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TERRA, BEM PRECIOSO E POR ISSO TÃO DISPUTADO:

O Levante dos Posseiros de 1957 no Sudoeste do Paraná

Autora: Lenir Teresinha Algeri Corso1

Orientador: Paulo José Koling2

RESUMO

A temática abordada refere-se à luta pela terra no Paraná e representa a preocu-

pação em estabelecer uma linha de trabalho com base nos movimentos sociais.

Quando nos referimos ao processo de migrações, ocupações, projetos de coloni-

zação e experiências de luta pela terra, o Sudoeste do Paraná não pode ser es-

quecido, pois foi nessa região que ocorreu uma das principais revoltas campone-

sas que o Paraná tem notícia. A Revolta dos Posseiros, de 1957, significou uma

efetiva reforma agrária no seu significado mais real. Hoje, essa região é o resulta-

do de todos esses acontecimentos. Uma terra de gente guerreira e corajosa, que

lutou com garra para conseguir um lugar para viver de maneira digna. Utilizamos

como estratégia de trabalho a pesquisa com o envolvimento dos alunos, orientan-

do o trabalho através de um questionário, fazendo um levantamento sobre suas

origens familiares. Com as entrevistas com os pais, avôs e “pioneiros”, os próprios

alunos obtiveram informações relevantes e foram instigados a repensar a amplia-

ção do espaço geográfico da revolta, saindo dos lugares considerados centrais,

como Francisco Beltrão, Capanema e Pato Branco, para situarem outros locais

próximos aonde vivem como Santo Antonio, Pranchita, Pérola D’Oeste, e Planal-

to. O estudo da história local faz com que o aluno se perceba como parte inte-

grante da história, por meio das vivências pessoais com sua comunidade, para

1 Professora Estadual do Colégio Estadual Julio Giongo. Graduada em História pela Faculdade de Palmas -

PR. Especialização em Metodologia do Ensino-aprendizagem da Historia no Processo Educativo e Especiali-

zação em Supervisão e Orientação escolar. 2 Doutor em História pela PUCRS, docente do Curso de História e do Programa de Pós-graduação em

História na UNIOESTE – Câmpus de Marechal Cândido Rondon.

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que entendam que a história foi e é construída pela ação de diversos sujeitos e

classes sociais.

Palavras-chave: Paraná; Sudoeste; terra; ocupação; história local.

1 INTRODUÇÃO

Conhecer para agir, valorizar, reconhecer, preservar e amar, ... Poderia e-

lencar mais uma série de verbos, mas o que urge realmente é que consigamos

levar essa mensagem de luta, de união e de esperança aos nossos alunos! Que

eles e nós, nos vejamos como parte integrante da sociedade local e assim sendo

exerçamos nosso direito à cidadania participativa através de uma práti-

ca consciente e, sobretudo, ética.

No começo, Deus confiou a terra e seus recursos à administração co-mum da humanidade, para que cuidasse dela, a dominasse por seu tra-balho e dela desfrutasse. Os bens da criação são destinados a todo o gênero humano. A terra está, contudo, repartida entre os homens para garantir a segurança de sua vida, exposta à penúria e ameaçada pela vi-olência. A apropriação dos bens é legítima para garantir a liberdade e a dignidade das pessoas, para ajudar cada um a prover suas necessida-des fundamentais e as daqueles de quem está encarregado. Deve tam-bém permitir que se manifeste uma solidariedade natural entre os ho-mens. (Catecismo da Igreja Católica, Edições Loyola, São Paulo, 1999, p. 621).

Concordamos com Dom Thomas Balduíno, quando diz que “a terra tem um

significado muito rico para a nossa sociedade. Se você fala, por exemplo, dos po-

vos mais antigos, dos indígenas, dos grupos quilombolas, descendentes afros, a

terra tem um sentido que encontra um pouco a nossa tradição bíblica, da mãe-

terra. A terra é criatura de Deus, espaço, lugar de todas as plantas, de todos os

animais e, finalmente, do ser humano, do homem e da mulher. Na forma de um

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jardim, na forma de algo a ser cuidado, a ser trabalhado, a ser assumido como

bem comum como coisa de Deus para todos os seus filhos e filhas”. (BALDUÍNO,

2006, p.13).

Bem enfatizado por Gorgen, quando nos lembra que “no mundo e na soci-

edade do aquecimento global, da destruição da natureza, da queima da camada

de ozônio, da piora da qualidade de vida, eu acho que ainda o conjunto da socie-

dade vai se ajoelhar na frente dos camponeses e dos indígenas e vai implorar: me

ensinem a viver bem”. (GORGEN, 2007, p.13).

Em seus estudos, Abramovay conclui:

Hoje, a natureza, da mesma forma que o próprio agricultor, esta aliena-da, colocada a serviço de uma força estranha: a terra é desmatada, os animais e as plantas desaparecem, em suma, a natureza tende a se re-duzir a uma função estritamente produtiva. (ABRAMOVAY, 1981, p.184).

A História procura estudar o homem através dos tempos, nos diferentes

lugares em que tem vivido. A história dos homens em sociedade, em seus respec-

tivos lugares e temporalidades, é vivida num espaço social, por isso se faz neces-

sário pesquisar e analisar as práticas e construções das formas de viver, as rela-

ções sociais e a cultura social. Trata-se de compreender como as gerações pas-

sadas construíram seus modos de vida e suas lutas sociais, particularmente à-

quelas que dizem respeito ao passado mais recente da região em que a escola e

os alunos estão inseridos.

No livro, História na sala de aula, Karnal nos afirma que a História não é o

resultado apenas da ação de figuras de destaque, consagradas pelos interesses

explicativos de grupos, mas sim a construção consciente/inconsciente, paulatina e

imperceptível de todos os agentes sociais, individuais ou coletivos. (KARNAL,

2005, p. 45)

Segundo Elir Battisti (2006), a história do Sudoeste do Paraná está intima-

mente vinculada à luta pela terra, concebida pela elite como fonte de poder (políti-

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co/econômico) e pelos camponeses como espaço de trabalho e de relações, ori-

entado para a produção e reprodução da vida social.

A história do Sudoeste mostra que a luta pela terra é uma luta política,

social, econômica e cultural. O estudo dessa história implica em perceber a orga-

nização e mobilização das pessoas comuns e os enfrentamentos que fizeram pa-

ra conquistar o direito a terra, mas também como foi construída a luta social dos

colonos e suas resistências contra as ações de grilagem organizadas pelas colo-

nizadoras e o então governo paranaense.

