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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI PRÓ-REITORIA DE ENSINO - PROEN CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS – CEJURPS CURSO DE DIREITO – NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA O IPTU NO ATUAL SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL MARCELO NICOLÁS AYALA FÉRES Itajaí (SC), 30 de maio de 2008.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI PRÓ-REITORIA DE ENSINO - PROEN CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS – CEJURPS CURSO DE DIREITO – NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

O IPTU NO ATUAL SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

MARCELO NICOLÁS AYALA FÉRES

Itajaí (SC), 30 de maio de 2008.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI PRÓ-REITORIA DE ENSINO - PROEN CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS – CEJURPS CURSO DE DIREITO – NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

O IPTU NO ATUAL SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

MARCELO NICOLÁS AYALA FÉRES

Monografia submetida à

Universidade do Vale do Itajaí –

UNIVALI, como requisito parcial à

obtenção do grau de Bacharel

em Direito.

Orientador: Professor MSc. Leonardo Matioda

Itajaí (SC), 30 de maio de 2008.

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Agradeço à:

Leonardo Matioda,

Andreas Eisele,

Janaína C. Gomes Gurevich,

Gérson Hélio da Cruz,

Cassiano Darif Zago,

Mayla Regina Rathje,

Natan Ben-Hur Braga,

Maurício José da Silva e

Eduardo de Mello e Souza.

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do

Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI,

elaborada pelo graduando Marcelo Nicolás Ayala Féres, sob

o título O IPTU NO ATUAL SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL, foi

submetida em ........ de .................... de 2008 à Banca

Examinadora composta pelos seguintes Professores: .................

(Orientador e Presidente da Banca) e Msc. ......................

(Membro) e aprovada com a nota ............. (_________).

Itajaí (SC), ....... de maio de 2008.

Prof. ....................... Coordenação de Monografia

Prof. ......................... Orientador e Presidente da Banca

Prof. ......................... Membro(a) da Banca

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DECLARAÇÃO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que

assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico

conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí - UNIVALI, a Coordenação do Curso de Direito,

a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer

responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí (SC), ....... de maio de 2008.

Marcelo Nicolás Ayala Féres Graduando

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ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Art. – Artigo

CC – Código Civil

CF – Constituição Federal

CRFB – Constituição da República Federativa do Brasil

CTN – Código Tributário Nacional

IE – Imposto sobre a exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados

II – Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros

IOF – Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro ou relativas a títulos ou valores imobiliários

IPI – Imposto sobre produtos industrializados

IPTU – Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana

STF – Supremo Tribunal Federal

STJ – Superior Tribunal de Justiça

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ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias1 que o Autor considera

estratégicas à compreensão do seu trabalho, com seus

respectivos conceitos operacionais2.

Alíquota:

Alíquota “é o percentual incidente sobre a

base de cálculo [...]”. [HARADA, 2002, p. 427]

Base de Cálculo:

A base de cálculo do tributo representa “[...]

legalmente o valor grandeza ou expressão numérica da

situação ou essência do fato gerador e sobre a qual se há de

aplicar a alíquota”. [NOGUEIRA, 1999. p. 148. ]

Competência Tributária:

É a palavra capacidade juridicamente

estabelecida de criar normas jurídicas como parcela do

poder de tributar conferida pela Constituição a cada ente

político para criar tributos. [FERRAZ JÚNIOR, 1992. p. 11-12]

[ROSA JUNIOR, 2005. p. 257]

Direito Civil:

“O direito civil é, no campo do direito privado,

o direito comum que preside as relações entre particulares,

1 “Categoria é a palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou expressão de uma

idéia”. PASOLD, César Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias úteis para o pesquisador do Direito. Florianópolis: OAB/SC, 2002. p. 40.

2 “Conceito operacional [=cop] é uma definição para uma palavra e/ou expressão, com o desejo de que ta definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos.” PASOLD, César Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias úteis para o pesquisador do Direito. p. 40.

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regendo-as sempre que não caiam sob o domínio de uma lei

especial.” [WALD, p. 15]

Fato Gerador:

“Fato gerador é a concretização da Hipótese

de Incidência, ou seja, é o acontecimento, no mundo dos

fatos, daquela hipótese prevista em lei.” [MATIODA, 2004.p.18]

Hipótese de Incidência:

“É a previsão legal abstrata do fato que

gerará a obrigação de pagar tributo.” [DIFINI, 2005. p. 191]

Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana:

O imposto, de competência dos Municípios,

sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como

fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem

imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na

lei civil, localizado na zona urbana do Município. [Art. 32, CTN]

Proprietário:

O proprietário tem a faculdade de usar, gozar

e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem

quer que injustamente a possua ou detenha. [Art. 1.228, CC]

Sistema Tributário Nacional:

O Sistema Tributário Nacional é o conjunto de

normas coordenadas entre si e subordinadas aos princípios

tributários que são coerentes e harmônicos entre si. [SOUZA,

2006. p. 2.]

Sujeito ativo:

Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica

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ix

de direito público, titular da competência para exigir o seu

cumprimento. [Art. 119, CTN]

Sujeito Passivo:

“Sujeito passivo da obrigação tributária é a

pessoa, natural ou jurídica, obrigada, em função da

legislação, a prestar, ao sujeito ativo, o objeto da obrigação”

[DIFINI, p. 210.]

Valor Venal:

O valor venal é o valor que o imóvel

alcançará para compra e venda à vista, segundo as

condições de mercado de imóveis. [BALEEIRO, p. 248]

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x

SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................... XII

INTRODUÇÃO.........................................................................................................1

Capítulo 1.............................................................................

O ATUAL SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL................................................

1.1 SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO.....................................3

1.3.1 Delimitação e Princípios .............................................................................5

1.2 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL NO CTN ...................................................12

1.3 TRIBUTO...........................................................................................................14

1.3.1 Classificação dos Tributos ........................................................................23

1.3.2 Espécies de Tributos ..................................................................................25

1.4 IMPOSTOS.......................................................................................................30

Capítulo 2..............................................................................

O IPTU ..............................................................................

3.1 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA...........................................................................31

3.2 HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA .............................................................................37

3.2.1 Propriedade................................................................................................39

3.2.2 Posse ...........................................................................................................42

3.2.2 Domínio útil.................................................................................................46

3.2.4 Bem imóvel.................................................................................................47

3.2.5 Zona urbana...............................................................................................50

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3.3 FATO GERADOR.............................................................................................52

3.4 BASE DE CÁLCULO.........................................................................................54

3.5 ALÍQUOTA ......................................................................................................56

3.6 LANÇAMENTO ...............................................................................................57

3.8 SUJEITO ATIVO ...............................................................................................58

3.9 SUJEITO PASSIVO...........................................................................................59

REFERÊNCIAS DAS FONTES CITADAS ..................................................................64

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RESUMO

O imposto sobre a propriedade predial e

territorial urbana incide sobre a propriedade, posse e domínio

útil de imóvel localizado na zona urbana. Por esta razão cabe

ao Direito Civil a conceituação desses institutos privados. O

CTN é categórico neste sentido. Portanto será um erro

daquele que procurar buscar a conceituação de

propriedade, posse, domínio útil e bem imóvel em qualquer

fonte que não seja o Direito Civil. Apesar de num primeiro

momento parecer estranho, essa “importação” de conceitos

do Direito Civil, está em total consonância dentro do Sistema

Tributário Nacional. Este sistema, assim o é chamado pois seus

elementos (normas) são coordenados entre si formando um

conjunto organizado que obedece à princípios não

contraditórios entre si. Esse próprio sistema prevê a

possibilidade de aplicação de normas de outros ramos.

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INTRODUÇÃO

Não seria penoso compilar abundante

material e fazer uma monografia de grosso volume, a

transpirar erudição. Contudo, o resultado seria o mais das

vezes indigesto. Por esta razão, a exposição procurará ser

sucinta. Todo o esforço se empregará para conseguir uma

condensação que não sacrifique o essencial. No mesmo

sentido que Orlando Gomes expôs em prefácio à sua obra

Direitos Reais3, esta monografia procurará reproduzir a

intenção de seu estilo: síntese e clareza serão os pólos de uma

preocupação obsessiva na elaboração do trabalho. Talvez,

pretensioso será o intento de esboçar, em poucas linhas, o

perfil e a expressão dos institutos sistematizados. Contudo, a

chance de escrever algo que outras pessoas e,

principalmente, o próprio autor consigam entender,

incentivam a ousadia.

O objeto da pesquisa é o Imposto sobre a

Propriedade Predial e Territorial Urbana, tendo em vista o

atual Sistema Tributário Nacional. O objetivo institucional desta

pesquisa é a produção de monografia para a obtenção do

requisito necessário à conclusão do curso de bacharel em

Direito, por esta Universidade. O Objetivo geral é a

investigação do Imposto sobre a Propriedade Predial e

Territorial Urbana sintetizando com precisão e clareza os

elementos imprescindíveis à sua compreensão.

A pesquisa se encerra com as considerações

3 Extraído do prefácio de Orlando Gomes, in Direitos Reais. Rio de Janeiro: Forense, 2005.

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finais, onde são apresentados pontos conclusivos, conforme a

bibliografia utilizada ao longo da pesquisa, sobre a

Propriedade Predial e Territorial Urbana no sistema tributário

brasileiro, inserido no Sistema Tributário Nacional.

