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SESSÃO TEMÁTICA 3 – TERRITÓRIOS REVITALIZADOS: SINERGIA E CAPITAL SOCIAL O IMPULSO DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NO DESENVOLVIMENTO REGIONAL DE CIDADES MÉDIAS O CASO DE FRANCA E LIMEIRA NO ESTADO DE SÃO PAULO Profª. Drª.Gilda Collet Bruna Universidade Presbiteriana Mackenzie – FAU / UPM [email protected] Profª. Ms. Volia Regina Kato – FAU / UPM [email protected] Profª. Drª.Angélica A. T. Benatti Alvim – FAU / UPM [email protected] Doutoranda Juliana Di Cesare Margini Marques – FAU / USP [email protected] Doutoranda Paula Raquel da Rocha Jorge Vendramini FSP/ USP [email protected] Mestranda Lais Raquel Muniz Bomfim – FAU / UPM [email protected] Resumo Este artigo tem por objetivo discutir a importância dos arranjos produtivos locais – APLs enquanto instrumentos de desenvolvimento urbano, apresentando os resultados de pesquisa realizada nos Municípios de Franca e Limeira no Estado de São Paulo. Muitas cidades de porte médio no Estado de São Paulo foram alvos do processo de desconcentração das indústrias da região metropolitana de São Paulo e com a necessidade de se adaptar à competitividade global passaram a assumir modelos produtivos flexíveis, influenciando os padrões de uso e ocupação do solo urbano e o fortalecimento da imagem de algumas destas cidades na rede urbana regional. A análise dos APLs calçadistas e de jóias e bijuterias, respectivamente em Franca e Limeira busca enfatizar o processo de constituição e as especificidades de cada uma destas aglomerações produtivas e suas relações com o território urbano, com os instrumentos urbanísticos vigentes, em especial os planos diretores municipais e com as perspectivas de sinergias econômicas e articulações institucionais voltadas para o desenvolvimento local e regional. Contextualizando os desafios de desenvolvimento urbano regional decorrentes das transformações econômicas e políticoinstitucionais brasileiras das últimas décadas, procurase evidenciar a importância destes arranjos produtivos se considerados numa

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SESSÃO TEMÁTICA 3 – TERRITÓRIOS REVITALIZADOS: SINERGIA E CAPITAL SOCIAL

O IMPULSO DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NO

DESENVOLVIMENTO REGIONAL DE CIDADES MÉDIAS ­ O CASO DE

FRANCA E LIMEIRA NO ESTADO DE SÃO PAULO

Profª. Drª.Gilda Collet Bruna ­ Universidade Presbiteriana Mackenzie – FAU / UPM

[email protected]

Profª. Ms. Volia Regina Kato – FAU / UPM

[email protected]

Profª. Drª.Angélica A. T. Benatti Alvim – FAU / UPM

[email protected]

Doutoranda Juliana Di Cesare Margini Marques – FAU / USP

[email protected]

Doutoranda Paula Raquel da Rocha Jorge Vendramini ­ FSP/ USP

[email protected]

Mestranda Lais Raquel Muniz Bomfim – FAU / UPM

[email protected]

Resumo

Este artigo tem por objetivo discutir a importância dos arranjos produtivos locais – APLs

enquanto instrumentos de desenvolvimento urbano, apresentando os resultados de

pesquisa realizada nos Municípios de Franca e Limeira no Estado de São Paulo. Muitas

cidades de porte médio no Estado de São Paulo foram alvos do processo de

desconcentração das indústrias da região metropolitana de São Paulo e com a

necessidade de se adaptar à competitividade global passaram a assumir modelos

produtivos flexíveis, influenciando os padrões de uso e ocupação do solo urbano e o

fortalecimento da imagem de algumas destas cidades na rede urbana regional.

A análise dos APLs calçadistas e de jóias e bijuterias, respectivamente em Franca e

Limeira busca enfatizar o processo de constituição e as especificidades de cada uma

destas aglomerações produtivas e suas relações com o território urbano, com os

instrumentos urbanísticos vigentes, em especial os planos diretores municipais e com

as perspectivas de sinergias econômicas e articulações institucionais voltadas para o

desenvolvimento local e regional.

Contextualizando os desafios de desenvolvimento urbano regional decorrentes das

transformações econômicas e político­institucionais brasileiras das últimas décadas,

procura­se evidenciar a importância destes arranjos produtivos se considerados numa

perspectiva mais ampla de sustentabilidade urbana e não apenas num viés estritamente

econômico.

Nota­se que, nos dois casos estudados, as ações do planejamento urbano não previram

condições especiais para o desenvolvimento dessas atividades, uma vez que

problemas advindos da localização e controle desses empreendimentos têm sido

significativos, em especial os ambientais. Apesar das ações institucionais e as sinergias

sócio­políticas serem ainda incipientes, a inserção dos Apls nas estratégias de

desenvolvimento regional constitui um processo em elaboração.

Abstract:

This article objective is to discuss the Local Productive Agglomeration (APLs in

Portuguese) relevance while instruments for the urban development, presenting the

Franca and Limeira Municipalities research results. Many intermediate­sized cities in the

State of São Paulo had been target of the São Paulo Metropolitan Region industrial

deconcentration process and with the need to adapt to the global competition they

started assuming flexible productive models, influencing the urban land use and

occupation patterns and strengthening the image of some of these cities in the regional

urban network.

The shoes’ APLs and that of jewelry and fantasy jewelry analysis, respectively in Franca

and Limeira tries to emphasizes their constitution process and the specificities of each

one of these productive agglomerations and their relations with the urban territory, with

the urban instruments in vigor, specially the municipalities master plans and with the

perspectives of economic synergies and institutional articulations related to the local and

regional development.

With focus on the context of the urban regional development challenges due to the

economic and Brazilian political­institutional transformations in the last decades, it

searches to identify the relevance of these productive agglomerations considering them

in the wide perspective of the urban sustainability and not only on the strictly economic

angle.

In both the cases of study one observes that the urban planning actions didn’t forecast

special conditions for the development of these activities, once the problems due to the

location and control of these enterprises have been significant, specially the

environmental ones. Despite the institutional actions and the social­political synergies

that still have been very initial ones, the insertion of the APLs in the regional

development strategies constitutes a process being elaborated.

1. Introdução No contexto das remodelações produtivas mundiais das últimas décadas, o

potencial dos arranjos produtivos locais (Apls) enquanto instrumento de

desenvolvimento urbano­regional tem sido enfatizado por algumas experiências

internacionais e suscitado a importância de investigações mais amplas e

contextualizadas às realidades locais.

