o gênero histórias em quadrinhos nas aulas de filosofia

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ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura. 29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908 1 O GÊNERO HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NAS AULAS DE FILOSOFIA Darlei Possamai INTRODUÇÃO O objetivo da inserção da disciplina Filosofia para jovens que cursam o ensino médio é permitir ao educando o ‘domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania’, segundo a Lei 9394/96. Entretanto, o modo como a disciplina de Filosofia foi reintroduzido nos programas curriculares em 1996 pouco (ou quase nada) mudou em relação aos anos anteriores a 1971, período ditatorial no Brasil, (período compreendido de 1964 a 1985) diante do qual a Filosofia foi banida dos programas escolares a partir da Lei 5692/71. Mas o que implica o estudo da Filosofia para os adolescentes do ensino médio? Ou melhor: qual seu campo de atuação desta para o ensino médio? Para Chauí, os jovens poderiam questioná-la da seguinte maneira: Para que Filosofia? Qual sua utilidade?, Para que serve isso?, Que uso proveitoso ou vantajoso posso fazer disso? Por que ninguém pergunta: Para que as ciências?, pois todo mundo imagina ver a utilidade das ciências nos produtos da técnica, isto é, na aplicação dos conhecimentos científicos para criar instrumentos de uso, desde o cronômetro, o telescópio e o microscópio até a luz elétrica, a geladeira, o automóvel, o avião, a máquina de lavar roupa ou louça, o telefone, o rádio, a televisão, o cinema, etc. Ninguém, todavia, consegue ver para que serviria a Filosofia, donde dizer-se: Não serve para coisa alguma. Ora, todas as pretensões das ciências pressupõem que elas admitem a existência da verdade, a necessidades de procedimentos corretos para bem usar o pensamento. Verdade, pensamento racional, procedimentos especiais para conhecer fatos, aplicação prática de conhecimentos teóricos, correção e acúmulo de saberes: esses objetivos e propósitos das ciências não são científicos, são filosóficos e dependem de questões filosóficas. O trabalho das ciências pressupõe, como condição, o trabalho da filosofia (grifos nossos). (CHAUÍ, 2004, p. 19). Nesta mesma perspectiva de ver a inclusão da Filosofia como disciplina importante a ser ministrada no ensino médio baseamo-nos também em Jaspers (apud Nunes, 1993, p. 16): Um instinto vital, ignorado de si mesmo, odeia a filosofia. Ela é perigosa. Se eu a compreendesse, teria de alterar a minha vida. Adquiriria outro estado de espírito, veria as coisas a uma claridade incrível, teria de rever meus juízos.

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ANAIS ELETRNICOS III ENILLEncontro Interdisciplinar de Lngua e Literatura.29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-99081O GNERO HISTRIAS EM QUADRINHOS NAS AULAS DE FILOSOFIADarlei PossamaiINTRODUOOobjetivodainserodadisciplinaFilosofiaparajovensquecursamoensino mdio permitir ao educando o domnio dos conhecimentos de Filosofia e deSociologia necessrios ao exerccio da cidadania, segundo a Lei 9394/96. Entretanto, omodocomoadisciplinadeFilosofiafoireintroduzidonosprogramascurricularesem1996pouco(ouquasenada)mudouemrelaoaosanosanterioresa1971,perododitatorial no Brasil, (perodo compreendido de 1964 a 1985) diante do qual a Filosofiafoi banida dos programas escolares a partir da Lei 5692/71.MasoqueimplicaoestudodaFilosofiaparaosadolescentesdoensinomdio? Ou melhor: qual seu campo de atuao desta para o ensino mdio? Para Chau,os jovens poderiam question-la da seguinte maneira:ParaqueFilosofia?Qualsuautilidade?,Paraqueserveisso?,Queusoproveitoso ou vantajoso posso fazer disso? Porqueningum pergunta:Paraqueascincias?,poistodomundoimaginaverautilidadedascinciasnosprodutosdatcnica,isto,naaplicaodosconhecimentoscientficosparacriar