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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE NUTRIÇÃO O IMPACTO DA SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE COCO EXTRAVIRGEM EM CAMUNDONGOS SWISS SUBMETIDOS A TREINAMENTO FÍSICO (NATAÇÃO) PRISCILA DA COSTA RODRIGUES Cuiabá-MT, Fevereiro de 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

O IMPACTO DA SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE COCO

EXTRAVIRGEM EM CAMUNDONGOS SWISS SUBMETIDOS

A TREINAMENTO FÍSICO (NATAÇÃO)

PRISCILA DA COSTA RODRIGUES

Cuiabá-MT, Fevereiro de 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

O IMPACTO DA SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE COCO

EXTRA VIRGEM EM CAMUNDONGOS SWISS

SUBMETIDOS A TREINAMENTO FÍSICO (NATAÇÃO)

PRISCILA DA COSTA RODRIGUES

Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de

Nutrição da Universidade Federal de Mato

Grosso como parte dos requisitos exigidos para

obtenção do título de Bacharel em Nutrição, sob

orientação da Profª Drª Letícia Martins Ignácio de

Souza e Coorientação do Prof. Dr. Roberto Vilela

Veloso

Cuiabá-MT, Fevereiro de 2017

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AGRADECIMENTOS

A minha mãe, Roseni, e ao meu pai, José Lauri, que não mediram esforços para que

eu chegasse até o fim dessa estapa. Agradeço pelo imenso amor e carinho que sempre tiveram

para comigo.

Ao meu irmão, Marcus Vinícius, pelo apoio, afeto e compreensão; aos meus primos,

especialmente Marlon e Amanda, por estarem ao meu lado nos momentos mais difíceis,

dando o apoio e amor e abrigo em diversas ocasiões; aos meus avós e tios que também sempre

contribuíram de diversas maneiras para que eu me mantivesse firme durante a caminhada

percorrida.

A minha excelente professora orientadora, Letícia, pela competência, paciência, pelos

conhecimentos técnicos e teóricos que teve a generosidade em compartilhar, e pela amizade

construída durante esse tempo de orientação.

Ao querido professor Roberto ao ter aceitado participar deste projeto como

coorientador e pela ajuda nesta etapa de finalização do curso.

As minhas colegas Drielly e Laíse que me auxiliaram no planejamento e execução do

Trabalho de graduação; a Iniciação Científica Thaise, que despendeu de seu tempo para nos

auxiliar e ao Celso, técnico do Laboratório de Avaliação Biológica em Alimentos, que salvou

a mim e às minhas colegas durante o experimento com sua ajuda.

Ao meu grande amigo Bruno, pelo apoio durante o período de experimento, pela

contribuição no trabalho escrito, além de todo seu carinho, amizade, incentivo e conselhos

para que eu não desistisse de meus objetivos.

A minha companheira de quarto e grande amiga Tamires, por ter aguentado durante

tantos anos a minha “loucura” e desorganização.

As minhas amigas Ana Luisa (minha eterna dupla) e Ludmila por ter compartilhado

comigo grandes momentos de alegria e tristeza durante essa jornada; e às amigas Cristiane,

Thais e Viviane pelo apoio e torcida.

Agradeço ainda a toda minha turma de faculdade que se fizeram especiais pelo tempo

de convívio;

Aos meus amigos Guilherme Junior, Narciso, Mateus e Hágata pela torcida e

companheirismo;

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Aos professores da banca examinadora que aceitaram meu convite e se dispuseram em

contribuir com este trabalho, em especial à professora Patrícia pela amizade e ajuda em

diversas ocasiões.

A professora Salete que por sua paixão pela profissão é um grande exemplo; à

professora Emanuele pela excelente orientação de estágio;

A Faculdade de Nutrição da UFMT e seus docentes e demais membros que

contribuíram com a minha formação acadêmica proporcionando-me grandes aprendizados e

experiências.

E por último, porém essencial, à Deus por ter me dado saúde, sabedoria e

discernimento para trilhar meus caminhos e concluir mais um objetivo.

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RESUMO

Algumas características de composição do óleo de coco sustentam a sua utilização como suplemento alimentar

com o intuito de perda de peso e/ou melhora do desempenho físico. A literatura, porém, mostra resultados

contraditórios e insuficientes. O objetivo do trabalho foi avaliar o impacto da suplementação com óleo de coco

em camundongos submetidos à natação. Foram utilizados 16 camundongos fêmeas divididos em grupo controle

(CTR), treinado (TRE) e treinado com suplementação (TCO). Os grupos TRE e TCO foram submetidos à

natação com duração de 30 minutos/dia, cinco vezes/semana durante quatro semanas; sendo o grupo TCO

suplementado via oral por gavagem com óleo de coco extra virgem (3mL/kg peso animal) 30 minutos pré-treino.

Foram avaliados: ganho de peso; consumo alimentar diário, Índice de Lee; peso do tecido adiposo intra-

abdominal, retroperitoneal, gonadal e subcutâneo, dos músculos soleus e grastrocnêmio; massa magra;

concentrações séricas de colesterol total, triglicerídeos, proteínas totais e albumina; gordura hepática e glicemia

de jejum, enzimas TGO e TGP; testes de tolerância à glicose (GTT) e à Insulina (ITT). O grupo TCO apresentou

maior quantidade de gordura hepática, menor tecido adiposo gonadal e menor músculo soleus além de apresentar

maior tolerância à glicose no GTT comparado ao CTR; o grupo TRE apresentou menor peso do músculo

gastrocnêmio em referência ao grupo CTR. Ambos grupos treinados independentemente da suplementação

tiveram menor atividade de TGO e TGP. Outras variáveis não apresentaram significância (p<0,05). Apesar de

alterações benéficas e perfil lipídico inalterado, o óleo de coco associado à natação provocou efeitos negativos,

podendo seu uso prolongado alterar parâmetros que não foram avaliados, além de não sustentar-se seu efeito

coadjuvante na perda de peso.

PALAVRAS-CHAVE: óleo de coco; natação; triglicerídeo de cadeia média; perfil lipídico; composição

corporal.

ABSTRACT

Some characteristics of coconut oil composition support its use as a dietary supplement for weight loss and / or

improvement of physical performance. The literature, however, shows contradictory and insufficient results. The

aim of this study was to evaluate the impact of coconut oil supplementation on mice submitted to swimming.

Sixteen female rats were divided into control group (CTR), exercised (TRE) and exercised with supplementation

(TCO). The TRE and TCO groups were submitted to swimming for 30 minutes/day, five times/week for four

weeks; and the TCO group was supplemented orally by gavage with extra virgin coconut oil (3mL / kg body

weight) 30 minutes before swimming. It was determined: weight gain; daily dietary intake; the weight of intra-

abdominal, retroperitoneal, gonadal and subcutaneousadipose tissue, the weight of soleus and grastrocnemius

muscles; Lean mass; Serum concentrations of total cholesterol, triglycerides, total proteins and albumin; Liver

fat and fasting blood glucose. Were also evaluatedtestsof Glucose tolerance (GTT) and Insulin (ITT). The TCO

group presented higher amounts of hepatic fat, less gonadal adipose tissue and lower soleus muscle, andalso a

greater glucose tolerance in GTT than to CTR; the TRE group presented lower weight of the gastrocnemius than

CTR group. Both groups trained apart of the supplementation had less activity of TGO and TGP. Other

parameters were not significant (p <0.05). Despite beneficial changes and the unchanged lipid profile, the

coconut oil associated with swimming caused negative effects, and its prolonged use could alter parameters that

were not evaluated, besides not supporting its coadjuvant effect on weight loss.

