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São Paulo, UNESP, Geociências, v. 28, n. 3, p. 319-332, 2009 319 O ESTUDO DA PAISAGEM E O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO BASES DA GESTÃO DA OFERTA HÍDRICA NO ESTADO DO PARÁ: DISCUSSÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA Aline Maria Meiguins de LIMA 1 & Marcos Ximenes PONTE 2 (1) Centro Universitário do Pará, Brasil. Avenida Nazaré, nº 630. CEP 66093-020, Belém, PA. Endereço eletrônico: [email protected] (2) Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Universidade Federal do Pará, NAEA/UFPA, Campus Universitário do Guamá. Avenida Perimetral, s/n – Setor Profissional. CEP 66075-650. Belém, PA. Endereço eletrônico: [email protected] Introdução Bases Teóricas A Bacia Hidrográfica Como Espaço de Interações A Sensibilidade da Paisagem Como Elemento Norteador do Planejamento de Uso dos Recursos Hídricos Sistemas de Suporte à Decisão A Análise Prospectiva Estratégica Matriz de Análise Estrutural Cenarização Matriz Gerencial de Recursos Hídricos: Aplicação do Método de Cenários Mecanismos Operacionais de Gestão de Recursos Hídricos Aplicação Direta - Manejo de Bacias Aplicação na Bacia do Rio Capim no Estado do Pará Etapas do Processo Etapa nº 1: Análise do Problema e Delimitação do Sistema Etapa nº 2: Diagnóstico do Sistema Etapa nº 3: Análise Estrutural Etapa nº 4: Definição da Dinâmica e Evolução Etapa nº 5: Definição de Cenários Ambientais Etapa nº 6: Identificação de Estratégias Resultados Obtidos Conclusão Referências Bibliográficas RESUMO Este artigo discute o gerenciamento da oferta hídrica, enfocando a gestão preventiva das águas e as ferramentas metodológicas necessárias à sua aplicação, neste caso o estudo da paisagem associado à análise prospectiva estratégica. Como área de enfoque optou-se pelo estado do Pará (bacia do rio Capim) drenado pelas principais regiões hidrográficas do país: a Amazônica e o Tocantins-Araguaia. O resultado da aplicação do método na bacia hidrográfica do rio Capim - PA mostrou que a definição de mecanismos de planejamento, voltados à gestão preventiva das águas, necessita de formas de modelamento apoiadas em processos que contemplem os diversos elementos da paisagem, seus indicadores de sensibilidade e atores envolvidos. Palavras-chave: oferta hídrica, paisagem, análise prospectiva estratégica. ABSTRACT – A.M.M. de Lima & M.X. Ponte - The landscape study and strategic planning as the water offers management bases in Pará state: theoretical and methodology discussion. This article has as purpose discussing the water offers and preventive management using as methodological application the landscape study associated to the prospective analysis strategic. The chosen area was the Pará state (Capim river basin) drained by Amazonian and the Tocantins-Araguaia basins. The methodology application in Capim river basin showed that it´s necessary to process mechanisms able to work with a great number of landscape elements, their sensitivity aspects and with the most important actors involved to waters uses planning. Keywords: water offers, landscape, prospective analysis strategic. INTRODUÇÃO Discutir a oferta hídrica representa uma mudança de postura em relação ao que é realizado atualmente em termos de gestão, cujo foco no geral é a escassez; mudando a visão imediatista de resolução de situações emergenciais, passando a buscar um caráter mais preventivo, que vise cenários futuros que garantam a manutenção desta disponibilidade. Este argumento é discutido em Tundisi (2003) onde é ressaltado que os principais problemas referentes à quantidade e a qualidade dos recursos hídricos no Brasil mostram uma situação diversificada e complexa que exige avanços institucionais e tecnológicos para recu- peração e proteção, além de novas visões para a gestão preventiva, integrada e adaptativa.

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São Paulo, UNESP, Geociências, v. 28, n. 3, p. 319-332, 2009 319

O ESTUDO DA PAISAGEM E O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICOCOMO BASES DA GESTÃO DA OFERTA HÍDRICA NO ESTADO

DO PARÁ: DISCUSSÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA

Aline Maria Meiguins de LIMA 1 & Marcos Ximenes PONTE 2

(1) Centro Universitário do Pará, Brasil. Avenida Nazaré, nº 630.CEP 66093-020, Belém, PA. Endereço eletrônico: [email protected]

(2) Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Universidade Federal do Pará, NAEA/UFPA, Campus Universitário do Guamá.Avenida Perimetral, s/n – Setor Profissional. CEP 66075-650. Belém, PA. Endereço eletrônico: [email protected]

IntroduçãoBases TeóricasA Bacia Hidrográfica Como Espaço de Interações

A Sensibilidade da Paisagem Como Elemento Norteador do Planejamentode Uso dos Recursos Hídricos

Sistemas de Suporte à DecisãoA Análise Prospectiva Estratégica

Matriz de Análise EstruturalCenarizaçãoMatriz Gerencial de Recursos Hídricos: Aplicação do Método de Cenários

Mecanismos Operacionais de Gestão de Recursos HídricosAplicação Direta - Manejo de Bacias

Aplicação na Bacia do Rio Capim no Estado do ParáEtapas do Processo

Etapa nº 1: Análise do Problema e Delimitação do SistemaEtapa nº 2: Diagnóstico do SistemaEtapa nº 3: Análise EstruturalEtapa nº 4: Definição da Dinâmica e EvoluçãoEtapa nº 5: Definição de Cenários AmbientaisEtapa nº 6: Identificação de Estratégias

Resultados ObtidosConclusãoReferências Bibliográficas

RESUMO – Este artigo discute o gerenciamento da oferta hídrica, enfocando a gestão preventiva das águas e as ferramentas metodológicasnecessárias à sua aplicação, neste caso o estudo da paisagem associado à análise prospectiva estratégica. Como área de enfoque optou-sepelo estado do Pará (bacia do rio Capim) drenado pelas principais regiões hidrográficas do país: a Amazônica e o Tocantins-Araguaia. Oresultado da aplicação do método na bacia hidrográfica do rio Capim - PA mostrou que a definição de mecanismos de planejamento,voltados à gestão preventiva das águas, necessita de formas de modelamento apoiadas em processos que contemplem os diversoselementos da paisagem, seus indicadores de sensibilidade e atores envolvidos.Palavras-chave: oferta hídrica, paisagem, análise prospectiva estratégica.