No Brasil, desde a década de 1990, o tema já vem sendo discutido no âmbito

das universidades e sendo alvo de interesse de agências governamentais

federais e estaduais que procuram incentivar a formação dos APLs como uma das possíveis estratégias de desenvolvimento local e regional.

Nesta linha de investigação, este artigo pretende acrescentar elementos à

reflexão destas questões, trazendo resultados de pesquisa desenvolvida sobre

os Apls calçadista e de jóias e bijouterias, respectivamente em Franca e Limeira.

no Estado de São Paulo, realizada com o envolvimento de professores e alunos

da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie 1 . Procurou­se nessa

pesquisa destacar as especificidades de cada uma das aglomerações produtivas

e suas relações com o território urbano, com os instrumentos urbanísticos

municipais em vigor e com as perspectivas de articulações institucionais

voltadas para o desenvolvimento urbano local e regional.

As duas cidades, como muitas outras de porte médio no Estado de São Paulo,

foram alvo do processo de desconcentração industrial da Região Metropolitana

de São Paulo ocorrido a partir do final da década de 1970 e, diante da dinâmica

recente de competitividade global, passaram a adotar modelos flexíveis de

articulação produtiva que vêm influenciando alterações nos padrões de uso e

1 A pesquisa “ESTRUTURAÇÃO URBANA E ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS: Identificação e análise das relações entre processos sociais, efeitos espaciais e políticas urbanas através de estudo dos casos das cidades de Franca e Limeira, no Estado de São Paulo” teve como líder a Prof. Dra. Gilda Collet Bruna e foi desenvolvida de fevereiro de 2005 a janeiro de 2006 no âmbito da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie e sua Pós ­ Graduação com subsídio financeiro da Fundação Mackenzie de Pesquisa ­ Mackpesquisa. A equipe conta com a participação, além dos autores, da graduanda Juliana DALBELLO e mestranda Wendie REQUENA e das pesquisadoras Ms. Juliana MARQUES e Ms. Paula P; R. J. VENDRAMINI.

ocupação do solo urbano, fortalecendo as suas imagens na rede urbana

regional, atraindo população e outras atividades produtivas.

Os dois primeiros itens contextualizam as transformações industriais no Estado

de São Paulo inseridas nos novos paradigmas econômicos e buscam situar as

relações entre os arranjos produtivos locais e as questões do desenvolvimento e

sustentabilidade urbana. A seguir são apresentados e discutidos os principais

aspectos da análise dos APLs de Franca e Limeira.

2. Os desafios contemporâneos do desenvolvimento

No processo histórico brasileiro, observa­se que o ritmo de urbanização foi muito

estimulado pela configuração das grandes regiões metropolitanas. No Estado de

São Paulo esse período foi típico dos anos de 1960, associado a um

crescimento industrial concentrado principalmente na Região Metropolitana de

São Paulo (RMSP). Os efeitos da grande aglomeração metropolitana em torno

da cidade de São Paulo se produziram num momento de formação de grandes

conglomerados de empresas e geração de emprego e renda, em detrimento de

outras regiões do país.

A década de 1970 foi marcada, tanto pelo início de uma desconcentração

industrial que o Censo do IBGE já assinalava, como por estratégias

macroeconômicas de desenvolvimento nacional (I e II PND – Planos Nacionais

de Desenvolvimento) que procuravam incentivar a formação de outros pólos no

país, em programas de cidades médias, objetivando estimular e reforçar

processos de desconcentração das atividades econômicas (STEINBERGER;

BRUNA, 2001).

No final deste período e como respostas aos sinais recessivos na econômica

mundial, já se evidenciavam remodelações dos paradigmas produtivos

usualmente conhecidos como fabris ou fordistas, cujas características se

assentavam na concentração em torno de alguns setores industriais

fundamentais, grandes monopólios, produção e consumo em massa e gestão

macroeconômica baseadas na proeminência do papel do Estado na regulação

das políticas de distribuição de renda, demandas, assistência e previdência

social. (BEYNON, 1999)

O desenvolvimento industrial paulatinamente passa a se orientar por um novo

modelo econômico denominado especialização flexível, que se exprime por

alterações nas formas de organização interna do trabalho, localização das

atividades no espaço urbano e por políticas neoliberais. O fenômeno da

terceirização de partes da produção incide sobre a geração de trabalho em

formas distintas – tempo parcial e informal – levando praticamente a uma

diminuição na oferta de emprego formal. Assumida de forma ampla, a noção de

flexibilidade, como uma nova modalidade de se conceber o papel do indivíduo

nas organizações, permeia também um novo caráter das gestões públicas e

econômicas, apoiando­se, sobretudo na necessidade de uma reinvenção

contínua das instituições. (SENNNETT, 1999)

Inseridas no contexto destes novos paradigmas mundiais, as empresas públicas

e privadas no Brasil passaram a ter que programar uma nova maneira de atuar.

Era preciso criar uma nova cultura de desenvolvimento socioeconômico. De um

lado, o endividamento do setor público e a necessidade de trazer soluções aos

problemas sociais e urbanos crescentes impuseram ao setor privado novas

contingências de readequação de competitividade, não podendo mais contar

com os incondicionais financiamentos públicos. Por outro lado, a confluência de

crescentes problemas sociais de desemprego e exclusão, ausência de moradia

e terra ampliavam as demandas participativas e promoviam novas formas de

articulação da sociedade civil através, sobretudo, das denominadas

Organizações Não Governamentais.

Ao lado das questões sociais, a conscientização sobre a qualidade do meio

ambiente passa a se destacar como uma grande preocupação da sociedade,

principalmente no âmbito das políticas públicas urbanas e ambientais, em que a

sustentabilidade se torna uma meta e se associa, como condição necessária, ao

desenvolvimento urbano local e regional.

Nesse sentido, duas grandes linhas de ação do poder público municipal vêm se

destacando: a questão da gestão urbana e do desenvolvimento sustentável. Em

relação ao primeiro aspecto, a Constituição Federal de 1988 confere ao

município um papel central na regulação de ações sobre o território e opções de

desenvolvimento local. A política nacional urbana instituída com o Estatuto da

Cidade (Lei Federal 10.257 de 2001) vem fortalecer a gestão urbana municipal

criando instrumentos de atuação do poder público local, incorporando

necessariamente a participação da sociedade civil. Em relação ao segundo

aspecto, as questões ambientais, vistas de uma maneira ampla e integrada aos

aspectos econômicos, sociais e político­institucionais, constituem os grandes

desafios de desenvolvimento urbano e regional desde o final dos anos de 1980.