instrumentosdeuso,desde o cronmetro, o telescpio e o microscpioat a luz eltrica, a geladeira, o automvel, o avio, a mquina de lavar roupaouloua,otelefone,ordio,ateleviso,ocinema,etc. Ningum,todavia,consegueverparaqueserviriaaFilosofia,dondedizer-se:Noserveparacoisaalguma.Ora,todasaspretensesdascinciaspressupemqueelasadmitemaexistnciadaverdade,anecessidadesdeprocedimentoscorretosparabemusaropensamento.Verdade,pensamentoracional,procedimentosespeciaisparaconhecerfatos,aplicaoprticadeconhecimentostericos,correo e acmulo de saberes: esses objetivos e propsitosdas cinciasnoso cientficos, so filosficos e dependem de questes filosficas. O trabalhodas cincias pressupe, como condio, o trabalho da filosofia (grifos nossos).(CHAU, 2004, p. 19).Nestamesmaperspectivadeveraincluso daFilosofiacomodisciplinaimportante a ser ministrada no ensino mdio baseamo-nos tambm em Jaspers (apudNunes, 1993, p. 16):Um instinto vital, ignorado de si mesmo, odeia a filosofia. Ela perigosa. Seeu a compreendesse, teria de alterar a minha vida. Adquiriria outro estado deesprito,veriaascoisasaumaclaridadeincrvel,teriaderevermeusjuzos.ANAIS ELETRNICOS III ENILLEncontro Interdisciplinar de Lngua e Literatura.29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-99082Melhornopensarfilosoficamente.Muitospolticosveemfacilitadoseutrgicotrabalhopelaausnciadafilosofia. Massasefuncionriossomaisfceisdemanipularquandonopensam,mastosomenteusamdeumainteligncia de rebanho. Mais vale, portanto, que a filosofia seja vista comoalgointediante. Oxaldesaparecessem?asfaculdadesdeFilosofia. Quantomaisvaidadesseensine,menos estarooshomensarriscadosasetocarpela luz da Filosofia. Assim, a filosofia se v rodeada de inimigos, a maioriados quais no tem conscincia dessa condio. A auto tolerncia burguesa, osconvencionalismos,ohbitodeconsiderarobemmaterialcomorazosuficiente da vida, o hbito de s apreciar a cincia em funo de sua utilidadetcnica, o ilimitado desejo de poder, a lentido dos polticos, o fanatismo dasideologias,aaspiraoaumnomeliterrio - tudoissoproclamaaantifilosofia. (grifo nosso) (NUNES, 1993, p. 16)Estetrabalhoinvestigaomodocomoojovemdoensinomdiov(comapreciao ou depreciao) os textos escolares em que abordada a disciplina Filosofiaministradanasprimeirase segundassries,atravsdeumatestagem sob aformadequestionrio.Nestesentido,questiona-se,nestetrabalhooestudoereflexodaFilosofia sob a modalidade de HQ no ensino mdio podem se tornar mais motivador eenvolvente?Porqueosfatoseasnarraesapresentadasemquadrinhosenvolvemefascinam mais os jovens?Na literatura sobre Filosofia, desenvolve-se o pensamento, segundo o qual,adisciplinadevepropiciaraadoodeparmetrosfilosficosparaojovemcriarconceitos que deem conta dos problemas relacionados a eles prprios e ao mundo deforma original e autnoma. Acreditamos que em textos com cuja linguagem este jovemnoseidentifica,possvelqueestemesmojovemnopossasentir-semotivadoleitura da Filosofia e deixar de ser original e autnomo em suas inquietaes frenteaoseumundocontemporneo.Nessestermos,acreditamos,queaadoodeumalinguagemfilosficamaisacessvelaosjovens,einseridanumgnerotextualmaisatraente a esta faixa etria, poder tornar o estudo da Filosofia tambm mais atraente.comumouvirdealunosqueobsoletoearcaicoomodocomoalinguagem (e, por extenso, o contedo) empregada nos textos didticos, e isto vemsendo mais um dos problemas enfrentados pelos professores no ensino/aprendizagemnas escolas de ensino mdio.Asociedade(daqualfazemosparte)vemsofrendomudanasnareadoconhecimento e da educao numa velocidade tal que se torna at difcil acompanharANAIS ELETRNICOS III ENILLEncontro Interdisciplinar de Lngua e Literatura.29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-99083tais mudanas. As inmeras linguagens presentes nessa realidade, dentre elas a virtuale a miditica, no s chamam a ateno dos jovens, mas tambm os convencem de queso as