O estudo de história regional constitui uma ferramenta importante para a

aprendizagem histórica, pela possibilidade de trabalhar com realidades mais pró-

ximas das relações sociais que se estabelecem entre alunos, professores e a so-

ciedade em que vivem e atuam. O local e o regional são espaços cotidianos das

atuações, por isso ao trabalhar nesta perspectiva é necessário também configurar

a proposição de promover constantemente a reflexão das ações dos indivíduos,

sujeitos históricos e cidadãos, que vivem em uma determinada região.

A escolha do tema foi orientada pela necessidade de aproximar a história

do Sudoeste do Paraná, da colonização e reocupação da região ocorrida em me-

ados do século XX, ressaltando a Revolta dos Posseiros de 1957, e a permanên-

cia da questão agrária hoje. Essa retomada visa também manter viva a memória

social da Revolta dos Colonos para as novas gerações para que saibam que, em

parte, as facilidades e o conforto de hoje custaram muito suor, a salgar esta terra,

e sangue, a tingi-la.

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2 A QUEM PERTENCIAM AS TERRAS DO SUDOESTE?

Mexa com a moral do cidadão, Mexa com sua mulher, Mexa com seu dinheiro,

Mas não mexa com sua propriedade, Com sua terra...” .

(Juscelino Kubitschek. Citado por João Pinheiro Neto. Juscelino, uma história de amor).

Ao se discutir a questão agrária no Paraná e no Brasil, enfrentamos o sé-

rio desafio de colocar em xeque uma série de opiniões mal elaboradas que os

alunos facilmente reproduzem em sala de aula. Em muitas ocasiões, os movimen-

tos de luta pela terra são representados de forma criminosa por alguns alunos que

simplesmente repetem falas e discursos realizados por seus pais ou vinculados

pela mídia. Contudo, isso não obriga o professor a desmerecer as noções que o

aluno traz para a sala de aula. Convém que o professor enquanto historiador co-

loque as lutas de classes ocorridas no Paraná munido de informações que ex-

põem a estrutura fundiária brasileira, revelando assim de que modo a distribuição

de terras aconteceu em nosso país.

Queiram ou não, é impossível negar a importância, sempre atual, do en-

sino de História. Nas palavras do historiador Eric Hobsbawm: “Ser membro da

comunidade humana é situar-se com relação a seu passado”, passado este que

“é uma dimensão permanente da consciência humana, um componente inevitável

das instituições, valores e padrões da sociedade”. (PINSKI, 2003, p.19). Essa

reflexão faz parte do fazer-se cotidiano do professor/pesquisador de história. Pen-

samos também que o estudo do passado serve para compreender o presente.

São as indagações sobre nosso tempo vivido que nos conduz ao tempo

passado para saber como pessoas em tempos históricos diferentes do nosso,

viviam e pensavam coisas que vivemos e pensamos agora.

A luta pela posse da terra no nosso país não é recente. Desde a chegada

dos colonizadores portugueses, em 1500, a ocupação do território ocorreu em

uma sequência de atos violentos e arbitrários, favorecendo os donos do poder

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político, os proprietários de terras e seus aliados. Quando os portugueses chega-

ram ao Brasil, no final do século XV, a Europa vivia a era do capital mercantil. À

época, entendia-se que o que contava de fato para o enriquecimento de um país

era a possibilidade de comercializar mercadorias com exclusividade. A natureza

do Brasil despertou o interesse e a abundância de terras significava acúmulo de

riquezas. A forma do controle metropolitano sobre o uso da terra e dos bens natu-

rais perpetuou a concentração fundiária.

Constantemente ouvimos falar sobre as enormes dificuldades para se

comprar um pedaço de terra no Brasil hoje. Entretanto, a contradição é a de que o

Brasil ainda tem grandes extensões de terra agricultáveis, fundamentalmente nas

mãos de latifundiários especuladores e empresários do novo agronegócio. Mas,

tanto no passado como no presente, essas terras continuam controladas por pou-

cos. Aos trabalhadores do campo restam as ocupações enquanto trabalhador

bóia-fria, já que as atividades agropecuárias exigem altos investimentos.

A concentração de terras e a expulsão dos camponeses para as periferias

das cidades geram sérios problemas sociais (marginalização, pobreza, cidades

superlotadas, desemprego, encarecimento dos alimentos) e a degradação ambi-

ental.

Abramovay (1981, p.31-32), observa que “a chegada dos colonos gaúchos

e catarinenses descendentes de europeus ao Sudoeste Paranaense, a partir do

final da década de 1940 teve um efeito altamente desagregador sobre a economia

cabocla. A partir de um determinado momento (conforme a imigração aí adquirin-

do proporções mais significativas) o desbravamento da terra pelo caboclo passou

a ser feito visando não fundamentalmente à produção, mas a venda da terra, ou

melhor, do direito sobre a terra. Do ponto de vista do colono, é evidente que esta

era uma atitude completamente irracional. De fato, com esta conduta, o caboclo

promovia seu suicídio social. Ele continuava a funcionar segundo a lógica do usu-

fruto numa situação em que o dinheiro e a mercadoria começavam a tomar conta

da vida dos homens. Da mesma forma que no sistema de utilização do solo cor-

respondente ao pousio florestal, o caboclo tentava extrair na mata o máximo pos-

sível com a menor quantidade de trabalho. Com a chegada dos colonos, era mais

fácil abrir uma clareira e vendê-la, do que plantar e esperar os frutos. Ele funcio-

nava como se o dinheiro recebido do colono nada mais fosse que um novo recur-

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so que a mata colocava a sua disposição, que podia ser usado da mesma forma

que a caça, a pesca e a coleta. Por aí ele ia cedendo o seu lugar a uma nova civi-

lização”.

Concordamos com Hermógenes Lazier quando disse que o Sudoeste do

Paraná é uma região fértil e rica, por isso foi muito disputada, causando conflitos

jurídicos, políticos e sociais. A Argentina e o Brasil disputaram a região, com a

questão de Palmas. Os Estados do Paraná e Santa Catarina também entraram

em conflito pela região, que chegou a ser conflituosa, com o Contestado. Os con-

flitos pela posse das terras da região envolveram também a Companhia de Estra-

das de Ferro São Paulo - Rio Grande, a CITLA, o Governo Federal, o Governo

Estadual e, principalmente os posseiros (LAZIER, 2003, p.146).

