o fator melquisedeque

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ÍNDICE Introdução 2 I O Fator Melquisedeque 3 1.1 Povos do Deus Remoto 3 1.1.1 Os Atenienses 3 1.1.2 Os Cananeus 5 1.1.3 Os Incas 6 1.1.4 Os Santal 7 1.1.5 O Povo Gedeo da Etiópia 8 1.1.6 Os Mbaka da República Centro-Africana 8 1.1.7 Os Chineses e os Coreanos 9 1.2 Povos do Livro Perdido 10 1.2.1 Os Karen, Os Kachin, Os Lahu e os Wa 10 1.2.2 Os Kui, os Lisu da China, os Naga e os Mizo da Índia 11 1.2.3 A Receptividade para com as Boas Novas 12

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Page 1: o Fator Melquisedeque

ÍNDICE

Introdução 2

I O Fator Melquisedeque 3

1.1 Povos do Deus Remoto 3

1.1.1 Os Atenienses 3

1.1.2 Os Cananeus 5

1.1.3 Os Incas 6

1.1.4 Os Santal 7

1.1.5 O Povo Gedeo da Etiópia 8

1.1.6 Os Mbaka da República Centro-Africana 8

1.1.7 Os Chineses e os Coreanos 9

1.2 Povos do Livro Perdido 10

1.2.1 Os Karen, Os Kachin, Os Lahu e os Wa 10

1.2.2 Os Kui, os Lisu da China, os Naga e os Mizo da Índia 11

1.2.3 A Receptividade para com as Boas Novas 12

1.3 Povos com Costumes Estranhos 16

1.3.1 Os Dyaks(Bornéu), Os Asmat(Nova Guiné), Os Yali e os Havaianos 16

1.3.2 Os Chineses e seu Sistema de Escrita e Os Índios Norte-Americanos 17

II O Evangelho Preparado Para o Mundo – O Fator Abrãao 18

2.1 A Conexão de Quatro Mil Anos 18

2.2 Um Messias Para Todos Os Povos 19

2.3 A Mensagem Oculta de “Atos” 20

Conclusão 23

Bibliografia 24

Page 2: o Fator Melquisedeque

INTRODUÇÃO

Este trabalho é a leitura seguida de um resumo do livro de Don Richardson, O Fator

Melquisedeque – O Testemunho de Deus nas Culturas Através do Mundo. O livro começa

dando uma boa explicação da revelação geral de Deus no mundo, o qual o autor intitula de

Fator Melquisedeque. O autor percorre algumas culturas diferentes espalhadas por lugares

distintos do mundo, demonstrando como o próprio Deus deixou seu testemunho nessas

culturas, de formas diversas. Depois ele demonstra como Abraão, e os apóstolos Paulo e João

souberam aproveitar esse fator Melquisedeque em pró da expansão do evangelho.

Na segunda parte do livro, o autor dedica-se a revelação especial de Deus ao povo

judeu, a qual ele chama Fator Abraão. Seu esforço concentra-se em demonstrar como desde

Genesis 12, o princípio da promessa, Abraão e Seu Descendente estão aliançados com Deus

para serem uma benção para todas as nações. Neste ponto Don Richardson retrata como o

povo judeu perdeu seu propósito de foco de existência, e como Jesus e em seguida o Espírito

Santo trabalharam para desconstruir a perspectiva errada que os israelitas tinham adotado,

enquanto resgatam o verdadeiro propósito de ser um receptor das bênçãos de Deus, que é

tornar-se um transmissor do Evangelho à todos povos, raças e nações.

Nessas linhas tento resumir o autor com o maior zelo para que os pontos importantes

sejam mantidos, o tema central seja ressaltado, e as digitais do autor e da mensagem

permaneçam; pois o livro é um mergulho a profundidade, soberania, onipotência, perfeição,

cuidado, zelo, fidelidade e ao mesmo tempo simplicidade de Deus em resgatar a humanidade

ao seu relacionamento ao longo dos séculos.

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Page 3: o Fator Melquisedeque

I O Fator Melquisedeque.

1.1 Povos do Deus Remoto.

1.1.1 Os Atenienses.

A cidade de Atenas em meio a uma praga que não cessava foi ajudada por um homem

natural de Creta, chamado Epimênides, o fato encontra-se registrado por um autor grego do

século III A.D, Diógines Laércio, na obra The Lives of Eminent Philosophers, também em

Leis, de Platão e na obra The Art of Rhetorica(Aristóteles). Os anciãos já tinham tentado

apaziguar a ira dos diversos deuses com ofertas de expiação, entretanto tudo que foi realizado

foi em vão, a praga perdurava um bom tempo sem que nenhum dos deuses locais atendessem

as ofertas de expiação pela mesma. O cidadão de Creta os aconselha a ofertarem ao DEUS

DESCONHECIDO, permitindo que este Deus escolha do rebanho de ovelhas pretas e

brancas, as que queria para si – em função disso deixaram as ovelhas sem comer a noite

inteira e soltaram-nas todas ao mesmo tempo numa colina. Aquelas ovelhas famintas que

deitassem no chão ao invés de pastarem, como seria o esperad, é que deveriam ser sacrificas

nos exatos locais em que deitassem. Cada vez que uma ovelha deitava, o local era marcado e

os pedreiros construíam um altar com a inscrição agnosto theo(a um deus desconhecido),

todas as ovelhas foram sacrificadas nos respectivos altares e em seguida a praga foi aplacada.

Os Atenieses eram muito orgulhosos de seus deuses, conheciam todos com intimidade

chamando-os pelo nome, mas tiveram seu clamor atendido por um Deus tremendamente

poderoso que operou por causa da humildade do conselheiro em admitir que não o dominava

pelo nome, e sim se lançava-se aos seus cuidados com total humildade e reverência,

aguardando com fortes expectativas e esperança a graça de ser ouvido e atendido.

