o livre arbítrio e a vontade divina (em português)

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  • 8/14/2019 O Livre Arbtrio e a Vontade Divina (em Portugus)

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    O Livr e Ar bt r io e a Vont a de Divina

    (1979)

    Swami Paratparananda

    comum o conceito de que o homem tem livre arbtrio ou vontade livre,que possui a faculdade de agir por reflexo e escolha. Se bem que no podemosnegar este conceito tampouco podemos aceit-lo em sua totalidade comoverdade. Por que no podemos assegurar de um modo ou de outro? Por quevacilamos entre aceit-lo ou recha-lo? Primeiro vamos estudar a definio delivre arbtrio. Significa a faculdade de agir por reflexo e escolha, independente

    de outros fatores, como por exemplo, a inclinao natural. Os filsofos hinduschamam a esta faculdade de discernir e decidir, em snscrito, buddhi.Segundo eles esta uma das partes, por assim dizer, do antahkarana, sentidointerno do homem, cujas outras partes so: manas (mente), chitta (substnciamental), e ahankara (ego). Talvez seja necessrio aqui explicar as funes oupoderes destas partes do instrumento interno para compreend-lo melhor.Manas que recebe todas as impresses dos objetos que os sentidos lheapresentam, mas no decide se deve perseguir, aceitar ou rechaar tais objetos.Neste momento intervm o buddhi (intelecto), a faculdade de discernir, e decideo que vai fazer. Chitta o depsito das tendncias inatas e das impresses que o

    homem vai recebendo atravs desta vida. Qualquer experincia ou impressoque o intelecto recebe, ao reflexionar, compara com as que j esto armazenadasno chitta e v qual foi o resultado desta experincia no passado, antes dedecidir. O ahankara (ego) o que pensa que o agente. Este o significadoliteral da palavra ahankara: aquele que diz: sou o agente. Todos estes soapenas instrumentos, pois no tm poder algum se a conscincia do homem noest unida eles.

    A primeira objeo que se pode formular contra esta teoria do livrearbtrio : Como pode um instrumento ser livre? Se isto fosse certo, ento apena do escritor, o pincel do pintor, o formo do carpinteiro, o cinzel do

    escultor, a marreta do ferreiro e outras ferramentas semelhantes teriamtrabalhado por si ss. A isso se pode responder: no ao prprio instrumentoque nos referimos aqui, seno a faculdade ativada pela conscincia. Entorespondemos: neste caso no que o arbtrio ou vontade sejam livres, seno apessoa que os possui. Neste conceito tambm h uma trava, pois para a maioriada humanidade sua personalidade significa no mximo a identificao com oego, o eu. Surge ento a pergunta: O ego livre? O ego, segundo o monista, uma falsa identificao do Ser ou Atman com a mente, corpo ou sentidossegundo as circunstancias ou momentos, devido ignorncia da realidade.Como pode ser livre o que est sob o encanto da ignorncia? No entanto isto

    exatamente o que acontece: quando estamos vendo magia vemos somente as

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    coisas que o mago quer que vejamos ainda que no existam, e pensamos queso reais. Neste momento no nos damos conta de que so irreais ou ilusrias.Assim mesmo, os que esto a favor desta idia de livre arbtrio no vo discutirou raciocinar deste modo; eles gostam da idia e a aceitam. Mas uma coisa aceitar uma teoria e outra totalmente diferente coloc-la em prtica na vidadiria. Um homem que realmente possua este livre arbtrio no teria quedesanimar-se pelas circunstncias adversas. Teria que cumprir com todas suasresolues e no deveria preocupar-se nem perturbar-se pelos resultados. Maisainda, deveria manter-se calmo at mesmo quando o resultado fossedesfavorvel. Por acaso o homem que aceita esta teoria do livre arbtrio podeenfrentar todas as circunstncias com calma, pode levar a cabo todas suasresolues? Isto muito importante; isto o que realmente vale: pois a metafinal do homem chegar a ter a tranquilidade, a paz duradoura. Todos seusesforos e lutas so para alcanar este estado de equanimidade, de bem-aventurana. O conceito de livre arbtrio tambm se originou da, ter aliberdade de atuar e desfrutar. Pergunte-se se duvidam disto: Por que quero aliberdade? Porque s nela est a paz e a felicidade. Na priso, na limitao, nasujeio, existem muitas obrigaes que nos impelem a atuar e a nos comportarcontra nosso desejo e vontade, apesar de ns mesmos. Alm disso, estamosinibidos pelas circunstncias e induzidos a atuar por nossas tendncias inatas.

