o fluxo logístico reverso das embalagens hortifrutícolas e os desafios frente a nova política...

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O sistema de Banco de Caixas já foi mostrado como uma importante ferramenta de administração da logística reversa e da higienização das embalagens plásticas retornáveis de produtos horticulturais (frutas, legumes e verduras) que circulam dentro da rede de comercialização das CEASAs (Centrais de Abastecimento) no Brasil.Nas pesquisas de Julioti (2010) e Garbellotto (2012), muito já se foi explanado acerca da descrição da funcionalidade do sistema de Banco de Caixas e suas estratégias de operação. Diversos benefícios trazidos pela sua implantação foram constatados, entre eles a alternativa mais eficiente para o controle do fluxo logístico reverso das embalagens plásticas hortifrutícolas, a redução do volume de caixas em circulação, a padronização de peso quantidade, a maior rastreabilidade das embalagens plásticas e a menor incidência de perdas e roubos das embalagens e a possibilidade do uso de tecnologias para aplicação de automação das transações comerciais. Além disso, em associação com a ideia de redução do uso das embalagens de madeira e a função de higienização das embalagens plásticas a cada uso, proporcionada pelo sistema, mais benefícios podem ser citados, como o aumento da qualidade e da vida útil dos hortifrútis, a redução das perdas com contaminação e manuseio inadequado, menor número de acidentes de trabalho para quem manipula as caixas, maior atratividade e bem estar para o consumidor, minimização do impacto ambiental com a redução da geração de resíduos e devida disposição final dos rejeitos, diminuição dos volumes de lixo em aterros sanitários, a diminuição da disseminação de pragas da lavoura, a maior facilidade de negociação com o cliente devido a maior confiabilidade e fidelidade do consumidor e a aplicabilidade da Instrução Normativa Conjunta no 9 (INMETRO, ANVISA, SARC, de 12 de novembro de 2002).

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JLIO DE MESQUITA FILHO

    FACULDADE DE ENGENHARIA

    CAMPUS DE BAURU

    O FLUXO LOGSTICO REVERSO DAS EMBALAGENS HORTIFRUTCOLAS

    E OS DESAFIOS FRENTE NOVA POLTICA NACIONAL DE RESDUOS

    SLIDOS

    MATHEUS COCENZA QUINTILIANO

    BOLSISTA PIBIC-REITORIA

    Relatrio final referente a bolsa PIBIC-Reitoria

    ligado PROPe. Apresentado Profa. Dra.

    Rosani de Castro.

    BAURU, MARO DE 2013

  • SUMRIO

    1. INTRODUO ........................................................................................................ 1

    2. REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................................. 3

    2.1. Panorama geral dos Bancos de Caixas no Brasil ................................................... 3

    2.2. Fatores Restritivos ............................................................................................... 10

    2.3. O Plano Nacional de Resduos Slidos ............................................................... 13

    3. OBJETIVO .............................................................................................................. 16

    4. METODOLOGIA ................................................................................................... 17

    5. RESULTADOS E DISCUSSES .......................................................................... 19

    5.1. Alternativas aos fatores restritivos ...................................................................... 19

    5.2. Estudo de caso in loco: A CEASA-Bauru ........................................................... 22

    5.3. A anlise da viabilidade econmica .................................................................... 25

    6. CONCLUSO ........................................................................................................ 26

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................... 28

    8. ANEXOS ................................................................................................................. 31

  • 1

    1. INTRODUO

    O sistema de Banco de Caixas j foi mostrado como uma importante

    ferramenta de administrao da logstica reversa e da higienizao das embalagens

    plsticas retornveis de produtos horticulturais (frutas, legumes e verduras) que circulam

    dentro da rede de comercializao das CEASAs (Centrais de Abastecimento) no Brasil.

    Nas pesquisas de Julioti (2010) e Garbellotto (2012), muito j se foi

    explanado acerca da descrio da funcionalidade do sistema de Banco de Caixas e suas

    estratgias de operao. Diversos benefcios trazidos pela sua implantao foram

    constatados, entre eles a alternativa mais eficiente para o controle do fluxo logstico

    reverso das embalagens plsticas hortifrutcolas, a reduo do volume de caixas em

    circulao, a padronizao de peso quantidade, a maior rastreabilidade das embalagens

    plsticas e a menor incidncia de perdas e roubos das embalagens e a possibilidade do

    uso de tecnologias para aplicao de automao das transaes comerciais. Alm disso,

    em associao com a ideia de reduo do uso das embalagens de madeira e a funo de

    higienizao das embalagens plsticas a cada uso, proporcionada pelo sistema, mais

    benefcios podem ser citados, como o aumento da qualidade e da vida til dos hortifrtis,

    a reduo das perdas com contaminao e manuseio inadequado, menor nmero de

    acidentes de trabalho para quem manipula as caixas, maior atratividade e bem estar para

    o consumidor, minimizao do impacto ambiental com a reduo da gerao de resduos

    e devida disposio final dos rejeitos, diminuio dos volumes de lixo em aterros

    sanitrios, a diminuio da disseminao de pragas da lavoura, a maior facilidade de

    negociao com o cliente devido a maior confiabilidade e fidelidade do consumidor e a

    aplicabilidade da Instruo Normativa Conjunta n 9 (INMETRO, ANVISA, SARC, de

    12 de novembro de 2002).

    Muitos tpicos tambm j foram desenvolvidos em suas revises

    bibliogrficas, como a descrio da logstica reversa, a funo da embalagem, a

    diferenciao dos tipos de embalagem (plstico, madeira e papelo ondulado) em

    descartvel, reutilizvel e reciclvel, o histrico da administrao das CEASAs, o

    panorama global do gerenciamento de resduos, entre outros. Os mesmo temas no sero

    repetidos, porm sero complementados na medida em que for cabvel ao atual trabalho.

    Apesar dos benefcios encontrados, ao imaginar a prtica da operao, muitos

    entraves foram observados pelos atores envolvidos, principalmente ao fato dos mesmos

  • 2

    associarem a implantao dessa nova ideia apenas aos custos trazidos por ela, e a no

    existncia de meios de fiscalizao da higienizao das embalagens conforme a Instruo

    Normativa Conjunta n 9, dando a ideia de que no so obrigados a aderirem mudana.

    De fato, como salienta Silveira (2009), o padro de comportamento dos agentes que

    operam nos mercados o de recusar qualquer novidade, principalmente se ela representar

    algum custo, por menor que seja. No interessa aos permissionrios se a novidade vai

    promover a melhoria das condies gerais de comercializao, ou se vai beneficiar o

    mercado como um todo, bem como a prpria cadeia de produo e distribuio, fazendo

    com que todo mundo possa ganhar mais no mdio prazo. E nem se pode dizer que eles

    estejam errados agindo assim, sobretudo porque no o papel dos permissionrios

    trabalharem pela implantao de projetos de modernizao.

    Essas e demais tendncias nos possibilita observar que existe um problema

    cultural e at, de certo descrdito para a viabilizao dos sistemas de higienizao de

    embalagens hortifrutcolas.

    Para dar continuidade a essa sequncia de estudos faz-se apropriado uma nova

    reviso bibliogrfica que encaminhe a ateno para o atual foco da pesquisa, que a

    anlise da viabilidade econmica sobre a instalao no sistema de Bancos de Caixas para

    incentivar o investimento em sua instalao nos entrepostos das CEASAs que ainda no

    o aderiram.

    Uma vez que j foram constatados os inegveis benefcios do sistema de

    Banco e Caixas, e tambm a existncia de entraves que dificultam a viabilizao do

    sistema, mister se faz que, partindo-se da identificao desses fatores restritivos e,

    oferecendo alternativas a eles, buscar os meios mais adequados a proporcionar o aumento

    da sua credibilidade entre aos atores envolvidos.

    Em meio s propostas oferecidas pelo Banco de Caixas, podemos observar a

    compatibilidade que sua ideia possui com o mais contemporneo plano governamental

    relacionado questo ambiental. Em 2011, o Brasil aprovou aps duas dcadas de

    discusses a Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS). Essa poltica procura

    organizar a forma como o pas trata o lixo, incentivando a reciclagem e a sustentabilidade.

    Com a aprovao da poltica, foi elaborado o Plano Nacional de Resduos Slidos, cujo

    texto passou por um procedimento de consulta pblica, construdo em um processo

    participativo, recebendo sugestes de todos os setores envolvidos. Um dos principais

    pontos da poltica justamente a logstica reversa, que enfatiza o controle do retorno dos

  • 3

    resduos gerados por embalagens para o fim destinado a cada tipo. Convertendo isso para

    a realidade do setor hortifrutcola, fica clara a responsabilidade que os atores envolvidos

    possuem sobre o fluxo logstico das embalagens.