Quanto à metodologia empregada, registra-

se que na fase de investigação foi utilizado o Método

Indutivo, na fase de tratamento de dados o Método

Cartesiano Indutivo e o relatório dos resultados expresso na

presente monografia é composto na base lógica Indutiva.

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3

Capítulo 1

O ATUAL SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

1.1 SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO

Sistema é um conjunto ordenado de

elementos segundo uma perspectiva unitária.4

Um sistema caracteriza-se pela reunião

coordenada e lógica de princípios ou idéias. Um sistema

somente pode ser assim designado se, seus elementos

coordenados entre si funcionam como estrutura organizada.

Havendo a inter-relação das partes,

elementos ou unidades que fazem funcionar uma estrutura

organizada estamos diante de um sistema.

Por esta razão, o direito tributário brasileiro

está organizado num sistema, porque suas normas estão

coordenadas entre si e há uma subordinação a princípios

coerentes e harmônicos. 5

Assim, o Sistema Tributário Nacional é o

conjunto normas tributárias coordenadas entre si e

subordinadas há princípios coerentes e harmônicos entre si.

O fato de assim estar organizado é deveras

importante no momento da interpretação de suas normas e

4 TERAN, Juan Manuel. Filosofia del derecho. México: Porrúa, 1952. p. 146. 5 SOUZA, Hamilton Dias de. Comentários ao Código Tributário Nacional. São Paulo:

Saraiva, 2006. p. 2.

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institutos, pois num sistema as normas devem ser interpretadas

em atenção para o contexto, nenhuma deve ser interpretada

isoladamente.6

Os sistemas tributários podem ser classificados

em rígidos e flexíveis, dependendo da partilha tributária ser

exaustiva ou não.

Um exemplo de sistema jurídico-tributário

flexível pode ser encontrado na Constituição norte-

americana:

Um exemplo de sistema jurídico-tributário flexível – quanto aos impostos – é encontrado na Constituição norte-americana, em que não há quaisquer proibições no exercício da competência tributária, ressalvadas aquelas fixadas na própria Constituição, podendo os Estados criar impostos idênticos exigíveis dos mesmos contribuintes. 7

No Brasil o sistema tributário é rígido, quanto

aos tributos em geral, porque a Constituição Federal (CF)

relaciona um a um todos os impostos e contribuições que as

pessoas políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios)

podem, nas suas competências privativas, instituir e exigir dos

respectivos contribuintes. 8

E completa defendendo que há rigidez no 6 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. São Paulo: Malheiros, 2006. p. 105. 7 CASSONE, Vittorio. Direito tributário: fundamentos constitucionais da tributação,

definição de tributos e suas espécies, conceito e classificação dos impostos, doutrina, prática e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 2007. p. 4.

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sistema devido também aos princípios que limitam o poder de

tributar desse sistema:

Se vê que a rigidez abarca não somente a exaustividade dos impostos constitucionalmente previstos, mas também a previsão, pela CF, de princípios que limitam o poder de tributar. 9

1.3.1 Delimitação e Princípios

Na Constituição é feita a delimitação do que

cabe a cada parte do Sistema e a exposição dos princípios

aos quais estão atreladas as normas (que são os elementos

do conjunto ordenado).

Nos artigos 145 e seguintes, a CF informa os

princípios e regras gerais a serem seguidas:

TÍTULO VI -DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO

Capítulo I - DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

Seção I -DOS PRINCÍPIOS GERAIS

Um dos princípios que o constituinte originário

definiu é o de que os tributos são somente os que nele [no

8 CASSONE, Vittorio. Direito tributário: fundamentos constitucionais da tributação,

definição de tributos e suas espécies, conceito e classificação dos impostos, doutrina, prática e jurisprudência. p. 3-4.

9 CASSONE, Vittorio. Direito tributário: fundamentos constitucionais da tributação, definição de tributos e suas espécies, conceito e classificação dos impostos, doutrina, prática e jurisprudência. p. 3-4.

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sistema tributário nacional] estão previstos.10

E em seu artigo 146 delimita o que cabe à lei

complementar (leia-se, Código Tributário Nacional):

Art. 146. Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. (CRFB).

CASSONE defende que a hierarquisação e

definição da distribuição de competências, além da

observância necessária aos princípios, caracterizam nosso

sistema:

Esse mundo jurídico-tributário é constituído, no seu ápice, pela Constituição Federal, que contém todos os princípios jurídico-tributários como, por exemplo, o princípio da igualdade, da legalidade (o tributo só pode ser exigido por meio de lei), o da capacidade contributiva, o da competência tributária privativa e assim por diante. Na CF,

10 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 91.

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portanto, encontramos os fundamentos maiores, denominados princípios. Logo abaixo da Constituição temos o Código Tributário Nacional (CTN), que contém as normas gerais aplicáveis à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, pertinentes aos tributos, fixando os fatos geradores e seus principais aspectos. Na hierarquia inferior temos as normas ordinárias que constituem as leis Ordinárias (da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, dependendo da competência tributária), que criam os tributos, vinculando efetivamente os contribuintes. Finalmente vêm os atos legais chamados executórios (porque tornam exeqüíveis as leis ordinárias), como os Decretos (expedidos pelos chefes dos Poderes Executivos), as Portarias (expedidas pelos ministros e secretários de Governo), as Instruções Normativas, Ordens de Serviço etc. (expedidas pelos chefes das repartições), e que são denominadas de atos legais, porque não podem dispor diversamente do previsto nas leis. 11

Enfim a Constituição Federal informa os

princípios ou regras a seguir, o CTN trata das normas gerais, e

a lei ordinária, como norma, viabiliza tais princípios e regras,

estabelecendo detalhadamente as obrigações e os direitos

dos contribuintes.

Dentre os princípios previstos na Carta Magna

de 1988, podemos mencionar o da Legalidade, Isonomia,

Irretroatividade e Anterioridade.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,

11 CASSONE, Vittorio. Direito tributário: fundamentos constitucionais da tributação,

definição de tributos e suas espécies, conceito e classificação dos impostos, doutrina, prática e jurisprudência. p. 4.

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aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

Os entes tributantes só poderão criar ou

aumentar um tributo por meio de lei. As leis exsurgem das

“casas” legislativas. Em princípio o Poder Executivo não cria

tributos, contudo há quatro tipos de impostos que poderão ter

suas alíquotas majoradas por ato do Poder Executivo: imposto

de importação, imposto de exportação, o IPI e o IOF. A

emenda constitucional n.º 33/2001 trouxe a lume mais dois

casos de exceções ao Princípio da Legalidade, abrindo

espaço à determinação de alíquotas por ato do Poder

Executivo: CIDE, ICMS serviços combustíveis.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;

Aja vista a trajetória política delineada no País

nas últimas décadas, marcadas pelo regime militar, quando,

lamentavelmente, se puderam verificar inúmeras

“desigualdades tributárias”. Tais desnivelamentos se

traduziram em atitudes discriminatórias de concessão de

privilégios ou “liberdades” a destinatários predeterminados,

conforme o cargo ou ofício que se exerciam, aberração essa

que se pretende evitar na atualidade, como se nota da

dicção do art. 150, II, da CF/88 – Princípio da Igualdade

Tributária.

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Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

III - cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;

A lei deve abranger fatos geradores

posteriores à sua edição, uma vez que sua eficácia é

prospectiva. Não deve, assim, voltar-se no intuito de abranger

situações pretéritas, sob pena de se verificar uma

retroatividade, cujo postulado pretende evitar.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

III - cobrar tributos:

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;

O mencionado artigo determina que os entes

tributantes (União, Estados, Municipais e Distrito Federal) não

podem cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que

tenha sido publicada a lei. Tal previsão procurar oportunizar

ao contribuinte que se “prepare” para o evento compulsório

da tributação, quer arrebanhando recursos a serem

entregues à Fazenda arrecadadora, quer se valendo de

consulta a um advogado especializado, que poderá lhe

ofertar meios lícitos de se furtar da tributação, costeando-a,

isto é, utilizando formas de elisão fiscal.

Na Constituição Federal também está

prevista a limitação ao poder de tributar conhecida por

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Imunidade.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

III - cobrar tributos:

VI - instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

b) templos de qualquer culto;

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.

§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou

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11

pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.

§ 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

§ 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g.

Imunidade é o instituto de sede constitucional

que materializa uma dispensa constitucional de pagamento

de tributo. Imunidade, isenção e não-incidência são coisas

diferentes.

Não-incidência é a ausência de subsunção

do fato imponível ao conceito descrito na hipótese de

incidência, ou seja, o acontecimento, fático não corresponde

à descrição legal com perfeição; faltam elementos para a

tipicidade.

Isenção é um favor legal consubstanciado na

dispensa de pagamento de tributo devido, isto é, a

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12

autoridade legislativa evita que o sujeito passivo da

obrigação tributária se submeta ao tributo. Portanto, evita-se

o lançamento.

Imunidade é uma não-incidência

constitucionalmente qualificada. É o obstáculo, decorrente

de regra da Constituição, à incidência de tributos sobre

determinados fatos ou situações.