KEY WORDS: coconut oil;swimming; medium-chain triglycerides; lipid profile; body composition.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 8

2. OBJETIVOS .................................................................................................................... 10 2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 10

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 10

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 11

3.1 LIPÍDEOS ....................................................................................................................... 11

3.2 ÓLEO DE COCO ........................................................................................................... 14

3.3 EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DO ÓLEO DE COCO NA ATIVIDADE FÍSICA

E NA COMPOSIÇÃO CORPORAL .................................................................................... 15

4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 17

4.1 ANIMAIS E CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS ........................................................... 17

4.1.1 Treinamento físico.................................................................................................... 17

4.1.2 Suplementação ......................................................................................................... 17

4.2 PARÂMETROS AVALIADOS ..................................................................................... 18

4.2.1 Ganho de peso e estado nutricional .......................................................................... 18

4.2.3 Testes in vivo ............................................................................................................ 18

4.2.4 Análises bioquímicas................................................................................................ 19

4.2.5 Coleta de tecidos e órgãos ........................................................................................ 19

4.2.6 Extração de lipídeos totais no fígado ....................................................................... 20

4.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................................. 20

4.4 ASPECTOS ÉTICOS ..................................................................................................... 20

6. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 31

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1. INTRODUÇÃO

O óleo de coco vem sendo amplamente estudado pela comunidade acadêmica e a ele

tem-se atribuído diversas ações biológicas além daquelas já conhecidas por se tratar de um

produto fonte de lipídeos. Este produto alimentício, tem sido utilizado como suplemento

alimentar tanto para melhora do desempenho físico, quanto para perda de peso e tratamento

de dislipidemias (Resende et al., 2016; Ippagunta et al., 2011; Ferreira et al., 2003).

Somado a isso, o óleo de coco possui grande quantidade de triglicerídeos de cadeia

média (TCM), que são triglicerídeos de fácil digestão e rápida absorção, o que os torna

grandes aliados na dietoterapia de indivíduos portadores de patologias disabsortivas (Liau et

al., 2011; Torrinhas et al., 2009).

O principal lipídeo do óleo de coco é o ácido láurico, que é um TCM que possui um

grande potencial antibacteriano e antifúngico (Kumar, 2011; Enig, 2000). Além disso, tal

produto é rico em Vitamina E e polifenois, o que lhe confere ação antioxidante (Nevin e

Rajamohan, 2004); podendo, pois, ajudar na melhora da hipertensão arterial (Alves, 2015).

Os TCM são rapidamente transportados e oxidados no fígado, sendo o restante

transportado para os tecidos periféricos (Jeukendrup, 1998; Brouns e van der Vusse, 1998).

Devido à essa velocidade de metabolização e seu grande potencial como fornecedor de

energia, os TCM parecem ser fonte ideal para exercícios físicos, uma vez que podem poupar o

glicogênio muscular. Assim, vem sendo sustentada a suplementação com TCM anterior a

prática de exercício físico prolongado, apesar de resultados conflituosos em relação à melhora

de performance (Ferreira et al., 2003; Alves et al., 2015).

Além da proposta de melhora no desempenho físico, os suplementos nutricionais a

base de lipídeos também vieram acompanhados da promessa de modificação da composição

corporal com redução da gordura total e localizada, particularmente na região abdominal

(Assunção et al., 2009).

Tem sido reportado, ainda, que o uso desse óleo apresenta alguns benefícios no

metabolismo lipídico, tais como redução da Lipoproteínas de baixa densidade (LDL-c) e

aumento da lipoproteína de alta densidade (HDL-c), entretanto com aumento da

trigliceridemia e lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL-c) (Resende, 2015).

Alegando a falta de evidências científicas e os potenciais riscos à saúde, a Sociedade

Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (SBEM) e a Associação Brasileira para o Estudo

de Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) posicionam-se contra a utilização do óleo de

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coco como elemento complementar ao tratamento da obesidade (SBEM, 2016); enquanto que

o Conselho Nacional de Nutricionistas (CFN) alega que sua utilização deve ser pautada

pela variedade, equilíbrio, moderação e prazer, recomendando-se o seu uso em pequenas

quantidades e em preparações culinárias, evitando-o em indivíduos com hipercolesterolemia

(CFN, 2015).

Os estudos sobre o uso do óleo de coco como coadjuvante na atividade física e/ou

agente funcional para melhora de algumas condições como hiperlipidemia e obesidade ainda

são polêmicos e contradizentes. Não se sabe, ainda, se seus benefícios são realmente devido a

sua utilização estrita e nem quais seriam seus efeitos adversos na saúde quando consumidos

continuamente.

Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar os impactos da

suplementação de óleo de coco extra no estado nutricional, glicemia e composição corporal

em camundongos submetidos à treinamento físico (natação).

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o impacto do uso do óleo de coco extra virgem em camundongos submetidos à

treinamento físico (natação).

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Padronizar o protocolo de treinamento físico (natação), sem carga, em

camundongos swiss no Laboratório de Avaliação Biológica de Alimentos da

Universidade Federal de Mato Grosso (LABA-UFMT);

Determinar o peso corporal e o consumo alimentar de animais submetidos ao

treinamento físico e à suplementação com óleo de coco extra virgem;

Estabelecer o perfil bioquímico quanto à quantidade sérica de proteína total,

albumina, triglicérides e colesterol total dos animais;

Identificar tolerância a glicose e sensibilidade a insulina de camundongos swiss

submetidos à treinamento físico e suplementação com óleo de coco extra virgem.

Analisar o peso relativo dos tecidos e de todos os depósitos de gordura,

separadamente.

Estimar, indiretamente, a composição corporal de camundongos swiss submetidos

à treinamento físico e suplementação com óleo de coco extra virgem;

Quantificar o conteúdo hepático de gordura total;

Determinar a concentração sérica das transaminases hepáticas, transaminase

glutâmico-oxalacética (TGO) e transaminase glutâmico-pirúvica (TGP).

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 LIPÍDEOS

Os lipídeos são macromoléculas orgânicas insolúveis em água, possuem a maior

capacidade de converter energia viável para a célula quando oxidados e exercem outras

diversas funções no organismo. Estruturalmente, são os componentes principais da membrana

celular, precursores de hormônios e cofatores enzimáticos, além de atuarem como protetores

térmicos (Nelson e Cox, 2014; Champe et al., 2006).

Os principais lipídeos advindos da dieta têm como estrutura química principal o

triglicerídeo, que é a esterificação do glicerol com três ácidos graxos (AG). Os ácidos graxos

são classificados de acordo com o tipo de ligação química existente em sua cadeia carbonada

e o tamanho dessa cadeia. Dessa forma, têm-se ácidos graxos saturados, que contem somente

ligações simples; AG monoinsaturados, com uma ligação dupla e AG poliinsaturados, com

mais de uma ligação dupla em sua cadeia carbonada. O grau de saturação do AG é o que

determina seu estado físico, assim, quanto mais saturada for a cadeia de carbonos (C), mais

sólido será (Nelson e Cox, 2014).

Segundo German e Dillard (2004), alguns ácidos graxos saturados possuem funções

importantes no organismo, tais como: capacidade de promover o crescimento da mucosa

intestinal, modular a resposta do sistema imune e inflamação, podem estar associado com a

prevenção de câncer, ação antitumoral devido à regulação nos processos de crescimento e

diferenciação celular e apoptose, e atividade antifúngica, bactericidas e antiviral.