O conflito agrário pela posse da terra ocorrido no Sudoeste do Paraná em

1957 é um tema pouco abordado nas aulas de História do Paraná. Mais conheci-

do como a Revolta dos Posseiros, o embate representou uma contribuição para

os movimentos sociais contemporâneos, pela capacidade de mobilização e orga-

nização de colonos e posseiros na luta pela posse da terra.

A história do Sudoeste do Paraná foi marcada por várias lutas pela delimi-

tação de fronteiras e/ou lutas para garantir o direito de uso da terra. Uma das

mais marcantes foi a Revolta dos Posseiros de 1957: Levante agrário que envol-

veu colonos, posseiros, companhias imobiliárias de terras e o governo federal e

estadual. Ressaltando que uma das dimensões mais importantes das lutas dos

camponeses brasileiros está centrada no esforço para construir um lugar de vida

e de trabalho, capaz de guardar a memória da família e de reproduzi-la para as

gerações futuras. E que nem mesmo a violência policial e privada das companhi-

as colonizadoras foi capaz de conter a luta pela terra e pela construção de um

território familiar, que caracteriza a sociedade do Sudoeste e que deu base ao

que somos.

O Sudoeste, como também toda a região Oeste, era habitado pelos índios

Tupi-Guarani, estes a centenas de quilômetro dos vicentinos, não ficaram imunes

aos ataques dos bandeirantes. Os que não fugiram para o Sul foram aprisionados

ou mortos. Assim, a região torna-se uma terra de ninguém, sendo mais tarde reo-

cupada pelos Caaigang botocudos.

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Na segunda metade do século XIX, "caboclos" passaram a se deslocar

das regiões atuais de Palmas e de Clevelândia para ocupar as terras do Sudoes-

te, onde plantavam feijão, milho e outros produtos para atender as suas necessi-

dades básicas e colhiam erva-mate (nativa da região), vendendo-a em pouca

quantidade para comprar sal, roupas e armas.

Segundo Iria Z. Gomes (2005, p.13), a fase anterior a 1940, "ocorre à o-

cupação extensiva da terra, que se caracteriza por uma 'economia cabocla', vol-

tada basicamente para a exploração da erva-mate, madeira e criação de suínos”.

Segundo Abramovay, (1981, p.2), “no Sudoeste Paranaense vivia uma

população cabocla, com miserável cultura de subsistência e sem a propriedade

da terra que ocupava, como posseira, praticando suas queimadas e marchando

sempre adiante logo que via a terra esgotada, despreocupada mesmo pela sua

legalização.”

Ainda conforme Abramovay (1981, p.6), até o final dos anos de 1940, o

Sudoeste paranaense era um sertão bravo, com uma densidade de apenas dois

habitantes por km². O que o caboclo mais buscava na floresta não era um refúgio.

A mata era o lugar mais propício para a sobrevivência da população cabocla. A

terra só lhe servia na medida em que ela era capaz de lhe dar os frutos daquilo

que nela ele plantava. A terra só lhe servia como objeto de seu trabalho. Separa-

da deste trabalho, ela não tinha valor algum.

Ainda nessa primeira fase de ocupação do Sudoeste, a partir de 1893,

gaúchos envolvidos na Revolução Federalista do Rio Grande do Sul (RS), vieram

se juntar à população cabocla da região. Eram na maioria soldados refugiados

e/ou fugitivos das perseguições políticas, dentre outros. Por motivos diversos ou-

tra leva de povoadores se deslocaram para o Sudoeste.

Numa tentativa de assentar os "caboclos" que continuavam a migrar para

o Sudoeste, em 1918, o governo do Estado fundou a Colônia Bom Retiro que deu

origem a Pato Branco, que tinha por finalidade abrigar colonos vindos da região

do Contestado, porém a demarcação dos lotes e o assentamento dos "caboclos"

transcorriam de maneira lenta, como também era demorado o processo de rece-

bimento do título definitivo de posse, podendo levar até vinte anos.

“Outra iniciativa oficial que marcou a colonização do Sudoeste foi a cria-

ção da Colônia Agrícola Nacional Osório (CANGO), criada pelo então presidente

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Getúlio Vargas, em 1943, que marcou a fase de ocupação intensiva do Sudoes-

te.” (GOMES, 2005, p.13).

Gomes (2005, p.13) enfatiza ainda que “esse processo, iniciado na déca-

da de 40, intensificou-se na década seguinte com os imigrantes gaúchos e catari-

nenses descendentes de europeus, que se estabeleceram na região, de forma

espontânea, pela ocupação pura e simples de terras devolutas ou pela compra da

posse do caboclo, e através da colonização dirigida, através da CANGO (Colônia

Agrícola Nacional General Osório).”

Com sede em Marrecas (atual Francisco Beltrão), a CANGO abrangia

uma faixa de 60 quilômetros de fronteira, destinada a assentar pequenos produto-

res sem terra. Durante os primeiros anos de atuação, a CANGO dava terra ao

agricultor, bem como uma ajuda técnica, de assistência social e de infra-estrutura.

O sistema de pequena propriedade adotado na colonização, sem ônus para o a-

gricultor, com serviço de infra-estrutura e assistência de saúde e educação, aliado

a uma forte propaganda que se fazia no RS, atraiu em poucos anos milhares de

família para a região (GOMES, 2005, p. 16 e 17).

É bom lembrar que através da CANGO tentava-se viabilizar a estratégia

da chamada "Marcha para o Oeste", no sentido de alargar as fronteiras econômi-

cas, integrar novas áreas e produzir alimentos para os grandes centros urbanos.

Como consequência, houve uma disseminação das relações mercantis, o que

implicou, no caso do Sudoeste, na desagregação da “economia cabocla” do perí-

odo anterior, e a instalação de uma economia na qual “o dinheiro e a mercadoria

começavam a tomar conta da vida dos homens” (ABRAMOVAY, 1981, p. 32).

