos, nem todo israelita natural é um

verdadeiro israelita espiritual, por não possuir a mesma fé salvadora que havia justificado

Abraão.

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A causa imediata disto era a eleição divina, sobre a qual Paulo discorre neste nono capítulo.

Os gentios estavam sendo alcançados pelo evangelho, enquanto os próprios judeus,

pertencentes à nação eleita, estavam cada vez mais endurecidos em relação a Cristo.

Qual a razão disso?

Algum mérito especial dos gentios? Algum a predileção da parte de Deus por eles?

Não. Afirma o apóstolo, e este explica de modo consistente, que tudo se deve ao exercício exclusivo da misericórdia e soberania de Deus

em nos salvar.

Com estes argumentos verdadeiros relativos à Soberania de Deus, ele esperava colocar um

ponto final nas expectativas de salvação por meio de mérito ou de obras, uma vez que a

justificação é antecedida por uma chamada divina que está fundada na eleição. Então, o apóstolo falará sobre o caráter desta eleição.

Ele começou com o exemplo do próprio povo de

Israel, que tendo à disposição deles a adoção de filhos, a glória, as alianças, a lei, o culto e as

promessas, os patriarcas aos quais foram feitas as promessas, e a quem foi dado até mesmo o

próprio Cristo, segundo a carne, porque era da

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descendência da tribo de Judá, no entanto, não alcançaram a salvação em sua grande maioria.

A razão disto é que o homem é totalmente

dependente de Deus para que seja salvo por Ele, e isto está atrelado à sua escolha e iniciativa

divina na salvação, e não propriamente ao nosso próprio querer e esforços, pois a salvação

demanda o recebimento de uma nova natureza espiritual, celestial e divina, e grande parte da

humanidade não está disposta a isto.

A maioria das pessoas aspira a ir para o céu depois da morte, mas não para o céu que exige

uma vida santificada aqui na Terra. Assim, quem desejar entrar no Reino de Deus com este

tipo de desejo, certamente não será achado lá, conforme testificam as Escrituras.

É evidente que temos que buscar, desejar a

salvação, mas ela não nos virá pelo nosso mero querer. Devemos bater à porta do céu, devemos

procurá-la no Senhor Jesus, e pedir a Ele, humildemente, que nos salve, se não somos

convertidos a Ele, mas não se encontra em nós o poder para gerarmos a fé que salva (é dom de

Deus), ou a nossa justificação, regeneração e santificação, e assim, permanece sob a

soberania de Deus não somente conceder como também operar tudo o que se refira à salvação.

Importava que fosse assim, conforme

determinado em seus conselhos eternos, para

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que sendo por fé e por graça, fique também excluída não somente a jactância humana,

como também a exploração do homem pelo homem, sob os argumentos de que é uma

determinada instituição mediadora entre os homens e Deus que nos salva, ou as obras e

serviços que fizermos sob a direção de determinadas instituições religiosas ou pessoas que se intitulam a si mesmas mestres, guias,

gurus etc, ou por quaisquer outros meios adicionados ou que eliminem o mandado de

Deus de nos salvar somente por graça e mediante a fé.

De modo que o plano de Deus é segurança para nós, e visa ao nosso próprio benefício, de modo

que não dependamos do mérito e dos meios de nenhuma instituição ou homem sobre a Terra,

e nem mesmo no céu, aparte ou além de Cristo, para a salvação da nossa alma.

Todos os que elaborarem o seu próprio caminho para a verdade e a vida eterna, serão achados

fora do caminho estreito, da única verdade e vida eterna que é o próprio Cristo.

Dependemos assim que Ele se manifeste a nós, por misericórdia e com graça, para nos perdoar

de todos os nossos pecados, e isto Ele certamente fará se o buscarmos com verdadeiro

arrependimento.

Page 111: O maior mistério já revelado

111

Ele tem prometido não lançar fora a qualquer que o buscar. Apesar do dever que temos em

saber que é Ele que nos escolheu e amou primeiro, do que nós a Ele.

Deus, em sua presciência e onisciência, que faz com que Ele tudo saiba e conheça, antes mesmo de chegar à existência, sabe quais são estes que

resistirão para sempre à sua vontade e amor, de forma que não os elege para a salvação que eles

desprezarão e rejeitarão.

Isto é feito de maneira que apesar de o convite

do evangelho ser geral a todas as pessoas, em todos os lugares e épocas, sem qualquer tipo de acepção, todavia a chamada eficaz que regenera

o nosso coração é feita pelo Espírito Santo de modo eletivo, ou seja, somente àqueles que Ele

conhece que serão receptivos ao evangelho, ainda que resistam até mesmo por muito tempo

a se renderem a Cristo. O trabalho de convencimento do pecado e da necessidade de

arrependimento e do Salvador será paciente e trabalhará nas circunstâncias da vida, sem que

seja dado ao homem saber quem ou não será salvo, porque isto é do conhecimento exclusivo

de Deus (I Cor 7.16), que diferentemente de nós é Onisciente, Onipotente e Onipresente.

O motivo da não eleição não é moral, porque todos os eleitos são tão pecadores quanto os

demais, mas é devido a esta rejeição e este

Page 112: O maior mistério já revelado

112

desprezo da graça do evangelho que Deus está oferecendo em Jesus Cristo.

Em suma, os eleitos são os que virão a amar a Deus, a viver para Deus, e desejarem mais do que tudo fazer a sua santa vontade.

Por isso, o apóstolo ilustra a eleição com os gêmeos Esaú e Jacó, dizendo que Deus, já havia dito à mãe de ambos, antes mesmo de os

meninos nascerem, que havia amado a Jacó e se aborrecido de Esaú, porque sabia que Esaú

jamais O amaria.

Mas Deus conheceu também a Jacó por meio da sua presciência, e sabia que ele viveria para

fazer a sua vontade, pois se deixaria penetrar pela sua graça e influência, e ensinaria aos seus

filhos a andarem nos seus caminhos.

Então não foi por causa de nenhum mérito que

Jacó tivesse antes de nascer que ele foi eleito, ou mesmo por obras que viria a praticar depois de gerado, porque Deus o conhecera antes mesmo

de tê-lo formado no ventre de Rebeca.

O caso de faraó exemplifica claramente que

Deus não está obrigado a usar de misericórdia para com todos os homens, porque Ele conhece

muito bem o caráter de corrupção da nossa natureza terrena, do quanto somos inimigos e

avessos naturalmente aos seus mandamentos,

Page 113: O maior mistério já revelado

113

especialmente os relativos à plena santificação do nosso coração.

Até mesmo os eleitos são achados nesta triste condição espiritual, antes da sua chamada,

justificação e regeneração, e por isso necessitam de uma eleição que seja segundo a

graça e misericórdia divina, porque de outro modo jamais poderiam vir a agradá-Lo.

Assim, a misericórdia para a salvação será

manifestada por Deus àqueles que Ele conheceu antes mesmo de serem formados nos ventres de

suas mães, e que se dobrarão a Ele quando chamados eficazmente pelo Espírito Santo, que

não blasfemarão contra Ele e contra os céus, que não odiarão a Jesus, ao evangelho e à sua Igreja,

e que se converterão dos seus maus caminhos.

Mas, a maioria da humanidade, ao longo dos séculos, tem se desviado desta bondade e misericórdia que Deus está oferecendo a todas

as pessoas e em todos os lugares, para que sejam salvas por meio da Justiça de Cristo.

Deus tem, todavia, suportado com grande

longanimidade aqueles que são como vasos de ira, porque se enchem cada vez mais da ira da

justiça divina contra os pecados que praticam, e com a qual serão visitados por fim no Dia do

grande juízo final.

Page 114: O maior mistério já revelado

114

O Senhor lhes tem permitido, em sua grande maioria, viverem muitos anos sobre a face da

Terra, sem lhes visitar com seus juízos por causa de suas más obras, e não lhes imputando

enquanto aqui vivem, as suas ofensas à sua Justiça e Santidade, mostrando-lhes que são

indesculpáveis em face do longo tempo que lhes foi concedido para que se arrependessem dos seus pecados, e no entanto, têm escolhido não

fazê-lo.

Mas, dos eleitos se diz que são vasos de misericórdia porque será manifestada em suas vidas a misericórdia de Deus, salvando-lhes de

seus pecados e da condenação, porque se arrependeram de seus pecados e confiaram em

Jesus Cristo para ser o Salvador e Senhor deles.

Page 115: O maior mistério já revelado

115

O modo de proclamação e recepção do evangelho (Romanos 10)

Tendo falado nos capítulos anteriores sobre o

significado propriamente dito do evangelho,

Paulo vai falar agora neste capítulo sobre o modo de crer no evangelho e de pregá-lo.

Isto deve ser feito de forma positiva, a saber, expondo no poder do Espírito Santo os fatos

relativos à obra de Cristo, porque são realidades que se cumpriram para que agora creiamos

nelas, e para que por meio delas possamos ser salvos por Deus.