melhores, so as mais prticas, so as que trazem solues aos seus problemasconsumistasdirioseimediatosdabuscapelonovoe,tambm,comoanicanecessria.Aceitando ou no, ns, como partcipes dessa sociedade em transformao,somoscoautoresdessarevoluoeletro-eletrnica-digitale,dessaforma,estamosenvolvidosnumuniversodeinformaoquevaidovisualaosonorodaslinguagenstelevisivas,dosvdeos-clips, dapublicidade,dashistriasemquadrinhos,doscelulares, dos jogos eletrnicos, do videotexto, do computador, da realidade virtual.Essasnovastecnologiaselinguagenscriamnovosdesafioseexignciassvrias reas do conhecimento, dentre as quais, uma viso mais crtica e ampliada doseducadores,osquaisnoreceberam,aomenosumagrandeparcela,taleducaoeformao.Decertaforma,pode-sedizerquens,domundoacadmico,devidoprpria formao universitria que tivemos, ao menos uma parte expressiva, sabemosseparar o joio do trigo, isto , as informaes boas das ms quetodos estes novosmeios de comunicao nos trazem. Muitas vezes, estes meios, ao invs de esclareceremetornaremtransparentesarealidadepresentenonossodia-a-dia,elesescondem,camuflameenganamosindivduos.Taismecanismosfuncionamcomoumafalsificao da realidade, maquiando a realidade, no deixando ver o que realmente,comoumamensagemsubliminar,queacabamnosconvencendoaagir epensarmecanicamenteapartirdecomandosporelaprojetados.EoqueesperamosdaFilosofia?Noomomentodareflexosobreosfatosnossodecadadia?Sobreosfatos da nossa realidade scio-histrico-cultural? E, por que no, uma reflexo mediadapela linguagem de uma comunidade de fala especfica, como a de jovens o ?Ajuventude,demaneirageral,estariacapacitadaparaselecionareseapropriar de todas essas novas informaes? E se usssemos e trouxssemos ao nossoladoessastecnologiaseformasdelinguagempresentenomundodosjovens,eporque no dizer tambm do nosso, e transform-las em apoio didtico em sala de aula?ANAIS ELETRNICOS III ENILLEncontro Interdisciplinar de Lngua e Literatura.29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-99084Seria um desafio educao, sem dvida, mas tambm no seria uma soluo ou dicaperante os vrios problemas de desnimo, repetncia e defasagem de jovens diante dosnovos desafios impostos pela sociedade?Diantedessagamadeinformaes,desafiosequestionamentosparaaeducao e para os educadores, presentes no mundo contemporneo, ou no mundo dops-moderno, como intitula o livro de Jean Baudrillard (2002), optamos por falar deFilosofianumgnerotextualsobaformadeinteraoentreoslocutoreseinterlocutores.Nosedoemdilogostambmstelenovelasdecadadia,paramanterem-senaidentidadecomopblico?Emboraocompromissosocialnestesentretenimentos (telenovelas, por exemplo) seja praticamente nulo, por estes atenderemquasequeexclusivamenteaoquesitoidentidade-audincia,identidade-pblico,acreditamosqueostextosdeFilosofianamodalidadeHistriasemQuadrinhospossam atender tambm ao quesito identidade entre leitor e texto.Emmeioaumasociedadepragmtica,tecnicistaeutilitarista,comoanossa, onde algo s considerado se tiver alguma finalidade prtica , sem sombra dedvida, um dilema e um desafio educar, e mais educar para a vida, a partir de umadisciplinaqueoopostodoquepropeasociedade:adisciplinaFilosofia,umadisciplina terica, nem tanto prtica, como insinuam os novos mtodos e linguagens.Optamos por utilizar as Histrias em Quadrinhos, pois elas nos trazem umagama enorme de informaes desde o ttulo at o seu enredo, e que esto presentes nocotidianodosalunose,portanto,osvemosdevitalimportnciaparachegarmosatextos concernentes a formao humana e filosfica.Com o resgate de trs gneros textuais, abordados de maneira diferenciada,percebemos que o aluno ter acesso ao texto clssico demaneiradiferenciada e, sermais atraente servindo de estimulo e aguando sua curiosidade.Alm disso, a maneira como est formulado os mitos nas HQ, a linguagemadescrita,estinseridonocontextodosalunos,descritonumalinguagemusadapelo jovem no seu