De acordo com GÖRGEN, o agronegócio é fazer do campo um espaço de

negócio. Isto confronta com o estilo camponês de viver e de produzir. Ele tem

uma forma não capitalista de produzir, o que se chama de agricultura familiar, pre-

ferencialmente chamada de agricultura camponesa. Há uma disputa entre esses

dois “mundos” de agricultura. Ao mesmo tempo em que o campo passou a ser

disputado pelos grandes grupos que buscam o lucro, há outra forma de agricultu-

ra, que é sustentável ambientalmente e produz fruto mais saudável. A agricultura

camponesa ainda ocupa um grande espaço no campo brasileiro, seja através da

reforma agrária, seja através de formas muito anteriores de posse e ocupação da

terra (GÖRGEN, 2007, p13).

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2.1 OCUPAÇÃO E COLONIZAÇÃO DO SUDOESTE DO PARANÁ

Krüger observa que “a notícia das terras férteis e devolutas, ricas em a-

guadas e madeiras, e ainda doadas pelo governo da União, seria o grande atrati-

vo para o fluxo migratório sulino em direção ao Sudoeste do Paraná.” (KRÜGER,

2004, p. 8).

Por que alguém migra? Basicamente, porque espera ter uma vida melhor

do que vinha tendo até então. Para grande parte, vida melhor significa mais di-

nheiro, ou simplesmente, menos miséria: um pedaço de terra para lavrar, um em-

prego seguro, um pequeno negócio.

Imagine uma região onde uma tradicional ordem estabelecida começa a

entrar em crise, onde existe uma luta entre os poderosos para exercer o poder,

onde os antigos posseiros começam a perder suas velhas posses para grandes

companhias que se utilizam da força para expulsá-los. A conclusão é a de que

esta é uma região tensa, bastando um pequeno atrito para que se transforme a

tensão em guerra, em luta. Os colonos que se deslocaram para o Sudoeste do

Paraná, a partir da década de 40, queriam terra para morar, trabalhar e produzir.

Migrar para o Sudoeste significava lutar para sobreviver como pequeno produtor

familiar.

2.2 PRANCHITA: UM POUCO DE SUA HISTÓRIA

É com o conhecimento de onde viemos que saberemos aonde pretende-

mos ir. Quer queiramos ou não, são os nossos antepassados que deram a forma-

ção mais substancial do nosso ser social, e do nosso modo de existir. É pois, co-

nhecendo a história, as tendências, os modos de viver dos nossos antepassados

que saberemos lutar no presente para construir o futuro, principalmente para as

novas gerações. Desse modo, também a eles ofereçamos o gosto pelo conheci-

mento do presente.

A vida do homem em qualquer sociedade, em qualquer lugar e em qual-

quer tempo, passa dentro de um espaço, o qual tem características próprias. Este

projeto tem por objetivo a elaboração de uma reflexão histórica sobre o passado

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que marcou a formação histórico-social do Sudoeste paranaense, especialmente

do ambiente social de Pranchita.

Seu território foi ocupado primeiramente por paraguaios que aqui vinham

com o objetivo de explorar a principal riqueza aqui existente, a erva-mate.

Os primeiros habitantes da região onde se localizam os municípios de

Pranchita e Santo Antônio do Sudoeste foram dois paraguaios, Dom Lucca Ferrei-

ra e João Romero, que chegaram em 1902. Eles extraiam a erva-mate, que era

uma das principais riquezas da região. Como não havia estradas, faziam picadas

na floresta e se utilizavam de animais para transporte de cargas.

Os primeiros colonizadores do movimento migratório que formou a última

reocupação chegaram em 1925, eram as famílias dos brasileiros Antonio Colla,

no ano de 1925, Gregório Ferreira, em 1934, Leonardo Canzi e Júlio Giongo, em

1938. O último trouxe em lombo de burro, máquinas para montar a primeira serra-

ria, existente ainda hoje no município.

Todas as famílias enfrentavam muitas dificuldades no transcurso da via-

gem, levando muitos dias para chegar ao local, devido às más condições dos ca-

minhos e ausência total dos meios de transportes. Os objetos pessoais eram

transportados no lombo dos burros ou cavalos, tendo às vezes que acampar, ar-

mando barracas ao longo do caminho durante os dias de chuva. As últimas mu-

danças foram trazidas em carroças e caminhão movido a carvão.

Minha mãe Theolinda Fioresi Algeri, conta que a vinda do Rio Grande do

Sul, mais especificamente de Carazinho, em 1953, foi feita de caminhão onde

levaram 11 dias. Passaram por muitas dificuldades, incluindo uma grande en-

chente a qual causou a interrupção da viagem e acampamento em terra firme,

ocasionando perdas de mobílias, comidas e animais.

Migrantes brasileiros, que vieram dos estados do Rio Grande do Sul e de

Santa Catarina, em sua maioria descendente de ex-imigrantes italianos nascidos

nestes estados e que viviam como colonos, aqui encontraram solo fértil e terras

baratas onde passaram a cultivar vários produtos agrícolas como feijão, arroz,

batata-doce, cana-de-açúcar que serviam para a subsistência e a explorar a flo-

resta para a produção da madeira que no início do século XX era abundante, e

também a erva-mate que era exportada para a Argentina. Nesse país, então sur-

giu uma firma chamada Pastoriza que contratava caboclos para a exploração da

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erva-mate. A qual era vendida legalmente, simplesmente era explorada sem ne-

nhum controle.

Por ser uma das maiores comunidades de Santo Antonio do Sudoeste,

Pranchita passou à categoria de distrito administrativo pela Lei 4.384/64, de 26 de

fevereiro de 1964. Em 11 de maio de 1982, o governador José Hosken de Novaes

sancionou a lei estadual 7.574/82, emancipando o município.

Com a criação do município, houve um pequeno avanço na economia de

Pranchita, desenvolvendo a cultura da soja, milho, trigo, feijão, fumo e as serrari-

as,

Nosso objetivo é revisar a historiografia e a memória social do povo pran-

chitense, fazendo-o conhecer o seu passado e compreender dimensões do seu

presente, para que, como integrantes da história atual no município, venham a

contribuir não só na formação cultural atual, mas também com a preservação do

patrimônio histórico-cultural.

Desejamos que este trabalho possa servir como instrumento de trabalho

para as escolas e professores, e também a todos aqueles que se interessam pela

história local. Tem ainda o propósito de ser útil e de trazer informações práticas e

objetivas sobre o município de Pranchita, sua cultura, sua economia e sua histó-

ria, e que possa despertar a todos os leitores, o desejo de conhecê-lo mais pro-

fundamente.