1.2 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL NO CTN

Mesmo que anterior à atual Constituição

Federal, o legislador infraconstitucional de 1966, agiu em

consonância com o mencionado art. 146 da CF, e, através da

Lei nº 5.172 [CTN], regulou as características deste sistema,

principalmente no decorrer dos 95 artigos do Livro Primeiro:

LIVRO PRIMEIRO - SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

TÍTULO I - Disposições Gerais

TÍTULO II - Competência Tributária

TÍTULO III - Impostos

CAPÍTULO III – Impostos sobre o Patrimônio e a Renda

SEÇÃO II - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana

TÍTULO IV - Taxas

TÍTULO V - Contribuição de Melhoria

TÍTULO VI - Distribuições de Receitas Tributárias

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13

No Livro Segundo, o CTN estabeleceu as

normas gerais de direito tributário, conforme o comando

também do mencionado artigo da Constituição:

LIVRO SEGUNDO - NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO

TÍTULO I - Legislação Tributária

TÍTULO II - Obrigação Tributária

CAPÍTULO II - Fato Gerador

CAPÍTULO III - Sujeito Ativo

SEÇÃO III - Capacidade Tributária

CAPÍTULO V - Responsabilidade Tributária

TÍTULO III - Crédito Tributário

CAPÍTULO II - Constituição de Crédito Tributário

SEÇÃO I - Lançamento

SEÇÃO II - Modalidades de Lançamento

CAPÍTULO III - Suspensão do Crédito Tributário

CAPÍTULO IV - Extinção do Crédito Tributário

CAPÍTULO V - Exclusão de Crédito Tributário

CAPÍTULO VI - Garantias e Privilégios do Crédito Tributário

TÍTULO IV - Administração Tributária

CAPÍTULO I - Fiscalização

CAPÍTULO II - Dívida Ativa

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14

CAPÍTULO III - Certidões Negativas

Devido à diferença de quase 22 anos entre a

publicação do Código Tributário Nacional de 1966 e da

Constituição Federal de 1988, foi, na verdade, esta que

acabou por recepcionar aquele.

Portanto, conforme leitura conjunta dos

artigos 146 da Constituição Federal com os títulos, capítulos e

seções do Código Tributário Nacional, infere-se que a este

cabe a definição de tributos, suas espécies, dos respectivos

fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes, a feição da

obrigação, do lançamento, crédito, prescrição e decadência

tributários.

1.3 TRIBUTO

O conceito de tributo está previsto no art. 3º

do CTN:

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Do conceito legal, extraem-se seus seis

elementos indispensáveis que o compõe: (I) é prestação

pecuniária; (II) compulsória; (III) em moeda ou cujo valor nela

se possa exprimir; (IV) que não constitua sanção de ato ilícito;

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(V) instituída em lei; e (VI) cobrada mediante atividade

administrativa plenamente vinculada.

Prestação pecuniária significa que o

pagamento do tributo só pode ser feito através de pecúnia,

ou seja, dinheiro ou cheque. Em princípio, não há que se

admitir prestação diversa de dinheiro ou cheque, salvo a

dação em pagamento para bens imóveis.12

O tributo é compulsório, não há que se optar

pelo seu pagamento, mas a ele se submeter.

Dizer que o tributo é prestação compulsória

não quer dizer apenas que é obrigatório, significa que não

nasce de uma relação contratual, ou seja, na formação da

relação jurídica tributária o elemento volitivo não participa.

Para a exata compreensão da

compulsoriedade é necessário visualizá-lo pela distinção entre

as obrigações decorrentes da lei e as obrigações decorrentes

da vontade (facultativas):

A distinção essencial há de ser vista no momento do nascimento da obrigação, e não no momento de seu adimplemento. Por isso se explica a clássica divisão das obrigações em ex-lege, e contratuais. Esta deriva diretamente de contrato, aquela deriva diretamente da lei. É certo que as prestações contratuais também são obrigatórias, mas na prestação tributária a obrigatoriedade nasce diretamente da lei, sem que se interponha qualquer ato de vontade daquele que assume a obrigação. O dever de pagar tributo nasce

12 SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. São Paulo: Premier Máxima, 2006. p. 63-64.

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16

independente da vontade. 13 (grifei).

Assim, declarar que o tributo não é uma

prestação voluntária significa afirmar que não nasce de

nenhum ato de vontade. 14 Dizer que o tributo é compulsório,

é dizer que é forçado, que não nasce de uma escolha.

Em moeda ou cujo valor nela se possa

exprimir significa dizer que a prestação tributária há de ser

satisfeita, ordinariamente, mediante a entrega de dinheiro.

Mesmo com a alteração do CTN pela lei complementar

104/2001 que acrescentou o inciso da dação em pagamento

no art. 156, esta não constitui uma forma ordinária de

extinção do crédito tributário. 15

Tributo não é multa e multa não é tributo.

A multa é a reação do Direito ao

comportamento devido que não tenha sido realizado. É uma

sanção pelo descumprimento de uma obrigação. 16

O tributo também se distingue da multa por

ter como finalidade o suprimento de recursos financeiros de

que o Estado necessita, e por isso mesmo constitui uma

receita ordinária. Já a multa não tem por finalidade a

produção de receita pública, e sim desestimular o

comportamento que configura sua hipótese de incidência, e

por isto mesmo constitui uma receita extraordinária ou

13 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 77. 14 SOUZA, Hamilton Dias de. Comentários ao Código Tributário Nacional. p. 23. 15 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 78. 16 SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. p. 64.

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17

eventual. 17

O tributo se distingue da penalidade porque

esta tem como hipótese de incidência um ato ilícito,

enquanto a hipótese de incidência do tributo é sempre algo

lícito. 18 A lei não pode incluir na hipótese de incidência

tributária o elemento ilicitude. Ela não pode estabelecer

como necessária e suficiente à ocorrência da obrigação de

pagar um tributo uma situação que não seja lícita. Se assim o

fizer estará instituindo uma penalidade, não um tributo. 19

Todavia o fato gerador de tributo pode

ocorrer de circunstâncias ilícitas. Como por exemplo, o

imposto de renda: alguém que percebe rendimento de

exploração do lenocínio, casa de prostituição ou jogo de

azar. O tributo é devido. Ele é devido não porque incide sobre

a atividade ilícita, mas porque a hipótese de incidência do

tributo, no caso, que é a aquisição da disponibilidade

econômica ou jurídica de rendimentos, ocorreu. E isto é

suficiente. Nada mais se há de indagar para que se tenha o

fato gerador do tributo em questão. 20

MACHADO entende que há uma expressa

exceção ao disposto no art. 3º do CTN, pois defende que:

A atual Constituição Federal, entretanto, autoriza a instituição de um tributo que tem nítida natureza penal. É o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, progressivo no tempo, com a finalidade de obrigar o proprietário de solo urbano não edificado, subutilizado ou não

17 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 65. 18 SOUZA, Hamilton Dias de. Comentários ao Código Tributário Nacional. p. 25. 19 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 79.

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utilizado a promover o seu adequado aproveitamento (CF, art. 182. § 4º, II) [...] não se pode negar que ele autoriza um tributo punitivo. Sua validade pode ser sustentada com fundamento no art. 182, § 4º, II, da vigente CF, que expressamente autoriza essa forma de tributação pena. Nem é preciso dizer que a Constituição prevalece sobre o Código Tributário Nacional. 21

Somente a lei pode criar tributo.

Este preceito decorre do princípio da

legalidade22:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; (CRFB/88) (grifei).

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; (lei 5.172/66).

Ao se dizer que só é válida a criação do

tributo por lei nada significa se não se sabe o que é lei e o que

significa criar:

A palavra lei tem um sentido amplo e outro restrito. Lei, em sentido amplo, é qualquer ato jurídico que se compreenda no conceito de lei

20 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 79. 21 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 80.

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em sentido formal ou em sentido material. Já em sentido restrito só é lei aquela que o seja tanto em sentido formal como em sentido material. Em sentido formal, lei é o ato jurídico produzido pelo Poder competente para o exercício da função legislativa. Em sentido material, lei é o ato jurídico normativo, vale dizer, que contém uma regra de direito objetivo dotada de hipoteticidade. [...] é uma prescrição jurídica hipotética. É uma norma. Nem sempre as leis em sentido material são leis em sentido formal. 23

E criar, conforme o mesmo doutrinador,

significa:

Criar tributo é estabelecer todos os elementos de que necessita para saber se este existe, qual é o seu valor, quem deve pagar, quando e a quem deve ser pago.

Não basta que na lei esteja dito que o tributo

fica criado, é imprescindível estabelecer todos os seus

elementos essenciais (tudo deve estar na lei):

(a) a descrição do fato tributável; (b) a definição da base de cálculo e da alíquota, ou outro critério a ser utilizado para o estabelecimento do valor do tributo; (c) o critério para a identificação do sujeito passivo da obrigação tributária; (d) o sujeito ativo da relação tributária, se for diverso da pessoa jurídica da qual a lei seja expressão da

22 “Nenhum tributo pode ser criado, aumentado, reduzido ou extinto sem que o seja por

lei.” Hugo de Brito Machado in Curso de Direito tributário. p. 100. 23 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 97-98.