ABSTRACT – A.M.M. de Lima & M.X. Ponte - The landscape study and strategic planning as the water offers management bases in Parástate: theoretical and methodology discussion. This article has as purpose discussing the water offers and preventive management usingas methodological application the landscape study associated to the prospective analysis strategic. The chosen area was the Pará state(Capim river basin) drained by Amazonian and the Tocantins-Araguaia basins. The methodology application in Capim river basin showedthat it´s necessary to process mechanisms able to work with a great number of landscape elements, their sensitivity aspects and with themost important actors involved to waters uses planning.Keywords: water offers, landscape, prospective analysis strategic.

INTRODUÇÃO

Discutir a oferta hídrica representa uma mudançade postura em relação ao que é realizado atualmenteem termos de gestão, cujo foco no geral é a escassez;mudando a visão imediatista de resolução de situaçõesemergenciais, passando a buscar um caráter maispreventivo, que vise cenários futuros que garantam amanutenção desta disponibilidade.

Este argumento é discutido em Tundisi (2003) ondeé ressaltado que os principais problemas referentes àquantidade e a qualidade dos recursos hídricos no Brasilmostram uma situação diversificada e complexa queexige avanços institucionais e tecnológicos para recu-peração e proteção, além de novas visões para a gestãopreventiva, integrada e adaptativa.

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A palavra “adaptativa” se enquadra para asituação dos estados da região Norte do país, onde énecessária uma releitura da própria política hídrica,desta vez, voltada ao gerenciamento da oferta,preventivo, integrado e corretivo.

Considerando os aspectos preventivos, integradose corretivos, pode-se utilizar o conceito de Eco-tecnologias de Strakraba (1993, segundo Tundisi, 2003)que a define como o uso de métodos tecnológicos parao gerenciamento de ecossistemas baseados no profundoconhecimento dos princípios de seu funcionamento ena transferência deste conhecimento para ogerenciamento, de tal forma que os custos e os danosambientais possam ser minimizados, ou seja, dá-seênfase ao uso de tecnologias derivadas do conhecimentodo próprio funcionamento dos ecossistemas, o que

promove sustentabilidade de longo prazo, disto nascea proposta do estudo da paisagem como condutor dasanálises voltadas a gestão preventiva das águas.

Este artigo discute o gerenciamento da ofertahídrica considerando a necessidade de fundamentosteóricos e de parâmetros metodológicos não baseadosno princípio da escassez e sim da gestão preventivadas águas. Estes têm como componentes principais oestudo da paisagem associado à análise prospectivaestratégica. Como área de enfoque optou-se peloestado do Pará (bacia do rio Capim), componente daregião amazônica, e drenado pelas principais regiõeshidrográficas do país: a Amazônica e o Tocantins-Araguaia, estando no médio curso-foz desses sistemas,logo o principal responsável pela manutenção destes ajusante (Figura 1).

FIGURA 1. Regiões hidrográficas nacionais segundo as Resoluções do Conselho Nacionalde Recursos Hídricos - CNRH nº 30 (11 de dezembro de 2002) e nº 32 (15 de outubro de 2003).

(Fonte: SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Pará, 2008).

BASES TEÓRICAS

Os princípios gerais propostos por Tundisi &Strakraba (1995) atendem ao gerenciamento da ofertahídrica por considerar a dinâmica do ecossistema; asensibilidade das bacias hidrográficas às entradas

externas de material; utilizar o conhecimento dasinterações entre fatores abióticos e bióticos, retendoas estruturas naturais e protegendo a biodiversidade,respeitando a sustentabilidade do desenvolvimento;

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gerenciar a bacia hidrográfica como parte de um todoe adotar uma visão sistêmica; avaliar opções de longoprazo e os efeitos globais do gerenciamento; confrontarusos conflitantes; e determinar a capacidade assi-milativa do sistema e não excedê-la. Estes pressupostos

permitem considerar que o gerenciamento dos recursoshídricos no contexto amazônico, por exemplo, necessitade uma abordagem articulada ao problema da baciahidrográfica como unidade e da água como bem finitode usos múltiplos e dotada de valor econômico.

A BACIA HIDROGRÁFICA COMO ESPAÇO DE INTERAÇÕES

Discutir a bacia hidrográfica como uma unidadeintegrada exige a percepção tanto do todo quanto daspartes componentes, assim como, de suas interre-lações. Quando se analisa nesta perspectivaconsiderando as dimensões espaciais das baciashidrográficas dos estados componentes da região Nortedo país, entende-se o retardo do avanço da implantaçãode suas políticas hídricas. A principal dificuldade estáno entendimento de seu funcionamento, potencialidadesderivadas, limitações e capacidade de auto-recuperação.

Os sistemas hídricos podem ser discutidos dentroda teoria geral dos sistemas, onde as propriedades daspartes são entendidas a partir da organização do todo,desta forma, não há a construção de um pensamentocompartimentado e sim, de princípios de organizaçãobásicos ressaltando o contextual e o analítico (Maia etal., 2001; Uhlmann, 2002).

Tendo identificado os componentes e suasinterações, considerando os fatores abióticos e bióticos;parte-se para a compreensão de seu funcionamentointegrado às ações que se desenvolvem na baciahidrográfica, sob a perspectiva dela como espaço deinterações socioeconômicas, de caráter desenvol-vimentista, e de expansão de novas tecnologias, ou seja,como unidade básica do planejamento. Esta teoriacompatibilizada ao planejamento hídrico passa a comporduas bases principais (Uhlmann, 2002): a análise desistemas: voltada para o desenvolvimento e plane-jamento de modelos de sistemas, inclusive matemáticos,adotado amplamente para a compreensão do todo dasorganizações complexas, bem como, das relaçõesexistentes entre os seus componentes (subsistemas);e a gestão: que se refere à adoção do pensamentosistêmico na condução, coordenação e elaboração dasestratégias de permanência dos sistemas complexos.

