o lazer no orçamento participativo

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Motricidade ISSN: 1646-107X [email protected] Desafio Singular - Unipessoal, Lda Portugal Pereira, L.M.; Silva, L.P.; Souza Neto, G.J.; Silva, M.P.; Nascimento, V.A. O lazer no orçamento participativo Motricidade, vol. 8, núm. Supl. 2, 2012, pp. 279-288 Desafio Singular - Unipessoal, Lda Vila Real, Portugal Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=273023568034 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Page 1: O lazer no orçamento participativo

Motricidade

ISSN: 1646-107X

[email protected]

Desafio Singular - Unipessoal, Lda

Portugal

Pereira, L.M.; Silva, L.P.; Souza Neto, G.J.; Silva, M.P.; Nascimento, V.A.

O lazer no orçamento participativo

Motricidade, vol. 8, núm. Supl. 2, 2012, pp. 279-288

Desafio Singular - Unipessoal, Lda

Vila Real, Portugal

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=273023568034

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Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Motricidade © FTCD/FIP-MOC 2012, vol. 8, n. S2, pp. 279-288 Suplemento do 1º EIPEPS

O lazer no orçamento participativo The leisure in participatory budget

L.M. Pereira, L.P. Silva, G.J. Souza Neto, M.P. Silva, V.A. Nascimento ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE

RESUMO O lazer é um dos componentes responsáveis pelo desenvolvimento social, podendo comprometer-se com intervenções políticas, que tanto podem perpetuar as circunstâncias sociais de desigualdade, como contribuir para o desenvolvimento pessoal. Como direito social constitucional, o lazer deve ser oportunizado a todos, pois pode ser instrumento real de crescimento e transformação. Para isso são necessárias políticas públicas que democratizem seu acesso e construam espaços de sociabilidade. Este artigo teve como objetivo discutir a reivindicação da população por políticas públicas de lazer a partir de dados do orçamento participativo na cidade de Montes Claros-MG no ano de 2007. A análise desses dados permitiu investigar o lugar do lazer no conjunto das reivindicações populares por melhores condições de vida e problematizar como essa questão integra as relações sociais e políticas que se estabeleceram no município nas últimas décadas, período de descentralização política administrativa com emergência de uma sociedade civil mais vigorosa, bem como dos chamados novos movimentos sociais. Neste sentido, foi possível apontar que o lazer ocupa um espaço pouco prioritário nas demandas populares, bem como uma centralização dos interesses físicos do lazer. Por fim, pôde-se constatar que, no direcionamento da coleta de dados com fins à elaboração do Orçamento Participativo, por parte do poder público local, fica pouco explícita a metodologia de aplicação do mesmo. Essa fragilidade de critérios acaba, por vezes, fazendo com que a subjetividade dos agentes envolvidos no processo possa vir a mascarar o que de fato interessa e importa para o conjunto da população na sua realidade. Palavras-chave: lazer, políticas públicas, orçamento participativo

ABSTRACT Leisure is one of the aspects responsible for social development. It can be related to political interventions that can perpetuate unevenness social circumstances as well as allow building of personal development. As a social constitutional right, leisure has to be given as an opportunity for everyone, as it can be a real instrument of growth and transformation. For this to happen public politics are necessary to democratize its access and to build socializing places. This paper had the goal of debating the population claims for public politics of leisure from de participative budget data in the city of Montes Claros – MG on the year of 2007. The analysis of this data allowed the investigation of the place of leisure in the most popular claims for better life conditions and render problematic as how this matter aggregates the social and political relations that were established in the city over the last decades, in a period of political decentralization in administration with the rising of a civil society more vigorous, likewise the rising of the new social movements. In this sense, it was possible to point out that leisure has little space in popular demands, as well as the centralization of physical aspects of leisure. At last, it could be observed that in gathering data pointing to elaborate the participative budget, done by the local public power, the methodology of applying it was not explicit. This fragile criterion ends, many times, in allowing the disguising in the subjectivity of the people involved in the process of what interests and matters to the group of population of its reality. Keywords: leisure, public politics, participative budget

Submetido: 01.08.2011 | Aceite: 14.09.2011

Laurindo Mékie Pereira, Luciano Pereira da Silva, Georgino Jorge de Souza Neto e Vinícius Amarante Nascimento. Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, Brasil.