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20

vontade. 24

Desta forma, a lei instituidora do tributo há de

ser lei em sentido restrito e deverá conter seus elementos

essenciais. 25

A regra geral é de que a lei ordinária é o

instrumento hábil para a criação do tributo: Quando a

Constituição utiliza o termo “lei”, pura e simplesmente, sem

qualquer adjetivação, refere-se à lei ordinária, e não a lei

complementar. 26 Em casos especiais, expressamente

indicados na Constituição, o tributo só poderá ser criado por

lei complementar. 27

Tanto a criação como o aumento dependem

de lei.28 O tributo criado por lei só por lei pode ser aumentado.

A Constituição é explícita nesse sentido, como se extrai do art.

150, I; já exposto. A equiparação da exigência decorre do

fato que aumentar tributo é modificar lei que o criou, e uma

lei só por outra pode ser modificada. 29 O II, IE, IPI e o IOF, são

exceção à regra, pois poderão ter suas alíquotas majoradas

por Decreto Presidencial.

Em 2001, a emenda constitucional nº. 32,

passou a autorizar a possibilidade de se criar tributo no Brasil

por meio de Medida Provisória:

“Assim, no Pretório Excelso já encontra-se 24 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 57-58. 25 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 101. 26 SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. p. 117. 27 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 101. 28 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 57.

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pacificada a plena e legítima possibilidade de disciplinar matéria de natureza tributária por meio de medidas provisórias, que por previsão constitucional têm força de lei. A Emenda Constitucional n.° 32/01, seguindo essa orientação do STF, determinou possível a edição de medidas provisórias para instituição ou majoração de impostos, desde que respeitado o princípio da anterioridade. Observe-se, porém, que a atual redação do § 2.°, do art. 62, representou grande avanço em relação à posição jurisprudencial anterior, pois, enquanto o STF entendia satisfeito o princípio da anterioridade tributária desde que a primeira medida provisória que tratasse da instituição ou majoração de impostos tivesse sido editada no exercício financeiro anterior, a redação dada pela Emenda Constitucional n.° 32/01 exige que a medida provisória tenha sido convertida em lei até o último dia do exercício financeiro anterior, para que possa produzir efeitos.” (STF, Adin n.° 1.135-9/DF - Rel. p/Acórdão: Min. Sepúlveda Pertence, Diário da Justiça, Seção I, 5 dez 1997, p. 63.903).

Dizendo o CTN que o tributo há de ser

cobrado mediante atividade administrativa plenamente

vinculada, quer significar que a autoridade administrativa não

pode preencher com seu juízo pessoal, subjetivo, o campo de

indeterminação normativa, buscando realizar em cada caso

a finalidade da lei:

A lei deve ser minuciosa, traçando de antemão com rigor e objetividade os pressupostos para a prática dos atos e o conteúdo que estes devem ter. Deve descrever o fato gerador da obrigação

29 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 101.

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tributária, a base de cálculo, a alíquota, o prazo para o pagamento, os sujeitos da relação tributária e tudo mais. Ou seja nada fica a critério da autoridade administrativa. Quando a lei contenha indeterminações, devem estas ser preenchidas normativamente [...] pela edição de ato normativo. Assim a atividade de determinação e de cobrança do tributo será sempre vinculada a uma norma. Seja como for, qualquer vagüidade conceitual, qualquer indeterminação do texto da lei, deve ser superada pela autoridade administrativa mediante a edição de norma, de sorte a evitar a pluralidade de entendimentos por parte de diversos agentes. 30 (grifei).

A cobrança do tributo deve ser realizada

através do lançamento.

O lançamento será o instrumento capaz de

conferir ao Fisco a percepção do importe tributário a que tem

direito, em face da ocorrência do fato gerador que o

antecede. 31

Através do se confere a exigibilidade à

obrigação tributária, quantificando-a (aferição do quantum

debeatur) e qualificando-a (identificação do debeatur).32

O lançamento é ato administrativo vinculado:

A atividade administrativa pode ser classificada em arbitrária, discricionária e vinculada. Atividade arbitrária é aquela em cujo desempenho a

30 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 82. 31 SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. p. 213-214. 32 SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. p. 213-214.

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autoridade não sofre qualquer limite. Atividade discricionária é aquela em cujo desempenho a autoridade administrativa dispõe de liberdade para decidir sobre a conveniência e a oportunidade de agir e sobre como agir. Atividade vinculada é aquela em cujo desempenho a autoridade administrativa não goza de liberdade para apreciar a conveniência nem a oportunidade de agir. A lei não estabelece apenas um fim a ser alcançado, a forma a ser observada e a competência da autoridade para agir. Estabelece, além disso, o momento, vale dizer, o quando agir, e o conteúdo mesmo da atividade. Não deixa margem à apreciação da autoridade, que fica inteiramente vinculada ao comando legal. 33

Esclarecidos os elementos que compõe o

tributo, passamos a classificação das espécies de tributos que

existem no Brasil.

1.3.1 Classificação dos Tributos

Através de redação confeccionada em 1966,

o CTN classificou os tributos em três espécies: os tributos são

impostos, taxas e contribuições de melhoria (art. 5º).

A jurisprudência seguindo a doutrina34

dividem os tributos em cinco espécies: impostos, taxas,

contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e 33 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 80; e SOUZA, Hamilton Dias de.

Comentários ao Código Tributário Nacional. p. 28.

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contribuições parafiscais (ou sociais).

E há ainda, quem defenda que a Emenda

Constitucional nº. 39/2002, trazendo a baila a Contribuição de

Iluminação Pública (CIP), teria hexapartido a teoria, dada a

singularidade do tributo ora sugerido. 35

Quer sejam três, cinco ou seis, todos eles

estão previstos no texto legal da CRFB/88:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

I - impostos;

II – taxas [...]

III - contribuição de melhoria [...]

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios [...]

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas [...]

Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.

O que a lei não especifica é em quantas

espécies esses tributos podem ser classificados. Ao menos não

uma lei atual.

Independente do antigo texto de 1966 do 34 STJ, RREE 138.284-8, Rel. Min. Carlos Velloso, 146.733, ADC-1-DF; e também, SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário.

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25

CTN e da atual Constituição Federal não classificarem de

maneira explícita os tributos em cinco (ou seis) espécies, no

Brasil, o atual entendimento majoritário36 é o de que temos

cinco espécies de tributos: impostos, taxas, contribuições de

melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições

parafiscais. 37

1.3.2 Espécies de Tributos

Imposto é o tributo cuja obrigação tem por

fato gerador uma situação independente de qualquer

atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. (Art. 16

do CTN).

Do conceito legal, depreende-se que o fato

da cobrança do tributo independer de atividade estatal

específica é o que o diferencia das demais espécies.

Diz-se, por esta razão, que é uma cobrança

não vinculada. Não vinculada, nada tem a ver com atividade

administrativa não vinculada. 38

Taxa é o tributo que tem como fato gerador o

exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva

ou potencial, de serviço público específico e divisível,

prestado ao contribuinte como expressa a lei:

35 SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. p. 71-72. 36 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 84; SABBAG, Eduardo de

Moraes. Direito Tributário. p. 71-72; STJ, RREE 138.284-8, Rel. Min. Carlos Velloso; 146.733; ADC-1-DF.

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Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. (CTN).

Assim da definição de taxa, em

contraposição com as outras espécies de tributos, emana o

núcleo que deverá ter sua hipótese de incidência: ser devida

em virtude de um serviço ou atividade pública do Estado

para o contribuinte.

A Contribuição de melhoria é tributo cuja

obrigação tem como fato gerador a valorização de imóveis

decorrente de obra pública:

Art.145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. (CRFB/88).

Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. (CTN).

37 Contribuições parafiscais, contribuições sociais, contribuições especiais, etc. A doutrina

e a jurisprudência denominam as “contribuições sociais” de várias fomas, contudo, referem-se ao mesmo instituto.

38 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 91.

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Conforme SABBAG39, a Contribuição de

Melhoria é tributo bilateral, sinalagmático ou

contraprestacional:

O requisito essencial para a contribuição de melhoria é a valorização do imóvel que deve decorrer, inexoravelmente, de obra pública. A valoração decorrente da obra pública faz nascer o dever de pagar o tributo. Assim, o pagamento dela deve ser realizado somente após o termino da obra. Para tributação deve haver “valorização imobiliária”, e não mero “benefício”, (pois toda valorização gera um benefício, mas nem todo benefício gera uma valorização correspectiva, segundo o STF).

Enquanto a taxa está ligada ao exercício

regular do poder de polícia, ou a serviço público, a

contribuição de melhoria está ligada à realização de obra

pública. 40

Contribuições sociais são aquelas que a União

Federal institui com fundamento nos arts. 149 e 195 da CF/88:

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos

39 SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. p. 82-85. 40 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. p. 85.

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termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais.

As contribuições sociais (ou para-fiscais)

dividem-se em três subespécies: (I) as contribuições de

intervenção no domínio econômico, art. 149; (II) as

contribuições de interesse de categorias profissionais ou

econômicas, art. 149; e (III) as contribuições de seguridade

social, art. 195.

Os Empréstimos compulsórios estão previstos

no art. 148 da CF/88:

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

O empréstimo compulsório desfruta de total

autonomia com relação às demais espécies tributárias, com

as quais não se confunde, na medida que possui traço

distintivo genuíno: a restituibilidade. 41

41 SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. p. 86.

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A contribuição por iluminação pública está

prevista no art. 149 – A da CF/88:

Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.