2.3 A REVOLTA DE 1857

Em seus estudos sobre o Levante dos Posseiros, Wachowicz observa

que quando poderosos interesses do capital se instalaram no Sudoeste parana-

ense, a violência tornou-se inevitável. “Eram milhares de colonos posseiros de um

lado e os interesses do capital do outro. Observou-se que o início do apelo para a

violência não partiu dos colonos. Foram os próprios grupos econômicos que ape-

laram para a violência.” (1985, p.209).

Para Elir Battisti,” o contexto da Revolta de 1957 foi marcado, a nível na-

cional, por novas formas de exploração capitalista no campo, manifestando-se

nos vários aspectos que compõem a realidade brasileira.” É nesse período que a

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produção agrícola dos principais centros urbano-industriais e capitais, começou a

ter na agroindústria seu primeiro mercado. Para entendermos este processo, pre-

cisamos retornar ao início da colonização da região, cujo marco foi a criação do

Território Federal do Iguaçu e a instalação da Colônia Agrícola General Osório

(CANGO), no início da década de 1940, projetados para promover a colonização

dirigida ao longo da fronteira com a Argentina. (2006, p.65).

Com a criação da CANGO, ganhou impulso o fluxo de migrantes dos es-

tados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em quantidade muito maior que a

capacidade de atendimento da colonizadora. Em 1950, a Colônia contava com

7.147 pessoas, enquanto a região totalizava 76.373 habitantes. Em 1956, a

CANGO contava com 15.284 pessoas e uma fila de outros 26.000 esperava ca-

dastramento, em 1960 a região estava com 230.379 pessoas, sendo 119.787 na

área rural (GOMES, 2005, p.21).

A CANGO era um órgão público federal e os lotes de terra eram distribuí-

dos gratuitamente, o que era mais um fator que favorecia a grande migração in-

terna para a região. “A CANGO realizou na região um eficiente trabalho de povo-

amento e colonização, construindo obras de infra-estrutura, dinamizando a vida

social e cultural da comunidade, dando início ao grande progresso que o Sudoes-

te possui hoje .” (LAZER, 2003, p.150).

2.4 A DISPUTA JUDICIAL DA GLEBA MISSÕES

Gomes escreve que no final do século XIX, “José Rupp obteve do Governo

de Santa Catarina um contrato de arrendamento de terras consideradas devolu-

tas, para explorar ervais e matas. Essas terras, no entanto, já pertenciam, por de-

creto, à Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande. (GOMES,2005,

p.34).

Lazier narra que a CITLA, (Clevelândia Industrial e Territorial Ltda.), em-

presa com sede em Mariópolis, apareceu na Região em 1950 como sendo propri-

etária de cerca de 500.000 hectares de terra, apresentando título fornecido pelo

governo federal. O governador do Paraná era um dos sócios da CITLA e tanto o

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governo do Paraná, como o governo federal, pertenciam ao mesmo partido – o

PSD. Por isso, foi possível a referida negociata, que foi cognominada “a maior

bandalheira da República” (LAZIER, 2003, p.150).

O autor Krüger também relata que, diante da resistência dos colonos, a

mando das companhias imobiliárias “os jagunços passaram das ameaças às a-

ções de banditismo puro. Incêndios de casas, roças e galpões, espancamentos,

mutilações, saques e extorsões, violências sexuais, tortura e assassinatos, além

de cobrança de pedágio nas estradas, tornam-se métodos comuns para fazer os

colonos pagar por suas posses.” (KRÜGER, 2004, p. 2074).

Vários casos de violência ocorreram em vários pontos da região Sudoes-

te, mas muitos deles não eram investigados pela polícia, pois ela própria era con-

trolada pelas companhias.

Um clima de medo e intimidação instalou-se no Sudoeste paranaense em

localidades que foram alvo da disputa pela posse da terra. Muitas famílias aban-

donaram suas casas, instalando-se precariamente em matas. Outras, simples-

mente largaram tudo e voltaram para seus locais de origem, em Santa Catarina e

no Rio Grande Sul.

Battisti também nos relata que na tentativa de se defender dos jagunços,

muitos colonos aliaram-se a bandidos e também praticaram arbitrariedades. Con-

ta Wachowicz (1987, p. 175) que colonos da fronteira - da localidade de Capane-

ma pediram ajuda de Pedro Santin, um conhecido valentão da região (BATTISTI,

2006, p. 65).

Pedro Santin tinha sido posseiro em Capanema e, desde março estava

refugiado na Argentina (GOMES, 2005, p. 78). Este reuniu 11 colonos e atacou o

escritório da Colonizadora Apucarana na localidade de Lajeado Grande. Cercou o

escritório e ateou fogo. Os que iam pulando para fora eram eliminados (BATTISTI,

2006, p. 65).

Este grupo empreendeu o episódio conhecido como a “tocaia” do km 17,

ocorrido em setembro de 1957, no atual município de Pranchita, na estrada entre

Santo Antonio do Sudoeste e Capanema. Gerentes das companhias e colonos

teriam marcado uma reunião para discutir a situação de conflito pela posse da

terra. Mas, a reunião foi desmarcada pelos gerentes das companhias, que suspei-

tavam de alguma armação. Os colonos não foram avisados e seguiam para a re-

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união. Os diretores das companhias mandaram uma camioneta com o motorista e

um jagunço, que iam dando carona aos colonos que estavam na estrada. No local

da “tocaia”, o grupo de Santin abriu fogo contra o veículo e seus ocupantes. Mor-

reram sete pessoas: os dois funcionários da Companhia e cinco colonos. Um

desses colonos era pai de um dos atacantes. Mais uma vez os colonos sentiram-

se ludibriados pelas companhias. O ódio acumulado durante muito tempo pelos

colonos explodiu em toda a sua fúria (GOMES, 2005, p. 80).

O envolvimento de autoridades com o crime foi confirmado por Wacho-

wicz “autoridades do governo do Estado colaboraram nesse esquema. Nas dele-

gacias de polícia da região Sudoeste, foram colocados delegados submissos, que

acatavam inclusive ordens emanadas dos gerentes das companhias”. Tal situa-

ção não poderia ser mais contundente em termos do desmascaramento do dis-

curso político da classe hegemônica de que o Estado equivalia a uma instância

superior e autônoma para intermediar as relações entre as classes e grupos soci-

ais na perspectiva de garantir o bem estar a todos (WACHOWICZ, 1987, p. 172).