Sem a pregação da verdade não há nenhuma fé, porque aprouve a Deus salvar os que creem por

meio da loucura da pregação.

Diz-se loucura, não porque seja algo insensato, mas porque é reputado desta forma pela maioria dos homens, que julgam uma loucura a ideia de

o próprio Deus ter encarnado num corpo humano e ter morrido na cruz na pessoa de seu

Filho, carregando sobre Si os nossos pecados, e estar agora ordenando aos homens em todos os

lugares que se arrependam de seus pecados e carreguem suas próprias cruzes, para a

mortificação do ego carnal, negando-se a si mesmos, para poderem ser verdadeiros

discípulos de Jesus.

Page 116: O maior mistério já revelado

116

Uma salvação por obras, baseada em méritos humanos, onde as pessoas se considerem

capacitadas em si mesmas para a salvação, é rejeitada por Deus, pois aqueles que se julgam

indignos a seus próprios olhos, e quão pobres são espiritualmente, e que se arrependem são

os que acham favor diante dele.

Deus não escolheu os que são sábios, e elevados segundo o mundo, mas escolheu os que são

fracos e desprezíveis para o mundo (I Cor 2).

Então, a salvação, o evangelho e suas ordenanças para que o homem se reconheça pecador e que se humilhe diante de Deus, são

considerados uma loucura para os que amam o mundo.

Multipliquem-se os modos e métodos de evangelização, mas a mensagem do evangelho

deve ser sempre a mesma, bem como o grande objetivo final da pregação e ensino do evangelho

deve ser sempre o mesmo, a saber, produzir a salvação e edificação de almas na verdade.

Foi com este propósito em vista que o apóstolo Paulo escreveu o texto que lemos no décimo

capítulo de Romanos.

Como é somente pelo anúncio do evangelho que

pode ser tornada conhecida a justiça de Cristo que está sendo oferecida gratuitamente aos

pecadores, justiça esta que é decorrente

Page 117: O maior mistério já revelado

117

exclusivamente da graça, mediante a fé, conforme ele havia discorrido abundantemente

sobre ela nos capítulos anteriores de Romanos, então ele se aplica agora em demonstrar que há

então necessidade de tornar esta justiça conhecida através da proclamação do

evangelho.

A própria fé, por meio da qual somos salvos, é gerada em nós por ouvirmos a mensagem do

evangelho – do genuíno evangelho de Cristo, conforme ele foi explicado por Paulo na carta

aos Romanos.

Crer no evangelho é crer na mensagem que Jesus veio a este mundo para que pudesse

destruir o pecado e as obras do diabo em nossas vidas; para vivermos por meio da sua própria

vida, em verdadeira santificação, despojando-nos continuamente do nosso velho homem, que

recebeu a sentença de morte quando, aos olhos de Deus, morremos juntamente com Cristo na

cruz, para que vivêssemos em novidade de vida espiritual nos revestindo progressivamente das

virtudes da pessoa do próprio Cristo, pelo crescimento das graças implantadas na nossa nova natureza recebida na regeneração, uma

vez tendo sido justificados para sempre pela fé nele.

O que fica aquém desta mensagem, pode ser tudo, menos o evangelho que Cristo veio

anunciar, pois este aponta sobretudo para a

Page 118: O maior mistério já revelado

118

necessidade de nos arrependermos do pecado para se obter a vida santificada que existe

somente na nossa união com Ele.

Esta é a mensagem da qual os cristãos estão encarregados por Deus de anunciar ao mundo

inteiro, sem fazer acepção de pessoas, porque o evangelho em si, significa uma boa nova de

grande alegria, e tem este caráter porque não se trata de uma justiça que é requerida por Deus de

nós por meio dos nossos méritos, esforços isolados e boas obras, para que sejamos salvos,

mas uma justiça que está sendo inteiramente oferecida – Cristo, Senhor Justiça Nossa, por meio de quem somos justificados, regenerados

e santificados, com vistas à nossa glorificação futura.

Até mesmo as nossas boas obras que devem seguir a salvação pela graça mediante a fé, e que

são consequência da mesma, devem também ser feitas em Cristo, por Cristo e para Cristo.

É impossível conhecer a Cristo quando se tenta

agradar a Deus por meio da justiça própria.

Os judeus eram zelosos pelo nome do Deus da Bíblia, mas, segundo o apóstolo sem nenhum

entendimento da revelação do evangelho, porque os seus olhos estavam fechados, porque

não tinham a iluminação do Espírito Santo para entenderem o modo de salvação que é pela

graça, e não pelas obras da lei, mediante a

Page 119: O maior mistério já revelado

119

própria justiça do homem; e que o evangelho estava destinado ao mundo inteiro e não

somente a eles.

Israel havia sido eleito como nação para que o evangelho fosse trazido por meio deles para

todas as nações da Terra, pois se disse a Abraão, o patriarca deles, que no seu descendente que é

Cristo, seriam abençoadas todas as nações.

Assim, Deus não nos salva por causa da nossa condição pessoal ou nacional, ou da nossa

própria justiça, mas por causa da justiça de Cristo que nos é imputada por graça e por fé.

A lei mesma tem por finalidade principal

conduzir os homens à justiça de Jesus, por reconhecerem a impossibilidade de salvarem a

si mesmos com a prática de suas obras, porque por melhores que elas sejam, eles continuam

sendo servos do pecado.

Há de fato uma justiça que é pela lei, para a salvação, a qual somente Jesus pôde atender em

seu ministério terreno, porque cumpriu a lei perfeitamente.

Nenhum homem tem tal capacidade e poder,

por causa do pecado que habita em sua natureza terrena.

Então, é um caminho impossível o de alguém

tentar ser justificado pela justiça que é pela lei,

Page 120: O maior mistério já revelado

120

do mesmo modo como os judeus continuam fazendo até hoje, e não somente eles, como

todas as pessoas que estão debaixo de um sistema religioso que ensina, contra o ensino

bíblico, as obras como meio de salvação.

Por isso, Deus salva não pela justiça que é segundo a lei, mas pela justiça que é segundo a

fé, isto é, que nos vem por causa da nossa fé em Cristo, de que é Ele quem nos salva,

independentemente dos nossos méritos e obras, porque não há quem possa cumprir a lei perfeitamente todos os dias da sua vida, e mudar

por seu próprio poder a sua natureza terrena pecaminosa.

Assim, a justiça que é pela fé não indaga sobre quem irá para o céu; ou quem descerá ao abismo para que possa ser salvo.

Não há tal necessidade ou dúvida, porque Cristo já morreu e subiu ao céu de onde intercede por nós.

Ninguém achará salvação também no abismo, isto é, na morte, porque é aqui neste mundo o lugar onde somos salvos.

Jesus não subirá dentre os mortos para salvar alguém que desceu à sepultura.

O lugar de ser salvo, é aqui, e o momento é na

presente dispensação da graça, que é designada

Page 121: O maior mistério já revelado

121

como o dia que se chama Hoje, tão logo ouçamos a voz do Espírito em nosso coração,

chamando-nos ao arrependimento e conversão.

Então, não há necessidade de se pensar em

buscar salvação no céu ou no abismo, porque a palavra que nos salva está junto de nós, na nossa

boca e no nosso coração, quando confessamos a Jesus como Senhor de nossas vidas.

O evangelho nos foi dado para sermos salvos para o céu aqui na Terra, de modo que quando alguém morre sem ter crido no evangelho, esta

pessoa não poderá ser achada no céu, senão num lugar de tormentos eternos.

É confessando a Jesus como Senhor com a nossa boca, crendo no nosso coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos para a nossa

justificação, que somos salvos pelo poder da sua graça.

A boca simplesmente faz a confissão da experiência que ocorreu no espírito, isto é, no coração.

Este modo de salvar usado por Deus é tanto para judeus quanto para gentios, porque Ele não faz

acepção de pessoas, e é rico para com todos os que O invocam; porque tem prometido salvar a

todo aquele que invocar o seu nome.

Page 122: O maior mistério já revelado

122

Tendo falado sobre o modo de crer no evangelho, o apóstolo falou a partir do verso 14

sobre o modo como deve ser a sua pregação.

Primeiro ele enfatiza, que as pessoas que ouvirão o evangelho e crerão nele, são aquelas

que estiverem debaixo de uma verdadeira pregação da verdade do evangelho.

Isto porque há muitos que pregam muitas coisas, mas não o evangelho.

Muitos falam coisas acerca do evangelho, mas não o evangelho propriamente dito.

O evangelho é como a semente da parábola do grão de mostarda.

Somente dele pode germinar a vida eterna.

Então não haverá salvação pela pregação de qualquer outra palavra, senão a do próprio

evangelho.

Pregar obras como meio de salvação como faz o judaísmo e muitas outras religiões, não é pregar o evangelho.