    Quando a situao assim, ou seja, tendo tantos impedimentos elimitaes, como pode algum pensar que livre? Realmente no podemos.Para verificar isso no necessitamos indagar muito; tratemos de desfazer-nos deum mau hbito e cultivar outro bom, ento veremos se realmente temos o livrearbtrio.

    Fazemos boas resolues pela manh, mas tarde todas elas, na maioriade nossos casos, so varridas pela corrente dos hbitos e no fica nenhuma; eisto acontece dia aps dia, ms aps ms, ano aps ano. Passam os anos e asboas resolues ficam sem cumprir-se, sem pod-las levar a cabo. essa aindicao do livre arbtrio? Vemos assim que o arbtrio no to livre quantoacreditamos.

    Na definio do livre arbtrio que j citamos encontramos duas palavras:reflexo e escolha. Reflexo significa, segundo o dicionrio, exame cuidadoso dealgo. Se o homem fosse guiado pela reflexo, como poderia atuar mal, comopoderia, conscientemente, convidar a desgraa e os sofrimentos, produto desuas obras? Por isso temos que admitir que as tendncias herdadas das vidaspassadas tm muito a ver com o comportamento de cada indivduo. Noobstante, existe essa idia no homem e Deus a permitiu para que atue como umincentivo ao. Se tudo fosse automtico, se no existisse este impulso, nohaveria nenhuma evoluo no homem, talvez o ser humano fosse ainda hoje toprimitivo em seus hbitos, costumes e moralidade como era na pocapaleoltica, vivendo nas cavernas e movido somente pelas paixes e instintoscomo os animais. O homem homem porque pode lutar contra a naturezaexterna e interna. Tem essa liberdade. Sri Ramakrishna falando do livre arbtriocerta vez disse: Foi Deus quem plantou na mente do homem o que o ingls

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    chama de livre arbtrio. As pessoas que no alcanaram Deus se meteriam ematos ainda mais daninhos se Ele no houvesse semeado esta noo do livrearbtrio neles. O pecado haveria aumentado se Deus no houvesse feito sentirao malvado que s ele o responsvel por seus atos pecaminosos. Os quealcanaram Deus esto conscientes de que o livre arbtrio uma meraaparncia e que na realidade o homem a mquina e Deus o Maquinista, ohomem a carruagem e Deus o condutor.

    Tambm podemos ver que as leis no teriam sentido se cada um nofosse feito responsvel por suas aes e tudo seria, nesse caso, um caos, umpandemnio. Como exemplo desta atitude de irresponsabilidade podemos vero que ocorre com as pessoas que interpretam erroneamente a teoria do karma.Se algum lhes pergunta que significa esta teoria no podem dar uma respostaconvincente, s vo dizer que o resultado das aes de vidas anteriores. Nose detm a pensar quem foram os que fizeram estas aes no passado cujoresultado esto agora desfrutando ou sofrendo. Cada um colhe o que semeouou semeia, ou seja, o fruto de suas prprias aes e no as de outro. Na terrapode administrar-se equivocadamente a justia, pois o juiz tem que dependerdas provas e testemunhos diante ele. Mas Deus, estando presente no corao detodos e sendo Ele mesmo a Testemunha de todas nossas aes, inclusive a maisoculta que o homem possa fazer, jamais se equivoca. S os dbeis, ociosos eignorantes no querem perseguir esta linha de raciocnio, pois ento seencontraro com a seguinte questo: se as aes das vidas anterioresproduziram estes frutos, por que no esforar-me para mudar o modo de minhavida atual e mold-la melhor para o futuro? O homem tem certa liberdade, por isso que no podemos negar totalmente o conceito do livre arbtrio.