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Page 4: o Fator Melquisedeque

Pausânias em sua obra Description of Greece, e Filostrato em sua obra Appolonius of

Tyana, ambos escritores da antiguidade também deixaram registrado sobre “altares a um deus

desconhecido”.

O apostolo Paulo, nos mostra Lucas no livro de Atos 17:22-23, conhecia essa história e

pega esse gancho utilizando em seu favor. Paulo citou inclusive a poesia utilizada por

Epimênides (Tt.1:12-13), a Enciclopédia Britânica, Micropaedia, 15ª Ed., vol.3,p.924,

confirma que as palavras utilizadas por Paulo são do poeta e profeta Epimênides, que socorreu

a cidade de Atenas seis séculos antes.

Ao observarmos a estratégia que Paulo utilizou ao pregar o evangelho à cidade mais

idolatra da época, constatamos que ele valeu-se de algo da cultura local, afinal de contas os

termos e conceitos eram considerados como ordenados por Deus para os Atenienses, então

Paulo utiliza-se da filosofia grega vigente para demonstrar que Jesus Cristo é o representante

do altar do deus desconhecido de Atenas. Os Judeus usavam Elohim (hebraico) como nome

pessoal de Deus, os tradutores da septuaginta e três grandes filósofos gregos (Xenofonte,

Platão e Aristóteles) usaram Theos como nome próprio para o Deus Supremo, e Paulo adotou-

o nas suas pregações e nos escritos do Novo Testamento.

O apóstolo João emprega a mesma ferramenta, o vínculo do evangelho com a filosofia

grega. João apropria-se do termo favorito dos filósofos estóicos Logos (Verbo) entregando-o

ao dono Jesus Cristo. O termo Logos (palavra) foi usado por Heráclito (600 a.C.), filosofo

grego, para designar a razão ou plano divino que coordena um universo em mudança. Os

judeus utilizavam o termo Memra (palavra em aramaico) para o Senhor, João percebeu que o

“Logos” que os gregos falavam e o “memra” que os judeus atribuíam ao Senhor, descreviam

a mesma verdade teológica. Sabiamente o apostolo passou a demonstrar que Jesus Cristo era o

cumprimento de ambos (No princípio era o Verbo (Logos), e o Verbo (Logos) estava com

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Page 5: o Fator Melquisedeque

Deus(Theos), e o Verbo(Logos) era Deus(Theos)... E o Verbo(Logos) se fez carne, e habitou

entre nós[Jo1:1-14]).

Tanto Paulo como João apresentam um Jesus Cristo (Theos e Logos) cumprindo e não

destruindo algo que era válido na filosofia grega, utilizando-se do que Deus tinha construído

na mente do povo através da história, de Sua intervenção, e da filosofia local.

1.1.2 Os Cananeus.

No livro de Genesis são mencionados por nome aproximadamente 40 povos espalhados

do Egito até a Caldéia. O nosso pai Abraão, chamado e separado por Deus para nele serem

benditas todas as nações de todas as famílias da terra (Gn.12:2-3), representante da revelação

especial de Deus, utilizou a mesma estratégia que os apóstolos João e Paulo, dois mil anos

antes dos mesmos.

Em Canaã, terra estrangeira mergulhada em decadência, o patriarca encontra uma

cidade de nome “Salém”, que em cananeu significa paz. Desse nome vem a última parte do

nome da cidade Jerusalém (o fundamento da paz), também desse nome cananeu deriva a

saudação hebraica Shalon e seu equivalente árabe, Salaam. Em meio a idolatria local,

sacrifício de crianças, homossexualismo e prostituição legalizados havia um rei de Salém com

identidade de “rei de justiça” no próprio nome, Melquisedeque (Melch – rei e zadok – justiça).

Se tudo não bastasse, ao retornar de uma guerra de resgate (Gn.14:1-18) Abraão é

recepcionado ao entrar no vale do rei pelo rei Melquisedeque oferecendo-lhe “pão e vinho”, o

símbolo da comunhão, simplesmente o “rei de justiça” cananeu atuava como sacerdote do

Deus Altíssimo(El Elyon - nomes cananeus que quando usados em conjunto significava Deus

Altíssimo ).

Abraão, o caldeu, chamava o Todo-poderoso de Yahweh(Javé) mas foi abençoado por

Melquisedeque que utilizou na benção o termo El Elyon (Gn.14:18-20), ele não apenas

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Page 6: o Fator Melquisedeque

recebeu a benção como vinda de Deus, como reconheceu no rei de Salém uma autoridade

superior a si próprio pois pagou-lhe o dízimo. O livro de Hebreus explica que o inferior é

abençoado pelo superior (Hb.7:6-7) e que o sacerdócio cananeu era superior ao sacerdócio

levítico do povo judeu. O livro de Salmos registra um juramento divino no qual o Messias é

filiado a ordem de Melquisedeque.

Hoje lendo a bíblia inteira temos todas essas explicações para o ocorrido, entretanto

Abraão precisou de discernimento divino para entender o que estava acontecendo entre ele, o

escolhido de Deus, e o representante do Deus verdadeiro entre os cananeus (um povo

contaminado). Melquisedeque era o símbolo da revelação geral de Deus à humanidade,

enquanto Abraão representava a revelação especial de Deus à humanidade. Dom Richardson

explica que a revelação geral é superior por ser mais antiga e abranger a totalidade da

humanidade (Sl.19), enquanto Abraão representava uma revelação mais recente e menos

universal.

O autor tenta traçar através da história exemplos de interação do fator Melquisedeque

(revelação geral de Deus) e o fator Abraão (revelação especial de Deus). A medida que a

revelação especial de Javé estende-se pelo mundo encontra-se com a revelação geral de Javé

que já se acha em cena. Um terceiro fator também é encontrado atuando na cultura Cananéia,

o fator Sodoma, que deve ser discernido e rejeitado por ser idolatra e apostata.