Pregar prosperidade mundana como sendo o objetivo de Deus para as nossas vidas, não é

pregar o evangelho.

Page 123: O maior mistério já revelado

123

Um outro ponto importante sobre o modo de pregar o evangelho, é que aqueles que o pregam

devem ser enviados por Deus a fazê-lo.

Todo aquele que Deus enviar nesta missão será antes preparado por Ele, tanto quanto ao conhecimento da mensagem da cruz, quanto a

experimentar a cruz em sua própria vida; porque somente aqueles que estão crucificados

verdadeiramente podem pregar a mensagem da cruz.

Deve haver, portanto, uma comissão divina para cada pessoa que é levantada como pregador.

Outro ponto que é destacado por Paulo no verso 15 deste décimo capítulo de Romanos, em

relação à pregação, é aquele que faz referência aos pés dos que pregam, e se diz deles que são

formosos.

Isto indica, que servir ao Senhor na pregação da Palavra implicará em movimento para ir aonde quer que Ele nos envie.

Será exigido de nós prontidão para caminhar, para avançar, para conquistar almas para Cristo.

Então a fé é pelo ouvir a pregação, e este ouvir

deve ser obrigatoriamente da Palavra de Deus, e não de qualquer outra palavra da imaginação,

ciência ou artifício dos homens.

Page 124: O maior mistério já revelado

124

A mensagem que devemos pregar é uma revelação que nos veio diretamente do céu,

então devemos nos cuidar para não nos iludirmos pensando que pregamos o evangelho

enquanto falamos somente de coisas naturais e de realidades que pertencem a este mundo.

Antes de prosseguirmos com nossa exposição relativa ao capítulo décimo segundo, devemos

destacar que o apóstolo continua apresentando razões relativas ao endurecimento de Israel ao

evangelho, no décimo primeiro capítulo, como já havia feito anteriormente nos nono e décimo

capítulos, de modo a deixar bastante claro que o endurecimento de Israel não signficava que eles

haviam sido rejeitados definitivamente por Deus, através da eleição. Ao contrário, Ele

sempre manteria um remanescente (os que creriam em Cristo) daquela nação, em todas as épocas da história da Igreja, até ao ponto de

produzir uma conversão ampla e geral na nação por ocasião da segunda vinda de Jesus.

Page 125: O maior mistério já revelado

125

A conduta que convém aos salvos pelo evangelho (Romanos 12)

Tendo explanado nos capítulos anteriores a

doutrina do evangelho em relação à obra realizada por Cristo e qual é a posição que os

cristãos obtiveram diante de Deus por causa dele, Paulo passou a descrever agora neste

capítulo quais são as implicações práticas nas vidas dos cristãos, por causa da salvação pelo

evangelho.

O propósito do evangelho não é simplesmente o de nos trazer informações sobre a vida celestial que está em Jesus Cristo, mas de transformar

nossos corações e modificar efetivamente todo o nosso comportamento.

A fé cristã não é um mero sistema de crenças, mas um poder, um princípio espiritual vivo e

eficaz que opera principalmente pela fé que atua pelo amor.

Assim, as exortações práticas deste capítulo resumem em que consiste a vida do cristão.

Paulo começou o décimo segundo capítulo de Romanos, rogando aos cristãos, por causa da

misericórdia que foi demonstrada a eles por Deus, em Cristo, oferecendo-O como oferta

pelos pecados deles, que também

Page 126: O maior mistério já revelado

126

apresentassem os seus próprios corpos a Deus como um sacrifício vivo, santo e agradável.

Este sacrifício do cristão não tem em vista completar algo da obra perfeita de salvação que

foi plenamente consumada por nosso Senhor Jesus Cristo, senão, que diz respeito

exclusivamente à sua consagração pessoal a Deus.

Não se entenda este sacrifício como alguma

forma de ações penitenciais que visem flagelar o nosso corpo físico, ofertas pecuniárias além de

nossas posses, ou mesmo aquelas que não nos forem requeridas diretamente pelo próprio

Deus, ou qualquer tipo de flagelação pessoal.

O que está sendo dito pelo apóstolo está relacionado ao ensino de Jesus sobre a negação do nosso ego carnal, visando-se à renovação da

nossa mente naturalmente carnal em mente espiritual – a mente do próprio Cristo.

Mas para que isto seja possível é necessário que

não estejamos conformados ao modo de ser e agir deste mundo, pensando e agindo segundo o

mundo, de maneira que é necessária uma transformação de vida pela renovação da

mente, para que se possa experimentar de fato a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus,

como se lê no verso 2.

Page 127: O maior mistério já revelado

127

A palavra usada por Paulo no original grego para transformação é metamorféu, de onde é vertida

a nossa palavra metamorfose, que explica, por exemplo, a transformação de uma lagarta numa

borboleta.

É, portanto, uma referência a uma transformação de essência de vida. De uma vida

natural e carnal, para uma vida espiritual. E o modo desta nossa transformação é afirmado

pelo apóstolo como sendo resultante da renovação da nossa mente.

É importante que saibamos que temos uma

mente habituada aos padrões de pensamentos mundanos, terrenos e pecaminosos, e ainda por

cima corrompida pelo pecado, e por isso ela precisa ser renovada pelo Espírito Santo e pela

Palavra de Deus, para que possamos substituir estes padrões de pensamentos terrenos,

mundanos e pecaminosos, pelos padrões celestiais, divinos e santos.

Para exemplificar este modo de pensar segundo

o mundo e não segundo Deus, podemos citar o conceito que comumente é atribuído à palavra

santificação, que pouco ou nada tem a ver com o reto ensino bíblico sobre santificação.

Quando a Bíblia fala da santificação sem a qual

ninguém verá a Deus, e que para obtê-la necessitamos nascer de novo do Espírito e

sermos submetidos à disciplina de Deus para

Page 128: O maior mistério já revelado

128

que sejamos feitos coparticipantes da sua própria santidade, geralmente isto que é

apresentado de modo claro, firme e absoluto é interpretado por muitos como algo que se refira

tão somente à própria escolha que fazemos de evitar determinados hábitos nocivos e

incorporar alguns outros que sejam moralmente aprovados.

Todavia, o ensino bíblico sobre a santificação

que é requerida por Deus aponta para uma mortificação real da natureza terrena – de um

revestimento real da vida de Cristo, e isto por progressivas provações da fé que visam ao seu

refinamento e crescimento, de modo que o apóstolo Paulo afirma que importa entrarmos

no reino de Deus por meio de muitas tribulações.

É por meio destas operações progressivas e

graduais do processo de santificação pelo Espírito Santo, mediante aplicação da Palavra de

Deus às nossas vidas, que o velho homem vai ficando cada vez mais fraco, e com ele o pecado;

e a graça de Jesus cada vez mais forte em nossas vidas, e com ela, o crescimento em nós de suas virtudes celestiais, espirituais e divinas.

De modo que sendo confirmados na fé, cheguemos a dizer com Paulo que não temos

permanecido na prática do pecado, e com João que disse que havia escrito a sua primeira

epístola para que não pequemos.

Page 129: O maior mistério já revelado

129

Acrescente-se a isto que o exercício destas graças e deveres demanda um coração sincero

na busca de uma vida consagrada ao Senhor e aos interesses do seu reino, uma vez que existe

a impossibilidade de se servir a dois senhores.

A salvação (eleição, justificação e regeneração) nos veio inteiramente pela graça e mediante a

fé, mas deve ser desenvolvida mediante a nossa aplicação e esforço em todos os deveres

espirituais que nos são ordenados na Palavra de Deus, ou seja, através da santificação.

Não importa qual seja a nossa medida de fé, ou o grau de importância e responsabilidade do nosso ministério, porque em todos os casos, o

que se requer é completa fidelidade ao Senhor e à sua Palavra.

De modo que se dissermos que o alvo do evangelho é o de que tenhamos uma vida em

que o pecado seja algo eventual, como resultado de falta de vigilância, de oração, de meditação e

prática da Palavra ocasionada por alguma negligência ou fraqueza decorrente de um

descuido ocasional no uso do escudo da fé, e de todos os componentes da armadura de Deus, é

quase certo que isto causará um espanto geral, porque os crentes se acostumaram à ideia de

que haja da parte de Deus para eles, uma abertura de concessões para permanecerem na

prática de determinados pecados.

Page 130: O maior mistério já revelado

130

Releia o estudo relativo ao sexto capítulo de Romanos, e veja se há ali alguma instrução desta

natureza?

Porventura não são afirmadas verdades absolutas como as seguintes?

“Rom 6:1 Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais

abundante?

Rom 6:2 De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?”

“Rom 6:12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais

às suas paixões;

Rom 6:13 nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de

iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos

membros, a Deus, como instrumentos de justiça.”

Por isso necessitamos nos exortar mutuamente à diligência na prática do amor e das boas obras.

Devemos interceder uns pelos outros para que possamos ser achados de pé naquela condição

que nos é imposta pelo evangelho.