    Mas devemos repetir que o homem no tem uma liberdade total. Vamosnarrar aqui uma estria que se encontra no Kena Upanishad: Certa vezBrahman conseguiu que os devas, seres celestiais, vencessem aos demnios. Osdevas se orgulharam disso e acreditaram que foi por seus prprios esforos quehaviam logrado esta vitria. Brahman, dando-se conta disto, apareceu diantedos devas na forma de um Esprito. Curiosos para saber quem era este Esprito,os devas enviaram a Agni, a divindade do fogo. Quando este se lhe acercou, oEsprito lhe perguntou: Quem s? Sou a divindade do fogo, respondeu odeva. Que poder tens? perguntou o Esprito. Ah, eu posso queimar tudoquanto existe na terra, respondeu Agni. O Esprito ento colocou diante deAgni uma simples palha e lhe pediu que a queimasse. A divindade do fogotentou faz-lo com toda a sua fora, mas no conseguiu. Humilhada, voltoupara os devas. Depois enviaram Vayu, a divindade do vento, com o mesmoresultado. Por mais que tenha se esforado para levar a palha soprando nopde nem mov-la. Desta maneira, um por um, os devas se apresentaramdiante do Esprito, fracassaram em comprovar suas respectivas foras evoltaram humilhados. Ao final quando Indra, o rei dos devas, se adiantou, oEsprito desapareceu e em seu lugar apareceu uma mulher belamenteadornada. Era Uma, a Fora Csmica. Indra se aproximou e lhe perguntou:Quem este Magno Esprito? Respondeu Ela: Brahman. Foi por Sua fora

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    que vocs tiveram a glria. Aqui vemos que toda a fora, at a dos serescelestiais, depende da fora de Deus e que os vrios devas ou deuses so apenasSeus instrumentos. Lemos nos Upanishads: Por Sua fora o fogo queima, ovento sopra, a gua molha e a morte cumpre sua funo.

    Certa vez Swami Saradananda, um discpulo direto de Sri Ramakrishna,relatou este incidente de sua prpria vida falando sobre o problema do livrearbtrio. Em sua juventude era um estudante de medicina e como outros jovensdaqueles dias, ao final do sculo dezenove, era ctico, no acreditava naexistncia do Ser ou Deus. Certo dia este jovem foi visitar Sri Ramakrishna e lhefalou do livre arbtrio, dizendo: Senhor, onde intervm a vontade de Deus? Euposso fazer tudo que quero. Estou fazendo ensaios e qualquer coisa que querofazer, consigo. Sri Ramakrishna lhe aconselhou que seguisse esta mesma linhade pensamento durante um tempo e observasse o que ocorresse. Mais ou menosum ms depois o jovem voltou a visitar o Mestre e lhe disse: Senhor, descobrialgo; estive observando-me estes dias e vejo que agora no posso fazer nada porminha prpria vontade, nem sequer a coisa mais insignificante; antes podiafazer grandes obras. No compreendo, estou confuso. Sri Ramakrishna lhedisse que escutasse com ateno a cano que ia cantar, a aprendesse dememria e meditasse sobre seu significado todos os dias. Em seguida cantou:

    Tu s meu Tudo em Tudo, oh Senhor a Vida de minha vida, meu ser maisrecndito;

    No tenho a ningum nos trs mundos seno a Ti, a quem chamar meu.Tu s minha paz, minha alegria, minha esperana; Tu, meu sustm, minha

    riqueza, minha glria;

    Tu s minha sabedoria e minha fora.Tu, meu lar, meu lugar de descanso; meu amigo mais ntimo, meu parente mais

    prximo;Meu presente e meu futuro Tu s; meu cu e minha salvao.Tu s minhas escrituras, meus mandamentos; Tu meu sempre bondoso Guru;Tu s a Fonte de minha bem-aventurana sem limite.Tu s o Caminho; Tu, a Meta, Tu, oh adorvel Senhor!Tu s a Me de terno corao, Tu, o Pai que castiga,Tu, o Criador e Protetor; Tu, o Timoneiro que guiaMinha barca atravs do mar da vida.