1.1.3 Os Incas.

Deus preparou o mundo gentio para receber o evangelho, e preparou o evangelho para

todos os povos. O rei Pachacuti levou os incas ao apogeu. Da mesma forma que

Epimênides(de Creta), Pachacuti também foi um explorador espiritual que buscou, tateou e

encontrou um Deus muito superior a qualquer “deus” popular de sua própria cultura. Os incas

não tinham um sistema de escrita, mas através da oralidade uma coleção de hinos e tradições

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Page 7: o Fator Melquisedeque

foi preservada. Essa tradição descreve a trajetória de adoração do povo inca ao sol, Inti, a

reconstrução de um templo a essa divindade, mas depois os questionamentos de Pachacuti

sobre a limitação de Inti, a constatação que o sol não passava de coisa criada, e a construção

do conceito de Deus como o Senhor, o Criador onipotente de todas as coisas - Viraconcha, a

partir do testemunho de Deus na própria cultura(At.14:16-17).

O pai do rei Pachacuti tinha-lhe contado sobre Viraconcha, e este resolve aprofundar-se

no conhecimento deste. O rei convoca um concilio com os sacerdotes de Inti, no final deste

fica esclarecido que Viraconcha criou todos os povos pela sua palavra, Ele é o destino do

homem, ordena seus dias e sustenta-os, é o principio da vida pois aquece os seres humanos

através de seu filho Punchao, Viraconcha é quem traz a paz e a ordem, é abençoado em seu

próprio ser e tem misericórdia da miséria humana. Pachacuti então ordenou que as orações

todas eram para serem dirigidas à Viraconcha com a mais profunda reverencia e humildade, e

inti era apenas para ser respeitado como uma entidade criada. O rei compôs então os hinos

reverentes a Viraconcha.

Os sacerdotes inconformados com a resolução tomada pelo rei inca convencem-no que

o povo não entenderia, que depois de terem cultuado tantos anos o sol, construído templos

enormes, de repente tudo teria sido em vão. Sugerem que apenas a nobreza e a família real

cultuem a Viraconcha, deixando o resto do povo como estavam antes. Pachacuti por

diplomacia política cede ao argumento de seus conselheiros que adorar a Viraconcha era

sublime demais para o povo comum.

Cem anos depois os incas foram conquistados, a nobreza exterminada e com eles o

conceito de Viraconcha.

1.1.4 Os Santal.

7

Page 8: o Fator Melquisedeque

Lars Skrefsrud, missionário norueguês, e seu colega dinamarquês, Hans Borreson, em

1867 descobriram um povo chamado Santal composto por dois milhões e meio de pessoas. O

missionário aprendeu a língua santal muito rápido e logo se dispôs a pregar o evangelho. Para

seu espanto, o povo o identificou como o enviado de Thakur Jiu – Deus Verdadeiro, e estava

ávido por ouvir o evangelho. Os Santal tinham em sua cultura uma história com Thakur Jiu,

mas perderam a forma de adoração verdadeira, e ficaram aprisionados a pratica de feitiçarias,

adoração ao sol e apaziguamento de espíritos. Ao longo do tempo eles esqueceram

completamente o que fazer para adorar Thakur, ficando a tradição oral e o nome em suas

memórias.

O missionário aceitou o nome Santal para Deus, pois não havia nada conectado ao

nome que o desqualificasse, e passou a pregar utilizando Thakur para se referir a Deus. O

povo Santal por sua vez pedia para ouvir como se reaproximar de Thakur Jiu, o que resultou

em conversões e batismos numa base de 80 por dia. Um verdadeiro reavivamento espiritual na

Índia.

1.1.5 O Povo Gedeo da Etiópia.

A tribo do povo Gedeo localiza-se nas montanhas da Etiópia, eles acreditavam em

Magano – Criador onipotente de tudo quanto existe, juntamente com outras tribos da mesma

região. Meio milhão de Gedeos costumavam orar a Magano, mas todos apaziguavam uma

entidade maligna, por não terem comunhão suficiente com Magano. Um homem da família

real da tribo gedeo, Warrasa Wange, orou para que Magano se revelasse ao povo gedeo.

Recebeu visões de Magano que mandaria dois brancos com mensagem sobre Si. Oito anos se

passaram até que Deus mandou seus missionários até essa tribo, e junto com Warrasa mais de

200 igrejas foram plantadas entre os gedeos, influenciando quase todos habitantes da tribo.

1.1.6 Os Mbaka da República Centro-Africana.

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Page 9: o Fator Melquisedeque

Os Mbaka vivem perto de Sibyut, cidade na República Centro-Africana, e junto com

várias tribos africanas acreditavam em Koro – O Criador. Nessa tribo Mbaka todos

aguardavam os mensageiros de Koro e a mensagem que eles trariam para reavivar a memória

do povo para adoração à Koro e à seu filho, especialmente os da aldeia Yablangba pois estes

eram considerados “guardadores das tradições de Koro”. Os “ritos de passagem” tribais

mostravam paralelos judeu-cristãos, tudo na aldeia estava pronto para a chegada dos

missionários. A mensagem foi recebida de pronto, 75 a 90% da aldeia Yablangba tornou-se

pastores africanos treinados pelos missionários, eles antes eram como um clã levitico dentro

da tribo.

1.1.7 Os Chineses e os Coreanos.

Shang Ti, o Senhor do Céu para os chineses e Hananim – o Grande para os coreanos.

Nunca foram representados por ídolos, mas na China a adoração a Shang Ti foi-se

distanciando do povo, e apenas o imperador era bom o suficiente para o fazer e somente uma

vez ao ano. Isso criou um vácuo espiritual que deu vazão ao surgimento de três religiões : o

confucionismo, o taoísmo e o budismo. Essas religiões serviram como o fator Sodoma, assim

como a adoração a Inti pelos incas obscureceu a memória de Viraconcha, pois afastou a

maioria dos chineses e depois a maior parte dos coreanos da adoração a Deus.

Para aumentar a confusão na mente do povo, os missionários protestantes que primeiro

chegaram a China discordavam quanto ao uso de “Shang Ti” para representar o Todo-

Poderoso.