Como exemplo desta discussão cita-se o processode gestão de grandes bacias hidrográficas, como asdos rios Amazonas ou Tocantins, neste se observa umacomplexidade tanto estrutural, quanto funcional. Aanálise do sistema é falha por não conseguir contemplartodas as relações existentes entre os seus componentes(subsistemas) refletindo-se na gestão que passa a terseu processo de condução, coordenação e elaboraçãode estratégias ainda distante da situação real;idealizando formulações que não atingem seus objetivos

pelo fato do modelo adotado não ser capaz decontemplar as variáveis necessárias.

A Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaiamostra que as interferências sofridas (degradaçãoambiental e mudanças no sistema hídrico) têm afetadosua capacidade de recuperação, principalmente no quese refere ao potencial hídrico (ANA, 2003), mostrandoque são necessários instrumentos capazes de avaliar asensibilidade da bacia, tornando a análise do sistemacada vez mais apta a fornecer subsídios concretos àgestão das diferenças existentes entre a região àmontante (estados de Goiás, Tocantins, Distrito Federale Mato Grosso) e à jusante (estados do Pará e doMaranhão) referentes à disponibilidade hídrica,potenciais e problemas existentes.

Nesta discussão buscar-se-á atrelar o estudo dasensibilidade da paisagem como elemento norteadorpara implantação de sistemas de suporte à decisãobaseados na análise prospectiva estratégica. Estesatuarão como os reais condutores, nas regiões de maioroferta que demanda hídrica, da aplicação da matrizgerencial de recursos hídricos, na formulação decenários e na definição de mecanismos operacionaisde gestão de recursos hídricos.

A SENSIBILIDADE DA PAISAGEM COMO ELEMENTONORTEADOR DO PLANEJAMENTO DE USO DOS RECURSOSHÍDRICOS

O desenvolvimento de modelos de sistemas, paraa compreensão do todo e das relações existentes entreos seus componentes, tem no estudo da paisagem ummeio de análise e de delimitação de espaços para aformulação metas que visem o planejamento estra-tégico.

O sistema bacia hidrográfica passa a ser decom-posto em sub-sistemas individualizados a partir de umconjunto de fatores que caracterizam dinâmicas oupaisagens distintas.

Na decomposição de uma região hidrográfica, emum conjunto de bacias e estas em um conjunto demicro-bacias utilizando seus elementos componentes,faz-se necessário identificar fragmentos agrupados ouseparados segundo suas similaridades ou diferenças anível estrutural. Para tanto, utiliza-se o método deavaliação do terreno. Este baseia-se no reconhe-

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cimento, interpretação e análise de feições do relevodenominadas de landforms as quais, sendo reflexo dosprocessos naturais atuantes sobre os materiais dasuperfície terrestre, devem refletir as condições dosmesmos (Lollo, 1996). Ou seja, as paisagens atuaispodem ser compreendidas em termos de landforms edos ecossistemas mantidos por processos naturais,expressões da história ambiental, incluindo dos impactose a interferência humana (Thomas & Simpson, 2001).

Em função das escalas diferenciadas de análise,o landform, pode ser descrito desde o conjunto maior(sistema de terreno) ao menor elemento unitário(elemento de terreno), permitindo a individualizaçãoeficaz de suas similaridades, principalmente no estudode bacias hidrográficas (Thomas, 2001). Se o landformpode ser considerado o elemento descritivo (estrutural),deve-se eleger outro componente (funcional) queconsidere os fatores mais incidentes sobre as mudançasdo meio, que seja dependente do tempo, ligado aosprocessos evolutivos naturais e antrópicos.

Neste contexto, é empregada a análise de sensi-bilidade como indicadora do funcionamento do sistema,por representar a resistência natural do mesmo, ouseja, sua habilidade em resistir às mudanças. Uma vezque, nem todas as partes do sistema recebem exata-mente o mesmo número, seqüência, freqüência eduração de um ou mais processos; cada componenteda paisagem tem uma capacidade diferente dearmazenamento da energia, mecanismo de troca decalor, resposta de reação, tempo de relaxamento,resiliência, tolerância, e conseqüentemente sensibilidade(Brunsden, 2001).

O termo Landscape Sensitivity pode ser enten-dido de várias formas, segundo Allison & Thomas(1993): como a susceptibilidade de um sistema amudanças; a capacidade de resposta do sistema amudanças; ou a resposta do sistema a mudanças. Oconceito da sensibilidade da paisagem implicaconseqüentemente em uma instabilidade condicionalno sistema, com a possibilidade de mudança rápidae irreversível (Thomas, 2001; Brunsden, 2001). Allison& Thomas (1993) e Downs & Gregory (1993) reforçamque um dos mais importantes aspectos desta aborda-gem envolve a ação antrópica, que age diretamentenesta capacidade e velocidade de resposta do sistema,uma vez que sua intervenção pode ser tão significativa(ex: obras hidráulicas de grande porte – canalizações)a ponto de modificarem de forma permanente umsistema (ex: mudança do leito natural de rios, alterandocaracterísticas como vazão e carga sedimentar emsuspensão).

O estudo da capacidade e da velocidade deresposta do sistema bacia hidrográfica pode ser empre-gado como uma tecnologia de informações geoco-

dificadas específica, que visa análise integrada,compondo um sistema de suporte à decisão aplicadoao planejamento hídrico.

SISTEMAS DE SUPORTE À DECISÃO

Para os estados da região Norte do país, maisespecificadamente, o Pará, alguns fatores de suporteà decisão voltados ao planejamento devem sercontextualizados ultrapassando seu limite político-administrativo, dentre estes citam-se: que significativaparte de seu território é dominada por cursos d’águafederais (aproximadamente 30%), representadosimportantes bacias: Tocantins, Tapajós e Xingu; e aampliação da fronteira do desmatamento na regiãopressionando diretamente os sistemas hídricos.