cotidiano, estar, ento, contextualizado. A partir das HQ o alunopoder se aproximar do texto mais complexo, ou seja, o clssico.ANAIS ELETRNICOS III ENILLEncontro Interdisciplinar de Lngua e Literatura.29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-99085necessrio,paraquemlasHQ,dominartodosossignosesmbolosrelacionados a eles ou ao menos ter uma noo da linguagem utilizada.Oserhumanoentendeascoisasdomundoqueocercaesecomunicatambm por meio de sinais. No mundo em que vivemos, existe uma variedade enormedesinais,comojmencionamosacima,quesodistribudoseclassificadossegundodiversos aspectos e de acordo com a rea de conhecimento a que pertencem.1.1 Uma educao tecnicista autoritria e excludente: Lei 5692/71Desde os gregos, segundo Arantes (1996; p. 07), o ato de ensinar Filosofia juventude,comsuarazonocorrompida,constituisempreumproblemaparaofilsofo.Encontraromtodoadequadoparacativ-lossemsombradedvida odesafio.Issosedevepelofatoqueoensinodafilosofia,desdeoBrasilcolniaathoje,nuncateveumlugardefinidonocurrculoescolar.Somenteapartirdosanos1930 essa matria passa a disputar e ocupar seu espao ao lado das outras disciplinas.Apartirde1964,aeducaobrasileira,damesmaformaqueosoutrossetores da vida nacional, passou a ser vtima do autoritarismo que se instalou no pas.Reformas foram efetuadas em todos os nveis de ensino. Os resultados de todas essasmudanas promovidas na dcada de 64, ainda esto presentes hoje em quase todas asnossas escolas: elevados ndices de repetncia e evaso escolar, escolas com deficinciaderecursosmateriaisehumanos,professorespessimamenteremunerados,tendodetrabalharemtrs oumaisescolas,seabarrotandodeaulas,impossibilitandoumapreparaoadequada,tornando-ocansado,desmotivadoeestressadoe,elevadastaxas de analfabetismo.SegundoJunior(1994,p.163)achamadaRevoluode64,naverdadenuncafoiumarevoluo,poisnoocorreuummovimentodesencadeadordeumaalterao da estrutura da sociedade brasileira. Houve, sim, uma ruptura reformista, oualteraosuperestruturalcaracterizadaporumarranjonasociedadecivilenasociedade polticacom a ascenso de diferentes e novas fraes da classe dominanteao comando do aparelho governamental.ANAIS ELETRNICOS III ENILLEncontro Interdisciplinar de Lngua e Literatura.29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-99086Ogolpede1964retiroudogovernoasfraesdaburguesiaque,empunhandoopopulismoeonacionalismo,cediamcertosespaosparaasclassespopularesnogerenciamentodasociedadepoltica.Mesmoaquelapessoamaisacanhada passou a ser tomada pela propaganda ideolgica conservadora do medo docomunismo.Eparadetertalavanocomunista,gruposquedesejavamacontinuidadedainternacionalizaodaeconomiabrasileirautilizaram-sedepolticosambiciososedobraomilitarcontaminadopeloanticomunismoparaodesfechodogolpe.AausnciadaofertadadisciplinadeFilosofiafoi,defato,arealidadevivenciada por professores e estudantes, que, sem questionar mui to, deveriam pr emprticaonovocurrculoescolar.Asdisciplinasdecinciashumanaspassaramaserconsideradasinsignificantesenotendooprprioespaonocurrculo,poisfoipreenchidocomdisciplinasconsideradastcnicasemaisnecessriasformaodotipo de cidado pedido pelas empresas. A reformulao curricular dos programas teveporbaseosprincpiosdaideologiadesegurananacional,contraocomunismo,eoprojeto de desenvolvimento implantado pelos militares.A reforma de 1971 aumentou o nmero de matrias obrigatrias em todo oterritrionacional.Semcontarcomoensinoreligioso,facultativoparaosalunos,oncleocomumobrigatrioemnvelnacional,passouaabrangerdezcontedosespecficos:umdeComunicaoeExpresso(LnguaPortuguesa);trsdeEstudosSociais (Geografia, Histria e Organizao Social e Poltica do Brasil - OSPB); dois deCincias(MatemticaeCinciasFsicaseBiolgicas);equatroPrticasEducacionais(Educao Fsica, Educao Artstica, Educao Moral e Cvica e Programas de Sade).ComtodasessasdisciplinasobrigatriasficouprejudicadaaliberdadedossistemasestaduaisedeoutrosestabelecimentosdeintroduziremoutrasdisciplinasmaisreflexivasquefavorecessemadiscussocrticafoiocasodaFilosofia,SociologiaePsicologia. Colocando-as numa condio de abandono e quase total extino.ComaimplantaodafaculdadedeEstudosSociaiscriou-sealicenciaturacurta para formar professores polivalentes que iriam ministrar todas as disciplinas nareadeEstudosSociais.Assimlucravamasfaculdadesparticulares,quecomaANAIS ELETRNICOS III ENILLEncontro Interdisciplinar de Lngua e Literatura.29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-99087demandaeformaorpida,emumanoemeio,formavamprofessorespolivalentes,necessrioeconformeacomunidadedosempresrios pediamelucravam oscolgiosparticularesetambmospblicos,queempregavamumnicodocentequepoderialecionartodasasdisciplinashumanas(OrganizaoSocialePolticadoBrasil,Educao Moral e Cvica, Iniciao para o Trabalho, Histria, Geografia, Programas deSade e, se existisse, tambm Filosofia, Sociologia e Psicologia).Mas, afinal, qual seria o significado de um professor curto? Nas palavras deChau (1977 apud: PILETTI. p. 248)Umlicenciadoencurtadocurtoemtodosossentidos:formadoemtempocurto,acurtopreo paraaescola(masaaltocustoparaoestudante),intelectualmentecurto.Portanto,umprofissionalquedaraulasmedocresabaixo preo remunerado apenas pela hora-aula, sem condies de prepar-las.Incapacitado para a pesquisa por falta de formao anterior e de condiesparacursarumaPs-Graduao umprofissionaldcil.Dcilsempresasporque mo-de-obra farta e barata; dcil ao Estado porque no pode refletirfacesociedadeeaoconhecimento.Comessadegradaodoprofessoremtermos sociais e intelectuais trazida pela reforma, reduz-se o nvel de ensino eprepara-se a morte da pesquisa. (CHAU, 1977 apud: PILETTI. p. 248)Sem sombra de dvida, as lacunas observadas no ensino pelo afastamentoda Filosofia e das demais disciplinas humanistas (Sociologia e Psicologia) e ainda pelajuno de outras como Histria e Geografia muito grande: dificuldade de raciocnio,dificuldadedeorganizarospensamentos,poucareflexosobreosfatosdodia-a-diaquelhesoapresentadospelamdia,semcontar,claro,comoempobrecimentonaformao cultural da juventude.1.2 Lei 9394/96: por uma educao mais participativa?Noobstanteaproibio,anegaoeaquaseextinodaFilosofia,professoresepesquisadoresquevivenciaramesteperodo daditaduramilitarnuncaaceitaramestetipodeimposio.Afinal,esseopapeldofilsofo:questionartudoaquiloquelheimposto,poisnecessrioumapr-discussodosfatosparaesclarecer e desvendar o que est nas entrelinhas.ANAIS ELETRNICOS III ENILLEncontro Interdisciplinar de Lngua e Literatura.29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-99088O grande chavo da educao brasileira apresentada na Lei 5692/71 era umaeducaoparaumaformaodocidadovoltadoaotrabalho.Notinhacomoobjetivoaformaodeumcidadocrtico,aocontrrio,emsuaformao,tantonofundamentalquantonomdio,asdisciplinasestudadasvisavamformaodeumtrabalhadorqueaceitavaasordenssemcontestao.JoobjetivodaLei9394/96aprender para a vida. Subentende-se que, aprender para a vida, requer boa formaocrtica.Queseprepareestecidadoparapoder enfrentarasdificuldadesfrentesvrias tecnologias presentes, e tantos outros desafios posteriores em nosso dia-a-dia.Esta a ideia bsica da reforma do ensino mdio que o Ministrio da Educao (MEC)est apresentando ao Pas.Asmudanasocorridas nomundodotrabalhotmtrazidodiferentesdiscussesparaasnovasdemandasdeformaohumana.EnosparecequeaLeideDiretrizeseBasesdaeducaobrasileira(Lei9394/96),vemtentaracompanharestamudanasemoldando,nareformulaodeseucurrculo,comdisciplinasquenosefaziamnecessrias,demaneiraquevenhaaoencontrodessesobjetivosdanovarealidade capitalista.Quando a Lei 9394/96 afirma, no artigo 36, pargrafo 1, inciso III, que oscontedos,asmetodologiaseasformasdeavaliaoseroorganizadosdetalformaque ao final do ensino mdio o educando demonstre: o domnio dos conhecimentos deFilosofia e de Sociologia necessrios ao exerccio da cidadania. uma