Porém na Coréia os missionários que lá abordaram optaram por construir sua

mensagem em cima do testemunho residual da crença coreana em Hananim. Logo os

coreanos ouviam os protestantes e por causa da identificação com esse testemunho que tinha

se perpetuado na cultura, rapidamente eram conduzidos ao arrependimento. Cem anos após a

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Page 10: o Fator Melquisedeque

chegada dos protestantes, três milhões de coreanos já eram cristãos e novas igrejas continuam

sendo abertas para acomodar a onda crescente de convertidos. Igrejas que são autônomas,

auto-suficientes e auto-divulgadoras.

1.2 Povos do Livro Perdido.

1.2.1 Os Karen, Os Kachin, os Lahu e os Wa.

Os Karen, povo tribal que vive em mais de mil aldeias na Birmânia, guardavam uma

consciência que os caminhos do Deus verdadeiro (Y´wa) são diferentes dos nats ( espíritos

maus), mantinham um tipo especial de mestre e profeta (Bukhos) de Y´wa. Eles transmitiram

hinos Karen à Y´wa que passaram de geração a geração, nos quais o conceito do Deus único

estava bem especificado, nítido. Esse conhecimento que sobreviveu através desses hinos foi

forte o suficiente para manter os Karen afastados do budismo e aquecidos numa fé

monoteísta. Os hinos preservaram a história da origem da vida e também o ponto onde

pararam de obedecer a Y´wa e comeram o fruto proibido, ficando então subordinados aos

nats(demônios). Os profetas constantemente alertavam os Karen contra idolatria, incentivava-

os a honrar os pais, amar a Deus e ao próximo, a importância da oração dia e noite, o

arrependimento e a promessa de perdão por parte de Y’wa.

Esse povo apresenta uma percepção dos fatos espirituais básicos que podem ser

comparados aos do judeus/cristãos. Eles tinham um reconhecimento sincero de sua própria

imperfeição, e uma expectativa que os estrangeiros brancos trouxessem para eles essa

perfeição, esses forasteiros apresentariam-lhes as palavras de Y´wa quando trouxessem o livro

branco, pois a cópia do livro deles tinha sido perdida por seus antepassados. Ou seja, cerca de

oitocentos mil membros aguardavam um missionário que trouxesse a Bíblia e a mensagem de

salvação da parte de Deus.

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Page 11: o Fator Melquisedeque

Na religião popular dos Kachin, povo que mora no norte da Birmânia, o Criador é

designado Karai Kassang – um Ser sobrenatural benigno cuja aparência ou forma excede a

compreensão do homem e as vezes Hpan Wa Ningsang – o Glorioso que Cria ou ainda Che

Wa Ningchang – Aquele que Sabe. Eles assim como os Karen criam que um livro tinha sido

dado por Deus aos seus antepassados que o perderam, mas o livro de alguma forma lhes seria

devolvido.

Os Lahu moravam a sudoeste dos kachin e nordeste dos Karen, entre a China e a

Tailândia. Na sua tradição, Gui´Sha – Criador de todas as coisas, tinha-lhes dado sua lei

escrita em bolos de arroz, uma vez tiveram uma grande fome e comeram os bolos de arroz,

ficando com a lei no seu interior, ao mesmo tempo acreditavam que para obedecer

perfeitamente ao Criador, precisavam recuperar a forma escrita das suas leis. Eles também

tinham profetas de Gui´Sha que mantinham viva a esperança de ajuda da parte de Deus, e no

tempo oportuno Gui´Sha enviaria um irmão branco que os levaria o livro perdido com as

palavras de Gui´Sha. Alguns Lahus usavam cordões nos pulsos simbolizando sua escravidão

aos nats(espíritos) e a necessidade de um salvador enviado dos céus que cortaria as cordas de

seus pulsos.

Ao mesmo tempo, os Wa eram uma tribo de cem mil pessoas, espalhados pelas

montanhas que se localizavam próximas dos kachin e dos lahus. Uma vez ao ano eram

impelidos pelos nats a caçarem e plantarem cabeças humanas nos campos para assegurar uma

boa colheita, não o faziam por vontade própria. Siyeh, o Deus Verdadeiro, enviava profetas

verdadeiros que condenavam essa caça de cabeças e o apaziguamentos de espíritos, um desses

profetas avisou-os de que estava próximo o tempo de Siyeh enviar um irmão branco com uma

cópia do livro perdido, e que parassem de uma vez por todas com as mortes.

1.2.2 Os Kui da Tailândia e Birmânia, os Lisu da China, os Naga e os Mizo da Índia.

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Page 12: o Fator Melquisedeque

Os Kui vivem na fronteira entre a Tailândia e a Birmânia. Entre eles havia construções

de casas de adoração consagradas ao Deus Verdadeiro, nas quais nenhum ídolo jamais foi

colocado. Eles adoravam o grande Deus lá do alto e aguardavam o dia que o mensageiro de

Deus entraria numa dessas casas com o livro perdido para ensinar o povo sobre a adoração ao

verdadeiro Deus.

No sudoeste da China, na província de Yunnam milhares de Lisu aguardavam um

irmão branco com um livro do Deus Verdadeiro escrito em Lisu, eles não possuíam nem

alfabeto e nenhum material impresso mas estavam convictos que receberiam esse livro e com

isso teriam um rei próprio que reinaria sobre eles.

Vinte e quatro tribos da raça Naga na Índia, cerca de um milhão de pessoas, possuíam

um claro conceito de uma “dinvindade de caráter altamente pessoal, mais associada com o céu

do que com a terra” e que “ficava acima de todas as outras” chamando-lhe de Chepo-Thuru –

o Deus que tudo sustenta, ou Gwang no dialeto konyak. A cultura dos naga apresentava

muitos costumes bíblicos: levantamento de pedras memoriais em lugares específicos, ofertas

das primícias, ofertas de sangue, ofertas de animais sagrados, ingestão de pão sem fermento,

furos nas orelhas, manutenção de um fogo sagrado continuamente aceso, consideração

especial pelo numero sete, festas das colheitas e o soar de trombetas depois da ceifa.