Page 131: O maior mistério já revelado

131

Por isso, quando cremos, somos feitos parte de um corpo formado por muitos membros,

exatamente para que haja auxílio e cooperação mútuos entre os diversos membros, pelo

desempenho das respectivas funções e dons recebidos de Deus.

Assim, o amor não fingido que os cristãos devem ter é o amor cristão conforme está

definido em I Cor 13.

O cristão deve aborrecer toda forma de mal, e apegar-se somente ao bem.

Além do amor a Deus e a todos os homens referido no verso 9, é dever do cristão amar seus irmãos em Cristo de coração, preferindo-se em

honra mutuamente como se afirma no verso 10.

Nenhum cristão deve ser lento, vagaroso na execução do zelo pelas coisas de Deus, e deve servi-lo fervorosamente em espírito como se vê

no verso 11.

Devem ser alegres na esperança da sua salvação, e sabendo que esta é certa e segura, devem ser pacientes em suas tribulações, e

conseguirão isto perseverando em oração, como se afirma no verso 12.

A vida cristã é pontilhada de muitas lutas contra

os poderes das trevas, especialmente quando o

Page 132: O maior mistério já revelado

132

cristão aumenta em graus a sua consagração ao Senhor.

Isto lhe traz muitas aflições e tristezas,

produzidas pelos ataques que recebe dos espíritos opositores ao evangelho, e por isso

deve permanecer firme na alegria da esperança da vida completamente resgatada das dores e

aflições que sofre neste mundo que desfrutará por ocasião da volta do Senhor, sabendo

também que Ele não lhe deixará nem desamparará, ao contrário, lhe proverá força e

consolo em suas provações presentes.

Paulo diz no verso 13 deste décimo segundo capítulo de Romanos: “Comunicai com os

santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade;” a palavra no original grego para

o verbo comunicai é koinoneo, de onde vem a palavra koinonia, que significa comunhão.

Então se trata de um compartilhar as

necessidades dos irmãos em comunhão com eles, no Espírito, daí ser seguido este

mandamento pelo de se praticar a hospitalidade; não apenas em nossas casas, mas

em nossos corações.

O verso 14 contém uma repetição do mandamento que nos foi dado por Jesus em seu

ministério terreno de abençoarmos os que nos maldizem e perseguem, a ponto de até mesmo

amarmos os nossos inimigos.

Page 133: O maior mistério já revelado

133

Todo cristão faz parte de um corpo do qual Jesus é a cabeça.

Desta forma se algum membro deste corpo está

triste, ele fica também triste.

Se algum membro está alegre ele também se alegra, de maneira que é, neste modo de vida

sentindo simpatia no espírito pela condição dos demais membros do corpo de Cristo, que cada

cristão deve ser encontrado, por andar no Espírito e ter aprendido dele a ter um coração

como o de Cristo que simpatiza tanto com as nossas alegrias quanto com as nossas tristezas,

daí ter o apóstolo dito no verso 15: “Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que

choram;”.

Se é deste modo que os cristãos devem viver na comunhão mútua, então devem se esforçar para

que tenham o mesmo sentir e pensar de uns para com os outros; não ambicionando as coisas

que o mundo considera elevadas, mas se acomodando com as que são humildes; mas isto

só será possível se não andarem segundo a sua própria sabedoria terrena, mas somente pelo

ato de se autonegarem para poderem andar e viver em conformidade com a mente de Cristo,

e não segundo o modo de pensar e agir deste mundo, como se lê no verso 16.

Desta forma é um dever de todo cristão, no que

depender dele, ter paz com todos os homens.

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134

Na verdade, a paz de Jesus é um juiz que dirá ao nosso coração se estamos agindo contra este

mandamento, porque quando estamos em plena comunhão com o Senhor, todo espírito de

vingança, amargura, contenda, ira, vai embora, e o que reina é o espírito de paz como fruto do

Espírito Santo.

Não é dado ao cristão o direito de se vingar - ainda que seja tratando com frieza e amargura -

daqueles que julga que devem pagar por lhe terem aborrecido.

Nem mesmo no caso de uma breve ira

justificada por causa de algum pecado real praticado contra ele deve abrigar qualquer

sentimento de vingança, mas deixar que Deus seja o juiz da sua causa.

Ele prometeu julgar todo o mal que for praticado

no mundo e certamente o fará no dia do juízo, e muitas vezes intervém com juízos, mesmo neste

mundo, para defender os seus, então o cristão deve aprender a confiar totalmente nesta justiça

divina que nunca falha e guardar o seu coração sossegado e em paz em meio às injustiças que

possa vir a sofrer, como se vê no verso 19.

Então em vez de se vingar, deve amar seus inimigos, e caso eles tenham fome e não

tenham quem possa lhes dar de comer, o cristão bem fará se o alimentar; do mesmo modo deve

agir caso ele tenha sede, porque estará

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135

amontoando brasas de fogo sobre a sua cabeça, isto é, dando-lhe a oportunidade de examinar a

sua consciência e ver se é justa a inimizade que tem alimentado contra os cristãos, como se lê

no verso 20.

Seguindo todas estas ordenanças o cristão não

se deixará vencer pelo mal, antes vencerá o mal com o bem; e nunca é demais lembrar que

Satanás está sempre procurando brechas em nosso comportamento, através das quais possa entrar com suas tentações para neutralizar-nos

em nossa caminhada espiritual, como se vê no verso 21.

Agora, como temos aprendido até aqui, pelo exame das Escrituras, nada disso é possível de

ser vivido à parte de Cristo. Por isso necessitamos manter a nossa comunhão

diariamente em espírito com Ele, através da vigilância, da oração, e do exercício de todos

demais meios de graça (oração, confissão, meditação etc) que nos foram providos por Deus

com vistas a mantermos a referida comunhão, pois sem Ele nada podemos fazer.

Acima de tudo devemos cuidar em manter o nosso coração puro, porque é dele que

procedem todas as veredas desta vida divina.

Page 136: O maior mistério já revelado

136

Conclusão

Com esta breve exposição não apresentamos todos os aspectos que se encontram

relacionados ao Evangelho, até mesmo porque, como o próprio Cristo, este é infinito e eterno.

Todavia, os pontos essenciais do mistério do

evangelho que foi revelado em Cristo, foram devidamente considerados, de modo que

possamos entender o propósito eterno de Deus que se cumpre na união dos crentes com Cristo.

Page 137: O maior mistério já revelado

137

ANEXO: Epístola aos Romanos

ROMANOS 1

1 Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus,

2 que ele antes havia prometido pelos seus

profetas nas santas Escrituras,

3 acerca de seu Filho, que nasceu da

descendência de Davi segundo a carne,

4 e que com poder foi declarado Filho de Deus

segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dentre os mortos - Jesus Cristo

nosso Senhor,

5 pelo qual recebemos a graça e o apostolado,

por amor do seu nome, para a obediência da fé entre todos os gentios,

6 entre os quais sois também vós chamados para

serdes de Jesus Cristo;

7 a todos os que estais em Roma, amados de

Deus, chamados para serdes santos: Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor

Jesus Cristo.

8 Primeiramente dou graças ao meu Deus,

mediante Jesus Cristo, por todos vós, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé.

9 Pois Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de

como incessantemente faço menção de vós,

10 pedindo sempre em minhas orações que, afinal, pela vontade de Deus, se me ofereça boa

ocasião para ir ter convosco.

Page 138: O maior mistério já revelado

138

11 Porque desejo muito ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que

sejais fortalecidos;

12 isto é, para que juntamente convosco eu seja

consolado em vós pela fé mútua, vossa e minha.

13 E não quero que ignoreis, irmãos, que muitas vezes propus visitar-vos (mas até agora tenho

sido impedido), para conseguir algum fruto entre vós, como também entre os demais

gentios.

14 Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes.

15 De modo que, quanto está em mim, estou pronto para anunciar o evangelho também a vós

que estais em Roma.

16 Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo

aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.

17 Porque no evangelho é revelada, de fé em fé,

a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.

18 Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que

detêm a verdade em injustiça.

19 Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho

manifestou.

20 Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde

a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles

são inescusáveis;

Page 139: O maior mistério já revelado

139

21 porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram

graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se

obscureceu.

22 Dizendo-se sábios, tornaram-se estultos,

23 e mudaram a glória do Deus incorruptível em

semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.

24 Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia,

para serem os seus corpos desonrados entre si;

25 pois trocaram a verdade de Deus pela

mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente.

Amém.

26 Pelo que Deus os entregou a paixões infames.

Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza;

27 semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se

inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo

torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro.

28 E assim como eles rejeitaram o conhecimento de Deus, Deus, por sua vez, os

entregou a um sentimento depravado, para fazerem coisas que não convêm;

29 estando cheios de toda a injustiça, malícia, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio,

contenda, dolo, malignidade;

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140

30 sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos,

presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pais;

31 néscios, infiéis nos contratos, sem afeição

natural, sem misericórdia; 32 os quais, conhecendo bem o decreto de Deus,

que declara dignos de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também

aprovam os que as praticam.