Por isto mesmo, embora algumas experiências internacionais de concentração

de atividades produtivas, como por exemplo, os clusters industriais, sejam

assumidas como exemplo de sucesso de desenvolvimento local, com geração

de emprego e renda, o contexto complexo dos novos desafios de

desenvolvimento e sustentabilidade implicam na necessidade de se ultrapassar

um viés economicista em prol de uma visão integrada dos processos.

3. Arranjos Produtivos Locais e Desenvolvimento Urbano Regional

Nas últimas décadas do século XX, as transformações decorrentes de

alterações no cenário mundial levaram à ocorrência de profundas modificações

nos processos industriais, que tiveram impactos nas cidades, tanto nas questões

socioeconômicas como na ocupação físico­territorial. De um lado, as grandes

empresas industriais acabaram diminuindo a contratação de mão­de­obra ao se

apoiarem em novas tecnologias de automação, e de outro, esse processo de

“dispensação” de mão­de­obra (spin­off) levou ao estabelecimento de muitas empresas médias e pequenas (National Government Association, 2002;

Paladino, 2005)

A partir daí, a desregulamentação e abertura de mercados, o desenvolvimento

acelerado das tecnologias de informação, expansão das redes e as

transformações tecnológicas crescentes baseadas na microeletrônica reforçam

de forma inusitada e permitem a viabilização das interdependências e influências

mundiais nos espaços locais. Neste sentido, a proeminência do terciário e as

redefinições espaciais da produção, conferem às cidades, como bem analisa

Saskia Sassen (1998), um lugar destacado de competitividades nesta nova

geografia do mercado internacional.

Segundo Luís Octávio da Silva (2004), já nos primórdios dos anos 80, as

competições impostas pela nova geografia econômica conduziram a práticas

empresariais de administração local permeáveis ao setor privado, a

transferências de atribuições administrativas e à adoção de novos arranjos

locais que transcendem os quadros institucionais vigentes. Por outro lado, uma

vasta literatura nacional e internacional de análise destes fenômenos

contemporâneos (HARVEY,1992; SANTOS, 1996; BECK, 1999; entre outros),

aponta para a diversidade e heterogeneidade de respostas locais vinculadas a

processos históricos específicos.

Neste quadro das transformações recentes, as pequenas e médias empresas

vêm se aglomerando em certos locais e regiões, estabelecendo novas relações

sociais baseadas na interdependência e na cooperação. Em alguns casos, com

o apoio de governos locais, têm sido implementados programas de

desenvolvimento urbano e econômico que se apóiam no pressuposto de que a

parceria, a inovação e a difusão tecnológica são elementos fundamentais para a

formulação de estratégias sustentáveis.

Configuram­se recentemente estratégias de desenvolvimento baseadas no

estímulo à constituição e fortalecimento de arranjos produtivos locais – APLs

que caracterizam­se pela concentração de empresas de um mesmo setor em

um determinado espaço territorial onde ocorrem processos de inovação

tecnológica específicos, dentro de uma respectiva cadeia produtiva, ou cadeias

produtivas complementares. O então denominado APL, segundo o SEBRAE

(2004), é considerado também um recorte do espaço geográfico que possui

sinais de identidade coletiva e capacidade de promoção de convergência em

termos de expectativas de desenvolvimento, através do estabelecimento de

parcerias e compromissos para manter e especializar os investimentos de cada

um dos atores no próprio território, e promover ou ser passível de uma

integração econômica e social no âmbito local.

Na literatura especializada encontram­se diversas definições sobre as novas

configurações produtivas. Nos países desenvolvidos são comumente

denominadas clusters, porém há dificuldade de se adotar uma definição clara e precisa sobre essas configurações produtivas (Marques, 2005). Para Igliori

(2001) não existe uma definição consensual sobre a noção de ‘clusters’ e alguns autores que tratam de assuntos correlacionados não chegam a utilizar este

termo.

Pressupõem nessas estruturas produtivas a existência de relacionamentos entre

empresas que gerem sinergia, em termos de cooperação e competição, e entre

empresas e universidades, centros de pesquisa voltados para o treinamento,

financiamento e gestão como um fator indutor dos processos de produção e de

conhecimento, podendo gerar a qualidade de um ambiente inovador necessário

à flexibilização empresarial (MARQUES, 2005).

Em termos conceituais, como colocado no projeto “PROMOS/SEBRAE/BID” do

governo federal. um tipo particular de cluster, formado por pequenas e médias empresas, agrupadas em torno de uma profissão ou de um negócio, onde se enfatiza o papel desempenhado pelos

relacionamentos – formais e informais – entre empresas e demais instituições envolvidas. As

firmas compartilham uma cultura comum e interagem, como um grupo, com o ambiente

sociocultural local (CAPORALLI; VOLKER, 2004, p. 9).

Segundo esses autores, é importante observar a dinâmica econômica do

território em que essas empresas estão inseridas, com relação à geração de

postos de trabalho, faturamento, mercado, potencial de crescimento e

diversificação. Nesse sentido, a noção de território é considerada fundamental

para se entender a estruturação dos Arranjos Produtivos Locais. Fala­se em

território como uma rede de relações sociais que se organiza num espaço físico­

geográfico, com seu sistema político­administrativo e cultural. O APL, portanto,

tem uma dimensão econômica, mas não se restringe a ela, tendo também um

alcance físico­espacial (BRUNA et al, 2006)

Nota­se que a existência de uma cadeia produtiva é condição necessária, mas

não suficiente para que se garanta o desenvolvimento de um APL. Entretanto,

pode ser o primeiro passo para a identificação de vocações locais e regionais

com potenciais produtivos capazes de serem impulsionados através da

integração efetiva entre os diversos atores privados, públicos e instituições de

ensino e do fomento de políticas públicas urbanas.

Em relação ao urbanismo e à ocupação do território, embora ultimamente não se

conte com um conjunto de estudos de casos que tratem prioritariamente dessas

questões, não se pode deixar incorporar essa dimensão às análises

econômicas. Vale lembrar que o crescimento e inovação se estimulam

mutuamente e ocorrem sempre no território. A concentração geográfica de

atividades produtivas não prescinde de um relacionamento sistemático entre

empresas, governo e instituições não­governamentais, atuando segundo fatores

determinantes da capacidade produtiva das firmas, em prol do sucesso

econômico local e regional. Por isso é que se considera a região como a

principal unidade de análise e planejamento, especialmente com relação à

formação de múltiplos e variados padrões de ocupação espacial.