Entretanto, esse tipo de gordura tem sido fortemente reportada em causar malefícios à

saúde. O consumo de tais AG pode resultar em um aumento da expressão gênica envolvidas

nos processos de inflamação no tecido adiposo (Dijk et al., 2009), e podem mimetizar a ação

de Lipopolissacarídeos (LPS), que são toxinas nos organismos, presentes em todas as

bactérias gram-negativas que integram a microbiota intestinal de mamíferos capazes de

desencadear uma resposta inflamatória, relacionando-se positivamente com a presença

elevada de marcadores inflamatórios no plasma (Fritsche, 2015).

Além disso, os AG saturados, quando consumidos em excesso, podem promover

maior acúmulo nos depósitos de gordura. Awad e Zepp (1979) já haviam demonstrado que,

ratos alimentados com dieta hiperlipídica rica em gordura saturada, apresentaram redução da

taxa de lipólise, quando comparada à taxa de animais alimentados com AG poliinsaturados,

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por meio de uma menor atividade da lipase hormônio sensível, principal enzima regulatória

da lipólise. Outro efeito do AG saturado foi a alteração da afinidade de receptores β-

adrenérgicos no tecido adiposo marrom, coração e músculo sóleo (Matsuo e Suzuki, 1994) e

consequente redução da taxa metabólica basal (Pereira et al., 2003).

Em adição, o consumo elevado desse macronutriente pode causar hipercolesterolemia;

sendo o ácido láurico (C:12), mirístico (C:14) e palmítico (C:16) os responsáveis por esse

efeito, principalmente o ácido láurico, ao passo que o ácido esteárico (C:18) não interfere nos

níveis de colesterol plasmático. São propostos alguns mecanismos para esse aumento no

colesterol causado pelos AG, tais como: redução dos receptores de LDL hepáticos (Daumerie

et al., 1992), aumento da atividade da Acilcolesteril-aciltransferase (ACAT), que catalisa a

reação de esterificação do colesterol potencializando sua absorção intestinal e aumento do

número de moléculas de colesterol esterificado transportadas nas LDL (Spritz e Mishkel,

1969).

Além da saturação da cadeia, os ácidos graxos também são classificados em cis ou

trans, de acordo com a configuração que se dá a ligação dupla. O AG cis é o que se encontra

em abundância na natureza, porém, os ácidos graxos trans são aqueles que passaram por

algum processo de hidrogenação a fim de saturar a cadeia e conferir-lhe aspecto sólido . Esse

processo industrial promove a saturação de uma cadeia, antes insaturada por meio da adição

de, pelo menos, uma ligação dupla não conjugada na configuração trans. Essa gordura,

portanto, adquire uma conformação mais unidimensional, aproximando-se ao arquétipo de

uma gordura saturada (Longui, 2016).

O consumo de AG trans tem sido relacionado a um maior risco de desenvolvimento de

doenças cardiovasculares por aumentarem a relação LDL/HDL, a trigliceridemia e ter efeitos

pró-inflamatórios, tanto em humanos (Mensink et al., 2003) quanto em animais (Longhi,

2016).

Por meio de um estudo de meta-análise, Imamura et al. (2016), avaliaram ensaios de

alimentação controlados e randomizados que testaram os efeitos do consumo de lipídeos na

glicemia, insulinemia, hemoglobina glicada, sensibilidade a insulina e capacidade de secreção

de insulina (Acute Insulin Response) em indivíduos com mais de 18 anos. Assim, destacou-se

a importância da qualidade da gordura em relação a homeostase glicêmica. Nos estudos

avaliados, observou-se que o consumo de 5% da energia proveniente de gordura

poliinsaturada em substituição a de carboidratos ou gordura saturada foi capaz de diminuir em

até 3,4% a resistência a insulina; enquanto que a resposta insulínica tende a melhorar com a

substituição de gordura saturada ou monoinsaturada por gordura poliinsaturada. Além disso, a

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substituição da gordura saturada pela gordura insaturada foi capaz de reduzir a quantidade de

hemoglobina glicada, um marcador de hiperglicemia crônica, dentre outros efeitos

metabólicos.

Outra forma de classificar os AG, além do tipo de ligação química, é pelo tamanho da

cadeia de carbono. Assim, têm-se ácidos graxos de cadeia curta (4 a 6 Carbonos), cadeia

média (8 a 12 Carbonos) e de cadeia longa (mais de 12 Carbonos) (Torrinhas et al., 2009).

Uma vez ingeridos por meio do consumo de alimentos, os triglicerídeos de cadeia

longa (TCL) normalmente são digeridos pelas lipases salivar e pancreática à medida que o

alimento segue o trato gastrintestinal. No intestino, além da ação da lipase, a bile é necessária

para emulsificação das gorduras, favorecendo a digestão e ação química dessas enzimas. Os

TCL são desesterificados a ácidos graxos de cadeia longa (AGCL) e glicerol, sendo

absorvidos pelos enterócitos, e, após, reesterificados e incorporados em quilomícrons, que são

lipoproteínas responsáveis pelo transporte dos lipídeos advindos da dieta. Logo após, caem na

corrente linfática para depois seguirem para a corrente sanguínea e chegarem aos tecidos

periféricos e fígado; o que torna a digestão e absorção de AGCL mais complexa e demorada

(Sant‟ana, 2004).

Já os triglicerídeos de cadeia média (TCM), são triglicerídeos de fácil digestão e

rápida absorção por não precisarem da bile para sua digestão, além de serem transportados

diretamente para a corrente sanguínea por meio do sistema porta-hepático, sendo excelentes

aliados na dietoterapia de patologias disabsortivas (Torrinhas et al., 2009).

Além disso, cerca de 80% do TCM captado pela veia porta, é diretamente transportado

ao fígado e rapidamente oxidado, sendo o restante transportado para os tecidos periféricos

(Jeukendrup, 1998; Brouns e van der Vusse, 1998). Normalmente, os AGCL necessitam da

cartinitina, uma proteína carreadora, para atravessar a mitocôndria, onde ocorre sua oxidação.

Entretanto, os AGCM necessitam apenas parcialmente da carnitina para entrar na mitocôndria

hepática para ser oxidado, assim, sua oxidação também é facilitada, não sendo depositado no

tecido adiposo (Torrinhas et al., 2009; Liau et al., 2011). Além disso, esse tipo de ácido graxo

possui um caráter cetogênico, ou seja, grande parte do acetil-coenzima A produzido pela sua

oxidação é destinado para a cetogênese, elevando-se, pois, rapidamente a quantidade sérica de

corpos cetônicos (Colleone, 2002).

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3.2 ÓLEO DE COCO

O óleo de coco é uma importante fonte de TCM (Liau et al., 2011). Tradicionalmente,

era extraído da polpa do coco (Cocos nucífera L.) e passava por um processo de refinamento,

o que lhe conferia grande quantidade de ácido graxo livre e levava à perda da maioria das

vitaminas e outras substâncias biologicamente ativas (Babu, 2014; Marina et atl., 2009). O

processo mais saudável se dá pela prensagem, com ou sem aplicação de temperatura e sem

refinamento químico, da polpa do fruto, obtendo-se, assim, a versão extra virgem do produto

que tem seu valor nutricional mais preservado do que a versão refinada (Babu et al., 2014).