Estas são as espécies de tributos previstos hoje

no Sistema Tributário Nacional.

Qualquer que seja o nome com o qual se

instituiu, a designação do tributo é irrelevante para qualificá-

lo. A identificação do tributo como espécie é determinada

pelo fato gerador da respectiva obrigação:

Art. 4º A natureza jurídica específica42 do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;

II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. (CTN).

Assim, se o legislador de um Estado criar um

tributo com nome de taxa, mas determinar que ele tem uma

base de cálculo própria de imposto, na verdade estará

criando imposto.43 Portanto, para sabermos se um tributo é

imposto, taxa ou contribuição de melhoria, não importa o

nome ou a destinação de sua arrecadação, mas sim o fato

42 “Natureza jurídica específica” quer dizer identificação como espécie. SOUZA, Hamilton

Dias de. Comentários ao Código Tributário Nacional. p. 29. 43 SOUZA, Hamilton Dias de. Comentários ao Código Tributário Nacional. p. 30.

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30

gerador respectivo.

1.4 IMPOSTOS

No Brasil, os Estados e municípios somente

poderão instituir os impostos que estão previstos na

Constituição Federal. Ou seja, numerus clausus44, somente

poderão ser criados os taxativamente estabelecidos na

Constituição.

No capítulo 2, passa-se à analise dos aspectos

do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana,

inserido dentro deste sistema delineado.

44 Tem o significado de numero fechado, ZENILDO BODNAR in Curso objetivo de direito de propriedade. Curitiba: Juruá, 2004. p. 19.

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Capítulo 2

O IPTU

3.1 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

A palavra competência pode ser definida em

Direito como a capacidade juridicamente estabelecida de

criar normas jurídicas. 45

Pode-se conceituar competência tributária

como sendo a parcela do poder de tributar conferida pela

Constituição a cada ente político para criar tributos. 46

Logo, competência tributária é a faculdade

constitucionalmente concedida para instituir e arrecadar

tributos. 47

Para ALEXANDRINO & PAULO48 a

competência tributária possui a seguinte definição:

Podemos, de forma simplificada, definir competência tributária como a atribuição ou o poder, diretamente haurido da Constituição, para editar leis que abstratamente instituam tributos. Somente têm competência tributária, em nosso país, as pessoas que possuem capacidade para legislar, ou seja, as denominadas pessoas políticas ou entes federados: União, Estados, DF e

45 FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Competência tributária Municipal. São Paulo, Resenha

Tributária, 1992. p. 11-12. 46 ROSA JUNIOR, Luiz Emygdio F. da. Manual de Direito Financeiro & Direito Tributário. Rio

de Janeiro: Renovar, 2005. p. 257. 47FURLAN, Valéria. Imposto Predial e Territorial Urbano. São Paulo: Malheiros Editores, 2004.

p. 41-42.

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Municípios.

Essa faculdade é concedida às pessoas que

gozam de autonomia política. No Brasil são a União, os

Estados-membros, Distrito Federal e Municípios:

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

Art. 21. Compete à União [...]

Art. 22. Compete privativamente à União legislar [...]

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente [...]

Art...25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem [...]

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica [...], votada [...] aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal [...] (CRFB/88).

A autonomia política manifesta-se na

capacidade atribuída a determinados entes de legislarem

sobre negócios seus, por meio de autoridades próprias. O

município goza de autonomia política tanto quanto os

Estados-membros e a própria União. 49

A autonomia política tributária resulta de

atribuições constitucionais (via normas de competência) que

outorgam ao Município capacidade de auto-organização (lei 48 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Tributário na Constituição e no STF. Rio

de Janeiro: Impetus Editora, 2002. p. 4-5.

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orgânica), de auto-governo (eletividade do Executivo), de

poder heterônomo (elaboração de leis municipais ou

capacidade normativa) e de auto-determinação

(capacidade de instituição de tributos, arrecadação e

aplicação: autonomia financeira). 50

A constituição Federal vigente atribuiu aos

Municípios esses elementos definidores da autonomia política

municipal, como se pode inferir do art. 29 (lei orgânica) e

incisos I e II (autoridades próprias), bem como do art. 30 e seus

incisos (assuntos de interesse local): 51

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: [...]

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;[...]

III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;

Art.156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

I - propriedade predial e territorial urbana;

Esta competência é indelegável e somente a

49 FURLAN, Valéria. Imposto Predial e Territorial Urbano. São Paulo: Malheiros Editores, 2004.

p. 41-42. 50 FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Competência tributária Municipal. p.11-12. 51 FURLAN, Valéria. Imposto Predial e Territorial Urbano. p. 41.

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possui quem pode legislar, vale repetir, as pessoas políticas:

O fato de pessoas jurídicas de direito público, como o INSS, poderem ser sujeitos ativos de relações jurídicas tributárias não confere a elas competência tributária. 52

A pessoa jurídica de direito público que

receba, da pessoa política competente, tais atribuições,

passa a ter capacidade tributária ativa, ou seja, está apta a

integrar a relação jurídica obrigacional tributária no pólo

ativo; como sujeito ativo da relação.

Assim, o legislador constituinte delineou o IPTU,

limitando-se somente a traçar sua regra-matriz, atribuir

competência ao Município para sua instituição e mencionar

critérios para a fixação de alíquotas.

A regra matriz do IPTU consiste na

circunstância de uma pessoa (física ou jurídica) ser

proprietária do imóvel (prédio ou terreno) urbano. De

conseguinte, atendidos os parâmetros constitucionais, tudo o

mais compete ao legislador municipal. 53

Ressalte-se, que a competência tributária não

se trata de faculdade de uso incondicional, devendo, ao

revés, ser observadas certas limitações constitucionais54,

como por exemplo, o Município não tem capacidade para

legislar sobre normas gerais de direito tributário ainda que de

52 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Tributário na Constituição e no STF. p.4-

5. 53 FURLAN, Valéria. Imposto Predial e Territorial Urbano. p. 44. 54 FURLAN, Valéria. Imposto Predial e Territorial Urbano. p. 43.

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incidência local. 55 Nesse âmbito sua competência nunca

deve ser concorrente, mas apenas suplementar quando

possível. Ou seja, não lhe cabe aperfeiçoar, por normas

especiais, a generalidade. 56

O papel da lei complementar é a expedição

de normas gerais de matéria tributária:

LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966. Denominado Código Tributário Nacional. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios.

O Código Tributário Nacional foi promulgado

como lei ordinária em 1966, sob o número 5.712.

Posteriormente, adquiriu status de lei

complementar.

Além do estabelecimento das normas gerais,

cabe também ao CTN (lei complementar), dispor sobre

conflitos de competência; regular as limitações

constitucionais ao poder de tributar; estabelecer normas

gerais em matéria de legislação tributária; a definição de

tributos e de suas espécies, dos respectivos fatos geradores,

bases de cálculo e contribuintes; a definição de obrigação,

lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; e,

estabelecer a definição e o adequado tratamento tributário

ao ato cooperativo praticado pelas sociedades

cooperativas, conforme art. 146 da CRFB/88, já mencionado 55 FURLAN, Valéria. Imposto Predial e Territorial Urbano. p. 43.

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36

no capítulo primeiro.

Assim, a lei complementar define o fato

gerador (ou a hipótese de incidência) de cada tributo. Vale

lembrar que sempre em obediência ao que já tiver sido

disposto na Constituição Federal a respeito do tributo.

Contudo tanto a Constituição como a lei

complementar não criam tributos, a CF apenas confere

competência às pessoas políticas para que estas os instituam

por meio de lei, regra geral lei ordinária:

Significa essa assertiva que o só fato de,

exemplificando, o ar 156, I, conceder aos Municípios

competência para instituir imposto sobre a propriedade

predial e territorial urbana não significa que qualquer

município, imediatamente, a partir da promulgação da

Constituição estivesse apto a cobrar o imposto. Faz-se sempre

imprescindível a edição pelo Poder Legislativo local de lei que

descreva todos os elementos jurídicos essenciais da exação,

podendo-se considerar como um mínimo essencial a

descrição abstrata do fato gerador da obrigação principal

(hipótese de incidência), a base de cálculo e as alíquotas

(salvo no caso dos tributos de valor fixo, como, por exemplo, o

ISS cobrado de profissionais liberais em alguns municípios), o

sujeito ativo e os sujeitos passivos. 57

Hipótese de incidência e fato gerador

possuem, tecnicamente, sentidos diversos. Nos próximos itens

passa-se a defini-los para diferenciá-los, sempre com vistas ao

56 FURLAN, Valéria. Imposto Predial e Territorial Urbano. p. 43. 57 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Tributário na Constituição e no STF.p.4-

5.

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IPTU.

3.2 HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA

A definição da palavra isolada hipótese

revela seu sentido de um acontecimento incerto, de algo que

eventualmente possa vir a acontecer.

Já incidência, é a ação ou qualidade de

incidir. Seu sentido revela o fato de recair sobre algo.