    Swami Saradananda seguiu as instrues de seu Mestre e comoconseqncia pode resolver todas suas dvidas. Vemos nesse relato que o serhumano tem certa liberdade de atuar, mas no total. O homem tem quedepender da vontade divina para lograr xito na vida, especialmente na vidaespiritual.

    Agora vejamos, de onde surgiu esta idia de liberdade, ou seja, a idia dolivre arbtrio? Sabemos que existem algumas noes fundamentais no homem,por exemplo, a vida eterna, a felicidade absoluta e a liberdade total. O monistadiz que esta a natureza do Atman, a essncia do homem. Portanto no

    possvel para ele esquecer sua natureza, por mais que esteja submetido

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    ignorncia, por mais que esteja impedido pelos upadhis, as limitaes, comocorpo, sentidos e mente. Assim como um homem que teve um pesadelocontinua assustado por um tempo mais, mesmo depois de despertar-se, damesma forma a natureza interna do homem, ainda que coberta por pesadasincrustaes, persiste em afirmar-se de alguma maneira. E a idia do livrearbtrio uma delas.

    A questo que agora se apresenta : Por que no chamar de livre o que j? No vamos confundir uma coisa com outra. certo que o Ser livre; mas noestado em que esse Ser se identifica com o corpo. O Ser no tem nenhuma aoque empreender, nada para alcanar; o que falta para alcanar aquele que j eterno, imaculado, iluminado e livre por natureza? Nada. E toda ao se fazcom um propsito, quer seja satisfazer uma necessidade ou cumprir um desejo. claro que um ser que alcanou a Deus, que O viu cara a cara uma exceo aesta regra, como o caso das Encarnaes Divinas. Estes seres vm a terra pararedimir a humanidade, para mostrar-lhe o caminho; no tm nenhum motivopessoal. Sri Krishna declara no Bhagavad Gita: Oh Arjuna, no tenho nos trsmundos nenhum dever que cumprir, nem falta nada para alcanar que notenha alcanado; no entanto Me ocupo na ao. Todos os outros, salvo estesseres excepcionais, so movidos por algum motivo pessoal, seja elevado oubaixo. Os motivos elevados tais como alcanar a Deus, lograr bhakti (devoo)so bons e no prendem os homem a este mundo, no os fazem continuar naronda de nascimentos e mortes. Pelo contrrio, os ajudam a ser mais e maislivres, medida que se vo fortalecendo. Os motivos baixos, que so na suamaioria egostas e que consistem na satisfao dos desejos de gozo mundano,no nos liberam, pelo contrrio, adicionam um elo a mais na corrente dasnossas amarras. Vemos assim que o prprio fato de estar ocupado na ao,repetimos, salvo nos casos excepcionais j mencionados, implica imperfeio.Como pode haver perfeio em um estado imperfeito? Todos ns viemos aqui aterra porque somos imperfeitos, porque temos vrios desejos insatisfeitos. Emtal estado no existe um arbtrio totalmente livre. Um homem pode satisfazerseus desejos e como conseqncia dos transtornos e sofrimentos que padece, possvel que se d conta da vacuidade de todo gozo mundano e lute paraescapar das garras mortferas do desejo e alcanar a perfeio. Mas nodevemos confundir a pouca liberdade de vontade que gozamos com aperfeio, ou plena liberdade. Na maioria das vezes isto o que acontece:consideramos que como Ser somos livres e ao mesmo tempo o confundimoscom o corpo, sentidos ou mente, querendo ver perfeio no imperfeito, melhordizendo, vendo o imperfeito como perfeito.