Page 141: O maior mistério já revelado

141

ROMANOS 2

1 Portanto, és inescusável, ó homem, qualquer que sejas, quando julgas, porque te condenas a ti

mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu que julgas, praticas o mesmo.

2 E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade, contra os que tais coisas praticam.

3 E tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao

juízo de Deus?

4 Ou desprezas tu as riquezas da sua

benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te conduz

ao arrependimento?

5 Mas, segundo a tua dureza e teu coração

impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus,

6 que retribuirá a cada um segundo as suas obras;

7 a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer o bem, procuram glória,

e honra e incorrupção;

8 mas ira e indignação aos que são contenciosos,

e desobedientes à iniquidade;

9 tribulação e angústia sobre a alma de todo

homem que pratica o mal, primeiramente do judeu, e também do grego;

10 glória, porém, e honra e paz a todo aquele que pratica o bem, primeiramente ao judeu, e

também ao grego;

11 pois para com Deus não há acepção de

pessoas.

Page 142: O maior mistério já revelado

142

12 Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei

pecaram, pela lei serão julgados.

13 Pois não são justos diante de Deus os que só

ouvem a lei; mas serão justificados os que praticam a lei

14 (porque, quando os gentios, que não têm lei,

fazem por natureza as coisas da lei, eles, embora não tendo lei, para si mesmos são lei.

15 pois mostram a obra da lei escrita em seus

corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os),

16 no dia em que Deus há de julgar os segredos

dos homens, por Cristo Jesus, segundo o meu evangelho.

17 Mas se tu és chamado judeu, e repousas na lei,

e te glorias em Deus;

18 e conheces a sua vontade e aprovas as coisas

excelentes, sendo instruído na lei;

19 e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas,

20 instruidor dos néscios, mestre de crianças,

que tens na lei a forma da ciência e da verdade;

21 tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas

a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?

22 Tu, que dizes que não se deve cometer

adultério, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, roubas os templos?

23 Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela

transgressão da lei?

Page 143: O maior mistério já revelado

143

24 Assim pois, por vossa causa, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios, como está

escrito.

25 Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se guardares a lei; mas se tu és

transgressor da lei, a tua circuncisão tem-se tornado em incircuncisão.

26 Se, pois, a incircuncisão guardar os preceitos

da lei, porventura a incircuncisão não será reputada como circuncisão?

27 E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, julgará a ti, que com a letra e a circuncisão és transgressor da lei.

28 Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na

carne.

29 Mas é judeu aquele que o é interiormente, e circuncisão é a do coração, no espírito, e não na

letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.

Page 144: O maior mistério já revelado

144

ROMANOS 3

1 Que vantagem, pois, tem o judeu? ou qual a

utilidade da circuncisão?

2 Muita, em todo sentido; primeiramente, porque lhe foram confiados os oráculos de Deus.

3 Pois quê? Se alguns foram infiéis, porventura a sua infidelidade anulará a fidelidade de Deus?

4 De modo nenhum; antes seja Deus verdadeiro,

e todo homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e

venças quando fores julgado.

5 E, se a nossa injustiça prova a justiça de Deus,

que diremos? Acaso Deus, que castiga com ira, é injusto? (Falo como homem.)

6 De modo nenhum; do contrário, como julgará

Deus o mundo?

7 Mas, se pela minha mentira abundou mais a

verdade de Deus para sua glória, por que sou eu ainda julgado como pecador?

8 E por que não dizemos: Façamos o mal para

que venha o bem? - como alguns caluniosamente afirmam que dizemos; a

condenação dos quais é justa.

9 Pois quê? Somos melhores do que eles? De

maneira nenhuma, pois já demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo

do pecado;

10 como está escrito: Não há justo, nem sequer um.

11 Não há quem entenda; não há quem busque a

Deus.

Page 145: O maior mistério já revelado

145

12 Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem

um só.

13 A sua garganta é um sepulcro aberto; com as suas línguas tratam enganosamente; peçonha

de áspides está debaixo dos seus lábios;

14 a sua boca está cheia de maldição e amargura.

15 Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.

16 Nos seus caminhos há destruição e miséria;

17 e não conheceram o caminho da paz.

18 Não há temor de Deus diante dos seus olhos.

19 Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos

que estão debaixo da lei o diz, para que se cale toda boca e todo o mundo fique sujeito ao juízo

de Deus;

20 porquanto pelas obras da lei nenhum homem será justificado diante dele; pois o que vem pela

lei é o pleno conhecimento do pecado.

21 Mas agora, sem lei, tem-se manifestado a

justiça de Deus, que é atestada pela lei e pelos profetas;

22 isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que creem; pois não há distinção.

23 Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;

24 sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo

Jesus,

25 ao qual Deus propôs como propiciação, pela

fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de

lado os delitos outrora cometidos;

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146

26 para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e

também justificador daquele que tem fé em Jesus.

27 Onde está logo a jactância? Foi excluída. Por

que lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé.

28 concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.

29 É porventura Deus somente dos judeus? Não

é também dos gentios? Também dos gentios, certamente,

30 se é que Deus é um só, que pela fé há de

justificar a circuncisão, e também por meio da fé a incircuncisão.

31 Anulamos, pois, a lei pela fé? De modo

nenhum; antes estabelecemos a lei.

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ROMANOS 4

1 Que diremos, pois, ter alcançado Abraão,

nosso pai segundo a carne?

2 Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus.

3 Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.

4 Ora, ao que trabalha não se lhe conta a

recompensa como dádiva, mas sim como dívida;

5 porém ao que não trabalha, mas crê naquele

que justifica o ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça;

6 assim também Davi declara bem-aventurado o

homem a quem Deus atribui a justiça sem as obras, dizendo:

7 Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.

8 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor

não imputará o pecado.

9 Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente, ou também sobre a

incircuncisão? Porque dizemos: A Abraão foi imputada a fé como justiça.

10 Como, pois, lhe foi imputada? Estando na circuncisão, ou na incircuncisão? Não na

circuncisão, mas sim na incircuncisão.

11 E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé que teve quando ainda não era

circuncidado, para que fosse pai de todos os que creem, estando eles na incircuncisão, a fim de

que a justiça lhes seja imputada,

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148

12 bem como fosse pai dos circuncisos, dos que não somente são da circuncisão, mas também

andam nas pisadas daquela fé que teve nosso pai Abraão, antes de ser circuncidado.

13 Porque não foi pela lei que veio a Abraão, ou à sua descendência, a promessa de que havia de

ser herdeiro do mundo, mas pela justiça da fé.

14 Pois, se os que são da lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é anulada.

15 Porque a lei opera a ira; mas onde não há lei

também não há transgressão.

16 Porquanto procede da fé o ser herdeiro, para

que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a descendência, não

somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós.

17 (como está escrito: Por pai de muitas nações

te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, que vivifica os mortos, e chama as

coisas que não são, como se já fossem.

18 O qual, em esperança, creu contra a esperança, para que se tornasse pai de muitas

nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência;

19 e sem se enfraquecer na fé, considerou o seu próprio corpo já amortecido (pois tinha quase

cem anos), e o amortecimento do ventre de Sara;

20 contudo, à vista da promessa de Deus, não

vacilou por incredulidade, antes foi fortalecido na fé, dando glória a Deus,

21 e estando certíssimo de que o que Deus tinha

prometido, também era poderoso para o fazer.

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22 Pelo que também isso lhe foi imputado como justiça.

23 Ora, não é só por causa dele que está escrito

que lhe foi imputado; 24 mas também por causa de nós a quem há de

ser imputado, a nós os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor;

25 o qual foi entregue por causa das nossas

transgressões, e ressuscitado para a nossa justificação.

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150

ROMANOS 5

1 Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo,

2 por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e

gloriemo-nos na esperança da glória de Deus.

3 E não somente isso, mas também gloriemo-

nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança,

4 e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança;

5 e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos

corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

6 Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo

morreu a seu tempo pelos ímpios.

7 Porque dificilmente haverá quem morra por

um justo; pois poderá ser que pelo homem bondoso alguém ouse morrer.

8 Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo

morreu por nós.

9 Logo muito mais, sendo agora justificados

pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.

10 Porque se nós, quando éramos inimigos,

fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados,

seremos salvos pela sua vida.

11 E não somente isso, mas também nos

gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora temos recebido a

reconciliação.

Page 151: O maior mistério já revelado

151

12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a

morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram.

13 Porque antes da lei já estava o pecado no mundo, mas onde não há lei o pecado não é

levado em conta.

14 No entanto a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram

à semelhança da transgressão de Adão o qual é figura daquele que havia de vir.

15 Mas não é assim o dom gratuito como a

ofensa; porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom

pela graça de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.