Como incidência é a ação ou qualidade de

recair sobre algo e esse algo será a hipótese prevista em lei,

por conseguinte hipótese de incidência é esse

“acontecimento eventual” sobre o qual irá “incidir” alguma

coisa (no presente caso um tributo). Portanto, se analisados,

apenas com o sentido isolado de cada uma das palavras, já

podemos chegar ao que significa incidência, a seguir passa-

se aos conceitos técnicos esboçados pela doutrina.

Tecnicamente, hipótese de incidência é a

previsão legal abstrata do fato que gerará a obrigação de

pagar tributo. 58

No Código Tributário Nacional o artigo 32

define a hipótese de incidência do IPTU, in verbis:

Art. 32. O imposto, de competência dos

58 DIFINI, Luiz Felipe Silveira. Manual de Direito Tributário. p. 191.

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Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.

Como a Constituição não cria tributos, mas

sim a lei promulgada pelo ente competente a título de

exemplo, reproduz-se o texto legal da Lei Complementar

20/2002 do Município de Itajaí/SC:

SeçãoI Da Incidência

Art. 5.º - O imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definida na lei civil, construído ou não, localizado na zona urbana do Município.59

Conforme extraí-se de sua leitura, referido

município reproduziu a hipótese de incidência prevista no

CTN.

O imposto sobre a propriedade predial e

territorial urbana incide sobre a propriedade, o domínio útil e

a posse.

O art.110 estabelece e o art. 32 confirma que

os conceitos de propriedade, posse, domínio útil, bem imóvel

59 Lei Complementar do Município de Itajaí nº 20 de 2002.

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e zona urbana devem ser os definidos no Direito Civil:

Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. (CTN).

Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. (CTN).

Por esta razão, faz-se necessária a

“importação” dos conceitos dados em Direito Civil a cada um

desses institutos.

3.2.1 Propriedade

O Código Civil brasileiro de 2002 não

conceitua a propriedade, limita-se a explicitar as faculdades

do proprietário:

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

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40

A propriedade é um direito eminentemente

patrimonial. É o mais amplo direito de utilização econômica

das coisas, direta ou indiretamente.

Contudo o exercício do direito de

propriedade, como de qualquer outro, está limitado ao fim

econômico ou social, sob pena de configurar a hipótese do

abuso previsto no art. 187 do Código Civil:

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

O objeto do direito de propriedade há de ser

coisa especificamente determinada.

O conceito de coisas está intimamente ligado

ao de bem. Por esta razão, é trata no subtítulo sobre o bem

imóvel.

A propriedade estende-se às partes

integrantes essenciais, isto é, às que não podem ser

separadas da coisa sem destruição ou deterioração.

Tudo quanto é incorporado

permanentemente ao solo, de modo que se não possa retirar

sem destruição, modificação, fratura ou dano ou

intencionalmente empregado no imóvel pelo proprietário em

sua exploração industrial, aformoseamento ou comodidade,

constitui parte integrante do bem principal.

A mais importante conseqüência desse

princípio é a de que as partes integrantes essenciais não

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podem ser objeto de propriedade distinta da que recai sobre

o bem.

Vigora, portanto o princípio da universalidade

do domínio. A propriedade recai em cada um dos bens que

as compõe. Há, portanto, tantos direitos de propriedade

quantos os bens.

A regra é a de que se presume feita pelo

proprietário, e à sua custa, toda construção ou plantação

existente em um terreno. Mas essa presunção admite prova

em contrário.

Contudo, atente-se que, no valor venal do

imóvel, não se considerando o valor venal dos bens móveis

mantidos em caráter permanente ou temporário no imóvel,

para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento

ou comodidade, conforme o art. 33 do CTN (que será

oportunamente analisado no item que trata da base de

cálculo do IPTU).

No Direito Civil a propriedade pode ser,

dentro outras classificações, dividida nas seguintes

modalidades: plena e restrita, originária e derivada.

É plena a propriedade quando todos os

direito elementares que a formam se acham reunidos na

pessoa do proprietário.

Por outro lado, a propriedade é restrita ou

limitada quando algum ou vários dos direitos elementares

dele estão destacados e atribuídos a outrem.

A propriedade pode ser adquirida

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originariamente ou derivada. A aquisição originária ocorre

quando o bem não é efetivamente transmitido por alguém

(acessão e usucapião); enquanto a aquisição derivada

decorre de transmissão por ato singular ou universal do

domínio (direito hereditário ou transcrição). 60

Por último, esclarecemos que o documento

que prova a propriedade no atual Direito Brasileiro é o último

registro constante na matrícula do registro de imóveis.

3.2.2 Posse

A posse deflui do conceito de possuidor,

como sendo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou

não, de algum dos poderes inerentes à propriedade (art.

1.196 do Código Civil), o que não ocorre com o mero

detentor, que, achando-se em relação de dependência para

com outro conserva a posse em nome deste e em

cumprimento de ordens ou instruções suas (art. 1.198, Código

Civil). 61

É controvertida a consideração da posse

como fato gerador do IPTU, pois, se de um lado se

compreende tratar de situação nitidamente distinta da

propriedade (materialidade prevista na CF), em razão de

inocorrer o domínio do imóvel, implicando a ampliação da 60 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. Porto Alegre: Livraria do

Advogado, 2007. p. 264.

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competência municipal por norma infraconstitucional (art.

32); de outro, é justificável a tipificação como fato gerador no

caso da posse ad usucapionem (atendimento a requisitos

que possibilitem postular o domínio). 62

Antes de tentar conceituar a posse, é

necessária menção às duas teorias majoritárias que procuram

fixar sua noção.

Deu um lado temos a teoria subjetiva, que se

deve a Savigny. Do outro, a teoria objetiva, de autoria de R.

Von Ihering. 63

O Código Civil de 2002 segue a linha da

teoria objetiva. 64

O ponto de partida da teoria objetiva de

Ihering pode ser resumido na seguinte sentença: só há posse

onde pode haver propriedade. 65

Na concepção de Ihering (doutrina objetiva)

não se exige que o possuidor tenha animus domini. 66

Assim, na linha da teoria objetiva, posse é a

condição de utilização econômica da propriedade.

A posse pode ser subdividida em: direta ou

indireta; justa ou injusta; originária ou derivada.

Posse direta é a que tem o não-proprietário a

61 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. p. 261. 62 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. p. 261. 63 GOMES, Orlando. Direitos Reais. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 29. 64 GOMES, Orlando. Direitos Reais. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 29. 65 GOMES, Orlando. Direitos Reais. p. 36. 66 GOMES, Orlando. Direitos Reais. p. 37.

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quem cabe o exercício de uma das faculdades do domínio,

por força de obrigação, ou direito.

Posse indireta é aquela que o proprietário

conserva quando se demite, temporariamente, de um dos

direitos elementares do domínio, cedido a outrem seu

exercício.

São Pressupostos da posse indireta: (I) que a

posse direta se encontre na posse de outrem; (II) que entre os

dois possuidores vigore relação jurídica de que derive o

desdobramento da posse.

Quanto ao modo de aquisição da posse

também pode ser classificada em originária ou derivada.

Adquire-se a posse de modo originário,

quando não há consentimento de possuidor precedente.

Adquire-se a posse por modo derivado

quando há consentimento de precedente possuidor.

E o modo de aquisição derivado pode,

ainda, ser subdividido da seguinte forma: (I) pela própria

pessoa que a pretende; (II) pelo seu representante ou

procurador; (III) por terceiro, sem procuração.

As maneiras (I) e (II) são auto-explicativas.

Quanto ao terceiro modo, apesar de num primeiro momento

parecer discutível sua consecução, ele é destinado aos casos

em que o terceiro sem procuração adquire, mas

posteriormente é feita a ratificação.

Atribui-se a qualidade de justa ou injusta à

posse, dependendo da forma de sua aquisição.

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Quando é o proprietário mesmo quem

transfere a outrem o seu poder de fato sobre a coisa, o

possuidor tem sobre ela a posse justa.

Posse justa é aquela cuja aquisição não

repugna ao Direito. Se foi adquirida por um dos modos

admitidos na lei, a posse terá esse predicado. Justa é toda

posse cuja aquisição for conforme o direito.

Ou seja, a posse é justa quando isenta de

vícios originais. Os vícios objetivos que maculam a posse são:

a violência, a clandestinidade e a precariedade.

Para o ser justa, tem ainda que ser pública e

contínua, para que o interessado [verdadeiro possuidor]

possa opor-se a que continue a ser exercida por aquele que

se apresenta como legítimo possuidor.

Posse injusta será aquela que se adquire pela

presença de um dos vícios objetivos.

Para a teoria objetiva da posse de Ihering,

adotada pelo código civil só há posse onde pode haver

propriedade. O que importa é o uso econômico das coisas.

Adotando-se o critério da destinação econômica das coisas,

será fácil reconhecer a existência da posse.67

Um dos mais importantes efeitos resultantes

da posse é o direito de usucapir, pois a usucapião supõe a

posse continuada.

Usucapir é adquirir a propriedade pela posse

67 GOMES, Orlando. Direitos Reais. p. 36.

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continuada durante certo tempo. Mais precisamente pela

posse continuada durante certo lapso de tempo, com os

requisitos estabelecidos na lei.