Os mizo, como são chamados pelos hindus, vivem 483 km a sudoeste dos naga e

somam umas trezentos e cinqüenta mil pessoas. Os birmanezes chamam os mizo de lushai.

Esse povo chama o Deus Supremo de Pathien(Pai santo), sendo Pa para pai e Thien para

santo, o considerando o “Criador de todas as coisas... um Ser bondoso”. Os mizo sacrificavam

apenas para Pathien, acreditavam num livro sagrado que foi dado por Pathien a seus ancestrais

mas estes o perderam.

1.2.3 A Receptividade para com as Boas Novas.

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Page 13: o Fator Melquisedeque

Esses povos citados anteriormente representavam mais de três milhões de pessoas que

viviam num circulo de 1300km. Até que em 1818 um missionário americano e batista,

chamado Adoniram Judson foi morar em Rangum na Birmânia, dedicou-se a aprender a

língua birmanesa e assim que se achou preparado, iniciou a pregação do evangelho nas praças

vestido com uma roupa parecida com a dos professores budistas. Levou sete anos para um

budista birmanes se converter, um sentimento de fracassa o perseguia, e por que lhe sobrava

muito tempo fez a tradução da Bíblia para o birmanês. O povo Karen passava diariamente

pela sua porta cantando hinos de adoração a Y’wa – o Deus verdadeiro, mas Judson não tinha

aprendido sua língua.

Até que veio trabalhar para ele um membro da tribo Karen por estar endividado, esse

homem era violento e já tinha matado mais de 30 homens enquanto era ladrão. Tal homem

convivendo com Judson e outros membros da missão levou um bom tempo para absolver a

mensagem do evangelho que lhe era ensinado por todos missionários, parecia que era burro

demais para captar. De repente tudo se encaixou para ele, Ko Thahbyu percebeu que era o

primeiro do seu povo a saber sobre “o livro perdido” e passou a freqüentar a escola para os

convertidos analfabetos que outro casal de missionários tinham montado. Ele queria aprender

birmanes enquanto Judson traduzia o livro.

Esse casal, George e Sarah Boardman, resolvem ir para outra cidade mais ao sul da

Birmânia, Tavoy, iniciar lá uma nova missão. O Karen, Ko Thahbyu pede para ir com eles,

pede para ser batizado e de Tavoy principia suas viagens pelas aldeias dos Karen pregando o

evangelho. A mensagem era bem recebida e centenas de ouvintes se dirigiam a missão que

ficava localizada em Tavoy para verem o “irmão branco” que finalmente chegara com o livro

perdido. Os missionários passaram a visitar as aldeias dos Karen ensinando detalhadamente

como adorar Y’WA. Os Karen viraram verdadeiros missionários espalhando a mensagem do

13

Page 14: o Fator Melquisedeque

evangelho entre os seus. Muitos vinham de suas aldeias para conhecer o mestre

branco(George Boardman) e ouvir o que ele ensinava.

Jonathan Wade, outro missionário ajudou na missão em Bassein, karens de 320km ao

norte de Tavoy, karens de 480km a noroeste de Tavoy se convertiam aos montes e eram

batizados. Ko Thahbyu depois de ter evangelizado a maioria em Tavoy aprofundou-se para

região central da Birmânia a fim de alcançar outros Karen. Thahbyu dedicou-se dia e noite a

ler e ensinar as palavras da vida para os Karen que vinham para missão em Tavoy e ficavam

para aprender mais sobre Y’WA, ele desgastou-se em poucos anos de tanto trabalhar e

faleceu, mas atingiu grandes resultados para Cristo.

Quarenta anos da chegada de Adoniran, em 1858, os Karen despertaram para

necessidade de levar o evangelho a outras etnias, e equipes transculturais Karen partiram para

o povo Kachin, as vezes um missionário americano acompanhava o grupo. Em 90 anos, 250

mil kachin renderam-se a Jesus.

Em 1890, Willian Marcus Young partiu com missionários Karen para a cidade de

Kengtung. Nessa cidade pregando entre o povo shan com a bíblia na mão, homens da tribo

lahu o avistaram, prestaram atenção ao que ele falava e praticamente o raptaram para sua

tribo, eles tinham casas preparadas nas aldeias para esse Deus, e estiveram esperando que

Willian chegasse com o livro por séculos. Suplicaram-lhe que cortassem os cordões do pulsos

que os algemavam aos maus espíritos. Nas aldeias lahus um verdadeiro avivamento

aconteceu, dezenas de milhares tornaram-se cristãos.

Enquanto isso o profeta Pu-Chan que estava entre os Wa, teve um sonho dado por Deus

e foi guiado até o lugar que Willian Marcus tinha se estabelecido e diariamente ensinava os

lahus juntamente com seus filhos e os missionários Karen. Pu-chan e os Wa que lhe

acompanharam estavam indo buscar o missionário branco que lhes ensinaria do livro de Siyeh

– o Deus verdadeiro. Willian não os pode acompanhar de volta a sua aldeia, mas

14

Page 15: o Fator Melquisedeque

acomodações entre eles foram construídas para que ali permanecessem e juntamente com os

lahu que o visitavam diariamente aprendessem mais sobre o livro. O filho de Willian,

Vincente Young, cresceu ouvindo as duas línguas e foi ele quem traduziu o Novo Testamento

tanto para língua dos Lahu como na língua dos Was.

Foi Vincent Young também o missionário branco que primeiro visitou as aldeias tão

temidas dos caçadores de cabeças Wa. Os Young e seus missionários Karen batizaram 60 mil

Iahu, e tinham também 10 mil convertidos Wa. Os Wa por sua vez espalharam o evangelho

para o oriente da Birmânia e na região sudoeste da China.