16 Também não é assim o dom como a ofensa,

que veio por um só que pecou; porque o juízo veio, na verdade, de uma só ofensa para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas

ofensas para justificação.

17 Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a reinar por esse, muito mais os que recebem a

abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.

18 Portanto, assim como por uma só ofensa veio

o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a

graça sobre todos os homens para justificação e vida.

19 Porque, assim como pela desobediência de

um só homem muitos foram constituídos

Page 152: O maior mistério já revelado

152

pecadores, assim também pela obediência de um muitos serão constituídos justos.

20 Sobreveio, porém, a lei para que a ofensa

abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça;

21 para que, assim como o pecado veio a reinar na morte, assim também viesse a reinar a graça

pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor.

Page 153: O maior mistério já revelado

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ROMANOS 6

1 Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça?

2 De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele?

3 Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos

batizados na sua morte?

4 Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo

na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim

andemos nós também em novidade de vida.

5 Porque, se temos sido unidos a ele na

semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição;

6 sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado

fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado.

7 Pois quem está morto está justificado do pecado.

8 Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos,

9 sabendo que, tendo Cristo ressurgido dentre os mortos, já não morre mais; a morte não mais

tem domínio sobre ele.

10 Pois quanto a ter morrido, de uma vez por

todas morreu para o pecado, mas quanto a viver, vive para Deus.

11 Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em

Cristo Jesus.

Page 154: O maior mistério já revelado

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12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas

concupiscências;

13 nem tampouco apresenteis os vossos

membros ao pecado como instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como redivivos dentre os mortos, e os vossos

membros a Deus, como instrumentos de justiça.

14 Pois o pecado não terá domínio sobre vós,

porquanto não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.

15 Pois quê? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça?

De modo nenhum.

16 Não sabeis que daquele a quem vos

apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do

pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?

17 Mas graças a Deus que, embora tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à

forma de doutrina a que fostes entregues;

18 e libertos do pecado, fostes feitos servos da

justiça.

19 Falo como homem, por causa da fraqueza da

vossa carne. Pois assim como apresentastes os vossos membros como servos da impureza e da

iniquidade para iniquidade, assim apresentai agora os vossos membros como servos da

justiça para santificação.

20 Porque, quando éreis servos do pecado,

estáveis livres em relação à justiça.

Page 155: O maior mistério já revelado

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21 E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? pois o fim delas é a

morte.

22 Mas agora, libertos do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna.

23 Porque o salário do pecado é a morte, mas o

dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.

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ROMANOS 7

1 Ou ignorais, irmãos (pois falo aos que

conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que ele vive?

2 Porque a mulher casada está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver; mas, se ele

morrer, ela está livre da lei do marido.

3 De sorte que, enquanto viver o marido, será

chamado adúltera, se for de outro homem; mas, se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não

será adúltera se for de outro marido.

4 Assim também vós, meus irmãos, fostes mortos quanto à lei mediante o corpo de Cristo,

para pertencerdes a outro, àquele que ressurgiu dentre os mortos a fim de que demos fruto para

Deus.

5 Pois, quando estávamos na carne, as paixões

dos pecados, suscitadas pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte.

6 Mas agora fomos libertos da lei, havendo morrido para aquilo em que estávamos retidos,

para servirmos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.

7 Que diremos pois? É a lei pecado? De modo

nenhum. Contudo, eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a

concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás.

8 Mas o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento operou em mim toda espécie de

concupiscência; porquanto onde não há lei está

morto o pecado.

Page 157: O maior mistério já revelado

157

9 E outrora eu vivia sem a lei; mas assim que veio o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri;

10 e o mandamento que era para vida, esse achei que me era para morte.

11 Porque o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento me enganou, e por ele me matou.

12 De modo que a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.

13 Logo o bom tornou-se morte para mim? De modo nenhum; mas o pecado, para que se

mostrasse pecado, operou em mim a morte por meio do bem; a fim de que pelo mandamento o

pecado se manifestasse excessivamente maligno.

14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.

15 Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso

faço.

16 E, se faço o que não quero, consinto com a lei,

que é boa.

17 Agora, porém, não sou mais eu que faço isto,

mas o pecado que habita em mim.

18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha

carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não

está.

19 Pois não faço o bem que quero, mas o mal que

não quero, esse pratico.

20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço

eu, mas o pecado que habita em mim.

21 Acho então esta lei em mim, que, mesmo

querendo eu fazer o bem, o mal está comigo.

Page 158: O maior mistério já revelado

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22 Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;

23 mas vejo nos meus membros outra lei

guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos

meus membros.

24 Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?

25 Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor!

De modo que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.

Page 159: O maior mistério já revelado

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ROMANOS 8

1 Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.

2 Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.

3 Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne, Deus enviando o seu

próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na carne

condenou o pecado.

4 para que a justa exigência da lei se cumprisse

em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.

5 Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo

o Espírito para as coisas do Espírito.

6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a

inclinação do Espírito é vida e paz.

7 Porquanto a inclinação da carne é inimizade

contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser;

8 e os que estão na carne não podem agradar a Deus.

9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em

vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.

10 Ora, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o

espírito vive por causa da justiça.

11 E, se o Espírito daquele que dos mortos

ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que

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160

dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo

seu Espírito que em vós habita.

12 Portanto, irmãos, somos devedores, não à carne para vivermos segundo a carne;

13 porque se viverdes segundo a carne, haveis de

morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.

14 Pois todos os que são guiados pelo Espírito de

Deus, esses são filhos de Deus.

15 Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor,

mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai!

16 O Espírito mesmo testifica com o nosso

espírito que somos filhos de Deus;

17 e, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que

com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.

18 Pois tenho para mim que as aflições deste

tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada.

19 Porque a criação aguarda com ardente

expectativa a revelação dos filhos de Deus.

20 Porquanto a criação ficou sujeita à vaidade,

não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou,

21 na esperança de que também a própria

criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos

de Deus.

Page 161: O maior mistério já revelado

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22 Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto

até agora;

23 e não só ela, mas até nós, que temos as

primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, aguardando a nossa adoração, a saber, a redenção do nosso corpo.

24 Porque na esperança fomos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; pois o que

alguém vê, como o espera?

25 Mas, se esperamos o que não vemos, com

paciência o aguardamos.

26 Do mesmo modo também o Espírito nos

ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito

mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis.

27 E aquele que esquadrinha os corações sabe qual é a intenção do Espírito: que ele, segundo a

vontade de Deus, intercede pelos santos.

28 E sabemos que todas as coisas concorrem

para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu

propósito.

29 Porque os que dantes conheceu, também os

predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito

entre muitos irmãos;

30 e aos que predestinou, a estes também

chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também

glorificou.

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31 Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?

32 Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho

poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas?

33 Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica;

34 Quem os condenará? Cristo Jesus é quem

morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também

intercede por nós;

35 quem nos separará do amor de Cristo? a

tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?

36 Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos

considerados como ovelhas para o matadouro.

37 Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou.

38 Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas

presentes, nem futuras, nem potestades,

39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do

amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.

Page 163: O maior mistério já revelado

163

ROMANOS 9

1 Digo a verdade em Cristo, não minto, dando

testemunho comigo a minha consciência no Espírito Santo,

2 que tenho grande tristeza e incessante dor no meu coração.

3 Porque eu mesmo desejaria ser separado de

Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne;

4 os quais são israelitas, de quem é a adoção, e a

glória, e os pactos, e a promulgação da lei, e o culto, e as promessas;

5 de quem são os patriarcas; e de quem descende o Cristo segundo a carne, o qual é

sobre todas as coisas, Deus bendito eternamente. Amém.

6 Não que a palavra de Deus haja falhado. Porque

nem todos os que são de Israel são israelitas;

7 nem por serem descendência de Abraão são

todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência.

8 Isto é, não são os filhos da carne que são filhos

de Deus; mas os filhos da promessa são contados como descendência.

9 Porque a palavra da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um filho.

10 E não somente isso, mas também a Rebeca,

que havia concebido de um, de Isaque, nosso pai

11 (pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o

propósito de Deus segundo a eleição

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164

permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama),

12 foi-lhe dito: O maior servirá o menor.

13 Como está escrito: Amei a Jacó, e aborreci a Esaú.

14 Que diremos, pois? Há injustiça da parte de

Deus? De modo nenhum.

15 Porque diz a Moisés: Terei misericórdia de

quem me aprouver ter misericordia, e terei compaixão de quem me aprouver ter

compaixão.

16 Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de

misericórdia.

17 Pois diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em toda a

terra.

18 Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece.

19 Dir-me-ás então. Por que se queixa ele ainda?

Pois, quem resiste à sua vontade?

20 Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus

replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?

21 Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para

da mesma massa fazer um vaso para uso honroso e outro para uso desonroso?