Na usucapião o proprietário perde o domínio

porque o adquire o possuidor. De fato, usucapião é um

modo de aquisição da propriedade por via do qual o

possuidor se torna proprietário.

3.2.2 Domínio útil

Domínio útil traduz-se no direito de usufruir do

imóvel da forma mais ampla possível, podendo inclusive,

transmiti-lo a terceiro, a título oneroso ou gratuito. 68

O domínio útil compreende os direitos de

utilização e disposição, inclusive o de alienação, conferidos

ao foreiro, relativamente a prédio enfitêutico; contrapondo-se

ao “domínio direto” (restrito à substância do bem).

O caso do contrato de concessão de uso

(negócio jurídico bilateral de natureza pessoal), para fins

tributários, não se equipara ao domínio útil de bem, não

caracterizando expressão de animus dominis. Não exterioriza

propriedade, nem abre espaço para se considerar o

cessionário como possuidor, em razão do que não se

considera como contribuinte do IPTU do imóvel que ocupa. 69

A enfiteuse (aforamento ou aprazamento) 68 FURLAN, Valéria. Imposto Predial e Territorial Urbano. p. 67.

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constituía um direito real sobre coisa alheia, significando a

atribuição do proprietário (senhorio direto) a outrem do

domínio útil do imóvel (terras não-cultivadas, terrenos

destinados à edificação, terrenos de marinha e acrescidos),

mediante o recebimento de pensão, ou foro, anual, certo e

invariável, por parte daquele que o adquire (enfiteuta), nos

termos dos arts. 678 e 680 do antigo Código Civil. 70

Apesar de o vigente Código Civil (Lei Federal

10.406, de 10.1.02) ter proibido a constituição de enfiteuses e

subenfiteuses (art. 2.038), sendo substituídos pelo direito de

superfície (art. 1.369), permanece o direito adquirido às

enfiteuses em vigor, aplicando-se os decorrentes efeitos

fiscais. 71

Distingue-se do domínio direto, por meio do

qual a pessoa mantém para si apenas a substância da coisa,

não, porém, suas utilidades. 72

Quem revela a capacidade econômica é o

detentor do domínio útil, pois como vimos no item a respeito

da posse, o Código Civil, adotou a teoria objetiva de Iherig,

na qual o elemento precípuo para a caracterização da posse

será o elemento econômico em relação ao bem.

3.2.4 Bem imóvel

69 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. p. 260. 70 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. p. 260. 71 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. p. 260. 72 FURLAN, Valéria. Imposto Predial e Territorial Urbano. p. 50.

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O próprio Código Civil prevê o que é bem

imóvel:

Seção I

Dos Bens Imóveis

Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.

Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:

I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;

II - o direito à sucessão aberta.

Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:

I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local;

II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

Neste termos, o bem imóvel compreende o

solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

(art. 79, Código Civil), não perdendo esta característica as

edificações que, separadas do solo, mas conservando sua

unidade, forem removidas para outro local, e os materiais

provisoriamente separados de um prédio, para nele se

reempregarem (art. 81 Código Civil).

Para saber o que é bem imóvel, necessário

faz-se conhecer também o que o Código Civil conceitua

como bem móvel:

Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.

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Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:

I - as energias que tenham valor econômico;

II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;

III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.

Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.

Os prédios e os terrenos, basicamente são

considerados bens imóveis por natureza. Já os circos,

quiosques, barracas de campismo, bancas de jornais,

barracas de feiras, etc., não integram a noção jurídica de

prédio, uma vez que não estão incorporados

permanentemente ao solo, já que podem ser retirados a

qualquer momento sem destruição, modificação, fratura ou

dano. 73

A acessão física do imóvel pode dar-se por

formação de ilhas, aluvião (acréscimos formados por

depósitos e aterros naturais ao longo das margens das

correntes ou pelo desvio das águas destas), avulsão (porção

de terra que se destaca de um prédio e se junta a outro, por

força natural violenta), abandono de álveo, e plantações ou

construções, conforme o art. 1.248, Código Civil.

73 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. p. 262/263.

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50

3.2.5 Zona urbana

A zona urbana é prevista no CTN (art. 32, §§

1º e 2º) 74:

Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. § 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:

I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;

II - abastecimento de água;

III - sistema de esgotos sanitários;

IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;

V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado.

§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior.

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51

Pela leitura, extraí-se que o próprio CTN, após

prever o IPTU, estabelece as direções que devem ser

buscadas para o entendimento do conceito.

O CTN, em seu art. 32, valeu-se do critério

topográfico para delimitar o fato gerador do IPTU e do ITR. A

jurisprudência reconheceu a validade do antigo Decreto-Lei

57/66 (art. 15) que estabelecera a incidência do ITR para os

imóveis situados na zona urbana quando utilizados em

exploração vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial.

Assim, não incide o IPTU quando o imóvel situado na zona

urbana receber quaisquer das destinações previstas no

Decreto-Lei 57/66, conforme PAULSEN. 75

A propriedade urbana, para além de ser

disciplinada no código civil, encontra ampla normatividade

no denominado Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01) que veio a

regular os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988.

Os arts. 182 e 183 da Constituição Federal,

agora regulados pelo Estatuto da Cidade, formam mais uma

condicionante ao direito de propriedade.

Desta forma a utilização do solo urbano fica

submetida, primordialmente à Constituição Federal, que

estabelece a necessidade de cumprimento da função social

das propriedades, e à observância do Estatuto da Cidade,

Leis Urbanísticas e plano diretor.

74 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. Porto Alegre: Livraria do

Advogado, 2007. p. 263. 75 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. p. 263.

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Feitas essas necessárias considerações sobre

os institutos de Direito Civil presentes na hipótese de

incidência do IPTU, passa-se à análise a respeito

especificamente dele, no seguinte capítulo.

3.3 FATO GERADOR

Fato gerador é a concretização da hipótese

de incidência, ou seja, é o acontecimento, no mundo dos

fatos, daquela hipótese prevista em lei. 76

O fato gerador pode ser analisado sob cinco

aspectos: pessoal, material, espacial, temporal e

quantificável:

Aspecto pessoal ou subjetivo é a qualidade inerente à hipótese de incidência que determina os sujeitos da obrigação tributária que o fato imponível fará nascer. O aspecto material consiste no fato lícito, genérico e abstrato descrito na sua respectiva hipótese de incidência, isolado das coordenadas de tempo e de espaço. O espacial corresponde ao local em que devem acontecer dentro do território da pessoa jurídica que tem competência. O aspecto temporal é o fato relativo ao tempo em que nasceu a relação jurídica tributária. E por último, o quantitativo que permite a apuração do débito tributário: base de cálculo e alíquota. 77

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CARVALHO78 preleciona que:

O critério quantitativo diz respeito aos elementos inseridos pelo legislador no conseqüente das endonormas tributárias e que, em seu conjunto, tornam possível a apuração do conteúdo da prestação que o sujeito passivo haverá de cumprir.

Na seqüência complementa:

Qualquer esforço retórico seria inútil para o fim de exibir a extraordinária importância de que se reveste o exame pormenorizado do critério quantitativo, bastando assinalar que nele reside a chave para a determinação do objeto prestacional, isto é, qual o valor que o sujeito ativo pode exigir e que o sujeito passivo deve pagar.

Traçados os conceitos, passa-se a

diferenciação entre hipótese de incidência.

Fazendo uma relação com o Direito Penal, a

diferença entre hipótese de incidência e fato gerador é a

mesma que há entre a hipótese prevista como crime no tipo

penal e o crime quando materializa-se uma ação ou omissão

que ocorreu no mundo dos fatos.

O traço marcante da hipótese de incidência

é que refere-se há um fato futuro que ainda não aconteceu. 76 MATIODA, Leonardo. A sujeição passiva tributária através da substituição tributária pra

frente. Dissertação de Mestrado – Curso de Pós-Graduação Srictu Sensu em Ciência Jurídica, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2004. p. 18.

77 FURLAN, Valéria. Imposto Predial e Territorial Urbano. p. 62.

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Já o fato gerador resume-se nesse fato previamente previsto.

Feitas estas considerações, como já foram

esmiuçados de maneira mais detalhada na hipótese de

incidência quais são os fatos que geram a incidência do IPTU,

repetitivo seria abordá-los novamente.

Pertinente é a relação que o fato gerador

possui com outras categorias do Sistema Tributário Nacional,

como, por exemplo, com o lançamento.

Existem três modalidades lançamento

atualmente previstas em nosso sistema, que serão

oportunamente analisadas.

A modalidade de lançamento do IPTU é a de

ofício. Disso decorre o importante efeito que se materializa na

seguinte ficção jurídica (no sentido de convenção):

O fato gerador do IPTU dar-se-á com a propriedade, o domínio útil ou a posse do bem imóvel, localizado na zona urbana do Município, consubstanciando-se mediante ficção jurídica, no primeiro dia do ano civil (1º de janeiro). 79

3.4 BASE DE CÁLCULO

A base de cálculo do tributo representa

legalmente o valor grandeza ou expressão numérica da

situação ou essência do fato gerador e sobre a qual se há de

78 CARVALHO, Paulo de Barros. Teoria da norma tributária. São Paulo: RT, 1991. p.102. 79 SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. p. 312.