Márcia Pereira da Silva. Universidade Estadual Paulista, São Paulo, Brasil. Endereço para correspondência: Laurindo Mékie Pereira, Universidade Estadual de Montes Claros, Departamento

de HIstória, Av. Professor Ruy Braga, s/n - Vila Mauricéia, CEP: 39400-000 - Montes Claros, MG - Brasil. E-mail: [email protected]

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Nos últimos anos, a constituição de uma política pública ampliada aos múltiplos atores da esfera social tem balizado muitas das ações na esfera do poder público institucionalizado. Nesta perspetiva, compreender os meandros conceituais do termo “política pública” contri-bui para a proposição deste debate. No enten-der de Amaral (2004, p. 183), uma política pública representa “[...] toda atividade política que tem como objetivo específico assegurar, mediante a intervenção do Estado, o funcio-namento harmonioso da sociedade, suplan-tando conflitos e garantindo a manutenção do sistema vigente”.

No entanto, esse nos parece um conceito limitado, circunscrito à lógica tradicionalista de compreensão do processo. À intervenção do Estado, uma série de fatores interage, plural e dinamicamente. Sujeitos, territorialidades, in-teresses, dentre outros, impactam a formulação de toda política pública. Assim, cabe a consi-deração de Teixeira (2002, p. 02), que aponta: "...as políticas públicas traduzem, no seu processo de elaboração e implantação e, sobretudo, em seus resultados, formas de exercício do poder político, envolvendo a distribuição e redistribuição de poder, o papel do conflito social nos processos de decisão, a repartição de custos e benefícios sociais. Como o poder é uma relação social que envolve vários atores com projetos e interesses diferenciados e até contraditórios, há necessidade de mediações sociais e institucionais, para que se possa obter um mínimo de consenso e, assim, as políticas públicas possam ser legitimadas e obter eficácia."

Neste sentido, o Orçamento Participativo (OP) surge como uma importante tentativa de inclusão e participação social na determinação das políticas públicas locais. A primeira expe-riência de implantação de um orçamento parti-cipativo no Brasil ocorreu em Porto Alegre, em 1989, na primeira gestão do Partido dos Traba-lhadores. A presença do PT à frente do exe-cutivo municipal e a proposta do OP são indi-cativas de uma nova fase que se iniciava na política brasileira (Vitale, 2004).

A década de 1980 havia sido marcada por importantes transformações. Entre essas, pode-se citar o fim do Regime Militar, a pro-mulgação da Constituição de 1988 e a reali-zação de eleições diretas para presidente da República em 1989, 28 anos após a eleição de Jânio Quadros em 1961. No plano interna-cional, o socialismo real se desagregava, arras-tando consigo os projetos de mudanças estru-turais ainda esposados por partidos de esquer-da em diferentes partes do globo. No Brasil, a redemocratização, consolidada do ponto de vista formal em 1988 com a nova Constituição, seguiu-se a trágica “experiência Collor”. Os anos 90 deram o start do neoliberalismo no país.

Entre os anos de 1988 e 1990 dois modelos político-econômicos se apresentavam ao Brasil: um em que o Estado asseguraria direitos sociais importantes e condições de cidadania, e outro no qual o máximo possível de relações fossem reguladas pelo mercado.

Recém havia sido concluída, sem ruturas, a transição do regime militar à democracia, culminando com a promulgação da nova Constituição Federal. Coroava-se assim um processo no qual a sociedade civil contrapôs ao regime ditatorial e construiu espaços de participação, seja através de eleições, de reconquista de liberdades fundamentais como a de imprensa, ou através de eleições, sua auto-organização em sindicatos, associações e movimentos sociais. Em especial durante o processo constituinte, alguns segmentos da sociedade foram exitosos em seu propósito de inscrever no texto constitucional um vasto conjunto de pleitos que, a seu juízo, seriam direitos dos cidadãos face ao estado (Sobottka, 2004, p. 96). Os movimentos populares, her-deiros ou não dos grupos que se opuseram aos governos militares imediatamente anteriores no comando da nação, associados à Consti-tuição democrática que se anunciava, fizeram com que o final da década de 1980 parecesse realizar o conjunto dos três direitos pertinentes à cidadania (individuais, políticos e sociais) num curto espaço de tempo.