    Pela graa divina esta confuso no dura para sempre, as dificuldades eo sofrimento que sofremos nos ensinam algo cada dia e gradualmentechegamos a conhecer que o que havamos considerado como nosso Ser no oera e cham-lo livre foi um erro. Mas este firme conhecimento vem quando sealcana a Deus; at ento, ainda que de vez em quando se tenha um vislumbredele, se perde em seguida e volta a cometer o erro anterior. Por isso devemoster esta firme convico de que o arbtrio no totalmente livre ainda que tenha

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    uma aparncia de liberdade. Sri Ramakrishna explica isto com um exemplomuito simples: Uma vaca est amarrada a um poste em uma em uma grandepradaria com uma corda longa. A pradaria infinita e cheia de pasto verde. Avaca pode mover-se livremente dentro da rea representada pelo crculo com aextenso da corda como raio e nem um pouco mais. Se agradar ao dono, elepode aumentar a corda e permitir que a vaca possa pastar sobre um espaomaior. A vaca pode pensar que livre, mas se dar conta de que no , quandoqueira ir alm do que a corda amarrada ao seu pescoo lhe permita, pois sentiro puxo. A vontade do homem tambm exatamente igual, lhe foi outorgadacerta liberdade, mas no mais.

    A impotncia humana ante suas debilidades bvia na pergunta que umheri como Arjuna faz: Ento, movido por qual fora comete um homem msaes, ainda que no queira, como se fosse obrigado? Sri Krishna responde: este desejo, esta ira, originado de rajas, voraz e malvado; conhece-o como teuinimigo aqui. Sri Krishna no distingue o desejo e a ira como sentimentosseparados, pois o segundo o efeito do desejo obstrudo, por esta razo usa overbo no singular. Onde est o livre arbtrio quando se move constantementecom tanta facilidade ao ser atacado pelos desejos e paixes? Damos-nos contade nossas limitaes s quando as tormentas dos fracassos agitam nossa barcaneste mar da vida. Um jovem, so, rico e poderoso no o sente, pensa que supremo. Inclusive as pessoas avanadas na idade que no padeceramnenhuma grande calamidade custa a entender isso. Mas chega o momento navida de cada um em que tem que encarar a vida com e no como um sonhoprazeroso. S existe uma vontade que livre e essa a do Altssimo. Aqueleque se submete vontade de Deus atravessa sem muito dano as tormentas edificuldades.

    Conta-se uma estria na ndia: Havia um yogui, que certa vez estavaparado na praia, quando se levantou um vendaval. Ele viu um barco que iasendo levado pelos fortes ventos. O yogui havia adquirido alguns poderessobrenaturais, podia controlar at os elementos da natureza. Movido pelacompaixo pelos passageiros deste barco, exclamou: Que se acalme atormenta e suas palavras se cumpriram. Mas como o vento se acalmou derepente, o barco afundou causando a morte de todos a bordo. Sem dvida oyogui tinha boa inteno, mas sua viso era limitada, no podia ver alm dasaparncias. Assim so os juzos do homem, propensos equivocao. Portanto necessrio que tratemos de conformarmos com a vontade de Deus. SriRamakrishna ensinou uma parbola sobre a vontade de Rama, que ilustra estaidia de submisso vontade divina. Havia um tecelo, um grande devoto, quecumpria com todo o dever que lhe correspondia e ao mesmo tempo recordava aDeus. At em seus negcios via a vontade de Rama, seu Ideal escolhido. Erahonesto e por conseguinte as pessoas tinham confiana nele. Aos que iamcomprar tecidos lhes dizia: Pela vontade de Rama o valor do fio tanto; pelavontade de Rama o custo do trabalho tanto e pela vontade de Rama o ganho tanto. As pessoas da aldeia lhe queriam. Certa noite, quando no podendodormir estava sentado no oratrio de sua casa pensando no Senhor, alguns

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    desejos e ambies. E enquanto existam estes variados interesses haver conflitoe brigas. E as vontades que levam ambies no podem ser livres, j que umavai limitar a outra. E a menos que todos os pensamentos fluam em uma sdireo, para Deus, no pode haver unio da [nossa] vontade com a [vontade]de Deus. E sem conseguir que essa unio seja estabelecida no haver trmino insegurana e s paixes.

    Tratemos de cultivar confiana em Deus, sem afrouxar nossos esforospara chegar a Ele; pois todos os grandes mestres espirituais afirmaram que agraa de Deus imprescindvel para o progresso espiritual do homem.

    Que o Senhor nos outorgue confiana Nele para que possamos alcan-Lo e terminar com este crculo de nascimentos e mortes!