    O Banco de Caixas j se faz presente em alguns entrepostos, entre eles nas

    cidades de Braslia, Goinia, Porto Alegre, Recife, Campinas e em toda rede da

    CEASAMINAS, aonde vem adquirindo grande xito em pouco tempo de operao.

    Uma anlise de viabilidade econmica pode ser realizada atravs desses

    exemplos de sucesso, e juntamente com a dobra dos paradigmas resistentes ao sistema,

    do investimento em informao e esclarecimento aos atores envolvidos, e da contribuio

    do Plano Nacional de Resduos Slidos, so os mecanismos utilizados na tentativa de

    disseminar a ideia do Banco de Caixas para os demais entrepostos da CEASA do Brasil.

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1. Panorama geral dos Bancos de Caixas no Brasil

    As CEASAs so uma rede descentralizada, com cerca de 41 unidades

    administrativas, 72 entrepostos em 22 estados da federao, sendo a principal responsvel

    por parcela expressiva do abastecimento alimentar da populao urbana brasileira, pela

    qualidade e, sobretudo, pelo processo de formao de preos no mercado HTF (CONAB,

    2009). Dos entrepostos existentes, 11 possuem Banco de Caixas instalados em suas

    unidades atualmente.

    Segundo a ABRACEN (2012), apesar de ter se passado aproximadamente

    uma dcada da promulgao da Instruo Normativa Conjunta n 9, seu real cumprimento

    no ocorre na grande maioria das centrais de abastecimento brasileiras. Desde o

    surgimento das CEASAs, no final da dcada de 1960, o processo de embalamento de

    produtos de origem hortigranjeira muito pouco evoluiu e aspectos de grande relevncia,

    como: logstica, tecnologia, sustentabilidade e economicidade, pouco evoluram.

    Esta condio pode ser apontada como uma das principais causas do

    insucesso de vrias tentativas de implantao de unidades de banco de caixas em CEASAs

    brasileiras, pois a adequao necessria se configura em profunda mudana nos hbitos e

  • 4

    costumes de todos os agentes envolvidos e, por extenso, na prpria operacionalizao

    do mercado atacadista de hortigranjeiros brasileiro.

    Neste ambiente, com exceo do material plstico que pode ser higienizado e

    sanitizado, teoricamente todas as outras embalagens deveriam ser utilizadas uma nica

    vez (madeira, papelo, juta, bambu, rfia, etc.). Porm, na prtica, esta no bem a

    realidade do comrcio atacadista brasileiro, principalmente nos entrepostos das centrais

    de abastecimento.

    A partir de 2001, comearam a surgir iniciativas isoladas de algumas centrais,

    no intuito de se instalar unidades higienizadoras de caixas plsticas e propiciar o real

    cumprimento das normas legais vigentes, com a utilizao de embalagens plsticas

    higienizveis e descartveis em seus mercados. Estas tentativas ocorreram de forma

    desorganizada, no havendo, pois, uma entidade que coordenasse de forma sistmica todo

    o processo (ABRACEN, 2012).

    Sendo pioneiro no Brasil, em 2001 foi inaugurado o Banco de caixas na Ceasa

    de Braslia/DF com o objetivo de oferecer mais higiene para os produtores na hora de

    embalar frutas, verduras e legumes. Naquele momento, a concepo desta atividade ainda

    no agregava a complexidade e o volume de servios prestados nos dias atuais, mesmo

    porque a Instruo Normativa n 9 foi promulgada somente um ano aps sua inaugurao.

    O Banco de Baixas da Ceasa de Braslia, contava na poca com um galpo de 288m,

    capacidade para 45 mil caixas, podendo chegar a 864m, com capacidade para 100 mil, e

    o aluguel custava R$1,20 por ms com direito a limpeza (Agncia Brasil, 2013). Dentre

    os benefcios da novidade apontados por ele se destacava o fato de caixotes de madeira

    serem mais pesados e tinham uma higienizao difcil. Alm disso, para no perder suas

    caixas, as pessoas tinham de guard-las para a safra seguinte, o que ocupava muito espao.

    Nos anos seguintes, vrias outras tentativas de instalaes de novas unidades

    de higienizao, sanitizao e aluguel de caixas plsticas ocorreram, porm os insucessos

    se tornaram frequentes neste contexto.

    Confrontando as tendncias da poca, em 2004 foi inaugurado o banco de

    caixas do entreposto da Uberlndia da CEASAMINAS, e naquele mesmo ano todo o

    mercado da unidade j aderiu utilizao de caixas plsticas, tornando-o uma referncia

    positiva que pode ser citada no cenrio nacional at hoje. O banco contava com um

    processos de higienizao com gua quente a 50 graus Celsius, aplicao de detergente

    alcalino de baixa espuma e outros produtos qumicos. Toda a logstica de acesso s

  • 5

    embalagens tambm teve de ser alterada e iniciou a utilizao da nova moeda chamada

    vale-caixa. O preo por caixa higienizada era de R$0,25. Clculos de tcnicos da CEASA-

    Uberlndia mostram que ao trocar a madeira pelo plstico, o produtor consegue uma

    economia de R$ 1,00 por cada caixa, depois de ter retorno do investimento inicial. Como

    reala Moreira (2008), em 2008 o uso de caixas plsticas teve 90% de adeso entre

    produtores na unidade, extinguindo quase em sua totalidade o uso de caixotes de madeira

    no municpio. O funcionamento do Banco de Caixas se deu de forma ininterrupta at os

    dias atuais.

    Em meados de 2009 a ideia que amadurecia fazia um tempo foi se

    concretizando, e mais quatro Bancos de Caixas foram inaugurados nas cidades de Porto

    Alegre, Recife, Goinia e Campinas.

    Na CEASA-Porto Alegre (RS), a Central de Caixas (empresa local

    responsvel pela higienizao das embalagens) opera desde maro de 2009. A Central de

    Caixas criou um sistema moderno para o gerenciamento de embalagens plsticas em

    centrais de abastecimento. O sistema contempla a utilizao de embalagens padronizadas

    que so gerenciadas eletronicamente com utilizao de cartes smartcards, tornando

    muito mais rpida e segura as transaes entre fornecedores e clientes. Surgiu na unidade

    a utilizao de uma nova embalagens, e formato cnico, que facilitaria o transporte e

    armazenagem, proporcionando at 60% de reduo na reduo do espao com

    embalagens vazias, mas a ideia no foi bem aceita pelos usurios por diversos motivos j

    citados por Julioti (2010), e foram remodeladas.

    Em Recife, quanto maior centro atacadista do Brasil, encontramos um dos

    maiores destaques, principalmente devido ao primeiro Banco de Caixas do norte e

    nordeste ter sido projetado em parceria com alunos e professores da UFRPE

    (Universidade Federal Rural de Pernambuco). O projeto teve o incentivo financeiro do

    Governo do Estado de Pernambuco e do Ministrio de Desenvolvimento Agrrio para o

    Centro de Comercializao dos Produtos da Agricultura Familiar que opera dentro do

    Ceasa. As normas da central de embalagens entraram em vigor ainda no segundo semestre

    de 2009, e o primeiro produto a se adaptar ao novo sistema foi o tomate, por ser um

    perecvel e com alto grau de desperdcio. De acordo com os pesquisadores da UFRPE, o

    novo sistema atingiria, ainda no mesmo ano, as folhosas, as bananas e as laranjas, e, em

    2010, atingiria todos os produtos comercializados no Centro de Abastecimento. A Central

    de Embalagens operada por uma empresa privada que obteve a concesso do projeto e

  • 6

    mediante pagamento do espao fsico utilizado no complexo Ceasa, com investimento em

    instalaes, maquinrio e custos operacionais em pessoal e insumos e a obrigao

    contratual de prestar um servio conforme as exigncias tcnicas e de qualidade

    determinadas em contrato. A CEASA-PE foi a primeira a trabalhar com o objetivo inicial

    de lavagem e higienizao apenas de caixas padronizadas de acordo com a INC n 9

    (ALBUQUERQUE 2012).