As análises dos Apls de Franca e Limeira, desenvolvidas a seguir, buscam

enfatizar estes múltiplos aspectos, especificando em cada caso a formação e

composição da cadeia produtiva existente, a sua disposição na estrutura urbana,

a rede de relações institucionais e os possíveis vínculos com os instrumentos de

política pública urbana.

4. O APL Calçadista de Franca

A cidade de Franca localiza­se ao norte do Estado de São Paulo, na divisa com

o Estado de Minas Gerais, a 400 km da Capital. A região encontra­se na rota do

Gasoduto Brasil­Bolívia e na área de influência da Hidrovia Tietê­Paraná, além

de ser servida pela Malha Ferroviária Paulista, antigas Fepasa e Mogiana. Seu

aeroporto situa­se ao sul da aglomeração urbana. O principal acesso que liga a

região de Franca com a Capital é a rodovia Anhangüera (SP­330). A rodovia

Candido Portinari (SP­334) estende­se no sentido norte­sul, paralela à rodovia

Anhangüera, ligando Franca a Ribeirão Preto. Outros dois acessos ao município

são a SP­345, que se estende de Barretos até a divisa com Minas Gerais, e a

rodovia Comendador Pedro Monte Leone SP­351 também no sentido oeste­

leste, ligando Bebedouro a Catanduva.

Por ser a cidade de maior porte nessa região de fronteira entre os Estados de

São Paulo e Minas Gerais, Franca desempenha um papel de pólo regional para

um conjunto de cidades menores da região, inclusive aquelas localizadas em

Minas Gerais. Embora seja sede de Região Administrativa do Estado de São

Paulo, é polarizada, em uma escala maior pela cidade de Ribeirão Preto. Em

termos demográficos apresenta taxas de crescimento mais elevadas que a

média do Estado de São Paulo

Em função dessa localização, Franca teve em toda sua história três atividades

econômicas predominantes que se desenvolveram paralelamente: o comércio

(sustentou a economia principalmente na fase de formação do município –

século XIX); a agricultura (que teve sua fase mais intensa com o café nas

primeiras décadas do século XX); a pecuária e a indústria calçadista, que se

tornou a atividade mais importante do município a partir da década de 1930.

Estas atividades coexistiram com oscilações em grau de importância no

percurso histórico do município.

A ocupação da região de Franca ocorreu a partir de 1801, quando criadores de

gado e agricultores vieram principalmente do sul de Minas Gerais. Em 1814, um

levantamento já apontava a presença de oito oficiais de sapateiro dentre 1083

habitantes da freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Franca. No

recenseamento de 1820, o número de sapateiros elevou­se para 14, número

esse que quase duplicou em apenas seis anos.

Sandálias, chinelos e botinas rústicas ou "sapatões" eram realizados por

sapateiros e utensílios para montarias e carros de boi feitos por dois seleiros.

Eram atividades essencialmente artesanais, que cresceram consideravelmente

durante o século XIX, impulsionando o surgimento da indústria.

No conjunto dos aspectos favoráveis ao desenvolvimento industrial, o mais

importante foi sua localização na "Estrada dos Goyases". Este era o único

caminho que ligava São Paulo ao interior central do Brasil e, por isto, Franca se

torna o centro distribuidor de gado para São Paulo e de sal para o Brasil Central,

entre outras mercadorias.

Franca já é no final do século XIX o mais importante centro urbano do nordeste

paulista, como decorrência de sua função comercial. Esta função perdeu

importância com a abertura do rio Paraguai à navegação e ao comércio

brasileiro a partir de 1870, retomando importância em 1887 com a abertura da

estrada de ferro. Apesar disto, a produção ainda era caracterizada pelos

"sapatões". No início do século XX, o artesanato de calçados em Franca foi

substituído pelo processo manufatureiro, provocando profundas mudanças na

fabricação e na organização do trabalho:­ a produção continuava a ser

artesanal, porém era dividida em diversas operações feitas por operários

dirigidos por empresários. No início do século XX, os imigrantes que se

instalaram em Franca agregaram novas técnicas às tradicionais. Em 1912,

metade da mão­de­obra da indústria calçadista era européia.

É possível identificar três etapas na indústria calçadista francana do século XX.

A primeira se inicia em 1910 com a indústria Carlos Pacheco & Cia. A segunda

entre os anos de 1936 e 1945, quando, devido a Guerra Mundial a indústria

americana monopolizava a maquinária de indústria calçadista. As empresas

ainda eram pequenas e limitadas, mas as restrições à importação do período da

Segunda Guerra Mundial permitiram que as empresas se capitalizassem criando

em seguida um novo ciclo de produção (COUTINHO, 2006). A terceira etapa

iniciou­se ao redor dos anos de 1945, com o aumento da produção, da

mecanização, da abertura de novos mercados e maiores ofertas de modelos de

calçados. Nesse período contou­se com políticas de incentivo aos produtos

nacionais, proibição de importações pelo governo federal e maior disponibilidade

de crédito bancário. Desde esta época a produção de calçados passou a ser

pilar da economia de Franca e no final da década de 1960, sua inserção no

mercado externo vem propiciar novos patamares de crescimento e

aperfeiçoamento tecnológico . (COUTINHO, 2006).

O número exato de estabelecimentos industriais vinculados ao Arranjo Produtivo

Local (APL) de calçados em Franca é de difícil determinação. O SINDIFRANCA

estima o número de indústrias da cadeia produtiva em cerca de 500. Outras

fontes mencionam números diferentes, variando entre um mínimo de 400 e um

máximo de 600.

Em relação às características urbanas do município, observa­se que a primeira

expansão significativa ocorre na direção da estação ferroviária, instalada na

colina cerca de um quilômetro a oeste do centro histórico da cidade.

(FERREIRA, 1983). A estação ferroviária induz uma nova concentração de

estabelecimentos comerciais em suas proximidades e ao longo dos eixos

transversais. A partir daí, a expansão da mancha urbana irá ocorrer em

articulação com esses dois núcleos, ocupando sucessivamente as áreas mais

planas e as encostas das colinas e, em seguida, as áreas ao longo das estradas

que ligam a cidade à rede urbana regional e às áreas rurais.

Observa­se que as maiores concentrações industriais do setor calçadista

encontram­se no Distrito Industrial, a leste, e no Jardim Panorama, a oeste.

Outras concentrações significativas são verificadas ao longo do eixo da Av.

Brasil, principal ligação do Jardim Panorama ao Centro e em outros bairros

como no Jardim Petraglia e Vila Scarabucci. Além das manchas de maior

concentração, a localização industrial na área urbanizada é bastante difusa,

sendo difícil estabelecer a variável ou conjunto de variáveis determinantes de tal

distribuição de localização industrial.