Devido ao seu alto teor de AG saturado, o óleo de coco mantém-se no estado de

solidez à temperatura de 24,4 a 25,6°C. O principal lipídeo do óleo de coco é o ácido láurico

(50%), que é um TCM que possui um grande potencial antibacteriano e antifúngico (Kumar,

2011; Enig, 2000; Liau et al. 2011). Além disso, este óleo possui em sua composição os

ácidos graxos saturados: capróico, caprílico, láurico, mirístico, palmítico e esteárico; e em

menor quantidade os ácidos graxos insaturados oléico e linoléico (Kumar, 2011).

Além disso, o óleo de coco é rico em vitamina E e polifenóis, o que lhe confere ação

antioxidante (Nevin e Rajamohan, 2004). Lopes (2015) avaliou as características físico-

químicas e químicas de diversos óleos e gorduras, dentre eles o óleo de coco e foi encontrado

no mesmo maior quantidade de fenólicos totais. Também, quando comparado aos óleos de

linhaça, cártamo, abacate e pequi, o óleo de coco conteve a maior quantidade de flavonóides.

Naczk e Shahidi (2004) afirmam que o ácido fenólico é a principal substância que

confere ao óleo de coco sua ação antioxidante. Alves (2015) avaliou o uso do óleo de coco

virgem sobre a sensibilidade do barorreflexo, que é um mecanismo de controle da pressão

arterial a curto prazo, em ratos hipertensos submetidos a treinamento físico. O autor encontrou

que o óleo de coco melhorou a sensibilidade do barorreflexo e reduziu a produção de espécies

reativas de oxigênio que configuram o estresse oxidativo em ratos hipertensos

independentemente da atividade física. Dessa forma, este óleo também poderia ajudar na

melhora da hipertensão arterial.

Tem sido reportado, ainda, que o uso de óleo de coco apresenta alguns benefícios no

metabolismo lipídico, tais como redução do LDL-c e aumento do HDL-c, entretanto, com

aumento da trigliceridemia e VLDL-c (Resende, 2016).

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3.3 EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DO ÓLEO DE COCO NA ATIVIDADE FÍSICA E

NA COMPOSIÇÃO CORPORAL

A atividade física tem sido considerada desde o século anterior como sendo um fator

de proteção para diversas doenças crônicas, além de reduzir o peso de praticantes assíduos de

exercícios aeróbios, diminuir o risco de morte provocada por doenças coronarianas e melhorar

a sensibilidade à insulina (Shiroma e Lee, 2010; Harati et al., 2010; Donnelly et al., 2009;

Marinho, et al.; 2014).

O óleo de coco tem sido amplamente divulgado via mídias como um coadjuvante para

praticantes de atividade física, devido a essas características de velocidade de metabolização e

seu grande potencial como fornecedor de energia. Assim, praticantes de atividade física tem

utilizado este produto como um suplemento alimentar.

Um suplemento alimentar é utilizado para complementar as necessidades nutricionais

que geralmente não são atingidas apenas com a alimentação e tem situações específicas para

serem utilizados, como patologias ou estágios de vida específicos (gestantes, idosos, etc). A

utilização de suplementos com o intuito de melhora do desempenho físico vem crescendo

cada vez mais e isso fez com que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

publicasse uma Resolução (RDC n° 18/2010) que dispusesse acerca de tais suplementos,

apesar disso, vale ressaltar que não há nessa Portaria não há denominação que enquadre

algum suplemento a base lipídica. Assim, a utilização do óleo de coco como um suplemento

alimentar para atletas ainda seria de forma informal (ANVISA, 2010.)

A atividade física, mesmo que moderada, pode causar alguns danos teciduais por ser

capaz de elevar a produção de radicais livres devido ao incremento de oxigêncio (Prevedello

et al., 2009), entretanto, o treinamento físico é capaz de adaptar o organismo e reduzir tais

efeitos deletérios provocados por esses radicais livres (Schneider e Oliveira, 2004). Assim,

por causa de seu potencial efeito antioxidante relatado anteriormente, o consumo de óleo de

coco poderia ser um coadjuvante na redução desses radicais (Prevedello et al., 2009).

Prevedello e colaboradores (2009) avaliaram em seu estudo o efeito da suplementação

via oral diária de óleo de coco (1mL/g de peso corporal), além de outros óleos vegetais sobre

a lipoperoxidação do tecido muscular em ratos que foram submetidos a treinamento físico

(natação). Os autores encontraram, como resultado, que a utilização do óleo de coco em ratos

sedentários não modificou a quantidade de espécies reativas ao ácido tiobarbitúrico, um

biomarcador do estresse oxidativo, entretanto, a suplementação quando aliada ao treinamento

físico aumentou a quantidade desse biomarcador, e assim, a lipoperoxidação.

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16

Os TCM parecem, ainda, ser fonte ideal para exercícios físicos de longa duração, de

caráter aeróbio, uma vez que podem poupar o glicogênio muscular. Assim, vem sendo

sustentada a suplementação com TCM anterior a prática de exercício físico prolongado,

apesar de resultados conflituosos em relação à melhora de performance (Ferreira et al., 2003;

Alves et al., 2015).

Ferreira et al. (2003) após uma revisão bibliográfica sobre a suplementação de TCM

em atletas de esportes de ultra-resistência, concluiu que apesar da alta taxa de oxidação, não

há melhora na performance que justifique sua utilização, independentemente se associado

com carboidratos; além de promover alguns desconfortos gastrointestinais. Entretanto, os

autores sugeriram intensificar os estudos que investiguem a quantidade a ser suplementada,

bem como o efeito crônico desta prática nas concentrações séricas de lipídeos.

Além da proposta de melhora no desempenho físico, os suplementos nutricionais a

base de lipídeos também vieram acompanhados da promessa de modificação da composição

corporal com redução da gordura total e localizada, particularmente na região abdominal

(Assunção et al., 2009).

Assim, devido a sua grande quantidade de TCM e por conseguinte, sua rápida

digestão, absorção e metabolização, o óleo de coco poderia, então, aumentar o fornecimento

de energia e causar a redução da deposição de gordura no tecido adiposo e resultar em rápida

sensação de saciedade (St-Onge e Jones 2002), e isso vem sustentando a argumentação para

sua utilização em tratamentos para perda de peso. Entretanto, os resultados ainda são

discordantes.

Estudos com animais de experimentação mostram que a suplementação com óleo de

coco diminuiu o ganho de massa corporal quando comparado a animais alimentados com uma

dieta rica em AGCL (Ippagunta et al., 2011); bem como quando associado ao treinamento

físico (Resende et al., 2016). Contudo, esses resultados vão de são contrários àqueles

reportados por Lopes (2015) que, ao avaliar os efeitos biológicos do consumo de óleo de coco

em ratos Wistar, encontrou maior ganho de peso além de maior valor de Índice de Lee, um

parâmetro de avaliação do estado nutricional de animais.

Os estudos que tem como temática o consumo do óleo de coco, seja para melhor

desempenho físico em treinamento, seja como coadjuvante na terapia e melhora de algumas

condições de saúde, como dislipidemia e obesidade, ainda são polêmicos e controversos. Não

é possível saber se seus benefícios são realmente devido a sua utilização estrita e se não

causariam efeitos deletérios à saúde daqueles que o consumirem. Abre-se assim, um campo

rico de investigação.

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17

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. ANIMAIS E CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS

Foram utilizados 18 camundongos fêmeas, albinas, da linhagem Swiss, com 30 dias de

vida, provenientes do Biotério Central da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Os animais ficaram alojados em grupos de três em gaiolas coletivas e divididas,

aleatoriamente: grupo Controle (CTL), grupo Treinado (TRE) e grupo Treinado e

Suplementado com óleo de coco extra virgem (TCO), alimentados com uma dieta padrão para

roedores, isocalórica, normoprotéica (20% de proteína líquida, NUVILAB®)) e água ad libitum e

mantidos em ambiente a 22°C em fotociclo de 12 horas claro e 12 horas escuro.