    Na unidade, o preo por caixa higienizada era de R$ 0,30, havendo troca por

    vale-caixa, e na retirada das caixas o recebimento de um certificado de higienizao

    comprovando que aqueles recipientes esto dentro do padro higinico-sanitrio exigido

    pela lei. Os comerciantes s podem sair com as caixas do Ceasa-PE se apresentarem o

    certificado de higienizao na portaria. Pesquisadores e tcnicos da UFRPE

    permaneceram participando, orientando e fiscalizando todo o processo durante o perodo

    de implantao. Para garantir as embalagens dos principais produtos comercializados no

    Ceasa e a sua rotatividade, foram necessrias inicialmente cerca de 250 mil caixas

    semanais. A rapidez no servio e na entrega das caixas limpas seria controlada por um

    fundo de reserva correspondente a 20% do giro semanal de caixas que seriam utilizadas

    na comercializao dos produtos (UFRPE, 2009). Segundo diretor da Ceasa, os

    investimentos no Banco de Caixas somaram R$ 15 milhes, parte de uma meta de R$200

    milhes que o governo de Pernambuco investiriam no setor agropecurio naquele ano,

    em parceria com a iniciativa privada (MILKNET 2009).

    Para atenderem a padronizao, no incio, houve uma espcie de troca: os

    produtores, atacadistas e demais comerciantes entregaram as caixas usadas aos

    fabricantes, pagando uma diferena de R$ 4,00 por caixa nova. Uma recipiente desse tipo

    novo custaria cerca de R$ 16,00 para os comerciantes. As caixas velhas que forem

    trocadas seriam recicladas pelos fornecedores. Alm disso, como incentivo adaptao

    do usurios, O Banco do Brasil (BB) e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) financiaram

    as compras das caixas. Os grandes produtores tiveram at 80% de financiamento, j os

    pequenos produtores puderam ter at 100% de financiamento na hora da compra (UFRPE,

    2009).

    Em Goinia, onde se encontra maior Centro de Abastecimento da regio

    Centro-Oeste, a instalao do Banco de Caixas tambm procedeu de forma similar, a

    mudana foi gradativa, e o projeto foi parte da proposta de readequao ao Plano de

    Investimento em Infraestrutura. Diariamente, o banco teria capacidade de higienizar 16

  • 7

    mil caixas plsticas. Aps o xito obtido na instalao, representantes da Ceasa Gois se

    fizeram presentes e acompanharam a inaugurao do Banco de Caixas da Ceasa

    Campinas (Gois Agora, 2010).

    A Ceasa Campinas e seu respectivo Banco de Caixas tiveram tpicos

    exclusivos nos trabalhos de Julioti (2010) e Garbellotto (2012). Atualizando a pesquisa

    realizada no tpico mencionado, a Logiclean Comrcio e Locao de Caixas Plsticas,

    empresa que possua licitao para operar o Banco de Caixas na poca, fechou. A

    concesso foi transferida ao Grupo Fartura de Hortifruti Ltda., da rede Oba, aps

    desistncia da Logiclean. Atualmente a Ceasa Campinas extinguiu o uso de caixotes de

    madeira para embalar os produtos hortigranjeiros que so comercializados na unidade,

    demonstrando, depois de poucos anos de operao do seu Banco de Caixas, inegvel

    avano no cumprimento da lei vigente, na preocupao com a qualidade de seus produtos

    e com na sustentabilidade corporativa.

    A partir dessas iniciativas, o projeto do Banco de Caixas comea a ganhar

    importncia no cenrio das Centrais de Abastecimento, com inauguraes isoladas nos

    principais entrepostos brasileiro, e at surgiu no cenrio internacional quando, em maro

    de 2010, o assunto chega a ser tratado no Encontro da Federao Latino Americana de

    Mercados de Abastecimento (FLAMA), um dos maiores eventos internacionais do setor

    agroalimentar, realizado nas cidades de Belo Horizonte e Contagem (Jornal Web Minas,

    2010).

    Seguindo a tendncia, a CEASAMINAS, uma empresa inaugurada em 1974,

    vinculada ao Governo Federal, de economia mista sob a tutela do Ministrio da

    Agricultura, Pecuria e Abastecimento, volta sua ateno para assunto, depois da

    inaugurao do Banco de Caixas em Uberlndia em 2004. At ento, os agentes operavam

    satisfeitos com o novo sistema, a no ser pelo fato de que as demais CEASAs da regio

    ainda no conseguiram implantar o sistema, dificultando assim, a padronizao das

    operaes. Esse fato pde restringir o mercado apenas sua rea de influncia que o

    Tringulo Mineiro, Alta Paranaba, Sul de Gois, Norte de So Paulo e algumas cidades

    do Mato Grosso. Dessa vez, e pela primeira vez dentro de uma rede prpria de CEASAs,

    a CEASAMINAS assume a responsabilidade pela implementao do projetos em todas

    as suas demais unidades, nas cidades de Caratinga, Governador Valadares, Contagem,

    Juiz de Fora e Barbacena.

  • 8

    A ao comea, em 2010, com as inauguraes dos Bancos de Caixas em

    Caratinga e Governador Valadares. A entidade privada que entrou em parceria na

    implantao foi a Elo Higieniza Ltda., que passaria a coordenar suas atividades e seria

    responsvel pela higienizao, locao e comercializao das caixas plsticas. Houve um

    longo perodo de preparao para a mudana, com palestras informativas aos produtores

    e treinamento de pessoal. O banco de caixas de Governador Valadares tem capacidade

    para higienizar at 8 mil caixas por dia de mercado. A obra recebeu investimento de R$

    650 mil. J o projeto implantado na CEASAMINAS-Caratinga pode higienizar at 7,5

    mil caixas por dia de mercado, tendo recebido investimento de R$ 600 mil. Uma

    novidade apresentada, durante a inaugurao desse Banco de Caixas, que a Caixa

    Econmica Federal esteve oferecendo linhas de crdito especiais aos produtores e

    oferecendo, por exemplo, carncia de at seis meses e parcelamento em 48 vezes do valor

    do emprstimo (Folha de Contagem, 2011).

    A atitude da CEASAMINAS se tornou ainda mais forte depois da exemplar

    iniciativa do Governo do Estado de Minas Gerais, na forma da Resoluo Conjunta

    SEAPA (Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuria e Abastecimento) / IMA (Instituto

    Mineiro de Agropecuria) / CEASAMINAS, de outubro de 2011, onde regulamenta as

    normas para acondicionamento de produtos hortcolas in natura. Dentre as medida est a

    obrigatoriedade, imposta de maneira gradativa, do acondicionamento desses produtos

    apenas em caixas e madeira ou de papelo de primeiro uso, ou em caixas plsticas

    retornveis e devidamente higienizadas e sanitizadas conforme norma NBR 15674 e que

    atendam as especificaes da NBR 15008 estabelecida pela Associao Brasileira de

    Normas Tcnicas ABNT. Outra medida o incumbimento da ao fiscal, que dever

    ter lugar nos locais de operao, e ser realizada pela SEAPA, CEASAMINAS e IMA.

    No entreposto de Contagem localizado na Grande Belo Horizonte se encontra

    a maior diversidade de produtos do Brasil, sendo o terceiro maior vendedor de produtos

    hortigranjeiros (Silva e Martins, 2010). Seu Banco de Caixas foi inaugurado em setembro

    de 2011. Desde ento, teve incio um processo educativo, com o objetivo de informar e

    conscientizar os produtores. No entanto, a partir de fevereiro de 2012, as regras tornam-

    se obrigatrias para tomate e banana. Duas bikedoors - bicicletas que possuem caixa de

    som e banner acoplados na parte traseira rodam o entorno no MLP e dos pavilhes do

    setor permanente de hortigranjeiros anunciando o incio da obrigatoriedade para tomate

    e banana. A higienizao das caixas passar a ser feita pelo Banco de Caixas UAI,

  • 9

    concessionria da CEASAMINAS, que funciona dentro do entreposto de Contagem. O

    servio feito ao custo de R$ 0,38 por caixa (SEAPA, 2012).

    Em 2013, foi inaugurado o Banco de Caixas na Central de Juiz de Fora. O

    banco tem capacidade de higienizar at 10 mil caixas por dia. O banco ocupa uma rea

    de 700 metros quadrados. A empresa vencedora da licitao, promovida pela

    CEASAMINAS, tambm foi a Elo Higieniza Ltda., que investiu cerca de R$ 1,8 milho

    durante a instalao do banco de caixas e a responsvel pela administrao. Com apenas

    um ms de funcionamento, quando foram higienizadas 5600 caixas por dia de mercado,

    mesmo ainda sem a obrigatoriedade do uso das caixas plsticas (FAEMG e SENAR

    MINAS, 2013). Cerca de 80% do mercado j optou por esse tipo de embalagem. Com o

    incio da obrigatoriedade esse percentual subiu para 95%, sendo que os 5% restantes

    constituam embalagens de madeira e de papelo de primeiro uso. Com o planejamento e

    aquisio de caixas adequados, apenas os que colheram mais do que previram e no

    tiveram caixas plsticas suficientes, tiveram que acondicionar o produto em caixas de

    madeira.