A situação dos colonos era desesperadora. O discurso do senador Othon

Maeder, em dois de outubro de 1957, historiando os principais acontecimentos do

Sudoeste teve repercussão nacional. Os principais jornais e revistas do país co-

meçaram a enviar repórteres e fotógrafos para a região. Os políticos oposicionis-

tas resolveram agir (WACHOWICZ, 1987, p.190).

Segundo Battisti, começam, então, os conflitos, culminando no movimento

de massa conhecido por Revolta Camponesa, Levante dos Posseiros ou Revoltos

dos Colonos, em 10 de outubro de 1957, quando milhares de colonos posseiros

pegaram em armas e apoderaram-se dos principais municípios do Sudoeste do

Paraná, expulsando e substituindo as autoridades constituídas. (BATTISTI, 2006,

p.65)

O Sr. Walter Pecoits, médico, empresário das comunicações e membro

do PTB, demonstrou grande capacidade de intermediação para a solução dos

conflitos sem derramamento de sangue. Por isso, terminado o levante, foi nomea-

do delegado de Francisco Beltrão pela autoridade estadual, sendo, posteriormen-

te, eleitos prefeito e deputado estadual até ser cassado pelo regime militar em

1964.

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Segundo Wachowicz, os planejadores do Levante e expulsão das compa-

nhias colonizadoras, foram Edu Potyguara Bublitz e o Senador oposicionista O-

thon Maeder (União Democrática Nacional - UDN). A intenção dos planejadores

da revolta era provocar a intervenção do governo federal no Paraná, derrubando

Lupion – considerado conivente com a situação – e expulsando as companhias

colonizadoras (WACHOWICZ, 1987, p. 190).

Elir Battisti enfatiza que:

Parece claro que os posseiros receberam apoio decisivo de comercian-tes e profissionais liberais, vinculados a grupos econômicos e/ou partidos de oposição ao governador, entretanto os posseiros assumiram a revolta porque concebiam a propriedade da terra como espaço de trabalho e re-lações, orientado para garantir a produção e a reprodução da vida e não como fonte de poder, especulação ou acumulação (BATTISTI, 2006, p. 65).

Lazier relata que “após a expulsão das companhias imobiliárias, a luta

continuou para transformar os posseiros em proprietários. Essa bandeira de luta

uniu todo o Sudoeste” (LAZIER, 2003, p. 152).

A esse respeito Lazier escreveu que na campanha eleitoral de 1960 para

a Presidência da República surgiram, entre outras, a candidatura do Marechal

Lott, pelo PSD e PTB, e de Jânio Quadros, pela UDN e pequenos partidos. Uma

comissão de líderes da região esteve na capital federal para conversar com os

candidatos sobre a situação dos posseiros e solicitar providência para a legaliza-

ção de suas terras. Inicialmente procuraram o Marechal Lott, que não quis assu-

mir compromisso sobre o assunto. Depois foram ao Jânio Quadros que prometeu,

caso fosse eleito, solucionar o problema dos posseiros, desapropriando a área e

titulando-a para eles. Diante da promessa de Jânio Quadros, quase todo o Sudo-

este votou nele.

Sendo eleito Presidente da República, um dos primeiros atos foi realmen-

te, desapropriar a área em litígio. Pelo Decreto nº 50.379, de 27/03/1961, Jânio

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Quadros desapropriou declarando de utilidade pública, a gleba Missões e parte da

gleba Chopim, ou seja, o Sudoeste do Paraná.

Considerando a urgência na solução do problema, o presidente assinou

no dia 25/04/1961, o Decreto nº 51.494, determinando regime de urgência para a

desapropriação (2003, p.152).

Ainda segundo Lazier, com a renúncia do presidente Jânio Quadros, as-

sumiu o Poder Executivo o vice-presidente João Goulart, que tomou novas medi-

das em favor dos posseiros do Sudoeste do Paraná. Em 19/03/1962, pelo Decreto

nº 51.431, o presidente João Goulart criou o Grupo Executivo para as Terras do

Sudoeste do Paraná (GETSOP), com a finalidade de programar e executar os

trabalhos necessários para a efetivação da desapropriação, bem como executar a

colonização das glebas desapropriadas (LAZIER, 2003, p. 152).

Até sua extinção, em janeiro de 1974, foram regularizados e expedidos

43.383 títulos de propriedade de terra, correspondentes a 56.936 lotes, sendo

12.413 títulos urbanos e 30.970 títulos rurais. O município que mais títulos rece-

beu do GETSOP foi Francisco Beltrão com 7.550 títulos, seguido de Dois Vizi-

nhos, com 6.492 títulos. (LAZIER, 2003, p.152).

Dezenas de viaturas do GETSOP trabalharam pelo progresso da região e

de seus habitantes. Nos setor educacional foi significativa a participação do GET-

SOP. Construiu 221 escolas, sendo 51 unidades de alvenaria e 170 de madeira.

O GETSOP ajudou de todas as formas o Sudoeste do Paraná. Os dados publica-

dos, extraídos do “Relatório Final das Atividades do GETSOP”, revelam a verda-

deira reforma agrária efetuada no Sudoeste do Paraná (LAZIER, 2003, p. 153).

Gomes relatou que o primeiro trabalho do GETSOP foi medir demarcar,

dividir os lotes, respeitando a posse e a decisão dos ocupantes. Segundo o relató-

rio final desse órgão, que encerrou suas atividades em 1973, o GETSOP enfren-

tou, no início, dificuldades de aceitação dos colonos. Por isso, os trabalhos de

medição e demarcação foram acompanhados por elementos do Exército Nacio-

nal, tendo em vista a boa aceitação que o Exército tinha na região (GOMES,

2005, p. 118).

Lazier relatou que na história do Brasil, a Revolta de 1957 foi a única re-

volta que a parte mais fraca, no caso os colonos, obtiveram a vitória. Com a

GETSOP, ocorreu um verdadeiro exemplo de Reforma Agrária, efetuada no Su-

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doeste do Paraná, na gleba Missões e parte da gleba Chopim. A atuação do

GETSOP, transformando cerca de 50.000 posseiros em proprietários, foi um mar-

co na marcha do Sudoeste do Paraná para a modernidade capitalista. (LAZIER,

2003, p.153).

Ainda segundo Iria Gomes (2005, p. 118), quando o GETSOP encerrou

suas atividades, em 1973, haviam sido titulados 32.256 lotes rurais e 24.661 ur-

banos.