Logo, os métodos de suporte à decisão específicosao planejamento hídrico devem ser baseados emtecnologias que visem à análise integrada deinformações geocodificadas, que dêem suporte aosprocedimentos diretamente relacionados à outorga deuso, ao monitoramento dos usuários/usos, aomonitoramento da qualidade destes recursos, e àsquestões socioeconômicas e legais, fomentando aintegração interinstitucional e a maior eficiência dagestão dos recursos hídricos.

Os métodos de suporte à decisão, aplicados aoplanejamento hídrico, têm como objetivo principal,ajudar os decisores a utilizarem dados e modelos paraidentificar e resolver problemas, assim como a tomardecisões. Simon (1960, segundo Cabral, 2001)desenvolveu um modelo descritivo para a tomada dedecisão, dividido em 3 fases interativas:1. Reconhecimento - consiste na identificação doproblema ou de uma oportunidade de mudança;2. Desenho - consiste na verificação e na estruturaçãodas decisões alternativas;3. Escolha - está relacionado com a avaliação e coma escolha da melhor alternativa.

Estas três fases da decisão não seguem umcaminho linear desde o reconhecimento à escolha,passando pela fase de desenho, em qualquer momentodo processo de tomada de decisão poderá sernecessário regressar a uma fase anterior; cada umadelas exige um tipo de informação diferente.

No desenho do sistema de suporte à decisãoescolhido devem ser incorporados quatro elementosrelacionados à atividade de resolução de problemas(Sprague & Watson, 1996):1. Dados - representam o estado do problema queretrata a realidade e é relevante para o problema;2. Objetivos e condicionantes - representam os resul-tados desejados da resolução do problema e aslimitações impostas pelo espaço de decisão;

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3. Procedimentos: representam à seqüência deoperações utilizadas na resolução do problema; e4. Estratégias: indicam os procedimentos a aplicar parase atingirem os objetivos.

Seguindo este raciocínio os dados são refletidospelos elementos formadores da paisagem e de seufuncionamento (sensibilidade); o objetivo é o usopotencial dos recursos hídricos de uma bacia hidro-gráfica; este está condicionado à existência dedisponibilidade hídrica e de elementos de conflitosdifusos e heterogeneamente distribuídos. A AnáliseProspectiva Estratégica surge como o elementooperacional que propicia uma seqüência de operaçõesa serem utilizadas na resolução do problema e nocumprimento dos objetivos definidos.

A ANÁLISE PROSPECTIVA ESTRATÉGICA

A análise prospectiva, por trabalhar de formaindependente a formulação de estratégias, deixa odecisor livre para melhor escolha; principalmente pelouso da Matriz de Análise Estrutural que permiteponderações qualitativas e/ou quantitativa das diversasvariáveis envolvidas.

De acordo com Bodini (2001), a análiseprospectiva estratégica tem seus primeiros trabalhosdurante a década de 70, trazendo como principaismarcos: L’impact Societal et Economique deL’energie Nucleaire au Brèsil (Eduardo Marques,1976); Crise de la Prévision, Essor de la Prospective(Michael Godet, 1977); Cours Prospective - Économieet Societé (Pierre F. Gonod, 1986); Dynamique de laProspective (Pierre F. Gonod, 1989); L’avenirAutrement (Michael Godet e Armand Colin, 1991); DeL’anticipation à L’action - Manuel de Prospectiveet de Stratégie (Michael Godet, 1991).

Destacam-se como contribuições: Ribeiro (1997),Bodini (2001), Buarque (2001) e Boaventura (2005).Nesta abordagem será discutida a metodologia desen-volvida no LIPSOR – Laboratory for Investigationin Prospective and Strategy (Chaire de ProspectiveIndustrielle du Conservatoire National des Arts etMétiers, Paris-França). Este método integra duastarefas, respectivamente a montante “ o diagnósticodo sistema; e a jusante - o apoio às escolhas estratégicas(Ribeiro, 1997). Contemplando desta forma, asprincipais etapas para definição de ações visando oplanejamento hídrico: identificação do sistema;definição do sistema, incluindo as principais forças(clima, condições hidrogeológicas, economia, etc.), suaextensão espacial e temporal; definição de indicadoresdo estágio do sistema; geração de cenários qualitativos:cenários de referência (ou de base) e cenários deintervenção (ou de controle); quantificação dos cenáriosatravés da determinação dos indicadores dos estágios

do sistema no presente e no futuro usando modelos; ea avaliação dos cenários.

O estudo prospectivo relaciona-se com oplanejamento estratégico partindo do princípio que esteúltimo tem por principal meta orientar as decisõesfuturas, envolvendo os objetivos, as prioridades e oestudo das diversas conseqüências de determinadoplano de ação. Esse tipo de planejamento enfatiza aimportância de antecipar os possíveis acontecimentospor meio de técnicas de análise e formulação decenários (Mauad & Lima, 2003).

De acordo com Webster & Le-Huu (2003),embora haja muitas variações, o planejamentoestratégico pode ser caracterizado pelos seguintesprincípios: os recursos são direcionados a atingir umameta específica, freqüentemente dentro de cenário bemdefinido e realístico; a meta é baseada em problemasidentificados em conjunto pelos principais responsáveis;e enfatiza a importância da antecipação por meio detécnicas como análise e formulação de cenários, porqueesse tipo de planejamento reconhece que o mundo éum lugar de mudanças rápidas.

Tendo como base o estudo prospectivo, oplanejamento estratégico é construído sobre prioridadesque direcionam a utilização dos recursos hídricos nasbacias hidrográficas.

A primeira e mais conhecida é a fase de diagnós-tico. Esta tem sua base nos sistemas de informaçãoque reúnem dados fisiográficos, hidrológicos,hidrogeológicos, hidrometeorológicos e socioeco-nômicos. A seguir tem-se a etapa de análise do sistemaidentificando seu grau de independência, dependênciae motricidade. Onde se procura descrever a capaci-dade do sistema recuperar seu estado inicial após umdistúrbio ou a velocidade da recuperação. E finalizandosão estruturadas tendências considerando: a dinâmicae evolução; os cenários ambientais; e a identificaçãode estratégias.