    Em Barbacena, o Banco de Caixas est em fase de implantao. A licitao

    promovida para Unidade de Higienizao, Locao e Comrcio de Caixas Plsticas foi

    realizada em junho de 2013, e o comeo das suas operaes devem comear ainda esse

    ano, concluindo a meta da CEASAMINAS (Dirio Oficial da Unio, 2013).

    Resumidamente, esse foi o panorama que o conceito de Banco de Caixas

    obteve nas centrais de abastecimento brasileiras at hoje. Diante disso, vale aqui observar

    o comportamento da CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazns Gerais de So

    Paulo) frente a esse desenvolvimento, uma vez que, segundo Silveira (2009) foi l que a

    ideia surgiu h muito tempo atrs, com a Central de Embalagens, e l foram

    desenvolvidos quase todos os trabalhos tcnicos sobre o funcionamento dessas centrais

    de movimentao e higienizao de caixas plsticas, pela equipe do Centro de Qualidade

    em Horticultura. Parte desses trabalhos, inclusive, subsidiou a implantao dos projetos

    de outras CEASAs. Alm disso, os tcnicos da CEAGESP participaram de todos os fruns

    que definiram a legislao atual que normatiza o uso de embalagens para hortigranjeiros

    - Instruo Normativa Conjunta n 9 e at agora no surgiram projetos concretizados

    para disciplinar o mercado de caixas plsticas, bem como a combater os efeitos nocivos

    decorrentes do uso de embalagens de madeira inadequadas ou de embalagens plsticas

    no higienizadas.

  • 10

    Porm, em fevereiro de 2013, comeando a se preocupar com o assunto, a

    CEAGESP e a ABRACEN promoveram um seminrio de Banco de Caixas, realizado no

    auditrio da CONAB, em So Paulo. O objetivo do encontro, que reuniu cerca de 60

    participantes, foi debater as melhores estratgias de implantao e operacionalizao

    desses bancos. Estiveram presentes representantes da CEASAMINAS e das CEASAs de

    Braslia e de Recife, compartilhando os desafios que tiveram na implantao do Banco

    de Caixas e os casos de sucesso das suas unidades. O encontro pode ser considerado um

    comeo para a CEAGESP, criando expectativas para o que o sistema cresa no cenrio

    paulista em breve (GEAGESP, 2013).

    2.2. Fatores Restritivos

    Diversos e abrangentes so os fatores restritivos implementao, eficincia

    e funcionalidade dos bancos de caixa. O presente trabalho pretende especificar, mesmo

    que de forma sucinta, os principais deles para, em seguida, apresentar propostas e

    alternativas para sua efetividade. Antes de nos aprofundarmos nas barreiras tcnicas e

    administrativas, no se pode furtar de assinalar um fator que, no decorrer dessa pesquisa,

    sempre se fez presente: o social.

    O termo social, aqui, pretende se referir especificamente mentalidade no

    apenas dos dirigentes das CEASAs mas tambm todos os personagens envolvidos,

    dentre os quais se destacam produtores, vendedores, distribuidores e compradores. O

    papel de incentivar e promover os bancos de caixa no apenas da administrao da

    CEASAs, porm, sem que haja um posicionamento ativo no sentido de incentivar a sua

    adeso, diante de um quadro de resistncia, pouca coisa acontece. O fato que o

    investimento inicial relativamente alto por mais que se comprove matematicamente

    que o retorno a longo prazo seja certo e altos investimentos so diretamente associados

    a maiores riscos os quais poucos esto dispostos a correr.

    nesse ponto que se destaca outro importantssimo fator: o financeiro. Alm

    de no haver se incorporado uma mentalidade que rompa com o padro de

    comportamento dos operadores de temer mudanas na estrutura a qual esto acostumados,

    os custos disso aumentam ainda mais sua resistncia.

    O obstculo primordial logstica reversa, na maioria dos casos, financeiro.

    Na pesquisa de Rogers e Tibben-Lembke (1998) um de cada cinco entrevistados citou

  • 11

    algum tipo de restrio (financeira ou de pessoal) como barreira no desenvolvimento de

    um programa efetivo de logstica reversa (Campos, 2006).

    Nesse sentido, Silva e Martins (2010) explica que os preos praticados no

    entreposto inviabilizam a inovao devido pequena margem de lucro obtida na venda.

    Esse lucro no suficiente para que os comerciantes realizem investimentos em

    equipamentos e mo-de-obra qualificada na logstica de alimentos. Portanto a logstica

    praticada na central atualmente passa a ser racional. Pois os comerciantes preferem

    sacrificar a qualidade do servio, mesmo com perdas, do que realizar investimentos,

    podendo sofrer dificuldades por desequilbrio nos preos de mercado

    Outro fator que merece considerao se refere s perdas supracitada.

    Segundo a Organizao das Naes Unidas para Alimentao e Agricultura (FAO) o

    desperdcio no Brasil gira em torno de 40%, e so as ms condies de armazenamento e

    transporte responsveis por grande parte desse nmero. Apesar disso, e, mesmo diante da

    significativa mudana proporcionada pelo uso de caixas plsticas associado a um banco

    de caixas eficiente, no chega a ser fator suficientemente atrativo para a sua adeso. Isso

    porque quem absorve o impacto dessas perdas no so os produtores e atacadistas, posto

    que essas so transferidas aos consumidores:

    possvel reduzir as perdas atravs de uma logstica

    aprimorada com a utilizao de equipamentos e instalaes

    modernas que oferte um servio adequado para os alimentos.

    Mas, essa nova logstica tem seu custo e que por falta de

    governana ou concentrao de poder de barganha, no se tem

    viabilizado solues. Ento, as perdas so justificadas por no

    causarem forte impacto econmico nas receitas dos vendedores

    e por esse tipo de logstica ineficiente no exigir vultosos

    investimentos e consequentemente submisso a maiores riscos...

    ...A explicao para no execuo de uma logstica

    eficiente advm do fato que os custos das perdas no so

    absorvidos pelos produtores e atacadistas, uma vez que estes

    repassam as perdas aos seus clientes atravs do aumento de

    preos dos produtos. (Silva e Martins, 2010).

  • 12

    Soma-se a tudo isso o fato de no haver efetiva fiscalizao por parte dos

    rgos pblicos sobre o cumprimento das legislaes citadas neste trabalho. Sem

    fiscalizao e aplicao de sanes em caso de descumprimento, se mitiga ainda mais a

    operabilidade de todo esse ciclo.

    Quanto aos fatores que podem colocar em risco a

    eficincia da logstica reversa das embalagens hortifrutcolas,

    cabe comentar que o mapeamento e a formalizao nas

    operaes de entrada, higienizao e sada das embalagens de

    vital importncia para o sucesso do Banco de Caixas (BC) e que

    a LR no pode ser tratada de forma espordica. Deve haver

    obrigatoriedade das medidas acordadas, at por colocar em

    risco os investimentos das empresas de higienizao.

    A exemplo da empresa Central de embalagens

    (CEASA-SP) percebeu-se que a logstica reversa praticada de

    forma espordica e sem obrigatoriedade, inviabilizou o negcio

    da empresa e consequentemente o BC (Julioti, 2010).

    Julioti (2010) ainda cita que a legislao vigente demonstra-se adequada ao

    setor, porm a fiscalizao no se mostrou existente. A administrao das CEASAs, na

    maioria dos casos estudados, parece conviver com o problema, sem buscar um

    entendimento efetivo e definitivo com os usurios. Silva e Martins (2010) percebem ainda

    que na central, a lei que trata das embalagens plsticas muitas vezes desconhecida pelos

    comerciantes e esforos conjuntos no sentido de oferecer um transporte e armazenagem

    ideais para os alimentos so inexistentes.

    Sem uma fiscalizao que incentive e reforce a utilizao dessas caixas

    plsticas e sua adequada higienizao, torna-se impossvel, - ou no mnimo desleal - a

    competio de empresas idneas com o comrcio informal, que pouco se relaciona com

    as normas elementares de qualidade, higiene e sequer conhecem encargos trabalhistas e

    tributrios.

    Ainda vale a pena ressaltar que o que se percebe no setor a falta de

    planejamento das estratgias de logstica reversa, gerando medidas concebidas por

    mtodos de tentativa e erro. No se percebe controles de acompanhamento de indicadores

  • 13

    de desempenho da logstica reversa que poderiam ser medidos, por exemplo, pelo

    nmeros da incinerao limpa, nmeros da reciclagem, nmeros da reutilizao. No se

    verifica que os custos das operaes dos fluxos reversos so controlados ou se quer

    conhecidos (Julioti, 2010).