Ao final do período experimental, todos os animais foram submetidos à anestesia com

uma combinação de Xilazina e Ketamina (2:1) e, posteriormente, eutanasiados por meio de

decapitação para posterior coleta de material biológico para as análises.

4.1.1. Treinamento físico

Os grupos TRE e TCO foram submetidos a um protocolo de treinamento físico

(natação) sem carga em piscinas de, aproximadamente, 20 litros com a temperatura da água

controlada e mantida até 30°C.

Para o período de adaptação, na primeira semana os animais nadaram durante 10

minutos no primeiro dia e, a cada dia, eram acrescidos 5 minutos de exercício, alcançando no

quinto e último dia de adaptação 30 minutos. Tal progressão do treinamento físico foi

adaptado do protocolo de treinamento adotado por Rodrigues (2013). Na semana seguinte ao

período de adaptação foi dado início ao treinamento. O treinamento físico se deu por 30

minutos de natação cinco vezes por semana durante quatro semanas ininterruptas.

O grupo CTR, apesar de não ter participado do treinamento (natação), durante as

semanas de treino dos demais grupos, foram mantidos em recipiente raso para ambientação

em meio aquático (Rodrigues, 2013).

4.1.2. Suplementação

O grupo TCO foi suplementado, diariamente, com óleo de coco extra virgem

(3mL/100kg peso corporal) via oral por gavagem, trinta minutos antes do treinamento físico,

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18

enquanto os grupos CTL e TRE receberam solução salina (NaCl 0,9%), a fim de padronizar

qualquer tipo de alteração física ou comportamental proveniente do protocolo de gavagem.

4.2 PARÂMETROS AVALIADOS

4.2.1 Ganho de peso e estado nutricional

No início do experimento o peso corporal de cada animal foi mensurado e

acompanhado ao final de cada semana, para o cálculo do ganho de peso (ganho de peso =

peso final – peso inicial) bruto e relativo (ganho de peso relativo = [ganho de peso/peso

inicial] x 100).

Apenas ao final do experimento, o comprimento do corpo e da cauda de cada animal

foi medido, segundo Hugges e Tanner (1970), com o animal deitado com a cabeça estendida

em decúpito ventral sobre o instrumento a ser utilizado, medindo-se a distância entre a ponta

do nariz e a ponta da cauda, com os animais anestesiados no momento anterior ao sacrifício.

Com esse dado foi possível calcular o Índice de Lee (

cmCNA

gpesofinal3), sendo CNA:

comprimento naso-anal.

4.2.2 Consumo alimentar

A dieta oferecida aos animais foi pesada semanalmente a fim de realizar o cálculo da

média do consumo alimentar semanal (dietaofertada− dietaconsumida

3 (n°de animais nagaiola) ) para, assim,

estimar a média de consumo alimentar diário relativo de cada animal ([média consumo

alimentar diário/peso inicial] x 100).

4.2.3 Testes in vivo

Para avaliação da tolerância à glicose e da sensibilidade à insulina, foram realizados,

in vivo, o Teste de Tolerância a Glicose (GTT) e o Teste de Tolerância a Insulina (ITT).

Os animais foram submetidos a um jejum overnight de 12 horas e, após, foi coletada

uma primeira amostra de sangue para obter o valor da glicemia no tempo zero do teste. Logo

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19

após, foi administrada uma solução de glicose (2g/kg de peso corporal) e coletadas amostras

de sangue nos intervalos de tempo 15, 30, 60 e 120 minutos. A determinação de glicose nas

amostras foi realizada com glicosímetro (Accu Check Active) e as áreas sob curvas de

glicose foram calculadas (Matthews et al., 1990).

Assim como no GTT, após 12h de jejum “overnight”, uma dose de insulina regular

(1,5U/Kg de peso corporal) foi aplicada nos animais via intraperitoneal e em seguida foram

coletadas amostras de sangue nos intervalos 5, 10, 15 e 30 minutos. Com as amostras

sanguíneas devidamente coletadas, a glicose foi dosada e calculada a taxa de remoção da

glicose (kITT). A glicemia (t ½) foi calculada pelos mínimos quadrados das concentrações de

glicose nos tempos 0 e 15 minutos posteriores à administração de insulina (Lundbaek, 1962).

4.2.4 Análises bioquímicas

Para as análises séricas, foram coletadas as amostras de sangue dos animais no

momento da eutanásia e logo após o soro foi separado e armazenado a - 20°C para as

dosagens séricas, utilizando kits comerciais. Para a determinação do conteúdo de proteína

total, albumina e transaminases hepáticas Transaminase Oxalacética (AST ou TGO) e

Transaminase Pirúvica (ALT ou TGP) séricas foi utilizado o método colorimétrico por meio

dos testes: Proteínas Totais Monoreagente K031 Bioclin®, Albumina Monoreagente K040

Bioclin®, Transaminase TGP K035 Bioclin

®, Transaminase TGO K034 Bioclin

®,

respectivamente.

Para a quantificação de colesterol total e triglicérides, foi utilizado o método

colorimétrico enzimático de acordo com as especificações do fabricante (Colesterol

Monoreagente K083 Bioclin®

e Triglicérides Monoreagente K117 Bioclin®

).

4.2.5 Coleta de tecidos e órgãos

Os tecidos e órgãos foram retirados conforme técnica de Mann et al. (2014). Após o

sacrifício e coleta do sangue, os tecidos foram removidos e pesados, a saber: tecido adiposo

branco subcutâneo (Sub), gonadal (Gon), retroperitoneal (Retro) e intraperitoneal (Intra), o

tecido adiposo marrom (TAM), os músculos sóleus e grastrocnêmio e os tecidos cardíaco e

hepático. Uma amostra do tecido hepático de cada animal foi armazenada em tubos e

congeladas instantaneamente em Nitrogênio Líquido para posterior extração de lipídeos.

Page 21: O IMPACTO DA SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE COCO … · Algumas características de composição do óleo de coco sustentam a sua utilização como suplemento alimentar com o intuito

20

Para as análises, foram utilizados os pesos dos tecidos e órgãos relativos ao peso

corporal final. O peso final da carcaça (após a retirada de todos os tecidos) também foi

mensurado para estimar o percentual de massa magra dos animais com a seguinte equação:

100

∑x

alfinalpesocorpor

açapesodacarc+osotecidoadipalfinalpesocorpor=massamagra

Para obtenção dos pesos dos tecidos e órgãos mencionados foi utilizada uma balança

analítica de alta precisão AccuLab®, com capacidade máxima de 250g.

4.2.6 Extração de lipídeos totais no fígado

Para a extração de lipídeos totais do tecido hepático, foi empregada a metodologia

desenvolvida por Folch e colaboradores (1957). O método baseia-se, primeiramente, na

extração de gordura do tecido macerado, por meio da solução de clorofórmio/metanol

(volume 2:1), sendo homogeneizado e filtrado. O filtrado que possuía os lipídeos extraídos,

encontrava-se ainda com substâncias não-lipídicas. Os lipídeos foram separados ao entrarem

em contato ao menos cinco vezes com seu volume de água. Após, a solução é evaporada em

capela de exaustão e os lipídeos totais quantificados por gravimetria. Para as análises, foi

utilizado o peso da gordura extraída em relação ao peso do tecido.