Este conjunto de etapas quando projetados, emuma situação real, que para caracterizar um sistemahídrico (das dimensões características dos compo-nentes as Regiões Hidrográficas Amazônicas ouTocantins-Araguaia) são elencados cerca de 50 a 70,ou mais, variáveis não se mostra tão simples de sercumprido. Portanto, é necessário um mecanismo defiltragem que permita elencar as variáveis mais condi-cionadoras do comportamento do sistema. Omecanismo que acompanha a análise estratégica comesta finalidade é a Matriz de Análise Estrutural.

Matriz de Análise Estrutural

A análise matricial parte da premissa da estrutu-ração de um processo contínuo, com possibilidadesdiversas de interações, baseado na administração das

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incertezas, empregando tendências e padrões quedenotam, segundo Heijden (1997), a existência de umaordem temporal, com acontecimentos organizadosnuma seqüência temporal; a existência de uma co-variância, em que se assiste a diversas variáveisseguirem padrões de comportamento semelhantes aolongo do tempo; a existência de uma proximidadeespacial ou temporal, em que se assume uma relaçãose um acontecimento segue sempre outro; e aexistência de semelhanças de forma ou padrão.

A Matriz de Análise Estrutural utilizando o métodoMICMAC (Matrice d’Impacts Croisés –Multiplication Appliqué à um Classement / Matrizde Impactos Cruzados – Multiplicação Aplicada a umaClassificação) permite reduzir a complexidade de umsistema, detectando as variáveis - chave, nopressuposto da existência de inter-relações entre asmesmas; consiste em identificar as variáveis doambiente externo, suas interrelações e relevância paraexplicar como atua a organização. Oferece a possi-bilidade de descrever um sistema com o auxílio de umamatriz que relacione todos os elementos constitutivos,tendo como objetivo fundamental ajudar a delinear aestrutura das relações entre as variáveis qualitativasque o caracterizam (Lima, 2007).

Na sua operacionalização são selecionadas asvariáveis que influenciam o sistema (a partir de umdiagnóstico), estruturadas como uma matriz quadrada,capaz de descrever suas relações. Esta, designada deMatriz de Análise Estrutural, tem tantas linhas e colunasquantas as variáveis identificadas, sendo o elementogenérico aij ocupado por um 1, caso a variável iinfluencie diretamente a variável j, e por um 0, casocontrário (Caldas & Perestrelo, 1998).

Os principais aspectos limitantes desta forma deanálise são:- A definição do conteúdo das variáveis: quantomaior, mais complexo se torna seu preenchimento;- O duplo sentido de algumas variáveis: algumasvariáveis podem ser complementares ou decorrentes,podendo levar a duplicação de resultados;- O ponto de vista do operador na distinção entreos efeitos diretos e indiretos entre variáveis: é relativoà visão que o operador tem do processo, e- A possibilidade de indução da informação: ooperador pode conduzir a matriz a fornecer umdirecionamento na análise.

Porém seu grande mérito é possibilitar umaavaliação potencial das variáveis do sistema e classificá-las, segundo uma tipologia, baseada no seu grau demotricidade e dependência; permitindo aidentificação dos elementos indicadores de seufuncionamento.

A motricidade é uma medida da influência davariável x sobre o conjunto do sistema (soma em linhada matriz A). A dependência é dada pelo número devariáveis que a influenciam (soma em coluna da matrizA). O grau de motricidade (dependência) de umavariável é dado pela posição que ocupa na seqüênciaordenada das variáveis segundo a sua motricidade(dependência) (Caldas & Perestrelo, 1998) (Figura 2).

FIGURA 2. Motricidade x dependênciae seus campos definidores (Lima, 2007).

A partir dos campos definidos no gráfico deMotricidade x Dependência são caracterizadastipologias específicas, conforme Godet (2004):- Variáveis motrizes: variáveis muito motrizes e poucodependentes – influenciam a dinâmica do sistema, massão pouco condicionadas por ele;- Variáveis de ligação: variáveis muito motrizes emuito dependentes – ocupam uma posição de charneira,sendo objeto de fortes influências, propagam essasinfluências ao conjunto do sistema;- Variáveis de resultado: variáveis pouco motrizes emuito dependentes – são muito condicionadas peladinâmica do sistema e exercem pouca influência sobreele;- Variáveis excluídas: variáveis pouco motrizes epouco dependentes – têm um papel pouco relevante, e- Variáveis de pelotão: variáveis medianamentemotrizes e dependentes – ocupam uma posiçãointermédia, difícil de caracterizar.

Godet (2004) considera que as variáveis-chavedo sistema (as de maior sensibilidade) são as variáveisde ligação. Na construção de uma análise que avalie ainfluência de uma variável sobre outra, a matrizestrutural pode ser preenchida a partir de uma escala

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que varia de 0 a 3 conforme a influência de uma variávelsobre outra é nula, fraca, média ou forte. Neste caso,os procedimentos de determinação da motricidade e atipologia de classificação das variáveis se mantêm(Caldas & Perestrelo, 1998). O objetivo final da matrizde análise estrutural é definir quais as principaisvariáveis condicionantes de futuro. Estas passam a seportar como ferramenta de auxílio à formulação deestratégias que objetivem gerenciar a oferta hídrica econstruir cenários que indiquem as ações necessáriasa sua garantia futura.

CenarizaçãoA construção de cenários envolve expectativas

qualitativas ou fortemente embasadas em dadosquantitativos e modelos numéricos, projetando futurosmúltiplos.

A descrição de um potencial futuro e das progres-sões necessárias para atingi-lo constitui um cenário(Boaventura et al., 2005).