    Dessa forma, a falta de parmetros gerados por experincias anteriores,

    somada ao desconhecimento dos custos da logstica reversa contrapondo-se a uma

    constatao emprica dos lucros obtidos com ela comprometem sua a administrao,

    planejamento e aceitao. Mais uma vez se verifica a associao direta entre operaes

    de higienizao e gastos, apenas.

    Por fim, como observa Julioti (2010) ainda considervel fator restritivo o

    fato de que a estratgia de uma CEASA nem sempre est alinhada com a estratgia da

    empresa de higienizao local, at porque administrativamente, uma entidade pblica e

    a outra privada.

    2.3. O Plano Nacional de Resduos Slidos

    Nunca antes na histria da humanidade a temtica do meio ambiente esteve

    em tanto destaque. At pouco tempo atrs o capitalismo direcionava praticamente todas

    as pesquisas acadmicas, produo intelectual e industrial num nico sentido: o lucro.

    Apesar de ainda hoje o ser, novas preocupaes comearam a despontar como fatores

    condicionantes dele: hoje, o meio ambiente j no pode mais ser simplesmente ignorado

    pelas polticas estatais de um mundo globalizado.

    ...aqueles que aceitam o fenmeno da globalizao

    e tentam encontrar meios de adequar-se nova realidade

    propondo um capitalismo sem barreiras mundiais, mas que

    encontra certa atenuao nos limites estatais; e aqueles que

    entendem haver o mister da criao de uma poltica

    supranacional, com a criao de rgos legitimados a resolver

    tais problemas que se mostram alm do alcance do Estado

    nacional (HABERMAS, 1999).

  • 14

    O problema ambiental se constata, de forma que sua negao j se tornou

    inaceitvel. A prpria sobrevivncia da espcie humana e de tantas outras esto em

    risco. Paralelamente a isso, o problema no pode ser resolvidos isoladamente. Justamente

    por no possuir fronteiras e, dado o fenmeno da globalizao como irreversvel, a

    atuao da comunidade internacional, alinhada tendncia de discusso conjunta dos

    problemas globais, que no podem mais ser solucionados apenas dentro da unidade

    territorial dos Estados, se faz cada vez mais necessria.

    Emerge ento, principalmente e mais intensamente a partir dos anos 80, uma

    forte imbricao entre as questes ecolgicopolticas e as responsabilidades do Homem

    quanto ao futuro da Terra (Barrre1992). nesse sentido que se desenvolve uma nova

    poltica de proteo ambiental internacional, das quais destacamos: Conferncia de

    Estocolmo em 1972; Conveno de Viena (1985), Protocolo de Montreal (1987);

    Emenda Londres (1990); Global Environment Facility (1991); Conferncia Sobre o Meio

    Ambiente e o Desenvolvimento no Rio de Janeiro (1992) RIO-92; Agenda XXI (1992);

    Comisso de Desenvolvimento Sustentvel da ONU (1993); Conferncia de Quioto de

    dezembro de 1997;Protocolo de Quioto; Conferncia Mundial sobre Desenvolvimento

    Sustentvel realizada em 2002 em Joanesburgo, entre outras.

    Cabe aqui uma considerao especial a Global Environment Facility (Fundo

    Global para o Meio Ambiente) que se caracteriza como um programa-piloto para auxiliar

    os pases em desenvolvimento na implementao de projetos que buscassem solues

    para as preocupaes globais em relao proteo dos ecossistemas e biodiversidade.

    O GEF um mecanismo de cooperao internacional com a finalidade de prover recursos

    adicionais e fundos concessionais para cobrir custos incrementais em projetos que

    beneficiem o meio ambiente global (Ministrio da Cincia e Tecnologia, 2005).

    Todas as informaes apontadas anteriormente apontam para um nico

    caminho: a inevitabilidade da implementao de polticas ligadas proteo do meio

    ambiente e o apoio uma poltica desenvolvimentista de forma sustentvel.

    Posto isso, internamente, a poltica interna nacional no poderia se posicionar

    de forma indiferente e, aps 21 anos de tramitao no Congresso Nacional, a lei que

    institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS) foi sancionada e passou a viger

    em todo o territrio nacional. A lei prope uma mudana significativa no quadro

    socioambiental brasileiro nos prximos quatro anos, que significa dizer que a prpria lei

  • 15

    concede prazo final para a implementao de novas infraestruturas que devero estar

    plenamente operantes at 2014.

    Tal legislao merece aqui especial destaque pois vai de encontro com tudo

    que foi e ser apresentado no presente trabalho, cabendo ento a seleo e citao de

    exemplos de alguns artigos que reforaro a explanao.

    LEI N 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010.

    Art. 1o Esta Lei institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos, dispondo

    sobre seus princpios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas

    gesto integrada e ao gerenciamento de resduos slidos, includos os perigosos, s

    responsabilidades dos geradores e do poder pblico e aos instrumentos econmicos

    aplicveis.

    Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

    I - acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder pblico e

    fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantao

    da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto;

    IV - ciclo de vida do produto: srie de etapas que envolvem o

    desenvolvimento do produto, a obteno de matrias-primas e insumos, o processo

    produtivo, o consumo e a disposio final;

    VI - controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos que garantam

    sociedade informaes e participao nos processos de formulao, implementao e

    avaliao das polticas pblicas relacionadas aos resduos slidos;

    VII - destinao final ambientalmente adequada: destinao de resduos que

    inclui a reutilizao, a reciclagem, a compostagem, a recuperao e o aproveitamento

    energtico ou outras destinaes admitidas pelos rgos competentes do Sisnama, do

    SNVS e do Suasa, entre elas a disposio final, observando normas operacionais

    especficas de modo a evitar danos ou riscos sade pblica e segurana e a minimizar

    os impactos ambientais adversos;

    XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos:

    conjunto de atribuies individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores,

    distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos servios pblicos de

    limpeza urbana e de manejo dos resduos slidos, para minimizar o volume de resduos

  • 16

    slidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados sade humana

    e qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei;

    Art. 6o So princpios da Poltica Nacional de Resduos Slidos:

    IV - o desenvolvimento sustentvel;

    VI - a cooperao entre as diferentes esferas do poder pblico, o setor

    empresarial e demais segmentos da sociedade;

    VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;

    Art. 7o So objetivos da Poltica Nacional de Resduos Slidos:

    III - estmulo adoo de padres sustentveis de produo e consumo de

    bens e servios;

    IV - adoo, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como

    forma de minimizar impactos ambientais;

    V - reduo do volume e da periculosidade dos resduos perigosos;

    Art. 8o So instrumentos da Poltica Nacional de Resduos Slidos, entre

    outros:

    V - o monitoramento e a fiscalizao ambiental, sanitria e agropecuria;

    VI - a cooperao tcnica e financeira entre os setores pblico e privado para

    o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, mtodos, processos e tecnologias de

    gesto, reciclagem, reutilizao, tratamento de resduos e disposio final

    ambientalmente adequada de rejeitos;

    VII - a pesquisa cientfica e tecnolgica;

    VIII - a educao ambiental;

    IX - os incentivos fiscais, financeiros e creditcios;

    Art. 25. O poder pblico, o setor empresarial e a coletividade so

    responsveis pela efetividade das aes voltadas para assegurar a observncia da Poltica

    Nacional de Resduos Slidos e das diretrizes e demais determinaes estabelecidas nesta

    Lei e em seu regulamento.

    3. OBJETIVO

    Este trabalho tem como objetivo principal dar prolongamento aos estudos

    realizados sobre a logstica reversa das embalagens hortifrutcolas, nos quais foi proposto

    o fechamento desse fluxo atravs do modelo de Banco de Caixas, evitando perdas de

  • 17

    embalagem, gerao de lixo e condies sanitrias indesejveis, garantindo a

    higienizao conforme a Instruo Normativa Conjunta n 9. A continuao desse

    caminho enfoca agora na avaliao da viabilidade econmica dos investimentos na

    implantao desse sistema nos entrepostos da CEASAs que ainda no o adquiriram.

    Outros objetivos do trabalho, ainda diretamente ligados viabilidade da

    implantao do sistema, so o estudo do xito obtido pela CEASAs que j implantaram o

    Banco de Caixas, o estudo de caso no entreposto CEASA-Bauru que ainda no possui

    Banco de Caixas, e a identificao dos fatores restritivos do sistema e a posterior tentativa

    de encontrar alternativas a eles, nesse ponto associando os parmetros levantados do

    Plano Nacional de Resduos Slidos.

    Como resultado, este trabalho prope provar a viabilidade do modelo de

    Banco de Caixas para implantao junto s demais CEASAs do pas, sem perder de vista

    as caractersticas prprias e muitas vezes divergentes de cada uma das CEASAs.