afirmao umtanto questionado. Ou seja, questionado pelo fato de que o mundo atual do trabalhoquer,eprocura,aformaodeumserhumanocriativo,dedicado,inovador,alegre,que traga ideias novas e solues rpidas para dentro da empresa em que trabalha, poisdessa maneira a empresa cresce e ele, o funcionrio, cresce conjuntamente. Isso nos da impresso que a volta da Filosofia, da Sociologia e da Psicologia no ensino mdio, foimaisumapeaparadesenvolveressetipodecriatividadenoalunoenolev-loaquestionar o mundo no qual este indivduo est inserido.Estanovarealidadeexigetambmnovasformasdemediaoentreoserhumano e o conhecimento, pois no se quer s a memorizao de contedos ou formasdefazer,condutasecdigosticosbaseadosnotecnicismo,masestasnovasformasANAIS ELETRNICOS III ENILLEncontro Interdisciplinar de Lngua e Literatura.29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-99089traadaspelaeducaoqueremumamediaoquepassepelaescolarizao,inicialecontinuada, para a formao do cidado e para o trabalho.Emboraodiscursodogovernoreproduzaocompromissocomageneralizaodaeducaobsica,modelodomundodesenvolvido,que,mesmonotendoresolvidoaquestodoemprego,jatingepatamareselevadosdaeducaosuperior para a populao, no Brasil ainda lutamos para universalizar o ensino bsicopara os que esto na faixa de 7 a 14 anos.Quandopropomostrabalharo Mitoda CavernadePlato emformadeHistriaemQuadrinhos,queremosquealunoeprofessortenhamformasnovasdechegar ao texto clssico, considerado de difcil compreenso e, tambm, trazer tonaproblemas vinculados ao nosso dia-a-dia, que de certa forma, como os acorrentados nacaverna, no veem de maneira clara e objetiva, mas s veem as sombras, por isso, senecessrio for, questionar, refletir e criticar.2. A HISTRIA EM QUADRINHOS COMO UM GNERO TEXTUALEoquealiteraturatrazsobregnerotextual?Seriaamodalidadehistriaem quadrinhos um gnero textual? Segundo Marcuschi,Alnguasedesemanifestaemtextosoraiseescritosordenadoseestabilizadosemgnerostextuaisparausoemsituaesconcretas.Issosignifica que o velho estudo da lngua que se detinha nica e exclusivamentenaanlisedaspalavrase,nomximo,dafrasetemdeserabandonadoemfavor de um ensino aprendizagem que leve em conta as realizaes empricasdalngua,quesoostextos textosestesqueseconcretizamnaformadegnerostextuais.Umgneroumaformatextualconcretamenterealizadaeencontradacomotextoemprico,materializado.Ognerotemexistnciaconcretaexpressaemdesignaesdiversas,constituindo,emprincpio,conjuntosabertos.Podemser exemplificadosemtextosoraiseescritostaiscomo:telefonema,sermo,cartacomercial,cartapessoal,ndiceremissivo,romance,cantigadeninar,listadecompras,publicidadecardpio,bilhetereportagemjornalstica,aulaexpositiva,debate,notcia jornalstica,horscopo,receitaculinria,buladeremdio,fofoca,confisso,entrevistatelevisiva, inquirio policial, e-mail, artigo cientfico, tirinha de jornal, piada,instruodeuso,outdoor,etc.Oensinotradicionalnuncalevouemcontaainfinita variedade dos gneros textuais existentes na vida social, limitando-seaabordarsomenteosgnerosescritosliterriosdemaiorprestgio.(MARCUSCHI apud BAGNO 2002, p. 54)ANAIS ELETRNICOS III ENILLEncontro Interdisciplinar de Lngua e Literatura.29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-990810Sendo, as histrias em quadrinhos, segundo Marcuschi, um gnero textual,poderoserutilizadasaquicomoinstrumentoparaoprimeirocontatocomtextosfilosficos.OtextofilosficoescolhidofoiaAlegoriadaCaverna,ouoMitodaCaverna, de Plato.Conforme anunciam Hemais e Biasi-Rodrigues (2005),osgneros(tm)umvalorsocioculturalnamedidaemqueatendemsnecessidades sociais e espirituais dos grupos sociais; importante, portanto,perceber como a comunidade entende o gnero. As lies que Swales tira dosfolcloristas so: (a) a categorizao conveniente em termos de arquivo; (b) acomunidadepercebeeentendegnerostextuaiscomomeiosparaumafinalidadequalquer;(c)apercepoqueacomunidadetemsobrecomointerpretarumtextomuitovaliosaparaoanalistadegnero.