James Outram Frazer, missionário inglês, trabalhando na China, descobriu a tribo Lisu,

aprendeu sua língua e tentava ensinar-lhes o evangelho sem muito progresso. Resolveu ir até a

Birmânia aprender algo sobre comunicação transcultural com os missionários americanos

batistas, pois tinha ouvido muito bem sobre o sucesso deles entre os povos tribais da região.

Ao chegar a um posto avançado de missionários batistas só encontrou missionários do povo

karen, que prontamente atenderam-lhe o pedido de enviar alguns karen com ele para ajudar na

evangelização dos lLisu. No retorno à distante Lisulândia, seu ajudante karen aprendeu a falar

lisu, Frazer traduziu o evangelho de Marcos para língua lisu, e com cópias publicadas de uma

gráfica em Changai, viajou de aldeia em aldeia lendo o evangelho de Marcos. A antiga

tradição Lisu previa a chegada de um mestre branco que lhes devolveria o livro perdido de

Deus em sua própria língua, o que promoveu um espantoso acréscimo ao Reino de Deus,

dezenas de milhares de Lisu renderam-se ao Senhor.

Com o povo Naga e o povo Mizu não foi diferente, suas antigas religiões populares

dava-lhes testemunho suficiente de Deus, de forma que não cederam a idolatria hindu da

India, do mesmo modo que os povos karen, kachin, lahu e Wa tiveram compreensão de Deus

suficiente para afastar-se do taoísmo e confucionismo na China. Hoje em Nagaland, onde

vive mais de um milhão de representantes do povo naga, 76% são cristãos, e em Mizoram

15

Page 16: o Fator Melquisedeque

95%. Os cristãos mizo inclusive enviaram 400 missionários a áreas predominantemente hindu

no norte da Índia. A tradição do livro perdido de Deus, velhas profecias destacam-se como

fator importante no despertar das populações naga e mizo.

1.3 Povos com Costumes Estranhos.

Romanos 2:14-15 registra a possibilidade de homens terem uma espécie de antigo

testamento escrito em seu interior, quando não tem a lei, mas se comportam como se a

tivessem. Salomão também afirma que Deus pos sua eternidade gravada nos corações dos

homens em Ec.3:11.

1.3.1 Os Dyaks (Bornéu), Os Asmat (Nova Guiné), Os Yali e os Havaianos.

Os Dyaks são um povo temido como caçadores de cabeça, entretanto aprofundando em

sua cultura mostraram-se pré-sintonizados com conceitos bíblicos. Uma vez por ano

praticavam um ritual muito similar ao do antigo testamento quando o sumo sacerdote fazia

expiação pelos pecados de todos judeus utilizando dois bodes (Lv.16:15), os dyaks tinham o

mesmo conceito por trás de seu ritual, diferindo por praticarem com duas galinhas e um barco

que levava uma das galinhas e os pecados(Dosaku) de toda tribo até o ritual do próximo ano.

A Nova Guiné tem a forma de um tiranossauro, é habitada por umas mil tribos, e os

Asmat são canibais, caçadores de cabeça que vivem na pior parte: mais úmida, densa e

infestada de moléstias. Eles guardavam os crânios como troféu, comiam a carne e usavam

crânios como travesseiros, caveiras como brinquedos de crianças, o osso do fêmur como

punhal, ossos do maxilar como ornamento, sangue humano como a cola para as peles do

lagarto preto que cobriam seus tambores. Além disso, os homens da tribo usam de práticas

públicas de troca de mulheres, veneram parentes mortos manuseando a carne decomposta de

seus cadáveres. Entretanto esse povo pratica com seus inimigos um ritual da paz durante

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Page 17: o Fator Melquisedeque

vários dias, esse ritual envolve o pai, a mãe e o filho, e simboliza a experiência de um novo

nascimento que resulta numa mudança total de atitude de uma tribo com a tribo inimiga,

gerando a paz por uma reconciliação total. Uma tribo esquisita, formada por pessoas nuas e

analfabetas, mas que têm um conhecimento precioso: sabem que para haver reconciliação é

necessário que haja um novo nascimento, nem Nicodemos mestre judeu sabia e nem entendeu

tão facilmente o conceito do novo nascimento aliançado com a reconciliação!!!

Os Yali, trinta e cinco mil canibais negros de Nova Guiné, e os polinésios amulatados

das Ilhas Havaianas em sua cultura guardaram o conceito de lugar de refugio, com as mesmas

características das seis cidades de refúgio estabelecidas por Deus para cultura judaica (Js. 20 e

21). Os povos havaianos chegaram a construir um templo de puùhonua-o-honaunau, que era

uma verdadeira cidade refugio com jardim, bosque de coqueiros(alimento), fonte de água

fresca, e uma faixa de praia. Os havaianos tinham uns vinte lugares semelhantes espalhados

pelas suas ilhas, para os “guerreiros vencidos, os não combatentes e para os violadores de

tabus” que ali chegassem antes de seus perseguidores. Chegar a um desses lugares fazia toda a

diferença, representava vida ou morte. Vemos mais um caso da lei gravada nos corações dos

povos.

1.3.2 Os Chineses de Seu Sistema de Escrita e Os Índios Norte-Americanos.

O alfabeto chinês é composto de 214 símbolos (radicais) que combinados entre si

chegam a formar de 30 mil a 50 mil ideogramas. O que constituiu uma barreira enorme para

os missionários aprender a língua chinesa, de modo que a mensagem do evangelho seja

transmitida em chinês. Um dia um dos missionários estudando a lingua percebeu que os

próprios símbolos continham mensagens bem codificadas do evangelho e começou a mostrar

essas mensagens espirituais aos chineses. Essa descoberta foi muito importante, além da

China o Japão também usa praticamente o mesmo sistema de escrita e agora muitos

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Page 18: o Fator Melquisedeque

evangelistas estão utilizando as mensagens espirituais decodificadas no ideogramas para fazer

contato com o povo chinês e japonês. Para os chineses e japoneses o cristianismo deixou de

ser uma religião estrangeira por ser pregado pelo próprio sistema de escrita chinesa.