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Nas eleições de 1988 e 1989 enfrentaram-se os adeptos da interferência estatal na ampliação dos direitos sociais e os que defendiam a democracia liberal com base na livre negociação e mercado. Em 1988 muitos grupos considerados de esquerda ascenderam na política de diferentes estados brasileiros; em 1989 a vitória de Collor de Mello consolidou a vitória liberal, pelo menos na esfera federal.

Foi nesse contexto que apareceu o Orça-mento Participativo. Antes da derrota na elei-ção presidencial de 1989, partidos de esquerda ganharam eleições municipais em São Paulo, Porto Alegre e em outras cidades.

Conforme mencionado no início deste texto, foi justamente em Porto Alegre a pri-meira experiência de OP no Brasil. Muitas se seguiram. Em 2001, o Orçamento Participativo estava em vigor e/ou em implantação em mais de cem municípios brasileiros, incluindo Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo e Belém, essas cidades com mais de um milhão de brasileiros (Wampler, 2003).

O modelo de gestão participativa que se desenhou no Rio Grande do Sul, em fins da década de 1980, apresentava-se como uma alternativa frente à ofensiva neoliberal do período.

O OP, observa Laranjeira (1996), é a mate-rialização (ou a tentativa) de formulações teó-ricas que acreditam na mudança social de forma permanente e cumulativa e não por ruturas. Esta perspetiva ganhou força à medida que entravam em crise os modelos estruturais de explicação da sociedade e de transformação social, a exemplo do desenvolvimentismo dos anos 1950-1980 (Beilschowsky, 1996) e das propostas autointituladas marxistas.

Essa nova perspetiva é tributária também de um novo entendimento da relação entre Estado e sociedade civil e de uma nova formu-lação do conceito de democracia. No primeiro caso, valorizam-se as organizações da socie-dade civil, retirando, parcialmente, a excessiva centralidade do Estado no processo social e político; no segundo caso, projeta-se uma cidadania ampliada, o que significa, concreta-

mente, uma participação que vai além dos procedimentos convencionais da democracia representativa (Laranjeira, 1996).

Na opinião de Sabottka (2004, p.95), o Orçamento Participativo pode ser discutido de várias formas, entre elas pelo duplo sentido de ser uma possível “via legal para a conquista de direitos sociais de cidadania” ao mesmo tempo em que serve de “instrumento político dos gestores em busca de legitimidade”.

Dessa forma, faz sentido a tese de Genro (1997), quando o mesmo afirma o caráter de transformação social do OP. Acredita-se que, apesar de todas as observações e críticas que a ideia possa merecer, no âmbito de sua concretude ou de sua intenção, a mesma tem propiciado debate acerca da importância das conceções populares sobre e para a política, da legitimidade do poder e da democracia. O Orçamento Participativo tem também impli-cado em diferentes possibilidades de inserção popular na administração local. E isso, inde-pendentemente do resultado (sabe-se que algumas experiências foram mais bem suce-didas que outras) é sempre positivo no que tange à democracia enquanto processo.

Do ponto de vista mais prático, o OP teria, em tese, quatro grandes implicações: 1) demo-cratiza algo fundamental que é aplicação dos recursos públicos, 2) desmonta o mito do saber burocrático, técnico e impessoal, 3) rom-pe com as práticas clientelísticas na distri-buição dos recursos e 4) inverte prioridades, beneficiando a população de baixa renda (Laranjeira, 1996).

Todavia, a implementação do Orçamento Participativo apresenta vários problemas. Entre eles, destacam-se: a) sua limitação a um percentual pequeno do orçamento geral; b) as deficiências nas organizações da sociedade civil; c) as indefinições teóricas e práticas desta nova democracia/cidadania e os consequentes conflitos entre instituições como a Câmara Municipal e as associações de moradores e seus representantes; d) os conflitos políticos ine-rentes a toda administração (Laranjeira, 1996) e) o risco de confusão entre partido e Estado

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(instituições públicas municipais, no caso) e de reprodução das velhas práticas de cooptação e clientelismo entre prefeito/vice-prefeito e representantes populares no OP (Rosenfield, 2002).