(HEMAISeBIASI-RODRIGUES 2005).Almdotextoverbal,asHQ,possuemparticularidadesgrficasbemdefinidas.Todosos recursospossuemumpropsito, estoaliparadar aoleitorumamensagem,completare/oucontribuirparaoentendimentodelanotexto.ConformeCagnin (1975, p. 29), h nitidamente uma relao entre a imagem e o texto.AslinhasquedelimitamasHQ,asvinhetas,osbales,eoutrosrecursosgrficos contribuem com a interao verbal; indicam a temporalidade das aes; almdeacentuare/oucaracterizaraaoouestadodospersonagens.NaspalavrasdeKaufmam & Rodrigues (1995, p. 40), Os bales, das HQ encerram os discursos diretosdas personagens, contm o que estas dizem, pensam, murmuram, gritam (...).Issocaracteriza,deimediato,queparaestegnerotextual precisocompreender os dois sistemas lingusticos: sistema verbal e sistema verbal-icnico(DURO, 2004, p. 158) e, consequentemente, o texto pode ocorrer s como linguagemverbal,comopode,aocontrrio,apenasutilizaralinguagemicnica(nover bal);ouh uma mescla de elementos verbais com uma variedade de recursos grficos que tmafunodequesualeituranosejalinear.Essahabilidadeemutilizar,simultaneamente,osvrioselementospertinenteslinguagemquadrinhogrfica(SANTOS, 2002,p.21)confereumaliberdadedeexpressoaosmembrosespecializadosdacomunidadediscursivaemquesto,podendomanipularrecursosgrficos, convencionar e/ou (re)eleborar outros. Os textos das HQ compem-se numaANAIS ELETRNICOS III ENILLEncontro Interdisciplinar de Lngua e Literatura.29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-990811tramadeconvenesmaisamplas,quepassaaconstituirumverdadeirorepertriosimblico (UMBERTO ECO, apud. SANTOS, 2002. p. 21).Duro(2004;p.158)destacavriosrecursosgrficosclassificadoscomolxico da linguagem no verbal das HQ, tais como:a) smbolosdeexpressividade: comestesrecursosoautor/quadrinhistaexpressa o estado dos personagens;b) smbolosdemovimento:expresso,aoetambmoestadodospersonagens.c) metforasvisuais:vriasimagenserecursosgrficosquemanifestamedo nfase ao ou estado dos personagens.A partir dessa conceituao, foi apresentado o gnero HQ, que o objeto dapesquisadestadissertao.Estaabordagem,dentrodopropsitodogneroemquesto,ajudaaentendertextosclssicos,implicaumconhecimentodosrecursosgrficos que compem esse gnero.3. CONSIDERAES FINAISEstetrabalhoteveporobjetivoinvestigaradiscussosobreainserodogneroHQ(comumenteutilizadonamdiaescrita)emcontedoseatividadespedaggicas,especificamentedeFilosofianoensinomdio,porserestegnerotextualpopularentreopblicojuvenileatmesmooadulto.Assim,investigou-seomodocomoojovemdoensinomdiov(comapreciaooudepreciao)ostextosescolares em que abordada a disciplina Filosofia ministrada nas primeiras e segundassries, atravs de uma testagem sob a forma de questionrio. Para tanto, foi realizadoum estudo comparativo de um mesmo texto, O Mito da Caverna, em trs modalidadestextuais distintas: (i) A Repblica, de Plato, presente na coleo Os Pensadores (1997);(ii) o livro paradidtico O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder (1996) e (iii) As SombrasANAIS ELETRNICOS III ENILLEncontro Interdisciplinar de Lngua e Literatura.29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-990812da Vida, do cartunista Maurcio de Sousa presente no livro didtico Pensando Melhor:iniciao ao filosofar de Anglica Stiro e Ana Miriam Wuersch (1999).SegundoCelani(2000,p.17),oobjetivofundamentaldaeducaopreparar os indivduos para o exerccio lcido da cidadania integrando-os no mundo dotrabalho com possibilidade do progresso pessoal e, a atividade humana envolve o usoda linguagem.Ostiposvariadosdelinguagenssoagoraaceitosemsalacomoinstrumentos facilitadores de aprendizagem. Anos atrs, se uma criana ou um jovemfossepegocomalgumtipodeHQnasaladeaulapodiacontarcomumasuspenso,perda da revista e o pedido de comparecimento dos pais escola para uma conversade esclarecimento de que aquele tipo de literatura no fazia