Considerando a forma de estruturação da produção da indústria de calçados no

Brasil em sistemas de Apls é possível identificar semelhanças em relação às

experiências internacionais. Das diversas aglomerações encontradas no Brasil,

duas se destacam por sua complexidade e pujança: a região do Vale dos Sinos,

no Rio Grande do Sul, que agrega uma estrutura muito diversificada de

produtores e especialização em calçados femininos; e a região de Franca,

localizada no Estado de São Paulo, de porte menor e voltada aos calçados

masculinos.

Hoje, Franca possui praticamente toda a cadeia produtiva da produção de

sapatos, envolvendo desde os curtumes, até a fabricação de calçados,

passando pelos produtores e distribuidores de componentes, adesivos e cola e

máquinas. Desta forma pode­se levar em conta a presença de trabalhadores de

elevada qualificação e com habilidades específicas ao segmento calçadista e

correlatos. Devido a esta especificidade as indústrias apresentam uma redução

substancial de custos de recrutamento, seleção e treinamento de pessoal, pois

já existe um grande e diversificado cabedal de trabalhadores qualificados.

A própria concentração geográfica e setorial de produtores de calçados provoca

a aproximação de indústrias correlatas e de apoio, beneficiadas por esta

proximidade. O reflexo deste processo no meio urbano é imediato. As vantagens

competitivas representadas para os produtores locais são evidentes, permitindo

a melhoria do acesso e redução dos custos de insumos e serviços necessários

para a produção local.

A composição do Apl em Franca é bastante heterogênea, com presença de

empresas de tamanhos distintos e poder de mercado extremamente variado.

Assim, existem algumas poucas grandes empresas que atuam no mercado

interno e externo com marcas próprias e possuem elevado poder de barganha

com compradores e com o restante da cadeia produtiva. Por outro lado existe

um vasto contingente de pequenas, médias e micro empresas, que em geral

vendem produtos muito padronizados e possuem taxas de rentabilidade muito

reduzidas. Estas diversidades resultam em uma desigual capacidade de

apropriação dos benefícios que são gerados pela aglomeração dos produtores,

portanto capaz de beneficiar­se das economias de aglomeração, resultantes

desta conformação espacial.

Ao mesmo tempo, observa­se que as indústrias locais dão pouca importância à

formulação de princípios e ações conjuntas, de natureza coletiva e deliberada,

no sentido de aumentar a capacidade competitiva das empresas. Esta situação

interfere negativamente na realização de projetos e ações mais integradas e

persistentes.

Nas relações dos instrumentos urbanísticos com o desenvolvimento industrial,

em 1972, o Plano Diretor, elaborado nos moldes das recomendações e

metodologias do SERFHAU, previu um distrito industrial para a indústria

calçadista de Franca, cuja implementação teve início imediato e foi sendo

efetivada aos poucos.

Em 1983, uma outra lei autoriza a criação do DINFRA – Distritos Industriais de

Franca Ltda., ao qual cabia o planejamento, a implantação, a execução, a

coordenação e a administração dos Distritos e Núcleos Industriais de Franca. e

estabeleceu uma série de incentivos fiscais.

A partir desse arcabouço legal e da criação de um organismo executivo

vinculado à administração municipal, mas com grande autonomia de atuação,

viabiliza­se a dinamização da implantação do Distrito Industrial, que ocorre no

período em que a atividade do setor calçadista se intensifica. A transferência dos

curtumes para os distritos completou­se na década de 80, após ter sido

resolvido o problema de captação e abastecimento de água e tratamento dos

efluentes industriais 2

Foi aprovado um novo Plano Diretor onde se destacam a criação de macrozonas

de ordenação da ocupação urbana e os programas de gestão integrada.que

dependem de sua regulamentação por uma nova legislação de uso e ocupação

do solo. Este Plano remete à revisão e à consolidação da legislação de

parcelamento, uso e ocupação, a projeto de lei específico.

Na Minuta de Projeto de Lei Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo,

encaminhada à Câmara Municipal em 2003, é definida uma AEPI, Área Especial

Predominantemente Industrial, embora as atividades industriais estejam também

presentes nas Zonas de Uso Misto – ZUMs e nas Zonas Industriais ZIs.

Marcando diferenças em relação à legislação anterior, nos novos loteamentos

industriais serão admitidos “condomínios imobiliários” incluindo vias de

circulação e outras áreas de uso comum, desde que as vias de interesse local e

de pedestres possam ser incorporadas ao condomínio e que apenas 50% das

áreas verdes sejam incorporadas ao condomínio.

Este plano busca estabelecer uma nova política de urbanização para a cidade

baseada no aumento da eficiência dos investimentos e dos gastos públicos em

2 Segundo entrevista com Eng. Francisco Sette, do escritório Regional da CETESB em Franca, realizada em 3/10/2005.

infra­estrutura para induzir a ocupação de extensas áreas vazias e ao mesmo

tempo coibir a expansão urbana em áreas distantes do centro. Para tanto foi

criada uma Macrozona Preferencial de Expansão Urbana e utilizou­se o recurso

do IPTU progressivo.

Em relação a políticas públicas de desenvolvimento urbano voltadas para a

integração e maior participação do setor calçadista na gestão do Município, foi

criada recentemente uma Secretaria de desenvolvimento econômico com um

viés de apoio ao pequeno empresário e ao pequeno produtor através da criação

de incubadoras e do “Banco do Povo” voltados para o seu financiamento.

Por outro lado, as iniciativas da FIESP no sentido de institucionalizar uma

atuação mais ativa do setor calçadista numa política mais ampla de

desenvolvimento local não foram levadas adiante. Mais recentemente, o

SEBRAE vem desenvolvendo um projeto de constituição de um Arranjo

Produtivo Local, dentro de sua política nacional de estímulo a esse tipo de

organização e atuação empresarial, projeto que encontra­se em seus estágios

iniciais.

A prefeitura municipal, em sua atual gestão, embora conte com uma Secretaria

de Planejamento e Gestão Econômica e uma Secretaria de Planejamento

Urbano, não articulou ainda uma política de desenvolvimento urbano de caráter

mais geral, com a participação dos diversos atores presentes na cidade, embora

declare ser uma das intenções da atual administração.

O Sindicato da Indústria Calçadista de Franca – SINDIFRANCA – está mais

voltado para questões econômicas mais imediatas e de caráter mais geral.

Em relação às questões urbanas as possibilidades de construção de tais

relações inter­organizacionais e a criação de uma estrutura institucional para tal

encontram­se ainda em estágio incipiente. Muitas das ações da administração

municipal estão direta ou indiretamente relacionadas às atividades industriais,

em particular aquelas relacionadas ao transporte público, política habitacional,

regulamentação do uso do solo.