O movimento de 57 tinha atingido seus objetivos: num primeiro momento,

a expulsão das companhias de terra e, num segundo, a conquista do título de

propriedade (GOMES, 2005, p. 119).

A afirmação acima é também confirmada por Abramovay, quando ele diz

que os agricultores do Sudoeste orgulham-se por não ter sido necessário em ne-

nhum momento da ocupação o uso das armas que tinham. Este caráter pacífico

da Revolta não me parece ter resultado de uma imposição manipuladora do Dr.

Walter Pecoits, mas correspondeu aos próprios objetivos dos colonos. Não se

tratava absolutamente de uma “revolução política”, de ocupar definitivamente as

cidades, nelas implantando uma espécie de “república camponesa” local. O rápi-

do acordo conquistado junto ao governo estadual e, posteriormente, o imediato

abandono das cidades ocupadas, corresponde à própria limitação dos objetivos

procurados pela Revolta. Lutava-se pela lei e pela propriedade (ABRAMOVAY,

1981, p. 48).

Para Veronese (1998, p. 72), os agricultores familiares aprenderam com a

Revolta de 57 que, para garantir sua existência enquanto grupo social tem que

lutar pela terra. Seus direitos e sua cidadania são conquistas que devem ser efeti-

vadas por eles próprios e não como um dom a receber de alguém, como expres-

são de um gesto de solidariedade humana.

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3 CONCLUSÃO

Uma educação escolar voltada à cidadania e ao conhecimento requer um

aluno sujeito e não mero objeto do conhecimento. Cremos que educar não é um

ato de “depositar” conhecimentos predeterminados na cabeça dos alunos, mas,

sim, de desenvolver a capacidade de produção, de pesquisa e de uma consciente

intervenção social.

Sabedores que a história deve compreender o contato do aluno com uma

ampla variedade de experiências produzidas em diversas práticas sociais, e que

os alunos em geral não têm interesse para leitura, interpretação e notícias desta

modalidade, devem então os educadores propiciar o desenvolvimento de uma

atitude crítica que leve o educando a parar, pensar e analisar a dificuldade pela

qual nossos colonizadores passaram ao longo dos anos. Pretende-se despertar

para algumas questões relacionadas com a importância de se manter viva a me-

mória social da nossa terra, do nosso povo, contribuindo para o incentivo do gosto

pela história, ampliando assim o conhecimento do mundo do aluno. Portanto, ca-

be a nós, professores levarmos até nosso aluno esta questão, mostrarmos que o

estudo da História não deve ficar somente em relembrar datas e fatos históricos,

mas também despertar a opinião crítica e o hábito do raciocínio por parte de to-

dos, estimular a leitura no educando, ampliando assim, seu conhecimento.

O método utilizado pelo professor em sala de aula não é algo definitivo,

acabado e inquestionável, mas reformulado por novas experiências, novas refle-

xões e mudanças sociais, pela participação do aluno, bem como da família e da

comunidade escolar.

Pinsky enfatiza que o passado deve ser interrogado a partir de questões

que nos inquietam no presente (caso contrário estudá-lo fica sem sentido). Por-

tanto, as aulas de História serão muito melhores se conseguirem estabelecer um

duplo compromisso: com o passado e o presente (PINSKI, 2005, p. 23).

Partindo para a implementação do projeto, o primeiro procedimento foi, a-

través do diálogo, junto com os alunos, observar o conhecimento que eles tinham

em relação à Revolta de 1957, fazendo com que o aluno se percebesse como

parte integrante da história.

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Sabemos que poucos de nossos alunos têm conhecimento de suas origens

e até de fatos mais recentes relacionados à história local e regional. A grande

maioria de nós, pais e professores, pecamos nesse sentido, pois o corre-corre

diário e os outros meios de entretenimento deixam pouco tempo para as conver-

sas entre familiares. Nosso desejo foi despertar neles a curiosidade de pesquisar,

investigar fatos junto a seus familiares.

O aluno sendo o centro do processo ensino-aprendizagem, precisa estar

ciente da realidade vivida pelo homem e a escola como geradora desta aprendi-

zagem, deve propiciar ao mesmo, situações em que a realidade esteja presente

também em suas atividades. Portanto, a questão da luta pela terra, desde a colo-

nização do país até nossos dias, continua acontecendo e o professor como orien-

tador, necessita incentivar discussões, críticas e procurar junto com os alunos,

criar situações em que os mesmos possam opinar discutir, analisar, como ele-

mentos participantes do processo.

Ao estudar com os alunos a questão da luta pela terra, discutimos tam-

bém a história local e a formação geográfica de Pranchita.

Concordamos com Pinski quando diz que “o pensamento crítico não se

sustenta sem leitura, vício silencioso, lento e profundo. Só se debatem ideias se

antes a temos” (PINSKI, 2005, p. 35), por isso foi que levamos para a sala de aula

livros de autores como Lazier, Krüger, Gomes, entre outros citados na bibliografia,

para tomar conhecimento de como se deu a formação de Pranchita, sua (re) ocu-

pação e sua relação com a Revolta de 1957.

Como atividade extraclasse, utilizamos como estratégia de trabalho a

pesquisa de campo, com entrevistas junto às famílias dos alunos, respondendo

ao seguinte questionário:

1- Identificação: nome, idade (aluno, irmãos, pais, avós).

2- Local de Residência: aluno, pais, avós. Se não tiver conhecimento

de algum, tentar descobrir.

3- Local de procedência: Em que local sua família ou a de seus avôs

moravam antes de vir para o Sudoeste do Paraná. Em que época

ocorreu a mudança para o sudoeste do Paraná, mais precisamente

para Pranchita?

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4- Motivo: Qual foi o motivo que levou sua família ou a de seus avôs a

saírem de onde moravam e escolher o Sudoeste do Paraná para

viver?

5- Pesquisar sobre o conhecimento que seus pais ou avós têm sobre o

Levante ou Revolta dos Posseiros do Sudoeste do Paraná. Desco-

brir se participaram do movimento. Se indicarem alguém que parti-

cipou procure conversar com ele para transcrever fatos por ele nar-

rados.