4.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foram aplicados na análise dos dados testes de natureza paramétrica. Para comparação

dos grupos experimentais foi utilizada a análise de variância ANOVA e, para as variáveis que

apresentassem diferença estatística, foi aplicado o pós-teste de Tukey. O nível de significância

para todos os testes foi de α igual a 5% (Anjos, 2009). Os dados foram analisados no

programa estatístico GraphPad Prism.

4.4 ASPECTOS ÉTICOS

A manutenção dos animais obedeceu a Lei n° 11.794, de 8 de outubro de 2008, que

define os procedimentos para utilização de animais para fins científicos e a metodologia está

aprovada pelo Comitê de Ética no Uso Animal da UFMT sob o parecer n° 23108.010428/13-

5.

Page 22: O IMPACTO DA SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE COCO … · Algumas características de composição do óleo de coco sustentam a sua utilização como suplemento alimentar com o intuito

21

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Alguns defensores do óleo de coco alegam que o mesmo possa auxiliar na perda de

peso (Liau et al., 2011) por sustentar a idéia de que, por ser composto praticamente por ácidos

graxos saturados e de cadeia média, esse suplemento poderia contribuir para a melhora da

saciedade e, dessa forma, fosse capaz de diminuir o consumo alimentar, reduzir o peso

corporal os e depósitos de gordura (Liau et al., 2011; Hann et al., 2014).

Todavia, no presente trabalho, nem o tratamento com o óleo de coco ou o treinamento

físico somente modificaram o consumo alimentar ou o peso corporal dos camundongos

(Tabela 1). Contrariamente a isso, outros autores já encontraram, ainda, aumento do consumo

alimentar e do peso corporal quando ratos Wistar foram expostos a uma dieta com 10% de

óleo de coco, durante 70 dias. Uma vez que a forma de oferecimento do suplemento lipídico

foi diferente, vale ressaltar que mesmo em estudos em que a suplementação com óleo de coco

(2mL/dia) foi similar, acrescido do treinamento físico (natação), todos os grupos testes

(treinado, suplementado e treinado/suplementado) tiveram maior ganho de peso em relação ao

grupo controle (Alves, 2015). Assim, ainda não há concordância entre os estudos sobre os

efeitos do óleo de coco na perda de peso ou no consumo alimentar, mesmo em nível

experimental, não podendo, portanto ser utilizado para tal fim.

Tabela 1. Consumo alimentar, ganho de peso e pesos do tecido adiposo marrom (TAM),

coração e fígado e Índice de Lee de camundongos controle (CTR), treinado (TRE) e treinado

com suplementação com óleo de coco (TCO). Cuiabá, MT. 2016.

Grupos

Consumo

alimentar

Ganho

de peso

TAM

Coração

Fígado

Índice

de Lee

CTR 12,68 28,60 0,57 0,47 3,93 0,324

TRE 15,00 29,38 0,75 0,45 4,35 0,313

TCO 14,40 23,16 0,60 0,46 4,12 0,316 Resultados apresentados em média (g/100g peso corporal). Sem diferença estatística (p<0,05). n: CTR = 5, TRE

= 6, TCO = 6.

Devido a tais resultados conflituosos e aos efeitos deletérios a saúde que o consumo

excessivo de gordura saturada provoca, além do alto preço de mercado, o CFN (2015) orienta

que, quando utilizado, o óleo de coco deve ser consumido pautando-se pelos princípios da

Nutrição, de equilíbrio e adequação, e em pequenas quantidades no preparo de refeições

saudáveis.

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22

Medidas somáticas são úteis para avaliação do estado global de um organismo,

entretanto, a associação de medidas, se faz uma ferramenta importante na avaliação da

situação nutricional. Assim, consideramos o Índice de Lee, que avalia o estado nutricional de

roedores, um parâmetro semelhante ao Índice de Massa Corporal (IMC) em humanos (Nery et

al. 2011). A literatura mostra que valores próximos a 0,3 são considerados controles, enquanto

que valores abaixo ou acima deste devem ser destacados. Assim, além de obtermos valores

semelhantes do ponto de corte, não houve diferença estatisticamente significativa entre os

grupos (Figura 1;p<0,05), o que vai ao encontro do relatado por Resende et al. (2016).

Para confirmar o estado nutricional adequado, determinamos o peso dos tecidos

cardíaco e hepático bem como as concentrações séricas de proteínas totais e albumina de

animais controles, treinados e treinados com a suplementação. Não houve diferença

significativa em nenhum dos parâmetros avaliados (Tabela 2), o que nos mostra que o

tratamento não comprometeu o estado nutricional ou o crescimento dos animais.

Tabela 2. Concentrações séricas de proteínas totais, albumina, colesterol, triglicerídeos e

glicemia de jejum em camundongos controle (CTR), treinado (TRE) e treinados com

suplementação com óleo de coco (TCO). Cuiabá, MT. 2016.

Grupos Proteínas

totais (g/dL)

Albumina

(g/dL)

Colesterol

(mg/dL)

Triglicerídeos

(mg/dL)

Glicemia

Jejum

(mg/dL)

CTR 5,33 2,66 86,31 77,07 152,8

TRE 5,31 2,56 93,63 80,11 138

TCO 5,01 2,48 85,70 58,22 136 Resultados apresentados em média Sem diferença estatística (p<0,05). n: CTR = 5, TRE = 6, TCO = 6.

Portillo et al. (1998), ao testarem uma dieta hiperlipídica com óleo de coco, em

roedores, encontrou que a dieta com 60% de triglicerídeos de cadeia média (TCM) foi capaz

de aumentar a quantidade total de UCP1, uma proteína desacopladora do tecido adiposo

marrom que tem como principal função a transformação da energia química em calor

(termogênese) (Matamala, et al., 1996), sugerindo que a composição do óleo de coco possa

estar associado com o aumento da termogênese (Hann et al., 2014).

Assim, para continuar investigando possíveis efeitos do óleo de coco na modificação

da composição corporal, apesar de resultados não significativos no peso corporal, ao eviscerar

os animais, separamos todos os depósitos de gordura para avaliação da massa relativa e, após,

estimamos a composição corporal pela diferença entre o peso corporal total e o peso da

carcaça eviscerada, segundo Resende e colaboradores (2016).

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23

É sabido que o treinamento físico, particularmente a natação, em roedores, é capaz de

aumentar a atividade da citrato cinase dos músculos gastrocnêmio e soleus de camundongos,

o que sugere melhora da capacidade física do músculo esquelético com esse tipo de exercício

físico (Rodrigues, 2013) além de maior diâmetro de fibra muscular, especialmente quando o

grupo treinado é submetido à sobrecarga (Simionato et al., 2015). Também, uma vez que o

uso do óleo de coco na atividade física é sustentado pela sua alta capacidade de fornecimento

rápido de energia, o que pouparia o glicogênio muscular, melhorando o desempenho físico

(Ferreira et al., 2003), seria razoável esperar que o nosso tratamento modificasse o peso desse

tecido.

Entretanto, apesar dessa hipótese, o óleo de coco reduziu o peso do músculo sóleo dos

animais em treinamento em relação ao grupo TRE (Figura 1.a; p<0.05) e nenhum efeito foi

observado com relação ao músculo gastrocnêmio ou em relação ao percentual total de massa

magra (Figura 1).