Neste conjunto de aspetos, o lazer emerge como fundamental direito dos sujeitos sociais. Assim, as políticas públicas devem olhar para as vivências do tempo disponível como importante espaço de desenvolvimento pessoal e social. Como expressa Ribeiro (1998, p. 42), "...no campo do lazer a questão não é diferente de outras áreas, pois as políticas são concebidas no intuito de estabelecer padrões de decisões, aplicando-os aos tipos de situações consideradas singulares. Ela é o fruto do entendimento e ascensão de determinada filosofia que estabelece princípios com a finalidade determinar diretrizes orientadoras expressas através do regulamento para atingir metas e objetivos pré-estabelecidos."

Este artigo tem como objetivo analisar o espaço ocupado pelo lazer no conjunto das reivindicações populares na experiência do Orçamento Participativo na cidade de Montes Claros/MG. Partimos do princípio de que o estabelecimento, pela população, de ações relacionadas ao lazer como prioritárias ou não contribui para elucidar o papel que este fenômeno assume na vida cotidiana das pessoas e nas relações sociais da localidade em estudo.

MÉTODO

Nesta pesquisa foram analisados dados do Orçamento Participativo do município norte mineiro de Montes Claros do ano de 2007. Os dados foram acessados pela consulta a docu-mento produzido pela administração municipal que não chegou a ser publicado.

Em Montes Claros, o OP foi implantado como parte de um projeto mais amplo de admi-nistração participativa que se autointitulava Governança Solidária (Pereira, 2008). A vitória eleitoral da aliança Partido Popular Socialista-PPS/Partido dos Trabalhadores-PT foi um fato inédito na história do município. Nas palavras

de Rudá Ricci “a vitória de uma coligação de esquerda” [em um] “tradicional reduto do con-servadorismo clientelista mineiro (...) foi uma das grandes surpresas das eleições municipais de 2004” (Ricci, 2007, p. 1).

O Orçamento Participativo reuniu dados de 159 bairros, distribuídos em 12 pólos adminis-trativos: Centro (14 bairros), Cintra (12 bair-ros), Delfino Magalhães (14 bairros), Indepen-dência (13 bairros), JK (14 bairros), Major Prates (15 bairros), Maracanã (14 bairros), Re-nascença (7 bairros), Santos Reis (20 bairros), Vila Oliveira (12 bairros), S. Judas (15 bairros) e Alto São João (9 bairros).

A pesquisa teve caráter bibliográfico asso-ciado à pesquisa com fontes primárias. No caso do documento analisado (Orçamento Partici-pativo) trata-se de uma fonte primária oficial, pois o grupo que o produziu estava no coman-do das ações políticas municipais.

Mesmo que o Orçamento Participativo objetive expressar manifestações da população em geral, quem produz o documento é o grupo dirigente da urbe. Portanto, na análise desenvolvida neste trabalho os autores detiveram-se às vozes do corpus documental, ou seja, consideraram o grupo que é o objeto do documento e a intencionalidade dos sujeitos que o produziram. Assim, não se trata de tomar o dito/escrito como verdadeiro, mas de levar em conta a subjetividade do método.

RESULTADOS

A quantidade de demandas levantadas nas reuniões do OP por bairro varia de um mínimo de 3 a um máximo de 18. Os dados levantados são apresentados em 4 Tabelas. A Tabela 1 apresenta os bairros em que não houve nenhuma referência ao lazer nas reuniões do Orçamento Participativo. Lista também a quantidade de prioridades apontadas pelos moradores. Embora os organizadores do OP desejassem a organização dos dados em apenas três itens prioritários, em diversos casos, a lista é extensa. Essa falta de padronização im-possibilita uma análise mais apurada de ques-tões fundamentais, como a metodologia ado-

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Tabela 1. Bairros sem nenhuma referência ao lazer