22 E que direis, se Deus, querendo mostrar a sua

ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para

a perdição;

Page 165: O maior mistério já revelado

165

23 para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia,

que de antemão preparou para a glória,

24 os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os

gentios?

25 Como diz ele também em Oseias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; e amada à

que não era amada.

26 E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; aí serão chamados filhos

do Deus vivo.

27 Também Isaías exclama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja

como a areia do mar, o remanescente é que será salvo.

28 Porque o Senhor executará a sua palavra

sobre a terra, consumando-a e abreviando-a.

29 E como antes dissera Isaías: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência,

teríamos sido feitos como Sodoma, e seríamos semelhantes a Gomorra.

30 Que diremos pois? Que os gentios, que não

buscavam a justiça, alcançaram a justiça, mas a justiça que vem da fé.

31 Mas Israel, buscando a lei da justiça, não

atingiu esta lei.

32 Por que? Porque não a buscavam pela fé, mas

como que pelas obras; e tropeçaram na pedra de tropeço;

33 como está escrito: Eis que eu ponho em Sião

uma pedra de tropeço; e uma rocha de

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166

escândalo; e quem nela crer não será confundido.

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167

ROMANOS 10

1 Irmãos, o bom desejo do meu coração e a

minha súplica a Deus por Israel é para sua salvação.

2 Porque lhes dou testemunho de que têm zelo

por Deus, mas não com entendimento.

3 Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria, não se

sujeitaram à justiça de Deus.

4 Pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê.

5 Porque Moisés escreve que o homem que

pratica a justiça que vem da lei viverá por ela.

6 Mas a justiça que vem da fé diz assim: Não digas em teu coração: Quem subirá ao céu? (isto

é, a trazer do alto a Cristo;)

7 ou: Quem descerá ao abismo? (isto é, a fazer

subir a Cristo dentre os mortos).

8 Mas que diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé, que

pregamos.

9 Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus

o ressuscitou dentre os mortos, será salvo;

10 pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.

11 Porque a Escritura diz: Ninguém que nele crê

será confundido.

12 Porquanto não há distinção entre judeu e grego; porque o mesmo Senhor o é de todos, rico

para com todos os que o invocam.

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168

13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.

14 Como pois invocarão aquele em quem não

creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem

pregue?

15 E como pregarão, se não forem enviados?

assim como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas!

16 Mas nem todos deram ouvidos ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem deu crédito à nossa

mensagem?

17 Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.

18 Mas pergunto: Porventura não ouviram? Sim, por certo: Por toda a terra saiu a voz deles, e as

suas palavras até os confins do mundo.

19 Mas pergunto ainda: Porventura Israel não o

soube? Primeiro diz Moisés: Eu vos porei em ciúmes com aqueles que não são povo, com um

povo insensato vos provocarei à ira.

20 E Isaías ousou dizer: Fui achado pelos que não me buscavam, manifestei-me aos que por mim

não perguntavam.

21 Quanto a Israel, porém, diz: Todo o dia estendi

as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.

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ROMANOS 11

1 Pergunto, pois: Acaso rejeitou Deus ao seu povo? De modo nenhum; por que eu também

sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.

2 Deus não rejeitou ao seu povo que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de

Elias, como ele fala a Deus contra Israel, dizendo:

3 Senhor, mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e

procuraram tirar-me a vida?

4 Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei

para mim sete mil varões que não dobraram os joelhos diante de Baal.

5 Assim, pois, também no tempo presente ficou um remanescente segundo a eleição da graça.

6 Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça.

7 Pois quê? O que Israel busca, isso não o alcançou; mas os eleitos alcançaram; e os outros

foram endurecidos,

8 como está escrito: Deus lhes deu um espírito

entorpecido, olhos para não verem, e ouvidos para não ouvirem, até o dia de hoje.

9 E Davi diz: Torne-se-lhes a sua mesa em laço, e em armadilha, e em tropeço, e em retribuição;

10 escureçam-se-lhes os olhos para não verem, e tu encurva-lhes sempre as costas.

11 Logo, pergunto: Porventura tropeçaram de modo que caíssem? De maneira nenhuma,

antes pelo seu

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170

tropeço veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação.

12 Ora se o tropeço deles é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto

mais a sua plenitude!

13 Mas é a vós, gentios, que falo; e, porquanto

sou apóstolo dos gentios, glorifico o meu ministério,

14 para ver se de algum modo posso incitar à emulação os da minha raça e salvar alguns

deles.

15 Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do

mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos?

16 Se as primícias são santas, também a massa o

é; e se a raiz é santa, também os ramos o são.

17 E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu,

sendo zambujeiro, foste enxertado no lugar deles e feito participante da raiz e da seiva da

oliveira,

18 não te glories contra os ramos; e, se contra

eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.

19 Dirás então: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado.

20 Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu pela tua fé estás firme. Não te

ensoberbeças, mas teme;

21 porque, se Deus não poupou os ramos

naturais, não te poupará a ti.

22 Considera pois a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; para

contigo, a bondade de Deus, se permaneceres

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171

nessa bondade; do contrário também tu serás cortado.

23 E ainda eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque

poderoso é Deus para os enxertar novamente.

24 Pois se tu foste cortado do natural

zambujeiro, e contra a natureza enxertado em oliveira legítima, quanto mais não serão

enxertados na sua própria oliveira esses que são ramos naturais!

25 Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não presumais de vós

mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja

entrado;

26 e assim todo o Israel será salvo, como está

escrito: Virá de Sião o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades;

27 e este será o meu pacto com eles, quando eu tirar os seus pecados.

28 Quanto ao evangelho, eles na verdade, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à

eleição, amados por causa dos pais.

29 Porque os dons e a vocação de Deus são

irretratáveis.

30 Pois, assim como vós outrora fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes

misericórdia pela desobediência deles,

31 assim também estes agora foram

desobedientes, para também alcançarem misericórdia pela misericórdia a vós

demonstrada.

Page 172: O maior mistério já revelado

172

32 Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, a fim de usar de misericórdia

para com todos.

33 ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão

insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!

34 Pois, quem jamais conheceu a mente do

Senhor? ou quem se fez seu conselheiro?

35 Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado?

36 Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

Page 173: O maior mistério já revelado

173

ROMANOS 12

1 Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de

Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que

é o vosso culto racional.

2 E não vos conformeis a este mundo, mas

transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa,

agradável, e perfeita vontade de Deus.

3 Porque pela graça que me foi dada, digo a cada

um dentre vós que não tenha de si mesmo mais alto conceito do que convém; mas que pense de

si sobriamente, conforme a medida da fé que Deus, repartiu a cada um.

4 Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a

mesma função,

5 assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente uns dos outros.

6 De modo que, tendo diferentes dons segundo a graça que nos foi dada, se é profecia, seja ela

segundo a medida da fé;

7 se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar,

haja dedicação ao ensino;

8 ou que exorta, use esse dom em exortar; o que

reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com zelo; o que usa de misericórdia, com

alegria.

9 O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e

apegai-vos ao bem.

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10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns

aos outros;

11 não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor;

12 alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;

13 acudi aos santos nas suas necessidades,

exercei a hospitalidade;

14 abençoai aos que vos perseguem; abençoai, e

não amaldiçoeis;

15 alegrai-vos com os que se alegram; chorai

com os que choram;

16 sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altivas mas acomodai-vos às humildes;

não sejais sábios aos vossos olhos;

17 a ninguém torneis mal por mal; procurai as

coisas dignas, perante todos os homens.

18 Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens.

19 Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de Deus, porque está escrito:

Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor.

20 Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de

comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto amontoarás brasas de fogo sobre a

sua cabeça.

21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.

Page 175: O maior mistério já revelado

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ROMANOS 13

1 Toda alma esteja sujeita às autoridades

superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus.

2 Por isso quem resiste à autoridade resiste à

ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.

3 Porque os magistrados não são motivo de temor para os que fazem o bem, mas para os que

fazem o mal. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela;

4 porquanto ela é ministro de Deus para teu

bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e

vingador em ira contra aquele que pratica o mal.

5 Pelo que é necessário que lhe estejais sujeitos,

não somente por causa da ira, mas também por causa da consciência.

6 Por esta razão também pagais tributo; porque são ministros de Deus, para atenderem a isso

mesmo.

7 Dai a cada um o que lhe é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a

quem temor, temor; a quem honra, honra.

8 A ninguém devais coisa alguma, senão o amor

recíproco; pois quem ama ao próximo tem cumprido a lei.

9 Com efeito: Não adulterarás; não matarás; não

furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume:

Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.

Page 176: O maior mistério já revelado

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10 O amor não faz mal ao próximo. De modo que o amor é o cumprimento da lei.

11 E isso fazei, conhecendo o tempo, que já é hora

de despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que

quando nos tornamos crentes.

12 A noite é passada, e o dia é chegado; dispamo-nos, pois, das obras das trevas, e vistamo-nos,

pois, das obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.