    4. METODOLOGIA

    O mtodo de pesquisa permite ao pesquisador orientar seu trabalho no sentido

    de alcanar seu objetivo de maneira planejada quanto s observaes, experimentos e

    anlise dos resultados e de informaes. (Soares, 2007)

    Portanto essa pesquisa definida como: aplicada, uma vez que objetiva gerar

    conhecimentos para aplicao prtica dirigidos a solues de um problema especfico;

    qualitativa, devido ao carter exploratrio e ao pensamento livre atravs da emerso de

    aspectos subjetivos, atingindo motivaes no explcitas de forma espontnea; com

    alguns dados quantitativos, utilizando instrumentos padronizados (questionrios e

    levantamento de dados) e permitindo projees para a populao representada atravs de

    ndices que podem ser comparados com outros; e um procedimento tcnico adotado o

    Estudo de Caso, por permitir o amplo e detalhado conhecimento do objeto de estudo para

    alcanar o objetivo proposto.

    Foi realizado um levantamento bibliogrfico sobre o modelo de Banco de

    Caixas, enfocando os fatores restritivos a ele, e sobre o Plano Nacional de Resduos

    Slidos.

  • 18

    Foi detalhada a metodologia e incorporados instrumentos de pesquisa de

    forma a viabilizar a coleta de dados para que o presente trabalho pudesse atingir seus

    objetivos.

    Quando ao procedimento de campo, um roteiro de entrevista foi criado e

    executado em visita a CEASA-Bauru, contendo perguntas fechadas e com informaes

    consideradas relevantes para o pesquisador. A visita foi realizada mediante contato prvio

    com os administradores locais da CEASA, que se disponibilizaram a contribuir com os

    estudos, e teve carter informal. A entrevista abrangeu assuntos especficos, estritamente

    necessrios para o desenvolvimento do atual foco da pesquisa, tais como a preocupao

    com os processos de higienizao das embalagens plsticas, quantidade estimada de

    embalagens circulantes de plstico, madeira e papelo ondulado, exigncia de laudo de

    higienizao por parte dos clientes, alm de questes que visem identificar as

    particularidades da unidade pesquisada. Essas fontes de informaes foram

    complementadas por acesso aos portais dessas unidades pela internet, documentos

    internos disponveis para pesquisa, notcias, etc. Foram efetuadas tambm, fotografias do

    local, objetivando reproduzir maior fidelidade ao estudo. O processo foi realizado entre

    junho/2013 e julho/2013.

    Agregando a coleta de dados, foram acessados portais da internet das

    CEASAs que j possuem Banco de Caixas, foram realizadas entrevistas via telefone e e-

    mail, com tcnicos que tambm se dispuseram a contribuir com os estudos, alm do

    acesso mdia e notcias.

    Na sequncia, foi feita a anlise dos dados coletados, tentativa de anlise da

    viabilidade econmica do sistema de Banco de Caixas nas unidades da CEASA atravs

    do estabelecimento de comparaes com os entrepostos em que o sistema obteve sucesso,

    identificao das singularidades gerais entre os entrepostos e dos procedimentos comuns

    entre eles, para assim tentar expandir esse panorama ao alcance das demais unidades.

    Desse modo poder-se- tornar mais fcil o planejamento a discusso das

    medidas de implantao entre os atores envolvidos, visando sempre a melhoria do fluxo

    reverso das embalagens hortifrutcolas, a sade e bem estar do consumidor e a

    preservao do meio ambiente.

  • 19

    5. RESULTADOS E DISCUSSES

    5.1. Alternativas aos fatores restritivos

    Aps os comentrios a respeito dos Fatores Restritivos efetividade e

    funcionalidade dos bancos de caixa, o tpico do Plano Nacional de Resduos Slidos

    posto no sentido de embasar e reforar, no s a necessidade, mas tambm a possibilidade

    e fundamentao jurdica para implementao das alternativas aqui propostas.

    Quanto a questo social, patente no senrio atual, no encontraria melhor

    soluo que a educao. Muitos desses comportamentos so gerados pela simples falta

    de informao, ou, quando apresentada, em linguagem muito distante daquela

    inteligvel e assimilvel: tem-se o mesmo que nada.

    A educao ambiental no deve perder de vista os

    complexos desafios polticos, ecolgicos, sociais e econmicos

    que apresentam a curto, mdio e longo prazo, permite

    demonstrar a velocidade em que as mudanas ocorrem e como os

    acontecimentos esto inseridos em vrias temporalidades: a

    curta durao, a dos acontecimentos breves, com datas e lugares

    determinados; na mdia durao, no decorrer da qual se do s

    conjunturas, tendncias polticas e/ou econmicas, que por sua

    vez, se inserem em processos de longa durao, com

    permanncias e mudanas que parecem imperceptveis. o ritmo

    das estruturas, tais como a constituio de amplos sistemas

    produtivos de relaes de trabalho, as formas de organizao

    familiar e de sistemas religiosos, a constituio de percepes

    ecolgicas estabelecidas na relao entre homem e natureza

    (Reigota, 2003).

    No apenas matria tratada no presente trabalho, mas tambm na formao

    e constituio de um povo que enxergue sua posio e papel numa sociedade mais justa

    e igualitria, que identifique-se como espcie que habita um planeta e que dele depende

    sua sobrevivncia, assim como em todas as outras grandes questes que tiram o sono dos

  • 20

    homens de bem, , e sempre ser, a educao a via mais adequada e efetiva. Reigota

    enfatiza que:

    A educao ambiental deve, portanto, capacitar os

    indivduos ao pleno exerccio da cidadania, permitindo a

    formao de uma base conceitual suficientemente diversificada

    tcnica e culturalmente, de modo a permitir que sejam superados

    os obstculos utilizao sustentvel do meio [...]. Nos nveis

    formais e informais tem procurado desempenhar esse difcil

    papel resgatando valores como o respeito vida e natureza,

    entre outros, de forma a tornar a sociedade mais justa e feliz

    (Reigota, 1995).

    Se a legislao capaz de atribuir a chamada responsabilidade compartilhada

    pelo ciclo de vida dos produtos e, se so todos os indivduos, entendidos em sua

    coletividade, responsveis pelos destinos ambientais do planeta, mister se faz dota-los de

    educao suficientemente capaz de lhes conferir exigibilidade. Para isso, no basta

    simplesmente jogar informao e esperar efetivo retorno: experincias diversas j

    demonstraram que um trabalho social que envolva conscientizao atravs de medidas

    educacionais individualizadas atravs de uma linguagem adequada, assim como meios

    diversos como interaes, cartilhas e palestras podem ser muito mais adequados e gerar

    efeitos mais concretos.

    Nesse sentido, a prpria LEI N 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010, em

    seu art. 8, VIII, j estipula como instrumento para sua efetivao a educao ambiental,

    reconhecendo assim, de forma clara, a sua importncia.

    Talvez igualmente importante, mas certamente restritivo, se mostra tambm

    como fator o financeiro. Acontece que, sempre que questionados os atores envolvidos,

    ele apontado como o principal responsvel pela inefetividade dos bancos de caixa e da

    utilizao de caixas plsticas em substituio s de madeira. Isso, como j explanado em

    captulo prprio, fortemente percebido na medida que, para a implementao,

    funcionamento e substituio das caixas, o investimento inicial relativamente grande e

    os fatores que poderiam corroborar para atestar a vantagem dessas mudanas acabam

    sendo sempre maquiados e a situao continua, comodamente, a mesma. De fato, o

    presente trabalho no pretende criticar em absoluto esse comportamento, mesmo porque

  • 21

    muitas das vezes no se pode exigir o contrrio, afinal, um investimento inicial a um alto

    preo, contrastando com o rendimento mdio de um produtor de pequeno ou mdio porte

    j demonstra claramente que no se pode simplesmente exigir de imediato sua total

    aderncia. Mais uma vez, invocada aqui a atuao Estatal. O Estado, atravs de seus

    bancos, pode (como j realizado nesse e em outros setores) se colocar em uma posio

    ativa no sentido de fomentar essa transio. Diante de um quadro de incapacidade

    financeira dos produtores, pode ele o Estado financiar a compra dessas caixas de

    forma a diluir o valor desse investimento em um prazo que alcance um valor que no se

    distancie muito do montante gasto com as caixas de madeira (mesmo porque essas so de

    nico uso). Isso poderia se adequar tambm s empresas de higienizao que poderiam

    considerar ento esse mercado mais atrativo para seus negcios.

    Para tudo isso, novamente encontramos substrato na legislao vigente que,

    sem precisar adentrar demasiadamente no ordenamento jurdico, pode ser encontrada

    facilmente tambm na LEI N 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010 que em seu artigo

    6, VI e mais precisamente no artigo 8, VI e IX que estipula como seus instrumentos os

    incentivos fiscais, financeiros e creditcios harmonizam-se perfeitamente com todas as

    propostas aqui mencionadas.