Pólo Quantidade de

bairros Bairro

Quantidade de prioridades

Centro 5 Sagrada Família, Cidade S. Maria, Cândida Câmara, Roxo Verde, Centro

3

Cintra 5

Cintra 7

Vila São Luís, Vila Sr. do Bom Fim, 3

Monte Alegre 5

Nossa Sra. de Fátima 6

Delfino Magalhães

7 Jardim Palmeiras, Vila Fênix, Novo Delfino, Vila Anália, S.Antonio II, Jardim Olímpico, S. Lúcia

3

Alto da Boa Vista 8

Independência 6 S. Lúcia II, Regina Peres, Carmelo I, Interlagos, S. Laura, Parque Pampulha

3

Monte Carmelo II, Acácias, Vila Real, 5

JK 6

São Lourenço 4

Universitário, S. Lucas, 5

Jaraguá I, Jaraguá II, Village do Lago III 3

Major Prates 5 Mangues 5

Morada da Serra, Condomínio Serrano, Chácaras Paraíso, Jardim S. Geraldo

3

Maracanã 6

Itatiaia, Maracanã, 3

Vila Campos, Alterosa, 9

Vila Greice 6

Ciro dos Anjos 7

Renascença 6 Renascença, Floresta, Tancredo Neves, Raul José Pereira, Santa Cecília, Vila Tiradentes,

3

Santos Reis 9

Vila Atlântida, Vila Áurea II 4

Vila Cedro, Vila Antonio Narciso 7

Vila Castelo Branco 5

Cidade Industrial, 9

S. Lourenço, 3

S. Eugenia, Bela Vista 6

Alto S. João 4

Alcides Rabelo, Vila Tupã 3

Esplanada 10

Vila Marciano Simões 11

São Judas 5

Morrinhos, Vila Luiza 3

Dr. João Alves 4

Conjunto Havaí 6

S. Judas II 10

Vila Oliveira 6 Vila Mauriceia, Ibituruna, Vila Oliveira II, Corredor do Pequi, Todos os Santos, Vila Oliveira I,

3

Nota: Total de 70 bairros; Fonte: Prefeitura Municipal de Montes Claros (2007) - Orçamento Participativo. Montes Claros

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Tabela 2. O lazer no Orçamento Participativo de Montes Claros - 2007

Nível de prioridade

Quantidade de bairros

Bairros

1 13 Funcionários, S. José, Jardim América, Ipiranga, Planalto II, JK, João Botelho, Cristo Rei, Morada do Sol, Augusta Mota, Melo, S. Norberto, Nova Morada.

2 21

S. Expedito, Vila Brasília, Vila Três Irmãs, Vila João Gordo, Guarujá, S. Rafaela, Jardim Alvorada, Nova América, Clarice Atayde, Alice Maia, Sumaré, S. Judas, Antonio Canelas, Veneza Park, Chiquinho Guimarães, Morada do Parque, S. Luiz, Carmelo, Clarindo Lopes, Panorama I e Panorama II

3 25

Delfino Magalhães, Vila Camilo Prates, Colorado, S. Antonio I, Vila Sion, Duque de Caxias, S. Geraldo, Canelas II, Condomínio Pai João, N. S. Aparecida, Amazonas, Jardim Eldorado, Vila Alice, Barcelona Park, Vila Guilhermina, Alto S. João, Cidade Cristo Rei, S. Rita 1, S. Rita II, Francisco Peres, Antonio Pimenta, Jardim Liberdade, José Carlos de Lima, Maria Cândida e Cidade Nova

Nota: Fonte: Prefeitura Municipal de Montes Claros (2007) - Orçamento Participativo. Montes Claros

tada, a dinâmica do processo e a consequente tomada de decisões, deixando a impressão de que, na realidade, a determinação das prio-ridades pôde também estar circunscrita ao subjetivismo daqueles que estavam à frente das ações. A Tabela 2 identifica os bairros em que o lazer apareceu como prioridade 1, 2 ou 3, apontando, de acordo com classificação adota-da pela equipe executora do Orçamento Parti-cipativo, o nível de prioridade (1 para prio-ridade principal). A Tabela 3 informa as de-mandas na área do lazer nos bairros em que este conteúdo foi prioridade (independente do nível 1, 2 ou 3). Por fim, a Tabela 4 apresenta os equipamentos requeridos pela população para vivência do lazer nos bairros em que o conteúdo lazer foi estabelecido como prio-ridade principal (1).