Figura 1. Efeito da suplementação de óleo de coco e treinamento físico no peso dos músculos

sóleus e gastrocnêmio e massa magra de camundongos. Cuiabá, MT. 2016

CTR TRE TCO0.000

0.005

0.010

0.015

0.020

0.025 *

Tec

ido m

usc

ula

r (

sole

us)

(g/1

00

g p

eso

co

rp

ora

l)

CTR TRE TCO

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5 #

Teci

do

mu

scu

lar (

ga

stro

cnem

io)

(g/1

00

g p

eso

co

rp

ora

l)

(a) (b)

CTR TRE TCO0

10

20

30

40

Mass

a m

agra

rel

ati

va

Fonte: a pesquisa. Resultados apresentados em média de peso relativo do tecido muscular ao peso corporal final.

a = músculo sóleus; b = músculo gastrocnêmio; c = massa magra. CTR = controle, TRE = treinado sem

suplementação e TCO = treinado com suplementação. * Diferença estatística entre os grupos TRE e TCO; #

Diferença estatística entre CTR e TRE (p<0,05). n: CTR = 5, TRE = 6, TCO = 6.

Além dos efeitos benéficos do treinamento físico sobre a massa muscular, essa prática

tende a diminuir os depósitos de gordura, como o reportado por Crespilho (2008) que avaliou

o peso do tecido adiposo subcutâneo e epididimal de ratos submetidos à natação com duração

(c)

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de 60 minutos e sobrecarga de 5% do peso corporal e constatou que o treinamento físico

reduziu a gordura da região epididimal. Surpreendentemente, o nosso estudo mostrou que o

peso relativo de um dos depósitos de tecido adiposo branco, o gonadal, foi reduzido pelo

tratamento físico somado à suplementação com óleo de coco quando comparado ao grupo

controle (Figura 2; p<0,005); efeito esse que não foi observado quando avaliamos o exercício

físico isolado (grupo TRE) (Figura 2.b).

Figura 2. Efeito da suplementação de óleo de coco e treinamento físico nas diferentes regiões

do tecido adiposo branco em camundongos. Cuiabá, MT. 2016

CTR TRE TCO0

1

2

3

4

5

TA

B s

ub

cutâ

neo

(g/1

00

g p

eso

co

rp

ora

l)

CTR TRE TCO0

1

2

3

4

5 *

TA

B g

on

ad

al

(g

/1

00

g p

eso

co

rp

ora

l)

(b)

CTR TRE TCO0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

TA

B r

etr

op

erit

on

eal

(g/1

00

g p

eso

co

rp

ora

l)

CTR TRE TCO

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

TA

B i

ntr

a-a

bd

om

ina

l

(g/1

00

g p

eso

co

rp

ora

l)

Fonte: a pesquisa. Resultados apresentados em média de peso relativo do tecido adiposo branco de diferentes

regiões ao peso corporal final. a = tecido adiposo branco da região subcutânea; b = tecido adiposo branco da

região gonadal; tecido adiposo branco da região retroperitoneal; tecido adiposo branco da região intra-

abdominal. CTR = controle, TRE = treinado sem suplementação e TCO = treinado com suplementação. *

Diferença estatística entre os grupos CTR e TCO (p<0,05). n: CTR = 5, TRE = 6, TCO = 6.

O óleo de coco, por ser de fácil digestibilidade e rápida absorção e metabolização,

aumenta rapidamente a taxa de oxidação de ácidos graxos. Segundo Boschini e Garcia (2005),

o que sustenta a prática de suplementação com lipídeos é que, quando em excesso, podem

estimular a expressão gênica das proteínas desacopladoras por aumento da concentração de

ácido graxo livre, favorecendo, assim, o aumento da termogênese e da taxa metabólica basal,

contribuindo com a perda de peso e modificação da composição corporal.

Uma vez alterados os depósitos de gordura nos animais tratados com óleo de coco sem

mudanças no peso corporal, seria interessante investigar qual o destino dessa mobilização de

b

(a)

(c) (d)

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25

estoques de gordura, uma vez que estudos anteriores já haviam reportado que a ingestão de

uma dieta hiperlipídica com óleo de coco foi responsável pelo aumento do peso do fígado dos

animais quando comparado a dieta hiperlipídica com óleo de linhaça (Gressler, 2013), o que

poderia sugerir um aumento ectópico do depósito de gordura nesse órgão.

Para iniciar a investigação, realizamos análises no perfil lipídico sérico dos animais.

Lopes (2015) já havia observado que a utilização do óleo de coco é capaz de diminuir HDL-

colesterol (HDL-c) e aumentar, concomitantemente, triglicérides (TG), apesar de não

acarretar em mudanças no colesterol total. Além disso, Resende e colaboradores (2016), ao

avaliar o impacto da suplementação em ratos submetidos à natação, encontraram

concentrações de triglicerídeos, VLDL-c e HDL-c maiores nos grupos suplementados com ou

sem treinamento em relação aos sem a suplementação, reduzindo a razão LDL-c/HDL-c,

alterando negativamente o perfil lipídico apontando para um meio mais aterogênico.

No presente estudo a suplementação não foi capaz de causar tais alterações, uma vez

que o grupo TCO não apresentou diferença significativa de colesterol total e triglicérides em

relação aos demais grupos (Tabela 2). Todavia, uma vez que a suplementação esteja associada

ao treinamento físico, essa prática de atividade física pode ter protegido os animais de

desenvolverem tais alterações no perfil lipídico, ou simplesmente o tempo de suplementação

não tenha sido suficiente para causar as alterações encontradas na literatura. É importante

destacar que, no nosso estudo não avaliamos as frações HDL-c, LDL-c e VLDL-c.

Finalmente, apesar de não haver diferença no peso relativo do fígado entre os animais

estudados, foi possível verificar que a suplementação com óleo de coco em conjunto com a

atividade física aumentou o conteúdo de gordura hepática dos animais (TCO = 3,664g),

quando comparados ao grupo controle (CTR = 2,248g; p<0,05) (Figura 3).

Segundo Rodrigues (2013), o treinamento físico é capaz de reduzir o acúmulo de

gordura no fígado de camundongos mesmo aqueles submetidos a uma dieta hiperlipídica

(Ritter et al, 2011), supõe-se, pois, que a suplementação com óleo de coco tenha sido a

responsável por essa maior quantidade de gordura hepática encontrada neste estudo. Esse

efeito é bastante comum em doenças metabólicas que decorrem de alterações no perfil

dietético ou envolvidas com obesidade e co-morbidades relacionadas e por, pelo menos em

parte, prejudicar entre outras vias, o metabolismo de glicose (Vernon et al. 2011).

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26

Figura 3. Efeito da suplementação de óleo de coco e treinamento físico no conteúdo de

gordura hepática em camundongos. Cuiabá, MT. 2016

CTR TRE TCO0

1

2

3

4

5 *

Co

nte

úd

o d

e g

ord

ura

hep

áti

ca

(g

/10

0g

tecid

o)

Fonte: a pesquisa. Resultados apresentados em média do conteúdo de gordura hepática relativa ao peso corporal.

CTR = controle, TRE = treinado sem suplementação e TCO = treinado com suplementação. * diferença

estatística entre os grupos CTR e TCO (p <0,05). n: CTR = 5, TRE = 6, TCO = 6.

De maneira complementar, avaliamos a atividade enzimática das enzimas hepáticas

TGO e TGP com o intuito de apontar possíveis prejuízos funcionais decorrentes do depósito

de gordura hepático, e verificamos que o treinamento físico, independente da suplementação

reduziu a atividade de ambas as enzimas, em relação ao grupo controle (Figuras 4.a e 4.b;

p<0,05). Esse resultado já havia sido reportado por Luz (2011) mesmo em animais

submetidos à obesidade induzida por dieta hiperlipídica, sugerindo que o treinamento físico

por meio de natação auxilia na melhora à inflamação hepática causada pela dieta, podendo

prevenir a lesão tecidual. Assim, a suplementação com óleo de coco não parece ter levado à

alterações funcionais nos hepatócitos, apesar do acúmulo de gordura intratecidual.