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aplicar a alíquota. 80

O imposto é calculado de conformidade

com o valor venal do imóvel, não se considerando o valor

venal dos bens móveis mantidos em caráter permanente ou

temporário no imóvel, para efeito de sua utilização,

exploração, aformoseamento ou comodidade:

Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel.

Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se considera o valor dos bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade. (CTN).

A apuração do valor venal pode ser realizada

pela Prefeitura segundo normas e métodos específicos,

tomando em conta as características de toda a área urbana,

em função de diversos elementos (preço corrente das

transações e das ofertas à venda no mercado imobiliário,

custos de produção, locações correntes, face de quadras ou

quarteirões; a logradouros; profundidade, terrenos

encravados; de fundo interno; idade do imóvel; reconstrução,

ampliação etc.) 81

Este procedimento deve culminar com a

edição de uma Planta Genérica de Valores, que constitui um

parâmetro para efeito de considerações do adequado valor

80 NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 148. 81 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. p. 269.

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venal, por representar os reais elementos do mercado

imobiliário. 82

Na realidade, trata-se de uma base

calculada concernente à regulação para possibilitar a

aferição e apuração dos valores específicos dos imóveis, que

serão objeto dos lançamentos do imposto.

É proibido ao Município adotar como base de

cálculo a superfície do imóvel ou o status econômico do seu

proprietário 83, pois é cediço que valor venal é que se atém à

materialidade do tributo (proprietário do imóvel), revelando

sua capacidade econômica, que nada tem a ver com a

mera capacidade financeira. 84

3.5 ALÍQUOTA

Alíquota é o percentual incidente sobre a

base de cálculo. 85

Entende-se que no caso das limitações

administrativas, da ocupação temporária, do tombamento

da requisição e da servidão administrativa, as restrições ao

direito de propriedade não retiram o conteúdo econômico

da propriedade, salvo se houver desvalorização do imóvel,

82 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. p. 270. 83 STJ – Resp 4.379, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j. 26.4.93, DJU de 17.5.93, p. 9.249. 84 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. p. 270. 85 HARADA, Kiyoshi, Direito financeiro e tributário. São Paulo: Atlas, 2002. p. 418.

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que possibilitará redução da base de cálculo. 86

O imóvel situado em área de preservação

ambiental (art. 225, § 1º. III, CF), contida em Unidades de Uso

Sustentável em propriedades de particulares, também pode

implicar a perda do seu valor econômico no caso de

submeter-se a regras impostas pelo poder público,

acarretando a desigualdade em relação a proprietário de

imóvel sem restrição. Assim, há necessidade de redução da

carga do imposto, harmonizando o direito de propriedade

sem as exigências da proteção ao meio ambiente. 87

3.6 LANÇAMENTO

O lançamento serve para duas coisas

somente: dizer o quanto a pessoa deve e o porquê ela deve.

Todos os elementos para que servem o

lançamento e que nele deve constar, se analisados

minuciosamente poder-se-á chegar a conclusão de seu

objetivo reside em informar o contribuinte: o quanto deve, e

porque o deve.

Três podem ser as modalidades lançamento

atualmente: de ofício, por homologação ou mista.

O lançamento de ofício está previsto no art.

149, do CTN:

86 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. Porto Alegre: Livraria do

Advogado, 2007. p. 267. 87 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais.. p. 268.

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Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos [...]

O IPTU é lançado de ofício. Por esta razão, o

seu fato gerador dar-se-á em 1º de janeiro de cada ano. 88

3.8 SUJEITO ATIVO

O sujeito ativo do IPTU é o detentor da

competência tributária.

Tal competência foi outorgada pela

Constituição para os municípios, conforme detida análise nos

itens precedentes.

O art. 119 do CTN expressa a definição de

sujeito ativo:

Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento.

Ressalte-se que o dispositivo confunde

competência com capacidade.

Competência é a parcela do poder atribuída

a cada uma das pessoas que compõem o Estado (União,

Estados, Distrito Federal e Municípios) para instituir tributos. É a

competência legislativa. Já a capacidade tributária ativa é a

88 SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. p. 312.

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aptidão para arrecadar tributos. 89

3.9 SUJEITO PASSIVO

Sujeito passivo é a pessoa, natural ou jurídica,

obrigada, em função da legislação, a prestar, ao sujeito ativo,

o pagamento de tributo. 90

Em outras palavras, o sujeito passivo é o

contribuinte.

Como o IPTU incide sobre propriedade, posse

e domínio útil, logo, por conseqüência, o contribuinte do IPTU

é o proprietário, o titular do domínio útil e o possuidor.

O proprietário é aquele que tem a faculdade

de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do

poder de quem injustamente a possua ou detenha (art. 1.228

do Código Civil). Adquire a propriedade mediante registro do

título translativo no Registro de Imóveis. Enquanto não se

registrar o título, o alienante continua sendo o dono do

imóvel. O registro é eficaz desde o momento em que se

apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no

protocolo (arts. 1245 e 1246, Código Civil, combinado com a

lei federal n. 6.015, de 31.12.73, que dispõe sobre os registros

públicos). 91

O titular do domínio útil (no regime da

89 DIFINI, Luiz Felipe Silveira. Manual de Direito Tributário. 367 p. 90 DIFINI, Luiz Felipe Silveira. Manual de Direito Tributário. 367 p. 91 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. p. 264.

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enfiteuse) ficará obrigado a satisfazer os impostos e os ônus

reais que gravam o imóvel (art. 682 do antigo Código Civil). O

superficiário também poderá figurar como contribuinte, uma

vez que responde pelos encargos e tributos que incidirem

sobre o imóvel (art. 1371, Código Civil). 92

O possuidor e todo aquele que tem de fato o

exercício pleno ou não, de algum dos poderes inerentes a

propriedade; o que não ocorre com o detentor, que,

achando-se em relação de dependência para com outro,

conserva a posse em nome deste e em cumprimento de

ordens ou instruções suas (art. 1198 do Código Civil). Poderá

ter adquirido a posse de modo originário (arts. 1.196, 1.204 e

1.263, Código Civil), ou derivado, mediante tradição real ou

simbólica, consensual, pelo constituto possessório, e

acessão.93

Estas figuras jurídicas (proprietário, titular do

domínio útil, possuidor) são consideradas contribuintes na

medida em que revelem efetiva capacidade econômica,

merecendo destaque as situações peculiares seguintes:

a) o usufrutuário (art. 718, Código Civil) é contribuinte porque tem direito a posse, uso, administração e percepção dos frutos do imóvel;

b) o usuário e o titular do direito de habitação (arts. 1412 a 1416, Código Civil) não são contribuintes porque apenas usam coisas e percebem seus frutos quando o exigirem as necessidades suas e de sua família; e habitam gratuitamente casa alheia e não possuem a titularidade do imóvel e sequer a posse com

92 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. p. 264. 93 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. p. 264.

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animus domini;

c) o locatário, o arrendante e o comodatário de bens imóveis não são contribuintes, porque somente possuem a posse direta do imóvel, não podendo transferir, locar ou ceder a terceiros. A circunstância de terem se obrigado a suportar os ônus do imposto não os qualificam como contribuintes, especialmente porque as convenções particulares não podem ser opostas à Fazenda Pública (art. 123, CTN). 94

Vale lembrar que, o IPTU é imposto real e por esta razão acompanha o imóvel em todos os casos de transmissão da propriedade ou de direitos reais a ela relativos.

94 PAULSEN, Leandro. Impostos: Federais,estaduais e municipais. p. 264-265.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base na legislação, doutrina e

jurisprudência analisadas, destacam-se as seguintes

conclusões.

O Direito Tributário Nacional está organizado

na forma de sistema, pois suas normas são coordenadas entre

si e há uma subordinação a princípios coerentes e

harmônicos entre si.

Levando em conta a divisão dos sistemas

jurídico-tributários em rígidos ou flexíveis, quanto aos impostos,

o Sistema Tributário Nacional é rígido, vez que a Constituição

Federal relaciona um a um todos os impostos e contribuições

que as pessoas políticas podem, na sua competência

(também repartida na CF), instituir e exigir dos respectivos

contribuintes.

Em análise ao texto legal pode extrair-se a

delimitação de competências e subordinação à princípios.

Nesse sistema uma das peças principais é o

tributo. No conceito de tributo existem elementos

indispensáveis que o compõe: compulsoriedade, prestação

pecuniária, deve ser previsto em lei, não pode ser multa, deve

ser pago em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, e, é

cobrado mediante lançamento.

Os tributos podem ser classificados em cinco,

e independente da classificação mais correta ser a tripartida,

a pentapartida ou a hexapartida, todas suas espécies estão

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previstas na CF. Na classificação em cinco espécies destaca-

se as contribuições sociais, a contribuição para custeio do

serviço de iluminação pública, os empréstimos compulsórios,

as contribuições de melhoria, as taxas e os impostos.

O IPTU se encaixa entre os últimos

mencionados, pois sua cobrança independe de atividade

vinculada do Estado, em consonância com o art. 16 do CTN.

O IPTU incide sobre a propriedade, posse e

domínio útil, de bem imóvel localizado em zona urbana. O

Direito Tributário não define nem conceitua cada um destes

institutos. Contudo, o Sistema Tributário Nacional é categórico

no sentido de que os conceitos deverão ser “importados” do

Direito Civil.

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