DISCUSSÃO

Apesar de suas vicissitudes, o OP de Montes Claros reflete, em alguma medida, as demandas da sociedade local. Afinal, o Orça-mento Participativo “foi fundado, em parte, como uma esfera institucional capaz de estender os direitos social, político e civil dos cidadãos” (Wampler, 2003, p.57). Para fazê-lo, o OP tinha que contar com significativa

capacidade de organização da administração local para consultar a sociedade em geral. Muito embora a própria consulta e o trata-mento dos dados com ela obtido também comportem determinada dose de dirigismo, é inegável que esta iniciativa informa muito sobre conceções populares de variadas coisas, entre elas o lazer.

Vale apontar para a relação existente entre o levantamento das demandas produzidas no campo do lazer e alguns dos seus aspetos conceituais − barreiras sociais −, conceito am-plamente discutido por autores como Dumaze-dier (1999) e Marcellino (1996). Várias das reivindicações surgem no sentido de superar as muitas dificuldades e/ou impedimentos viven-ciados pelo conjunto da população no seu cotidiano. A construção/revitalização de espa-ços de lazer pode ser interpretada como uma possibilidade de diminuição da violência, à medida que a ocupação do território gera uma maior sensação de segurança. Em outro senti-do, a conservação/manutenção dos vários equi-pamentos públicos de lazer também pode contribuir para o ultrapassar de muitas barrei-ras, haja visto que a qualidade destes equipa-mentos interfere diretamente na sua apro-priação (ou não) pela comunidade.

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Tabela 3. Demandas na área de lazer - Orçamento Participativo de 2007

Demanda Quantidade de bairros

Bairros

Praça (construção/

melhoramento) 21

Vila João Gordo, Santa Rita I, Clarindo Lopes, Santa Rita II, Francisco Peres, Vila Camilo Prates, Colorado, São José, Jardim América, Jardim Liberdade, Canelas II, Morada do Sol, Morada do Parque, Nova Morada, Jardim Eldorado, Vila Alice, Cidade Cristo-Rei, Antônio Pimenta, Maria Cândida, S. Norberto, S. Luiz

Quadras (construção/

melhoramento) 16

Vila Guilhermina, Vila Brasília, Vila Três Irmãs, Ipiranga, Jardim Alvorada, Delfino Magalhães, S. Antonio I, Carmelo, JK, S. Rafaela, Alto S. João, S. Judas, Antonio Canelas, Melo, Panorama I, S. Expedito

Praça com quadra (construção/

melhoramento) 9

Amazonas, José Carlos de Lima, Planalto II, Nova América, Clarice Atayde, Alice Maia, Cristo Rei, Cidade Nova, Panorama II,

Campo (construção/

melhoramento) 3 Guarujá, Chiquinho Guimarães, Augusta Mota (retirada do campo)

“Espaço/área de lazer”

5 Funcionários, Veneza Park, Condomínio Pai João, N. S. Aparecida, Barcelona Park,

Parques 2 Joao Botelho, Sumaré

Arborização 1 S. Geraldo

Centro de Convívio

2 Vila Sion, Duque de Caxias

Nota: Fonte: Prefeitura Municipal de Montes Claros (2007) - Orçamento Participativo. Montes Claros

Tabela 4. Equipamentos requeridos quando o lazer é prioridade número 1

Demanda Quantidade de bairros Bairros

Quadra 3 Ipiranga, JK, Melo

Campo 1 Augusta Mota (retirada do campo)

Praça 5 São José, Jardim América, Morado do Sol, S. Norberto, Nova Morada

Praça com quadra

2 Planalto II, Cristo Rei

“Espaço/área de lazer”

1 Funcionários

Parque 1 João Botelho Nota: Fonte: Prefeitura Municipal de Montes Claros (2007) - Orçamento Participativo. Montes Claros

Em 70 dos 159 bairros pesquisados não há

sequer uma reivindicação relacionada ao lazer. Esta ausência é mais notável nos bairros Vila Campos, Alterosa, Vila Marciano Simões, São Judas II, Esplanada e Cidade Industrial, todos com lista de prioridades igual ou superior a nove, como se pode ver pela Tabela 1.