Figura 4. Efeito da suplementação de óleo de coco e treinamento físico na atividade

enzimática das enzimas hepáticas TGO e TGP. Cuiabá, MT. 2016.

a b

CTR TRE TCO0

100

200

300* *

TG

O (

U/m

L)

CTR TRE TCO

0

50

100

150

200

250 * *

TG

P (

U/m

L)

Fonte: a pesquisa. Resultados apresentados em média de concentração (U/mL). a = Transaminase Oxalacética

(TGO); b = Transaminase Pirúvica (TGP). CTR = controle, TRE = treinado sem suplementação e TCO =

treinado com suplementação. * Diferença estatística entre os grupos CTR e TRE e CTR e TCO (p<0,05). n:

CTR = 5, TRE = 6, TCO = 6.

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As enzimas TGO e TGP são responsáveis por catalisar reações de transaminação dos

aminoácidos Uma vez que se encontram em grande quantidade no interior dos hepatócitos,

quando suas concentrações séricas estão aumentadas podem referir lesão celular no fígado,

assim, são importantes ferramentas para compor o diagnóstico de uma série de hepatopatias

(Motta, 2009). Em alguns indivíduos portadores de doença hepática gordurosa não alcoólica,

por exemplo, os níveis de transaminases estão elevados, sendo a TGO importante marcador de

depósito gorduroso no fígado (Wannamethee et al., 2005).

Entretanto, cabe ressaltar que, os mecanismos celulares que se encontram ativados em

estados de saúde são perfeitamente reguláveis a diversos estímulos ambientais e tentem a

manter a sua homeostase. Dizendo isso, chamamos a atenção para o fato de que, esses

animais, alimentavam-se de uma dieta padrão para roedores e possuíam estado nutricional

preservado, a julgar pelos dados de peso, consumo, índice de Lee e conteúdo de proteína total

e albumina. Assim, o treinamento físico foi capaz de reduzir a atividade das enzimas

hepáticas e isso pode ter, então, criado um ambiente celular mais susceptível ao acúmulo de

gordura proveniente da suplementação com o óleo de coco.

Finalmente, para avaliar os efeitos do treinamento físico e da suplementação com óleo

de coco sobre parâmetros metabólicos, especialmente na homeostase glicêmica, realizamos os

testes de tolerância à glicose e à insulina em todos os grupos experimentais. Apesar das

alterações hepáticas, não observamos mudanças significativas na glicemia de jejum (Tabela 2)

e, apesar de não verificarmos diferenças nas áreas sob a curva de glicose nos tempos 15, 30 e

120 minutos do GTT (Figura 5.a, 5.b e 5.c, respectivamente), ao avaliar a evolução da

glicemia durante o teste (Figura 6) observamos que o treinamento físico reduziu um dos picos

de glicemia após a injeção intraperitoneal de glicose, mostrando que a natação foi capaz de

melhorar a tolerância à glicose dos animais, mesmo na ausência de alterações dietéticas

importantes.

A melhora na tolerância a glicose é um resultado já esperado pelo treinamento físico,

uma vez que a contração muscular é responsável pelo aumento da proteína cinase ativada por

AMP (AMPK) e essa enzima é capaz de aumentar a captação de glicose independentemente

da ação da insulina (Pauli et al. 2009).

É conhecido, ainda, que o exercício físico melhora a resistência à insulina, (Shojaee-

Moradie et al., 2007; Wallberg-Henriksson, 1995; Luz, 2011), principalmente por modular

proteínas, presentes na inflamação causada pelo consumo excessivo de gordura, que têm

efeito negativo na resposta ao sinal insulínico e consequentemente melhora na captação de

glicose. Entretanto, apesar da melhora na tolerância à glicose, os grupos treinados não

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apresentaram melhora aparente na sensibilidade à insulina, a julgar pelas área sob a curva de

glicose inalteradas (Figura 5), evolução da glicemia durante o ITT (Figura 7) e pelo cálculo

da velocidade de decaimento da glicose, o kITT (Figura 8) (Bonora et al., 1989).

Figura 5. Área sob a curva de glicemia durante o Teste de Tolerância à Glicose (GTT) em

camundongos sedentários (CTR), treinado (TRE) e treinados com suplementação com óleo de

coco (TCO). Cuiabá, MT. 2016.

a b

CTR TRE TCO0

1000

2000

3000

4000

5000

Áre

a s

ob

a c

urv

a d

e g

lico

se

(mg

/dL

1

5m

in)

CTR TRE TCO

0

2000

4000

6000

Áre

a s

ob

a c

urv

a d

e g

lico

se

(mg

/dL

30m

in)

c

CTR TRE TCO0

5000

10000

15000

Áre

a s

ob

a c

urv

a d

e g

lico

se

(mg

/dL

120m

in)

Fonte: a pesquisa. Resultados apresentados em média da área sob a curva de glicose. Sem diferença estatística

(p<0,05). n: CTR = 5, TRE = 6, TCO = 6.

Figura 6. Evolução da glicemia durante o Teste de Tolerância a Glicose (GTT) em

camundongos submetidos à suplementação de óleo de coco e/ou treinamento físico. Cuiabá,

MT. 2016. Cuiabá, MT. 2016.

0 30 60 90 1200

100

200

300

400

500CTR

TRE

TCO

* CTR vs TCO p<0,05

Tempo (min)

Gli

cem

ia (

mg

/dL

)

Fonte: a pesquisa. Resultados apresentados em média da glicemia (p<0,05).

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Figura 7. Evolução da glicemia durante o Teste de Tolerância a Insulina (ITT)

em camundongos submetidos à suplementação de óleo de coco e/ou treinamento físico.

Cuiabá, MT. 2016.

0 5 10 150

50

100

150

200CTR

TRE

TCO

Tempo (min)

Gli

cem

ia (

mg

/dL

)

Fonte: a pesquisa. Resultados apresentados em média da glicemia (p<0,05).

Figura 8. Taxa de desaparecimento da glicose durante o teste de tolerancia a insulina (K ITT,

15 minutos). Cuiabá, MT. 2016.

CTR TRE TCO0

2

4

6

8

10

kIT

T (

% d

ecaim

ento

)

Fonte: a pesquisa. Resultados apresentados em percentuais. Sem diferença estatística (p<0,05). n: CTR = 5, TRE

= 6, TCO = 6.

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6. CONCLUSÃO

Em suma, os dados do nosso estudo fornecem importantes apontamentos em relação

ao uso do óleo de coco como suplemento alimentar aliado à pratica de atividade física na

ausência de alterações dietéticas. Isso porque, apesar das promessas, o óleo de coco associado

à natação não apresentou ganhos significativos na composição corporal ou performance do

exercício, a julgar pelos resultados de massa magra e tecidos musculares e, apesar de não

modificar o perfil lipídico sérico, provocou efeitos negativos na mobilização de estoques de

gordura corporal, provocando um acúmulo ectópico de gordura hepática. Isso nos leva a supor

que, pelo menos quando associado a uma dieta saudável e mesmo à pratica de exercício físico,

nossos resultados não sustentam seu efeito coadjuvante para a perda de peso, modificação da

performance e alertam para possíveis efeitos deletérios, especialmente sob seu uso

continuado.

.

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