Segundo Ribeiro (1997) o processo de cenarizaçãoobjetiva:- Identificar as questões a estudar em prioridade:por meio das variáveis-chaves, a partir do estabele-cimento de relações entre as variáveis que caracterizamo sistema estudado;- Determinar os atores fundamentais: suas estra-tégias e dos meios de que dispõe para chegar àrealização dos seus projetos, e- Descrever, sob a forma de Cenários, da evoluçãodo sistema estudado: tendo em conta as evoluçõesmais prováveis das variáveis-chaves e a partir de jogosde hipóteses quanto ao comportamento dos atores.

Centralizando na vertente relacionada aos recur-sos hídricos, os cenários ambientais passam a serimportantes ferramentas para o planejamento regional,combinando quantidade de conhecimento quantitativoe qualitativo, transmitindo resultados de uma análiseintegral de forma transparente e compreensível (Döllet al., 2003). Ao mesmo tempo, a geração de cenárioscontribui para estimar como um futuro incerto reagiriae como pode influenciar-se pelas decisões feitas hoje.

Um cenário não faz predições do futuro nem podeser qualificado pela sua probabilidade. Assim, elesdevem ser imagens plausíveis e possíveis do futuro, etambém suficientemente ricos em indicadores paracontribuir na tomada de decisões. Esses possíveisfuturos podem demonstrar o impacto que ocorreriadevido a um planejamento regional (Peres & Men-diondo, 2004). Quando o enfoque é a garantia do usomúltiplo das águas, a Matriz Gerencial de RecursosHídricos (Lanna, 1999) tem sido empregada comoelemento de análise integrada, orientando a previsãodos cenários possíveis.

Matriz Gerencial de Recursos Hídricos: Aplicaçãodo Método de Cenários

O emprego conjugado da Matriz Gerencial deRecursos Hídricos, no processo de cenarização, auxiliaa hierarquização das demandas de forma a garantir oatendimento das mais prioritárias. Este atendimentopoderá ser realizado com garantias decrescentes, emfunção das prioridades. Em cada demanda, poderãoser buscados níveis de eficiência de uso, comeliminação de desperdícios e controle de perdas (Lanna,1997). A Matriz Gerencial de Recursos Hídricos(MGRH) auxilia a inserção dos planos setoriais e açõesde instituições públicas e privadas ligadas a cada usoespecífico dos recursos hídricos: abastecimento públicoe industrial, esgotamento sanitário, irrigação, navegação,geração de energia, recreação, etc.

Em termos gerais, deve contemplar cenárioscompatíveis com (Lanna, 1999):- Desenvolvimento econômico: ocasionando o aumen-to das demandas de recursos hídricos, seja como bemintermediário, seja como bem de consumo final;- Aumento populacional: trazendo a necessidadedireta de maior disponibilidade de recursos hídricos paraconsumo final;- Expansão do setor produtivo: aumentando oconsumo regional de recursos hídricos para irrigaçãoe abastecimento, com possíveis conflitos de uso, quandoa água for escassa e já existirem outros usuáriosconcorrentes;- Pressões regionais: voltadas a reivindicações de umamaior equidade nas condições inter-regionais dedesenvolvimento econômico, qualidade ambiental ebem-estar social, pressionando os recursos hídricos nosentido do atendimento destes anseios;- Mudanças tecnológicas: que trazem necessidadesespecificas sobre os recursos hídricos, e possibilitamnovas técnicas construtivas e de utilização, modificandoa situação vigente de apropriação destes recursos;- Mudanças sociais: trazendo novos tipos de neces-sidades e demandas, ou modificando o padrão dasnecessidades e demandas correntes das águas;- Necessidades ambientais: relacionada a manutençãodos sistemas bióticos locais, e- Incerteza do futuro: permeando todos estes fatoresexiste a incerteza sobre quando, como, onde e comque intensidade ocorrer às necessidades e demandasmencionadas.

Considerando os componentes do ambiente emgeral, como água, solo, flora, fauna, etc., observa-seque os recursos ambientais exercem funções quepodem ser classificadas em (Muñoz, 2000):- Função de produção: quando são usados como bensde consumo final ou intermediário;

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- Função de suporte: quando criam condições para avida e as atividades produtivas;- Função de regulação: quando limpam, acomodam,filtram, neutralizam ou absorvem resíduos ou ruídos, e- Função de informação: quando servem de indica-dores sobre os estados ambientais.

Estas possuem relações que podem ser repre-sentadas pela estrutura matricial, na qual uma dasdimensões trata do gerenciamento das suas múltiplasdemandas e a outra do gerenciamento das suas ofertas.Os resultados obtidos devem possibilitar a opera-

cionalização da gestão de recursos hídricos, tanto nocontexto normativo quanto na sua execução direta.

MECANISMOS OPERACIONAIS DE GESTÃO DE RECURSOSHÍDRICOS

A gestão dos recursos hídricos é operacionalizadapor meio de mecanismos que pode ser abordados emduas categorias de aplicação: a legal e a direta. Os deaplicação legal correspondem aos instrumentos daspolíticas de recursos hídricos. O Quadro 1 compara osmecanismos definidos nas políticas nacional e do Pará.

QUADRO 1. Comparação entre as políticas Nacional e do Estado do Pará de Recursos Hídricos.

Os ligados diretamente aos principais usos con-sultivos dos recursos hídricos – abastecimento humano,animal (dessedentação), industrial e irrigação –, são: aoutorga dos direitos de uso, a cobrança pelo uso derecursos hídricos e o enquadramento (classificação)dos corpos de água segundo os usos preponderantes.

Os Planos de Bacia Hidrográfica sintetizam todasas ações ocorridas neste espaço, sendo o mais com-plexo de se construir e aplicar, com um horizontetemporal de médio e longo prazo.

As ações decorrentes da aplicação destes instru-mentos em geral resultam em propostas ligadas aomanejo de bacias hidrográficas – como ação maisampla; e aos programas de despoluição de forma maisespecífica.