Embora o lazer esteja vinculado a outras áreas, a exemplo da segurança, da educação e da infraestrutura urbana, as demandas relacio-nadas a temas como asfaltamento, iluminação de ruas e praças, canalização e urbanização de córregos e rios, construção de igrejas e sedes de associações, não foram computados entre os

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casos em que o lazer é prioridade. Mesmo que a realização desses investimentos estabeleça alguma relação com o lazer, este não parece ser a sua motivação principal. A preocupação com a segurança é, possivelmente, a razão primeira de se reivindicar a iluminação de uma rua e/ou praça, por exemplo. No bairro Maracanã, esta reivindicação aparece com prioridade 3 e é justificada sob o argumento de que “a Ilumi-nação da Praça (...) está precária e está aconte-cendo muitos atos ruins” (Prefeitura Municipal de Montes Claros, 2007). De modo seme-lhante, a canalização e urbanização de um córrego, embora possa transformar as suas margens em um local para o lazer, reflete a preocupação primária com saúde e/ou sanea-mento básico. Além disso, na própria classifi-cação feita pelos elaboradores do OP estas demandas não são enquadradas como da área de lazer.

Em 55.9% (89) dos bairros o lazer é pelo menos citado. Porém, os organizadores do OP colocam em destaque as três primeiras deman-das, tratando-as como prioritárias, razão pela qual elas são privilegiadas nesta análise. Conforme dados da Tabela 2, dos bairros em que o lazer aparece como prioridade 1, 2 e 3 totaliza 59 bairros, perfazendo 37%, do total de 159 bairros em que foram coletados os dados do OP. Todavia, este percentual deve ser visto com cautela. Uma análise mais cuidadosa dos dados do OP é necessária para se obter uma compreensão mais precisa.

O OP, ainda que sendo um legítimo meca-nismo de consulta popular para construção do orçamento, não garante que as demandas apontadas serão atendidas. Além disso, a escassez de recursos públicos, seja alegada ou real, permite afirmar que a maior parte das reivindicações não será contemplada, gerando uma lacuna entre as proposições elencadas e a efetivação das mesmas. Assim, o mais seguro seria atentar para os bairros em que o lazer aparece como a prioridade número 1, porque este dado indica a necessidade máxima da população, ou a perceção mais aflorada da mesma. Neste caso, os 13 bairros que apon-

taram o lazer como prioridade número 1 correspondem a apenas 8% do total.

Cumpre assinalar, também, que destes 13 bairros, quatro apresentam situações muito específicas. Nos bairros São Norberto e Melo aparecem como prioridade maior, respetiva-mente, a construção da Praça Ubaldino Assis e a revitalização/iluminação da quadra poliespor-tiva. Em ambos os casos a obra está relaciona-da à motivação religiosa. A praça é localizada em frente à Igreja Rosa Mística. Os melhora-mentos na quadra são justificados sob o argumento de que “haverá todos os meses missa campal realizada pela paróquia Rosa Mística no local” (Prefeitura Municipal de Montes Claros, 2007). Já no Bairro Funcio-nários há um grande espaço utilizado como depósito pela Companhia Energética de Minas Gerais-CEMIG. Reivindica-se a transformação desta área em um centro “para lazer, saúde e segurança” (Prefeitura Municipal de Montes Claros, 2007). Nestes três casos, embora esteja presente, o lazer está fortemente associado, senão subordinado, a demanda de outra ordem como saúde, segurança e religião. Por fim, no bairro Augusta Mota, a prioridade numero 1 é a retirada de um campo de futebol. Em outros termos, a extinção de um espaço para o lazer.

Diante destes dados, duas inferências são possíveis: 1) o lazer está presente entre as preocupações dos moradores de 37% dos bairros pesquisados e 2) apesar disso, consi-derando-se as ponderações feitas, a prioridade concreta ao lazer corresponde a menos de 8% dos casos.