13 Andemos honestamente, como de dia: não

em glutonarias e bebedeiras, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e

inveja.

14 Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas

concupiscências.

Page 177: O maior mistério já revelado

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ROMANOS 14

1 Ora, ao que é fraco na fé, acolhei-o, mas não para condenar-lhe os escrúpulos.

2 Um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come só legumes.

3 Quem come não despreze a quem não come; e

quem não come não julgue a quem come; pois Deus o acolheu.

4 Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará

firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar.

5 Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja

inteiramente convicto em sua própria mente.

6 Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz.

E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor

não come, e dá graças a Deus.

7 Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum

morre para si.

8 Pois, se vivemos, para o Senhor vivemos; se

morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, quer vivamos quer morramos, somos do

Senhor.

9 Porque foi para isto mesmo que Cristo morreu e tornou a viver, para ser Senhor tanto de mortos como de vivos.

10 Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu,

também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal

de Deus.

Page 178: O maior mistério já revelado

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11 Porque está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e

toda língua louvará a Deus.

12 Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.

13 Portanto não nos julguemos mais uns aos outros; antes o seja o vosso propósito não pôr

tropeço ou escândalo ao vosso irmão.

14 Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que

nada é de si mesmo imundo a não ser para aquele que assim o considera; para esse é

imundo.

15 Pois, se pela tua comida se entristece teu

irmão, já não andas segundo o amor. Não faças perecer por causa da tua comida aquele por

quem Cristo morreu.

16 Não seja pois censurado o vosso bem;

17 porque o reino de Deus não consiste no comer

e no beber, mas na justiça, na paz, e na alegria no Espírito Santo.

18 Pois quem nisso serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens.

19 Assim, pois, sigamos as coisas que servem para a paz e as que contribuem para a edificação

mútua.

20 Não destruas por causa da comida a obra de

Deus. Na verdade tudo é limpo, mas é um mal para o homem dar motivo de tropeço pelo

comer.

21 Bom é não comer carne, nem beber vinho,

nem fazer outra coisa em que teu irmão tropece.

Page 179: O maior mistério já revelado

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22 A fé que tens, guarda-a contigo mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se

condena a si mesmo naquilo que aprova. 23 Mas aquele que tem dúvidas, se come está

condenado, porque o que faz não provém da fé; e tudo o que não provém da fé é pecado.

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ROMANOS 15

1 Ora nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e nào agradar a nós

mesmos.

2 Portanto cada um de nós agrade ao seu

próximo, visando o que é bom para edificação.

3 Porque também Cristo não se agradou a si

mesmo, mas como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam.

4 Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela

constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança.

5 Ora, o Deus de constância e de consolação vos dê o mesmo sentimento uns para com os outros,

segundo Cristo Jesus.

6 Para que unânimes, e a uma boca, glorifiqueis

ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.

7 Portanto recebei-vos uns aos outros, como

também Cristo nos recebeu, para glória de Deus.

8 Digo pois que Cristo foi feito ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus, para

confirmar as promessas feitas aos pais;

9 e para que os gentios glorifiquem a Deus pela

sua misericórdia, como está escrito: Portanto eu te louvarei entre os gentios, e cantarei ao teu

nome.

10 E outra vez diz: Alegrai-vos, gentios,

juntamente com o povo.

11 E ainda: Louvai ao Senhor, todos os gentios, e

louvem-no, todos os povos.

Page 181: O maior mistério já revelado

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12 E outra vez, diz também Isaías: Haverá a raiz de Jessé, aquele que se levanta para reger os

gentios; nele os gentios esperarão.

13 Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o

gozo e paz na vossa fé, para que abundeis na esperança pelo poder do Espírito Santo.

14 Eu, da minha parte, irmãos meus, estou

persuadido a vosso respeito, que vós já estais cheios de bondade, cheios de todo o

conhecimento e capazes, vós mesmos, de admoestar-vos uns aos outros.

15 Mas em parte vos escrevo mais ousadamente, como para vos trazer outra vez isto à memória,

por causa da graça que por Deus me foi dada,

16 Que seja ministro de Jesus Cristo para os

gentios, ministrando o evangelho de Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios,

santificada pelo Espírito Santo.

17 Tenho, portanto, motivo para me gloriar em

Cristo Jesus, nas coisas concernentes a Deus;

18 porque não ousarei falar de coisa alguma

senão daquilo que Cristo por meu intermédio tem feito, para obediência da parte dos gentios,

por palavra e por obras,

19 pelo poder de sinais e prodígios, no poder do

Espírito Santo; de modo que desde Jerusalém e arredores, até a Ilíria, tenho divulgado o

evangelho de Cristo;

20 deste modo esforçando-me por anunciar o

evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento

alheio;

Page 182: O maior mistério já revelado

182

21 antes, como está escrito: Aqueles a quem não foi anunciado, o verão; e os que não ouviram,

entenderão.

22 Pelo que também muitas vezes tenho sido impedido de ir ter convosco;

23 mas agora, não tendo mais o que me detenha nestas regiões, e tendo já há muitos anos grande

desejo de ir visitar-vos,

24 eu o farei quando for à Espanha; pois espero ver-vos de passagem e por vós ser encaminhado

para lá, depois de ter gozado um pouco da vossa companhia.

25 Mas agora vou a Jerusalém para ministrar aos santos.

26 Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia

levantar uma oferta fraternal para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém.

27 Isto pois lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios

foram participantes das bênçãos espirituais dos judeus, devem também servir a estes com as

materiais.

28 Tendo, pois, concluído isto, e havendo-lhes

consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha.

29 E bem sei que, quando for visitar-vos,

chegarei na plenitude da bênção de Cristo.

30 Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus

Cristo e pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas vossas orações por mim

a Deus,

Page 183: O maior mistério já revelado

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31 para que eu seja livre dos rebeldes que estão na Judeia, e que este meu ministério em

Jerusalém seja aceitável aos santos; 32 a fim de que, pela vontade de Deus, eu chegue

até vós com alegria, e possa entre vós recobrar as forças.

33 E o Deus de paz seja com todos vós. Amém.

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ROMANOS 16

1 Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que é serva da igreja que está em Cencreia;

2 para que a recebais no Senhor, de um modo digno dos santos, e a ajudeis em qualquer coisa

que de vós

necessitar; porque ela tem sido o amparo de muitos, e de mim em particular.

3 Saudai a Prisca e a Áquila, meus cooperadores

em Cristo Jesus,

4 os quais pela minha vida expuseram as suas

cabeças; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios.

5 Saudai também a igreja que está na casa deles.

Saudai a Epêneto, meu amado, que é as primícias da Ásia para Cristo.

6 Saudai a Maria, que muito trabalhou por vós.

7 Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e meus companheiros de prisão, os quais são

bem conceituados entre os apóstolos, e que estavam em Cristo antes de mim.

8 Saudai a Ampliato, meu amado no Senhor.

9 Saudai a Urbano, nosso cooperador em Cristo, e a Estáquis, meu amado.

10 Saudai a Apeles, aprovado em Cristo. Saudai

aos da casa de Aristóbulo.

11 Saudai a Herodião, meu parente. Saudai aos da casa de Narciso que estão no Senhor.

12 Saudai a Trifena e a Trifosa, que trabalham no Senhor. Saudai a amada Pérside, que muito

trabalhou no Senhor.

Page 185: O maior mistério já revelado

185

13 Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e minha.

14 Saudai a Asíncrito, a Flegonte, a Hermes, a Pátrobas, a Hermes, e aos irmãos que estão com

eles.

15 Saudai a Filólogo e a Júlia, a Nereu e a sua

irmã, e a Olimpas, e a todos os santos que com eles estão.

16 Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Todas as igrejas de Cristo vos saúdam.

17 Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a

doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.

18 Porque os tais não servem a Cristo nosso Senhor, mas ao seu ventre; e com palavras

suaves e lisonjas enganam os corações dos inocentes.

19 Pois a vossa obediência é conhecida de todos. Comprazo-me, portanto, em vós; e quero que

sejais sábios para o bem, mas simples para o mal.

20 E o Deus de paz em breve esmagará a Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor

Jesus Cristo seja convosco.

21 Saúdam-vos Timóteo, meu cooperador, e

Lúcio, e Jáson, e Sosípatro, meus parentes.

22 Eu, Tércio, que escrevo esta carta, vos saúdo

no Senhor.

23 Saúda-vos Gaio, hospedeiro meu e de toda a

igreja. Saúda-vos Erasto, tesoureiro da cidade, e também o irmão Quarto.

24 [A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja

com todos vós. Amém.]

Page 186: O maior mistério já revelado

186

25 Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar, segundo o meu evangelho e a

pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio desde os

tempos eternos,

26 mas agora manifesto e, por meio das

Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus, eterno, dado a conhecer a todas as

nações para obediência da fé;

27 ao único Deus sábio seja dada glória por Jesus

Cristo para todo o sempre. Amém.