parte do engrandecimentocultural da criana.SegundoSantos(2001,p.145),opapeldalingusticadescreveralnguaemsuasmltiplasmanifestaeseoferecerhipteseseteoriasconsistentesparaexplicarosfenmenoslingusticos,demodoqueoseducadorespossamseservirdessas descries e explicaes para empreender uma prtica pedaggica que leve emconta a pluralidade de realizaes empricas da lngua.Aps constatao de alguns resultados pretendidos neste estudo, podemosevidenciarque,defato,asHQsnosestopresentesnodia-a-diadosjovens,exemplificandosuarealidade,facilitandosualinguagem,maspoderia,agoras emconstrangimentos, serem trazidas para dentro da sala de aula, como apoio lingusticopedaggico.Segundo Bagno (2002, p. 55), o ensino tradicional nunca levou em conta ainfinitavariedadedosgnerostextuaisexistentesnavidasocial,limitando-seaabordarsomenteosgnerosescritosliterriosdemaiorprestgio.Comoresgatedetrs gneros textuais, abordados de maneira diferenciada, percebemos que o aluno temacesso ao texto clssico de maneira diferenciada e, ser mais atraente, vo aguar a suacuriosidade.Nashistriasemquadrinhosoaluno,segundoHiguchi(2000; apud:CHIAPPINI, p. 153),ANAIS ELETRNICOS III ENILLEncontro Interdisciplinar de Lngua e Literatura.29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-990813poderterseuprazerampliado,desenvolvendosuacapacidadedeleitura.AHQpermiteinfinitaspossibilidadesdeexploraodoimaginrio:magia,violncia,ficocientfica,sonhos,tudocabeemsuaspginas.Atravsdoimaginrio podemos superar, ou pelo menosdiminuirnossos problemas e aspressesquesofremosnocotidianoeencontrarpossveissolues.Oolharaguadopercebealm,espritocrticoe prazersoampliadosatravsdele.(HIGUCHI, 2000; apud: CHIAPPINI, p. 153)Dentrodocontextodesala,as HQspodemedevemserdegrandeauxlioao professor para introduzir um texto mais complexo, de maneira especial na disciplinade Filosofia, que ainda vista por muitos alunos como uma disciplina desnecessria,cansativaemontona.Frutoaindadeumamentalidaderesultantedeumperododitatorial que procurou valorizar o prtico, em detrimento do terico. Por isso, todos osrecursosdisponveisque venhamsuperar estaexpectativanegativa doaluno,comoade superao deste tabu criado por uma educao tecnicista se faz necessrio.Cremos e, alm do mais, pudemos ver a partir dos dados apresentados, serde grande importncia e interesse dos alunos o uso de HQs no s no uso do ensinodeFilosofiamas,tambmcomofacilitadordeaprendizagemoutrasdisciplinas.Estapreocupao pudemos comprovar tambm no interesse de algumas editoras, como porexemplo,aeditoraEscalaEducacionaldeSoPaulo,quelanouem2005acoleoLiteratura Brasileira em Quadrinhos. Autores como Machado de Assis com as HQs UnsBraos, O Enfermeiro, A Cartomante, A Causa Secreta e Lima Barreto, com os ttulos OHomem que sabia Javans, Um msico Extraordinrio, A Nova Califrnia e, Miss Edithe seu tio, dentre outros. E na filosofia autores como Tomas More, Maquiavel, Voltaire eErasmo de Roterd.importanteaindadestacarquenoseconcebeestapesquisaporencerrada, aqui so apresentadas algumas pistas para um trabalho ainda mais rduo aoqueconcerneogneroHQs.Etambmporseressetrabalhodenaturezamaisqualitativa: precisaramos ampliar nossa amostra, para, ento, corroborarmos (ou no)os resultados alcanados.REFERNCIAS BIBLIOGRFICASANAIS ELETRNICOS III ENILLEncontro Interdisciplinar de Lngua e Literatura.29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-990814ARANTES, Paulo. Filosofia e seu ensino. 2.ed. Petrpolis: vozes; SP, EDUC, 1996.BAGNO,Marcos,STUBBS,MichaeleGAGN,Giles. Lnguamaterna: letramento,variao e ensino. So Paulo: Parbola, 2002.BAUDRILLARD,Jean. Telatotal: mito-ironiasdaeradovirtualedaimagem.3.ed.Porto Alegre: Sulina, 2002.HEMAIS,Brbara;BIASI-RODRIGUES,Bernardete.Princpiosterico-metodolgicosparaaanlisedegnerosnaperspectivadeJohnM.Swales. In:MEURER,J.L.;BONINI, A.; MOTTA-ROTH, D. (Orgs). 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