    Todos esses detalhes podem fazer total diferena para o sucesso dos bancos

    de caixa e de um novo posicionamento do Brasil frente aos novos desafios globais,

    todavia, cabe ressaltar que sem a devida fiscalizao por parte do poder pblico a

    efetividade de todo esse sistema se coloca em risco. Muitos so os atores envolvidos,

    distintos so os interesses e complexos os fatores restritivos porm, sem uma adequada e

    planejada fiscalizao que use do poder de polcia estatal para fazer cumprir a legislao,

    a porosidade de todo esse sistema a interesses pessoais e circunstancias aumenta na

    mesma medida que sua consequente fragilidade. Fiscalizao, nesse sentido, significa

    exigir um cumprimento e punir pelo descumprimento, sem ela, a legislao se torna mero

    conselho moral.

    Todos devem estar em sintonia: Estado, empresas privadas, produtor,

    distribuidor e a sociedade em geral. A legislao mais uma vez reconhece isso (art. 6,

    VI: So princpios da Poltica Nacional de Resduos Slidos... a cooperao entre as

    diferentes esferas do poder pblico, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade)

    assim como elege a responsabilidade compartilhada como norte para o reconhecimento

    dos sujeitos vinculados a ela. Posto isso, mister se faz uma atuao conjunta, em sintonia,

  • 22

    que supere os entraves atuais e possibilite uma real, efetiva e salutar alterao nos padres

    de comrcio aceitveis hoje nas CEASAs espalhadas pelo Brasil.

    5.2. Estudo de caso in loco: A CEASA-Bauru

    A CEASA-Bauru uma dos 12 CEASAs administradas pela CEAGESP. A

    CEAGESP, como explica Julioti (2010) uma empresa de economia mista do governo

    federal, responsvel pela CEASA-SP, principal entreposto atacadista de hortigranjeiros

    do Brasil, e outras 11 CEASAs no interior do estado, que movimentam significativo

    volume de produo nacional de produtos vegetais para consumo in-natura.

    A CEAGESP surgiu em 1969, da fuso de duas empresas mantidas pelo

    Governo de So Paulo: o Centro Estadual de Abastecimento CEASA, e a Companhia

    de Armazns Gerais do Estado de So Paulo CAGESP (CEAGESP, 2013). Na dcada

    seguinte e empresa comea um processo de descentralizao abrindo a primeira unidade

    fora da capital, em So Jos do Rio Preto, e hoje a rede tambm se encontra das cidades

    de Araatuba, Araraquara, Bauru, Franca, Guaratinguet, Marlia, Piracicaba, Presidente

    Prudente, Ribeiro Preto, So Jos dos Campos, e Sorocaba, regies identificadas como

    polos de produo e consumo. Os entrepostos de Campinas (CEASA-Campinas), Santo

    Andr (Craisa) e Taubat (Mercatau) so unidades do estado de So Paulo que no

    pertencem rede CEAGESP (Julioti, 2010).

    Segundo relatrio de comercializao anual da Companhia Nacional de

    Abastecimento CONAB (2013), onde constam dados de 46 unidades da CEASA

    espalhadas nas cinco regies do pas, no ano de 2012 a CEASA-Bauru comercializou

    aproximadamente 64 mil toneladas de produtos hortigranjeiros, uma participao de

    1,55% do total da rede CEAGESP e 0,47% de toda comercializao nacional dessa

    categoria. Em 2013 o entreposto tem movimentado em mdia 5,7 mil toneladas de frutas,

    verduras e legumes por ms, quantidade que o classifica na ordem de 27 das CEASAs

    analisadas.

    Localizada numa rea de 100 mil m, dos quais 7.466 m so de rea

    construda, a Ceasa-Bauru vem se expandindo desde sua inaugurao, ganhando destaque

    principalmente no comrcio de flores, com notrio crescimento nos ltimos anos.

  • 23

    Com relao s embalagens circulantes na CEASA-Bauru, uma quantificao

    foi estimada pela administrao local, e obtiveram uma mdia de 40% para embalagens

    plsticas, 35% para embalagens de madeira e 25% para embalagens de papelo ondulado.

    A CEASA-Bauru pertence extensa parcela de entrepostos que ainda no

    aderiram ao sistema de banco de caixas. Segundo o tcnico operacional agrcola (nosso

    entrevistado) que trabalha na funo h 16 anos, j foi realizado, junto aos

    permissionrios da CEASA-Bauru, um projeto para implementao de uma estrutura que

    operaria de acordo com os fundamentos do sistema de banco de caixa, e o custo para

    montagem na poca foi invivel.

    Embora constatado que h conhecimento da Instruo Normativa Conjunta

    n 09, que estabelece a obrigatoriedade da higienizao e sanitizao a cada uso das

    embalagens reutilizveis, foi verificado que no existe uma padronizao na unidade

    referente ao assunto. A funo da higienizao fica em cargo dos prprios atacadistas,

    permissionrios do entreposto, que na falta de um setor especfico, mantm as embalagens

    higienizadas na medida do possvel.

    Tambm foi observado que a fiscalizao conforme Instruo Normativa

    Conjunta n 09 realizada internamente na CEASA. Porm uma fiscalizao

    simplesmente interna pode no ter o rigor necessrio do qual carece uma fiscalizao

    realmente efetiva, ainda mais se as polticas de logstica reversa, vinculadas ao

    desenvolvimento sustentvel e a administrao dos resduos slidos, no so prioridades

    no desenvolvimento estratgico da empresa. A fiscalizao realizada por parte dos rgos

    governamentais, interessados no cumprimento das leis estabelecidas, no ocorre na

    CEASA-Bauru.

    O comrcio de atacado que ocorre na unidade responsvel pela distribuio

    de frutas, legumes e verduras para os principais supermercados e redes varejistas da

    cidade de Bauru e da regio, porm foi verificado que no existe exigncia de um laudo

    de higienizao das embalagens reutilizveis (plstico e madeira) por parte dos clientes

    no ato da compra, mostrando uma despreocupao dos mesmos com a qualidade do

    produto, ou simplesmente uma falta de conhecimento da Instruo Normativa Conjunta

    n 09.

    A Figura 1 ilustra um exemplo de irregularidade. Os tomates, depois de

    devidamente lavados e classificados, so colocados em caixas plsticas no higienizadas.

    A olho nu pode ser observado alto teor de sujicidade nas caixas plsticas, que

  • 24

    provavelmente passaram por vrias reutilizaes sem serem higienizadas, e muito menos

    sanitizadas. Se ao lavar o tomate o intuito preservar sua integridade como alimento,

    aumentar a qualidade do produto e evitar possveis contaminaes por vestgios de

    patgenos e agrotxicos da lavoura, tal inteno comprometida pela no ocorrncia da

    mesma preocupao com a embalagem em que ele armazenado. Isso demonstra a

    ineficincia do processo, pois o tomate continua exposto aos agentes contaminadores

    impregnados na caixa plstica pelas utilizaes anteriores. O produto, assim como quem

    o consome, continua em situao de risco.

    Figura 1: Exemplo de uso das caixas plsticas na CEASA-Bauru, 03 de julho de

    2013.

    Embora a participao da CEASA-Bauru de 0,47% da comercializao

    nacional no parea significativa, de acordo com o mesmo relatrio da CONAB, 29

    unidades contam com uma participao de menos de 1,00% em peso de produtos

    hortigranjeiros, enquanto apenas 8 unidades participam com mais de 5%, o que significa

    que maioria dos entrepostos so de pequena comercializao. Somando a

    comercializao de todos esses pequenos entrepostos, a parcela em escala nacional torna-

    se muito considervel.

  • 25

    Portanto os produtos hortcolas, ou seja, as frutas e hortalias presentes na

    mesa do consumidor final, tm alta probabilidade de terem sido originados dos pequenos

    entrepostos.

    Considerando esse fato, a instalao do sistema de Banco de Caixas nessas

    unidades, embora sua a viabilidade seja menor devido baixa comercializao e,

    consequentemente, baixa demanda pelos seus servios, no pode ser desconsiderada.

    Muito pelo contrrio, pois pelo fato de serem maioria, o alto volume de produtos gerado

    pela soma de suas comercializaes justificam a necessidade, e a importncia, de uma

    alternativa que viabilize o projeto.

    5.3. A anlise da viabilidade econmica

    Inicialmente estimou-se para o presente trabalho uma anlise da viabilidade

    econmica da implantao do sistema de Banco de Caixas nas CEASAs a partir dos

    mtodos de anlise de investimento, tais como a taxa mnima de atratividade (TMA),

    mtodo da taxa interna de retorno (TIR), mtodo do valor presente lquido (VPL) e

    Payback (Tempo de retorno do investimento inicial).