Aplicação Direta – Manejo de Bacias

O manejo integrado de bacias hidrográficas visatornar compatível a produção com a preservaçãoambiental, buscando adequar a interveniência antrópicaàs características biofísicas dessas unidades naturais(ordenamento do uso/ocupação da paisagem, obser-vadas as aptidões de cada segmento e sua distribuiçãoespacial na respectiva bacia hidrográfica). Buscaintegrar esforços presentes nas várias áreas de

conhecimento a fim de que todas as atividadeseconômicas dentro da bacia sejam desenvolvidas deforma sustentável e trabalhadas integradamente(Santana, 2003).

O manejo considera o sistema ou subsistemaconstituído de partes e processos na escala definidapela análise. Os problemas associados ao uso inade-quado do solo ou dos recursos naturais em uma baciahidrográfica podem ser ordenados em três categoriassegundo Frank et al. (2000): degradação dos solos,devido ao uso com finalidades que extrapolam acapacidade de sustentação do sistema, sobretudo nasáreas de intensa atividade agrícola; degradação doscursos d’água, devido ao uso inadequado das áreasmarginais e das planícies de inundação, a intervençõescom obras de engenharia insuficientemente estudadase a contaminação com dejetos gerando problemas desaúde pública (agrotóxicos e borrachudos); e degra-dação das florestas, devido à exploração não-sustentável da vegetação primária e secundária.

Bragagnolo & Pan (2000) apresentam técnicasenvolvendo o uso, manejo e conservação dos recursosnaturais (principalmente solo e água), essa estratégiafoi pautada em quatro grandes enfoques: aumento dacobertura vegetal do solo; aumento da infiltração de

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água no perfil do solo; controle do escoamentosuperficial; e controle da poluição. Segundo, os mesmosautores, os três primeiros enfoques estão direcionadosno sentido de proporcionar um uso, manejo econservação adequados do solo. Busca-se tambémalcançar maior cobertura média do solo, principal-

mente, nos períodos críticos. Com isto, assegura-se amanutenção do sistema, melhores condições àscomunidades locais, que terão menos perdas de soloe uma série de impactos ambientais positivos,notadamente a melhoria da qualidade dos recursoshídricos.

APLICAÇÃO NA BACIA DO RIO CAPIM NO ESTADO DO PARÁ

Lima (2007) aplicou o estudo da paisagem àanálise prospectiva estratégica como subsídio a gestãode bacias hidrográficas, em regiões onde a oferta émaior que a demanda hídrica. A bacia do rio Capim,no nordeste do estado do Pará, foi o local de estudo(Figura 3).

Os resultados obtidos mostraram que o processotem diversas potencialidades e algumas fragilidades,decorrentes principalmente da carência de informaçõeshidrológicas e de uso das águas, situação comum deser encontrada na região amazônica.

ETAPAS DO PROCESSO

Etapa nº 1: Análise do Problema e Delimitação doSistemaa) Definição dos principais objetivos: auxiliar à

tomada de decisão em problemas envolvendoplanejamento de recursos hídricos; selecionar

FIGURA 3. Bacia hidrográfica do rio Capim no estado do Pará (Lima, 2007).

modelos que melhor se adeqüem a estudos voltadosao planejamento dos recursos hídricos; e adotarcomo instrumento a matriz gerencial dos recursoshídricos e a análise da paisagem, por meio dascaracterísticas definidoras do seu estado e da suadinâmica.

b) Definição do sistema: Bacia hidrográfica - baciado rio Capim; Sub-bacias componentes - total 25(vinte e cinco), identificadas a partir dos seusprincipais afluentes; Sistemas de Terreno - Altorio Capim e Baixo-Médio rio Capim, que marcamos dois limites distintos da bacia; e Unidades deTerreno - total de 6 (seis) definidas a partir dacomposição de sub-bacias que apresentaramsemelhanças estruturais (Ararandeua - Surubiju,Jamanxim - Itaquiteua Grande, Carataua - Açu,Candiru - Açu, Cajueiro - Pirajoara, Palheta - Jari).(Figura 4).

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FIGURA 4. Etapa nº 1: Análise do problema e delimitação do sistema.

Etapa nº 2: Diagnóstico do Sistema

Consideram-se como variáveis as componentesestruturais: hidrografia, geomorfologia, geologia, solos,hidrogeologia, clima e cobertura vegetal. E os atributossocioeconômicos de maior influência na bacia, revistosprincipalmente na avaliação do histórico do processode ocupação, eixos viários principais, evolução popula-cional, dinâmica econômica e de uso do solo.

Etapa nº 3: Análise Estrutural

A análise estrutural objetiva determinar as relaçõesde motricidade e dependência entre as variáveis dosistema; e identificar o conjunto que representa osindicadores do funcionamento do sistema. Neste caso,tais indicadores foram os definidores do grau desensibilidade do sistema as intervenções sofridas, tendocomo referencia a sustentabilidade hídrica da bacia.Partindo de uma abordagem sistêmica, este método,procura identificar as variáveis (variáveis-chaves) queexpressam, sinteticamente, a realidade e, em seguida,analisa as relações de causalidade (causa e efeito)entre as mesmas. Utilizando uma matriz quadrada, cruzatodas as variáveis entre si, atribuindo pesos que refletema influência de cada uma sobre todas as outras. Amatriz de análise estrutural passa a ser analisada destaforma, sob uma nova perspectiva, que permite estudara difusão do impacto pelos caminhos e elos deretroação e, por conseguinte, hierarquizar as variáveispor ordem de motricidade e de dependência. As prin-cipais dificuldades nesta fase residem: na definição doconteúdo das variáveis; a deficiente especificação da

variável pode levar a hesitação no preenchimento damatriz; no duplo sentido de algumas variáveis; e nadistinção entre efeitos diretos e indiretos. A análiseestrutural completa-se com os resultados obtidos apartir da interação entre as variáveis da matriz, sendoseu produto descrito na próxima etapa, por já permitira avaliação da dinâmica do sistema.

Etapa nº 4: Definição da Dinâmica e Evolução

O grau de motricidade (dependência) de umavariável é dado pela posição que ocupa na seqüênciaordenada das variáveis segundo a sua motricidade(dependência).

