o impacto do processamento em nuvens no...

6
Thought Leadership O IMPACTO DO PROCESSAMENTO EM NUVENS NO DATACENTER CORPORATIVO Por Antonio Fonte É cada vez maior o uso de nuvens por organizações de todos os portes e setores da economia. As principais inovações digitais dos últimos tempos, tais como comércio eletrônico, engenhos de pesquisas, redes sociais, aplicações de mobilidade, streaming de vídeo e música, entre outras, quase sem exceção operam em nuvens. Neste mesmo caminho, uma recente pesquisa especializada no mercado de TI mostra que a migração de parte do processamento corporativo do DataCenter tradicional para a nuvem está acontecendo com intensidade variável em cerca de 95% das empresas com mais de 1.000 funcionários para: a) eliminar tempo, trabalho e atenção gerencial para escolher, adquirir e implantar novas configurações de hardware, software e serviços para uso in house; b) evitar construir ou adequar novas instalações físicas para TI; c) poupar capital e aumentar recursos financeiros para a atividade fim da organização; d) testar serviços online ou novos modelos de negócios para acelerar a transformação digital e obter ganhos de competitividade. Será que esta mudança de paradigma sinaliza o fim do DataCenter corporativo tradicional e a generalização do modelo de aquisição de recursos computacionais como mais uma utilidade? O surgimento dos megadatacenters e nuvens públicas O capital para investimento em hardware, software, pessoal especializado e instalações físicas necessárias à operação de TI têm sido fatores limitantes para o crescimento de muitas organizações, gerando uma demanda pelo serviço de nuvens. Assim sendo, como com frequência ocorre quando existe demanda, capacidade gerencial, capitais e tecnologias suficientes amadurecidas (sistemas operacionais, infraestrutura hiperconvergente, virtualização de servidores e de armazenamento, etc.), foram alocados por empresas como AWS, MICROSOFT, IBM, RACKSPACE, ORACLE, entre outras, na construção de megadatacenters para obter economia de escala e viabilizar a oferta de serviços de nuvens públicas. WWW.GRUPOCIMCORP.COM Fig.1

Upload: dinhcong

Post on 03-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Thought Leadership

O IMPACTO DO PROCESSAMENTO EM NUVENS NO DATACENTER

CORPORATIVOPor Antonio Fonte

É cada vez maior o uso de nuvens por organizações de todos os portes e setores da economia. As principais inovações digitais dos últimos tempos, tais como comércio eletrônico, engenhos de pesquisas, redes sociais, aplicações de mobilidade, streaming de vídeo e música, entre outras, quase sem exceção operam em nuvens. Neste mesmo caminho, uma recente pesquisa especializada no mercado de TI mostra que a migração de parte do processamento corporativo do DataCenter tradicional para a nuvem está acontecendo com intensidade variável em cerca de 95% das empresas com mais de 1.000 funcionários para:

a) eliminar tempo, trabalho e atenção gerencial para escolher, adquirir e implantar novas configurações de hardware, software e serviços para uso in house;

b) evitar construir ou adequar novas instalações físicas para TI;

c) poupar capital e aumentar recursos financeiros para a atividade fim da organização;

d) testar serviços online ou novos modelos de negócios para acelerar a transformação digital e obter ganhos de competitividade.

Será que esta mudança de paradigma sinaliza o fim do DataCenter corporativo tradicional e a generalização do modelo de aquisição de recursos computacionais como mais uma utilidade?

O surgimento dos megadatacenters e nuvens públicas

O capital para investimento em hardware, software, pessoal especializado e instalações físicas necessárias à operação de TI têm sido fatores limitantes para o crescimento de muitas organizações, gerando uma demanda pelo serviço de nuvens.

Assim sendo, como com frequência ocorre quando existe demanda, capacidade gerencial, capitais e tecnologias suficientes amadurecidas (sistemas operacionais, infraestrutura hiperconvergente, virtualização de servidores e de armazenamento, etc.), foram alocados por empresas como AWS, MICROSOFT, IBM, RACKSPACE, ORACLE, entre outras, na construção de megadatacenters para obter economia de escala e viabilizar a oferta de serviços de nuvens públicas.

WWW.GRUPOCIMCORP.COM

Fig.1

Fig.2

Uso de nuvens por startups

Estas economias de escalas foram primeiramente percebidas e utilizadas por startups como forma de mitigar a escassez de capital próprio e implementar capacidade computacional just in time para atender as necessidades, algumas vezes imprevisíveis, de crescimento.

Uso de nuvens nas demais organizações

Nas demais organizações, independentemente do porte ou do tipo, governamental ou privada, a TI corporativa foi desde muito, por justas razões, considerada um bem a ser protegido do uso indevido por terceiros internos e externos. Em consequência, a ideia de usar computação em nuvem, de propriedade de terceiros, de forma compartilhada foi inicialmente vista com muitas reservas pela gestão da tecnologia da informação, inclusive, por razões ligadas à segurança da informação.

Apesar disso, a gestão destas organizações, não podendo ignorar os benefícios do novo paradigma, passou a usar nuvens públicas, privadas, ou híbridas de forma cautelosa para diversas finalidades, tais como: aprender a nova tecnologia, terceirização de aplicações de nicho e implementação rápida de infraestrutura para atender picos de demanda.

Decorridos cerca de dez anos de implementação da primeira nuvem pública comercial, com o desaparecimento de grande parte das objeções relacionadas à segurança e até mesmo aplicações em missão crítica tenham migrado para esta plataforma, existe uma nova ressalva a ser levada em consideração que é a dependência de usar um único fornecedor de nuvem para operar os serviços da TI corporativa.