    Para isso, seria necessria uma coleta de dados extremamente profunda. Em

    termos de investimento inicial, abrangeria a confeco de plantas, a cotao de preos de

    materiais de construo, equipamentos tcnicos e suas instalaes, mquina de

    higienizao, estoque de caixas plsticas, questes burocrticas, contratao de

    funcionrios, e outras tantas especificaes que exigem a abertura de uma empresa. J

    instalada, em relao ao fluxo de caixa, as despesas conteriam aluguel do espao dentro

    da CEASA, salrio de funcionrios, gastos de energia, gua, produtos qumicos, etc. Para

    a receita deveria ser estipulado os preos dos servios oferecidos, tanto de higienizao

    como locao das caixas plsticas. Deveria tambm ser investigada, dentre as taxas de

    juros possveis, a mais apropriada para o clculo. Alm disso, todos esses dados variam

    de acordo com o fator de tamanho de cada CEASA, pois o volume de comercializao

    influencia na quantidade de todos os fatores assim como na demando pelos servios

    prestados pelo banco. Vale mencionar tambm, as particularidades que cada CEASA

    possui dentro de sua unidade e as singularidades de cada administrao.

    Propondo-se uma anlise de viabilidade econmica a partir dessas

    ferramentas, espera-se um resultado final com o menor percentual de erro possvel para

  • 26

    que esse resultado possua alguma credibilidade. Considerando a complexidade que esse

    clculo financeiro exige, a partir da dificuldade do profundo levantamento de dados

    mencionado, e do no cabimento de estipulaes de preos oriundos de servios prestados

    por uma empresa privada, constatou-se que, diante dos recursos disponveis, a anlise

    realizada por esse mtodo seria invivel.

    A anlise econmica, possvel e adequada nos termos deste trabalho, aquela

    realizada a partir de constataes proporcionadas pelo estudo dos casos assim como de

    comparaes com os projetos j realizados. Portanto, considerando o sucesso obtido at

    agora pelos Bancos de Caixas em operao, podemos concluir que, se foi vivel para

    esses casos, ser vivel para os demais entrepostos.

    Vale ressaltar que tal sucesso s foi possvel pelo alinhamento de vrios

    fatores: a ampla divulgao da mudana entre os permissionrios e demais usurios antes

    da obrigatoriedade das medidas impostas, a forma gradativa em que se procedeu a

    mudana, o comprometimento do poder pblico local na ao de subsidiar o projeto e

    fiscalizar o cumprimento das normas, o alinhamento do poder pblico com a parceria

    estabelecida com o setor privado, e, em alguns casos, as facilidades de crdito oferecido

    pelos bancos aos usurios como forma de incentivo. Mas nenhum desses fatores seriam

    possvel sem uma mudana cultural generalizada em relao origem de tudo isso: a

    logstica reversa. A logstica reversa veio antes do Banco de Caixas, e uma vez a primeira

    se concretizando no pensamento gestor dos usurios, o segundo faz a funo de prov-la.

    Depois de concretizada a instalao, aps a higienizao das caixas plsticas,

    o cliente passaria a recusar o produto em mau estado e se tornaria mais exigente quanto

    qualidade. As perdas ps-colheita diminuiriam, e a ideia de que o sistema srio seria

    divulgada. O crescimento da demanda pelos servios do Banco de Caixas s tenderiam a

    aumentar, o que s faz crescer a viabilidade do projeto.

    6. CONCLUSO

    A partir do referencial terico, pde ser apontados todos os fatores restritivos

    ao sistema de Banco de Caixas. Nos trabalhos anteriores foram constatados todas as

    vantagens e os benefcios provenientes do projeto, porm, sem a quebra da concepo

    dos atores envolvidos, resistentes implantao da mudana, todos os esforos realizados

    at agora para a construo do projeto, de nada valero e a construo do Banco de Caixas

  • 27

    no ser vivel. Diante desse desafio, nesse trabalho foi possvel estabelecer

    argumentaes que propuseram fortes alternativas para tentar solucionar cada um desses

    obstculos.

    A ferramenta mais eficientemente utilizada para tal proposta foi o novo Plano

    Nacional de Resduos Slidos, que em seus artigos, convenientemente, incentivam as

    reformas da questo ambiental no Brasil atravs de estabelecimento da responsabilidade

    compartilhada e do apoio em diversas questes, incluindo educao de pessoas e

    divulgao, e formas para facilitar a questo financeiros. Convertendo isso para o setor

    estudado, pde-se argumentar as oportunidades oferecidas pelo Plano, no sentido de

    utilizar-se delas para tentar descontruir a concepo resistente ao sistema de Banco de

    Caixas, principalmente as questes social e financeira. Dentro disso, muito pode ser feito

    para viabilizar o projeto.

    Outra forma de constatar a viabilidade do Banco de Caixas nas CEASAs foi

    atravs da comparao com os Bancos de Caixas j existentes. A reviso terica permitiu

    a organizao cronolgica das implantaes do projeto das CEASAs de Uberlndia,

    Braslia, Porto Alegre, Goinia, Recife, Campinas, Caratinga, Governador Valadares,

    Contagem, Juiz de Fora e Barbacena, e suas respectivas funcionalidades. Em todos os

    casos, o projeto foi amplamente divulgado entre os atores envolvidos antes da instalao

    dos Banco de Caixas, as imposies tiveram prazos de adequao, existiram dificuldades

    pontuais, normais a qualquer transformao, porm at hoje todos os Bancos funcionam

    regularmente, comprovando o sucesso da mudana nessas unidades. Portanto, se existem

    esses casos bem sucedidos, nada deve impedir o funcionamento do sistema nas demais

    unidades do Brasil. Mesmo considerando as particularidades de cada uma, inclusive fator

    relevante, com uma instalao bem planejada, utilizando-se de todas as ferramentas

    disponveis, possvel confirmar a viabilidade do sistema de Banco de Caixas.

    Muito ainda precisa ser melhorado, a exemplo da CEASA-Bauru, onde foi

    verificado irregularidades na higienizao das caixas. E, sendo ela um conveniente

    exemplo devido a sua similaridade de tamanho com a maioria das CEASAs brasileiras,

    percebe-se que muito trabalho ainda deve ser feito. Mas, como j dito, com um

    planejamento adequado, o sistema ser bem sucedido. Quanto mais o sistema for

    utilizado, maior ser a demando pelos seus servios, e maior ser a viabilidade econmica

    para sua instalao, bem como para todos os atores envolvidos, seja eles produtores,

    atacadistas, varejistas ou consumidores finais, e assim todos ganham.

  • 28

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    A SEMANA AGORA. Ceasa de Caratinga inaugurou seu Banco de Caixas. 28 de

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    setembro de 2009. Disponvel em:

    . Acesso em 15 de junho de

    2013.

  • 31

    8. ANEXOS

    ANEXO 1 Roteiro de Entrevista na CEASA-Bauru

    Identificao do entrevistado

    NOME:

    CARGO:

    TEMPO NA FUNO:

    Perguntas

    1. EXISTE UMA QUANTIFICAO (QUANTIDADE DIRIA ESTIMADA) DE

    EMBALAGENS PLSTICAS, DE MADEIRA E PAPELO CIRCULANTES NA

    CEASA-BAURU?

    2. H CONHECIMENTO DA INSTRUO NORMATIVA CONJUNTA N 9? (De 12

    de novembro de 2002, Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria; Instituto Nacional de

    Metrologia, Qualidade e Tecnologia; Secretaria de Apoio Rural e Cooperativismo

    D.O.U., 14/11/2002)

    3. REALIZADA HIGIENIZAO DAS CAIXAS PLSTICAS?

    4. J FOI REALIZADO ALGUM PROJETO PARA IMPLEMENTAO DE UMA

    CENTRAL DE EMBALAGENS / BANCO DE CAIXAS? SE SIM, COMO

    FUNCIONARIA? (Investimento inicial, preo por caixa higienizada, fluxo dirio de

    caixas higienizadas, modo de pagamento, existncia de tratamento dos efluentes)

    5. EXISTE FISCALIZAO DA HIGIENIZAO DAS EMBALAGENS OU ALGUM

    CONTROLE POR PARTE DO ORGOS FISCALIZADORES, COMO A ANVISA?

    COM QUE FREQUENCIA?

    6. OS CLIENTES EXIGEM LAUDO DE HIGIENIZAO DAS EMBALAGENS

    RETORNVEIS (PLSTICO/MADEIRA) NO ATO DA COMPRA?