Etapa nº 5: Definição de Cenários Ambientais

As questões estratégicas a serem abordadasenvolvem:a) Campos do futuro que precisam ser analisados:

a bacia hidrográfica do rio Capim localiza-se naárea considerada produtiva segundo a proposta doMacrozoneamento Ecológico-Econômico doEstado do Pará – MZEE (Lei nº 6.745, de 6 demaio de 2005), destinada a consolidação oufortalecimento do desenvolvimento humano e/oudestinadas à expansão do potencial produtivo.

b) Horizonte de tempo a ser contemplado: o hori-zonte previsto contemplou dois extremos doprocesso - o direcionado à gestão da bacia e odesenvolvimentista não vinculado à manutençãodas potencialidades hídricas.

c) Indicadores a serem previstos: os indicadores

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foram avaliados segundo a matriz estrutural nassuas três formas principais de resposta - os deresultado, os de ligação e os motrizes; obtendo-se uma redução do número de variáveis envol-vidas, pela eliminação das que ficaram no campodas excluídas e de pelotão.

d) Mapeamento das forças motrizes: no mapea-mento das forças motrizes é avaliado seu papelcomo elemento condutor das tendências e eventos.

Etapa nº 6: Identificação de Estratégias

A definição de hipóteses sobre o comportamentofuturo é o momento central da construção dos cenários,na medida em que delas dependem as diversasalternativas possíveis. Por isso, a formulação dehipóteses demanda um cuidado para assegurar suapertinência com o objeto e, principalmente, suaplausibilidade, ou seja, que seu comportamento sejaprevisível de fato e possa efetivamente ocorrer, ondecada elemento corresponderá: aos Domínios envolvidos(o Alto e o Baixo-Médio rio Capim); as Variáveis; e asHipóteses. Estas últimas se baseiam no desenvol-vimento dos usos múltiplos na bacia hidrográfica,empregando os critérios de controle e utilização daMatriz Gerencial de Recursos Hídricos. Definidos oselementos componentes da análise (Domínio –Variáveis – Hipóteses) de seu desempenho futuro, otrabalho se concentra na montagem das combinações

possíveis das mesmas, gerando as diversas alternativasde comportamento do objeto.

RESULTADOS OBTIDOS

O Quadro 2 ilustra os resultados obtidos, segundoa divisão adotada (Figura 5), após o processamento detodas as etapas. De forma geral, o procedimento deanálise conseguiu atingir seu objetivo de sistematizar oprocesso de atribuição de pesos, tornando-o passívelde retro-alimentação, uma vez que foram definidoscritérios condutores para indicação de cada valor, econforme o aumento do conhecimento e sua atualizaçãofoi possível adotar tais mudanças e fazer assim osistema se auto-regular.

Observou-se que para o planejamento hídrico éde fundamental importância a sistematização de fatoresdiretamente e indiretamente influentes, pois tais critériosserão os termômetros de seu funcionamento, possibili-tando o estabelecimento de objetivos, metas e respon-sabilidades para todos os envolvidos (Meredith &Mantel, 1995).

O planejamento é um processo contínuo, quedetermina o que precisa ser feito, por quem, quando epor qual valor. O propósito básico é a possibilidade deestabelecimento de metas e a viabilização de suaconcretização, seu uso facilita a compreensão deproblemas complexos que envolvem a interação defatores estabelecendo um rumo (Oliveira, 2003).

FIGURA 5. Divisão adotada para a bacia hidrográfica do rio Capim.

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QUADRO 2. Ações prioritárias, segundo os cenários previstos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONCLUSÃO

A análise prospectiva estratégica foi descrita comouma ferramenta que conduzirá o gestor no processode tomada de decisão, por permitir a avaliação conjuntade um grande número de variáveis por meio da Matrizde Análise Estrutural. O resultado final possibilitará aconstrução de cenários baseados nos usos múltiplosdas águas, segundo a Matriz Gerencial de RecursosHídricos. Desta forma, o gestor é capaz de operar osmecanismos (instrumentos) previstos em lei (outorgade direito de uso, cobrança pelo uso da água, enqua-dramento de corpos d’água segundo classes de uso)visando à garantia da sustentabilidade hídrica; podendoprever ações de manejo ou programas de despoluiçãopara a recuperação de sistemas que sofreram algumaforma de degradação.

Esta operacionalização é fundamental à cons-trução dos Planos de Bacia Hidrográfica para as baciasda região Norte do Brasil, que apresentam em comumuma oferta hídrica acima da demanda e um grandedesperdício. Sobretudo considerando: o atraso institu-cional de implantação de órgãos estaduais específicospara a questão hídrica; regulamentação e aplicaçãodos instrumentos previstos nas políticas estaduais,notadamente a outorga e os planos de bacia (ressaltandoa base irregular de informação hidrológica e hidro-geológica) retardada; formação tardia dos comitês de

bacia (em função das dimensões das bacias hidro-gráficas, o que dificulta a articulação e mobilizaçãosocial); e em decorrência um atraso muito grande naimplantação das agências de bacia e da cobrança.

O resultado da aplicação do método na baciahidrográfica do rio Capim, PA, mostrou que a definiçãode mecanismos de planejamento adaptáveis a gestãoda oferta hídrica requer formas de modelamentoapoiadas em processos que contemplem os diversosatores envolvidos, identificando: os que implicam emmaior vulnerabilidade, as particularidades dos sistemasde informação em torno dos serviços públicos e dosproblemas ambientais.

Desta forma, o planejamento foi revisto nestetrabalho como uma forma de incorporar um elenco deações que contribuirão para minimizar os principaisproblemas relacionados aos recursos hídricos e otimizaro seu uso múltiplo. Essas ações poderão estar voltadasdiretamente: para o aproveitamento dos recursoshídricos; para a melhoria do conhecimento sobre asdisponibilidades e demandas hídricas ou de aspectosfísicos, bióticos e socioeconômicos que afetam ou sãoafetados pelos recursos hídricos; para a criação de áreassujeitas à restrição de uso, com vistas à proteção dosrecursos hídricos; ou ainda para facilitar a implantaçãoe o acompanhamento dos planos de manejo.

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