A análise específica das reivindicações classificadas genericamente como lazer indica quais os conteúdos prevalecentes nas deman-das aferidas junto à população, como indica a Tabela 3. Há bairros em que, em virtude do tamanho e da proximidade, as reuniões do OP ocorreram de forma conjunta. Assim, uma mesma quadra pode ser a reivindicação de dois ou três bairros. O mesmo ocorre quanto ao Parque das Mangabeiras, demanda comum dos bairros João Botelho e Sumaré. Assim, a segunda coluna da Tabela 3 se refere à

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quantidade de bairros que reivindicam este equipamento e não à quantidade de equipa-mentos a serem construídos e/ou reformados.

Todos os equipamentos requeridos pela população podem servir à realização de dife-rentes atividades e, neste sentido, é difícil precisar qual é o conteúdo de lazer que deter-mina as escolhas. As praças, por exemplo, podem servir para eventos sociais, caminhada, leitura, etc.

Porém, o grande número de bairros que requerem “quadra”, “campo” e “praça com quadra” revelam uma preocupação explícita com atividades físico-esportivas. Juntos, estes itens correspondem a 27 bairros ou 45.7% do total de casos em que o lazer é apontado como prioridade (não incluindo o bairro Augusta Mota cuja demanda é a retirada de um campo de futebol). A associação entre lazer e esporte indicada por estes dados de Montes Claros é também existente em âmbito nacional, como afirma Castellani Filho (2001, p. 129). Apesar de problemática, esta associação é reforçada pela própria organização institucional, haja vista a existência de secretarias de “esporte e lazer” e o fato de que este setor foi entregue, no Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ao Ministério do Esporte (Castellani Filho, 2001), dificultando a abordagem do lazer em um perspetiva intersetorial e transversal como recomendam estudiosos do assunto (Meni-cucci, 2001).

Um índice semelhante aparece quando se analisa os equipamentos reivindicados pelos bairros que apontaram o lazer como prioridade número 1 (Tabela 4). Mais uma vez, as ativida-des esportivas são expressivas. A soma dos itens “quadra” e “praça com quadra” (5) equivale a 41.6% do total (12), desconside-rando-se, nestes cálculos, o caso específico do bairro Augusta Mota.

Ao estabelecer a relação lazer-esporte, a população também privilegia os jovens como o público que, preferencialmente, promove/usu-frui/pratica o lazer. Os resultados do OP, embora sejam dados resumidos e por vezes meramente estatísticos, revelam esta cultura.

Mesmo quando não se reivindica quadras e campos, o aspeto em análise está presente. Em alguns casos, como nos bairros Nossa Senhora Aparecida e Condomínio Pai João, solicitam-se ao poder público municipal “prever e elaborar projeto de espaços para área de lazer para os jovens” (Prefeitura Municipal de Montes Claros, 2007). A demanda do bairro Alice Maia é mais abrangente, mas também nela, o espor-te e os jovens parecem predominar: “Constru-ção de Praça com Quadra, parquinho e que possa ser um centro de referência do esporte na região, congregando crianças, jovens, ado-lescentes e adultos para atividades culturais e desportivas.” (Prefeitura Municipal de Montes Claros, 2007).

Discutir se o Orçamento Participativo real-mente dá frutos no sentido de representar a gerência do Estado, oportunizando os direitos políticos e sociais da cidadania, significa ponderar até que ponto proteger/garantir as liberdades individuais que, no limite, abarcam também a liberdade de oposição ao governo e à ordem, então instituídas. A palavra democracia parece ser o cerne dos debates sobre o Orçamento Participativo. Como lembra Fábio Orsi (2001, p.1) o Orçamento Participativo pretende “ser um instrumento de democrati-zação, ou seja, assegurar a participação direta da população na definição das principais priori-dades para os investimentos públicos”.

De qualquer modo, na medida em que incentiva a população em geral a participar, ou meramente discutir a aplicação de recursos municipais, é obvio que o OP lança novas luzes na construção da cidadania entre os brasileiros. Não por acaso, trata-se de uma iniciativa do Partido dos Trabalhadores, embora tenha sido reproduzida em administração de outros partidos a ponto de se pretender, hoje, desvin-cular o OP do PT.

Agradecimentos: Nada a declarar.

Conflito de Interesses: Nada a declarar.

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Financiamento: Nada a declarar.

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