Nas entrevistas realizadas pelos alunos podemos perceber que todos os

entrevistados disseram que o motivo que os fez sair do Rio Grande do Sul e vir

para o Paraná, foi a esperança de uma vida melhor e isto significava a busca por

terras mais planas e férteis onde pudessem garantir sua sobrevivência. Com a

notícia que por estas bandas havia terras ainda a serem exploradas e também

porque na época a sobrevivência no Rio Grande do Sul era difícil devido à falta de

alimentos, pois as terras que possuíam eram muito pedregosas e dobradas e por

ser ladeira dificultava o trabalho. As famílias tinham um grande número de filhos e

era preciso garantir sua segurança e sustento e o Sudoeste Paraná foi a garantia

de vida.

Num país em que a maioria das terras está sob o domínio de poucas mãos,

no mais das vezes improdutivas, a tática encontrada pelo MST, foi a de ocupação.

Na pesquisa de campo onde visitamos o Assentamento Conquista da Fronteira na

cidade de Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, tivemos uma importante aula de

cidadania e coragem. Foi com esta forma de luta que chegaram 60 famílias, com

seus cachorros, suas tralhas e uma ferrenha vontade de lutar, comum ao povo do

MST. Cada um dos acampados sabe bem pelo que passou para chegar onde ho-

je estão. Foram anos acampados, passando fome, doenças e solidão. Irma Bru-

netto, uma das acampadas conta “hoje passados 20 anos, somos parte desta

comunidade e a cidade sabe que estamos aqui para produzir e viver em paz”.

Podemos perceber que a vida no assentamento é organizada de forma co-

letiva. A comunidade se organiza em comissões nas mais variadas áreas, uma

forma de garantir a organização de toda a comunidade. Cada pessoa no Assen-

tamento tem o seu papel na produção, seja no trabalho do cultivo da terra, na

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produção industrial, na recepção das caravanas que constantemente visitam o

assentamento.

Todo o trabalho é coletivo e o dinheiro que entra das atividades produtivas

é para melhorar a vida de todos que ali vivem, num regime coletivo e solidário.

As famílias assentadas têm condição de vida infinitamente superior àquela

que tinham antes.

No sistema capitalista em que vivemos, modificar a estrutura fundiária de

nosso país não é algo fácil de ser concretizado, mas a história nos tem dado e-

xemplos concretos de que isso é possível.

Porém, sabemos que para acabar com a fome e a miséria em nosso país,

ainda vai demorar. Para que a questão da Reforma Agrária, no nosso país se de-

senvolva é urgente que nossos governantes tenham atitudes firmes contra o

grande latifundiário.

Mas a pergunta permanece latente: "Até quando 'assistiremos' esse desen-

rolar de injustiças sociais, políticas e econômicas, sobretudo advindas da corrup-

ção e da perpetuação do poder?” Vamos nos empenhar para que não contribua-

mos com tal situação e sim que possamos lançar sementes, vê-las frutificar e

quem sabe, colher os frutos de um mundo mais humanizado.

Em seu relatório sobre a visita ao Assentamento Conquista da Fronteira em

Dionísio Cerqueira – SC, realizada no dia 08 de outubro de 2011, o aluno Felipe

Cagol do 3º ano do Colégio Júlio Giongo de Pranchita fez o seguinte comentário,

“o trabalho realizado por essas pessoas é todo feito em coletividade, organizado

entre as pessoas. Cada um desempenha uma tarefa diferente, tendo uma direto-

ria para zelar pela organização e distribuição das tarefas. Eu achei muito interes-

sante o assentamento, ele é um exemplo de que a união faz a força, e que se po-

de viver tranquilamente em coletividade, isso claro se houver cooperação, respei-

to muito trabalho em grupo”.

Na entrevista que fizemos em sala de aula com um dos “pioneiros” de

Pranchita, podemos perceber que é uma técnica eficiente de conhecer a História

com habitantes protagonistas da mesma; é a verdadeira História sem máscaras.

As questões propostas levam os educandos à reflexão. É ótimo para que os jo-

vens aprendam não só a copiar respostas prontas em livros, mas formulem suas

conclusões baseadas no conhecimento adquirido através de entrevistas.

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Nesta entrevista, além de contar detalhes da história de Pranchita, ele nos

falou sobre o Levante de 1957, conhecida como Revolta dos Colonos, que tam-

bém foi em solo pranchitense que muitos fatos dessa revolta ocorreram e, no en-

tanto, temos tão pouco registro sobre essa História.

É a história do nosso povo, que pouco é conhecida pelos nossos alunos e

principalmente essa história passa a ser relatada pelas pessoas que viveram esse

momento histórico. Parte desta história foi sendo contada no seio familiar dos que

vivenciaram estes fatos. Porém, para a geração mais jovem, esta memória foi se

perdendo.

Que nos entendamos como agentes da história, trazendo um exemplo ma-

ravilhoso onde a luta e a união dos mais fracos deu certo e possibilitou essa con-

dição de vida que muitos dos nossos alunos desfrutam hoje: ter um pedaço de

chão para morar, trabalhar e garantir o sustento e uma vida digna!

A Revolta dos Colonos no Sudoeste foi um exemplo de coragem, muita luta

em todos os sentidos para que se cumprisse o direito de posse da terra. Foi uma

importante conquista para a região envolvida.

Trabalhar em sala de aula esse tema da Revolta dos Colonos é uma forma

de recuperar a história através dos tempos, sendo um encontro do presente com

o passado, numa forma de reviver momentos inigualáveis vividos por nossos a-

vós.

Os fatos antes relatados por avós, pais, desgastou-se com o tempo. E a

escola algumas vezes deixou de realizar seu papel de responsável no resgate da

história local.

Concluímos que um estudo mais detalhado sobre este assunto só irá nos

auxiliar a entender mais sobre esta questão, para que assim possamos orientar

melhor nossos alunos sobre esta tão polêmica questão. Dessa forma nossas au-

las poderão ser mais atrativas e incentivadoras.

A história desvenda as mudanças, permanências e simultaneidades. O ca-

so da Revolta dos Posseiros demonstra por um lado a mudança local surgida de

uma vontade coletiva e de uma necessidade histórica, mas é exemplo quase iso-

lado na história nacional de resignação e aceitação que torna a exploração no

campo permanente desde o descobrimento. Por outro lado, a história é também

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memória, e esta, mola propulsora de novas mudanças, revoluções. Rememorar é

possibilitar a reescrita da História.

Lançar a semente, tendo por objetivo conduzir a reflexão/discussão, fazen-

do com que os alunos conheçam a nossa história, se vejam também como cons-

trutores e responsáveis por ela.

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