Entretanto, a ação pública mais ligada à formação e ao desenvolvimento da

aglomeração industrial é a criação do Distrito Industrial. Implantado pela

DINFRA, o Distrito Industrial é a ação pública de maior envergadura voltada para

as atividades industriais, pois possibilitou a expansão do parque industrial em

bases mais eficientes e eficazes, proporcionando também melhor estruturação

funcional do território urbanizado.

Entretanto, outra é a situação em relação à articulação de uma política de

desenvolvimento local com base no setor produtivo. É incipiente a articulação

dos atores para um estágio mais desenvolvido de relações institucionalizadas,

tanto nos moldes da teoria de clusters de Porter (aparentemente aplicada pela FIESP) quanto em relação aos pressupostos do programa de desenvolvimento

de APLs do SEBRAE.

5. O APL de Jóias e Bijouterias de Limeira

O Município de Limeira está localizado na Região Administrativa de Campinas e

é sede da Região de Governo de Limeira, possuindo, segundo os dados

censitários de 2000 (IBGE), uma população de 248.632 habitantes. Sua posição

geográfica é bastante privilegiada, pelo entroncamento rodo­ferroviário das vias

Anhanguera, Washington Luís, Limeira ­ Piracicaba, Limeira ­ Mogi Mirim e

Fepasa e a proximidade com o aeroporto de Viracopos em Campinas, o que

contribui para a sustentação dinâmica econômica do município, marcada por

uma grande diversificação industrial.

A instalação da indústria joalheira foi posterior à instalação das outras atividades

industriais na cidade, sendo que sua expansão aconteceu muito recentemente.

Em seus primórdios, Limeira sustentou­se economicamente na plantação

agrícola da cana­de­açúcar, seguida da cafeicultura, que aliada à imigração

estrangeira, contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da região, e da

citricultura.

O setor industrial de Limeira é bastante diversificado 3 , contando com

aproximadamente 1000 indústrias instaladas, que empregam cerca de 24.000

3 Metalurgia, mecânica e ferramentas, alimentício, papel e papelão, concentração da indústria de máquinas e ferramentas e pela presença da maior refinadora de açúcar da América Latina, pela produção de sucos cítricos e glutamato de monossódico.

funcionários registrados, com uma significativa parcela de mão­de­obra

especializada nos diferentes segmentos, marcada fortemente pela indústria de

transformação e de tecnologia avançada típica da região de Campinas (PLANO

DIRETOR DE LIMEIRA, 1998). Embora este setor corresponda a

aproximadamente 50% dos empregos do município, um panorama da evolução

dos postos de trabalho, mostra um decréscimo na oferta de vagas na indústria

até 1992 e um ligeiro crescimento no setor de serviços. Limeira é também

considerada um importante centro terciário regional, com aproximadamente

3.500 estabelecimentos comerciais e 3.000 prestadores de serviços, que

correspondem a mais de 25.000 funcionários registrados (PLANO DIRETOR DE

LIMEIRA, 1998).

O desenvolvimento da produção de jóias e bijuterias teve inicio em 1938, com a

implantação da oficina de consertos de jóias, inaugurada pela família Cardozo.

No interior da produção industrial do município, este segmento destaca­se por

um processo intenso de concentração e atração de novos empreendimentos, em

especial a partir dos anos 1980. Hoje toda a cadeia produtiva se encontra

instalada dentro do perímetro do município, contando com a produção de

semijóias folheadas, peças brutas, máquinas e equipamentos, prestadores de

serviços para o setor, como a galvanoplastia, a montagem e solda (SAMPAIO,

2002).

As empresas encontram­se situadas principalmente no centro da cidade, ou

espalhadas no interior da mancha urbana. A sua localização inicial ocorreu em

bairros próximos e à leste do centro em função três fatores: 1) processos de spin´offs: funcionários das empresas pioneiras começaram a sair das empresas maiores para abrir seu próprio negócio, se instalando próximo às empresas de

origem; 2) baixo custo dos terrenos destas áreas naquele momento, já que hoje

são consideradas as porções de terra mais caras para se investir em Limeira; 3)

permissão por parte da legislação: o zoneamento permitia a instalação de

empresas em áreas centrais.

Há nove distritos industriais na cidade, sendo seis de iniciativa privada e três do

poder municipal. Deste total, três são específicos para os empreendimentos

relacionados ao APL de Jóias e Bijuterias, sendo dois municipais e um privado.

O primeiro distrito industrial destinado ao setor de jóias e bijuterias e concebido

pela iniciativa privada ­ o Centro Industrial de Limeira (CIL) ­ ainda não teve

sucesso entre os empresários. Apesar de muito bem implantado e com

excelente infra­estrutura, o preço dos lotes é muito alto, o que acabou por

inviabilizar o empreendimento. Estes distritos foram concebidos com infra­

estrutura para minimizar os impactos ambientais, principalmente no que diz

respeito ao tratamento dos resíduos industriais, que são um dos maiores

problemas do setor. O desinteresse dos empresários em transferir suas

instalações para esses distritos revela o fato de que a política pública não tem

sido capaz de compreender a dinâmica e a estruturação do setor, que é

composto em sua maioria por pequenas empresas, as quais se apresentam

altos índices de informalidade. (BRUNA et al., 2005).

Pequenas empresas caseiras que fazem parte da cadeia produtiva liberam

detritos industriais diretamente na rede de esgoto, ou até em alguns casos

diretamente no solo ou meio­fio. A sua concentração em distritos industriais

poderia minimizar o seu impacto ambiental, porém fica evidente a sua baixa

capacidade de arcar com os custos de transferência locacional. Observa­se

também uma atuação expressiva da regional da CETESB, que vem ampliando

programas de parceria com as empresas do setor.

Apesar das dificuldades de articulação de ações coletivas de inúmeros

pequenos empreendedores, alguns empresários deste segmento vêm

demonstrando forte capacidade de iniciativa para a consolidação do APL

implantando shoppings, feiras e/ou incubadoras.

A discussão constantemente presente entre estas lideranças diz respeito à

valorização do produto nacional e à enorme dificuldade de gerar

relacionamentos de cooperação. As perspectivas de parcerias com outras

instituições como o SEBRAE, SENAI, FIESP, UNICAMP e a CETESB, colocam

em pauta problemas relativos a competições desiguais do mercado

internacional, a informalidade do setor, a necessidade de aperfeiçoamento de

capacitação gerencial técnica, fortalecimento da imagem do APL no mercado

nacional e internacional, além das sérias questões ambientais. Atualmente, os

esforços de cooperação se restringem à melhoria das vendas, à diminuição de

custos, compartilhamento de infra­estruturas comuns e à divulgação do sistema

produtivo local, como a criação do consórcio de exportação e dos shoppings de brutos e folheados e a organização de feiras, como a Feira Internacional em

Limeira, e catálogos.