Esta objeção, no entanto, foi satisfatoriamente respondida com o aparecimento de fornecedores de serviços de gerenciamento de nuvens múltiplas que, ao lado de ofertas como serviços de migração de aplicações e de bases de dados, asseguram a capacidade de migrar de fornecedor de nuvem ou espalhar os serviços migrados por mais de uma nuvem ou usar serviços de backup & disaster recovery em nuvem híbrida para segurança adicional.

Thought Leadership

WWW.GRUPOCIMCORP.COM

Em 2017, o processamento de dados em nuvem já é uma indústria global de bilhões de dólares, cuja receita é prevista crescer a taxa composta média de 19% ao ano no período 2015/2026. Em contraste às receitas das vendas de produtos de TI, para ampliar ou implantar novos DataCenters corporativos, devem decrescer a taxa composta média de -3% ao ano no mesmo período. Outro aspecto significativo é que a quantidade de recursos humanos para operar a TI corporativa deve decrescer globalmente a taxa composta média de -7% neste período. Ver Figura 2.

Investimentos globais em infraestrutura de TI corporativa

Outra decorrência da adoção do processamento em nuvens é que a produção global de bens para emprego na TI corporativa, tais como Servidores, Disk Arrays, elementos de rede e softwares, será majoritariamente absorvida para implementação dos DataCenters de nuvens já a partir de 2022 (figura 3) com profundas implicações mercadológicas e tecnológicas.

Modelos de serviços da nuvem pública

Os modelos de serviço preferidos na nuvem pública pelas corporações tem sido SaaS (Software as a Service) como, por exemplo, o Microsoft Office 365 e o CRM SalesForce e IaaS (Infrastructure as a Service) como pode ser visto na Figura 4.

A explicação para estas preferências tem sido, no caso do modelo de SaaS, a facilidade de contratação e implantação e a aderência aos padrões de segurança corporativa. A adoção de IaaS tem sido explicada pela opção por OPEX e para dar velocidade e flexibilidade na implantação de novas aplicações.

Thought Leadership

WWW.GRUPOCIMCORP.COM

Fig.4

Nuvem Privada e Nuvem Híbrida

Os receios de muitas corporações com a segurança na nuvem pública deram origem à nuvem privada que nada mais é do que a implementação de um DataCenter com as características e requisitos para provisão de serviços de nuvem do lado de dentro do firewall corporativo. Em 2017, mais de 50% das nuvens privadas existentes foram implementadas com VMWARE e a porção restante com Open Stack, Microsoft System Center, Microsfot Azure Stack e Cloud Stack.

No entanto, para obter as vantagens econômicas da nuvem pública os usuários de nuvem privada com frequência contratam IaaS numa nuvem pública para operação conjunta criando, desta forma, uma nuvem híbrida. Embora seja uma forma muito difundida de assegurar um misto de elasticidade e segurança, as nuvens híbridas aparentam em 2017 aceitação e declínio à medida que lhes é impossível obter a economia de escala das nuvens públicas e a segurança corporativa das nuvens privadas.

Como será o amanhã?

Existem os que acreditam que graças a Lei de Moore, que tende a continuar vigorando por muitas décadas, aos breakthroughs tecnológicos iminentes como a computação quântica e machine learning systems, bem como uma crescente disponibilidade de APIs, as nuvens terão poder computacional e capacidade de armazenamento cada vez maior, sendo conectadas aos usuários por redes de dados muitas vezes mais velozes e com bandas de passagem mais amplas que as atuais. Tais nuvens serão capazes de obter economias de escala e ordens de magnitude maiores que as atuais e de oferecer SaaS, IaaS e PaaS, a preços equivalentes a uma fração dos preços atuais. Neste cenário, a TI passaria a ser oferecida e consumida como uma utilidade, como é feito com a eletricidade. E a exemplo deste cenário, é percebido que quase nenhuma organização tem geração própria e pouquíssimas corporações continuariam a ter DataCenter próprios.

Thought Leadership

WWW.GRUPOCIMCORP.COM

Existem, no entanto, os que acreditam que as complexidades das nuvens públicas podem causar eventos que seriam inaceitáveis na maioria das corporações que operam aplicações em missão crítica, como a recente parada por horas de importante serviço de uma destas nuvens públicas, aparentemente por mero erro de operação. Este evento que foi considerado o momento Fukushima da indústria de Cloud computing (numa alusão ao acidente nuclear japonês que destruiu a confiança na geração termonuclear daquele pais) reafirmou o conceito de que “se algo pode dar errado, com certeza, um dia dará errado”.

Além do momento Fukushima acima descrito, existe o temor de crime ou guerra cibernética que pode atacar e até destruir o DataCenter de um provedor de nuvens, motivos pelos quais as corporações deverão ainda por muito tempo usar o processamento em nuvens de forma cautelosa e controlada e, na vasta maioria, continuarão a operar seus próprios DataCenters.

Thought Leadership

WWW.GRUPOCIMCORP.COM

Thought Leadership

Autor:

WWW.GRUPOCIMCORP.COM

Antonio Fonte

Empreendedor, Consultor em Tecnologia da Informação, Sócio Fundador do Grupo CIMCORP. Trabalhou em análise de sistemas, vendas, parcerias, comercio internacional, fusões e aquisições na IBM, SID, CIMCORP. Participou na formação de 10 outras companhias. Seu interesse atual inclui Startups, Plataformas Digitais, Cloud Computing e Cyber Security.