Quase todas as tribos de índios norte-americanos cultivam entre si um teor sagrado ao

número quatro, cada uma por uma associação própria. As crenças índias sobre o Sagrado

Quatro estão diretamente conectadas ao professor, quanto mais credibilidade tiver mais

ouvido ele o é. Alguns missionários entre eles perceberam como obtinham mais atenção dos

índios quando pregavam sobre as “Quatro leis espirituais”, ou quando usavam um sermão de

quatro pontos.

II O Evangelho Preparado Para o Mundo – O Fator Abraão.

2.1 A Conexão de Quatro Mil Anos.

A revelação especial caracteriza-se por estar sempre associada a um registro canônico

inspirado, preservado sob um regime escrito. A revelação geral por sua vez encontrava-se

separada da especial desde os dias de Melquisedeque, sem haver qualquer ligação histórica

entre ambas. Hebreus 7:3 salienta que a revelação geral é permanente e mesmo que você não

possa prever onde irá encontra-la. Cristo une ambas as revelações sendo Senhor das duas.

Em Genesis 12 vem a ordem de Deus sobre missões para Abraão, este deveria ser o

receptor de Deus das bênçãos e transmiti-las para todas as famílias da terra. Encontramos no

Antigo Testamento narrativas biográficas dos filhos e filhas de Abraão que foram uma benção

para povos não judeus.

Paulo e os outros apóstolos consideram a aliança abrâmica como base de tudo que

Cristo veio cumprir, aliança que serviu de fundamentos para seus ministérios e escritos. Ou

seja, a aliança abrâmica, é a espinha dorsal da Bíblia, a viga mestra da revelação especial. Os

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Page 19: o Fator Melquisedeque

cristãos são chamados a transmitir as bênçãos recebidas ao seu próprio povo e à todas as

nações da terra.

A “conexão de quatro mil anos” é o propósito de Deus em conceder bênçãos a todos os

povos da terra para que se livrem de todos sentimentos de insignificância, indecisão e falta de

objetivo. O propósito específico de Deus na história sempre foi abençoar todos os povos,

nações, línguas e reis da terra através do Descendente de Abraão – Jesus Cristo.

2.2 Um Messias Para Todos Os Povos.

Jesus de Nazaré um descendente de Abraão nascido 1900 anos depois dele. A vida de

Jesus, sua morte e ressurreição estão ligadas à promessa que Javé fez a Abraão de abençoar-

lhe para através dele abençoar os demais povos da terra (Lc.1:54-55; 1:72-73,78-79; 2:30-32).

Jesus foi um homem para todos os povos: seus olhos, ouvidos, mãos e coração estavam

sempre prontos para atender tantos os gentios e samaritanos como os judeus, seus

conterrâneos. Ele ensinou isso aos seus discípulos através de seu exemplo. O mestre utilizou-

se de inúmeros encontros com gentios e samaritanos, a fim de ajudar seus discípulos a

pensarem de forma transcultural (Mt.8:5-13; 15:21-28; Lc.7:9; 13:28-29). Jesus chegou ao

ponto de usar como exemplo de retidão um não-judeu na parábola do bom samaritano,

enquanto quem deveria de fato ser exemplo de justiça para todos os povos da terra eram os

judeus.

Além de dar exemplo de transculturalidade aos judeus com seu comportamento, Jesus

ainda os advertiu diversas vezes contra seu comportamento ímpio, egoísta, arrogante e falso

(Lc.10:13; Mt:12:41-42; Jo.4:4-34). Os judeus tinham perdido seu propósito de existência e

desenvolveram verdadeira ojeriza pelos gentios, enquanto Jesus clamava, explicava e

exortava-os diariamente (Is. 61:1-8; Gn 22:15-18).

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Page 20: o Fator Melquisedeque

Jesus fez tudo por todos, e ainda próximo ao final do ministério limpa o templo dos

cambistas em defesa de todas as nações, pois ocupavam desrespeitosamente o único lugar do

templo que os gentios poderiam frequentar. Informa a seus discípulos que eles deveriam

ministrar aos gentios (Mt.10:5-6,18).

João escreveu em I Jo 2:1-2 que Jesus Cristo, o justo... é a propiciação pelos nossos

pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro. A morte na

cruz do messias foi para abençoar todas os povos, línguas e nações. O Senhor veio para

ratificar a promessa, trabalhou na mente dos seus discípulos, e do povo judeu da época

tentando alagar-lhes o entendimento da promessa de Deus e ajuda-los a cumprir seu

propósito. No final deixa expressa o mandamento que sempre esteve presente na revelação

especial escrita desde Gênesis 12, e que Ele dedicou todo seu ministério cumprindo-a nas

vistas de todos, Cristo verbaliza a Grande Comissão.

2.3 A Mensagem Oculta de “Atos”.

De alguma forma a promessa feita a Abraão ficou distorcida na mente dos judeus ao

longo dos séculos. O exemplo de Jesus ministrando a samaritanos (povo menosprezado pelos

judeus), a cananeus, leprosos, cegos, prostitutas, mulheres (Jo.4:21) e todos os setores da

sociedade que eram tidos como nada ainda não foi suficiente para quebrar uma fortaleza que

tinha se estabelecido como cosmovisão do povo de Israel.

Lucas um médico gentio, resolve escrever sobre os feitos do Espírito Santo, e Don

Richardson levanta a possibilidade de Lucas ter feito isso como uma forma de chamar atenção

aos próprios discípulos da vontade de Deus e do agir do Altíssimo para com os povos.

Partindo de Jerusalém, da descida do Espirito Santo, Lucas constrói na mente dos leitores o

ciclo evolutivo de como o Espirito Santo vai agindo na vida das pessoas e vai conduzindo

todas as coisas, às vezes a força, levando os próprios apóstolos a se dobrarem a vontade de

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Page 21: o Fator Melquisedeque

Deus e dividirem com as outras nações as bênçãos de Abraão que no entendimento limitado

deles não era para todos.