Em função das características produtivas que se ramificam por uma grande

quantidade de empresas e por um elevado índice de informalidade dos

empreendimentos, a quantificação do setor é bastante problemática e variável.

No cadastro da regional da CETESB constam 300 empresas formais do setor.

No entanto, essas estimativas são consideradas subestimadas pelo SINDIJÓIAS

apontando a existência de 450 empresas formais, responsáveis por cerca de

9.000 empregos diretos e 50.000 indiretos 4 . Estudos anteriores realizados em

2000 já identificavam 350 empresas neste tipo de atividade industrial. (SUZIGAN

et al., 2000). Por outro lado, a FIESP aponta a existência de 500 empresas de

pequeno porte, onde 300 são responsáveis pela produção da peça bruta e 200

produzem o tratamento da superfície da peça com banhos de ouro, prata ou

ródio. Estas divergências denotam dificuldades de identificação de processos

freqüentes de abertura e encerramento das pequenas empresas.

O desempenho produtivo deste segmento tem se mostrado bastante dinâmico

com uma produção mensal de cerca de 50 toneladas de folheados e bijuterias,

sendo que 40% dessa produção é destinada ao mercado interno (o município de

Limeira é responsável por 60% do mercado nacional) e 60% para o mercado

externo. As empresas têm se mostrado bastante ativas no propósito de

aumentar as exportações, através de ações consorciadas.

Segundo Sampaio (2002), existe uma predominância média de 10 empregados

por empresa e um elevado índice de informalidade de trabalho e de empresas.

Ao lado da informalidade, constatam­se riscos pessoais e ambientais

consideráveis no processo produtivo.

4 Segundo Sampaio (2002), este número de empresas representa cerca de 1/3 da população economicamente ativa de Limeira.

A tecnologia não é um fator preponderante para a maioria das empresas, já que

parte da produção é manual e apenas uma pequena parte é mecanizada. De

qualquer forma, a modernização tecnológica é muito difícil para a maioria delas,

devido às suas características de pequeno e médio porte. Por outro lado, o

design é um fator considerado fundamental.

Segundo o SINDIJÓIAS os principais problemas para a consolidação do APL de

jóias e bijuterias em Limeira são: a informalidade, a baixa capacitação dos

trabalhadores, a necessidade de reforma tributária, a competição desleal, a falta

de ações integradas com o governo, a falta de visibilidade do projeto, os

problemas causados ao meio ambiente e a obtenção de matéria­prima.

É importante destacar ainda as relações das políticas públicas urbanas e o Apl.

O último Plano Diretor Municipal de Limeira foi aprovado em 1998 e a Lei de Uso

e Ocupação do Solo aprovada em 1999 5 . O Plano Diretor do Município de

Limeira foi elaborado em um contexto bastante distinto das legislações

anteriores, que buscavam apenas determinar o controle do solo 6 .

No que se refere à atividade industrial, observa­se o início de uma política de

descentralização territorial, facilmente verificada na distribuição das áreas

industriais no mapa de zoneamento. A característica das indústrias de Limeira

levou o Poder Público a adotar uma política de localização desse setor em áreas

periféricas específicas ou distritos industriais, sempre periféricos à área urbana

consolidada. Porém, tal política desconsiderou a situação existente das

pequenas e médias empresas, localizadas na área central. Nesse sentido,

observam­se divergências entre o diagnóstico e a situação desejada na

legislação, principalmente quanto à distribuição espacial das indústrias e

empresas da cadeia produtiva do APL e às expectativas de alteração da

localização desse segmento. Como já destacado, as empresas do APL

localizam­se de modo bastante representativo junto à área central e em bairros

5 Ressalta­se que a legislação urbana analisada foi aprovada em um período considerado de transição na Política Urbana no Brasil, entre a Constituição Federal de 1988 e a regulamentação de instrumentos específicos desta política pelo Estatuto da Cidade, em 2001 (Lei no. 10.257 de 10/07/2001). 6 Segundo técnicos da Secretaria do Planejamento de Limeira (Bruna et al., 2005) os principais instrumentos de planejamento que já existiam eram o Código de Obras (Lei 1096/1969) e o Código de Posturas (Lei 1388/ 1973 e Lei 1763/1981). A elaboração e aprovação da Lei Orgânica do município data de 1990.

próximos ao centro, de maneira pulverizada e sem controle. Entretanto, em

função das características produtivas desse setor e por um elevado índice de

informalidade de várias empresas, os conflitos relacionados principalmente à

degradação ambiental levaram o Poder Público a buscar soluções radicais, no

momento de elaboração do Plano Diretor, as quais não foram consideradas na

prática.

Portanto, o Plano Diretor, por um lado, determinou que as novas indústrias não

pudessem mais se instalar nas áreas consolidadas, e sim em áreas periféricas,

distritos industriais públicos ou privados ou mesmo nos mini­distritos. Por outro

lado, negou a existência de uma situação bastante consolidada. Ressalta­se que

a Lei de Parcelamento e de Uso e Ocupação do Solo do município de Limeira,

Lei Complementar nº 212, foi aprovada em 1999. Observa­se que, com essas

alterações, sempre se está procurando adaptar a legislação à realidade da

cidade, ou cedendo a pressões de grupos com poder de negociação. Fica claro

a pouca preocupação com questões ligadas ao desenvolvimento local e as

perspectivas de sustentabilidade do potencial do APL. Vale lembrar que no

artigo 21, parágrafo III, do Plano Diretor, a diretriz econômica traçada buscava “desenvolver ações para formalizar a participação do setor de jóias e bijuterias na economia municipal”. Nesse sentido, o APL é tratado como algo a ser legalizado e não como um potencial a ser valorizado e incorporado na dinâmica

econômica municipal.

Há na cidade uma série de problemas e conflitos relacionados à localização das

empresas de jóias e bijuterias. O Plano Diretor de 1998, instituindo a lei de uso e

ocupação do solo na cidade, trouxe sérios confrontos com os empresários do

setor que não aceitavam as restrições impostas pelo plano. As empresas que já

estavam instaladas em áreas que, com a lei estabelecida pelo Plano Diretor,

foram consideradas proibidas, tinham direito adquirido e, portanto, podiam

permanecer onde estavam. Foram feitas algumas restrições de uso do solo,

como a ocupação das áreas de mananciais e de algumas áreas centrais. Todo

este conjunto de restrições legais trouxe um aumento da clandestinidade, que

vem se agravando também pelo alto custo trabalhista.

