O JULGAMENTO DO HOMEM E O JULGAMENTO DE DEUS

“Visto como não se executa logo

a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens

está inteiramente disposto a praticar o mal”

– Eclesiastes 8.11.

Introdução

O texto em apreço fala que, nesta vida, há acontecimentos que, a primeira vista, são

identificados como consequências injustas, ilógicas. Tem gente que faz o bem e recebe o mal, enquanto há outros que, fazendo o mal, recebem o bem. A estas coisas o autor chama de

“vaidade”. Mas há algo que ele percebe nitidamente nos fatos da vida. Existem PRINCÍPIOS que vão além das considerações e deduções humanas, princípios esses que são inegociáveis, intocáveis. É

algo que ele chama de “certeza” – “... eu sei com certeza...” (v. 12). Ele sabe, no fundo do seu coração, que Deus julgará a todos com justiça, com imparcialidade. Pagará com o mal a quem

fez o mal e com o bem a quem fez o bem. Paulo, na carta aos Romanos, explicita isso: “[Deus dará] a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e

incorruptibilidade; mas ira e indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça” (Romanos 2.7,8). O mundo não está entregue à sua própria sorte: existe um governo celestial que monitora todas

as coisas. Isaías, no sexto capítulo de seu livro, viu claramente isso. Deus estava assentado no Seu trono, ainda que o trono de Judá (reino do sul) estivesse desocupado. O mundo foi dado

aos homens (Salmo 115.16), mas não pertence a ele. Deus criou todas as coisas e tem direito sobre todas elas. Aquilo que os homens fazem está sendo visto pelo Senhor, não importa quem seja, onde esteja

e o que quer que faça ou deixe de fazer. Tudo está sendo registrado e um dia há de ser revelado (Apocalipse 20.12).

Todo mundo peca, ele diz. Até mesmo os justos (7.20). E todos, tanto justos como injustos, são punidos por Deus. A intenção de Deus em punir o homem não se baseia em alguma má intenção, porque Deus é bom e não há nele treva (pecado) nenhuma. O Seu desejo é que o

transgressor se arrependa e se converta dos seus maus caminhos e viva uma vida de justiça, a fim de que não morra.

Nesta oportunidade, nós vamos pensar um pouco, com base neste texto, sobre como devemos tratar o pecado e a forma como Deus age na nossa hesitação e incapacidade de tratar o pecado à altura. VERDADES essenciais sobre como lidar com o problema do pecado:

1. Há dentro do coração humano tendências ou pendores ou inclinações malignos

dispostos a irem tão longe quanto possível – “... o coração dos filhos dos homens ESTÁ INTEIRAMENTE DISPOSTO A PRATICAR O MAL”. Veja o que o Senhor falou a respeito dos construtores da torre de Babel: “Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição [limite,

barreira, oposição] para tudo que intentam fazer” (Gênesis 11.6). O mesmo desejo que havia no coração de Lúcifer, também está no coração do homem: ser semelhante ao Altíssimo (Isaías

14.14). Não é à toa que Jesus disse que o mentiroso é filho do diabo (João 8.44), que quem pratica a injustiça (o pecado) procede do diabo (1 João 3.8a) e que a introdução do pecado no mundo (Romanos 5.12) e os seus efeitos sobre a criação são “as obras do diabo” (1 João 3.8b).

2. O pecado precisa ser tratado desde o começo, na sua raiz – “... visto como NÃO SE

EXECUTA LOGO a sentença sobre a má obra...”. Todos sabemos que, na vida, existem situações que devem ser previstas. Devemos nos preparar para nos prevenirmos de acidentes futuros.

Isso, até certo ponto, fazemos o tempo todo. A mãe do recém-nascido vive, tanto quanto

possível, de olhos atentos sobre a criança imprevisível. Dentro de uma empresa, há constantes reuniões ou encontros, a fim de que os funcionários sejam instruídos quanto ao comportamento

que devem ter, com o propósito de evitarem acidentes e situações que vão prejudicar o andamento de todas as coisas. Na Eletrotécnica, existe uma disciplina chamada Manutenção Elétrica Industrial, onde se aprende sobre a manutenção elétrica preditiva, que tem, dentre os

seus muitos objetivos, “DETERMINAR ANTECIPADAMENTE quando será necessário realizar serviços de manutenção numa peça específica de um equipamento”. Jesus disse que devemos

“vigiar e orar, a fim de não cairmos em tentação”. O salmista Davi orou: “Põe guarda, SENHOR, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios” (Salmo 141.3). Há outras orações feitas por muitos servos de Deus, quanto à necessidade de nos guardarmos e sermos guardados por Deus

de tropeços futuros. Veja Provérbios 4.23-27, por exemplo. Paulo diz que devemos nos examinarmos e nos julgarmos a nós mesmos (1 Co 11.28, 31). Veja

a oração de Davi no Salmo 139.23,24. 3. Nenhuma transgressão que qualquer ser cometa ficará sem punição: Deus julga o

ímpio e ao justo. O propósito dele para ambos é a salvação – “Visto como não SE EXECUTA LOGO A SENTENÇA sobre a má obra...”. O autor diz que Deus não vai ficar passivo

ou indiferente a qualquer coisa que o homem faça. Paulo confirma isso, como já vimos. O conhecido ditado: “Aqui se faz, aqui se paga” é parcialmente verdade. Há coisas que aqui são

feitas e semeadas que aqui são julgadas e colhidas. Muitos estão presos nas cadeias e nos presídios porque têm que pagar aqui, por exemplo. Paulo disse que muitos estão fracos e

doentes porque pecam e não se arrependem ou se arrependem muito tarde (1 Co 11.30). Ele também diz que muitos são disciplinados pelo Senhor aqui (v. 32) para não serem condenados. Na primeira carta aos Coríntios, cap. 5, Paulo julga, junto com a igreja, uma pessoa que havia

pecado entregando-a a Satanás “para a destruição na carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor [Jesus]” (v. 5).

Conclusão

Este texto é claro o suficiente para nos mostrar que a forma como devemos tratar o pecado

deve ser séria, devido às consequências e dores que ele pode nos trazer. Vigiemos,pois, e oremos, a fim de não cairmos em tentação.