O dia de pentecoste aconteceu numa época propícia, várias outras nações visitavam

Jerusalém e puderam ouvir o evangelho em sua língua mãe, além de testemunharem o pode de

Deus podendo retornar aos seus países cheios de fé para serem testemunhas de Cristo entre os

seus. Enquanto os onze apóstolos ficavam evangelizando judeus em Jerusalém,

providencialmente os inimigos atacam os seguidores de Jesus (At.8:1) levando muitos a

fugirem para Judéia e Samaria. Só depois de ouvir o que estava acontecendo em Samaria por

Filipe (que tinha sido separado para servir as mesas), Pedro e Joao finalmente saem de sua

Jerusalém, evangelizam muitos e voltam rapidinho (At.8:25).

O Espirito Santo mais uma vez interfere e leva Filipe para o Etíope e para Cesárea, leva

Pedro até Cornélio, cidadão romano(At 10:34-35). Havia uma relutância em fazer discípulos

de todas as nações por parte dos discípulos nos primeiros anos mesmo após o pentecoste.

Passou-se pelo menos vinte anos até que eles compreenderam de fato a Grande Comissão e

começaram a sair de Jerusalém.

A solução de Deus foi levantar um apóstolo de fora da panelinha do grupo dos onze,

que não seria aceito entro os judeus e por isso mesmo se voltaria para os gentios com muito

menos preconceito que os onze. Saulo de Tarso (At.9:15) prega aos gentios abrindo caminho

para que estes se aproximassem de Cristo, e nessa parceria com Barnabé estreiam as primeiras

Eclésias apartadas das sinagogas, possuindo vida própria independente do judaísmo.

Matias, Tiago (irmão de Jesus), Saulo e Barnabé juntaram-se aos 11 apóstolos

formando um time de 15 com a função de evangelizar as nações, sendo na época três milhões

de judeus, e novecentos milhões de gentios. O curioso é que apenas dois deles sentiam-se

comissionados aos gentios. A cosmovisão deles precisava ser transformada e Paulo ao lado de

Barnabé foi o instrumento que Deus utilizou através dos concílios para ajudarem aqueles 13

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Page 22: o Fator Melquisedeque

apóstolos a seguirem os passos de Jesus, juntamente com a experiência que o Espirito Santo

forneceu a Pedro na casa de Cornélio.

É nesse aspecto que existe uma teoria de que Lucas pode ter escrito “Atos dos Apóstolos”

como um manual disfarçado para encorajar os outros apóstolos e seus convertidos judeus a

seguirem o exemplo de Paulo e associados em evangelizar os gentios.

Nesse meio tempo Deus continuou agindo para cumprir o propósito de levar as Boas

Novas para todos os povos, no ano 70 a.D. Jerusalém foi destruída por Tito, e os apóstolos

foram dessa vez espalhados. Pela tradição da igreja, Tiago irmão de Jesus ficou em Jerusalém

onde foi martirizado. João seguiu para Ásia Menor, morrendo na região de Esmirna e Éfeso.

Paulo continuou pelo mundo gentio chegando a Roma. Tomé chegou a Índia. André viajou

para o norte do Mar Negro, entre as tribos bárbaras da Cítia. Outros apóstolos foram à Etiópia,

África do Norte, Síria e sul da Arábia.

Finalmente os apóstolos afinal obedeceram a Grande Comissão em seu tempo. Depois

deles a igreja, em cada geração, tem tido uma minoria de membros que tem entendido e

obedecido a ordem de Deus a qual se eternizou em Cristo e por Cristo, o Espirito Santo tem

sido poder, conhecimento e direção aos crentes. Ao perpetuarmos o fator Abraão, recusamos

qualquer pacto com o fator Sodoma, e reconhecemos o fator Melquisedeque. A igreja hoje

tem a história, a tecnologia, e inúmeros instrumentos que facilitam a obediência para fazer

frutificar a promessa de 4000 anos feita por Deus.

.

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Page 23: o Fator Melquisedeque

CONCLUSÃO

Gostei demais de fazer esse trabalho e de ler sobre o Testemunho de Deus nas Culturas

Através do Mundo diante da perspectiva de Don Richardson. Entrei nas histórias narradas

pelo autor, nas descrições fascinantes de como Deus deixou um testemunho gravado no

coração dos homens através de suas próprias culturas, viajei com ele por cada uma delas,

chorando para que esse evangelho chegue aos demais povos que têm sido privados das

maravilhas do Senhor Jesus.

Pelo fato de lermos a Bíblia ficamos tão familiarizados com Deus interferindo na vida

do povo de Israel, que sem a leitura de um livro como esse não conseguimos ter noção do que

Deus fez, ao longo do mesmo período de tempo que está narrado na bíblia, no meio de outras

culturas que não os Israelitas. O tema central do livro, a promessa de Deus para todos os

povos, foi crescendo em entendimento dentro de mim, e posso dizer que sou grata a Deus por

esse livro existir e por ter tido que fazer esse trabalho.

Como é enriquecedor alargar as fronteiras sobre a ordem de Jesus da Grande Comissão,

analisando-a desde Abraão, observando tudo que aconteceu nos livros canônicos (Fator

Abraão), tudo que aconteceu em algumas culturas (Fator Melquisedeque), e poder voltar a ler

as escrituras, na certeza de ter sido impresso em minha alma uma nova perspectiva, nova para

mim, mas que sempre esteve nelas e eu que não enxergava, o propósito de Deus para todos os

povos, desde a eternidade. Não foram apenas os judeus, ou os discípulos que tiveram

dificuldade de entender o evangelho global, constatei que em pleno século XXI a minha

própria cosmovisão necessitava de reparos, mas fico feliz em prosseguir com os devidos

ajustes após essa leitura.

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Page 24: o Fator Melquisedeque

BIBLIOGRAFIA

RICHARDSON, Don - O Fator Melquisedeque. 1 edição, São Paulo, 1986. Sociedade

Religiosa Edições Vida Nova. Livro com 171 folhas.

Eu mesma digitei esse trabalho.

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