Segundo, o diretor do Sindijóias, Dionísio Gava, a indústria de jóias e bijuterias,

principalmente por ser formada por empresas de pequeno e médio porte, não

era vista em 1998 como uma potencialidade a ser desenvolvida pela cidade, o

que, portanto, não acarretava nenhuma política específica no plano diretor.

Tanto a Prefeitura quanto a comunidade local não assumiam o setor como

possibilidade de desenvolvimento local (BRUNA et. al, 2006).

Finalizando, ao mesmo tempo em que mantém, no processo de elaboração do

Plano Diretor, uma visão predominantemente tecnicista, reproduzindo o espaço

de forma segmentada, sinaliza tentativas de adequação aos novos contextos

econômicos e políticos, apontando, ainda que de forma difusa e fragmentada,

intenções de incorporação participativa da sociedade e de outros instrumentos

contemporâneos. O Plano Diretor de Limeira se antecipa aos novos

instrumentos definidos pelo Estatuto da Cidade, porém, o planejamento,

enquanto atividade de regulação do espaço urbano, apresenta­se, ainda

dissociado dos processos de gestão urbana que possibilitam, no campo político,

o afloramento de divergências e conflitos entre os diferentes atores da

sociedade e ao mesmo tempo, de implementação de soluções pactuadas.

Atualmente, encontra­se em processo de discussão com a sociedade civil, a

revisão do Plano Diretor de 1998 de Limeira, atendendo aos dispositivos

instituídos pelo Estatuto da Cidade.

Observa­se, sobretudo, que a presença de novos arranjos, do ponto de vista do

desenvolvimento local em Limeira e a iminência de re­elaboração do Plano

Diretor indicam perspectivas de ajuste das políticas urbanas aos novos

contextos socioeconômicos e espaciais. No âmbito dos novos arranjos

institucionais, a capacitação técnica dos atores é cada vez mais imprescindível

na busca de alternativas progressistas e historicamente possíveis. Entretanto,

pode­se apontar a falta de diretrizes ou de ações normativas, diante de ações

especulativas de uso do solo e a falta de fiscalização pelo poder público como

algumas das causas do crescimento urbano experimentado pelo município nas

últimas décadas.

O arranjo produtivo local de Limeira vem passando por momentos de

transformações nos últimos cinco anos. Da ausência total de organizações e do

descaso do poder público, vem ganhando parceiros e atraindo a atenção da

governabilidade local quanto ao seu potencial de desenvolvimento. Entretanto,

apesar do enorme esforço dos empresários, questões fundamentais para a

efetiva interação e sinergia entre as empresas são ou deixadas de lado ou não

encontram um sistema com maturidade suficiente para serem implantadas.

Mesmo com a presença de potencial competitivo e bom nível de criatividade,

existem alguns pontos fracos de relevância para o sucesso dessa organização

como um sistema produtivo complexo; como a baixa capacitação da mão­de­

obra, a ausência de parcerias efetivas com universidades, incentivos limitados,

alto grau de informalidade e impostos elevados. Além disso, não existem muitos

instrumentos de colaboração e cooperação, nem ações realmente integradas

com o poder público local. No que diz respeito à relação do APL com o meio

urbano verifica­se que não existe uma real estratégia de desenvolvimento

urbano da cidade baseada no arranjo produtivo. As empresas estão localizadas

em alguns pólos dentro da cidade, mas de forma aleatória. Pulverizadas na

malha urbana, carecem de diretrizes de planejamento para que possam se

configurar como estruturas capazes de promover o desenvolvimento urbano

local.

6. Considerações Finais

As análises sobre os APLs em Franca e Limeira colocam em pauta as relações

complexas entre novos arranjos econômicos e desenvolvimento urbano

regional, destacando a importância de estudos específicos e contextualizados.

Os dois casos expressam modalidades de rearticulação dos processos

produtivos e de localização espacial da produção, no âmbito do desenvolvimento

industrial do Estado de São Paulo, que respondem às condições atuais da

economia e de um mercado competitivo mundializados.

Potencialmente, a presença e proximidade da cadeia produtiva com proliferação

de pequenas unidades tendem a produzir sinergias econômicas e possibilidades

de parcerias e inovação tecnológica, ao mesmo tempo em que ampliam a

geração de oportunidades diversas de inserção de trabalho. Estes arranjos

favorecem o surgimento de novas formas de atuação dos agentes econômicos e

possibilidades de construção de saberes e competências especializadas, como

elementos importantes para a consolidação de identidades culturais. Entretanto,

o confronto destes potenciais com as singularidades de cada situação concreta

deixa claro que existem muitos desafios para a sua incorporação em políticas de

desenvolvimento.

É possível afirmar que, do ponto de vista de fortalecimento econômico local, os

pólos urbanos produtivos de Franca e Limeira têm apresentado excelentes

resultados, que se refletem no mercado nacional e internacional. Porém, a

consolidação destes APLs, como base de um desenvolvimento sustentável, é

ainda um processo bastante incipiente.

Destacam­se, de um lado, algumas dificuldades de ação coletiva e integrada

como decorrência das próprias características das cadeias produtivas:­

composição heterogênea, forte competitividade interna e hegemonia de grandes

empresas em Franca e predominância de informalidade e pequena empresas

dispersas na mancha urbana em Limeira.

Por outro lado, nota­se que as ações do planejamento urbano não previram

condições especiais para o desenvolvimento dessas atividades, uma vez que

problemas decorrentes da localização e controle desses empreendimentos têm

sido significativos, em especial os ambientais. Isto parece ser reforçado pela

construção, a posteriori, de distritos industriais que, no caso específico de

Limeira encontram­se vazios, reforçando a idéia de necessidade de ações, tanto

de planejamento como de gestão urbana.

Alia­se a isso, a carência de políticas e estratégias de planejamento regional no

âmbito estadual que possam estimular e articular estas estruturas produtivas

locais em uma rede mais complexa de relações.

Perspectivas de integração entre as potencialidades econômicas representadas

pelos APLs e o desenvolvimento local e regional podem ser construídas mas

dependem sobretudo da correlação de forças políticas e sociais, da capacidade

de convergência e legitimidade das políticas públicas urbanas e da adoção

efetiva de instrumentos participativos de planejamento e gestão definidos pela

legislação federal brasileira.

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